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Timor-Leste

Geografia
Antiga colónia portuguesa, invadida por tropas da Indonésia em 1975, é o primeiro novo país independente a su
rgir noséculo XXI. Tem uma área de 15 007 km2 e, em 2006, a população estava estimada em 1 066 582 habita
ntes (2010). Amoeda utilizada é o dólar americano.
O seu território corresponde à metade oriental da ilha de Timor, situada no vasto arquipélago indonésio, naspro
ximidades da Austrália.

Clima
Timor possui um clima de características equatoriais, com duas estações anuais determinadas pelo regime de m
onções.
A fraca amplitude térmica anual é comum a todo o território e só o regime pluviométrico tem alguma variabilida
deregional. Podem considerar-se três zonas climáticas: a situada mais a norte é a menos chuvosa (menos de 15
00 mmanuais) e a mais acidentada, com uma estação seca que dura cerca de cinco meses. A montanhosa zona 
central registamuita precipitação e um período seco de quatro meses. Por fim, a zona menos acidentada do Sul, 
com planícies degrande extensão expostas aos ventos australianos, é bastante mais chuvosa do que o Norte da i
lha e tem um períodoseco de apenas três meses.

Economia
O investimento secular de Portugal na sua colónia timorense não foi suficiente para a desenvolver adequadamen
te,tendo esta permanecido pobre até aos nossos dias. Foram, no entanto, construídas algumas infraestruturas d
e saúde,ensino e transportes depois da Segunda Grande Guerra. O comércio de sândalo - uma das principais me
rcadorias doterritório - perdeu importância e a sua única fonte de rendimento passou a ser uma modesta produç
ão de café.
O contributo dado pela Indonésia na construção de infraestruturas foi superior ao de Portugal, apesar de corresp
ondertambém a interesses próprios, como o do transporte mais rápido de tropas ou da absorção sociocultural in
donésia edescaracterização da cultura própria timorense.
Grande parte das edificações foi destruída por grupos pró-indonésios no período que se seguiu à declaração de v
itóriados independentistas: bancos, hotéis, escolas, centros de saúde, etc. A já débil economia timorense foi co
mpletamentearrasada, tendo ficado dependente da cooperação internacional para a sua reconstrução.

População
A população está estimada em 1 066 582 habitantes (2010), com uma densidade de 69,36. As taxas de natalida
de emortalidade são, respetivamente, 26,99% e 6,24%. A esperança média de vida é de 66,26 anos.
A sociedade timorense conviveu durante quase três décadas com a opressão e a violência. Simultaneamente, ex
ibiu umacapacidade de resistência e uma vontade de ser parte ativa no seu destino verdadeiramente ímpares, c
aracterística queofusca qualquer outra.
A heterogeneidade étnico-cultural é evidenciada pelos seus dialetos, variadas línguas, materiais produzidos ou di
ferentesestilos arquitetónicos. Apesar de maioritariamente católicos, os timorenses não se podem considerar int
eiramenteconvertidos, a avaliar pela rica tradição oral composta por lendas e mitologias que remontam a tempo
s pré-coloniais.
Cerca de um terço da população existente em 1975 foi, até à entrada das tropas das Nações Unidas, dizimada p
or açãoindonésia.

História
Os primeiros contactos de portugueses com a ilha de Timor datam dos inícios do século XVI: após a conquista d
eMalaca e consequente domínio dos mares e do comércio da Insulíndia, o sândalo atraiu navegadores portugues
es, queterão chegado à ilha por volta de 1514; em 1556, chegavam os primeiros missionários. A conquista foi le
nta, tendoencontrado numerosos obstáculos, desde as resistências locais até aos ímpetos expansionistas de outr
as naçõesasiáticas e à conquista holandesa. Portugal ficaria senhor de metade da ilha, não sem alguns problema
s de soberania,que deram origem a "guerras de pacificação". Na Segunda Guerra Mundial a colónia foi invadida 
e ocupada pelosjaponeses. Entre 1942 e 1945, o território foi palco de combates que opuseram o exército imper
ial japonês e umaheterogénea coligação de esforços militares (comandos holandeses e australianos, degredados 
portugueses etimorenses), sem que Portugal tivesse intervenção direta no conflito. Com o fim da guerra, Portug
al readquiriu o domíniosobre Timor, seguindo-se um período de quase três décadas em que não se manifestara
m movimentos independentistas.Mesmo as guerras nas colónias africanas não encontraram eco na longínqua Ti
mor. A razão para a ausência desentimentos ou movimentos defensores da independência da colónia poderá res
idir no facto de o domínio português terfuncionado, ao longo de séculos, como aglutinador de vários povos e def
ensor da identidade étnica, cultural e políticada região face aos vários expansionismos em ação na Insulíndia; al
ém disso, a presença portuguesa não assumiu umcarácter de exploração económica, visto que a precária econo
mia timorense era dominada por uma pequena burguesiade origem chinesa, há muito estabelecida no território.
Após o 25 de abril de 1974 a vida política timorense tornou-se ativa, embora seja notório o atraso com que o no
vopoder se apresentou a tomar as rédeas do governo local. A liberdade de formação de partidos políticos, pront
amenteaproveitada, permitiu o aparecimento de diversas formações partidárias: a União Democrática Timorense 
(UDT),partidária de uma autonomia progressiva dentro do espaço imperial português, que evoluiu para a propos
ta de umaindependência a curto prazo; a Associação para a Integração de Timor na Indonésia (AITI), mais tard
e denominadaAPODETI; a Associação Social-Democrática Timorense (ASDT), que mais tarde veio a adotar o no
me de FrenteRevolucionária de Timor Leste (FRETILIN), partidária da independência imediata; outros pequenos 
partidos, nãoreconhecidos pelas autoridades portuguesas, como a Associação Popular Monárquica Timorense e o 
Partido Trabalhista.
Os motores da política local foram os três primeiros partidos mencionados, que o governador Lemos Pires procur
ouassociar numa coligação que garantisse a transição pacífica. Em julho de 1975, Portugal reiterou o direito do 
povo deTimor à autodeterminação e à independência, não conseguindo, no entanto, refrear os ânimos. Uma fug
az coligaçãoentre a UDT e a FRETILIN (janeiro a maio de 1975) falhou e Timor caiu rapidamente numa situação 
de guerra civil. AUDT tentou apoderar-se do poder por meio de um golpe de Estado, seguindo-se um contragolp
e da FRETILIN. Timormergulhou na violência fratricida e o governador, destituído de orientações precisas de Lis
boa e sem força militarsuficiente para reimpor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e refugiou-se na ilh
a de Ataúro. Em 28 denovembro de 1975, a FRETILIN, que controlava uma parte significativa do território, procl
amou unilateralmente aindependência e, no dia seguinte, os restantes partidos pediram a intervenção da Indoné
sia, que lançou uma invasão emgrande escala a 7 de dezembro (na realidade, já desde outubro que havia notíci
a de violações de fronteira por militaresdaquele país). Em consequência destes acontecimentos, Lemos Pires aba
ndonou em definitivo o território. A Indonésiajustificou a invasão alegando a defesa contra o comunismo, discurs
o que lhe garantiu as simpatias dos governosamericano e australiano, entre outros, mas que não impediu a sua 
condenação pela comunidade internacional.
À invasão indonésia seguiu-se uma das maiores tragédias do pós-guerra. A Indonésia recorreu a todos os meios 
paradominar a resistência: calculam-se em duzentas mil as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e 
militaresusavam sistemática e incontroladamente meios brutais de tortura; a população rural, nas áreas de mais 
acesa disputacom a guerrilha, era encerrada em "aldeias de recolonização"; procedeu-se à esterilização forçada 
de mulherestimorenses. Simultaneamente, a fim de dar ao facto consumado da ocupação um carácter irreversív
el, desenvolveu-seuma política de descaracterização do território, quer no plano cultural (proibição do ensino do 
português, islamização),quer no plano demográfico (javanização), quer ainda no plano político (integração de Ti
mor na Indonésia como sua 27.aprovíncia). A esta descaracterização há que acrescentar a exploração das riquez
as naturais através de um acordo coma Austrália para a exploração do petróleo do mar de Timor.
No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos meios materiais, humanos e financeiros e apesar d
e tersofrido pesados desaires, como a deserção de dirigentes e a perda de outros, por morte em combate (Nicol
au Lobato)ou por aprisionamento (Xanana Gusmão). Embora reduzida a umas escassas centenas de homens ma
l armados e isoladosdo mundo, conseguiu, nos tempos mais recentes, alargar a sua luta ao meio urbano (manif
estações de massas) emanter no exterior uma permanente luta diplomática, para o que contou, em muitas circu
nstâncias, com a compreensãoe o apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo, bispo de D
íli. Simultaneamente, no exterior,Portugal, que nunca reconheceu nem a declaração unilateral da independência 
pela FRETILIN, nem a anexação pelaIndonésia, mobilizou a comunidade internacional para a resolução do proble
ma. Organizações humanitárias, como aAmnistia Internacional, denunciaram as violações dos direitos humanos 
e as conivências com o invasor; a Organizaçãodas Nações Unidas recusou reconhecer a anexação, continuando 
a considerar Portugal como potência administrante, eencarregou o seu secretário geral de diligenciar no sentido 
de encontrar vias diplomáticas para a resolução pacífica doconflito e para a garantia do direito dos timorenses à 
autodeterminação e à independência.
A atribuição, em 1996, do Prémio Nobel da Paz a D. Carlos Ximenes Belo e a José Ramos-Horta, porta-voz inter
nacionalpara a causa de Timor-Leste, indiciou uma consciencialização a nível internacional em relação a Timor-
Leste.
Em 1998, o general Suharto deixou o poder e foi substituído pelo vice-presidente Habibie. O regime começou en
tão a darsinais de abertura. Em maio de 1999, representantes das Nações Unidas foram enviados para Timor-
Leste comoobservadores e para preparar o referendo sobre a autodeterminação dos timorenses, que se veio a r
ealizar a 30 deagosto de 1999, tendo o resultado sido de 78,5% de votos a favor da independência de Timor-
Leste. Desde então oterritório passou a ser denominado Timor Loro Sae. Na sequência dos resultados, enormes 
massacres sucederam-se poração indonésia, sem que a comunidade internacional conseguisse intervir e pôr fim 
à violência. No entanto, ao fim dealgum tempo, uma força internacional, denominada Interfet, foi enviada para 
o território com o objetivo de assegurar apaz.
A 19 de outubro de 1999, o Parlamento da Indonésia anulou o decreto da anexação de Timor-Leste como 27.a pr
ovínciada Indonésia.
Xanana Gusmão, entretanto libertado pelos indonésios, assumiu a liderança do Conselho Nacional de Resistência
Timorense (CNRT) e representa Timor nas suas ações diplomáticas pelo mundo e junto às Nações Unidas.
Iniciou-se um período de transição política até à realização de eleições, estabelecimento da Assembleia Constitui
nte eindependência.
A 14 de abril de 2002, Xanana Gusmão foi eleito presidente da República e a 20 de maio o país conquistou em d
efinitivoa independência. Ainda em 2002, a 27 de setembro, Timor-Leste passou a ser o 191.º estado-membro d
a ONU.

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