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ANO PASTORAL 2019-2020

Programa Diocesano de Pastoral – versão de trabalho

1. INTRODUÇÃO

A. O programa do ano pastoral 2019-2020 deve ler-se e concretizar-se em continuidade com o


anterior, solidamente enquadrados pela Carta Pastoral D. António Ramos Moiteiro.

B. Na Assembleia Diocesana de 22 de junho de 2019, tomámos consciência de que, no espaço de 18


anos, nas 101 paróquias da Diocese, quase 30 mil pessoas deixaram de ir à missa do domingo.
Estes dados preocupam, e mostram que estamos num processo de secularização cada vez maior
e por isso são uma interpelação à Igreja de Aveiro, ao seu agir pastoral, aos processos de
discernimento e reclamam uma recuperação da frescura original do Evangelho.

C. O trabalho dos muitos grupos que na Diocese de Aveiro refletiram sobre o processo e os modelos
de iniciação cristã, revela um conjunto de problemas e desafios a que é preciso saber responder:
vivemos numa sociedade materialista, preocupada mais com o ter do que com o ser, onde há falta
de vontade de assumir compromissos, há demasiado apego ao imediatismo e ao facilitismo, pois
vivemos numa sociedade individualista e egoísta. As famílias não sabem transmitir a fé, há falta de
tempo, o mundo distrai, há excesso de atividades e solicitações, apesar de se continuar a valorizar
o papel insubstituível da família e de se reconhecer que a Igreja continua a ter um lugar singular,
pois o mundo continua a procurar o religioso. A família é o lugar por excelência para a realização
pessoal do ser humano.

D. Este trabalho deve, necessariamente, ser continuado e aprofundado. No início do ano serão
distribuídos os dados do recenseamento por todas as paróquias e arciprestados. Por isso se propõe
uma análise dos dados do recenseamento à prática dominical a nível paroquial, no âmbito do
Conselho Pastoral Paroquial e confrontando esses dados com as reflexões surgidas no âmbito das
quatro catequeses. É fundamental que nesta reflexão colaborem os animadores desses grupos
(missionários paroquiais) e a mesma possa ser objeto de reflexão nas reuniões arciprestais do clero
e das equipas arciprestais de pastoral.

E. A aposta neste ano num programa para e com as famílias pretende traduzir o desafio pastoral
lançado pelo senhor bispos na sua carta pastoral quando afirma que há necessidade de estimular
uma pastoral de atenção integral à família para que esta esteja no centro das nossas
preocupações pastorais quer diocesanas quer paroquiais. (Carta Pastoral 24) É urgente proclamar
o Evangelho da família como “resposta às expectativas mais profundas da pessoa humana: a sua
dignidade e plena realização na reciprocidade, na comunhão e na fecundidade. Não se trata
apenas de apresentar uma normativa, mas de propor valores, correspondendo à necessidade
deles que se constata hoje, mesmo nos países mais secularizados”. (AL 201)

F. A vocação como caminho de santidade, enraizada no Batismo, concretiza-se no seguimento de


Jesus, refazendo fiel e criativamente o caminho por Ele percorrido e atualizando-o na nossa própria
história. “Como distintivo dos seus discípulos, Cristo pôs sobretudo a lei do amor e do dom de si
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mesmo aos outros” (AL27). “O matrimónio baseado num amor exclusivo e definitivo torna-se o
ícone do relacionamento de Deus com o seu povo e, vice--versa, o modo de Deus amar torna-se a
medida do amor humano (DCE 11)

G. “ O matrimónio e, no pleno sentido da palavra, uma chamamento específico à santidade dentro


da comum vocação cristã” (Carta pastoral 11). “O matrimónio é uma vocação, sendo uma resposta
à chamada específica para viver o amor conjugal como sinal imperfeito do amor entre Cristo e a
Igreja. Por isso, a decisão de se casar e formar uma família deve ser fruto dum discernimento
vocacional.” (AL 72)

H. A família cristã é a primeira e mais básica comunidade eclesial. Nela se vivem e se transmitem os
valores fundamentais da vida cristã. Ela é Igreja Doméstica. Aí, os pais desempenham o papel de
primeiros transmissores da fé aos seus filhos, ensinando-lhes através do exemplo e da palavra, a
serem verdadeiros discípulos missionários. Ao mesmo tempo, quando essa experiência de
discipulado missionário é autêntica, uma família torna-se evangelizadora de muitas outras famílias
e do ambiente em que vive. A família vive a sua espiritualidade própria, sendo ao mesmo tempo
uma igreja doméstica e uma célula viva para transformar o mundo. (DA 204). “A beleza do dom
recíproco e gratuito, a alegria pela vida que nasce e a amorosa solicitude de todos os seus
membros, desde os pequeninos aos idosos, são apenas alguns dos frutos que tornam única e
insubstituível a resposta à vocação da família, tanto para a Igreja como para a sociedade inteira.”
(AL 88)

I. Alguns pressupostos podem ajudar a compreender o rumo das propostas que agora se
apresentam:
1. A família não é só destinatária da ação pastoral da Igreja mas também protagonista
dessa missão.
2. É cada vez mais urgente criar cultura de família: desenvolver uma cultura assente nos
valores da família, onde se conhecem, promovem e defendem os direitos da família e
dos seus membros, sobretudo nas situações de maior vulnerabilidade;
3. É prioritário ajudar a crescer: formar e ajudar os casais e as famílias a progredirem ao
longo de toda a sua vida no amor mútuo, total, fecundo e transformador;
4. Olhar para as famílias e ajudá-las a superar as dificuldades: acompanhar e apoiar as
famílias em dificuldade (socioprofissional, de convivência, na rutura dos laços
matrimoniais…);
5. É necessário que as famílias aprendam a narrar e a celebrar a realidade da família, o
tempo, as festas, os sucessos e os fracassos em chave cristã;
6. Tudo isto gerando e formando agentes: é urgente captar e formar uma nova geração
de casais que sejam agentes de pastoral familiar.

J. Entende-se a pastoral familiar como “uma proposta para as famílias cristãs, que as estimule a
apreciar os dons do matrimónio e da família e a manter um amor forte e cheio de valores como
a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência; em segundo lugar, porque se propõe
encorajar todos a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, onde esta
não se realize perfeitamente ou não se desenrole em paz e alegria” (AL5) a desenvolver em três
níveis:

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1. Pré-matrimonial: a educação das crianças, dos adolescentes e jovens para a vida e para o
amor. A fase remota, tem em vista, principalmente os valores familiares e o crescimento integral
dos seus membros; a fase próxima, como preparação mais próxima para o matrimónio; a fase
imediata, imediatamente antes do matrimónio; celebração do matrimónio.
2. Pós-matrimonial: casais novos; grupos de famílias; famílias que pedem o Batismo /
Confirmação /Eucaristia para os seus filhos; aconselhamento conjugal; famílias em luto;
assistência espiritual a pessoas com deficiência; viúvos e idosos.
3. Situações difíceis: cristãos divorciados, separados, em união de facto; famílias monoparentais;
famílias de emigrantes/imigrantes; impossibilitados de receber o Sacramento do Matrimónio
K. Porque há atitudes e inércias pastorais que é preciso vencer, porque é necessário viver com
ousadia e ardor a missão de evangelizar, porque a Evangelii Gaudium e a Amoris Laetitia inspiram
uma profunda reforma na Igreja, que se efetiva através de uma profunda conversão pastoral, das
pessoas e das estruturas, em ordem a uma Igreja que viva a alegria do Evangelho, há que ter
sempre presente a necessidade acolher, integrar, discernir a acompanhar as pessoas, os casais e
as famílias.

2. OBJETIVO GERAL DO TRIÉNIO 2018-2021


Responder ao convite “vem e segue-me” e fazer ressoar com alegria o chamamento
à santidade em toda a Igreja Diocesana, pois a vocação cristã, nascida no Batismo, é
o seguimento e o testemunho de Jesus nas ocupações de cada dia, onde cada um se
encontra.

3. LEMA
Família, vocação de amor e caminho de santidade

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS/OPERATIVOS
4.1 Dar atenção à família como Igreja doméstica, para que possa cumprir a sua missão de ser
a primeira escola onde, com amor se acolha a vida, se celebre a fé e se promova o
desenvolvimento social.
4.2 Promover itinerários de formação e educação para o amor humano integral.
4.3 Divulgar e incentivar a catequese familiar através de itinerários de iniciação cristã que
permitam às famílias celebrar a fé no lar e na comunidade paroquial.
4.4 Impulsionar a vivência do domingo, dia do Senhor, como tempo de oração, de descanso e
de convívio familiar.

5. OPERACIONALIZAÇÃO

5.1 AO LONGO DE TODO O ANO


Linhas de Ação a nível diocesano
1. Analisar e interpretar os dados do recenseamento à prática dominical.
2. Assumir e valorizar a temática da presente proposta pastoral em retiros, recoleções e
caminhada de Advento-Natal e Quaresma-Páscoa.

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3. Implementar o “Evangelho em casa”: subsídio mensal para celebrar e meditar o evangelho
dominical em família.
4. Implementar e acompanhar experiências paroquiais de catequese familiar, fazendo
levantamento das experiências existentes.
5. Dar a conhecer e implementar as propostas de pastoral familiar existentes: equipas de Nossa
Senhora, Casais de Santa Maria, Famílias de Caná, CPM, Relógio da Família e outras.
6. Criar um Centro de Orientação Familiar para acolher, cuidar e acompanhar as famílias.
7. Animar a pastoral familiar na Diocese em três níveis: pré matrimonial, pós matrimonial e
situações especiais, criando equipa diocesana para o efeito.
8. Divulgar e estudar a carta pastoral do senhor bispo para o presente ano pastoral.
Linhas de Ação a nível arciprestal
1. Analisar e interpretar os dados do recenseamento à prática dominical.
2. Dar a conhecer o documento “Acompanhar, discernir e integrar. Critérios Pastorais para
aplicação do capítulo VIII da Amoris Laetitia”.
3. Criar equipa arciprestal de pastoral familiar para acolher, cuidar e acompanhar as famílias,
especialmente as que vivem situações de maior vulnerabilidade.
Linhas de Ação a nível paroquial
1. Analisar e interpretar os dados do recenseamento à prática dominical.
2. Distribuir e dinamizar o “Evangelho em casa”: subsídio mensal para celebrar e meditar o
evangelho dominical em família.
3. Promover a celebração do Ano Litúrgico doméstico: celebração cristã em ambiente familiar dos
momentos mais significativos da vida, da natureza, do ano litúrgico e dos sacramentos;

5.2 ATÉ AO NATAL


Linhas de Ação a nível diocesano
1. Promover Jornada Diocesana de Pastoral: um casal por paróquia e movimentos vinculados à
pastoral familiar.
2. Realizar encontro diocesano com professores, educadores e equipas de pastoral familiar sobre
os desafios da ideologia de género.
3. Implementar a catequese familiar como meio privilegiado de transmitir e educar na fé.
4. Divulgar o presente programa pastoral em todos os arciprestados.
Linhas de Ação a nível arciprestal
1. Realizar um encontro arciprestal (famílias, casais) sobre a vocação para o amor.
Linhas de Ação a nível paroquial
1. Conhecer a realidade das famílias com filhos em catequese (membros e tipo de vínculos).
2. Implementar a catequese familiar como meio privilegiado de transmitir e educar na fé.
3. Dinamizar/criar escolas de pais paroquiais.
4. Celebrar a Bênção das Grávidas

5.3 DO NATAL À PÁSCOA


Linhas de Ação a nível diocesano
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1 Promover encontro diocesano com um casal de cada paróquia sobre os desafios pastorais da
Amoris Laetitia.
2 Divulgar as experiências existentes dos itinerários de preparação e celebração do matrimónio
e posterior acompanhamento dos casais novos.
3 Realizar encontro de jovens namorados por ocasião do Dia dos Namorados

Linhas de Ação a nível arciprestal


1. Promover encontro arciprestal sobre a problemática e os desafios da ideologia de género.

Linhas de Ação a nível paroquial


1. Realizar 4 encontros de formação sobre a vocação para o matrimónio.
2. Promover a experiência familiar de reconciliação como preparação para a celebração
sacramental do perdão.
3. Promover e animar a celebração das “24 horas para o Senhor” envolvendo famílias
4. Celebrara criativamente o dia do pai.

5.4 DEPOIS DA PÁSCOA


Linhas de Ação a nível diocesano
1. Realizar a assembleia diocesana de famílias: Festa da Família.

Linhas de Ação a nível arciprestal


1. Encontro sobre as problemáticas da família e trabalho.

Linhas de Ação a nível paroquial


1. Celebrar criativamente o dia da mãe e o dia dos avós.
2. Promover a participação criativa das famílias na preparação próxima e na celebração da
Primeira Comunhão.
3. Incentivar as famílias a fazerem do Domingo dia de descanso.

6. CALENDÁRIO
Setembro
28 Jornadas de Pastoral: um casal por paróquia e movimentos ligados à pastoral familiar

Outubro

Novembro
22-30 Encontros arciprestais sobre a vocação para o amor.

Dezembro
22 Bênção das mulheres grávidas
Janeiro

Fevereiro
5
1 Encontro diocesano sobre a Amoris Laetitia: um casal por paróquia e movimentos
ligados à pastoral familiar
16 Encontro Diocesano de Namorados

Grupos paroquiais de reflexão sobre a vocação para o matrimónio


Março
Grupos paroquiais de reflexão sobre a vocação para o matrimónio
20-21 24 horas para o Senhor

Abril

Maio
10-15 Semana da Vida
15 Celebrar o Dia Internacional da Família.

Junho
28 Festa da Família: assembleia diocesana de famílias

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