Normal Penal em Branco

As normas penais em branco são aquelas que necessitam de um complemento de uma

outra norma para que o princípio da legalidade não seja vilipendiado, já que a norma em
branco pode deixar um espaço subjetivo muito grande para o intérprete aplicador, fazendo
com que o processo não seja seguido com a lisura necessária.

Elas se dividem em classificações e espécies específicas, podendo ter um sentido restrito e

ser heterogênea, onde o complemento normativo não é indicado pelo legislador, exemplo: A
lei de drogas indica o crime, a Resolução da ANVISA indica as substâncias (atualmente é a
Resolução n. 178/2002).

Pode também ter um sentido amplo, ser imprópria e irrestrita e homogênea, onde o
complemento é indicado pelo legislador, exemplo: Os crimes contra a administração pública
indicam que o sujeito ativo é o funcionário público, mas não conceituam. O artigo 327 do
Código Penal conceitua o que é funcionário público, para fins penais.

Ela também pode ser invertida, onde o complemento faltante na norma é o preceito
secundário, a pena: A lei do genocídio (Lei n. 2.889/56) indica os crimes, mas as penas
estão remetidas aos dispositivos Código Penal. Na lei do genocídio, as condutas. No
Código Penal, as penas. Por fim, ela pode ser ao quadrado, ou seja, a norma precisa de
dois complementos para se tornar completa, pois o primeiro não é suficiente para dar a
significância necessária ao conceito ensejado.

Além disso, é importante observar que as normas penais em branco (impróprias, sentido
amplo) apresenta uma subdivisão entre homovitelineas e heterovitelineas.

A norma penal homovitelinea é a que o complemento legislativo está na mesma estrutura

típica que a norma em branco. A lei penal complementa a lei penal. Exemplo: O artigo 304
do Código Penal é complementado pelo artigo 297 também do CP.

Quanto a heterovitelinea o complemento legislativo reside em outra estrutura típica,

diferente da estrutura da norma que ela enseja complementar. A lei penal é complementada
por lei extra penal. Exemplo: O crime de bigamia (art. 235 do CP) precisa do complemento
do Código Civil (art. 1.521) que indica os impedimentos para casamento.