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Coleção Aplauso
Coordenador Geral Rubens Ewald Filho
José Serra
Governador do Estado de São Paulo
Hubert Alquéres
Diretor-presidente
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
CENA 1
Marcelo chega à ponte em passos vagarosos e
indecisos. É um rapaz de aparência soturna. Car-
rega uma mochila nas costas. Caminha até o pon-
to mais alto da estrutura da ponte e olha para
baixo, em direção ao rio. Projeta o corpo para
frente, alongando o pescoço e apoiando-se na
mureta da ponte. É uma coreografia arriscada, 15
que poderia culminar num salto. Sua presença já
foi notada por Apolônio, que está sentado, com
as costas apoiadas em um dos pilares da ponte.
Marcelo não o viu. Apolônio tem nas mãos um
fio de metal maleável, que usa para atravessar
os orifícios de minúsculas pedras falsas, em um
paciente trabalho que irá resultar numa pulseira.
Mal levanta a cabeça para se dirigir a Marcelo.
MARCELO – Quê?
MARCELO – Quinta-feira
MARCELO – O quê?
APOLÔNIO – Qual?
MARCELO – Libra!
MARCELO – Apolônio?
APOLÔNIO – Hã?
Apolônio dá de ombros.
APOLÔNIO – Normal.
APOLÔNIO – Eu não.
Silêncio
MARCELO – O quê?
MARCELO – O quê?
APOLÔNIO – E então?
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MARCELO – Não sei, eu...
MARCELO – Não.
CENA 2
Luzes vão se acendendo. Marcelo é o primeiro
a acordar. Levanta-se sem fazer ruído e vai ob-
servar o rio. Volta e senta-se em silêncio ao lado
de Apolônio, que continua dormindo. Cuidado-
MARCELO – Apolônio...
APOLÔNIO – Hã?
MARCELO – Apolônio?
MARCELO – Na mochila...
APOLÔNIO – Às vezes...
APOLÔNIO – Marcelo!
FIM
(Abril de 2003)
TATIANA – De novo?
LAURO – Tô fora.
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APRESENTADOR (irritado) – Faz tempo que você
tá fora. Às vezes eu tenho vontade de mandar
tirar a merda daquela esteira só pra ver se com
as pernas paradas seu cérebro funciona.
CENA DOIS
Todos os participantes estão sentados nos sofás.
Regina e Gislaine dividem a mesma poltrona.
Estão abraçadas e trocam carinhos. Regina ves-
tiu um short ainda menor que o anterior. Está
com um lencinho no pescoço, do mesmo tom
do short.
APRESENTADOR – Silêncio!
GISLAINE – Eu sei...
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GISLAINE – Tá só um pouquinho...
HOMERO – Eu não.
Luzes de No Ar se apagam.
Luz de No Ar se apaga.
Luzes de No Ar se acendem
Luz de No Ar se apaga.
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ROBERTO – Vai ser um prazer, Homero.
Luzes de No Ar se apagam.
APRESENTADOR – Alô?..........................Sei,
sei, presidente, eu peço desculpas para o se-
nhor..................... Eu sei, doutor, mas a coisa fu-
giu um pouquinho do nosso controle...o Homero
se empolgou e............................. Não, não, eu
garanto, a idéia foi minha, mas eu tinha com-
binado com o Homero que ia durar só uns dois
ou três minutinhos, mas ele rompeu o trato, se
empolgou um pouco, né?....................... Como?
Conversar com o superintendente amanhã??? 101
Pode deixar, eu vou conversar com o superin-
tendente amanhã. (Fuzila Homero com os olhos)
– Não, doutor, eu não sabia...as outras emisso-
ras, ah, é? Não, pode ficar tranqüilo, doutor. O
Homero vai sair da casa e a gente passa tudo no
Jornal da Meia-Noite, pode deixar, doutor, pode
deixar...(cara de quem teve o telefone desligado
abruptamente do outro lado).
REGINA – E eu estou...
HOMERO – Nada.
HOMERO – Já procurei.
LAURO – O quê?
APRESENTADOR – Quatro.
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LAURO – Aquela saradinha? Putz! Chama ela,
Roberto, chama, vai...
IGOR – Repórter???
FIM
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(Agosto de 2003)
CLAUDIONOR – Não.
MÁRIO – Verdade?
CLAUDIONOR – É, isso lá é.
Silêncio
CLAUDIONOR – Não.
MÁRIO – O quê?
Silêncio
CLAUDIONOR – Será?
CLAUDIONOR – O quê?
MÁRIO – Claudionor?
CLAUDIONOR – Que é?
CLAUDIONOR – É de comprar?
CLAUDIONOR – É, é bacana.
MÁRIO – Só isso?
CLAUDIONOR – Melhorou?
CLAUDIONOR – O quê?
CLAUDIONOR – De nada...
CLAUDIONOR – Será?
MÁRIO – Tenho.
CLAUDIONOR – Dá um?
MÁRIO – Mas...
MÁRIO – Não.
CLAUDIONOR – Quê?
CLAUDIONOR – Ninguém
CLAUDIONOR – Já.
Saem de cena.
FIM
CENA 1
Sala de espera de hospital. Ambiente frio e
pouco acolhedor. PAULO PRETO está sentado
em uma das cadeiras; mostra-se impaciente.
Ameaça, por duas vezes, abordar um enfermeiro
que passa pela sala. Dirige-se a ele somente na
terceira vez.
ENFERMEIRO – Não?
BÁRBARA – Focofe!
BÁRBARA – Esquece.
PAULO – Tô
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PAULO (observando o trânsito) – Olha aquele
motorista ali, do carro vermelho. Quanto você
acha que ele daria para ficar com você?
PAULO – Cinquenta?
PAULO – Sei...
GALEGA – É.
GALEGA – Disse.
BÁRBARA – Eu ganhei
CENA 4
Flashback. Apartamento de Paulo Preto. Bár-
bara está parada, em pé, segurando a caixa de
sandálias na mão. Observa o ambiente. Paulo
volta do interior da casa, trazendo uma latinha
de cerveja nas mãos. É importante deixar claro
este movimento: Galega sai para buscar cerveja
e quem volta com ela é Paulo.
PAULO – Eu queria...
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PAULO – Será?
CENA 5
Apartamento de Bárbara e Galega. Volta do
flashback. Galega está contando dinheiro. As duas
têm a voz um pouco pastosa, efeito da cocaína.
CENA 6
Apartamento de Paulo Preto. Toque de campai-
nha. Paulo Preto abre a porta. Entra Bárbara. 253
PAULO – Bárbara...
Ninguém responde
GALEGA – Xalé!
FIM.
Série Cinema
Bastidores – Um Outro Lado do Cinema
Elaine Guerini
Série Crônicas
Crônicas de Maria Lúcia Dahl – O Quebra-cabeças
Maria Lúcia Dahl
Série Dança
Rodrigo Pederneiras e o Grupo Corpo – Dança Universal
Sérgio Rodrigo Reis
Especial
Agildo Ribeiro – O Capitão do Riso
Wagner de Assis
Beatriz Segall – Além das Aparências
Nilu Lebert
Carlos Zara – Paixão em Quatro Atos
Tania Carvalho
Cinema da Boca – Dicionário de Diretores
Alfredo Sternheim
Dina Sfat – Retratos de uma Guerreira
Antonio Gilberto
Eva Todor – O Teatro de Minha Vida
Maria Angela de Jesus
Eva Wilma – Arte e Vida
Edla van Steen
Gloria in Excelsior – Ascensão, Apogeu e Queda do
Maior Sucesso da Televisão Brasileira
Álvaro Moya
Tipologia: Frutiger
Roveri, Sérgio
O teatro de Sérgio Roveri : O encontro das águas; O funil
do Brasil; Andaime; Abre as Asas Sobre Nós / Sérgio Roveri –
São Paulo : Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.
288p. – (Coleção aplauso. Série teatro Brasil / Coordenador
geral Rubens Ewald Filho)
ISBN 978-85-7060-792-8
CDD 792.092 81