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Receita Pública

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Conceito27: é a entrada que, integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer
reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como
elemento positivo (BALEEIRO, 2004, p.130 apud LEITE, 2016, p. 184).
OBS 1:
Ingresso = Todas as entradas, mesmo quando geram lançamento no passivo.
Receita = Apenas os ingressos que não geram lançamento no passivo.

 Classificação:

1. Quanto à inclusão no orçamento:

1.1. Orçamentária: é a receita que, via de regra, consta no orçamento (previsto na


LOA) e o gestor pode contar com ela para fazer face às despesas públicas e
demandas da sociedade (LEITE, 2016, p. 195).

1.2. Extraorçamentária: é uma exceção à regra, estas receitas estão em um controle


a parte (NÃO está previsto na LOA) para não confundir com as demais receitas
do Estado, pois o Executivo não pode contar com essa receita para fazer face às
despesas públicas, já que não é uma receita que poderá ser convertida em bens
ou serviços pelo ente.
Exemplo: de receita extraorçamentária é a caução nas licitações com o poder público, o
dinheiro não é do governo, ele é mero depositário.

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Receita é aquela arrecadada por ente de direito público. Esse conceito é restrito, pois pode ser também
uma pessoa de direito privado criada e controlada pelo Poder Público.
2. Quanto à afetação patrimonial:

2.1. Efetiva: aumenta o patrimônio.


Exemplo: arrecadação do IP (Imposto sobre Produtos Industrializados).
2.2. Por mutação patrimonial: não aumenta o patrimônio (patrimônio no sentido
de bens e direitos). Há uma troca de tipo de patrimônio, mas no final das contas
o patrimônio permanece sem aumento ou diminuição.
Exemplo: venda de ambulância (o valor do veículo é convertido em dinheiro).
3. Quanto à regularidade:

3.1. Ordinária: é a receita que ocorre frequentemente, tem caráter constante e se


renovam ano a ano na peça orçamentária.

3.2. Extraordinária: consiste na despesa que o governo pode decretar e arrecadar


do povo em circunstâncias especiais, como guerra, comoção interna ou
calamidade pública28, além das doações que poderão ser feitas pelos cidadãos.
OBS 2: Outra diferença entre essas duas receitas é o regime jurídico, enquanto a ordinária
requer um prazo de 90 dias ou para o próximo ano, a extraordinária não requer esse prazo.
4. Quanto à coercitividade:
Coercitividade é o receito de descumprir a lei e ser punido. Enquanto a coação é
a aplicação material daquela sanção.
4.1. Originária: é a receita que não foi criada de maneira impositiva. Ou seja, é
aquela receita cuja produção está na exploração do patrimônio do estatal. O
Estado presta serviços, mercancia e pratica atividades como ás dos particulares,
e, como resultado econômico, obtém receitas. Há uma relação de bilateralidade
(LEITE, 2016, p. 190).
Exemplo: a receita oriunda de bens leiloados, de aluguel de algum bem público.
4.2. Derivada: é a receita obtida a partir do poder de império do Estado, arrecadando
coercitivamente dos particulares, com observância da legalidade. Não há
bilateralidade, e sim o contrato unilateral da vontade do Estado.
Exemplo: a receita oriunda do IR (Imposto de Renda).
Dentro das receitas derivadas há duas hipóteses:
 A receita derivada de tributos, ou seja, a entrega compulsória de valor ao Estado
que, não decorra de ato ilícito.
 A receita derivada de multa, neste caso, a entrega compulsória de valor ao Estado
que, decorra de uma sanção por ato que infrinja as normas.

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Art. 167, § 3º da CF/88
4.1. Preço Público:
Conceito: “Nada mais é do que a contraprestação paga pelos serviços pedidos ao Estado
ou pelos bens por ele vendidos e que constitui a sua receita originária”. (DEODATO,
1969, p. 49 apud HARADA, 2011, p. 43)
Espécies:
 Preço quase-privado: finalidade lucrativa;
 Preço público: simples cobertura dos custos;
 Preço político: inferior aos custos.
Preço público X taxa X tarifa:
Preço Público: é uma receita originária referente ao pagamento de um serviço prestado
ou de um bem vendido no mercado.
Taxa: “A atuação estatal, no tocante às atividades essenciais e indelegáveis do Estado,
só pode ser desenvolvida pelo regime de direito público. No caso, teremos ‘serviço
público’ do ponto de vista material e formal, e, por conseguinte, a taxa”. (HARADA,
2011, p. 46)
Tarifa: é um preço privado, o poder público vai estabelecer regras para o seu
recolhimento, mas ela não representa receita.

5. Quanto à categoria econômica29:

5.1. Correntes: “São os recursos recebidos de pessoas de direito público ou privado,


destinados aos gastos correntes ou de consumo (despesas correntes), obtidos nas
transações efetivadas pelas entidades da Administração Pública que não resultem
em ‘sacrifício patrimonial’ [...]” (JUND, 2006, p. 149, grifo nosso)
Exemplo: conta de energia e água de determinado de uma escola.

29
Classificação legal – Lei nº 4.320/64, em seu art. 11.
Receita tributária30:
 Impostos;
 Taxas; e Derivadas
 Contribuições de melhoria
.

 Contribuições (espécies de tributos) – Derivada;


 Patrimonial: governo explorando seu patrimônio (alugando, por exemplo);
 Agropecuária: governo vendendo produtos agropecuários que produziu; Originárias
 Industrial: governo vendendo produtos industriais que produziu;
 Serviços: governo prestando serviços;
 Transferências correntes: consistem em recursos recebidos de outras pessoas
jurídicas, independente de contraprestação em bens ou serviços, destinados a
atender às despesas correntes (LEITE, 2016, p. 198).

5.2. Capital: “Consistem nas receitas destinadas à aplicação e cobertura das despesas
(de capital) com investimentos e decorrem de um fato permutativo, ou seja, são
receitas por mutação patrimonial, exigem um ‘sacrifício patrimonial’ para ser
obtidas [...]” (JUND, 2006, p. 151, grifo nosso)
Exemplo: quando o Estado compra um veículo com seus recursos próprios.
 Operações de crédito: Governo toma dinheiro emprestado31;
 Alienação de bens: Governo vende patrimônio público, seja móvel ou imóvel;
 Amortização de empréstimos: Governo emprestou dinheiro no passado e recebe Originárias
agora;

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Atualmente há cinco espécies tributárias (impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições especiais), mas em 1964, com a Lei nº 4.320, eram reconhecidas apenas três
espécies (impostos, taxas e contribuições de melhoria).
31
No Direito Financeiro empréstimo compulsório não é receita tributária, e, sim, receita de capital, na
modalidade operação de crédito.
 Transferências de capital: consistem em recursos recebidos de outras pessoas Originárias
jurídicas, independente de contraprestação em bens ou serviços, destinados a
atender às despesas de capital.

Transferências Correntes Transferências de Capital


Governo recebendo dinheiro Governo recebendo dinheiro
Se recebe para fins de despesa Se recebe para fins de despesa de
corrente capital

 Padronização e consolidação das contas nacionais:


Detalha o quadro com as classificações contidas na LRF, tornando-a mais exata e
diminuindo a margem de discricionariedade. A consolidação das contas nacionais
respeita esse detalhamento.
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF):
Art. 6732. O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da
operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por conselho de gestão fiscal,
constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério
Público e de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:
[...]
III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações
de contas e dos relatórios e demonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei
Complementar [...]
Portaria Interministerial SOF/STN nº 163/2001 Codificação ou Plano de Contas:
Art. 2º A classificação da receita, a ser utilizada por todos os entes da Federação, consta
do Anexo I desta Portaria, ficando facultado o seu desdobramento para atendimento das
respectivas peculiaridades.

 Estágios/Fases da Receita Pública:


Assim como ocorrem com as despesas, a realização da receita passa por estágios.

1. Previsão/Estimativa: “A previsão da receita corresponde à estimativa incorporada à


lei orçamentária de quanto se espera arrecadar durante o exercício financeiro”.
(JUND, 2006, p. 155)
 Estudar o comportamento histórico daquela arrecadação;
 Quais as alterações na legislação tributária irão entrar em vigor no próximo ano e
como interferem na arrecadação;
 Observar o comportamento econômico: a expectativa do mercado para o próximo
ano.

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Art. 50, §2o da LRF. A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão
central de contabilidade da União, enquanto não implantado o conselho de que trata o art. 67.
2. Lançamento/Formalização 33: “É o ato pelo qual se verifica a procedência do crédito
fiscal, a pessoa que lhe é devedora, e inscreve o débito desta”. (PASCOAL, 2006, p.
97)
 Formalizar aquela cobrança, seria o ato tendente a tornar ou confirmar a obrigação
como certa, líquida e exigível;
 Conjunto de providências concretas que vão formalizar aquela arrecadação.
OBS 3: Nem toda a receita é objeto de lançamento tributário. Outras receitas são
formalizadas por outros meios, tais como: contratos de prestação de serviços, venda de
mercadorias, empréstimos, entre outros, logo, o nome mais apropriado para esta fase seria
estágio de formalização da receita.

3. Arrecadação: é o momento em que a pessoa do cidadão entrega o dinheiro ao Estado


ou ao seu preposto, como bancos e demais entidades autorizadas, tesourarias,
coletorias ou postos fiscais.

4. Recolhimento: é a fase na qual o dinheiro arrecadado ficará disponível ao poder


público. Assim todos os recursos recolhidos são depositados numa conta única do
Tesouro Público pelos agentes arrecadadores, observando o princípio da unidade de
caixa34, o que permite um controle centralizado nos recursos arrecadados.

 Atualmente a fase de recolhimento praticamente pode ser fundida com a fase de


arrecadação graças aos avanços tecnológicos que permitem um conhecimento
quase que imediato do montante arrecadado. No entanto, o dinheiro não vai de
imediato para a conta do governo, isso é uma forma de amortizar a taxa paga pela
prestação dos serviços bancários.

 Transferências Constitucionais:

a) Participação dos Estados na União;


b) Participação dos Municípios na União;
c) Participação dos Municípios no Estado;
 Ou entrega uma parcela de competência própria para cobrar dos contribuintes;
 Ou transfere parcela para o pagamento de competências próprias desses entes;
 Ou então aplica os dois concomitantemente
Exemplo: União arrecada IR e IPI, dentre outros. Uma porcentagem disso é destinada aos
Estados e Municípios:

 FPE (Fundo de Participação dos Estados);


 FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

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Art. 142, do CTN. O procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência de fato gerador da
obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido,
identificar o sujeito passivo e, sendo o caso propor a aplicação da penalidade cabível.
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Art. 56, da Lei nº 4.320/64.
Basicamente o critério de rateio é a população e o PIB per capita. João Pessoa, por
exemplo, apesar de possuir uma população menor do que a de São Paulo, acaba recebendo
mais FPM, pois é mais pobre do que São Paulo.
Exemplo do ICMS → Quanto maior a arrecadação do ICMS naquele Município maior o
valor que esse Município recebe.
Exemplo do IPVA → Metade vai para o Município de origem do veículo, a outra metade
fica com o Estado.
d) Fundos regionais: criados para as regiões mais carentes do país (Norte, Nordeste e
Centro Oeste), servindo para o financiamento de atividades produtivas nessas regiões,
como o crédito produtivo com juros abaixo do mercado.

DESPESA PÚBLICA
Conceito: “Consiste no conjunto de gastos realizados pelo Poder Público para a
consecução de suas atividades principais, com o objetivo de financiar as ações do
governo, sempre com foco na satisfação das necessidades públicas” (LEITE, 2016, p.
259).
OBS 1: Nem sempre essa despesa será realizada por pessoa do direito público. A exemplo
das fundações de direito privado. No entanto, qualquer gasto realizado por uma entidade
estatal é despesa pública.

 Classificação:

1. Quanto à inclusão no orçamento:

1.1. Orçamentária: quando constam na lei do orçamento e nos créditos adicionais.


Decorre do princípio da legalidade, visto que toda despesa pública carece de
autorização legislativa para a sua execução (LEITE, 2016, p. 260).

1.2. Extraorçamentária: “Consiste na saída de recursos financeiros transitórios


anteriormente obtidos sob a forma de receitas extraorçamentárias. São despesas
não consignadas na lei do orçamento ou em créditos adicionais [...]” (JUND,
2006, p. 189).
Exemplo: devolução de depósitos, de cauções ou de quaisquer valores que se revistam de
características de simples transitoriedade. O registro é feito para que haja um controle
sobre esse dinheiro, por isso até essas receitas extraordinárias devem ser registradas.
2. Quanto à afetação patrimonial:

2.1. Efetiva: quando há uma diminuição efetiva no patrimônio do governo.


Exemplo: pagamento de água, luz, algum serviço, juros, pessoal etc.
2.2. Por mutação patrimonial: o que houve foi uma troca do patrimônio, não
havendo uma variação patrimonial, e, sim, o que há é uma troca do dinheiro por
um bem que se torna patrimônio.
Exemplo: aquisição de bens imóveis, equipamentos etc.
3. Quanto à regularidade:

3.1. Ordinária: “[...] as despesas ordinárias são as que constituem, normalmente, a


rotina dos serviços públicos e que são renovados anualmente, isto é, a cada
orçamento” (GRIZIOTTI, 1959, p. 61 apud HARADA, 2011, p. 22).
Exemplo: pessoal, juros, energia, água etc.
3.2. Extraordinária: corresponde à despesa de caráter esporádico, oriunda de
eventos imprevistos e imprevisíveis e que, por isso mesmo, não se renovam todos
os anos. Há um conjunto de facilitadores que aceleram a liberação dessas
despesas.
Exemplo: decorrentes de calamidade pública, guerra etc.
4. Quanto à categoria econômica:

4.1. Corrente35: “São gastos de natureza operacional que se destinam à manutenção


e ao funcionamento dos serviços públicos, quer estes serviços sejam realizados
pela Administração Pública (o que é regra) ou transferidos para outras pessoas
físicas ou jurídicas” (PASCOAL, 2006, p. 58).

 Classificação das Despesas Correntes:

a) Despesas de Custeio: De acordo com a redação do § 1º do art. 12 da Lei nº


4.320/64, são as “dotações para manutenção de serviços anteriormente
criados, inclusive destinadas a atender obras de conservação e adaptação de
bens imóveis”.
 Pessoal civil e militar: inclui todos os calores pagos aos servidores, sejam
estatutários, celetistas, contratados etc.
 Material de consumo: alimentos, remédios, a merenda escolar, o papel etc.
 Serviços de terceiros: serviços de pessoas físicas e jurídicas, para um serviço
específico, um trabalho pontual.
 Encargos diversos: as despesas de custeio que não se enquadrem nas três
subclassificações anteriores. A exemplo do pagamento de indenização.

b) Transferências Correntes: De acordo com o § 2º do art. 12 da Lei nº


4.320/64, são as “dotações para despesas as quais não corresponda
contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e
subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito
privado”.

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Aquela despesa que no final não resulta em um bem de capital será uma despesa corrente.
 Subvenções sociais 36 e econômicas37: são entes privados que recebem
auxílio do Estado, se a entidade que recebe tem fins lucrativos a subvenção
será econômica. Por outro lado, se a entidade recebedora não tiver fins
lucrativos, a subvenção será social. Para receber esses subsídios é preciso
obedecer aos critérios e preencher os requisitos.
OBS 2: Esse valor é destinado para ser usado com um gasto corrente.
 Inativos e pensionistas: não estão trabalhando para o Estado, mas recebem
dele;
 Salário-família ou abono: valor pago em forma de auxílio para pessoas
com filhos menores de 7 anos e que sejam de baixa renda, além de cumprir
uma série de exigências e pré-requisitos. É um valor incluído no salário do
servidor com a finalidade de auxílio e não necessariamente por um serviço
prestado em si.
 Contribuição previdenciária: o valor é pago aqui pois é de interesse do
servidor (metade paga pelo desconto salarial e o restante pelo governo).
 Juros da dívida: é o valor financeiro cobrado por aqueles que emprestam
dinheiro ao Estado. Os juros da dívida são somados com o valor de
amortização (valor recebido no empréstimo).
OBS 3: o pagamento da amortização não é uma despesa de fato, pois é
pego X e pago X. Já os juros que incorrem sobre esse valor (X) será tido
como despesa. Os juros é um encargo, no entanto não fica em custeio.

4.2. Capital38: “Referem-se ao conceito de investimento do setor governamental, são


despesas orçamentárias realizadas de forma direta ou indireta pela Administração
Pública, com a intenção de adquirir ou constituir bens de capital que irão
contribuir para a produção de novos bens e serviços [...]” (JUND, 2006, p. 151).

 Classificação das Despesas de Capital:

a) Investimentos: as despesas de capital que contribuem no incremento do PIB.

OBS 4: O bem só será contado no PIB no momento em que foi produzido, se o


governo compra um bem que ainda não tinha sido gerado, isso será um
investimento. Já se o bem já existia (apenas trocou de mãos) ao governo adquiri-
lo, a despesa será de capital de inversão financeira.
 Obras públicas: toda obra é um investimento.

36
Art. 16, da Lei nº 4.320/64. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a concessão
de subvenções sociais visará a prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional,
sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos, revelar-se mais
econômica.
37
Art. 18, da Lei nº 4.320/64. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de natureza
autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas
correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal.
38
Classificam-se nessa categoria aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou
aquisição de um bem de capital.
OBS 5: Obra não é a mesma coisa que reforma, reforma é manutenção.
 Serviço em regime de programa especial: apesar de ainda constar na Lei nº
4.320/64, as portarias que atualizaram a lei não recepcionaram mais esses
serviços já que a contratação de um serviço não configura um bem de capital,
e sim um item de despesa corrente.
 Material permanente: devem ser novos para serem tidos como investimento.
 Constituição ou aumento do capital de empresas ou entidades agrícolas ou
industriais: a única diferença é que são as empresas agrícolas ou industriais
produzem novos bem, logo incrementam o PIB.

b) Inversões Financeiras: as despesas de capital que não geram acréscimo ou


incremento ao PIB.
 Aquisição de imóveis: o bem já existia, a exemplo de comprar uma casa para
que nela funcione uma creche.
OBS 6: No caso da compra de terreno, caso ao ser adquirido já seja utilizado
em uma obra, o valor do terreno será tratado como investimento de obra. No
entanto, caso o terreno seja comprado e não utilizado em uma obra logo em
seguida, o seu valor será tratado como inversão financeira.
 Constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades comerciais ou
financeiras: essas não produzem bens novos, compram e vendem bens já
existentes, não acarretando aumento ou acréscimo no PIB.
 Aquisição de títulos representativos do capital de empresas: tendo em vista
que já existiam, o que há é uma transferência de propriedade, vai do privado
para o público.
 Constituição de fundos: faz aporte inicial, na prática não houve gasto algum
na constituição de fundo, já que permaneceu no domínio do Estado. Só que
como a contabilidade do fundo é diferente da do Estado em si, é necessária a
contabilização desse valor destinado à constituição do fundo.
 Concessão de empréstimos: não é comum, mas quando o governo empresta
um valor ao particular, o que há é uma saída temporária desse valor que será
pago pelo particular futuramente.

c) Transferências de Capital: “São as dotações destinadas a investimentos ou


inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam
realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços
[...]” (JUND, 2006, p. 191).
 Amortização da dívida pública: devolver o que foi recebido como empréstimo.
OBS 7: Amortização ≠ Juros.
 Auxílio para obras públicas: é o repasse para alguém realizar uma obra
(investimento);
 Auxílio para equipamentos e instalações: repasse para alguém comprar
equipamentos e instalações (Investimento se forem novos);
 Auxílio para inversões financeiras: repasse para alguém comprar um bem de
capital usado.
 Padronização e Consolidação das Contas Nacionais:

Ao padronizar, a portaria 163/2001 traz mais detalhamento por meio da sua


subclassificação, isso aumenta a transparência e diminui a margem de discricionariedade
dos entes públicos ao especificar os gastos públicos.

 Lei de Responsabilidade Fiscal


 Portaria Interministerial SOF/STN nº 163/2001
Art. 3º ....................................................................................
[...]
§4º As classificações da despesa por categoria econômica, por grupo de
natureza, por modalidade de aplicação e por elemento de despesa, e
respectivos conceitos e/ou especificações, constam do Anexo II desta Portaria.

 Classificação Institucional/Funcional/Programática: para especificar ainda mais o


gasto público (na receita pública não existe essa classificação tripartite).
a) Institucional: essa classificação apresenta quais são os entes que ficarão responsáveis
por cada uma das dotações orçamentárias (quem é Unidade Orçamentária e quem é
Unidade Gestora).
 Unidade Orçamentária (UO): aparece na LOA;
 Unidade Gestora (UG): aparece no QDD;
 Unidade Administrativa (UA): sequer aparece no QDD, pois são simples unidades
administrativas que não podem gerir dinheiro próprio.
OBS 8: A classificação institucional não é padronizada. Há uma autonomia para que cada
unidade faça sua classificação institucional.

PE MP DP PJ PL

MPOG
UO

IFPB UFPB

UG CCSA CCJ

UA DDPub. DCJ
b) Funcional: diferentemente da institucional, essa classificação é padronizada para
todo o Brasil. Aqui o gasto público é classificado pela sua função, de saúde, educação,
legislativa etc.
c) Programática: assim como a institucional, essa classificação não é padronizada no
território nacional, pois cada ente varia o programa que irá desenvolver. Aqui há a
determinação legal de apresentar no orçamento quais programas irão ser operados e,
desse modo, para efetuar o gasto público deverá mostrar em qual programa será. Além
de facilitar o controle e aumentar a transparência, essa classificação garante uma
gestão mais eficiente, tendo em vista que permite uma maior riqueza de dados para
melhor alocar o dinheiro público e redirecionar o programa.

 Estágios/Fases da Despesa Pública:

1. Fixação (autorização): “Esta etapa da despesa consiste na autorização dada pelo


Poder Legislativo ao Poder Executivo, mediante fixação de dotações orçamentárias
aprovadas na Lei Orçamentária Anual [...]” (JUND, 2006, p. 194).

2. Licitação: “[...] depois, em relação à contratação de obras, serviços e outras compras


cabe à autoridade administrativa, em obediência ao disposto no artigo 37, XXI, da
CF/88 e Lei nº 8.666/93, realizar o devido procedimento licitatório, que poderá
culminar com a realização de uma das modalidades de licitação ou com a dispensa ou
inexigibilidade desta” (PASCOAL, 2006, p. 68).

3. Empenho39: é a declaração formal de que aquele valor está empenhado com


determinado gasto. Contudo, isso não significa que será pego uma parte do dinheiro
da conta corrente do governo e separar, é apenas um controle contábil no sistema de
informática para não gastar mais do que foi fixado.
OBS 9: O empenho não gera a obrigação, que só ocorre com a liquidação!

 Espécies de empenho:
a) Ordinário;
b) Global: “É utilizado para os casos de despesas contratuais e outras, sujeitas a
parcelamento. Nesse caso, deve ser emitido o empenho global, deduzindo-se os
valores correspondentes nas respectivas quotas mensais, trimestrais, semestrais
etc.” (PASCOAL, 2006, p. 70).
Exemplo: aluguel, estradas, pontes, escolas etc.
c) Estimado: “Visa a realização de despesas cujo valor ou montante não seja
previamente determinado ou identificável e, geralmente, de base periodicamente
não homogênea” (JUND, 2006, p. 195).
 Se a conta for maior será feita uma complementação de empenho;
 Se for menor será feita uma anulação parcial.

39
Art. 58, da Lei nº 4.320/64. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria
para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição
Exemplo: água, energia, gás, telefone etc.
4. Liquidação: “[...] consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por
base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito” (HARADA,
2011, p. 25).
OBS 10: Não é o pagamento, no sentido aplicado aqui é um atesto pela autoridade estatal
de que aquele valor deve ser pago.
Exemplo: Autoridade competente do poder público atesta que o serviço foi de fato feito
e que cabe ao Estado pagar.
5. Pagamento: “Último estágio na realização da despesa, o pagamento consiste na
entrega dos recursos equivalentes à dívida líquida, ao credor, mediante ordem
bancária ou ordem de pagamento, caracterizado pelo despacho exarado por autoridade
competente (ordenador de despesas), determinando que a despesa seja paga [...]”
(JUND, 2006, p. 197).

5.1. Subetapa 1 (ordem de pagamento):


Emanada por autoridade competente que em o poder de dispor do dinheiro público
(ordenador de despesas). É quem de fato tem o dever de verificar a regularidade das
fases anteriores (Fixação, Licitação, Empenho e Liquidação).
5.2. Subetapa 2 (execução da ordem):
Na prática essas autoridades têm o login e senha para a conta pública do governo. A
ordem é eletrônica é encaminhada para a instituição bancária (faz as vezes de
tesoureiro) para que esse realize o pagamento.

 Precatório:
Conceito: é uma requisição do Poder Judiciário ao Poder Executivo para que inclua na
LOA dotações40 específicas para fazer face aos débitos oriundos de condenações judiciais
contra a Fazenda Pública.
Cronologia: de acordo com o art. 100 da CF/88 “Os pagamentos devidos pelas Fazendas
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-
se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta
dos créditos respectivos [...]”.
a) Precatório Alimentar41: são os débitos da Fazenda Pública de natureza alimentícia,
aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas
complementações etc. Eles serão pagos antes de todos os outros.

40
A dotação será o somatório de todos os precatórios até 30 de julho, sendo incluída na LOA que será
enviada ao Legislativo até 31 de agosto.
41
Art. 100. ........................................................................................
§1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos,
proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por
invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão
pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.
b) Precatório Alimentar Preferencial42: débitos alimentares cujos titulares sejam
idosos ou portadores de doenças graves, tendo preferência dentro da preferência (1º
de todos os precatórios). No entanto, independentemente do valor desse precatório,
ele só será pago até 3 vezes o valor da requisição de pequeno valor, sendo o restante
pago na ordem cronológica.
c) Requisições de Pequeno Valor: aqui não é preciso o precatório, sendo pago
diretamente pelo órgão. O RPV43 geralmente é definido por lei de cada ente público,
pois a capacidade de pagamento de cada um varia. No entanto o RPV não poderá ser
menor do que o valor de pagamento máximo do regime geral de previdência (R$
5.839,45).

“Todo sistema de educação é uma maneira


de manter ou de modificar a apropriação
dos discursos, com os saberes e poderes que
eles trazem consigo”.
Michel Foucault

42
Art. 100. ........................................................................................
§2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data
de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos
com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para
os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o
restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.
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Art. 100. .............................................................................
§4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de
direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior
benefício do regime geral de previdência social.

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