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TERMOS DE REFERÊNCIA

CONTRATAÇÃO DE CONSULTORÍA PARA DOCUMENTAR AS LIÇÕES


APRENDIDAS NO ÂMBITO DA ACTIVAÇÃO DO MODIFICADOR DE CRISE
NAS ACÇÕES DE RESPOSTA AS EMERGÊNCIAS

1. ANTECEDENTES E JUSTIFICAÇÃO

Moçambique ocupa a primeira posição entre os países africanos mais expostos à riscos
de eventos naturais. De acordo com o Índice de Risco Climático de 2015 é o país mais
atingido pelas cheias derivadas de chuvas torrenciais e um dos países mais afectados pelos
impactos das mudanças climáticas. Eventos climáticos extremos, como secas, cheias e
ciclones tropicais, estão a ocorrer cada vez com maior frequência, tendo impactos
dramáticos. As províncias da Zambézia e Sofala são áreas de alto risco para desastres
repentinos com mais pessoas potencialmente afectadas.

A Cruz Vermelha Moçambicana (CVM) e a Cruz Vermelha Espanhola (CVE) têm


trabalhado em conjunto desde 1990, sendo a Redução do Risco de Desastres uma área
prioritária no marco das suas intervenções.

Como parte do Plano de Implementação Humanitária ECHO 2018 para o Sul de África e
Oceano Índico e com o objectivo de continuar o trabalho que permita fortalecer a
resiliência das comunidades expostas a perigos e desastres, a CVM em parceria com a
CVE estão desenvolvendo o projecto de “Fortalecimento das capacidades nacionais,
distritais e locais de preparação e resposta perante desastres, ligando o aviso prévio a
acção antecipada e fomentando a sua escalabilidade”.

No marco deste projecto identificou-se como um dos componentes estratégicos a


mobilização de recursos através do mecanismo de Modificador de Crisis (Crisis Modifier)
que tem como objectivo principal a resposta multissectorial as emergências
imediatamente depois do evento ocorrido.

Durante os meses de execução do “crisis modifier” do projecto nas províncias de Sofala


(no âmbito do ciclone Idai), Zambézia, Nampula, Manica e Cabo Delgado, foram
mobilizados recursos humanos e materiais a fim de realizar actividades de alerta precoce,
coordenação com o INGC e autoridades locais, provisão de materiais de primeiros
socorros, transporte e distribuição de bens não alimentares, etc., de acordo com as
actividades marcadas na lógica do projecto.

Neste contexto, identificou-se a necessidade de documentar o progresso e resultados de


todas as acções e eventos realizados mediante o Crisis Modifier. Entre outras actividades,
se realizará um inquérito de satisfação aos beneficiários destas acções.

Por este meio, contribuir-se-á para uma maior informação sobre a execução das acções
de resposta as emergências nas comunidades vulneráveis, o envolvimento dos actores

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governamentais e parceiros chaves, assim como obter material que permita uma
disseminação dos resultados, impactos atingidos e lições aprendidas nesta área.

2. OBJECTIVOS DA CONSULTORÍA

O objetivo principal da consultoria é documentar as lições aprendidas das acções de


resposta a emergências realizadas no âmbito do projecto mediante a elaboração de um
inquérito a ser realizado aos actores e beneficiários das actividades realizadas dentro dos
resultados seguintes:

1. Assistência a famílias durante a estação chuvosa ou distribuição de bens não


alimentares (NFIs) às famílias nas áreas afetadas;
2. Mobilização de pessoal e voluntários da CVM nos níveis provincial e distrital para
participar das reuniões de coordenação e apoiar as atividades de alerta antecipada
nas áreas afetadas;
3. Avaliação de Danos e Necessidades após o desastre, em coordenação com o
INGC, as autoridades locais e outras partes interessadas. A coordenação é feita
principalmente através dos COEs;
4. Transporte e distribuição de itens de socorro nas áreas afetadas em coordenação
com o INGC, autoridades locais e outras partes interessadas.

A metodologia e abordagem para a elaboração de este trabalho devem de ser inclusiva e


integral, incluindo a todas as pessoas beneficiarias em todas as suas fases de forma
dinâmica e participativa. Esta iniciativa supõe uma oportunidade para partilhar
experiências e preocupações das pessoas envolvidas nos projectos de RRD da
CVM/CVE, sendo neste sentido, primordial oferecer protagonismo a população mais
vulnerável (mulheres, pessoas com incapacidades, pessoas maiores, crianças...).

Deverao ser realizados enqueritos a beneficiarios e actores no ambito das seguintes


actividades:
1. Janeiro 2019, Ciclone Desmond: Beira (Sofala)
- Enquerito a 8 voluntarios equipados con botas, capas de chuva e sabao para
socorrer na emergencia;
- Enquerito a Ponto Focal provincial do INGC: distribuiçao de bens de socorro, e
execuçao de actividades de sensibilizaçao e promoçao de higiene, tratamento de
agua e alimentos.
2. Março 2019, Ciclone Idai: Beira (Sofala)
- Enquerito IFRC: transporte de Maputo a Beira de 260 kits de abrigo, 998 bidoes,
946 lonas e 807 redes mosquiteiras (distribuidas pela IFRC);
- Enquerito a 50 familias: distrbiuiçao de 726 kits dignidade e 726 kits higiene
(Matadouro);
- Enquerito a 10 voluntarios treinados em abrigo (composiçao e uso dos kits de
ferramentas para abrigo);

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- Enquerito a Ponto Focal provincial do INGC: encontros de coordenaçao diarios.
3. Março 2019, Ciclone Idai: Maganja da Costa, Namacurra (Zambezia)
- Enquerito a 50 familias em Maganja e 50 em Namacurra: distribuiçao de 851
redes mosquiteiras e 560 bidoes;
- Enquerito a 20 voluntarios da CVM que participaram nas diferentes actividades
realizadas: avaliações de beneficiários e necessidades; acçoes para a promoçao
do saneamento e meio ambiente; atividades de busca e salvamento; participação
no Comitê de Operações de Emergência provincial sob a coordenação do INGC;
- Enquerito Ponto Focal Provincial INGC: encontros de coordenaçao diarios.
4. Outubro 2019 a Janeiro 2020, Cheias: Maganja, Namacurra (Zambezia)
- Enquerito a 50 familias em Maganja e 50 em Namacurra: distribuiçao de 790
lonas, 400 kits de ferramentas e 400 redes mosquiteiras;
- Enquerito PF INGC: encontros de coordenaçao diarios.
5. Abril 2019, Ciclone Kenneth: IFRC (Maputo)
- Enquerito a IFRC: transporte bens nao alimentares de Beira a Pemba
(distribuidos pela IFRC).
6. Dezembro 2019, ciclone e epoca de chuvas 2019/2020: ICRC (Maputo)
- Enquerito a ICRC: transportate bens nao alimentares de Maputo a Pemba: 4.195
lonas, 866 kits de cozinha, 3.000 barras de sabao, 1.800 kits de ferramentas para
o abrigo (distribuidos pelo ICRC).

3. PRODUCTOS ESPERADOS

PRODUTO 1. - Survey Satisfaction a CVM, parceiros, beneficiários e outros actores.


PRODUTO 2. – Analises dos resultados inquéritos de satisfação.
PRODUTO 3. - Documento Lições Aprendidas.
PRODUTO 4. - Relatório final dos resultados da consultoria.

4. REQUISITOS

Experiência:
 Empresa de consultoria com capacidade de contratar no país.
 Mínimo de 5 anos de experiência profissional geral.
 Mínimo 2 anos de experiência de trabalho com ONGs, agências de cooperação
internacional, instituições públicas ou similares.
 Experiência prática na aplicação de métodos participativos de desenvolvimento
comunitário ou extensão participativa.

Conhecimentos:
 Redacção de relatórios em Português e Inglês.
 Programas de Microsoft Office.

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Outros:
 Excelente capacidade de comunicação.
 Destacada competência social, e excelente capacidade de expressão, interacção e
negociação com diferentes tipos de actores: políticos, técnicos, cientistas,
comunidades, etc.
 Alta capacidade de trabalho, resiliência ao estresse, paciência e atitude orientada
a procura de soluções.

5. AVALIAÇÃO

A avaliação será feita com base nos seguintes critérios:

Factor de avaliação Pontuação máxima


PROPOSTA TÉCNICA 60
1. Descrição técnica 20
2. Capacidade argumentativa 10
3. Metodologia de trabalho de campo 15
4. Experiencia profissional
a. Experiencia geral
15
b. Experiencia com agências de cooperação
internacional ou instituições públicas
PROPOSTA FINANCEIRA 40

7. APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS

O processo é realizado no âmbito do concurso público.

As pessoas individuais ou equipe consultora interessada deve enviar a proposta técnica


da consultoria, anexando o CV, proposta financeira, considerando todos os impostos e
despesas incorridas na realização desta consultoria.

Proposta técnica:
a) Descrição técnica dos produtos esperados;
b) Descrição preliminar do argumento dos produtos;
c) Metodologia do trabalho de campo e principais actividades com um cronograma
geral;
d) Curriculum vitae e suporte à qualificação dos profissionais que serão indicados para
as tarefas a serem contratadas.

Proposta Financeira:
Consistirá no preço geral proposto, especificando taxas, transporte, alojamento, subsídios
e todos os impostos inclusos.

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O preço máximo desta consultoria é de 825.000 meticais.

8. CONDIÇÕES DA CONTRATAÇÃO

Modalidade de contrato: A pessoa ou equipe consultora será contratada na modalidade de


Prestação de Serviços. O contrato será assinado entre a pessoa ou equipe consultora e a
CVM.

Duração da consultoria: 30 dias a partir da assinatura do contrato.

Local de trabalho: Maputo, Sofala (Beira), Zambézia (Quelimane, Distritos de Namacurra


e Maganja da Costa).

Valor Total Máximo da Consultoria: 825.000,00 Mzn Impostos incluídos. O pagamento


será feito a uma conta local-moçambicana em meticais. Os impostos e qualquer outro
pagamento relacionado com os ingressos serão pagos pela consultoria. Quaisquer outros
custos relacionados ao estudo (despesas de viagem, papelaria, impressão, entre outros)
serão pagos pela consultoria.

Forma de Pago:
 20% no acto da assinatura do contrato;
 30% na apresentação do Plano de Trabalho actualizado e cronograma das
actividades (7 dias após a assinatura do contrato);
 50% na entrega e aceitação do produto final.

9. CANDITATURA

A pessoa ou equipe consultora interessada deve enviar um documento escrito da proposta


técnica da consultoria, anexando o CV. Também deve incluir uma oferta económica,
considerando todas as taxas e despesas incorridas na realização desta consultoria.

As propostas devem ser enviadas via e-mail com a assinatura para:

Chambal Boavida: boavida.chambal@redcross.org.mz


Cristina Hernanseiz: cristina.hernanseiz@cruzroja.es

As ofertas serão recebidas até às 15.00 horas do dia 20 de Setembro de 2020. Indicar no
assunto “Proposta Consultoria Crisis Modifier”.

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