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REVISTA THEOBR~A

Abril-junho 1974
Ano IV N? 2
Publicação trimesual de-
dicada à divulgação de in - CONTEÚDO
vestigaçio ci~O(ifica rela-
ciooada com problemas a,ro·
nômicos e sóc io- econômi- 1. Indução da produção em cacaueiro
cos de áreas cacauciras. Com uso de atomizador motorizado
Editada pelo Cenno de Pes- portátil na Bahia, Brasil. S. de
quisas do Cacau (CEPEC). J. Soria . .......... ...... ........ .................. ..
Deparramen[o da Comissão
3
Es:eculÍva do Plano da la-
voura Cacaueira (CE PLAC). Mechanical pollination of cocoa using
motorised knapsack sprayers in
COMISSÃO EDITORIAL Bahia, Brazil. (Summary). p . 12.

Alvim . Paulo de T. 2. Um método colorimétrico simples para


Cruz, Luiz C. determinação da intensidade de
Sales. ) osé C. de contaminação COm fumaça em a-
Vello . Fernando mêndoas de cacau. P.R.F. Ber-
bert, T.F. Esquiuel e N. Maraua -
ASSESSORES CIENTÍFICOS lhas . .. .......... .......... .. ............ ............ .. 14
Aílken, William M.
Alencar, Maria H. A colorimetric method for determining
Alvim. Ronald the intenslty of smoke contami-
Barroco. H~lio E. nalion in cocoa beans. (Summary).
8arros. Raimundo S. p. 19.
Cabala R.• F. Perey
Carleuo. Geraldo A.
Loureiro, Edmar S. 3. Economicidade dos insumos modernos
Maravalb.s, Nelson em fazendas de cacau. l ,A, de S.
Mariano, Antônio H. Meneses. E. Paniago. H.P. La-
Medeiros, Arnaldo G. deira e A.L. Bandeira . .......... .... .. .. 21
Menezes , Jos~ A. S.
Miranda, Emo Ruy de Economic aspects of modem inputs
Pereira, Clovis P . used in Bahian cocoa farms. (Sum-
Rocha, Herminio M. mary). p. 32.
Silva, Luiz F . da
Silva, Pedrito
Venroeilla, Jos~ A. 4, Observações citológicas em cêlulas
mães de polem de cacaueiros. G.
Endereço para correspon- A. Ca,lelto. .. ................................ .. 34
dência (AdrC'ss for corre·
spondence):
Cytological a berrations of the pollen
Revista Tbeobroma molher cells in Theobroma cacao
Centro de Pesquisas do L. (Summary). p . 39.
Cacau (CEP EC).
Caiza Postal 7
4~.600 - Ir.~na-B.hia
Brasil
Tiraaem
3. 000 e.emplares

INDUÇÃO DA PRODUÇÃO EM CACAUEIRO
COM USO DE ATOMIZADOR MOTORIZADO PORTÁTIL
NA BAHIA, BRASIL *
Saulo de J esus Soria **

A colheita de cacau da Bahia é da safra* ***. Por outro lado, nos


feita em duas épocas do ano. Uma principais países produtores da
delas , denominada regionalmente África, a produção concentra-se
temporão, ocorre no primeiro se- praticamente em um período, que
mestre e a outra, denominada safra , corresponde à safra baiana . Esta
no segundo. ocorrência coloca o temporão da
Bahia em posição relativamente
Devido à escassez de insetos privilegiada no âmbito internacio-
polinizadores no período novem - nal, uma vez que o produto é posto
bro-janeiro, tem-se notado um de- no mercado numa época em que os
ficit de polinização natural por países competidores não dispõem
ocasião do temporão. Este fato de produção. Do exposto pode-se
parece refletir-se diretamente so- concluir que há uma vantagem evi-
bre a produção, tanto assim que o dente em se reforçar o temporão,
temporão, nas lavouras comerciais seja através de polinização artifi-
do CEPEC, foi aproximadamente cial, seja de outro método de efi-
um terço da safra nos últimos 4 ciência técnica e econômica com-
anos***. Na Bahia, em geral, ana- provada.
l isando-se a média anual das co-
lheitas nos últimos 16 anos (152.844 Com base nessa premissa , rea-
toneladas), constata-se uma dife - lizou-se o presente trabalho, com
rença de cerca de 10.000 em favor o objetivo de estimar a viabilidade

* Recebi do para publicação em abril, 1974 .


** Ph.D . , Divisão de Fitoparasitologia, CEPEC.
u* Dados fornecidos pelo Setor de Produção do CEPEC, 1973.
**** Dados fornecidos pela Divisão de Sócio-Economia , CEPEC.

Reuis ta Theobroma. CEPEC, Ilhéu s , Bras il, 4 (2): 3 -13. Abr. -jun. 1974

3
da indução da polinização em ca- aplicação dos tratamentos incre -
caueiros mediante o uso de atomi- mentou a percentagem de frutos pe -
zadores. A economicidade do mé - cos e diminuiu o índice de semen-
todo é medida em termos do lucro tes. Medina (5), no Equador, incre-
proporcionado pelo adicional de mentou significativamente a pro-
produção devido ao tratamento. dução usando a polinização ma-
nual, mas fracassou nesse propó-
sito quando soprou flores do ca-
REViSÃO DE LITERATURA caueiro com ar puro e / ou inseti -
cidas mediante atomizador motori-
o uso de atomizadores para in- zado portátil. A polinização ma-
duzir a polinização de cacau tem nual foi considerada anti-econô-
sido um método bem sucedido nas mica devido ao elevado custo da
variedades autocompatíveis. Knoke operação. O consenso geral na li-
e Saunders (3), em Costa Rica, in- teratura é que a polinização mecâ -
duziram um aumento do número de nica com atomizadores e outros
frutos com a aplicação de insetici- equipamentos é efetiva somente
das por atomizadores. Soria (8), nas variedades autocompatíveis.
também em Costa Rica, incremen-
tou 3 e 4 vezes o rendimento nos
A disponibilidade de uma flora -
tratamentos pela atomização de
ção razoavelmente intensa durante
água e vento, respectivamente,
OS meses de novembro, dezembro
comparados COm a testemunha. So-
e janeiro, na região cacaueira da
ria e Cerdas (6) observaram aumen -
Bahia (9), coincidente com uma
tos significativos na produção de
baixa taxa de fertilização, estimu-
cacau, agitando flores de clones
lou a condução de estudos sobre
autocompatíveis com vassouras de
polinização mecânica, como um
sorgo. Posteriormente, os mesmos
artifício para suplantar a falta de
autores (7) conseguiram, com poli -
insetos polinizadores nesse pe-
nização manual, aumentar a produ-
ríodo.
ção até 10 vezes em relação à po-
linização natural.

Entre os vários métodos de po- MATERIAL E MÉTODOS


linização artificial avaliados por
Arevalo (1), O manual foi o mais Cento e vinte cacaueiros de
eficiente para elevar os rendimen- variedade Comum, com espaçamen-
tos. Os métodos ensaiados de or- to irregular e idade aproximada de
denho (despetalamento), pincela- 50 anos, foram selecionados e eti -
mento e atomização só elevaram quetados dentro de uma plantaçâo
os rendimentos e tornaram -se ren- na á rea experimental do CEPEC .
táveis quando a plicados sobre o Ilhéus. Bahia. Seis parcelas de
clone autocompatível UF -221. A 10 â " 'ores c"d .. foram comparada s
ma ior f rut ificação resu!ta nte da com u",a quant Idade equivalente
de parcelas tes te munhas, nu m de - t es frescas . O peso seco fo i ca 1-
senho ex pe r imenta l de blocos ao cu l ado na base de 40% d o peso
acaso ( pa rce l as parea das ). úmido, de acord o com a recome n -
dação fei t a pe l a D ivisão de Ge né-
Na meSma área ex pe r imenta I, tica do CE P EC.
num bloco a rbit ra r iame nte denol~i ­
na do tes t em unha adic i ona l , f ora m Pa ra o es tud o dos c us tos ope-
selecionadas outras 20 árvores da raciona i s, foram cole t ad os os se -
mes ma idade e tama nho me nor , nas gui nt es dad os: horas t ot ais e ho-
q ua i s e ra m contad os se ma na Ime nte ras e fet i vas d e traba lh o d os o perá-
todas as fl ores e b ilr os prese nt es ri os no cam po, manuten ção e de-
pa ra acompa nha r a flutuação nat u- prec i ação d o at omizad or , combus-
ra I de fl oração. Este bl oco não fez tível cons umid o, transporte de pes-
pa rte d o dese nho expe rime nt al soa I e máq u i nas pa ra o ca mpo e
me ncionado, pois prete nde u a penas preços d o caca u no me rca do l ocal
destaca r um parâmet ro ad iciona l de por ocasião da ve nd a. O cálc ul o
floração em con d i çôes veget a t ivas d o c us t o o peraciona l foi basea do
d ife rentes. e m met od o l ogia s uge rid a por B oss
e P ond , ci t ado por Bra ndão (2), q ue
U m at o mi zad or F ONTA N )LO , consis t e e m co ns id e ra r os fa t ores
t ipo L 77 L , d e fab ricação a l emã, de c us t o para ma nute nção da má-
foi usado pa ra sopra r as flores . Em q u i na, de preciação, j uros e re pa ros.
sua máx ima ace le ração, a máq uina
produz um ja t o de ar de inte ns id a -
A soma desses fa t ores cons ti -
de equiva l ente a um ve nto de 5 1
t u i o c us t o a nua l que, di v id i do pe-
q u ilômet ros por hora, med ido a 1,5
l o núme ro de di as t raba lhados, re-
me tros de d is t áncia a pa rt i r da
presenta o Custo di ári o de ope ra-
boca do atomizador (d is t â nc ia mé-
ção da máq uina, ao qua l deve rão
d ia ent re esta e as i nfl orescê n-
se r ad i c i onados os gastos va r iá-
cias). Nes t as cond ições, aS flores
ve is de ope ração (co mbustíve l , l u -
foram agitadas vio l e nt a me nte até
brifi ca nt e' mão-de -obra etc.).
o po nto em que aque l as não fe rt ili-
zadas, e de mais de 2 d i as de i da-
A de preciação (D ) cons ti t u i a
de, e ram a rra nca das da á rvore. A s
f l ores f oram sopradas 6 vezes, em re l ação e nt re o preço de aquis i ção
dias a lt ern ados, nas primei ras ho - da máquina ( P ) e s ua duração pro -
ras da ma nhã, dura nt e a fl oração váve l ( vid a útil), e m anos (T ) :
de ja nei ro de 1973 .
P
A eficiênc ia d o t rata me nt o face D " - - se nd o P = C r$1. 500 ,OO
'a testem unha foi det erminada con - T T = 5 a nOS
tando-se sema na l me nte as flores,
bi lros e fr utos maduros co lhidos Os j uros são ca Iculados a par -
por á rvore e pesa nd o-se as se me n- t i r da t axa que inc id e sobre o ca p i -

5
tal investido (preço de aquisição + rio a pé . No presente caso, onde
depreciação). Essa é arbitrária , se utilizou uma pick-up Ford F -7S ,
mas <leve ser pelo menos igual à o custo de tra nsporte foi estimado
menor taxa que este capital obteria em Cr$ O,SO/ km, de acordo com
a prazo fixo nas entidades finan- cálculos feitos pelo Setor de Trans-
ceiras oficiais (12 % a. a.) . portes da CEPLAC (1973).

o valor para reparos é também


estabelecido através de uma taxa RESULTADOS E DISCUSSÃO
arbitrária (10%) sobre o preço de
aquisição, de acordo com a análise Flutuação e intensidade de nora- -
de investimento e inflação feita ção
por Machline (4).
Os resultados dos estudos de
Estabeleceu-se ainda um custo flutuação de floração no tra tamen-
adicional relativo ao transporte to , comparados com a testemunha,
que, na prática, ocorre, seja feito no primeiro semestre de 1973 (Fi-
em veículo, animal ou pelo operá - gura 1), indicam que os cacaueiros

SOPRO

TESTUiIIUfirIIHA o-o

••• A~LICAC;10
00 SOPRO.

JAH " AO. "A I J UH JUL

I 9 7 1

Figura 1 - Dis tribui ção da fl ora ção, fr utif icação e pTf,du çà" de cacau
nas área s de s opro e l es te munbtl. /lI·é us. Bahia . Bra s il. I : se me s tre , 1973.

6
mostraram três picos destacados Flutuação de frutificação e indu-
de floração (janeiro, março - abril ção de produção
e junho). Dos três picos, somente
o primeiro foi aproveitado para in- Temporão
duzir a frutificação. Os outros
dois, particularmente o segundo, A curva correspondente à co-
que foi o mais intenso, foram dei- lheita do primeiro semestre (Figu-
xados para polinização livre (a ber- ra 1) apresentou uma elevação a
ta). part ir de junho para tratamento e
testemunhas, mas com intensida-
Verificou-se uma grande varia- des significativamente diferentes .
ção entre as intensidades de flo- A frutificação no tratamento incre-
ração das árvores amostradas, in- mentou após seis aplicaçõês de
dependentemente da época do a no . sopro, até um limite de 20 frutos
A média das flores nas 60 árvores por árvore. Este número permane-
da testemunha experimental (apro- ceu re lat ivamente estáve I até ju-
ximadamente 400 flores / planta) nho , época em que se iniciou a co-
mostrou-se 10 vezes maior que a lheita do temporão. A tendência
das 20 árvores da testemunha pa- da curva correspondente à teste-
ralela (Quadro 1). munha ind icou um incremento lento

Quadro 1 - Média de Ilores por ár/Jore nas áreas t es t emunha expe ri·
mental (a) e adicional (b) . CEPEC. Ilhéus, Bahia. Brasil, janeiro·leve·
reiro, 1973.

" " ... ,


. ' Testemunha Testemunha
• r Data experimental (a) adicional (b)
.
Jan. 5 20 2
12 500 46
19 1000 118
26 ' 600 44
'.
r. '.
Fev. · 2 200 32
9 70 6

Média/árvore 398 41
Taxa aproximada a/b 10:1

(a) Média de 60 árvores (b) Média de 20 árvores

7
de frutificação a partir de janeiro, 300 + (300 + 1.500) 12 + 150
que foi marcadamente acelerado a 100
partir de maio (Figura 1). X = --------~-------- =
180
Os resultados relacionados com
indução de produção (Quadro 2) in- =Cr$ 3,70 / dia
d icam que o sopro triplicou o ren-
dimento no primeiro semestre, com- onde :
parado com a testemunha. D = depreciação da máqui na
= valor máximo
Receita líquida e lucro
vida útil
Os resultados com relação ao J = Juros do investimento
cálculo de custos foram os seguin-
tes: = (va lor da máq . + deprec.) taxa
Custo diário do trabalho da má- 100
quina (X):
R = reparos (10% do custo inicial)
x = D+J + R =
N N = dias de utilização

Quadro 2 - Cacau mole (kgJ produzido por parc ela de 10 cacaueiros


tIOS Iratam e"los de sopro e testemunha. Ilh é us, Bahia , Brasil. 1973.

I ! Semestre 2~ Semestre T o 181

Sopro · Testemunha Sopro Testemunha Sopro Testemunha

1,90 0 , 85 6 0 ,95 47,1 0 62,85 47,95


11,05 1,40 34,45 39, 05 45, 50 40,45
13 ,1 0 1,75 43,75 28, 00 56,85 29,75
9 ,65 2,75 69,15 63,28 78,80 66,03
7,15 0,90 48,80 59,25 55, 95 60,15
3,25 8,85 50,85 64,25 54,1 0 73,10

To t 8 I 46,10 16, 50 307,95 300,93 354,05 317,43

Peso seco
(kg)" 18,44 6 ,60

• O jato de a r foi aplicado Some nt e no primeiro seme stre .


** Baseado e m recome nda ção da Divisão de Genétic a, CEPEC (peso seco ==
40'7, do peso do cacau mole).

8
Foram arbitrariamente tomados Safra
180 dias de utilização anual média A safra, resultante da poliniza -
da máquina, embora, no presente ção natura I das flores entre março
trabalho , tenham s ido utilizados e junho , foi quantitativamente do-
apenas 6 dias, uma vez que, na minante, comparada ao temporão
prática, a máquina tem outros usos . (Quadro 2). A colheita das áreas
experimentais ocorreu a partir de
Ao capital de Cr$ 65,70, inves - setembro, estendendo-se até prin-
tido no tratamento sopro (Quadro cípios de janeiro de 1974 e foi par-
3), correspondeu uma receita líqui- ticularmente elevada nesse perío-
da de Cr$ 5,34 (Quadro 4) - ou se- do . Completada esta, procedeu-se
ja , 8% sobre esse capital - 6 me- a análise de variação da colheita
ses após o início do processo. O total do ano para as áreas de tra-
lucro talvez pudesse ser aumentado tamento e testemunha. A colheita
intensificando-se o insumo sopro, total no tratamento sopro foi apro-
particularmente no que se refere ao ximadamente igual à encontrada
número de aplicações e número de na testemunha (Quadro 2). A mé-
operários ativos, pois o custo atri- dia anual de rendimento foi de2,36
buído a transporte ficaria quase in- e 2,12 kg de cacau seco/ árvore
variáve I dentro dos limites de ca- para as áreas de tratamento e tes-
pacidade de transporte do carro. temunha , respectivamente.

Quadro 3 - Cl/slO 10101 alribuído ao h/SI/mo sopro. Ilh é us. Bahia. Bra ·
silo 1973 .

• Valor estimado c om base no custo diário de trabalho da máquina Uornada de


8 horas) .
•• Consid e rou · se um salário mínimo de Cr$ 240,OO / mês, se m incluir os encar-
gos sociais.

9
Quadro 4 - Receita líquida adicional proporcionada pelo insumo so-
pro, com base na produção de 60 cacaueiros, no período do "temporão".
Ilhéus, Bahia, Brasil, 1973.

-
Are. a
Produçlo
peso seco (kC)
Receita
bruta (Cr$) •
Custo
total (Cr$)
Receita
líquida (CrS)

Sopro 18,44 110,64 65,70 44,94


Testemunha 6,60 39,60 39,60

Adicional devido
ao sopro 11,84 71,04 65,70 5,34

• Foi considerado o preço de Cr$ 90, 00 por arroba (15 kg) de cacau seco.

Quando se usou como critério de produção do ano (temporão),


de comparação as produções se- dentro dos limites das cond.ições
mestrais, encontrou-se uma dife- ambientais reinantes de floração,
rença altamente significativa entre custo de insumos e mercado de
a produção do primeiro semestre venda do produto na respectiva
frente à do segundo: a colheita época de colheita;
obtida no segundo semestre (safra)
foi 12,5 vezes maior que a do pri- 3. O rendimento anual(tempo-
meiro. Esta superioridade quanti- rão + safra) não foi significativa-
tativa na safra / 1973 determinou mente incrementado pelo tratamen-
que as diferenças altamente signi- to sopro;
ficativas entre tratamentos no pri-
meiro semestre, ficassem insigni- 4. Ensaios de avaliação de pro-
ficantes no segundo. dutos químicos agrícolas que utili-
zam jato de ar como vetor, devem
incluir uma testemunha adicional
CONCLUSÕES para isolar a variável correspon-
1. A prática de sopro, nas con- dente ao pegamento adicional de-
dições experimentais descrita s, vido ao jato de a r; e
mostrou-se eficiente como método ,
triplicando a produção nas planta- 5. Considerando-se que a apli-
ções comerciais de cacau Comum cação de sopro foi feita somente
autocompatível trabalhadas, duran- em um período do ano, em uma po-
te o primeiro semestre ; pula ção de ca caueiros com uma
média de 400 flores / planta, há ne-
2. A técnica de sopro incre- cessidade de se repetir o experi-
mentou o lucro no primeiro período mento sob diferentes condições de

lO
intens id ade de fl oraçã o e em me- que ponto a a plicação do sopro é
ses dife re nt es pa ra a va li a r a té economi ca mente vi ável.

AGRADECIM E NTOS

Aos En g .-A gr?s Fe rna ndo Ve ll o, Ge ra ldo Ca rlett o , Pedrito Silva , João
M. de Abre u e ao B. Sc . Willia m ~la rtin Aitke n,l pela revisão do a rtigo e
sugestõe s ; aos En g.-Agr?s Ma ri " .Helena Alenca r, Nils on de Ma tos Sa bi -
no, Uba ld o Sa nt os e Econ omi s ta Aureo Bra nd ão , pela orient a ção no c á l-
culo de custos e receita líquida; a os Eng .-A gr?s José A. Vent ocilla e
Clá udio Mirand a, pelos dados de produ ção da á rea, e ao Sr. Florisva ld o A.
Ga lvã o , pela a j uda na reda çã o do tra ba lho .

LITERATURA CIT.'\DA

1. AR EVALO , R.A. E valua ción de cua tro metodos de poliniza ci ón a rtifi ·


cia l en ca c a o (TI> "o bro mQ CQCQO L.). Thesis Magi s ter Scie nce.
Turrialba, Costa Rica, Instituto Intera merica no de Ciênc ias A-
gríc ola s , 39 p. 1972 .

2. BRANDÃO, E.D. Aula s de Administraçã o Rural. Viçosa , MG , Es cola


Superior de Agricultura, 105 p, 1958. (mimeogra fado).
3 . KNOKE , ] .K. e SAUNDERS,] . Induced fruit set of Theobr oma ca c a o
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nomic Entomology 59 (6) : 1427-1430. 1966.

4 . MACHLlNE, C . Análise de investimentos e inflação . Revista de Ad -


min istra çã o de Empres a s 6 (18) : 51 - 123. 1966 .

S. MEDINA , L .M.F . Efecto de las polinizaciones artificia les y entomo-


fil as en e l rendimiento deI c aca o. Tesis de Ingeniero Agrono-
mo. Fa culdad de Agronomia y Veterina ria, Universidad de
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6 . SORIA, ] . e CERDAS , M. Polinizaciones por movimientos de flores


con es cobill a de sorgo . Caca o (Cos ta Rica ) 11 (3):8-9. 1966.
7. e Rendimiento de I ca cao en relación Con polini·
z ación a rt ificial y abona mienlo . Ca cao (Costa Rica) 15(3):11 -
12 . 1970.

11
8. SORIA, S. de J. Studies on Forcipomyia spp. midges (Diptera , Cerato-
pogonidae ) related to the pollination of Theobroma cacao L.
Dissertation Abstracts International 31 (5) : 2744 -B . 1970.

9. VELLO, F. Fatores relac ionados com a poliniza ção, fert ilização e


produção do cacaueiro na Bahia. Ilhéus , Bahia, Bras il , Ce ntro
de Pesquisas do Ca cau, 26 p. (datilografado).

RESUMO

Na região cacaueira da Bahia, tem-se observado colheitas menores du-


ra nte a primeira metade do ano, motivadas a parentemente pela fa lta de
agentes polinizadores no período de flora ção que vai de novembro a ja-
neiro. Foi a ve ntada e testada experimentalmente a hipótese de que a a pli-
cação de um jato de ar prove niente de um atomizador motorizado portátil
poderia induzir polinização nas flores da variedade Comum, a utocompatí -
vel. As aplicações do jato de ar triplica ram o rendimento de cacau seco
em relação com a testemunha, durante o primeiro semestre de 1973 . A re -
ceita líquida obtida fo i equivalente a 8% do capita l investido no tra ta men -
to, 6 meses a pós o início do processo.

Por outro lado, o rendimento durante todo o ano não fo i significativa-


mente incrementado, pois uma safra excepciona lmente grande, equivalente
a 12 ,5 vezes o temporão, aparentemente obscureceu os resultados obtidos
no primeiro semestre. Sugere-se que a técnica de sopro é válida unica -
me nte nas pla ntações de variedades autocompatíveis .

MECHANICAL POLLlNA TION OF COCOA


USING MOTORISED KNAPSACK SPRA YERS
IN BAHIA, BRAZIL
SUMMARY

In the Bahian cocoa region, the cocoa harvest dur ing the first 6 months
of the yea r is us ually less tha n t he second, a fa ctor a ttributed to the low
leveIs of insect pollinalors between November a nd J a nua ry. A trial car-
ried out by blowing air, using a motorised kna psac k sprayer, over lhe
flowe rs of the self-compatible variety Comum in an atte mpt to induce
mechanica l pollina lion, tripled the yie ld compa red to the untreated plots .
Howeve r , the net profi! computed of the 6 month period was equivalent to
only 8% of the treat ment cosls.

12
Due to the very high yields of the second 6 month period for the two
areas. the accumulated yields for whole year show little difference be-
tween the treatments. It is to be remembered that increasing pollination
by blowing air is only valid for self-compatible cocoa varieties.

13
UM MÉTODO COLORIMÉTRICO SIMPLES
PARA DETERMINAÇÃO DA INTENSIDADE DE CONTAMINAÇÃO
COM FUMAÇA EM AMÊNDOAS DE CACAU *

' Paulo Romeu F. Berbert **


Terez inha F. Esquivel ***

o
cheiro de fumaça é conside- com a finalidade de fazer melhorar
rado defeito grave em cacau porque a qualidade do cacau brasileiro, o
amêndoas contaminadas , quando u- Governo proibiu a exportação de
tilizadas na fabrica ção de choco- cacau contaminado com fumaça (1).
late , dão-lhe um gosto desagradá - Para melhor controle do cumprimen-
vel de fumaça. Tal tipo de conta- to de tal resolução, a CEPLAC,
minação ocorre quando as amêndoas Órgão do Governo Federal, tem a -
entram em contato direto com fu- berto novos Postos de Classifica -
maça durante a secagem artificial ção de cacau em vários locais das
em secadores a lenha, ou mesmo zonas produtoras e tem feito cam-
durante a secagem natural, em bar- panhas junto aos cacauicultores
caças . No primeiro caso, a conta- Com a finalidade de torná-los mais
minação é devida à existência de esclarecidos sobre o problema .
vazamento na chapa tubular do se-
cador , ou ao fato de a chaminé do Atualmente, a classificação do
secador ser mais baixa que a cume- cacau, no que diz respeito à con-
eira do mesmo. No segundo caso, taminação de fumaça , é feita chei-
o cacau é contaminado com fumaça rando-se , uma por uma, 300 amên -
proveniente de fogão a lenha ou de doas que foram cortadas longitudi-
candeeiro de iluminação existentes nalmente. O grau de contaminação
em residências construída s sob as é expresso em função da percenta-
barcaças. Devido a este problema , gem de amêndoas encontradas com

* Recebido p a ra public ação e m junho, 1974.

.***. En g .-A gr~, Divis ã o de F ilol ogia, CEPE C .


F armacêutica B ioquí mica , Di visão de B ioen genha ria , CEPEC.

R evis ta Theo b<oma. C8 P8 C. Ilhéus . BTas il, 4(2): 14-20. AbT.· jU1l. 1974.

14
cheiro de fumaça . Este método é conhecer o grau de contaminação
insatisfatório uma vez que leva em de fumaça com extratos padrões
conta apenas o número de amêndoas provenientes de lotes de cacau com
contaminadas, não cons "lerando a percentagens conhecidas de amên-
intensidade de contamina ção . doas uniformemente enfumaçadas.

A existência de um método para A finalidade do presente traba -


detecção e quantificação de fuma- lho é descrever um método simples
ça, menos subjetivo e mais preciso e prático para determinar, de ma -
que o método em uso, seria de gran- neira mais precisa que a técnica
de utilidade para um melhor contro- em uso, a intensidade de contami-
le da qualidade do cacau. Pensou- nação de fumaça em amêndoas de
se então em um método colorimé- cacau. Espera-se que tal método>
trico, :lO qual extratos de amostras possa ser utilizado nos Postos de
quaisquer pudessem ser compara- Classificação e por outros interes -
dos visualmente ou espectrofoto- sados, facilitando dessa maneira
metricamente com extratos padrões o controle da qualidade do cacau
provenientes de amostras com d ife- brasileiro para exportação, no que
rentes graus de contaminação de se refere a cheiro de fumaça. Tra-
fumaça. Após diversas tentativas balho preliminar sobre o assunto
com diferentes solventes orgãnicos, foi publicado recentemente (5).
tais como álcool etílico, álcool me-
tílico, benzol etc., notou-se que ál-
cool etílico a %% é o que melhor
MATERIAIS E MÉTODOS
extrai os componentes da fumaça,
adquirindo uma coloração amarela
Para obtenção de amêndoas uni-
mais intensa que no caso dos de-
formemente contaminadas com fu-
mais solventes. Além disso, o ál-
maça a serem utilizadas no preparo
cool etílico a 96%, quando compa-
de extratos padrões, colocou-se
rado com solventes mais polares, cerca de 20 kg de cacau fermentado
como por exemplo o álcool metíli-
em bandeja de madeira com fundo
co, apresenta a vantagem de ser de tiras separadas entre si cerca
um mau solvente para os pigmentos
de 0,5 cm, semelhante à bandeja
existentes na amêndoa de cacau.
de fermentação de Rohan (6). Em
seguida, procedeu-se a secagem
Sendo a determinação da quan- em fogo brando, produz ido por le-
tidade absoluta de fumaça um pro- nha, com a bandeja a 1,5 m do so-
cesso impraticável no caso, pelas lo. Durante o dia, as amêndoas
dificuldades analíticas que apre- eram revolvidas freqüentemente e,
senta, procurou-se um método ca- à noite, a bandeja era coberta com
paz de quantificá-la de maneira re- lona, permanecendo o fogo aceso.
lativa, comparando-se O extrato do Após 72 horas, o fogo foi retirado
lote de amêndoas do qual se deseja e a secagem continuou, ao sol, até

15
as amên doas alcan çarem cerca de utiliz ando -se um paine l de degu s -
7% de umid ade. Prep arara m-se a- tação , para deter mina r o nível mí-
most ras de 100 g mistu rando -se nimo de conta mina ção de fuma ça
2; 5; 10; 25 e 50% de amên doas que pode ser detec tado pelo pala -
conta mina das, com amên doas li - dar.
vres de fuma ça, todas elas intei ras
e com casc a. Cada amos tra assim
prepa rada foi coloc ada em erlen - RESU LTAD OS E DISCUSSÃO
meye r de 500 ml, ao qual se adi-
ciona ram 33,3 ml de álcoo l etíli- As leitu ras espec trofo tomé trica s
co a 96 %. O conte údo foi agita do dos diver sos extra tos alcoó licos
por 5 mi nutos em um agita dor ro- padrõ es, a 325 mIJ., forne cera m as
tat ivo de 60 a 260 ciclo s por mi- abso rvãn cias apres entad as no Qua-
nuto, de Eber bach Corp ., Ann Arbor , dro 1.
l\'1ichigan, a 1/ 4 de volta abaix o da
s ua veloc idade máxima. Para cada Quad ro 1 - Abso rvâ ncias a 325
tipo de amos tra, foram feita s três mil dos diver sos ex /ralo s padrõ es
repet i ções , de cujos extra tos fil- conlamÍ>/ados com fI/maça.
trado s foram lidas as respe ctiva s
abso rvânc ias num espec trofo tôme -
Porc entag em de
tro Zeis s, mode lo PQM 11 - M4Q Abso rvânc ias
amên doas
m, a 325 mil' Como blank , utili- (325 mil)
zou-s e o extra to de um lote de 100 g conta mina das
de amên doas livre s de fuma ça. De
cada uma das três repet ições de 2 0,110
cada tratam ento, foram retira dos 5 0,200
10 ml, os quais , depo is de mistu - 10 0,380
rados , foram coloc ados em tubos 25 0,910
de ensa io de 200/ 25 que, em se- 50 1,800
guida , foram fecha dos a fogo, ob-
tendo -se assim os padrõ es para
comp araçõ es visua is. Suge re-se que estes sejam con -
s idera dos os extra tos p a d r õ e s .
Q ua isque r outro s padrõ es com es -
Proc urou -se relac iona r a colo - sas mesm as perce ntage ns de conta -
raçâo dos extra tos obtid os com o mina ção que venha m a ser prepa ra-
gosto de fuma ça detec tável no pro- dos poste riorm ente devem possu ir
duto final . Utili zand o-se amên doas aque las abso rvãnc ias. Os padrõ es
do mesm o lote conta mina do com com as perce ntage ns de conta mi-
fuma ça, foram então confe ccion a- naçã o acim a menc ionad os dão mar-
das barra s de choc olate de amos - gem a uma comp araçã o visua l con-
tras prepa radas de mane ira id ên- venie nte para uso rotin eiro na clas-
tica à desc rita. Essa s barra s fo- sific ação de caca u. É poss ível,
ram testa das organ olept icam ente, entre tanto , a depe nder da conv eni-

16
ência, prepararem-se extratos pa- tâncias fenólicas (2, 3, 4), que po-
drões com qualquer intensidade de dem sofrer leves alterações quali-
contaminação em relação aos pa- tativas conforme sua origem. Tal
drões preparados inicialmente. Pa- fato, apesar de não ser problema
ra isto, basta se observar as ab- no caso da avaliação visual dos
sorvâncias na curva de calibração extratos, pode resultar em varia-
obtida a partir daqueles padrões ções significativas na análise es-
(Figura 1). Por exemplo, caso haja pectrofotométrica, caso as fontes
necessidade de serem preparados de origem da fumaça sejam muito
extratos padrões com 3% e 6% de diversas. Como o conhecimento
contaminação de fumaça, a curva das absorvâncias é importante no
preparo dos extratos padrões, estes
de calibração mostra que suas ab-
deverão então sempre ser prepara-
sorvâncias deverão ser respectiva-
dos com amêndoas contaminadas
mente 0,130 e 0,250.
com fumaça proveniente da queima
de madeira. Somando-se este fato
A fumaça constitui-se princi- ao alto custo do equipamento e ne-
palmente de uma mistura de subs- cessidade de mão-de-obra especia-

1,40

-~
E
1,20

OI 1,00
N
~
'"
~
c( 0 ,80
u
Z
,c(
> 0 ,60
'".,
o
'"
c( 0 ,40

0 , 20

4 8 12 16 20 24 28 36 40
PERCENTAGENS DE AMÊNDOAS CONTAMINADAS

Figura 1 - Curva espectrofotogramétrica de calibração, apresentando


a intensidade relativa de contaminação por fumaça, em percentagem de
amêndoas contaminadas, e suas respectivas absorvâncias.

17
lizada, leituras feitas com espec- servadas a partir do terceiro mês .
trofotômetro ou colorímetro, apesar Na prática , esse inconveniente po-
de mais sensíveis , não seriam con- de ser contornado pelas seguintes
venientes no caso. Os padrões se- possibilidades , dentre outras :
riam preparados em laboratórios e-
quipados com o instrumental ne- a. Manutenção dos extratos padrões
cessário e distribuídos para os na ausência de luz ;
Postos de Classificação e demais
interessados . Na utilização usual b. Renovaçãodos extratos padrões
do método, a intensidade de conta- a cada 3 meses;
minaçãode fumaça em um lote qual-
quer de amêndoas seria avaliada c. Formulação de extratos de co-
pela simples comparação visual de lorações semelhantes aos pa-
seu extrato com os estratos pa- drões que não sejam alterados
drões. com o tempo ou pela ação de
luz; e
A contaminação mínima passí-
vel de detecção pelo painel de 'de- d. Utilização de escalas de cores
gustação foi ao nível de 3,5% de com base na coloração dos ex-
amêndoas contaminadas. O teor tratos padrões.
máximo de contaminação por fuma -
ça admissível em amêndoas de ca- Ainda que não forneça os teores
cau, quando determinado pelo mé- absolutos de fumaça , mas somente
todo proposto, deve estar, portan- valores relativos de intens idade de
to, em torno de 3% . contaminação, o presente método é
mais sensível e bem mais exato
Os extratos padrões não podem que o utilizado atualmente no Bra-
ser utilizados indefinidamente uma sil, pelo que se espera que o mes-
vez que suas colorações são alte- mo venha a ser utilizado nos Pos-
radas pela luz e diferença s das in- tos de Classificação de cacau e
tens idades de suas cores são ob- por outros interessados .

AGRADECIMENTO
,
Os autores expressa~ seu reconhecimento ao Eng. Químico Edmar
Loureiro, pela colaboração prestada na execução dos testes organolép-
ticos .

LITERATURA CITADA

1. BASTOS , G.A.C. Padronização e classificação do cacau. Cacau Atua-


lidades (Brasil) 11(2) : 9-18. 1974 .

18
2. FIDDLER, W., WASSERMAN , A.E . e DOERR , R.C. Smoke f1avor frac-
tion of a liquid smoke solution. Journal of Agricultural Food
Chemistry 18(5): 934-936. 1970.

3. ISSENBERG, P. , KORNREICH, M.R . e LUSTRE, A.O. Recovery of


phenolic wood smoke components from smoked foods and model
systems. Journal of Food Science 36 :107 - 109. 1971.

4. KORNREICH, M.R. e ISSENBERG, P . Determination of phenolic


wood smoke components as trimethysilyl ethers. Journal of
Agricultural Food Chemistry 20(6) : 1109-1112. 1972.

5. MARAVALHAS, N. , BERBERT, P.R.F. e ESQUIVEL, T.F. Um método


fácil para determinação de cheiro de fumaça. Cacau Atualida-
des (Brasil) 10(4) : 2 -4. 1973.

6. ROHAN, T.A. Processing of raw cocoa for the market. Rome, FAO,
1963 . p. 109.

RESUMO

Foi desenvolvido um método colorimétrico simples para determinar a


intensidade de contaminação de fumaça em amêndoas de cacau. O método
é baseado no fato de substãncias normalmente encontradas em ma teria I
contaminado por fumaça serem francamente solúveis em álcool etílico a
96%, ao qual dâo uma cor amarela característica. A intensidad e dessa
cor é proporcional à quantidade de fumaça e pode ser medida no compri -
mento de onda de 325 mil' Para fins práticos, o método permite uma de -
terminação visual satisfatória, comparando-se os extratos dos lotes de
cacau a serem classificados, com extratos padrões. Espera-se que este
método possa ser utilizado nos Postos de Classificação de cacau com a
finalidade de se detectar cacau contaminado com fumaça .

A COLORIMETRIC METHOD FOR DETERMINING


THE INTENSITYOF SMOKE CONTAMINATION
IN COCOA BEANS

SUMMARY
A simple colorimetric method was developed for determining the inten -
sity of smoke contamination in cocoa beans . The tar compounds typical1y

19
found with smoke contamination are freely soluble in ethyl a1cohol 96%
giving a characteristic yellow color the intensity of which cán be assessed
both visually and s~;ctrophotometrically. For practical purposes the meth-
od permits an accurate visual determination by comparing prepared stand-
ards with samples made on the spot from any lot of cocoa beans . Such a
method is expected to be used at the cocoa grading stations to detect
smoke contaminated cocoa beans.

• • •

20
ECONOMICIDADE DOS INSUMOS MODERNOS
EM FAZENDAS DE CACAU·
Jos é Alexandre de Souz a Menezes **
Euter Paniago ***
Hércio Pereira Ladeira ****
Antonio Lima. Bande ira ****

A CEPLAC vem, desde 1%4, cas dos insumos modernos utili-


orientando e estimulando os ca- zados, das relações de preços
cauicultores no uso de melhores desses fatores e do produto re-
métodos e modernos fatores de sultante.
produção e , ao mesmo tempo, pro-
porcionando meios para a amplia- Todavia, a introdução de ino-
ção das áreas de cultivo (1). vações com a finalidade de mo-
Espera-se que os acréscimos de dernizar a agricultura , nem sem-
produção, obtidos através do uso pre redunda em benefícios a nível
de recursos mai'i eficientes, pos- de fazendas.
sam diminuir os custos marginais
de produção e que tal fato resulte Com respeito a fertilizantes,
na expansão da própria oferta do Schuh e Tollini (3) opinam que os
produto, em condições competi- agricultores poderão incorrer em
grandes perdas, se não tomarem
tivas.
decisões corretas acerca da
Aceita-se, em geral, que o ob- quantidade e do tipo de fertili -
zante a usar .
jetivo do agricultor , ao adotar
inovações, é basicamente obter A Teoria Econômica pressupõe
uma vantagem econômica a qual que a firma opere no sentido de
depende, em princípio, de como se maximizar lucros sob condições
comportam as produtividades físi- em que cada recurso deva ser

* Recebido para publicação em agos to, 1973 .


• Re sumo da tes e intitulada "Produtividade e Taxa Marginal de Retorno de
Insumos Modernos em Faze ndas de Ca c au, Região Cac aue ira da " Bahia ,
An o Agrícola 1971 / 72 ", apre sentada pelo prime iro autor à Univers idade
Federal de Vi ços a para obte nçã o d o grau de "Ma giste r Scie ntia e" .
•• M.S. , Divisão de SÓCio -Economia . CEPEC.
*.* Ph . D., Departame nto de Economia Rura l , Univers idade Federal de Viç osa
(DER-UFV), Viços a, MG .
•••• M. S . . DER-UFV .
R evis ta The ob,omtl. CEPEC, ilhé us, Brasil. 4 (2/ : 21 - 33 . Abr. -jun. 1974.

21
usado na nível em que o valor do quido marginal e a taxa I'largi-
seu produto marginal iguale o na l de retorno dos recursos e
preço do referido ·recurso. insumos modernos.

Os insumos modernos, reco-


mendados pela CEPLAC, reque- MATERIAL E MÉTODO
rem inversões adicionais cujos
retornos dependem das suas pro- Origem dos dados
dutividades marginais e do preço Os da dos utilizad os no presen-
do produto obtido. O problema se te trabalho provêm de um projeto
afigura na incerteza de se saber de contabilidade agrícola, condu-
se o va lor da produtivid ade mar-
zido em 80 fazendas de cacau -
ginal dos recursos é suficiente- localizadas nos principais muni-
mente alto para cobrir tais inver- cípios produtores da Bahia - sob
sões, dada certas condições de orientação do Departamento de
preços. Extens ão da CEPLAC (DEPEX).
A utilização, a nível de fazen- Esse projeto tem o objetivo de
da, dos insumos modernos reco- oferecer aos " cacauicultores par-
mendados pela CEPLAC conduz a ticipantes um processo simples e
duas importan tes indagações: 1. racional para medir os resu lt ados
É o valor da produtividade margi- alcançados em s uas at ividades
nal desses insumos adequado no agrícolas e desenvolver o hábito
prese nte nível de uso? e 2. Qual de utilizar a con~abilidade agríco-
a taxa margina 1 de retorno desses la como um instrumento de admi -
insumos? nis tração. Além disso, o projeto
v isa a coleta r dados para de ter-
Tais indagações motivaram o minar padrões e requerime ntos de
presente es tudo cujo objetivo mão-de-obra para as práticas agrí-
consiste e", a na lisar a produtivi- colas, insumos mode rnos , di s pê n-
d"de e taxa margina 1 de retorno dios, margens de lucro da empresa
dos rec ursos utilizados na produ- por roça' , gastos e rendimentos de
ção de cacau, princi pa lmente in- mão-de-obra sob regi mes de traba -
sumos mod e rnos recome ndados pe- lho por emprei tada ou por d iá ri a.
la CEPLAC, em fazendas de ca- As unidades selecionadas pa ra o
cau da Bahia, no ano agrícola de projeto est avam enquadradas em
1971 / 72. Especificamente, .procu- critérios tais como: empresa de
rou-se : fácil acesso e com área ent re 20
e 200 hecta res; agricult ores ConS-
1. Estimar e exami nar o valor do cientes, dispostos a participarem
produto marginal dos recursos do projeto, recept ivos a mudanças
e insumos moder nos ; tec nol ógicas, alfabetizados e com
2. Estimar as e lasticidades par-
ciais e totais de produção dos
*O term o j' roça " re fere- se às di v i -
recursos e i nsumos mode rn os ; e sõe s, em áre a s produtiv as, das fa -
3. Estima r e a na lis ar o retorno lí- z enda s d e ca cau .

22
idade adequada para o desempenho X.. - Fertiliza ntes (cruzeiros ).
da tarefa. X .. - Calcário dolomítico (sacos).
X,. - Calcário dolomítico (cruzei-
Modelo conceitual ros).
Xl? - X, + X. + X.
Tendo em vista os objetivos do X .. - X. + X,
estudo e o número de observações X" - X,. + X 12
utilizáveis no que diz respeito a X,. - X .. + X16
graus de liberdade e outros as pec- X21 - X,. + X,.
tos estatísticos, escolheu-se como X" - X,. + X12
in!:trumento de análise a função X" - X" + X, .
de produção tipo Cobb-Douglas, X,. - Xli + X,
expressa em termos logarítmicos . Renda bruta
X" - - varll[vel
Avaliação e especificação Custos totais
das varibeis auxiliar assumida para intro-
duzir o efeito da adminis-
De acordo com os objetivos do tração na função de produ-
estudo, foram definidas as se- ção. Esta variável foi uti-
guintes variáveis para a constru- lizada por Ladeira (2).
ção de equações que permitissem
explicar a produção de cacau:
Sabe-se que 3 função de produ-
Y - Produção de cacau (arrobas). ção é um relacionamento entre o
X, - Valor de uso da terra com produto físico obtido e os recur-
ca cauais (cruzeiros). sos físicos utilizados, daí a Con-
X, - Área com cacauais produti- veniência de se mensurar esse re-
vos (hectares). lacionamento em unidades físicas
X, - Investimento em animais de apropriadas. Todavia, devido à
serviço (cruzeiros). necessidade de se agregar insu-
X. - Investimento em benfeitorias mos, medidos em unidades hetero-
(cruzeiros). gêneas e cuja medição só pode
X. - Investimento em equipamen- ser feita em unidades homogêneas,
tos (cruzeiros). fêz-se a agregação usando-se ter-
X. - Mão.<Je-obra em tratos cultu- mos de valor. Sabe-se que, se
rais (cruzeiros). existir outra relação que não seja
X, - Mão.<Je-obra em beneficia- competição perfeita para os mer-
mento (cruzeiros). cados de fatores e do produto, a
X. - Despesas diversas (cruzei- medição das variáveis em termos
ros). de valor pode causar tendenciosi-
X. - Inseticida (sacos). dade (4). Foi assumido, neste es-
X,. - Inseticida (cruzeiros). tudo, para a medição das variáveis
Xl1 - Fungicida (sacos). da função de prod ução de Cobb-
X12 - Fungicida (cruzeiros). Douglas, especificadas em termos
Xl) - Fertilizantes (sacos). de valor, a existência de merca-

23
dos de competição perfeita. Esta Pr ocede u-se ao aj usta men to
press uposição é feita com base em dos parâmetros das equações de
razões lógic as, de sde que não é regressão pelo processo de esti-
conhecida a na tureza dos merca- mação de mínimos quadrados.
dos de fatores e do prod uto, atra-
vés de estudos empíricos, para a
re gião estudada. RESUL TADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação das va riáveis, Re s ultados estatísticos


coos iderou-se a prod ução de ca- Os dados fora m aj ustados pelo
ca u C'l), no ano a grícola 1971/ 72. método dos mínimos quadrados à
A va riáve I terra COm cacauais equação tipo Cobb-Douglas, ex-
(X ,), refere-se ao fluxo de servi- pressa em te rmos loga rít micos.
ços prest a dos na produção pelos Dentre as vá rias equações ajusta-
cacauais produti vos, fluxo esse das , uma delas sobressaiu-se por
que foi calculado a través de de- apresentar coeficientes de regres -
preciação line a r, pelo período de são a lta mente significativos e ou-
50 anos. Os investimentos em tros indicad ores estatísticos com
a nimais de serviço (X,), benfei- características desejáveis para a
torias (X.) e equipamentos (X,) a ná lise econômica. As variáveis
referem-se ao fluxo de s erviços componentes desta equação estão
pres tados, o qual foi calculado expressas no Quadro 1, onde se
através de sua depreciação além observa que:
de s e considerar os reparos e ma-
nutençã o. As variáveis mão-d e - a. Todos os coeficientes de re-
obra para tratos culturais (X.) gressão da equaçã o escolhida
e mã o-de-obra para beneficia- apresentam-se com o sinal es-
mento (X,) foram medid as em perado;
cruzeiros , dada a dificulda- b. Todos os coeficientes de re-
de de expressá-las em unidades gressão apresentam estimativas
f í s i c a s. As des pesas diver- confiáveis no que tange ao ní-
sas (X,) referem-se a várias des - vel de significância estat ís t ica
pesas não enquadráveis nas c ate- (teste t);
gorias já descritas. Os insumos c. A equação escolhida apresenta
modernos foram medidos em termos alto coeficiente de determina -
de valor e em físicos. Os preços ção múltipla (R '), sendo aproxi-
dessas variáve is foram estabele- mada mente igua l a 0,99, ind i-
cidos com base no valor do dinhei- cando que cerca de 99% da va -
ro empregado e m cada uma delas . riação total de Y é explicada
O preço da va riável dependente pela variação das variáveis in-
(Y) foi es tima do e m Cr$23,33 por dependentes;
a rroba . Para as variá veis inde- d. Não foi observada, na mat riz de
pendentes , a rbitrou -se uma taxa correlação simples , presença
de juro:: para cada cruzeiro inves- da multicolinearidade, entre as
tido. variáveis indepe ndentes;

24
Quadro 1 - Valores es tatísticos das vana /le is da e quação, ajustada
para a produção d e cac au, Re gião caca ue ira baialla, 0110 agrícola
/ 971/72.

Coefic. de
Variáveis. regressJo Erros padrão

Xl - Terra com cacauals (Cr$) 0,221 0,021 • +


Xs - Despesas diversas (Cr$) 0,048 0,007 + +
e
X17- Benf., animais equipo (Cr$) 0,149 0,014 + +
XIS- Mão-de-obra (Cr$) 0,437 0,026 + •
X23- Insumos modernos (Cr$) 0,108 0,017 + +
X2S- Administraçlo 0,914 0,033 + •

Constante de regressão (a) - 0,546.


Coeficiente de dete rm inação múltipla (R') • 0.99 .
Estatística de Durbin Wa tson (d) • 2, 149.
' i Significa nte ao nível de 1%.

e. O teste de Durbin-Wa ts on , pa ra geomét rica) . Cons iderando-se o


os resíduos, s ugere a us ê nc ia de preço médio a nual de cacau, no
corre la ção ser ia l ou pe rt ur bação período de 1971 / 72 (Cr$23,33),
no termo do erro. para uso total dos rec ursos e para
a prod ução de 2 .460 a rrobas, as-
A re presenta nte da equa ção es - si na lo u-se uma renda líquida a pro-
col hida, para a ná lise econômica, ximada de Cr$22.960,OO. Faze nd o-
em forma logarítmica é: se o cá Iculo pa ra 1.000 arrobas,
tem-se o custo total igual a
log Y ~ - 0,5460 + 0,2210 log X, + Cr$ 13.990, 00, re nda bruta de
0,481 log X. +0,1495 log X" + Cr$23 .330,OO e renda líqu ida de
0,4368 log X" + 0,1082 log X" + Cr$9.340,OO. Assim , a rend a bruta
O,914210gX 25 • auferid a no a no cons iderado paga
o fluxo dos serviços dos fatores
J\náli se econômica terra, ca pita l em benfeitorias, an i-
mais e equipament os, mão-de -obra,
O Quadro 2 a presenta o uso despesas diversas e insumos mo-
atual (mé dio) dos rec ursos nas fa- de m os. E sobra m Cr$9.340,OO/
ze ndas estudad as e a produção 1.000 arrobas pa ra remunerar a
média obtida . Dos valores expos - capacidade empresarial da firma.
tos, calcu lou-se que, para se pro -
duz ir 2.460 arrobas de cacau, va - P a ra se observa r como cad a
lor conside rado co mo média geo- rec urs o influi no Custo total , fo i
métrica da produção das 80 fazen- calculada a participação percen-
das, o c usto tota l foi de a proxi- tua l de c a da uma das principais
madamente Cr$34.420,OO (m é d i a categorias de recursos (Quadro 3).

25
Quad ro 2 - Produção e 11 50 atual dos rec llrsos lias fazelldas de cac all
estudadas. Re" ião cacaueira ba iall a. ano agrícola / 97 / / 72.
Especificação Unidade Quantidade*
Produção de cacau arrobe 2.460,00
Área da fazenda ha 49,50
Va lor de uso da terra Cr$ 5.532,00
Valor de uso das benfeitorias Cr$ 3.748,00
Valor de uso dos equipamentos Cr$ 334,00
Capital investido em animo de serv. Cr$ 1.097,00
Mão-<le-obra para tratos culturais . Cr$ 5.319,00
Mão-<le-obra para beneficiamento Cr$ 6.092,00
Despesas diversas Cr$ 2.356,00
Inseticidas saco 23,00
Fungicidas saco 3,00
Fertilizantes saco 136,00
Calcário dolomítico saco 6,00
* Méd ia geomét rica .

Quadro 3 - Participação dos rec ursos ulilizados pelas faz e lldas d e


cacau 110 cllslo lolal d e produção. R eg ião cacal/eira baiana, ano agríco -
la 1971 / 72.

Recursos % do custo total *


Valor de uso da terra com cacauais 18
Valor de uso de benfeit., animais e equipamentos 20
Mão-<le-Qbra 39
Insumos modernos 15
Despesas diversas 8
* Méd ia geomét rica.

As e lasticidades parciais de mais e equipa men tos (X l') de-


produção, representadas pelos terminaria um aumen to de 1,5%
coeficientes de regressão do mo- na produção de cacau.
delo selecionado, na média para b. Um aumento de 10% no recurso
cada recurso, mantido os outros de mão-de-obra (X .. ) determ ina-
constantes, são apresentadas no ria um aume nto de 4,4% na pro-
Quadro 4. Os resultados indica m dução de cacau.
que : C. Um au mento de 10% no va lor
dos rec ursos insumos modernos
a. Um aumento de 10% no va lor do (X,,) aca rret a ri a um a ume nto de
capita l do fluxo de se rv iços 1,1% na produ ção de caca u.
pres tados po r benfeitorias, a ni- d. Um a ume nto de 10% no fluxo de

26
Quadro 4 - Ela s tic idades parc iais de produ ção dus re cursos , e11110 1·
vidos na produ ção de cacau. Reg ião cacaue ira baiana, ali o agríc ola
1971/ 72.

Elasticidade parcial de
Recursos
produção (bi)·
Terra com cacauais 0,221
Benfeitorias, animais e equipamentos 0,149
Despesas diversas 0,048
Milo-de-obra 0,437
Insumos modernos O,lOS
* bi = Coeficientesdas vaflaveis independentes da regressão e que no
modelo escolhido equivale à elasticidade parcial de produção.

serviços prestados pelo recurso A eficiência do uso dos recur -


terra com cacauais (X,), resul- sos na produção de cacau, com in-
taria em um acréscimo de 2,2 % sumos modernos, foi avaliada a -
na produção de cacau. través da relação do valor dos oro-
e. Um aumento de 10% nas despe - dutos marginais dos fatores (VPM)
sas diversas (X.) acarretaria e seus respectivos preços (Pxi)
um aumento de 0,5% na produ- (Quadro 5). Notou-se que os VPM
ção de cacau. para os recursos cons iderados na
média são sempre maiores que
Observou-se que as elasticida- seus respectivos preços, o que
des parciais de produção são posi- sugere que os recursos , apesar de
tivas e menores que a unidade. estarem sendo usados na amplitu -
Na média, isso sugere que os fa - de racional de produção, não sa-
zendeiros estão operando com os tisfazem à condição do emprego no
recursos, como considerados, na nível ótimo. Para a lcançar este
amplitude raCional de produção. nível, todos os recursos devem
ser incrementados.
Caso se aumentasse de 10%
todos os fatores simultaneamente, Pressupondo condições de com-
a produção aumentaria de 9,63%. petição perfeita para produto e fa -
tores de produção, obteve-se a es-
O teste estatístico comprovou timativa do retorno líquido margi -
que a soma dos coeficientes de nal (RLM), subtraindo-se do valor
regressão é igual à unidade. Não do VPM o preço do recurso(Pxi). A
foi incluído na soma o coeficiente TMR foi obtida dividindo-se o
da variável auxiliar administração RLM pelo Pxi. É aqui admitido
(X,,), pois poderia ser sugerido que, no ponto onde ocorre o nível
que o retorno, possivelmente cres· de emprego ótimo de recurso, o
cente, era devido à administração. RLM e a TMR são iguais a zero ;
e não à escala . isto é, ambos podem ser pOSitivos

27
Quadro 5 - Valor do produto marginal (VPM) dos recursos e seus
respectivos pre ços. Região cacaueira baiana. ano agrícola J97/ / 72.

Recursos Preço do recurso VPM


Terra com cacauais 1,18 2,294
Despesas diversas 1,09 1,169
Benfeitorias, animais e equipo 1,18 1,439
Mão~e-obra 1,09 2,070
Insumos modernos 1,08 1,335

e decrescerem até atingirem o nt - E- PFM.Xi PY


vel de emprego ótimo dos recur- PXi TMR
sos e, então, tornarem-se nega-
tivos.
onde: E - elasticidade
PFM = Produto físico mar-
Para o ponto definido pela mé-
ginal
dia, o RLM representa o benefício
Xi ~ Recurso
líquido que se obtém nesse ponto
Pxi = Preço do recurso con-
pelo aumento de uma unidade no
siderado.
recurso.
Py = Preço do produto.
TMR = Taxa marginal de re-
o RLM e a TMR foram calcula- torno.
dos para os recursos, na média e
no nível atual de uso, e são apre- O Quadro 7 mostra que, perma-
sentados no Quadro 6. Observou-se necendo tudo o mais constante, as
que as maiores TMR são advindas elasticidades da TMR dos recursos
de terras Com cacauais (X,) e mão- sugerem que, a uma variação de 1%
de-obra (XII)' As TMR propiciadas no preço do cacau, a TMR para OS
por insumos modernos (X,,) são recursos considerados variará nO
maiores em valor absoluto que as mesmo sentido, sendo de 2,05%
advindas de despesas diversas para a terra Com cacauais (X,),
(X.) e benfeitorias, animais e 14,86% pára as despesas diversas
equipamentos (X ,7 ). (X 2 ), 5,59% para benfeitorias, ani-
mais e equipamentos (X,,), 2,19%
para mão~e-obra (X ..) e 5,22%
Naturalmente, surge aqui o in- para ins umos modernos (X21 ).
teresse em se conhecer Como a
TMR varia quando o preço do ca- No Quadro 6, observa-se que,
cau aumenta ou diminui, permane- ao nível do preço atual para o ca -
cendo tudo o mais constante. Esta cau (Cr$23,33), a TMR dos insu-
relação será aqui proposta Como mos modernos (X,,) é de 23,6% e é
uma elasticidade possível de ser relativamente menor que a TMR
computada entre pontos bem próxi- para mão~e-obra (Xli) e terras
mos, por: com cacauais (X,). Os res ultados

28
Quadro 6 - Re /omo líquido mnrg i7lal (TH.i\!) e /a .. a mar{!. i7lal d I? re tom o
( r ,11 R ) para os reC ursos e7lvo lu idos 11(/ produ ção de C(/C (/U, 1/0 lIíve l (////(/1
de us o. Reg ião caca ueir(/ baialla, alio agrícola / 97 1/ 72.

RLM TMR
Recursos (Cr$) (%)

Terra com cacauais 1,114 94,4


Despesas diversas 0,080 7,2
Benfeitorias, animais e equipamentos 0,259 21,9
Mão-de-obra 0,980 89,9
Insumos modernos 0,255 23,6

Quadro 7 - F. las /icidade da Ti\!T? de insumos modernos (X,,) dimi -


em re la ção ao preço do caca u. R e· nuirá ma i s, um a vez que é re l ati-
gião cacau e ira baial/(/. (/1/ 0 agríc o - vamen t e mais elástica.
la 1970 / 7 1.
CONCLUSÕES
Elasticidade da
Re c ur sos n.tR
Nas condições atuais de uso e
T ef1"8 com caca uais 2,05
Despesas divet'sas 14,86
preço dos fatores e preço do pro-
Benfeitorias 5,59 duto, os res ultados finais da ex -
Mão-de -obra 2.19 ploração permitem remunerar todos
Insumos modernos 5,22 os fat ores utili zados.

Os recurs os considerados na
aprese nt ados no Quadro 7, por s ua produção de cacau estão situad os
vez, s ugerem que as elasticidades individualmente dentro da amplit u-
da TMR pa ra insumos modernos de raciona l de produ ção, visto que
(X,,) é re l ati va me nte maior que as elasticidades parciais de pro-
pa ra te rras com caca uais (X,) e dução são pos iti vas e me nores que
mão-de -obra (X .. ). Disto se infere a unid ade.
que, aume nta nd o o preço (P y) do Um a ume nto de 10% nos inves-
caca u, a ume ntará a TMR d e te rra time nt os em cada um dos fatores
com caca ua i s (X,), mão -d e -obra terra com cacauais (X,), despesas
(X.. ) e i nsumos modernos (X,,); a diversas (X,), benfeitorias, a ni -
TMR de insumos modernos (X,,), mais e equipament os (X,,) , mão-
poré m, au ment ará ma i s, poiS é re- de -obra (X ,,) ou insumos mode rnos
l ati vame nte ma i s e l ás tica. Dimi- eX,,), ma nte nd o-se os dema i s co ns -
nuindo o preço d o cacau, di mi nu i- tantes, acarretará um aumento de
rá a TMR de terra COm cacaua i s 2,2%; 0,5%; 1,5%; 4,4% ou 1, 1%,
( X ,), mão-de -obra ( X .. ) e insumos respectivame nte, na produção de
modernos ( X ,,), send o que a TMR caca u.

29
Todos os recursos Cons iderados Dentro das possibilidades de
nO modelo podem ter seus usos produção, deve -se incrementar os
incrementados, uma vez que o va- investimentos nos recurs os us ad os
lor de suas produtividades margi - na produção de cacau. segundo a
nais são maiores que seus respec - ordem seguinte : 1. Terra com ca-
tivos preços. cauais (XI); 2. Mão-de -obra (X,,);
3. Insumos modernos ( X ,,); 4.
A soma dos expoentes da fun- Benfeitorias, animais e equipamen -
ção ajustada é, estatisticamente, tos ( X ,,) e 5 Despesas diversas
igual à unidade e define um retor- (X,).
no cons ta nte à esc a la.
Aumentando o preço do cacau,
Os insumos modernos (X,,), as- (tudo o mais constante) aumentará
sim como OS demais recursos, se a TMR de todos os recursos utili -
forem aumentados à margem , apre - zados na produção. A TMR de in -
sentam resposta econômica favo- sumos modernos (X,,), porém, au-
rável. A taxa marginal de retorno mentará mais que as de terra com
para insumos modernos ( X ,,) é cacauais ( XI) e mão-de -obra (X ,,).
de 24%. uma vez que é mais elástica .

AGRADECIMENTOS

Ao DEPEX, especialmente ao Eng? Agr . Edmundo P . Mandarino e


agrônomos participantes do projeto de contabilidade agrícola, pela
coleta das inform ações sem as quais não seria possível a execução do
presente trabalho . e à Eng~ Agr. Maria l1elena Alencar, pelas constantes
sugestões.

LlTERAT RA CITADA

1. ALVIM, P . de T . e ROSÁRIO , M. Cacau ontem e hoje. Itabuna,


CEPLAC, 1972 . 83 p.
2. LADEIRA, H.P . Produti vidade dos recurs os na produção de cacau,
região cacaueira, Bahia. Tese de M.S. Viçosa , MG, Universida -
de Federa I. 1971. 75 p.

3. SCHUH, G.E. e TOLLINI, 11. Análise econômica de ensaios de adu -


bação. /" Reunião Brasileira de Fertilidade de Solo, 7a., Itabu-
na, Bah ia, Bra sil, 1972.
4. TEIXEIRA FILHO, A.R. An economic evaluation oí methodology
employed in the estimation of farm levei production functions.
Ph.D . Thesis. S.1. Purdue Universi ty. 1970. 199 p.

30
5. TOLLINI, H. Indústria de fertilizantes na América Latina: Preços
rel a tivos a requisitos de desenvolvimento. Viçosa, MG, Uni-
versidade Federal, 1971, 8 p. (mimeografado).

RESUMO

o presente estudo focaliza a utilização, a nível de fazenda de cacau,


nO Sul da Bahia, dos insumos modernos recomendados pela Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), no ano agrícola
1971 / 72. Esses insumos demandam inversões adicionais e os retornos
a esses investimentos dependem da produtividade marginal desses
recursos e do preço do produto obtido. Tal fato não permite saber se
o valor da produtividade marginal é suficiente para cobrir tais inversões.

Os objetivos específicos do estudo foram: 1. Estimar e analisar o


valor do produto físico marginal dos recursos e insumos modernos;
2. Estimar as elasticidades parciais e totais de produção; e 3. Estimar
e analisar o retorno líquido marginal e a taxa marginal de retorno.

Para estudar aspectos ligados à fase produtiva, usaram -se dados


provenientes do projeto de Contabilidade Agrícola conduzido nas fa-
zendas pelos produtores e orientado pela CEPLAC.

F oram ajustadas {unções de produção do tipo Cobb -Douglas, por


regressões, usando-se a técnica dos quadrados mínimos.

Entre as equações ajustadas , foram apresentadas quatro e, entre


elas, escolhida uma, por se apresentar Com coeficientes de regressão
altamente significativos e outros indicadores estatísticos com carac-
terísticas desejáveis do ponto-<le-vista estatístico, com vistas à aná -
lise econômica.

o produto obtido e os recursos utilizados foram medidos em arrobas


(15 kg) e pelo valor do fluxo de serviços prestados , respectivamente.

A elasticidade parcial de produção indicou que todos os fatores de


produção, inclusive insumos modernos, estão positivamente relacionados
com a produção do cacau. Um aumento de 10% em investimentos com
insumos modernos aumentaria em 1,1 % a produção de cacau. Os produ-
tores de cacau estão atuando no estádio raCional de produção sem,
contudo , atingir ao ótimo econômico. É necessário aumentar o uso de
todos os recursos considerados. Nas condições atuais de uso desses
recursos , os resultados finais permitem remunerar todos OS fatores de
produção.

31
A taxa mar gina l de ret orn o foi estimada em 94,4% para terras com
cacauais; 7,'1:'10 para despesas diversas; 21,9% para fluxo d e se r v iços
e m benfeitorias, animais de serviços e equipamentos; 89,9% para
mão-de- obra e 23,6% para insumos mod ernos. O retorno liquido marginal
i ndi cou que , para o próxi mo cruzeiro investid o em terras com cacauais:
have rá lucro de Cr$ 1,11 ; Cr$ 0,08 para despesas diversas; Cr$ 0,26
para benfeitorias a nimais e equipamentos; Cr$ 0,98 para mã o-de -obra
e Cr$ 0,25 para insumos modernos.

Os resultados sugerem que os insumos modernos aplicados em Ca-


cauais baia nos são rentáv eis. Esta rentabilidade, porém, aproximada-
mente igual a 24%, pode se r aumentada mais rapidamente que a d os ou -
tros recursos, dado o comportamento do preço desses insumos, orienta-
ção da pesquisa agrícola e elastic i dade da taxa marginal des ses mesmos
insumos se r mais sensível às variações de preço de cacau que a d os
dema is recursos.

ECONOMIC ASPECTS OF MODERN INPUTS


USED IN BAHIAN COCOA FARMS

SUMMARY
The present s tud y considers the utili za tion of the modern inputs
such aS fertilizers , fung icides, insecticides, etc recommended by Co-
miss ão Exec utiva do Pl ano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) in cocoa
product i on, at the farm levei in sou thern B ahia during the agri c ultura l
year 1971 / 72. Considering that these input s require additiona l invest-
ment s and the return of these investments depend s on the margina I
producti v ity of the resources and the price of lhe product obt a ined, the
problem seems to be the uncerta i nty o f knowing whether th e va lu e of
the marginal productivity is s ufficient to cover that investment.

The speci f ic objeti ves o f t his stud y were ; 1) t o esti mate and
anal yze the va lue of the marginal ph ysica l product o f the resources
and modern inputs, 2) to estimate the parti a l and tota l e las ti c itie s of
production, and 3) to estimate and analyze the ma rginal net re turn and
the ma rgina l rate of return of investment.

The data used to study the relevant as pects of cocoa production


were obtained from farm re cords from the A gricultura l Reco rd s Project
conducted by CEPLAC. These fa rm s, which comprised a dis tinct
popul ation, kept records in a uniform manner. All util ized fertilizers,
herbicides and fungicid es according t o CEPLAC ' s recom endations .

32
Cobb -Douglas production functions were e stima ted us ing the ordina ry
least squa res technique. Four regression e qua ti o ns were estimated ,
of which ooe was chosen for deta iled a nalysis. Its regression coeffi-
cients were highly significant. Also included in the analysis were
other indica tors, such as the correlation ma trices. These demonstra te
desirable characteristics from a statistical point of view a nd also
provide insights for economic a na lysis.
The production obtained was mea sured in units of arroba s (1 arroba =
15 kg), and the resources utilizeJ were mea sured by the value of the
f10w of services rendered.
The partial elasticities of production suggested that a li the factors,
including modern inputs , ma de a poSitive contribution lo the production
of cocoa. An increase of 10% in investmenls in modern inputs causes
a 1.1% increase in the physical production of cocoa. Constanl returns-
to-scale were implied by the analysis.
The results suggesl lhat the cocoa producers studied are producing
at the rationa l stage of production a lthough the economic optimum has
still not been reached. Increases are implied in lhe levei of use of ali
resources cons idered.
Under currenl condilions of resource use , the conclusion is reached
lha t the output obtained is ad"e quate to remunerate ali the factores of
production.

The results suggested Ihat the modern inputs applied in Bahia cocoa
production are profitable, but this profitability, approximalely equal to
24%, could be increa sed more rapidly than that for olher inputs, given
lhe behavior of the prices of modern inputs, given the orientation of
agricultura l research, and given that the elasticity of lhe marginal rate
of return on investment for modern inpuls is more sensitive to varia -
tions in the price of cocoa than is that for lhe olher resources.

The marginal rate of relurn for land in cocoa produclion was esti-
ma led at 94.4%; for miscellaneous expenditures, 7 .2%; for flow for
services of improvements, Iivestock and equipment , 21.9%; for manual
labor, the esli mated rale for relurn wa s 89.9% and for the modern inpuls,
23,1'i% . The marginal nel relurn on working capital indicales lhat for lhe
nexl cruzeiro invested in land in cocoa production , there is a gain of
Cr$ 1.11; for miscellaneous expenditures, Cr$ 0.08; for buildings,
livestock and equipment, Cr$ 0.26; for manual labor Cr$ 0.98, and for
modern inputs, Cr$ 0.25.

33
OBSERV AÇÕES CITOLÓGICAS
EM CÉLULAS MÃES DE POLEM
DE CACAUEIROS *
Geraldo Adami Carletto **

Embora se constitua numa plan- plóide. Por este motivo, formula -


ta de grande importância econômi- ram a hipótese de que o cacaueiro
ca, o cacaueiro não tem recebido seria uma tetraplóide e que estas
dos biologistas a devida atenção irregularidades no pareamento dos
no que se refere aos aspectos cito- cromossomos poderiam servir para
genéticos relacionados com a pro- explicar o fenômeno de incompati-
dução. bilidade.

Enriquez (1) observa que os tra- A necessidade de maiores co-


balhos existentes sobre a estrutura nhecimentos sobre os mecanismos
cromossômica do cacaueiro são es- citogenéticos do cacaueiro motivou
cassos e versam sobre o número, a presente investigação.
tamanho, fo rma e processo meiótico
de divisão das células mães de po-
lem (CM P). MATERIAL E MÉTODO

Recentemente, Opeke e ]acob o presente traba lho foirealizado


(4) mostraram que o clone autoin- no Centro Tropical de Ensino e In-
compatível Na-32 a presenta asso- vestigação do Instituto Interameri-
ciações cromossômicas mono , bi e cano de Ciências Agrícolas (I1CA-
tetravale ntes , diferentes da asso- CTEI), Turrialba, Costa Rica, uti-
c iação teórica esperada para um di- lizando-se os clones autocompatí-

• Recebido para publicação em fevereiro, 1973.


* Extraído da tese intitulada "Estudo dos mecanismos determinantes de graus
de autocompatibilidade em The obroma cacao L. · , apresentada ao lICA-
CTEI, Turrialba, Costa Rica , para obtençã o do título de Magister Scientia e .
•• M. S. , DiYisão de Genética, CEPEC.

R euis la Theobroma. CEPEC , Ilhé us . Brasil. 4 (2) : 34 · 40. AbT.-jun. 1974 .

34
veis ICS -l, UF-667, UF-29 e seus Quad ro 1 -- , \ . . :,ociações Crr) I::U::' ·

híbridos com os autoincompatíveis sôm;cas das c é lulas mães de polelll


Sca-6 e IMC-67 . (CM P ) em me lá/ase I dos clo,u!s
aUlocom palíve is.
Foram coletados, em todos os
cultivares, botões florais jovens e Associações *
N?CM P
flores abertas no mesmo dia, e ntre I n m
7 e 12 horas da manhã . Os botões ICS - 1
florais foram fixados em Carnoy
6: 3: 1, por 36 horas , em baixa tem- 3 O 10 O
peratura, para observação das CMP. 3 2 9 O
2 4 8 O
As associações cromossômicas das 3 1 8 1
CMP foram observadas em metafase 1 3 7 1
I através de preparações tem porá- 1 9 4 1
rias coloridas com aceto-carmim. 1 4 5 2

UF - 667
A coleta das flo res para obser-
vação da normalidade dos grãos-de- 11 O 10 O
2 1 8 1
polem foi feita em bolsas de polie-
1 4 5 2
tileno revestido internamente com
papel de filtro umedecido. Consi- UF - 29
derou-se normal todo grão-de-polem 9 O 10 O
colorido pelo Cotton blue e que a- 3 2 9 O
presentasse a forma esférica típica. 1 4. 8 O
Para efeito de uniformização de a - 1 O 7 2
mostragem, somente foram conside- * Associaçõe s: 1- monovalentes; 11 -
rados aqueles grãos que estavam bivale ntes e lU - trivalentes.
dentro da área previamente estabe-
le cida no campo visual do micros-
que a do ICS-l. Estes valores in-
cópio. dicam que existe maior uniformida-
de no processo da divisão das CMP
RESULTADOS para formação dos grãos-de-polem
nos dois primeiros cultivares . Nos
Nos Quadros 1 e 2, são apresen- híbridos com um pai a utoincompatí-
tados os resultados de observações ve l observou-se uma baixa freqüên-
do pareamento de cromossomos de c ia de associações bivalentes.
CMP de clones autocompatíveis e
seus híbridos Com um pai autoin- Partindo do pressu posto de que
compatível. se deveria encontrar uma relação
perfeita entre a freqüência de pare-
Os clones UF -667 e UF-29 apre - amento normal dos cromossomos e
sentaram um número de associações a normalidade dos grãos-de-polem,
cromossômicas bivalentes maior do foram procedidas as observações

35
Quadro 2 - As s oc ia ções cromos- consta ntes d os Quadros 3 e 4 , nos
s,j mica s de c é lula s mãe s de polem clone s a utocompatíveis e em seus
(CMPJ e m me láfa se I dos híhridos.
híbridos COm um dos pa i s a ut oin-
Aaaociaçl>ea • co mpatíveis . As percentagens mé -
N!CMP dias de pólens norma i s fora m bas-
I 11 111 tante a ltas (91% a 99%), tanto nOS
ICS-l xIMC- 67 Cl ones COmO em se us h íbr id os.

4 o 10 o
3 2 \I O
2 4 8 O DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
2 fi 7 O
2 1 8 1
1 7 .s 1 Tanto os clones a ut ocompatíveis
(lCS - l , UF -667 e UF-29) como os
ICS 1 x Se. -6 se us híbr id os com os clones aut o -
4 O 10 O incompa tíve i s (Sca -6 e IMC -67) a-
3 4 8 O prese nt a ra m as sociações c romos-
2 3 7 1 sômicas mono, bi e triva lentes na
2 1 8 1 formação de game tas . Estes resu l -
2 8 3 2
t ados divergem do reg i strado por
UF-667 x Sc.-6 Opeke e Jacob (4) que encont rara m
10 O
associaçôes cromossômicas mon o,
4 O
4 2 9 O bi e tetrava l e ntes no c ult iva r Na-32 .
2 4 8 O Da í f ormula rem a hipótese de que o
I 6 7 O cacauei ro se r ia um t etrap l ói de e
I 1 8 1 que essas irregul arid ades no pa rea -
I 3 7 1
mento de c romossomos poderi am
1 8 3 2
servir de base, tam bém, pa ra expli -
UF-667 x IMC-67 car o fenômeno da incompat ib ili-
O
dade.
3 O 10
5 4 8 O
3 2 9 O
1 1 8 I Os resu lt ados da presente inve s -
1 5 6 I t igação , j unt a mente com as informa-
1 2 6 2 ções de Muiioz Or tega (3), que o
UF - 29 x IMC- 67 núme ro básico de c ro mossomos de
t odas as espécies d o gênero T" ~,,­
3 4 8 O
broma é 2n = 20, e Kn ight (2), que
5 2 9 O
I 8 6 O polipl ó ide s i nduz id os em cacauei -
3 5 6 I ros têm o comport ame nl o t ípico des -
1 7 5 I sas pl a nt as, s ugerem que a hipó-
I O 7 2 tese formul ada por Opeke C J acob
". As sociações : l - mo n ova lc n les ; II - (4) deva se r objeto de estudos mais
bival e ntes e IH - Iriv a le nt es . profundos .

36
Quad ro 3 - Número de gràos -de-polem normais (N), a1lormais (ANJ e
pe rcell la gem média d e lIormais (%N) d e alg ulI s c/Olle s.

lCS - 1 UF - 667 UF - 29
N· AN N N AN
'; 43 O'. ~.' 4.1 1
,
6 ,
"
... o ~
).

- ,c} .
.. 28 O,
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6, 34 O- 29 O

8
7 34 . 1 28 3
·39 1 42 2.
'. · 8 O, 3S 3
. 33'1 '.
4 42' . O 38 O
2 37 1" ,~. " 32 O
5 , 70 56 O
1 46: ., , , 2.8 < O
. ~ ~'... .
44 3
49 : ... 1
'.
O

27.-
96,50

Considerou-se que a normalidade seus híbridos com · clones a mazô-


do polem poderia es t a r relac ionada nicos autoi ncompat íveis . Os va l o-
com a alta freqüência de associa- res de po l e m norma is encont rados
ções cromossômicas bivale ntes no serve m pa ra determ i nar gra us de
processo de d i visão das CMP . Os fertilidade em cacaue i r os e não
valores encontrados para pólens aj uda m à ex plicação d o c ompo rta-
normais (91 a 99%) ind icam que não mento de cacauei ros incompatíveis.
há re l ação entre os dois fenôme-
nos, uma vez que não se cum pri u a Ad mitem -se como prelimina res
expectação teór i ca tanto nos c ulti- os resultados obtidos nO prese nte
vares autocompat íveis como nos tra ba lho. uma vez que as observa-

37
Quadro 4 - Número de g rãos-de -pole m Ilormais (NJ. a'lOrmais (ANJ, e
pe rc e lllag e m de Ilormais ("loNl de alguIls cultivare s híbridos.

UF-6KJ7 X UF-6KJ7 X ICS-l X· ICS-l X UF-29 X


w.' da Sca-6 IMC-67 IMC-67 Sca-6 1MC-67
observação N AN N AN N AN N AN N AN
1 89 2 53 O 33 O 32 O 36 1
2 62 4 63 3 45 O 38 2 83 O
3 45 2 88 O 38 O 39 1 42 O
4 43 1 40 1 49 O 51 O 60 1
5 78 L 44 ' 3 63 1 41 O 39 O
6 94- 1 >44 , 2 64- ".
O 32 1 46 O
"

7 72 '1 101 18 . 49 O 37 4 118 O


8 38 2 81 1 67 O 43 4 . 51 O
9 41 O 142 3 42 1 32. ,:;.
6 46 O
10 56 1 27 42 34- O 34- 6 67 9
11 36 O 44 3 31 5 32 1 63 O
12 74 1 89 O 40 O 43 2 56 O
13 62 O 74 O 39 O 30 1 75 O
14 46 1 27 1 48 O 32 ·0 60 2
15 36 4 94 7 6KJ O 37 2 74 8
16 93 4 64- 5 38 4 42 1 83 4
17 36 2 99 3 64- O 39, 2 60 O
18 37 4 78 1 32 1 56 O 44- 3
19 43 J 49 O 41

O 51 1 43 2
20 62 O 101 · . 6 58 3 44- 2 58 O

I. 20 1143 32 1402 99 941 15 786 36 1204 30


%N 97,27 93,40 . 98',48 95,62 97,33

çàes do pareamento de cromosso- manho dos cromossomos e às difi-


mos não puderam ser feitas em pró- culdades encontradas na coloração
fase (paquiteno e diacnesis) e sim das células, onde substâncias co-
em metáfase I, face ao pequeno ta- mo mucilagens também se coloriam.

AGR'ADEC IME NTO

Desejo expressar sinceros agradecimentos ao Dr. Jorge Soria e Dr.


Carl Moh , pela orientação dada.

38
LITERATURA CITADA

1. ENRIQUEZ C., G.A. Revisión de literatura de citogenetica en cacao.


s.n.t. 9 p. (Mecanografado)

2. KNIGHT, R. Induced polyploidy in Tb e obroma cacao L . and related


species. Journal of Horticultural Sciences 32(1) :1-8. 1957.

3. MUNOZ ORTEGA, J .M. Estudios cromosomicos en el genero Tb eo-


broma L. Tesis Mag. Agr. Turrialba, Costa Rica, Instituto
Interamericano de Ciencias Agrícolas, 1948. 43 p.

4. OPEKE , L.K. e JACOB, V.J. Citological irregularities in Th eobroma


cacao L. In Conferê ncia Internacional de Pesquisa s em Ca-
cau, 2a., Salvador e Itabuna, Bahia, Brasil , novembro 19-26,
~%7. Memórias, Itabuna, Centro de Pesquisas do Cácau,1969.
pp. 114 -115.

RESUMO

o estudo citológico das células mães de polem (CMP) de cacaueiros


autocompatíveis e seus híbridos Com um pai autoincompatível mostrou o
aparecimento de associações cromossômicas mono , bi e trivalentes no
processo de formação de grãos-de-polem .

Considerou-se que a normalidade do polem poderia estar relacionada


com a freqüência de associação cromossômica bivalente no processo de
divisão das CMP. Entretanto, os valores encontrados para pólens nor-
mais, tanto nos cultivares autocompatíveis como nos seus híbridos Com
um pai autoincompatível, indicam que não há relação entre esses fenô-
menos.

CYTOLOGICAL ABERRATIONS
OF THE POLLEN MOTHER CELLS
IN Theobroma cacao L.

SUMMARY

Mono, bi- and trivalent chromosomal pairing was observed in the pollen
grain formation process for both self-compatible cocoa and cocoa hybrids

39
where one of the parents was se lf-compatible. It had been cons idered
that pollen viability was related to the frequency of bivalent chromosomal
pairing in the division of the pollen mother cell. However, values found
for viable pollen grains for both self-compatible cultivars and cultivars
with one self-incompatible parent indicate there is no relationship be-
tween viability and frequency of bivalent chromosomal pairing.

40
INFORMAÇÃO AOS COLABORADORES
Os conceitos e opiniões, emitidos no s artigos, são da exclusiva res-
ponsabilidade dos autores. São aceitos para publicação trabalhos que se
constituam em real contribuição para um melhor conhecimento dos temas
relacionados com problemas agronômicos e sócio-econômicos de áreas
cacaueiras.

Os artigos devem ser datilografados em espaço duplo, Com o maxuno


de 2.500 palavras ou 10 folhas tamanho carta (28, 0 x 21 , 5 cm), em uma só
Cace e com margens de 3 em por todos os lados. Os originais devem ser
acompanhados de duas cópias perfeitamente legíveis.

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sa r a medida de 18, 0 x 20,0 cm; as fotografias devem ter 15,0 x 23,0 cm,
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ser numeradas e com legendas escritas a máquina, em papel separado.
Recomenda-se não dobrá-Ias para evitar dificuldades na reprodução.

As referências no texto devem ser feitas pelo nome do autor, acompa-


nhado do número de ordem da citação bibliográfica. Ex.: Medeiros (5), ou
simplesmente (5). A Li/e ra/ura Cilada deve ser organizada por ordem alfa-
bética dos autores, Com número de ordem, usando-se o seguinte sis tema:

5. MEDEIROS, A.G. Método para estimular a esporulaçAo do Phy-


loph/hora palmivora (BuU.) BuU. em placas de Petri. Phyton
22 (I) : 73 -77. 1965.

o resumo 010 deve exceder meia página datilografada, sendo acompa-


nhado de versão em inglês. São aceitos artigos em português, espanhol,
inglês e francês .

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bility of the authors. Only articles concerned with agronomic and social-
economic problems of cocos growing areas, which represeot a new contri-
bution to the subject, will be accepted for publication.

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ommended that enclosures should not be folded.

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numbered in alphabetical order employing the foll owing system:

5 . MEDEIROS, A. G. Método para estimular a esporulaçao do Phy -


/oph/hora palmivora (Butl.) Butl. em pla c as de P e tri. Phyton
22(1):73-77. 1965.

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