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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Regina Ferreira de Araújo

O MODELO DE GESTÃO PARTICIPATIVA DO PLANO NACIONAL


DO TURISMO (PNT-2003/2007): A ATUAÇÃO DO CONETUR/RN

Natal
2008
Regina Ferreira de Araújo

O MODELO DE GESTÃO PARTICIPATIVA DO PLANO NACIONAL


DO TURISMO (PNT-2003/2007): A ATUAÇÃO DO CONETUR/RN

Dissertação de Mestrado, apresentada na


Coordenação do Programa de Pós-Graduação em
Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientadora: Dinah dos Santos Tinôco, Dra.


Co-Orientadora: Jomária M. de Lima Alloufa, Dra.

Natal
2008
Regina Ferreira de Araújo

O MODELO DE GESTÃO PARTICIPATIVA DO PLANO NACIONAL


DO TURISMO (PNT-2003/2007): A ATUAÇÃO DO CONETUR/RN

Dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração


da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no dia 11 de agosto de 2008, pela banca
examinadora composta pelos seguintes membros:

________________________________________________________________________
Dinah dos Santos Tinoco, Dra.
Orientadora – UFRN

________________________________________________________________________
Jomária Mata de Lima Alloufa, Dra.
Co-Orientadora - UFRN

________________________________________________________________________
Tereza de Souza, Dra.
Examinadora Externa – UnP

________________________________________________________________________
Maria Arlete Duarte de Araújo, Dra.
Examinadora - UFRN

Natal
2008
Dedico este trabalho àquela a quem dei à luz,
mas que na verdade acabou me iluminando
muito mais durante todo este percurso.
AGRADECIMENTOS

Agradeço...
A Deus, por derramar a sua luz sobre mim e ter permitido que eu chegasse até
aqui.
Aos meus familiares, que tanto me incentivaram e me ajudaram a dar mais este
passo em minha vida.
Aos meus amigos, que compreenderam a minha ausência durante o período de
elaboração da dissertação e torceram pelo meu sucesso.
À professora Dinah dos Santos Tinôco, que assumiu o compromisso de orientar
este trabalho e prezou a todo instante pela qualidade do mesmo.
À professora Jomária Mata de Lima Alloufa, pessoa de fundamental importância
na elaboração da dissertação, visto que me co-orientou enquanto a minha orientadora
estava viajando em seu pós-doutorado.
Ao professor Carlos Eduardo Marinho Diniz, orientador da graduação, que não
mediu esforços para me ajudar também na pós-graduação.
A toda a equipe de professores, funcionários e alunos do Programa de Pós-
Graduação em Administração da UFRN, que sempre estiverem dispostos a me ajudar e
que acreditaram em mim.
À minha amiga Leilianne, que desde a graduação foi exemplo e incentivo para o
meu ingresso na carreira acadêmica.
Ao meu novo amigo Marcelo, que nunca mediu esforços para ajudar a quem quer
que fosse. A ele, a minha admiração.
A todos os conselheiros do CONETUR que contribuíram demasiadamente com
suas entrevistas, e a Vera Barreto e Darlyne Fontes da SETUR que nunca me negaram
informações sobre o Conselho e me forneceram todos os documentos necessários para a
análise documental.
"Mestre não é quem sempre ensina,
mas quem de repente aprende”.
(Guimarães Rosa)
RESUMO

Implementar políticas e planos no setor turístico envolve disposição para o estabelecimento de


parcerias entre governos e iniciativa privada, espaço para a atuação de estudiosos,
pesquisadores e profissionais de áreas diversas de conhecimento e formação, capazes de dar
novos rumos não só ao turismo, mas à economia como um todo, visto que o turismo tem um
efeito multiplicador, atingindo 52 setores da economia. Nesse sentido, o Brasil vem passando
por uma nova fase de atuação política na atividade turística. Até o ano de 2002, a política de
turismo no Brasil não apresentava destaque, pois tratava de ações isoladas e muitas delas sem
continuidade. No entanto, a partir de 2003, várias ações foram desenvolvidas a fim de
contribuir para o planejamento turístico nacional. A principal delas foi a criação do Ministério
do Turismo, acompanhado da formulação e implementação do Plano Nacional do Turismo
(2003/2007). A presente dissertação de mestrado tem por objetivo compreender a atuação do
Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte (CONETUR), com vistas à
implementação no Estado do Rio Grande do Norte do Modelo de Gestão Participativa
preconizado pelo Plano Nacional do Turismo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa - um
estudo de caso, no âmbito de uma pesquisa empírica e documental. Para obtenção dos dados,
foram realizadas entrevistas com os membros do Conselho, além de consulta a documentos
referentes à sua dinâmica de funcionamento, inclusive de suas atas nos anos 2003 a 2007. A
pesquisa bibliográfica contemplou diversas fontes, a fim de compilar conhecimentos de
autores credenciados na discussão de temas inerentes à participação e às políticas públicas de
turismo, especialmente no Brasil. A pesquisa permitiu identificar as principais atuações do
CONETUR, as diretrizes de políticas públicas em turismo já tomadas e encaminhadas à
implementação, o tipo de participação na tomada de decisão, as principais dificuldades da
implementação do modelo de gestão participativa preconizado pelo Plano Nacional do
Turismo e o grau de participação dos conselheiros nas reuniões. Os resultados da pesquisa
mostraram que existem alguns impedimentos à implementação da participação no Conselho
Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte, tais como: a falta de conhecimento por parte
dos Conselheiros de qual seja a função do CONETUR; a presença de entidades que não estão
diretamente relacionadas à atividade turística; a falta de tempo dos Conselheiros para estar
presentes nas reuniões; a descontinuidade da presidência do Conselho; dentre outros. Dessa
forma, o CONETUR se apresenta como um Conselho com algumas características
participativas, mas ainda com restrições a uma participação ampliada, apresentando, portanto,
necessidades de adequação para atender ao Modelo de Gestão Participativa.

Palavras-chave: participação; Plano Nacional do Turismo; CONETUR.


ABSTRACT

To implement policies and plans at the tourist sector involve disposition to the
establishment of parceries among government and private initiative, space to the action of
studious, researchers and professionals of several areas of knowledge and formation, able
of to give new courses no only at the tourism, but to the economy how a every, seen
which the tourism had a effect multiplicator, reaching 52 sectors of the economy. At this
sense, the Brazil came pruning for a new phase of politic actuation at the touristy activity.
Until the year 2002, the tourism politic in the Brazil no had detail, because herself treated
of isolated actions and many without continuity. However, at to start 2003, several actions
were developed in order to contribute for the national touristy planning. The principal was
the creation of Ministério do Turismo, accompanied of the formulation and
implementation of the Plano Nacional do Turismo (2003/2007). This work pretend to
understand the implementation at the Rio Grande do Norte of the model of participative
administration extolled by Plano Nacional do Turismo. The your centre detail the action
of the Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte (CONETUR), to promote
the participation at the tourism public policies. The bibliographical research contemplated
diverse sources in order to compile knowledge of credential authors in the quarrel of
inherent subjects to the participation and to the tourism public policies, especially at the
Brazil. A qualitative perspective the case study was adapted as research method and for
attainment of the data interviews with the members of the Conselho had been carried
through beyond consultation the referring documents the dynamics of functioning of the
Conselho. The principal actuations of the CONETUR, the directives tourism public
policies already made and directed to implementation, the type of participation at made
decision, the principal difficulties of the implementation of the participative
administration model of the Plano Nacional do Turismo and the degree of participation of
the members of the Conselho at the reunions had been identified. The results had shown
that exist some difficulties at the implementation of the participation at the Conselho
Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte, knowledge of the Conselheiros of
CONETUR function, the presence of bodies which doesn’t directly connected at the
touristy activity; the absence of time of the Conselheiros to be presents at reunions; the
discontinuity of the presidency of the Conselho; among others. So, the CONETUR show
himself how a Conselho with participative characteristics, but with some adapted needs.

Key-words: participation; Plano Nacional do Turismo; CONETUR.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama das Relações entre os diversos atores que compõem o Sistema 23
de Gestão do Ministério do Turismo
Figura 2 - Macro Programas do Plano Nacional do Turismo (2003/2007) 31
Figura 3 – Macro Programa 1: Gestão e Relações Internacionais 31
Figura 4 – Estrutura de Funcionamento do CONETUR 67
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Principais Atuações do CONETUR 78


Gráfico 2 – Principais Diretrizes de Política Pública de Turismo tomadas no 79
CONETUR já implementadas e/ou encaminhadas para implementação
Gráfico 3 – Tipo de Participação identificada na tomada de decisão no CONETUR 80
Gráfico 4 – Grau de Participação dos Conselheiros do CONETUR em suas reuniões 83
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Impactos Positivos e Negativos do Turismo 17


Quadro 2 – Evolução das Políticas Públicas de Turismo no Brasil 20
Quadro 3 – Evolução dos Órgãos Oficiais de Turismo no Brasil 21
Quadro 4 - Marcos Históricos do Processo de Participação no Brasil 43
Quadro 5 – Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no 72
ano de 2003
Quadro 6 – Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no 73
ano de 2004
Quadro 7 – Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no 75
ano de 2005
Quadro 8 – Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no 76
ano de 2006
Quadro 9 – Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no 77
ano de 2007
Quadro 10 – Número de Reuniões por ano no CONETUR no período de 2003 a 83
2007
Quadro 11 – Número de Conselheiros em Reuniões Plenárias no ano de 2007 84
Quadro 12 – Atuação do CONETUR nos anos de 2003 a 2007 95
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Evolução Cronológica das Ocupações nas Atividades Características do 26


Turismo – 2000/2005
Tabela 2 – Chegada de Turistas: Mundo, América do Sul e Brasil – 2000/2007 27
Tabela 3 – Desembarque de Passageiros em Vôos Nacionais – 2000/2006 29
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
2 O CONETUR E O MODELO DE GESTÃO PARTICIPATIVA DO 17
PLANO NACIONAL DO TURISMO (PNT-2003/2007)
2.1 O PNT (2003/2007) no Contexto da Política Pública de Turismo Brasileira 17
2.1.1 Importância da Política de Estado do Turismo 17
2.1.2 Evolução Histórica da Política Nacional de Turismo 19
2.1.3 Plano Nacional do Turismo (2003 – 2007) 21
2.1.4 Os Novos Direcionamentos Legais no Âmbito Nacional – PNT (2007/2010) 32
2.2 A Participação em Conselhos 35
2.2.1 Conceito de Participação 35
2.2.2 Evolução Histórica do Processo de Participação e a Participação no Brasil 42
2.2.3 O Turismo no Nordeste e no Rio Grande do Norte e os seus Processos 44
Participativos
2.2.4 Democracia Participativa e Descentralização 51
2.2.5 Fóruns Participativos 53
3 METODOLOGIA 57
3.1 Tipo de Pesquisa 57
3.2 População e Amostra 58
3.3 Coleta de Dados 59
3.4 Análise dos Dados 61
4 Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte (CONETUR) 62
4.1 Disposições Preliminares e Competências 62
4.2 Constituição 64
4.3 Estrutura e Funcionamento 66
4.4 Atuação 71
5 CONCLUSÃO 85
REFERENCIAS 87
APENDICES 92
1 INTRODUÇÃO

A atividade turística, segundo Cavalcanti (1993), corresponde à exploração


organizada e comercial do lazer, exigindo a produção de equipamentos e serviços coletivos,
concorrendo assim, para a produção e transformação da cidade. Neste sentido, o turismo pode
ser entendido como o ato que supõe deslocamento momentâneo, com realização de gastos de
renda, cujo objetivo principal é a obtenção da satisfação e serviços, que são oferecidos através
de uma atividade produtiva que implica investimentos prévios.
Entende-se por politica pública “(...) a soma das ações empreendidas por uma
autoridade pública com vistas a resolver um problema ou manter uma situação satisfatória, em
um dominio no qual essa autoridade é ou se vê competente” (Santo et Verrier, 1997, p.88).
Todavia, as autoridades públicas não detêm mais a exclusividade na formulação de politicas,
mas atuam com outros atores governamentais ou não.
Sendo assim, implementar políticas e planos no setor turístico envolve disposição
para o estabelecimento de parcerias entre governos e iniciativa privada, espaço para a atuação
de estudiosos, pesquisadores e profissionais de áreas diversas de conhecimento e formação,
capazes de dar novos rumos não só ao turismo, mas à economia como um todo, visto que o
turismo tem um efeito multiplicador, atingindo inúmeros setores da economia.
Nesse sentido, o Brasil vem passando por uma nova fase de atuação política na
atividade turística. Até o ano de 2002, a política de turismo no Brasil não apresentava grande
evidência, pois se tratava de ações isoladas e muitas delas sem continuidade. No entanto, a
partir de 2003, várias ações foram desenvolvidas a fim de contribuir para o planejamento
turístico nacional. A principal delas foi a criação do Ministério do Turismo, acompanhado da
formulação e implementação do Plano Nacional do Turismo (2003/2007).
Esse Plano apresenta a Política de Turismo brasileira que é pautada em um
modelo de gestão baseado na descentralização, democratização e participação. Tal modelo de
gestão é apresentado através do ‘Plano de Gestão Pública do Governo Lula’, o qual visa
revitalizar o Estado baseado nas seguintes premissas: o Estado deve exercer um papel ativo na
redução das desigualdades e promoção do desenvolvimento; e a administração pública pode e
deve ser otimizada para aperfeiçoar a capacidade do governo. Os princípios norteadores para
a execução do Plano são: a redução do déficit institucional; o fortalecimento da capacidade de
formular e implementar políticas; a otimização do uso de recursos; a participação; a
transparência e a ética. (SEGES, 2003).
No âmbito desse modelo de gestão, este trabalho visa compreender a
implementação no Estado do Rio Grande do Norte do Modelo de Gestão Participativa
preconizado pelo Plano Nacional do Turismo. O seu enfoque destaca as ações do Conselho
Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte (CONETUR), para promover a participação nas
políticas públicas de turismo.
Diante do que foi exposto nas considerações sobre o tema, formulou-se o seguinte
problema de pesquisa: Em que medida a atuação do Conselho Estadual de Turismo do
Rio Grande do Norte (CONETUR) promove a participação nas politicas previstas no
PNT (2003 /2007)?
Essa temática se mostra relevante, pois, tendo em vista que os cursos de turismo
no Brasil só nos anos 90 deram início à pós-graduação, a produção científica ainda é
relativamente restrita principalmente no que se refere à atuação do setor público. Dessa forma,
este trabalho pretende trazer uma contribuição acadêmica relevante e atual. Relevante por
esclarecer estruturas, métodos e processos adotados para a implementação do modelo de
Gestão Participativa do Plano Nacional do Turismo (2003/2007) e atual visto que a ação
pública se faz hoje com arranjos e combinações de atores governamentais e não
governamentais em processos participativos e em âmbito territorial.
No que concerne ao aspecto da participação, este estudo se beneficia da ampla
bibliografia existente e, ao mesmo tempo, proporciona uma visão teórico-empírica da
aplicação desse conceito pela Política de Turismo Brasileira, contribuindo assim, para
demonstrar a efetividade desse novo modelo de gestão na prática.
Por fim, complementando a justificativa de pesquisar o tema proposto, este estudo
se insere no âmbito da trajetória acadêmica perseguida pela autora no sentido de aprofundar
seu conhecimento sobre a temática do turismo no âmbito da pesquisa e do ensino e com vistas
ainda a contribuir com a gestão pública do turismo no Estado e no país.
O objetivo da pesquisa é compreender a atuação do Conselho Estadual de
Turismo do Rio Grande do Norte (CONETUR) com vistas à implementação do modelo de
gestão participativa do Plano Nacional do Turismo (PNT 2003/2007).
De modo a se alcançar o objetivo geral pretendido, estabeleceu-se os seguintes
objetivos específicos, a serem pesquisados no CONETUR:
1. Entender em que consistem as principais ações do CONETUR;
2. Identificar quais as diretrizes de políticas públicas em turismo já tomadas e
encaminhadas à implementação;
3. Verificar o grau de participação dos conselheiros nas reuniões;
4. Verificar o tipo de participação na tomada de decisão;
5. Perceber as principais dificuldades da implementação desse modelo de gestão
preconizado pelo Plano Nacional do Turismo.
No primeiro objetivo específico, buscou-se entender em que consistem as
principais atuações do CONETUR, de acordo com os temas discutidos nas reuniões plenárias
no período de 2003 a 2007.
No segundo objetivo, almejou-se identificar as diretrizes de políticas públicas em
turismo já tomadas e encaminhadas à implementação de acordo com os Conselheiros.
No terceiro objetivo específico, buscou-se verificar o grau de participação dos
conselheiros nas reuniões de acordo com a opinião dos mesmos e com a folha de presença das
atas dessas reuniões.
No quarto objetivo, buscou-se verificar o tipo de participação na tomada de
decisão. Se é concentrada em Conselheiros líderes, se é democrática, ou até mesmo se é
inexistente.
No quinto objetivo, almejou-se perceber as principais dificuldades da
implementação desse modelo de gestão preconizado pelo Plano Nacional do Turismo, onde se
buscou verificar se essas dificuldades se enquadrariam na falta de tempo dos conselheiros, ou
em interesses conflitantes, ou mesmo na desmotivação.
De modo a propiciar ao leitor uma melhor compreensão do objeto de estudo desta
dissertação e a atingir os objetivos nela propostos, organizou-se o trabalho em cinco capítulos,
sendo a presente introdução o capítulo um. No capítulo dois, é feita uma abordagem acerca do
CONETUR e o Modelo de Gestão Participativa do Plano Nacional do Turismo (PNT –
2003/2007), a partir da revisão da literatura. Na organização deste capítulo, que é
relativamente longo em função da importância do assunto e da quantidade de informações que
se achou por bem incluir, buscou-se dividir a temática em itens de modo a facilitar a sua
elaboração e leitura. Dessa forma, na primeira parte se faz uma discussão acerca do Plano
Nacional do Turismo no Contexto da Política Pública de Turismo Brasileira e na segunda
parte, se discute a Participação em Conselhos e especialmente no CONETUR.
O terceiro capítulo versa sobre os procedimentos metodológicos, ou seja, nele é
discutida a forma como foi realizado o trabalho, especificando o tipo de pesquisa, a população
e amostra e a forma de coleta e tratamento dos dados.
O capítulo quatro trata dos resultados da pesquisa documental e da pesquisa de
campo, que é a atuação do CONETUR. Este capítulo se inicia com as disposições
preliminares e competências que lhes são atribuídas. Em seguida, se faz uma abordagem sobre
a constituição deste Conselho. Logo após, é apresentada a estrutura do mesmo. E por fim, a
atuação propriamente dita.
O quinto e último capítulo deste trabalho, traz uma breve conclusão acerca do
estudo desenvolvido, buscando contribuir com o avanço do conhecimento em relação ao
assunto estudado, bem como com a melhoria da experiência estudada.
2 O CONETUR E O MODELO DE GESTÃO
PARTICIPATIVA DO PLANO NACIONAL DO TURISMO
(PNT – 2003/2007)

2.1 O PNT (2003/2007) no Contexto da Política Pública de Turismo


Brasileira

2.1.1 Importância da Política de Estado do Turismo

O turismo é uma atividade de prestação de serviços que abrange uma série de


setores da economia, bem como influi intensamente no meio ambiente e na sociedade, tanto
no que diz respeito aos benefícios proporcionados por essa atividade, quanto aos malefícios
gerados por ela. Portanto, faz-se necessário que haja uma política pública de turismo com a
finalidade de regulamentar e desenvolver a atividade turística.
Os principais impactos tanto positivos quanto negativos que podem ocorrer no
Turismo são de ordem econômica, social, cultural e ambiental, conforme pode ser verificado
no quadro 1 a seguir:
IMPACTOS POSITIVOS NEGATIVOS
ECONÔMICOS Aumento da renda Aumento sazonal de
Criação de trabalho preços
Provisão de divisas Especulação imobiliária
Desenvolvimento
intersetorial
SOCIAIS Fortalecimento dos laços Aceleração de tendências
comunitários sociais indesejáveis, como
Aumento do interesse dos a urbanização excessiva,
moradores locais em por exemplo
eventos regionais Turismo sexual
CULTURAIS Preservação dos valores Descaracterização local
culturais
Surgimento de novas
idéias, a partir da abertura
para outras culturas
AMBIENTAIS Conservação ambiental Poluição ambiental
através da criação de Poluição visual
APA’s (Áreas de Devastação
Preservação Ambiental) Contaminação
Extinção animal
QUADRO 1 – Impactos Positivos e Negativos do Turismo
FONTE: dados extraídos de Barretto (2005), Gonçalves e Serafim (2006) e Beni (2006).

Vale destacar que em relação aos impactos negativos socioculturais nas


comunidades receptoras de turismo, estes podem chegar até o ponto extremo de provocar total
desencanto ou desilusão (BENI, 2006), identificado em quatro estágios de manifestação,
percorrendo a seguinte seqüência: euforia à presença dos turistas e dos investidores da área de
turismo; apatia, em que os contatos entre residentes e visitantes respondem a interesses
comerciais; irritação, quando os residentes começam a ter dúvidas quanto aos benefícios do
turismo, que parecem ser menores do que os custos; e por fim, o antagonismo aberto, quando
a comunidade acha que os turistas são culpados de todos os males (BARRETTO, 2005).
É por causa desses impactos tanto positivos quanto negativos, que a atividade
turística necessita da formulação de políticas públicas que, segundo Cruz (2002, p. 40)
significa o: “(...) conjunto de intenções, diretrizes e estratégias estabelecidas e/ou ações
deliberadas, no âmbito do poder público, em virtude do objetivo geral de alcançar e/ou dar
continuidade ao pleno desenvolvimento da atividade turística num dado território”.
Mesmo sabendo-se da importância da política de estado do turismo, a realidade do
processo de formulação de políticas públicas de turismo é mostrada por Solha (2006), como
algo que só acontece quando o setor turístico adquire importância econômica ou quando
começa a causar transtornos. Antes disso, segundo a autora, a atividade turística caracteriza-se
pela espontaneidade, com pouco ou nenhum controle de seu desenvolvimento, obedecendo
apenas à lei do mercado.
Nesse sentido, a atuação do Estado no desenvolvimento da atividade turística é
dividida por Fayos-Sola (1996) em três gerações: a primeira geração da política de turismo é
denominada pelo autor de Era Artesã e corresponde ao período de 1930 até o final dos anos de
1960. A preocupação maior das políticas de turismo nessa geração era o incremento
quantitativo do turismo de massa, a fim de: contribuir para o equilíbrio da balança de
pagamentos, melhorar os níveis de renda, propiciar a criação de empregos e promover o
desenvolvimento econômico do país receptor.
A segunda geração da política de turismo vai de 1970 até o início dos anos de
1980. Nesse período começa a existir maior articulação entre a política econômica geral e a
política setorial de turismo. Também começa a haver maior preocupação com os efeitos
negativos originados pelo turismo de massa e o poder público procura criar mecanismos para
regular e ordenar o crescimento da atividade. Os objetivos das políticas de turismo são
redefinidos a fim de que este possa contribuir para o bem-estar da população residente.
A terceira e atual geração da política de turismo começa a partir de meados dos
anos de 1980. O objetivo principal dessa geração, denominada Nova Era do Turismo, é criar
um ambiente que propicie condições mais satisfatórias para a competitividade das empresas e
destinos turísticos.
2.1.2 Evolução Histórica da Política Nacional de Turismo

A atividade turística teve sua expansão no Brasil pautada, segundo Cavalcanti


(1993), no avanço progressivo do processo de crescimento urbano. Para a autora, o turismo
foi se constituindo num dos aspectos mais expressivos do lazer pela sua particularidade de
gerador de rendas e divisas, passando a ser explorado no País com esse enfoque,
diferentemente dos países desenvolvidos que priorizam o turismo como fonte restauradora da
força de trabalho para absorção de mão-de-obra.
No Brasil, as políticas públicas de turismo começaram a ser elaboradas no final da
década de 1960 com o Plano Nacional de Turismo (que não chegou a efetivar-se), idealizado
em 1969. O plano previa a formação de “zonas turísticas prioritárias”, como se fossem pólos
de desenvolvimento. Entretanto, o fato de a primeira política nacional de turismo ser
implementada apenas em 1966 não significa que não tenha havido anteriormente outras
políticas federais para a atividade.
A Política Nacional de Turismo teve suas primeiras atuações através de decretos e
leis, como pode ser verificado no quadro 2 a seguir.
DATA DECRETO/LEI AÇÃO ESTABELECIDA
30/11/1937 Lei n° 25 Definiu a proteção aos monumentos de
interesse histórico e artístico nacionais
23/07/1940 Decreto n° 2.240 Regulou as atividades das agências de viagens
e turismo
1953 - Foram criados os órgãos municipais de
turismo das prefeituras de Belo Horizonte,
Recife e Salvador
21/11/1958 Decreto n° 44.863 Instituiu a Comissão Brasileira de Turismo
20/05/1965 Decreto n° 56.303 Determinou a obrigatoriedade do registro na
Divisão de Turismo e Certames do Ministério
da Indústria e do Comércio para o
funcionamento das agências de turismo
23/05/1965 Decreto n° 58.483 Dispunha sobre empresas de turismo
06/09/1966 Decreto n° 59.193 Dava nova redação ao decreto anterior sobre
serviços das agências de viagens
18/11/1966 Decreto-lei n° 55 Criou o Conselho Nacional de Turismo –
CNTur e a Empresa Brasileira de Turismo -
EMBRATUR
28/03/1991 Lei 8.181 Reestruturou a EMBRATUR
1992 - Foi criado o Plano Nacional do Turismo -
Plantur
1996 - Foi criada a Política Nacional de Turismo –
1996/1999
QUADRO 2 – Evolução das Políticas Públicas de Turismo no Brasil
FONTE: dados extraídos de Cavalcanti (1993).

A partir dessas datas, decretos e/ou leis e ações estabelecidas, Cruz (2002) dividiu
a política nacional do turismo brasileiro em duas fases. A primeira ela chamou de “pré-
história” jurídico-institucional das políticas nacionais de turismo, pois nessa fase, que vai até
1966, essas políticas eram resultantes de diplomas legais desconexos e restritos a aspectos
parciais da atividade, fundamentalmente à regulamentação de agências de viagens e de
turismo.
A segunda fase teve seu início a partir da promulgação do Decreto-lei 55 de 18 de
novembro de 1966, que define e institui, pela primeira vez, uma política nacional de turismo e
cria ainda os organismos oficiais para levar a cabo sua efetivação. Esse período vai até 1991,
com a revogação daquele Decreto-lei, pela Lei 8.181 de 28 de março, que reestrutura a
Embratur e dá início ao que a autora considera o terceiro período da história das políticas
nacionais de turismo do país, que se estende até o momento atual.
Em relação a esse momento atual, é importante destacar que em 2003 foi criado o
Ministério do Turismo, e em seqüência a este, o Plano Nacional do Turismo (2003/2007). Em
2007 já foi lançada uma segunda fase desse Plano, o PNT (2007/2010). Outra importante
reestruturação realizada a partir de 2003 foi o redirecionamento do Instituto Brasileiro do
Turismo - EMBRATUR para atuar exclusivamente no mercado externo, sendo responsável
pela promoção, o marketing e o apoio à comercialização do destino Brasil no exterior.
Além da evolução das políticas públicas de turismo no Brasil, se faz relevante
mostrar uma relação entre os órgãos oficiais de turismo no decorrer da história do Brasil, bem
como o período de tempo em que estiveram vigentes, conforme pode ser verificado no
Quadro 3.

PERÍODO DE TEMPO ÒRGÃO


1939-1945 Divisão de Turismo
1946-1946 Departamento Nacional de Informações, do Ministério da Justiça e
Negócios Interiores
1947-1958 Departamento Nacional de Imigração, posterior Instituto Nacional de
Imigração e Colonização do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio
1958-1962 Comissão Brasileira de Turismo – Combratur, subordinada diretamente
à Presidência da República
1961-1962 Divisão de Turismo e Certames
1961-1965 Departamento Nacional do Comércio, do Ministério da Indústria e do
Comércio
1966-1989 Ministério da Indústria e do Comércio
1990-1991 Secretaria do Desenvolvimento Regional da Presidência da República
1992-1997 Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo
1998-2002 Ministério do Esporte e Turismo
Desde 2003 Ministério do Turismo
QUADRO 3 – Evolução dos Órgãos Oficiais de Turismo no Brasil
FONTE: dados extraídos de Cavalcanti (1993).

É possível verificar a partir da observação do quadro 3 que houve uma evolução


em relação à ordem de importância dada à atividade turística, e isso se deve ao fato dela ser
uma atividade relativamente nova, onde teve seu impulso a partir da década de 1950 devido às
duas grandes guerras mundiais que proporcionaram um avanço tecnológico de extrema
importância para o turismo.

2.1.3 Plano Nacional do Turismo 2003/2007

a) Conceito de Participação e Gestão Participativa do PNT (2003/2007)

A partir da criação do Ministério do Turismo em 2003, em 29 de abril do mesmo


ano foi instituído o Plano Nacional do Turismo (PNT-2003/2007), como proponente de um
modelo de gestão baseado na descentralização e na participação, pretendendo atingir em
última instância o município. Entretanto, ainda não se verifica a presença forte dos municípios
em consonância com a Política Nacional, visto que se evidencia de forma mais intensa a
relação da política federal com as políticas estaduais de turismo através do FORNATUR –
Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo.
Acredita-se, contudo, que isso seja um ponto favorável a certa tendência de que se
efetive essa inter-relação da política nacional com as políticas municipais, haja vista que o
Fórum Nacional de Secretários concentra as demandas oriundas dos Estados e Municípios
(Mtur, 2003). O que falta ainda é um maior desenvolvimento das políticas municipais e uma
posterior relação dessas políticas com o fórum estadual. Poderia ser criado, por exemplo, um
“Fórum Estadual de Secretários e Dirigentes Municipais de Turismo”, a exemplo do Fórum
Nacional.
Contudo, foram criados, semelhantes a esse, Fóruns Estaduais de Turismo, que
não concentram apenas representantes municipais (o que pode ser um fator desfavorável para
se “ouvir” e atender as demandas dos municípios), mas são compostos pelo Secretário ou
Dirigente Estadual, de um representante designado pelo Ministério do Turismo, pelas
entidades públicas e privadas participantes do Conselho Nacional, por intermédio de suas
representações regionais, pela representação dos Municípios, pelas Instituições de Ensino
Superior/Turismo, e demais entidades de relevância estadual vinculadas ao turismo.
O Fórum Estadual tem como atribuição o cumprimento de um papel fundamental
para a operacionalização das políticas formuladas pelo núcleo estratégico, constituindo-se em
um canal de ligação entre o Governo Federal e os destinos turísticos. Ainda como parte da
política de descentralização, os Municípios são incentivados a criar os Conselhos Municipais
de Turismo e organizarem-se em consórcios para formar Roteiros Integrados, ofertando um
conjunto de produtos turísticos. (MTur, 2003).
Na execução das Ações e Programas do Plano Nacional do Turismo, o Ministério
do Turismo se diz primar pela forma participativa com ampla discussão nas regiões brasileiras
realizando reuniões regulares e envolvendo todos os setores representativos do turismo,
organizados no Conselho Nacional de Turismo e suas 10 Câmaras Temáticas, nos Fóruns e
Conselhos Estaduais de Turismo e o Fórum de Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo,
buscando constituir um processo dinâmico de construção permanente.
Para visualizar melhor como se compõem as relações entre os diversos atores que
compõem o Sistema de Gestão do Ministério do Turismo, pode-se observar a figura 1 a
seguir:
FÓRUM DOS
MINISTÉRIO DO CONSELHO NACIONAL
SECRETÁRIOS
TURISMO DO TURISMO
ESTADUAIS

ELABORA: DISPONIBILIZA:

- Políticas - Recursos da informação


- Programas MONITORA - Recursos de capital
- Ações - Recursos de gestão e
- Parcerias orientações estratégicas

FÓRUNS ESTADUAIS DE TURISMO

Ações:
Otimiza e ordena as demandas, propõe soluções dos problemas e “obstáculos”, prioriza as ações
emanadas da política e apoio a atuação dos extensionistas.

MONITORA

REGIÕES/ROTEIROS INTEGRADOS E MUNICÍPIOS

FIGURA 1 – Diagrama das Relações entre os diversos atores que compõem o Sistema de Gestão do Ministério do Turismo
FONTE: Plano Nacional do Turismo (2003/2007, p. 14).

Tratando-se do Conselho Nacional de Turismo, este tem sido ampliado desde a


sua instalação em 2003 e conta, atualmente, na sua composição, com a participação de 63
representantes dos diversos setores do governo e da sociedade civil. No âmbito do Conselho,
foram criadas 10 câmaras temáticas com o objetivo de aprofundar o debate quanto à definição
de políticas e execução de ações em temas específicos: Financiamento e Investimento, Infra-
estrutura, Legislação, Qualificação Profissional, Qualificação da Superestrutura, Promoção e
Apoio a Comercialização, Regionalização, Segmentação, Tecnologia da Informação, Turismo
Sustentável e Infância.
Sobre o Fórum Nacional de Secretários, o Plano afirma que ele é um órgão
informal, consultivo, constituído pelos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, que
auxiliam no apontamento de problemas e soluções, concentrando as demandas oriundas dos
Estados e Municípios. Não se explica ao longo do Plano, contudo, em que sentido o Fórum
Nacional de Secretários é “informal”, o que soa de uma maneira confusa, visto que esse seria
um órgão de natureza formal, pois trata da Política Nacional de Turismo.
O Plano Nacional do Turismo (2003/2007) afirma ter sido elaborado de forma
participativa dentro de um processo permanente de discussão e atualização, de acordo com as
necessidades inerentes à dinâmica do setor. Esta participação teria acontecido através de duas
reuniões coordenadas pelo Ministro do Turismo, onde foram explicitadas as idéias iniciais e
solicitado o envio de sugestões e apontamento dos principais problemas, buscando obter um
amplo espectro de opiniões sobre as dificuldades do turismo no Brasil e as alternativas de
solução destes problemas.
A primeira reunião contou com a participação de todas as entidades, instituições e
empresas de portes nacionais e representativas no segmento turístico. A segunda reunião
contou com a presença dos secretários e dirigentes estaduais de turismo e presidentes de
empresas públicas de turismo. Esta ação inicial resultou num enorme volume de contribuições
que foram sistematizadas e agrupadas em eixos temáticos de interesse, sobre os quais se
assentou inicialmente o Plano Nacional do Turismo. A presença e participação maciça de
dirigentes estaduais de turismo, de entidades não governamentais e representantes do setor
privado referendaram a proposta inicial do Plano. Entretanto, surge a indagação se apenas
duas reuniões representam um “processo permanente de discussão e atualização” para a
elaboração do Plano, onde inclusive os participantes da primeira reunião não eram os mesmos
da segunda.
Além de uma proposta inicial de gestão descentralizada e participativa, podem-se
observar também algumas inserções ao longo do Plano referentes a esses aspectos. Na meta
n° 5, por exemplo, que consiste em “Ampliar a oferta turística brasileira, desenvolvendo no
mínimo três produtos de qualidade em cada estado da Federação e Distrito Federal”,
apresenta-se como meio de atingi-la “(...) desenvolver o turismo com base no princípio da
sustentabilidade, trabalhando de forma participativa, descentralizada e sistêmica, estimulando
a integração e a conseqüente organização e ampliação da oferta” (Mtur, 2003, p. 31). O Plano
quis dizer com isso que o desenvolvimento de três produtos de qualidade em cada estado da
Federação partiria de uma demanda dos próprios estados, demonstrando assim, uma forma
descentralizada de se gerir, visto que se fosse uma política centralizada, o Ministério teria
decidido quais produtos turísticos seriam esses, sem a participação dos estados e municípios.
Outro exemplo prático da gestão participativa proposta pelo Plano pode ser
observado no Macro Programa 1 que trata da “Gestão e Relações Institucionais” (Mtur, 2003,
p. 33), quando fala-se que:

As várias interfaces para o desenvolvimento do turismo necessitam de uma


permanente articulação entre os diversos setores públicos e privados, no sentido de
agilizar soluções, eliminar entraves burocráticos, compartilhar decisões e facilitar
a participação de todos os envolvidos no processo de crescimento do setor.
Isso quer dizer que cabe ao Ministério do Turismo estabelecer as diversas
interfaces com os distintos Ministérios e órgãos governamentais dos quais o turismo depende,
direta e indiretamente, além de fortalecer os canais representativos da iniciativa privada para
solidificar a interlocução com o poder público.
O Macro Programa 4, que trata da “Estruturação e Diversificação da Oferta
Turística”, considera como “(...) fundamental a participação dos governos estaduais e de
parceiros estratégicos do setor privado (...)” (Mtur, 2003, p. 37), para a realização de um
planejamento consistente a fim de executar as ações necessárias para estruturar e qualificar os
roteiros turísticos integrados. Isso demonstra a importância dada pelo Ministério à
participação dos Estados na formulação de políticas, principalmente em se tratando de roteiros
integrados como é o caso deste macroprograma.
A partir desses destaques sobre gestão participativa ao longo do Plano, observa-se
que a proposta de gestão nesse documento refere-se à atuação efetiva dos estados e
municípios no processo de planejamento da política pública de turismo brasileira. Portanto,
infere-se que o conceito de participação proposto pelo Plano Nacional diz respeito à presença
das três esferas de governo e dos principais representantes do trade turístico na política
nacional.

b) Objetivos e Metas

Os objetivos gerais do Plano Nacional do Turismo (2003/2007) correspondem a:


“desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, contemplando nossas diversidades
regionais, culturais e naturais”; e “estimular e facilitar o consumo do produto turístico
brasileiro nos mercados nacional e internacional”. Como se pode observar, a política de
turismo proposta pelo Plano Nacional está centrada em dar qualidade ao produto turístico
brasileiro, e em seguida promover o consumo do mesmo.
Os objetivos específicos apresentam-se como um meio de se atingirem os dois
objetivos gerais, pois pretendem:
Dar qualidade ao produto turístico.
Diversificar a oferta turística.
Estruturar os destinos turísticos.
Ampliar e qualificar o mercado de trabalho.
Aumentar a inserção competitiva do produto turístico no mercado
internacional.
Aumentar a taxa de permanência e gasto médio do turista.

A fim de quantificar esses objetivos, para se obter uma melhor visualização do


que se quer atingir, foram traçadas cinco metas mobilizadoras para o período de 2003 a 2007,
sendo elas: a) criar condições para gerar 1.200.000 novos empregos e ocupações; b) aumentar
para 9 milhões o número de turistas estrangeiros no Brasil; c) gerar 8 bilhões de dólares de
divisas; d) aumentar para 65 milhões a chegada de passageiros nos vôos domésticos; e e)
ampliar a oferta turística brasileira, desenvolvendo no mínimo três produtos de qualidade em
cada estado da Federação e Distrito Federal.
Faz-se importante mostrar qual era a situação do turismo no Brasil nesses aspectos
abordados pelas metas mobilizadoras antes de 2003 (a partir de 2000, principalmente no ano
de 2002) e também dados relativos aos anos posteriores a este (até 2007), para que se tenha
um parâmetro de quanto se pretendia avançar com a política proposta pelo Plano Nacional e o
quanto realmente se avançou, ou seja, verificar em que nível essas metas foram alcançadas.
Em relação à meta a, que planeja criar condições para gerar 1.200.000 novos
empregos e ocupações no período de 2003 a 2007, pode-se observar a partir da tabela 1 a
seguir, que em 2002 o número total de ocupações nas atividades características do turismo era
de 7,8 milhões. Em 2005, esse número chegou a 8,1 milhões, que representa um aumento de
cerca de 300 mil ocupações. Considerando uma projeção linear de crescimento, em 2007 teria
se chegado a um aumento de 601.448 ocupações, o que se distancia consideravelmente da
meta idealizada de 1.200.000 novos empregos e ocupações, ou seja, a meta teria sido atingida
apenas em 51,2%.
OCUPAÇÕES NAS ATIVIDADES CARACTERÍSTICAS DO TURISMO
TIPO DE INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
ANO
Sem vínculo formal TOTAL
Com vínculo formal (1)
Sem carteira (2) Autônomo (3)
2000 2.695.664 1.450.965 3.056.771 7.203.400
2001 2.989.770 1.468.277 3.063.427 7.521.474
2002 3.165.681 1.511.660 3.134.823 7.812.164
2003 3.303.006 1.511.535 3.107.599 7.922.140
2004 3.002.158 1.605.937 3.201.008 7.809.103
2005 3.308.009 1.594.728 3.210.151 8.112.888
TABELA 1 – Evolução Cronológica das Ocupações nas Atividades Características do Turismo – 2000/2005
FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais, Sistema de Contas Nacionais (2008).
(1) Ocupação com vínculo formal: ocupações com carteira de trabalho assinada, funcionários públicos estatutários,
militares e empregadores de empresas formalmente constituídas. (2) Ocupação sem carteira: ocupações sem carteira de
trabalho assinada. (3) Ocupação autônoma: ocupações por conta própria, empregadores de unidades informais e trabalho
não remunerado.
Mesmo sendo apresentada como prioridade pelo Plano, visto que o desemprego é
um dos maiores problemas conjunturais do Brasil, a meta a não foi atingida, indo de encontro
aos dados do próprio Plano que afirmam que o turismo foi, ao longo dos últimos anos, um dos
setores que mais colaborou com a geração de novos empregos e para o reaproveitamento da
mão-de-obra de outros setores. Talvez esses dados e a estatística da Organização Mundial do
Turismo de que a atividade turística é responsável por 1 em cada 9 empregos gerados no
mundo, tenha originado uma grande expectativa para os gestores do turismo nacional, porém,
muito distante da realidade.
Além desses fatores, se faz importante mostrar a partir da observação da tabela 1,
que a quantidade de ocupações sem vínculo formal nas atividades características do turismo é
maior do que a quantidade de ocupações com vínculo formal. Isso demonstra que o discurso
dos políticos que diz que “o turismo é gerador de emprego e renda” não é de fato tão real, pois
o turismo gera muito mais ocupações do que emprego em si, apresentando a instabilidade de
se trabalhar nessa área.
Fazendo referência à meta b que pretende aumentar para 9 milhões o número de
turistas estrangeiros no Brasil entre os anos de 2003 e 2007, observa-se que em 2002, o
número de chegadas de turistas estrangeiros no Brasil era de 3,8 milhões. Se a meta era
aumentar para 9 milhões, teria que haver um acréscimo de 5,2 milhões de chegadas.
Entretanto, em 2007, o Brasil recebeu apenas 6,4 milhões de turistas estrangeiros, tendo
havido um aumento de apenas 2,6 milhões, o que demonstra que a meta b, assim como a meta
a foi parcialmente atingida (em 50%), como pode ser verificado na tabela 2 que segue.

ANO TURISTAS (MILHÕES DE CHEGADAS)


Mundo América do Sul Brasil
Total Variação Total Variação Total Variação
Anual (%) Anual (%) Anual (%)
2000 689,2 6,00 15,2 0,66 5,3 3,92
2001 688,5 (0,10) 14,6 (3,95) 4,8 (9,43)
2002 708,9 2,96 12,7 (13,01) 3,8 (20,83)
2003 696,6 (1,74) 13,7 7,87 4,1 7,89
2004 765,5 9,89 16,2 18,40 4,8 17,07
2005 802,5 4,83 18,2 12,20 5,4 12,50
2006 845,5 5,36 18,7 2,75 5,0 (7,41)
2007 --- --- --- --- 6,4 28,00
TABELA 2 – Chegada de Turistas: Mundo, América do Sul e Brasil – 2000/2007
FONTE: Organização Mundial do Turismo – OMT (2008)

A meta b é considerada pelo Plano como um “enorme desafio”, visto que nos dois
últimos anos que antecederam a formulação do Plano (2001 e 2002), o número de turistas
estrangeiros no Brasil caiu consideravelmente (9,43% e 20,83% respectivamente, como
também podem ser observados na tabela 2). Esses resultados são justificados pelo Plano como
sendo conseqüência da crise econômica mundial, em especial a crise Argentina, o baixo
crescimento do Brasil e os atentados de 11 de setembro.
A proposta do Plano (PNT – 2003/2007, p. 25) na meta b então é fazer uma:

(...) promoção diferenciada para o mercado internacional, de maneira contínua,


difundindo uma nova imagem de país moderno, com credibilidade e com produtos
de qualidade, que, além de propiciar o turismo de lazer aos visitantes, deve oferecer
oportunidade de negócios, eventos e incentivo.

Para realizar tal promoção, o Plano pretende integrar a esta “imagem de país
moderno”, a essência brasileira, sua cultura, sua diversidade étnica, social e as diferentes
regiões do país, através de articulações entre agentes públicos e privados para realizar ações
consistentes de promoção. Dessa forma, pretendia-se alcançar taxas de crescimento acima de
15% ao ano, atingindo os 9 milhões de turistas almejados para o ano de 2007.
Considerando que essa meta parte de condições ótimas de mercado e que, em uma
conjuntura que o Plano chama de “boa”, atingir-se-ia a possibilidade de chegada de 7,5
milhões de turistas estrangeiros em 2007, tem-se a conclusão de que o mercado esteve no
período de 2003 a 2007, em condições ruins, visto que só atingiu a marca de 6,4 milhões de
chegadas.
Levando à análise a meta c que consiste em gerar 8 bilhões de dólares de divisas,
em dezembro de 2007 o Banco Central divulgou dados de que os gastos de turistas
estrangeiros em visita ao Brasil, em janeiro-novembro de 2007, totalizaram US$ 4,48 bilhões,
com uma projeção de se atingir os US$ 4,9 bilhões em dezembro de 2007, o que corresponde
a 61,2 % da meta proposta.
Essa meta partiu de uma receita de 3,12 bilhões de dólares no final de 2002 e
contou com a perspectiva de que se aumentasse o fluxo de turistas, estimado em 9 milhões até
2007 (de acordo com a meta b), bem como o tempo de permanência e o aumento do gasto
médio per capita do turista. Em 2001, por exemplo, foram registrados 12,2 dias de
permanência média e US$ 81,21 de gasto médio per capita. O Plano não define em quanto se
pretendia aumentar esses valores específicos, contribuindo talvez para o insucesso do
planejamento. Fala-se apenas na maneira pela qual se conseguiria atingir tal aumento, qual
seja através da contemplação da diversidade cultural e regional brasileira, o incremento à
comercialização de novos produtos de lazer, negócios, eventos e incentivos, os quais, segundo
o Plano, proporcionariam ao visitante estrangeiro um leque ampliado de opções, criando
condições para o aumento do tempo de permanência do turista no Brasil.
Assim como a meta b, a meta c também está relacionada com as condições ótimas
de mercado, as quais consideram a entrada de 9 milhões de turistas estrangeiros. Para uma
conjuntura considerada pelo Plano como “boa”, foi projetada a geração de US$ 7,1 bilhões
em divisas até o ano de 2007, o que confirma que o mercado esteve realmente em condições
ruins ou que a política não foi eficiente.
A partir da análise da tabela 3 seguinte, se pode perceber que a meta d, que propõe
aumentar para 65 milhões a chegada de passageiros nos vôos domésticos, foi bastante
audaciosa, visto que pretendia dobrar a quantidade de vôos em cinco anos (em 2002 tinha-se
um total de 32,9 milhões de vôos domésticos). O valor a que se chegou em 2007 foi a marca
de quase 50 milhões de vôos, o que corresponde ao alcance de 77,7 % da meta proposta.

ANO DESEMBARQUE NACIONAL


Vôos Variação Vôos não- Variação Total Variação
regulares anual (%) regulares anual (%) anual (%)
2000 26.934.289 7,87 2.037.032 18,37 28.971.321 8,54
2001 30.071.216 11,65 2.544.680 24,92 32.615.896 12,58
2002 30.250.808 0,60 2.694.476 5,89 32.945.284 1,01
2003 28.534.658 (5,67) 2.207.379 (18,08) 30.742.037 (6,69)
2004 33.727.312 (18,20) 2.827.213 28,08 36.554.525 18,91
2005 39.877.656 18,24 3.218.172 13,83 43.095.828 17,89
2006 43.618.632 9,38 2.727.196 (15,26) 46.345.828 7,54
2007 --- --- --- --- 49.996.000 7,88
TABELA 3 – Desembarque de Passageiros em Vôos Nacionais – 2000/2006
FONTE: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária – INFRAERO (2007)

Considera-se a meta d como “audaciosa” porque se confiou em aspectos instáveis


da economia mundial, como a alta do dólar nos anos de 2001 e 2002, por exemplo. Além
disso, o Plano destacou que mesmo mantendo-se a relação cambial dólar/real, algumas
intervenções deveriam ser feitas, como: oferta de novos produtos; fortalecimento dos
segmentos; melhoria nos aeroportos de menor porte; e normatização da atividade e
capacitação profissional, intervenções essas que não são tão simples de serem feitas.
Por fim, tratando-se da meta e a qual pretendia ampliar a oferta turística brasileira,
desenvolvendo no mínimo três produtos de qualidade em cada estado da Federação e Distrito
Federal, o que corresponde a 81 produtos, esta meta foi “aparentemente superada”, pois já em
2005 foram apresentados 451 produtos turísticos compostos por 959 municípios de 134
regiões turísticas, alguns desses produtos envolviam vários municípios e outros eram
compostos apenas de um município (MTur, 2006).
Diz-se “aparentemente superada” porque em quantidade de produtos a meta foi
superada significativamente em 278 %, porém em relação à qualidade dos produtos não há
dados claros sobre isso. O que se tem é um dado de 87 roteiros turísticos que estavam sendo
trabalhados para obtenção de padrão internacional de qualidade entre os anos de 2005 e 2006.
Porém, o PNT – 2007/2010, o qual se mostra como uma continuação da política proposta pelo
PNT – 2003/2007 (fora algumas inovações), vem propor a priorização de 65 destinos
turísticos para alcançar a meta de padrão de qualidade internacional, isso mostra claramente
que a meta proposta pelo PNT (2003/2007) não foi atingida, visto que foi modificada
(reduzida) para se trabalhar por mais quatro anos (2007/2010).

c) Macro Programas, Programas e Ações

Os Macro Programas são desdobramentos temáticos que foram escolhidos pelo


seu potencial de contribuição para atingir os compromissos estabelecidos nos objetivos e
metas para o turismo do Brasil no período 2003/2007. Os Macro Programas se dispõem em
sete e são de fundamental importância para o bom desempenho da Gestão Pública do Turismo
Brasileiro. Cada um deles é responsável por um setor dessa gestão e estão relacionados a
seguir na figura 2.
MACRO PROGRAMAS DO PLANO NACIONAL DO TURISMO (2003/2007)

MACRO MACRO MACRO MACRO


PROGRAMA 1: PROGRAMA 2: PROGRAMA PROGRAMA 4:
GESTÃO E FOMENTO 3: INFRA- ESTRUTURAÇÃO
RELAÇÕES ESTRUTURA E
INTERNACIONAIS DIVERSIFICAÇÃO
DA OFERTA
TURÍSTICA

MACRO PROGRAMA 5: MACRO PROGRAMA


QUALIDADE DO 6: PROMOÇÃO E MACRO
PRODUTO TURÍSTICO APOIO À PROGRAMA 7:
COMERCIALIZAÇÃO INFORMAÇÕES
TURÍSTICAS

FIGURA 2 – Macro Programas do Plano Nacional do Turismo (2003/2007)


FONTE: Plano Nacional do Turismo (2003/2007).

O presente trabalho faz referência ao Macro Programa 1, mais especificamente ao


Programa de Avaliação e Monitoramento do Plano Nacional do Turismo (verificar figura 3 a
seguir), buscando contribuir com dados e análises sobre a implantação deste Plano no Estado
do Rio Grande do Norte através da avaliação do CONETUR (Conselho Estadual de Turismo
do Rio Grande do Norte).

MACRO PROGRAMA 1: GESTÃO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

PROGRAMA DE PROGRAMA DE PROGRAMA DE


ACOMPANHAMENTO DO AVALIAÇÃO E RELAÇÕES
CONSELHO NACIONAL DO MONITORAMENTO DO INTERNACIONAIS
TURISMO PLANO

FIGURA 3 – Macro Programa 1: Gestão e Relações Internacionais


FONTE: Plano Nacional do Turismo (2003/2007, p. 33).

O Macro Programa 1 apresenta-se como um meio de acompanhar e avaliar a


implantação do Plano Nacional e do Conselho Nacional do Turismo, bem como promover a
participação efetiva do Brasil junto aos organismos internacionais do turismo. Para isso, o
Plano propõe realizar uma permanente articulação entre os diversos setores públicos e
privados; estabelecer as diversas interfaces com os distintos Ministérios e órgãos
governamentais dos quais o turismo depende, direta e indiretamente; fortalecer os canais
representativos da iniciativa privada para solidificar a interlocução com o poder público; e
participar efetivamente junto aos organismos internacionais do turismo.
O Macro Programa 1 tem por objetivos:
Integrar os governos federal, estadual e municipal, descentralizando o
processo de decisão no Turismo Brasileiro;
Integrar os setores público e privado e demais instituições otimizando
recursos e dando eficiência às ações;
Monitorar e avaliar os resultados do Plano Nacional do Turismo;
Participar dos fóruns internacionais de interesse do turismo.
Este trabalho se propôs a abranger o primeiro e o terceiro objetivos acima
especificados, identificando a participação na implementação do Plano Nacional do Turismo.

2.1.4 Os Novos Direcionamentos Legais no Âmbito Nacional – PNT (2007/2010)

O Plano Nacional do Turismo (2007/2010) tem como foco a inclusão social. Uma
inclusão que pode ser alcançada por duas vias: a da produção, por meio da criação de novos
postos de trabalho, ocupação e renda, e a do consumo, com a absorção de novos turistas no
mercado interno. De acordo com a Ministra de Estado do Turismo, Marta Suplicy, essa
inclusão deve ser vista na mais ampla acepção da palavra (Mtur, 2007, p. 8):

(...) inclusão de novos clientes para o turismo interno, inclusão de novos destinos,
inclusão de novos segmentos de turistas, inclusão de mais turistas estrangeiros,
inclusão de mais divisas para o Brasil, inclusão de novos investimentos, inclusão
de novas oportunidades de qualificação profissional, inclusão de novos postos de
trabalho para o brasileiro. Inclusão para reduzir as desigualdades sociais e para
fazer do Brasil um país de todos.

O PNT 2007/2010 avança na perspectiva de expansão e fortalecimento do


mercado interno, com especial ênfase na função social do turismo. Mas é também um
compromisso de continuidade das ações já desenvolvidas pelo Ministério do Turismo e pela
Embratur no sentido de consolidar o Brasil como um dos principais destinos turísticos
mundiais, além de ser uma garantia de que as ações iniciadas pelo governo federal terão
continuidade.
Essa política está pautada em algumas metas onde se pretende gerar 1,7 milhão de
empregos no setor até 2010, além de aumentar para 217 milhões o número de viagens no
mercado interno. Os investimentos em infra-estrutura e qualificação profissional intencionam
a organização de 65 destinos turísticos, distribuídos em todo o território nacional, dentro de
um padrão internacional de mercado. Tudo isso poderá permitir a entrada de US$ 7,7 bilhões
em divisas para o Brasil.
Entretanto, somente por meio de uma ação intersetorial integrada nas três esferas
da gestão pública e da parceria com a iniciativa privada, conforme a proposta do PAC –
Programa de Aceleração do Crescimento, os recursos turísticos nas diversas regiões do País se
transformarão, efetivamente, em produtos turísticos, propiciando o desenvolvimento
sustentável da atividade, com a valorização e a proteção do patrimônio natural e cultural e o
respeito às diversidades regionais.
As metas, os macroprogramas e os programas do Plano Nacional de Turismo
(2007/2010) devem ser entendidos, nesse sentido, como parte do Programa de Aceleração do
Crescimento do Governo Federal, tanto no que se refere à apropriação dos benefícios
decorrentes daquele programa para o desenvolvimento do turismo no País, quanto nos
resultados que a atividade deve proporcionar para os próximos anos, alinhando a ação setorial
com a proposta geral de gestão de governo.
O PAC propõe uma parceria entre o setor público e o investidor privado, num
processo permanente de articulação entre os entes federativos. Particularmente no que se
refere aos investimentos em infra-estrutura, estes devem se concentrar em três eixos
relacionados à infra-estrutura logística (construção e ampliação de rodovias, ferrovias, portos,
aeroportos e hidrovias); à infra-estrutura energética (geração e transmissão de energia elétrica;
produção, exploração e transporte de petróleo; gás natural e combustíveis renováveis); e à
infra-estrutura social urbana (saneamento, eletrificação, habitação, metrôs, trens urbanos e
infra-estrutura hídrica).
Com benefícios diretos sobre o desenvolvimento do turismo, pretende-se que os
investimentos em infra-estrutura do PAC propiciem, em quatro anos, a construção,
adequação, duplicação e recuperação de 42 mil quilômetros de estradas, 2.518 quilômetros de
ferrovias; a ampliação e melhoria de 12 portos e 20 aeroportos; o abastecimento de água e
coleta de esgoto para 22,5 milhões de domicílios; a infra-estrutura hídrica para 23,8 milhões
de pessoas e; a ampliação e construção de metrôs em quatro cidades turísticas; além de outros
benefícios indiretos relacionados à infra-estrutura energética e às melhores condições de
moradias para quatro milhões de famílias. O PAC prevê um total de R$ 503,9 bilhões em
investimentos para o quadriênio.
O modelo de desenvolvimento proposto pelo governo visa contemplar e
harmonizar a força e o crescimento do mercado com a distribuição de renda e a redução das
desigualdades, integrando soluções nos campos econômico, social, político, cultural e
ambiental. Isso traduz uma expectativa de resultados que vá além do lucro e da valorização do
negócio simplesmente e priorize o bem-estar social. Para o Plano, o turismo deve construir
caminhos para que possa ser efetivamente, um direito de todos, independentemente de
condição social, política, religiosa, cultural e sexual, respeitando as diferenças, sob a
perspectiva da valorização do ser humano e de seu ambiente.
Finalizando o que diz respeito aos novos direcionamentos legais no âmbito
nacional da política de turismo, apresentam-se a seguir os objetivos gerais e específicos do
PNT (2007/2010), pois são eles que orientam as metas e os macroprogramas que vão dar
suporte à implantação dessa política.
Objetivos gerais:
Desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, contemplando nossas
diversidades regionais, culturais e naturais.
Promover o turismo com um fator de inclusão social, por meio da geração de trabalho
e renda e pela inclusão da atividade na pauta de consumo de todos os brasileiros.
Fomentar a competitividade do produto turístico brasileiro nos mercados nacional e
internacional e atrair divisas para o País.
Objetivos específicos:
Garantir a continuidade e o fortalecimento da Política Nacional do Turismo e da
gestão descentralizada.
Estruturar os destinos, diversificar a oferta e dar qualidade ao produto turístico
brasileiro.
Aumentar a inserção competitiva do produto turístico no mercado nacional e
internacional e proporcionar condições favoráveis ao investimento e à expansão da
iniciativa privada.
Apoiar a recuperação e a adequação da infra-estrutura e dos equipamentos nos
destinos turísticos, garantindo a acessibilidade aos portadores de necessidades
especiais.
Ampliar e qualificar o mercado de trabalho nas diversas atividades que integram a
cadeia produtiva do turismo.
Promover a ampliação e a diversificação do consumo do produto turístico no mercado
nacional e no mercado internacional, incentivando o aumento da taxa de permanência
e do gasto médio do turista.
Consolidar um sistema de informações turísticas que possibilite monitorar os impactos
sociais, econômicos e ambientais da atividade, facilitando a tomada de decisões no
setor e promovendo a utilização da tecnologia da informação como indutora de
competitividade.
Desenvolver e implementar estratégias relacionadas à logística de transportes
articulados, que viabilizem a integração de regiões e destinos turísticos e promovam a
conexão soberana do País com o mundo.

A partir da observação desses objetivos, pode-se constatar que a política nacional


de turismo, a partir de 2007 (PNT – 2007/2010), preza pela continuidade da política anterior
(PNT – 2003/2007), através do fortalecimento da idéia inicial de desenvolver o produto
turístico brasileiro com qualidade, contemplando nossas diversidades regionais, culturais e
naturais, além de fomentar a competitividade do produto turístico brasileiro nos mercados
nacional e internacional e atrair divisas para o País. Contudo, há um novo direcionamento da
política que se remete ao fortalecimento da inclusão social como um mecanismo para
aumentar a demanda turística nacional.

2.2 A Participação em Conselhos

2.2.1 Conceito de Participação

As pessoas participam em sua família, em sua comunidade, no trabalho, na luta


política. Os países participam nos fóruns internacionais, onde se tomam decisões que afetam
os destinos do mundo. Dias Bordenave (1994) conceitua participação como “(...) fazer parte,
tomar parte ou ter parte”. A participação tende a aparecer na órbita da utopia, no bom sentido,
ou seja, como componente irrealizável da realidade. Ainda que isto pareça contraditório, de
acordo com Demo (2001), na verdade é apenas uma identidade de contrários. A utopia, por
definição, não se realiza, mas é componente da realidade.
Todavia, é erro imaginar que participação é apenas utopia. É realizável sim, muito
embora nunca de modo totalmente satisfatório. Por isso mesmo, é definida como processo
imorredouro de conquista, ou seja, nunca será suficiente, porque vive da utopia da igualdade,
da liberdade, da fraternidade totais. Não é dada, é criada. Não é dádiva, é reivindicação. Não é
concessão, é sobrevivência. Participação precisa ser construída, forçada, refeita e recriada.
As características participativas das comunidades, em sentido mais estrito, de
acordo com Demo (2001), seriam:
a) interpretação do poder como vindo de baixo para cima;
b) quem está no poder foi colocado lá pela comunidade;
c) quem está no poder deve constante prestação de contas à comunidade;
d) voto ativo e passivo geral, de tal sorte que todos podem ser indicados ao poder,
bem como todos participam no processo de indicação;
e) estabelecimento de regras comuns de jogo quanto ao exercício do poder, que
somente podem ser mudadas em assembléia geral ou por votação geral.
Contudo, apesar de existirem todas essas características de uma comunidade
participativa, a comunidade cansa, quando entra no gargalo comum da discussão infinita, da
reunião constante, da agitação pela agitação. Atinge-se facilmente nível exacerbado de
excitação política. Entretanto, esta será a maior desmotivação, quando se acaba percebendo
que a vida não melhora em nada, ou que a comunidade não passa de cobaia do agente externo,
que a estuda, a avalia, a excita e nada mais. Participar por participar é fórmula certa para
matar a participação.
Em face desse possível fracasso da participação, foi que surgiu o conceito de
planejamento participativo, que é aquele que vem, segundo Andrade (1996), pôr em contato
direto representantes das comunidades envolvidas com os organismos públicos integrantes do
plano, para uma tomada de decisão. No entanto, a idéia de planejamento participativo não é
uma idéia fácil de realizar. Em primeiro lugar, há que considerar que significa uma proposta
de junção de duas formas diferentes e, às vezes, incompatíveis de ação governamental: o
planejamento enquanto ordenamento racional, técnico e apolítico de meios e ações com vistas
a um fim, e a participação enquanto atividade política que supõe o conflito e a divergência de
interesses na sociedade.
No nível da formulação dos planos governamentais, a participação é concebida
como uma forma de torná-los instrumentos efetivos de redistribuição de renda para a
população mais pobre, na medida em que setores dessa população passam a ser ouvidos sobre
o que fazer. A participação funciona, assim, como organizadora da demanda.
No plano da implantação, a participação funcionaria no sentido da democratização
das instituições governamentais, uma vez que consiste na inclusão dos beneficiários das
políticas na arena decisória, através da criação de canais institucionalizados de participação –
conselhos, colegiados -, que teriam, entre outras coisas, a possibilidade de controlar o
processo de execução dos planos e programas.
A partir de Andrade (1996), pôde-se perceber que, teoricamente, o planejamento
participativo restrito e instrumental se concretiza dentro dos limites colocados pelas agências
governamentais e traz, num primeiro momento, muito mais vantagens para o poder público e
para os grupos políticos que o controlam do que para os participantes. É uma forma de lograr
racionalidade na alocação de recursos escassos, na medida em que o Estado divide com as
comunidades mais pobres a responsabilidade de aplicação de recursos inferiores ao necessário
para o atendimento das demandas, viabilizando-se, em termos concretos, a aceitação do
cálculo de possibilidades pelos usuários dos programas. Na medida em que o Estado absorve
os grupos organizados para enfrentamento conjunto de problemas e soluções, rompe-se pouco
a pouco, com a noção de confronto, com a visão do Estado enquanto alvo principal dos
socialmente excluídos.
Participar significa redistribuir bens e poder. Não há como evitar o confronto entre
um lado que tem mais e outro que tem menos. Se o ponto realista de partida é o
reconhecimento de que primeiro vem dominação e só depois, se conquistada, participação, o
cenário colocado é precisamente o confronto entre iguais – a minoria privilegiada – e
desiguais – a maioria desprivilegiada, que sustenta os privilégios da minoria.
Todo indivíduo tem o direito e o dever de opinar sobre os assuntos e as decisões
que afetem seus interesses, assim como sobre tudo que for de interesse comum. É evidente
que o direito de opinar não significa apenas a possibilidade de manifestar concordância.
Segundo Dallari (1983), o mais importante é justamente o direito de divergir, de discordar, de
manifestar oposição. Mas também é necessário saber enxergar o que é bom, o que é
conveniente, o que deve ser mantido ou estimulado.
O dever de participar da vida social, procurando exercer influência sobre as
decisões de interesse comum, é de todos. Esse dever tem, sobretudo, dois fundamentos: em
primeiro lugar, a vida social, necessidade básica dos seres humanos, é uma constante troca de
bens e de serviços, não havendo uma só pessoa que não receba alguma coisa de outras; em
segundo lugar, se muitos ficarem em atitude passiva, deixando as decisões para outros, um
pequeno grupo, mais atuante ou mais audacioso, acabará dominando, sem resistência e
limitações.
A participação é, certamente, uma estratégia realista, inteligente e eficaz, mas é
ainda mais do que isso. Andrade (1996) afirma que ela é um direito e é uma atitude baseada
no sentido ético e humano. Promovê-la em toda a sua extensão é, por parte dos governantes,
reconhecer que as sugestões de mudanças só deverão ser feitas com a participação da
comunidade e que a própria realização dos planos de governo só se tornará viável através
dessa participação.
Dallari (1983) acrescenta que não é difícil compreender a razão e o alcance do
reconhecimento desse direito. Se todos os seres humanos são essencialmente iguais, ou seja,
se todos valem a mesma coisa e se, além disso, todos são dotados de inteligência e de vontade
não se justifica que só alguns possam tomar decisões políticas e todos os outros sejam
obrigados a obedecer.
Participação é sempre um ato de fé na potencialidade do outro. É acreditar que a
comunidade não é destituída, mas oprimida. É assumir que pode ser criativa e co-gerir seu
destino, sem populismos e provincianismos. Demo (2001) diz que a potencialidade que uma
comunidade tem é precisamente o que construiu na história pelas próprias mãos, dentro de
condições objetivas dadas.
Existe uma gama de problemas referentes à capacidade organizacional dos grupos
pobres e aos problemas severos de ação coletiva que enfrentam – os custos da mobilização e
da participação. Coelho e Lubambo (2005, p. 29) referem-se aos problemas dos grupos pobres
ou excluídos como altos graus de exclusão social e desigualdade, que são subjacentes à ação
coletiva de qualquer grupo. Os autores dividem esses problemas em quatro tipos diferentes,
dos quais se destacam dois:

O primeiro deles é que o custo de oportunidade de participação dos grupos é muito


alto. A participação exige tempo livre e implica na renúncia à aquisição de renda
que poderia ser gerada pelo uso alternativo do tempo alocado à participação para
o trabalho remunerado. Esse custo de oportunidade também se reflete nos custos
de organização (custo de transporte entre outros) que poderiam ser transferidos
para a obtenção de renda por indivíduos pobres. O segundo fator refere-se ao fato
de que os setores pobres e excluídos têm tipicamente um baixo nível de informação
relevante sobre as políticas públicas para que possa promover a mobilização de
seus membros de forma apropriada. Os ativos e capacidades desses grupos
reduzem a sua capacidade de manejar informação relevante e convertê-la em ação
coletiva.

Por essas e outras razões, a redução das desigualdades só pode ser fruto de um
processo árduo de participação, que é conquista, em seu legítimo sentido de defesa de
interesses contra interesses adversos. Não há por que enfeitar ou banalizar este processo,
ainda que não deva em si ser necessariamente violento. Todavia, nos casos de desigualdade
extrema, dificilmente se escapará da violência, mesmo porque já está instalada no cerne do
processo.
Interessa aqui delinear o conceito de participação, a fim de retirar dele o tom vago
que muitas vezes o envolve. Demo (2001) diz que “participação é conquista” para significar
que é um “processo”, no sentido legítimo do termo: infindável, em constante vir-a-ser, sempre
se fazendo. Assim, participação é em essência autopromoção e existe enquanto conquista
processual. Não existe participação suficiente, nem acabada. Participação que se imagina
completa, nisto mesmo começa a regredir.
A partir dessa noção, coloca-se a outra, de que participação não pode ser
entendida como dádiva, como concessão, como algo já preexistente. Segundo Demo (2001)
“não pode ser entendida como dádiva”, porque não seria produto de conquista, nem realizaria
o fenômeno fundamental da autopromoção; seria de todos os modos uma participação tutelada
e vigente na medida das boas graças do doador, que delimita o espaço permitido. “Não pode
ser entendida como concessão”, porque não é fenômeno residual ou secundário da política
social, mas um dos seus eixos fundamentais; seria apenas um expediente para obnubilar o
caráter de conquista, ou de esconder, no lado dos dominantes, a necessidade de ceder. “Não
pode ser entendida como algo preexistente”, porque o espaço de participação não cai do céu
por descuido, nem é o passo primeiro.
É sempre mais fácil fazer a teoria dos obstáculos à participação, encarnados nas
questões do poder e da desigualdade. Tanto é assim, que em geral se assume como ponto de
partida a não-participação, ou a tendência histórica de coibir a conquista por parte dos
interessados de seu espaço próprio de definição.
Ao descrever-se a participação como processo de conquista da autopromoção, não
se diz que seja necessariamente uma luta sangrenta, uma guerra sem fim, uma comoção total.
A conquista da participação admite inúmeras concretizações históricas, inclusive as violentas,
se os opressores forem também violentos. Mas há igualmente formas lentas e soturnas de
conquista, como é o processo educacional, a ativação comunitária baseada na identificação
cultural, etc. Em todo caso, não existe por descuido ou por comodidade. Precisa ser
conscientemente construída. É luta neste sentido. Não há solidificação razoável de processos
democráticos sem luta, porque esta faz parte da noção dialética de conquista.
“Para uma comunidade ter voz e vez precisa organizar-se” (Demo, 2001 - P. 72).
Este processo deveria ser preocupação diária das comunidades, que com elas aprenderiam as
formas possíveis de realização participativa ou criariam suas próprias. De modo geral,
apresentam-se representantes que dificilmente o são de modo legítimo. Alguns o são pelo
carisma da liderança; outros se insinuam ou se impõem. É mais difícil encontrar o líder eleito,
aquele que representa a comunidade por delegação expressa e ordenada. Mais difícil ainda é
encontrar a comunidade que já elaborou a necessidade de instituir rodízio no poder, com
vistas a evitar a perpetuação e o conseqüente desligamento do líder face às bases, de exigir
periódicas prestações de contas, de repartir por grupos diversos de interesse cotas de
representação, de promover níveis diferenciados de participação, de inserir na formação
educativa tal preocupação como parte integrante do currículo comunitário, de assumir os
serviços públicos como interesse seu e com a conseqüente exigência de qualidade, e assim por
diante.
A participação política, por exemplo, não é apenas participação eleitoral, e muitas
vezes é mais eficiente por outros meios. Não é apenas votar e ser votado. Para Dallari (1983),
uma forma de participação em conjunto é através de reuniões. Assim, pois, a participação
política mais eficiente é a organizada, aquela que se desenvolve a partir de uma clara
definição de objetivos e que procura tirar o máximo proveito dos recursos disponíveis em
cada momento, assegurando a continuidade das ações.
Como se vê, a participação política pode ser eventual ou organizada, sendo
igualmente válidas essas duas formas, desde que exercidas com a consciência e a
responsabilidade exigidas pelo bem comum. O que não se pode admitir é que alguém se limite
à participação eventual, ocasional. É indispensável que cada um tenha alguma forma
permanente de participação, na escola, na fábrica, no escritório, nas associações, trocando
idéias e informações, sugerindo e apoiando iniciativas, fazendo um trabalho constante de
esclarecimento, de conscientização e organização, o que não exclui a hipótese de que participe
eventualmente de modo diverso.
A participação desenvolve atitudes de cooperação, integração e comprometimento
com as decisões, bem como aumenta o senso de eficácia política. Justamente porque todos os
seres humanos vivem em sociedade e porque as decisões políticas sempre se refletem sobre a
vida e os interesses de todos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos considera a
participação política um direito fundamental de todos os indivíduos. Diz, entre outras coisas,
o artigo 21 da Declaração que todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de
seu país e que a vontade do povo será a base da autoridade do governo.
Já a participação como prática educativa, é destacada por Silva (2003), como
sendo um meio pelo qual se formam “cidadãos” voltados para os interesses coletivos e para os
assuntos da política nacional. Para essa autora, os “cidadãos comuns” não estão preocupados
com as decisões das instâncias da política nacional, acredita que, sem experiências
participativas em outras esferas da sociedade, não é possível gerar um governo democrático.
Não restam dúvidas sobre a importância da adoção do formato participativo, dos
programas urbanos e das gestões municipais para o projeto político de liberalização do
regime, assim como para o fortalecimento da legitimidade dos governantes. No entanto, não
se pode esquecer a importância das experiências participativas para a população nelas
inserida, ressaltando-se, aí, a dimensão educativa da participação. Através dela, de acordo
com Andrade (1996), os indivíduos adquirem práticas e habilidades democráticas, assim
como é na participação que se cria o comprometimento dos cidadãos em relação às decisões
tomadas.
Educação comunitária e participativa significa, segundo Demo (2001), que, de um
lado, o Estado se compromete a sustentar a necessária rede de atendimento e, de outro, que a
sociedade a assume como conquista sua. Ela mesma será a primeira interessada em que
nenhuma criança falte à escola, que o prédio seja digno, que a professora seja capaz e bem
paga, que o material didático seja adequado e montado, tanto quanto possível, pela própria
comunidade, e assim por diante.
Acredita-se que a maior virtude da educação, ao contrário do que muitos pensam,
está em ser instrumento de participação política. Nisto é condição necessária, ainda que não
suficiente, para o desenvolvimento. Todavia, crê-se que a função insubstituível da educação é
de “ordem política”, como “condição à participação”, como “incubadora da cidadania”, como
“processo formativo”. Se um país cresce sem educação, não se desenvolve sem educação.
Este efeito qualitativo, que é da ordem dos fins da sociedade, perfaz o cerne do fenômeno
educativo.
Por fim, pode-se afirmar que o primeiro contato com uma comunidade no sentido
da mobilização participativa se dá através de algum traço de identificação cultural, pelo qual
se sente tocada e atraída, e, ao mesmo tempo, percebe que o agente externo a entende,
respeita, porque procura falar a “mesma língua”. Por isso mesmo, é essencial evitar que os
processos participativos degenerem em sessões repetitivas, cansativas, decepcionantes, pouco
produtivas, de tal sorte que se instale o desânimo e a desmotivação, causados por inabilidade
na condução do processo, ou por incompetência técnica ou política. Nisto se percebe,
ademais, que não se pode satisfazer com a face política, deixando de lado a questão sócio-
econômica. Melhorar de vida concretamente é tão importante quanto saber discutir o
problema politicamente.
2.2.2 Evolução Histórica do Processo de Participação e a Participação no Brasil

O que se conhece hoje como participação começou de uma forma bastante


preliminar ainda no final da Idade Média. Nesse período, verificam-se, segundo Dallari
(1983), o aparecimento e o crescimento da burguesia, onde apenas os reis, os nobres, os
bispos da Igreja Católica e, em alguns lugares, os grandes proprietários, os banqueiros e os
comerciantes mais ricos, é que tomavam decisões políticas. Somente nos séculos dezessete e
dezoito a burguesia conquistou para todos os seus membros o direito de participação,
eliminou a diferença entre nobres e plebeus e estendeu os direitos políticos a todos os que
tinham propriedade ou bons rendimentos, ampliando-se desse modo o número de
participantes.
No século dezenove, em conseqüência da Revolução Industrial, a participação foi
tomando uma nova face, pois surgiu o proletariado urbano, que através de muitas lutas
conseguiu conquistar o direito de participação política, ampliando-se consideravelmente o
número de pessoas às quais se reconhece tal direito. Por esse caminho os assalariados também
começam a participar das decisões, embora sofrendo ainda muitas restrições determinadas por
sua fraqueza econômica. Desse modo, a partir do século dezenove as Constituições vão sendo
modificadas, afirmando a igualdade de direitos e consagrando o “sufrágio universal”, que
significa o sistema em que todos têm o direito de votar.
Contudo, a principal restrição à participação eleitoral imposta no começo era
baseada em motivos econômicos, exigindo-se renda mínima para votar e ser votado. Isso foi
reconhecido como antidemocrático, graças às lutas dos trabalhadores, e assim desapareceram
as leis que reservavam esse direito apenas aos proprietários ou aos que tivessem um mínimo
de renda.
Como se verifica, entre o final do século dezessete e o final do século vinte foi
percorrido um longo caminho, permeado de obstáculos. O direito de participação foi sendo
ampliado e se estendeu a grandes camadas da população. Entretanto, para muitos, esse direito
não existe ou então não passa de mera formalidade, pois o direito de tomar as decisões mais
importantes continua reservado a um pequeno número.
No Brasil, por exemplo, ocorreu uma proliferação de instituições participativas no
nível municipal, que facultam aos cidadãos acesso aos processos de tomada de decisão, assim
como concedem a estes o direito de monitorar atividades governamentais. De acordo com
Wampler (2005), instituições participativas representam um esforço de delegar e ampliar os
processos de produção de decisões com o potencial de pôr em xeque as prerrogativas dos
prefeitos, além de virem sendo implementadas a partir da efetivação de estratégias políticas
promovidas por setores “participativos” ou de esquerda na sociedade política e na sociedade
civil.
O Brasil vem consolidando uma larga experiência com participação nos níveis
locais de governo, experiência essa promovida pelas reformas constitucionais, pelos
movimentos sociais e pelas inovações políticas que encerrou nos últimos anos. Segundo
Coelho e Lubambo (2005), estudo recente aponta que mais de 200 municípios, sob diferentes
orientações políticas, vêm desenvolvendo alguma forma de participação no processo de
definição do seu orçamento. Mas os casos são diversificados e há dificuldades, no sentido do
aprofundamento dos níveis de participação e da ampliação do seu alcance de modo a
incorporar as opiniões dos excluídos nos diferentes momentos de tomadas de decisões. Ao
lado disso, há organizações da sociedade civil, experientes na defesa dos interesses sociais,
que contribuem significativamente para a transparência das políticas públicas, monitorando
decisões governamentais, especialmente no plano federal.
Wampler (2005) afirma que o funcionamento e os resultados gerados pelas
instituições participativas parecem estar intimamente relacionados com o fôlego e a
intensidade de apoio oferecido pelas gestões municipais. Os prefeitos devem demonstrar
vontade de delegar autoridade para os cidadãos. Da mesma forma, cidadãos e OSCs
(Organizações da Sociedade Civil), interessados na expansão das instituições participativas
devem trabalhar juntamente com a administração municipal para garantir que as regras sejam
obedecidas e que os projetos de políticas públicas sejam implementados.
Há dois grandes marcos históricos no processo de participação no Brasil,
conforme quadro a seguir:

ANO MARCO TEÓRICO


1985 Volta da eleição municipal para capitais
1988 Promulgação da carta constitucional, que consagra a participação
popular no processo de gestão
QUADRO 4 – Marcos Históricos do Processo de Participação no Brasil
FONTE: dados extraídos de Bonfim; Fernandes (2005).

Conforme se pode verificar em Bonfim e Fernandes (2005), os processos de


participação e controle social, forjados durante a década de 1980 e consagrados na
Constituição de 1988, tornaram-se palavra de ordem para governantes de capitais e grandes
cidades no país, como se verificou em muitas experiências durante a década de 1990. Deste
modo é que se observa durante essa década o estabelecimento dos conselhos municipais no
que tange à descentralização das políticas sociais. Além disso, inúmeros governos locais
ocupados por partidos ou coalizões de partidos progressistas, ao longo da década de 1990, vão
desenvolver práticas, objetivando democratizar a gestão e com isso ampliar o exercício da
cidadania e realizar uma inversão de prioridades na agenda de governo, visando dar ênfase ao
atendimento às carências urbanas mais imediatas.

Experiências já bastante conhecidas e muito difundidas como mutirões


habitacionais, fóruns de cidade e conselhos municipais, são os exemplos mais destacados de
gestão urbana democrática no Brasil, porém uma experiência teve uma capacidade de difusão
mais ampla, que foram as políticas de orçamento participativo. O orçamento participativo
consiste na deliberação em assembléias regionais da cidade, de recursos que o governo
municipal destina para obras e/ou melhoramentos urbanos. As demandas são encaminhadas
por delegados eleitos nas regiões que representam bairros ou um conjunto de bairros e são
decididas em uma assembléia maior grades de prioridade, chegando até a deliberação final
dos recursos para serem investidos nos bairros.
Hoje já se tem no Brasil um Fórum Nacional de Participação Popular que foi
criado em 1990, pelo Instituto Cajamar (INCA) e Instituto Nacional de Administração e
Políticas Públicas (INAPP) para avaliar e sistematizar as experiências de participação popular,
possibilitando a troca de experiências e a reflexão sobre elas. O Fórum Nacional de
Participação Popular é composto por ONGs e prefeituras que se articulam para promover
seminários e oficinas sobre as experiências de Orçamento Participativo no Brasil, Orçamentos
Participativos em municípios rurais, Capacitação em Orçamento, Controle Social do
Orçamento Público, além de participar de eventos em parceria com o Fórum da Reforma
Urbana e com o Fórum do Orçamento Federal. O FNPP participou também ativamente do
Fórum Social Mundial em 2001 e 2002.

2.2.3 O Turismo no Nordeste e no Rio Grande do Norte e os seus Processos Participativos

O atual momento do planejamento governamental para o Nordeste (início do


século XXI), é representado pela ênfase no turismo como vetor do desenvolvimento regional,
calcado, sobretudo, na chamada potencialidade natural da Região para a atividade,
considerando-se, fundamentalmente, a extensão de sua costa (3.300 km, aproximadamente) e
o clima quente predominante.
Devido à diversidade natural e à riqueza cultural que favoreciam sua exploração
turística, o litoral nordestino passou a se constituir um importante fator de produção. A partir
dos anos de 1980, a atividade turística configurou-se como um segmento econômico
estratégico para o Nordeste brasileiro, de modo que, apoiados pelo Instituto Brasileiro de
Turismo (EMBRATUR), governadores de vários estados nordestinos empenharam-se por
desenvolver ações no sentido de impulsionar o turismo regional.
Essas ações, que podem se traduzir em políticas públicas, foram um fator decisivo
para a expansão do turismo nordestino, pois, segundo Fonseca (2005), elas incrementaram
significativamente o turismo regional, incidindo territorialmente de forma diferenciada,
segundo o grau de desenvolvimento da atividade e das características naturais, culturais,
sociais, econômicas e políticas de cada localidade onde os programas de turismo eram
implementados.
Duas grandes políticas públicas foram implementadas em nível de Nordeste. A
primeira delas foi realizada na década de 1970, recebendo a denominação de política de
megaprojetos turísticos, que se tratava de uma política que tinha por finalidade abrir vias com
o incremento da infra-estrutura hoteleira para adquirir capacidade de receber um grande fluxo
turístico, intensificando assim, o uso turístico dos seus territórios.
A outra política pública de grande relevância para o turismo no nordeste brasileiro
foi o Prodetur-NE (Programa para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste), que tinha
por finalidade melhorar aspectos da infra-estrutura básica e de acesso e aperfeiçoar o sistema
institucional de gestão da atividade.
A implantação do Prodetur-NE se dá com o objetivo de democratizar e dar forma
ao processo de desenvolvimento da atividade turística no Brasil. Com o Prodetur-NE, os
governos estaduais e municipais ganham autonomia; o financiamento externo direciona-se
para o desenvolvimento sustentável; e a sociedade civil deve organizar-se, particularmente,
por meio das organizações não-governamentais, tornando-se instrumento de pressão.
O PRODETUR/NE data de 1991, tendo sido originado de uma parceria entre a
SUDENE e a EMBRATUR. O programa tinha por objetivo a melhoria da infra-estrutura
básica e de serviços públicos “em áreas atualmente em expansão turística”. Os objetivos
específicos do programa, eram aumentar o turismo receptivo; aumentar a permanência do
turista no Nordeste; induzir novos investimentos na infra-estrutura turística; gerar emprego e
renda com a exploração direta ou indireta da atividade turística.
O programa é dividido em duas etapas: PRODETUR/NE I e PRODETUR/NE II.
A primeira fase consiste em atrair investimento em infra-estrutura turística, através do
provimento de infra-estrutura básica e de serviços públicos. Já a segunda fase do programa é o
foco da sustentabilidade dos investimentos realizados na primeira fase, através do
fortalecimento da capacidade municipal para a gestão do turismo, planejamento estratégico,
treinamento e infra-estrutura para o crescimento turístico, promoção de investimentos do setor
privado.
A política de megaprojetos e o PRODETUR/NE formaram um produto turístico
internacional. Essas políticas regionais objetivaram mudar a qualidade dos fluxos que se
deslocam para a região. O modelo de desenvolvimento turístico adotado pelas políticas de
turismo no Nordeste é baseado na criação de pólos e corredores turísticos, que correspondem
áreas espaciais que apresentam geograficamente características e potencialidades similares,
trabalhadas de forma integrada.
Com a finalidade de dar conseqüência ao PRODETUR/NE I, o Banco do
Nordeste, em 1998, deu início ao processo de estruturação dos Pólos de Desenvolvimento
Integrado de Turismo Sustentável, visando assegurar o aproveitamento sustentável da
atividade turística.
O turismo no Rio Grande do Norte se mostrou incipiente até a década de 1960. A
maior movimentação turística até então, foi durante a II Guerra Mundial, quando os norte-
americanos montaram uma base militar em Parnamirim chamada de ‘O Trampolim da
Vitória’, devido à proximidade com os continentes europeu e africano. Porém, a atividade
turística no estado ainda não era organizada.
Somente a partir de 1971, surgiram os primeiros indícios de uma política pública
estadual relacionada ao turismo. Neste ano, o governo estadual criou o apoio financeiro e
técnico da SUDENE e a Empresa de Promoção e Desenvolvimento do Turismo no Rio
Grande do Norte – EMPROTURN -, que constituía uma empresa de economia mista com
autonomia administrativa e financeira, cuja competência era de coordenar e dirigir as ações
governamentais no âmbito do turismo.
Verifica-se nesse primeiro momento de atuação do poder público no turismo, a
execução dos primeiros passos rumo a uma política estadual de desenvolvimento turístico. Do
início da década de 1970 até 1975 as intervenções estatais se direcionavam para a criação de
uma base em nível de idéias, quando uma nova política urbana foi implementada,
beneficiando o Nordeste. Nesse momento foi elaborado um plano geral para o
desenvolvimento da atividade turística no Estado, identificando as potencialidades e
necessidade de infra-estrutura turística.
As primeiras obras urbanas que viabilizaram o crescimento do turismo no estado
foram: o Centro de Turismo – antiga casa de detenção – implantado em 13 de novembro de
1976; o Bosque dos Namorados – em 1975 localizado no Parque das Dunas -; e proteção ao
Cajueiro de Pirangi, intitulado como o maior do mundo. Gonçalves e Serafim (2006)
acrescentam nesse sentido que, com o intuito de facilitar o trânsito, foram realizadas obras de
asfaltamento das ruas e construção de viadutos. Foi iniciada, também, a implantação de uma
cadeia de hotéis de pequeno e médio porte – RIONORTE HOTELEIRA – com o intuito de
interiorizar o turismo, e a construção do Centro de Convenções de Ponta Negra.
Essas ações repercutiram diretamente no contexto econômico e sócio-cultural da
cidade do Natal. A partir daí, a atividade turística, ainda de forma incipiente, começou a
promover mudanças territoriais e conseqüentemente sociais nesse território.
Contudo, até meados da década de 1980, o Rio Grande do Norte ocupava posição
marginal entre os principais destinos turísticos do Nordeste – Salvador e Porto Seguro (BA),
Fortaleza (CE), Recife (PE) e Maceió (AL) – e isto, de acordo com Cruz (2002), se devia a
fatores como a deficiência de sua infra-estrutura turística, especialmente da infra-estrutura de
hospedagem, e a inexistência de um marketing turístico estadual mais agressivo, que dependia
da criação da infra-estrutura necessária para atender à possível demanda efetiva criada. Fazia-
se necessário, portanto, criar essa infra-estrutura para então promover o turismo no estado.
Sabendo-se que o Rio Grande do Norte tinha a oferecer basicamente os mesmos
recursos naturais turísticos que seus concorrentes regionais – sol e praias – sua inserção entre
os destinos mais visitados da Região dependia, essencialmente de uma interferência planejada
mais agressiva, relativa a medidas anteriormente tomadas. Essa interferência se dá no final da
década de 1970, quando da idealização do megaempreendimento denominado Projeto Parque
das Dunas-Via Costeira, o primeiro implementado no nordeste.
O Projeto Parque das Dunas-Via Costeira (PD/VC) tinha como principal objetivo
expandir a infra-estrutura hoteleira da capital potiguar, por meio da criação de um complexo
turístico de grandes proporções, buscando, dessa forma, inserir Natal entre os principais
destinos turísticos regionais. A estratégia utilizada pelo poder público estadual para alcançar
esse objetivo e, conseqüentemente, atrair a iniciativa privada para construir na Via Costeira
foi a disponibilização de incentivos financeiros para a aquisição de terrenos e para a
edificação dos hotéis e de incentivos fiscais para os empreendimentos, quando estes entrassem
em operação.
Até o ano de 1989, de acordo com Gonçalves e Serafim (2006), o turismo
utilizava recursos locais – com referência a tecnologias – gerava emprego e renda, exigia uma
certa qualificação de pessoal nos níveis operacionais e demandava um aporte menor de
recursos em comparação com outros setores da economia, além de funcionar como
dinamizador de outras atividades. Pode-se observar que a rede hoteleira e a parcela dos
empreendimentos implantados havia contado com o apoio financeiro do Estado, através de
empréstimos que favoreceram grupos econômicos tradicionais locais, que possuíam cerca de
80% dos empreendimentos turísticos.
Ao se tratar dos efeitos econômicos e sociais das políticas para o desenvolvimento
da atividade turística até 1989, pode-se verificar que o turismo modificou a estrutura de
empregos na cidade – qualitativa e quantitativamente – com o surgimento de novas funções e
uma ampliação no número de empregos diretos oferecidos, sobretudo após 1984, quando os
hotéis na Via Costeira começaram a funcionar.
Em contrapartida, o crescimento do turismo ocasionou uma alta especulação
imobiliária nas rotas criadas para o turista, a mais significativa foi em Ponta Negra, onde
houve uma valorização nos terrenos resultando no deslocamento das comunidades nativas
para as demais áreas da cidade.
A partir da implementação do Projeto Parque das Dunas-Via Costeira, conforme
Fonseca (2005), o turismo tornou-se uma realidade no estado potiguar, caracterizado pelo
crescimento do número de turistas e de investimentos turísticos privados nacionais. Dez anos
após a implementação do PD/VC, em meados da década de 1990, o governo do Rio Grande
do Norte inicia a implementação de outra política pública com a implantação do “Programa
de Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Norte” (PRODETUR/RN), o qual
promoveu um novo impulso ao turismo potiguar, propiciando sua inserção mais efetiva no
fluxo turístico internacional e a atração de investimentos turísticos de cadeias internacionais.
As autoras Gonçalves e Serafim (2006) analisam o processo de desenvolvimento
do turismo no Rio Grande do Norte onde, para elas, destacam-se duas forças convergentes: a
incorporação constante de novos roteiros e a busca de desenvolvimento econômico. Nesse
sentido, a Política de Megaprojetos e o PRODETUR/RN complementam-se por objetivar o
melhor aproveitamento do potencial turístico deste Estado. Ao observar suas repercussões
sobre o território devem ser utilizados critérios diferentes. A primeira força foi consolidada
materialmente através de vários equipamentos hoteleiros instalados, enquanto que a segunda,
criou a base para o desenvolvimento do turismo, através do provimento de obras em infra-
estrutura básica.
O PRODETUR/NE I encerrou o exercício passado com investimentos de US$ 750
milhões nos nove estados da Região. Os projetos executados ao longo da implementação do
programa estão direcionados para o fortalecimento da infra-estrutura e das instituições
voltadas para o turismo. No estado do Rio Grande do Norte, já foram concluídos vários
projetos provenientes do PRODETUR/NE I. Essas obras de infra-estrutura para o
desenvolvimento do turismo proporcionaram às pequenas localidades um intenso processo de
transformação, decorrente de uma urbanização com finalidade turística.
Sobre os pólos de turismo, no Rio Grande do Norte foi criado o Pólo Costa das
Dunas que contempla 16 municípios, beneficiando mais de 1,1 milhão de pessoas. Os pólos se
concretizam a partir da instalação dos Conselhos de Turismo, onde coordenados pelo Banco
do Nordeste, constituem espaços sistematizados para planejar, deliberar e viabilizar iniciativas
que concorram para o desenvolvimento do setor. Esses conselhos contam com a participação
efetiva de diversos segmentos econômicos e sociais.
Entre as primeiras organizações participativas no Rio Grande do Norte, surgiu a
do governo de José Agripino Maia entre os anos de 1978 e 1982 na Prefeitura do Natal. Já no
dia da sua posse, o então prefeito discursou sobre a participação, defendendo a idéia de que
uma obra de governo não é tarefa de um homem só e que se conseguiria tanto mais, quanto
maior fosse a participação do povo na formulação dos programas e na realização das
empreitadas. (Andrade, 1996).
No plano de governo de José Agripino, de acordo com (Andrade, 1996), estava
explícita a recomendação de criação de associações de bairro para garantir uma maior
participação das comunidades na condução dos destinos do município. O que é respaldado
teoricamente por Pateman (1992), quando ela diz que a participação no governo local é uma
condição necessária para a participação a nível nacional, devido a seu efeito educativo ou
“aperfeiçoador”.
Entretanto, a maneira de operacionalizar esse planejamento participativo era uma
questão problemática que não chegou a ser resolvida. Enquanto em Recife havia toda uma
elaboração técnica a respeito da operacionalização dos propósitos participativos em todos os
níveis de governo, em Natal, o planejamento participativo não avançava além da constatação
da necessidade de atuar nesse sentido. Assim, de acordo com Andrade (1996), como é
imprecisa a idéia de participação e há diferentes formas de promovê-la, fazer um
planejamento de tipo participativo para a prefeitura de Natal significou apenas promover
encontros do prefeito com a população com o objetivo de ouvir e organizar as reivindicações.
Era consultar a comunidade, tanto em termos do que fazer como do como fazer.
A importância do ato da inclusão, para setores historicamente excluídos da
sociedade, nas ações governamentais é algo que merece ser considerado. A população pobre
da cidade, ao ser reconhecida pelo estado e ao poder tomar parte nas ações governamentais, se
sente reinserindo-se na sociedade e ocupando um lugar. A percepção deste novo lugar, no
caso de Natal, é aguçada com a estratégia do governo de incluir as organizações populares nos
atos políticos de inauguração das obras, de forma diferente. Não mais um mero espectador da
festa, ouvinte passivo dos discursos políticos e, sim, um participante ativo, o seu organizador,
com lugar assegurado no palanque das autoridades.
Diferentemente de Recife, onde as organizações populares urbanas têm sua
história marcada por lutas de resistência, quase sempre contra a ação saneadora do estado, em
Natal, a história se fez diferente e sempre ligada ao braço forte do poder público ou à caridade
cristã da igreja.
Como se pôde observar, a participação tem assumido diversos significados
dependendo do contexto político, do formato institucional, dos compromissos firmados e dos
agentes políticos que a encaminham. Assim, quando o governo passou a mencionar a
participação popular, inexistia na cidade uma estrutura organizativa que servisse de suporte
aos propósitos do governo. Coube então ao governo entrar em ação e montar essa estrutura, o
que facilitou enormemente o projeto em questão. Isso porque a inexistência de uma
experiência anterior de combatividade, por parte da população, tornou mais fácil o controle
das organizações criadas, assim como a sua dependência em relação aos vários setores do
governo do estado e da prefeitura, que coordenavam o trabalho na área.
A ausência de uma tradição política de tendência ideológica faz da política norte-
riograndense uma realidade marcada pela tutela, pelos grandes acordos e pela
inexpressividade de suas lideranças. A política do estado foi sempre uma política de
submissão ao poder central, de subserviência, o que talvez se explique pela debilidade de suas
bases econômicas de sustentação. No Rio Grande do Norte, até o poder oligárquico é frágil
externamente, o que torna a política estadual muito vulnerável a forças estranhas aos
interesses locais, tendendo a se acomodar, com facilidade, às mais diversas articulações do
jogo de interesses, intra e interpartidárias, assim como às transações políticas de cunho
particular.
No período pós-64, por exemplo, quase inexistia no estado uma oposição definida
como tal. Se esta é uma realidade já apontada pelos estudiosos do sistema partidário nacional,
naquele período, no Rio Grande do Norte, esta era uma realidade muito mais forte do que a de
Pernambuco, por exemplo. De acordo com Andrade (1996), as antigas referências políticas
foram, pouco a pouco, perdendo identidade e o funcionamento do sistema passou a ser
resultado de um cálculo estratégico de novo tipo. As velhas rivalidades familiares foram
deixadas de lado para abrigar uma grande massa arenista, resultante do oportunismo político
de então. Dessa forma, não foi difícil ao grupo no poder realizar seus propósitos dentro dessa
realidade.

2.2.4 Democracia Participativa e Descentralização

Para que haja uma política pública descentralizada, se faz necessária uma
integração entre os diferentes níveis de atuação governamental (nacional, estadual e local),
bem como entre os diversos órgãos e secretarias que compõem a estrutura governamental em
cada uma das três esferas. Fonseca (2005) traz as competências que cada esfera do governo
relacionada ao turismo deve dispor. Segundo a autora, o governo central deve preocupar-se
com a política macroeconômica e com a promoção do país no exterior. Ao governo estadual,
por sua vez, cabe adaptar a política central a uma realidade mais concreta, como também
promover o destino turístico no âmbito nacional e internacional. Já o governo local deve
assumir uma das funções mais importantes que é a de gerir o território onde se efetiva a
atividade turística e que está sob sua jurisdição.
A “igualdade política”, na teoria, refere-se ao sufrágio universal e à existência de
igualdade de oportunidades de acesso aos canais de influência sobre os líderes. Finalmente,
“participação”, no que diz respeito à maioria, constitui a participação na escolha daqueles que
tomam as decisões. Por conseguinte, a função da participação nessa teoria é apenas de
proteção; a proteção do indivíduo contra decisões arbitrárias dos líderes eleitos e a proteção
de seus interesses privados. É na realização desse objetivo, segundo Pateman (1992), que
reside a justificação do método democrático.
De acordo com Andrade (1996), o recurso à participação da sociedade organizada
e o reconhecimento do conflito, que caracterizam a lógica do consenso, constituem a forma
mais democrática de ação estatal, e têm um papel estratégico nos períodos de
redemocratização ou de afrouxamento dos regimes autoritários. Isso torna o estado e a
burocracia estatal acessíveis ao cidadão, o que constitui um recurso importante no sentido da
legitimação do bloco no poder e dos projetos ideológicos em curso.
Apesar de o governo divulgar que ampliou os espaços de participação da
sociedade civil, foi o Estado quem avançou no controle sobre as classes populares. Conforme
Silva (2003), no interior das práticas políticas dos “novos movimentos sociais”, a proposta de
participação popular foi fecundada como sinônimo de autonomia, de realização da
democracia, de reconhecimento de que os membros das classes populares podem ser “sujeitos
de sua própria história” devendo, portanto, participar das decisões que lhes afetam.
De acordo com Dias Bordenave (1994), um governo democrático aberto à
participação é aquele que informa corretamente, ouve cuidadosamente e consulta ativamente a
população. Assim, segundo este mesmo autor (1994, p. 23),
A democracia participativa seria então aquela em que os cidadãos sentem que, por
fazerem parte da nação, têm parte real na sua condução e por isso tomam parte –
cada qual em seu ambiente – na construção de uma nova sociedade da qual se
sentem parte.

Cidadãos e organizações da sociedade civil (OSCs) desempenham, de acordo com


Wampler (2005), papel mais proeminente nos novos regimes democráticos latino-americanos
do que sob as experiências democráticas anteriores. Silva (2003) diz que, de modo geral, a
democracia participativa funcionaria como uma democracia direta na base e como um sistema
representativo nos outros níveis. Embora as interrogações fossem maiores do que as certezas,
as principais preocupações dos autores que a problematizaram eram quanto ao modo de
atingi-la. Centraram-se nos procedimentos necessários para assegurar a responsabilidade do
Estado perante os eleitores. Porém, para que fosse realmente efetivada, era imperativo
resolver dois problemas: as desigualdades econômicas, posto que a existência de tal situação,
concretamente, impede os indivíduos de participarem em iguais condições da vida social e
política do país; e a noção dos indivíduos como consumidores, substituindo-a pela percepção
de executores e de agentes do desenvolvimento de suas capacidades.
Por esses motivos, nas décadas de 1970 e 1980, a participação popular ganhou
tamanha significação que parecia não haver mais lugar para outro tipo de experiência
democrática que não fosse pautada por um processo com assegurada participação dos sujeitos
políticos envolvidos (Silva, 2003). Todavia, a noção de participação popular como parte
constituinte da democracia perdeu sua centralidade no decorrer das décadas seguintes. O
resultado prático é que as experiências de participação dos movimentos populares sofreram
mutações sob os impactos das transformações políticas e econômicas e, ao entrarem em
contato com a institucionalidade, perderam muito de sua proposta inicial, de tal maneira que
se chegou ao ano 2000 com formatos de participação que pouco têm a ver com as
experiências dos movimentos sociais do final da década de 1970. Na década de 1990, para o
governo, a participação popular somente é considerada legítima se for por meio de canais
institucionais. Fora disso, qualquer manifestação popular é criminalizada. (Silva, 2003).
Rousseau pode ser considerado o teórico por excelência da participação. A
compreensão da natureza do sistema político que ele descreve em “O contrato social” é vital
para a teoria da democracia participativa. Toda a teoria política de Rousseau apóia-se na
participação individual de cada cidadão no processo político de tomada de decisões, e, em sua
teoria, a participação é bem mais do que um complemento protetor de uma série de arranjos
institucionais: ela também provoca um efeito psicológico sobre os que participam,
assegurando uma inter-relação contínua entre o funcionamento das instituições e as
qualidades e atitudes psicológicas dos indivíduos que interagem dentro delas. Segundo
Pateman (1992), é a ênfase nesse aspecto da participação e sua posição no centro de suas
teorias que constituem a contribuição distintiva dos teóricos da democracia participativa para
a teoria democrática como um todo. Embora Rousseau tenha escrito antes do
desenvolvimento das instituições modernas da democracia, e mesmo que sua sociedade ideal
seja uma cidade-Estado não industrial, é em sua teoria que se podem encontrar as hipóteses
básicas a respeito da função da participação de um Estado democrático.
A teoria da democracia participativa é construída em torno da afirmação central
de que os indivíduos e suas instituições não podem ser consideradas isoladamente. A
existência de instituições representativas a nível nacional não basta para a democracia; pois o
máximo de participação de todas as pessoas, a socialização ou “treinamento social”, precisa
ocorrer em outras esferas, de modo que as atitudes e qualidades psicológicas necessárias
possam se desenvolver.
Por fim, de acordo com Demo (2001), a participação é exercício democrático.
Através dela aprendemos a eleger, a deseleger, a estabelecer rodízio no poder, a exigir
prestação de contas, a desburocratizar, a forçar os mandantes a servirem à comunidade, e
assim por diante. Sobretudo, aprendemos que é tarefa de extrema criatividade formar
autênticos representantes da comunidade e mantê-los como tais.

2.2.5 Fóruns Participativos

A maioria dos fóruns participativos brasileiros – conselhos de políticas públicas e


diferentes espaços de participação na decisão sobre orçamentos públicos– atrai a participação
de usuários e beneficiários de bens e serviços financiados com recursos públicos (Côrtes,
2005). Em geral, esses participantes representam grupos sociais que têm remotas
possibilidades de buscar bens e serviços no mercado.
A grande proporção de pobres na população brasileira e a expansão da cobertura
de serviços de educação fundamental, saúde e assistência social, por exemplo, na última
década, ajudaria a explicar a proliferação desses fóruns como um lugar onde “consumidores”
e “produtores” podem exercer o direito de “voz” em arenas criadas, normatizadas e, em
grande medida, controladas pelo Estado. Os governos financiam a provisão desses bens e
serviços e são responsáveis políticos pelo modo como eles são oferecidos. Para os
governantes o exercício do direito de voz por “consumidores” e “produtores”, nesse contexto
de quase monopólio, pode oferecer informações valiosas e influenciar o comportamento de
uma área de política pública ou da gestão municipal, por exemplo, aumentando o nível de
eficiência em que a gestão e implementação de políticas públicas operam.

Neste aspecto reside uma lacuna importante neste campo de estudos no Brasil.
Bonfim e Fernandes (2005), colocam que o questionamento sobre a compreensão de como a
elite política local dirige tais políticas de participação (orçamentos participativos e conselhos
municipais, por exemplo), Procurando mostrar seu posicionamento (estímulo ou desestímulo)
frente a representação popular é algo que deve ser mais aprofundado, pois a simples
existência de conselhos ou de orçamentos participativos não implica poder de decisão destas
instâncias. A influência no poder decisório de uma política local por parte de conselhos
municipais, por exemplo, efetivamente será franqueada pelo executivo, ou seja, pela elite
dirigente.
Fóruns participativos favoreceriam a ampliação do direito de expressar
verbalmente preferências em contraposição à mera escolha entre candidatos a cargos
legislativos ou executivos. Os fóruns têm papéis diferenciados nos contextos institucionais e
políticos em que se inserem e potencialidades muito diversas em termos do impacto sobre a
formulação ou implementação de políticas, tendo em vista seus desenhos institucionais e os
desenhos institucionais do setor ou do programa ou política em que se inserem. Havia, em
2001, segundo Côrtes (2005), 22.828 conselhos municipais organizados nas áreas de saúde,
assistência social, educação, direitos da criança e do adolescente, trabalho e emprego, turismo
e cultura.
Côrtes (2005) realizou um estudo sobre os clássicos da literatura acerca dos fóruns
participativos. Os estudos analisados foram divididos em dois grandes blocos: (Fiorina, 1999;
Pinto, 2004; Skocpol, 1999) é cético em relação às possibilidades de fóruns participativos
favorecerem a democratização da gestão pública ou aprimorarem a implementação de
políticas no sentido de torná-las mais eficientes. As raízes do ceticismo podem ser
encontradas em dois tipos de argumentos: desconfiança em relação à legitimidade de
participantes e constatação de que os processos políticos nos fóruns seriam pouco
democráticos. A legitimidade dos participantes é questionada porque, na visão desses autores,
somente teriam acesso à participação os grupos societais que dispõem de maiores recursos
econômicos e de poder, os “excluídos” continuariam à margem desses processos
participativos. As relações de poder existentes na sociedade civil – relacionadas a recursos
desiguais, por exemplo – afetariam as possibilidades de processos deliberativos equânimes.
Para eles, o desenho institucional dos fóruns, por um lado, não garantiria acesso universal à
participação, ficando restrito a alguns cidadãos participando diretamente ou através de
representantes. Por outro, permite que o processo político dos fóruns seja dominado por
gestores ou por grupos políticos com mais recursos de poder.
O segundo bloco de trabalhos: (Azevedo e Abranches, 2002; Boschi, 1999; Costa,
1997; Costa, 1999; Evans, 2003; Fung e Wright, 2001; Jacobi, 2002; Santos, 2001. Santos e
Avritzer, 2002; Schneider e Goldfrank, 2002), mais numeroso, ressalta a democratização da
gestão pública provocada por tais mecanismos de participação. No entender desses autores,
interesses tradicionalmente excluídos do processo de decisão passariam a ser considerados e
gestores de políticas públicas e burocracias governamentais seriam induzidas a tomar decisões
levando em conta tais interesses. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, os contextos
democráticos seriam caracterizados pela convivência entre as instituições típicas das
democracias representativas e a manutenção de padrões autoritários de decisão e de formas
clientelistas de relação entre governos e interesses societais.
São relativamente poucos os trabalhos (Fiorina, 1999; Pinto, 2004; Skocpol,
1999) que analisam fóruns participativos sob uma perspectiva cética. Para eles, por um lado,
há o problema da legitimidade dos participantes nesses fóruns, visto que estes não
representariam os mais pobres ou a maioria. Além disso, mesmo entre indivíduos ou
representantes da sociedade civil que aí participam haveria diferenças marcantes de poder
para influenciar a tomada de decisões. Na sua visão, os fóruns não permitiriam realizar o ideal
de participação de indivíduos ou de representantes de associações da sociedade civil, com
poder similar a gestores, burocracias governamentais e da sociedade civil e os desenhos
institucionais dos fóruns, que propiciam ou não evitam tais diferenças, seriam explicados
principalmente pelo ambiente social e político que produz e reproduz desigualdades.
As trajetórias históricas da vida cívica e das instituições políticas americanas são
muito diferentes daquelas encontradas em democracias recentes e, particularmente no Brasil.
Como a origem do ceticismo dos autores americanos está na dinâmica recente da vida cívica
americana, que é diferente da brasileira, poder-se-ia supor que as razões para a desconfiança
dos autores em relação aos fóruns participativos não se aplicariam às democracias recentes ou
ao Brasil. Entretanto, Conforme Côrtes (2005), questões que eles formulam são relevantes
também para a análise de fóruns constituídos no Brasil. Eles indagam sobre os interesses que
são representados, sobre o modo de escolha dos participantes e sobre a natureza das relações
entre participantes e grupos sociais supostamente representados.
Já o subgrupo de trabalhos otimistas mais influentes no estudo desses fóruns,
destaca a importância dos mesmos para a criação de democracias participativas e para a
melhoria do funcionamento da gestão pública. O conceito de participação, portanto, está
relacionado ao envolvimento de participantes – usuários e beneficiários de políticas públicas,
trabalhadores, consumidores, profissionais, movimentos sociais, entre outros – em fóruns
participativos.
3 METODOLOGIA

Com o intuito de alcançar os objetivos pretendidos e responder ao problema de


pesquisa formulado, segue abaixo o plano de investigação da pesquisa, realizada junto aos
conselheiros do Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte (CONETUR).

3.1 Tipo de Pesquisa

A presente pesquisa visa um estudo que tem como finalidade compreender a


atuação do Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte (CONETUR) com vistas à
implementação do modelo de gestão participativa do Plano Nacional do Turismo (PNT
2003/2007).
Há várias taxionomias de tipos de pesquisa, conforme os critérios utilizados pelos
autores. Gil (1991), por exemplo, classifica as pesquisas com base em seus objetivos como
exploratórias, descritivas ou explicativas. Este trabalho, contudo, toma como base a
taxionomia apresentada por Vergara (2006), que qualifica a pesquisa quanto aos fins e quanto
aos meios.
Quanto aos fins, a pesquisa é exploratória e descritiva. Exploratória porque,
embora existam muitos estudos sobre participação, não se verificou a existência de estudos
que abordem este tema na Política de Turismo do Rio Grande do Norte, especialmente no que
se refere ao Conselho Estadual de Turismo. Descritiva, porque visa expor características deste
Conselho, principalmente quanto a sua atuação.
Quanto aos meios, a pesquisa se caracteriza como documental, bibliográfica, estudo de
caso e de campo. Documental, porque se valeu de documentos relacionados ao objeto de
estudo, como por exemplo, o Plano Nacional do Turismo (2003/2007), os decretos referentes
ao Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte - CONETUR, bem como as atas
das reuniões deste Conselho. A investigação foi, também, bibliográfica, porque para a
fundamentação teórico-metodológica do trabalho foi realizada investigação sobre os seguintes
assuntos: importância da Política de Estado do Turismo; Evolução Histórica da Política
Nacional de Turismo; Plano Nacional do Turismo (2003/2007); conceito de Participação;
Evolução Histórica do Processo de Participação e a Participação no Brasil; O Turismo no
Nordeste e no Rio Grande do Norte e o seu Processo Participativo; Democracia Participativa e
Descentralização; e Fóruns Participativos. A pesquisa trata da implementação do Plano
Nacional do Turismo no estado do Rio Grande do Norte, ou seja, é um estudo do caso do Rio
Grande do Norte; e de campo porque coletou dados primários dos representantes das
entidades que possuem assento no CONETUR.

3.2 População e Amostra

A população da pesquisa é composta pelos seis conselheiros do CONETUR


(membros natos) e por vinte e seis membros convidados que possuem assento no Conselho
Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte – CONETUR.
A amostra foi composta pelo critério de acessibilidade, tendo sido incluída dentre
os entrevistados a secretária executiva do CONETUR, haja vista a importância que a mesma
exerce neste Conselho no que se refere à organização e realização do mesmo. Sendo assim,
dos trinta e cinco componentes da população, foi possível entrevistar vinte e cinco deles.
Conselheiros do CONETUR:
I. O Secretário de Estado do Turismo;
II. O Secretário Adjunto de Estado do Turismo;
III. O Secretário de Estado do Planejamento e das Finanças;
IV. O Secretário de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social;
V. O Secretário de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social; e
VI. O Presidente da Fundação José Augusto.
Membros Convidados:
VII. Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Secção do Rio Grande do Norte
(ABIH/RN);
VIII. Associação Brasileira de Agências de Viagens no Rio Grande do Norte
(ABAV/RN);
IX. Associação Brasileira de Empresas de Eventos no Estado do Rio Grande do Norte
(ABEOC/RN);
X. Associação Brasileira de Entretenimento e Lazer do Rio Grande do Norte
(ABRASEL/RN);
XI. Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores de Turismo do Rio Grande do
Norte (ABRAJET/RN);
XII. Associação do Pólo Turístico da Via Costeira;
XIII. Associação dos Empresários do Litoral de Parnamirim (AELP);
XIV. Associação dos Empresários do Litoral Norte (ALNORTE);
XV. Associação dos Hoteleiros de Tibau do Sul e Pipa (ASHTEP);
XVI. Banco do Brasil S/A;
XVII. Banco do Nordeste do Brasil S/A;
XVIII. Caixa Econômica Federal (CEF);
XIX. Cooperativa de Desenvolvimento da Atividade Hoteleira e Turística
(COOHOTUR);
XX. Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO);
XXI. Federação das Câmaras de Dirigentes Logistas do Rio Grande do Norte (FCDL);
XXII. Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN);
XXIII. Federação do Comércio do Estado do Rio Grande do Norte (FECOMÉRCIO);
XXIV. Federação dos Municípios do Estado do Rio Grande do Norte (FEMURN);
XXV. Fórum Nacional dos Cursos de Turismo e Hotelaria (FORNATUR);
XXVI. Fundação Comitê de Captação de Eventos (Natal Convention & Visitors Bureau);
XXVII. Município de Mossoró – RN;
XXVIII. Município de Natal – RN;
XXIX. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte
(SEBRAE/RN);
XXX. Sindicato das Empresas de Turismo do Rio Grande do Norte (SINDETUR/RN);
XXXI. Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares do Rio Grande do Norte
(SHBRS);
XXXII. Sindicato dos Bugueiros Profissionais do Rio Grande do Norte (SINDBUGGY);
XXXIII. Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares e em Turismo e
Hospitalidade do Estado do Rio Grande do Norte (SECHS/RN);
XXXIV. Sindicato dos Guias de Turismo do Rio Grande do Norte (SINGTUR/RN).

3.3 Coleta de Dados

O presente estudo envolve dados de duas fontes: primárias e secundárias. E esses


dados foram coletados por meio de:
a) Pesquisa documental nos arquivos da Secretaria de Estado do Turismo do Rio Grande do
Norte – SETUR/RN, onde foram encontrados os decretos regulamentadores do
CONETUR e as atas das reuniões do mesmo. Além desses, o principal documento
analisado neste trabalho foi o Plano Nacional do Turismo (2003/2007), que pode ser
encontrado no site do Ministério do Turismo e está intrinsicamente relacionado ao objeto
deste estudo.

A pesquisa documental busca atender os objetivos específicos deste trabalho de:


entender em que consistem as principais atuações do CONETUR e verificar o grau de
participação dos Conselheiros nas reuniões.

b) Pesquisa bibliográfica em livros, dicionários, revistas especializadas, jornais, teses e


dissertações com dados pertinentes ao assunto. Além de terem sido feitas consultas e
pesquisas à internet.

A pesquisa bibliográfica visará dar um embasamento teórico para este estudo,


permeando principalmente os pilares da participação e da política pública de turismo
brasileira.

c) Pesquisa de campo, com entrevistas semi-estruturadas com aqueles indicados na seção


“População e Amostra”. Para Dencker (1998, p. 137): “A entrevista é uma comunicação
verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturação previamente definido,
cuja finalidade é a obtenção de informações de pesquisa (...)”.

A pesquisa de campo visou perseguir os seguintes objetivos específicos deste


trabalho: entender em que consistem as principais atuações do CONETUR; identificar quais
as diretrizes de políticas públicas em turismo já tomadas e encaminhadas à implementação;
verificar o tipo de participação na tomada de decisão; perceber as principais dificuldades da
implementação desse modelo de gestão preconizado pelo Plano Nacional do Turismo; e
verificar o grau de participação dos conselheiros nas reuniões.
3.4 Análise dos Dados

Para a análise dos dados foi utilizado o critério proposto por Miles e Huberman
(1994), que consideram três fluxos de atividades no processo de análise: (1) redução de dados;
(2) apresentação dos dados; e (3) extração de conclusões e verificação. Os três processos
ocorreram durante e após a coleta de dados.
O processo de redução dos dados aconteceu antes da fase de coleta, no sentido da
focalização da pesquisa: (a) dentro de um quadro conceitual específico; (b) na seleção dos
sujeitos; (c) na seleção das questões de pesquisa; e (d) nos enfoques para a coleta de dados. À
medida que a coleta de dados prosseguiu, o processo de redução de dados continuou na
elaboração de resumos, codificando os dados, estabelecendo categorias e agrupamentos, entre
outros.
Os dados foram organizados, comprimidos e agrupados de forma a permitir
extrair resultados e conclusões. Na extração de significados foi feito o agrupamento das
informações em classes, o qual permitiu a construção de uma cadeia lógica de evidências.
Foram utilizados quadros e gráficos para compactar e apresentar os dados e informações
obtidos na pesquisa documental e nas entrevistas, bem como um texto descritivo e analítico.
4 Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte
(CONETUR)

Neste capítulo serão apresentados e analisados os resultados das pesquisas


documental e de campo. A pesquisa documental foi realizada em maio de 2008, sendo
utilizados para tal fim todos os documentos relacionados ao Conselho Estadual de Turismo do
Rio Grande do Norte (CONETUR) selecionados na Secretaria de Estado do Turismo
(SETUR). Na pesquisa de campo foram entrevistados vinte e quatro conselheiros e a
secretária executiva do CONETUR.

4.1Disposições Preliminares e Competências

O CONETUR foi criado em 1989 pelo decreto estadual n° 10.386 de 05 de junho


de 1989 que designou a sua composição e as suas atribuições. Entretanto, no período que
compreende os anos de 1989 a 2003, este Conselho funcionou sem uma orientação da política
nacional. Então, no ano de 2003, com a criação do Ministério do Turismo e a conseqüente
elaboração do Plano Nacional do Turismo (2003/2007), houve, através deste instrumento, a
diretriz de constituição de 27 fóruns estaduais com a finalidade de integrar os representantes
da cadeia produtiva do turismo nos Estados e Distrito Federal, facilitando assim a implantação
deste Plano (Mtur, 2006).
Como o Rio Grande do Norte já possuía seu Conselho Estadual de Turismo, foi
necessário apenas reestruturá-lo e reativá-lo, pois as reuniões não tinham uma periodicidade
estabelecida. Logo, em 15 de dezembro de 2003, através do decreto n° 17.276, a governadora
do Estado do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria considerou a necessidade de adequação
das atribuições e da composição do Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte –
CONETUR a então vigente Política Nacional de Turismo.
A partir de 2003 o Conselho tomou um novo direcionamento passando a ter
reuniões mais freqüentes e ações mais efetivas, ou seja, o CONETUR passou a ser mais
atuante. Em conseqüência a esse fato, em 14 de fevereiro de 2006, a governadora do Estado
aprovou o Regimento Interno deste Conselho através do decreto n° 18.893 que trata das
disposições expostas a seguir e encontram-se vigentes até os dias de hoje.
O artigo 1° ressalta que o Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte
(CONETUR) é um Órgão Público Colegiado de assessoramento, com caráter consultivo,
vinculado diretamente à Secretaria de Estado do Turismo (SETUR).
O artigo 2° afirma que compete ao CONETUR assessorar a SETUR na
implementação da Política Estadual de Turismo, bem como nos planos, programas, projetos e
atividades do setor turístico, sugerindo estratégias e propondo soluções aos problemas
inerentes a esse setor. No exercício de sua competência administrativa, cumpre ao
CONETUR:
I. Propor diretrizes, oferecer subsídios e contribuir para a formulação e implementação
da Política Estadual de Turismo;
II. Apreciar o calendário de eventos turísticos no Estado, bem como os planos de Ação
Governamental no setor de turismo;
III. Opinar sobre:
a) planos, programas e projetos de desenvolvimento do turismo no Estado;
b) propostas de financiamento de empreendimentos turísticos ou de incentivos à sua
implantação;
c) convênios em que seja parte o Estado do Rio Grande do Norte, representado pela
SETUR; e
d) outras matérias de interesse turístico, submetidas ao CONETUR por seus
Conselheiros ou pelo Secretário de Estado do Turismo;
IV. Articular-se com Órgãos Públicos Federais de execução da Política Nacional de
Turismo, implementando, no âmbito estadual, as atividades delegadas por tais Órgãos
ao CONETUR;
V. Sugerir a organização de eventos locais de interesse turístico e as medidas de
orientação e apoio à sua efetivação;
VI. Indicar a promoção de eventos nacionais e internacionais, no sentido de minimizar os
efeitos da sazonalidade da atividade turística;
VII. Aconselhar a exploração do turismo em toda a sua cadeia produtiva, principalmente, o
artesanato, a culinária e a cultura potiguares, agregando-as, efetivamente, ao setor
turístico do Estado;
VIII. Propor ações que visem ao incremento do fluxo de turistas para o Estado do Rio
Grande do Norte;
IX. Avaliar as demandas do Estado e dos Municípios potiguares junto ao Governo
Federal;
X. Recomendar ações para o desenvolvimento sustentável do turismo, com ênfase na
preservação do meio ambiente;
XI. Votar o Regimento Interno do Conselho, bem como suas alterações, e submetendo-as
à aprovação do Poder Executivo, por intermédio da SETUR; e
XII. Exercer outras atividades no interesse do desenvolvimento do turismo, observadas as
competências dos Òrgãos Públicos Federais, Estaduais e Municipais.

4.2Constituição

No artigo 3° encontra-se a listagem dos integrantes do CONETUR, composta por


seis conselheiros, que são os membros natos e vinte e oito membros convidados,
representantes de diversos Órgãos e Entes relacionados direta ou indiretamente ao turismo do
estado do Rio Grande do Norte. Apresenta-se a seguir a atual listagem desses membros, haja
vista às mudanças decorridas nos dois últimos anos, onde os seis conselheiros natos
permanecem, enquanto passam a compor assento no CONETUR as vinte e seis entidades que
seguem.
Conselheiros do CONETUR:
I. O Secretário de Estado do Turismo;
II. O Secretário Adjunto de Estado do Turismo;
III. O Secretário de Estado do Planejamento e das Finanças;
IV. O Secretário de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social;
V. O Secretário de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social; e
VI. O Presidente da Fundação José Augusto.
Membros Convidados:
VII. Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Secção do Rio Grande do Norte
(ABIH/RN);
VIII. Associação Brasileira de Agências de Viagens no Rio Grande do Norte
(ABAV/RN);
IX. Associação Brasileira de Empresas de Eventos no Estado do Rio Grande do Norte
(ABEOC/RN);
X. Associação Brasileira de Entretenimento e Lazer do Rio Grande do Norte
(ABRASEL/RN);
XI. Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores de Turismo do Rio Grande do
Norte (ABRAJET/RN);
XII. Associação do Pólo Turístico da Via Costeira;
XIII. Associação dos Empresários do Litoral de Parnamirim (AELP);
XIV. Associação dos Empresários do Litoral Norte (ALNORTE);
XV. Associação dos Hoteleiros de Tibau do Sul e Pipa (ASHTEP);
XVI. Banco do Brasil S/A;
XVII. Banco do Nordeste do Brasil S/A;
XVIII. Caixa Econômica Federal (CEF);
XIX. Cooperativa de Desenvolvimento da Atividade Hoteleira e Turística
(COOHOTUR);
XX. Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO);
XXI. Federação das Câmaras de Dirigentes Logistas do Rio Grande do Norte (FCDL);
XXII. Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN);
XXIII. Federação do Comércio do Estado do Rio Grande do Norte (FECOMÉRCIO);
XXIV. Federação dos Municípios do Estado do Rio Grande do Norte (FEMURN);
XXV. Fórum Nacional dos Cursos de Turismo e Hotelaria (FORNATUR);
XXVI. Fundação Comitê de Captação de Eventos (Natal Convention & Visitors Bureau);
XXVII. Município de Mossoró – RN;
XXVIII. Município de Natal – RN;
XXIX. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte
(SEBRAE/RN);
XXX. Sindicato das Empresas de Turismo do Rio Grande do Norte (SINDETUR/RN);
XXXI. Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares do Rio Grande do Norte
(SHBRS);
XXXII. Sindicato dos Bugueiros Profissionais do Rio Grande do Norte (SINDBUGGY);
XXXIII. Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares e em Turismo e
Hospitalidade do Estado do Rio Grande do Norte (SECHS/RN);
XXXIV. Sindicato dos Guias de Turismo do Rio Grande do Norte (SINGTUR/RN).
Os Conselheiros são indicados pelas entidades as quais representam e designados
pelo Governador do Estado. Junto a cada Conselheiro indicado, é indicado também um
suplente, que irá substituí-lo em seus impedimentos e faltas, ou sucedê-lo, em caso de vaga,
até o término do respectivo mandato que é de um ano, permitida a recondução por igual
período. Os conselheiros do CONETUR não receberão qualquer remuneração, sendo
consideradas de relevante interesse público as funções por eles exercidas. A presidência do
CONETUR será exercida pelo Secretário de Estado do Turismo ou seu substituto legal e o
Plenário do CONETUR poderá manifestar-se por meio de Resoluções que serão resumidas
em extratos.
Além dos Conselheiros, todo Fórum Estadual de Turismo, seja em qualquer uma
das unidades da federação brasileira, dispõe da presença de um extensionista que é um
representante do Ministério do Turismo que participa das suas reuniões. A ação extensionista,
de acordo com o Mtur (2003), tem como missão facilitar as relações do Ministério do
Turismo e do Núcleo Estratégico de Turismo (formado pelo Fórum de Secretários e
Dirigentes Estaduais de Turismo e pelo Conselho Nacional de Turismo), com os Estados e
Municípios.
O extensionista é encarregado de acompanhar, orientar e articular as ações e a
operacionalização do Fórum de Turismo de determinado Estado, em sintonia com o Plano
Nacional de Turismo (PNT 2003-2007). Os objetivos da presença de um extensionista nos
fóruns estaduais são de:
Orientar o Fórum com base no PNT;
Acompanhar a evolução do Fórum;
Articular as ações entre o Fórum e o Ministério do Turismo;
Viabilizar a consolidação do PNT;
Contribuir para o desenvolvimento do turismo.
As habilidades e competências de um extensionista são baseadas nas seguintes
premissas: diplomacia; ética; coerência; e hábito de passar informação. Os extensionistas
também devem conhecer, de modo geral, a estrutura e as responsabilidades do Ministério do
Turismo; o Plano Nacional do Turismo; e a realidade do Estado e as suas ações, políticas,
programas e projetos de turismo. Vale destacar que o extensionista não é cargo e nem
profissão, é um encargo de apoio à política do Ministério do Turismo.

4.3Estrutura e Funcionamento

O artigo 4º do Regimento Interno do CONETUR estabelece a composição da


estrutura organizacional deste Conselho: Plenário; Secretaria Executiva; e Comissões. O
Plenário é formado por todos os Conselheiros que possuem assento no CONETUR; a
Secretaria Executiva é designada pelo Presidente do Conselho, desde que seja servidor do
Estado e as Comissões Temáticas são formadas por grupos de Conselheiros.
No ano de 2007 foi aprovado em reunião plenária do CONETUR que as
Comissões Temáticas seriam seis e que cada uma delas teria sete participantes, os quais
podem participar de mais de uma comissão. Cada comissão seria ainda coordenada por um
representante da Secretaria de Estado do Turismo (SETUR), totalizando então oito
componentes em cada Comissão. Apresenta-se a seguir na figura 4 uma configuração da
estrutura de funcionamento do CONETUR.

C2 Plenário C3

C1 Secretaria C4
Executiva
C5 C6

FIGURA 4 - Estrutura de Funcionamento do CONETUR


FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008.

O artigo 5º rege que a Secretaria Executiva, subordinada, diretamente, ao


Presidente do CONETUR, terá as seguintes atribuições:
I. Organizar a pauta das reuniões do CONETUR, coordenar as matérias que serão
submetidas à apreciação do Plenário, bem como registrar o comparecimento dos
Conselheiros;
II. Adotar as medidas necessárias ao funcionamento do CONETUR e ao fiel
cumprimento das suas Resoluções;
III. Dirigir e executar os serviços administrativos de apoio às atividades do
CONETUR;
IV. Expedir convites para as reuniões, elaborar as respectivas atas e encaminhá-las
aos Conselheiros com antecedência mínima de cinco dias úteis à data de realização da
próxima reunião; e
V. Executar outras tarefas que lhe sejam atribuídas pelo CONETUR.
O quadro funcional necessário às atividades da Secretaria Executiva, inclusive o
seu Titular, será designado pelo Secretário de Estado do Turismo, dentre os servidores da
Administração Pública Estadual.
No artigo 6º é facultado ao CONETUR criar Comissões Técnicas, sob a
presidência de Conselheiros, para a realização de estudos, pesquisas, programas e projetos
relacionados com o turismo. O artigo 7º menciona que o CONETUR poderá solicitar a
qualquer Órgão ou Entidade Pública Estadual, informações que contribuam para a execução
das atividades do Conselho. O artigo 8º coloca que o Presidente do CONETUR poderá
solicitar, para participar de suas reuniões, na qualidade de convidados especiais,
representantes de Órgãos e Entidades Públicas ou Privadas não integrantes do Conselho, que,
por seus conhecimentos e experiência profissional, possam contribuir para a discussão das
matérias em exame, porém não exercerão o direito de voto.
O artigo 9º estabelece que o CONETUR reunir-se-á, ordinariamente, na primeira
segunda-feira de cada mês, conforme calendário aprovado pelos Conselheiros, e,
extraordinariamente, quando convocado por seu Presidente ou por, no mínimo, três
Conselheiros. As reuniões do CONETUR serão instaladas com a presença de pelo menos um
terço dos Conselheiros e serão públicas, correndo em sigilo nos casos em que o interesse
coletivo exigir ou o Plenário assim decidir. Cada Conselheiro terá direito a um voto, sendo
vedado o voto por procuração. As deliberações do CONETUR serão tomadas pela maioria
dos votos dos Conselheiros presentes, cabendo ao Presidente, além do voto pessoal, o de
desempate. Toda convocação para reunião ordinária deverá indicar a pauta dos respectivos
trabalhos, e a reunião extraordinária conterá, ainda, a indicação do motivo de sua realização.
O artigo 10º traz a seqüência das reuniões do CONETUR:
I. Assinatura do Livro de Presença e verificação do quórum;
II. Instalação dos trabalhos;
III. Leitura, discussão, aprovação e assinatura da Ata da Reunião anterior;
IV. Leitura do Expediente;
V. Execução da Ordem do dia;
VI. Apresentação, discussão e decisão de resoluções e recomendações; e
VII. Apresentação de assuntos de ordem geral.
O artigo 11º especifica que durante a discussão da Ata da Reunião anterior os
Conselheiros poderão apresentar emendas de forma oral ou escrita. O artigo 12º aborda que
as Comissões Técnicas poderão reunir-se de forma ordinária ou extraordinária, segundo a
necessidade dos assuntos demandados pelo CONETUR ou por solicitação do Presidente do
Conselho. Cada Comissão Técnica deverá eleger um relator, dentre seus membros, que a
representará na exposição dos resultados da respectiva Comissão ao Plenário do CONETUR.
O artigo 13º apresenta os direitos dos Conselheiros:
I. Votar nas deliberações do CONETUR;
II. Solicitar os esclarecimentos necessários à apreciação dos assuntos em pauta,
propondo, inclusive, a convocação de especialistas;
III. Propor questões de ordem;
IV. Pedir vistas de autos de processos e celeridade na sua discussão ou votação;
V. Manifestar-se sobre quaisquer matérias, inclusive as de interesse dos Órgãos ou
Entidades que representem no CONETUR;
VI. Requerer preferência ou urgência para discussão de assuntos em reunião do
Conselho; e
VII. Elaborar e sugerir modificações deste Regimento Interno, submetendo-as à
aprovação do Governador do Estado.
Já o artigo 14º trata das obrigações dos Conselheiros:
I. Apreciar e relatar as matérias que lhes sejam distribuídas pelo Secretário
Executivo, por determinação do Presidente do CONETUR;
II. Integrar e coordenar as Comissões Técnicas quando forem designados para a
respectiva composição;
III. Tomar providências no sentido da boa condução das atividades do CONETUR;
IV. Promover representação contra os atos de descumprimento às decisões ou à
legislação referente ao CONETUR;
V. Executar as delegações recebidas do Plenário ou do Presidente do CONETUR; e
VI. Cumprir e exigir a observância de toda a legislação pertinente ao CONETUR.
O artigo 15º aponta que perde automaticamente o mandato o Conselheiro ou
suplente que, sem motivo justificado, faltar a mais de três reuniões ordinárias, no período de
um ano, a contar da data de sua posse. O artigo 16º estabelece que em caso de substituição ou
inclusão de novo Órgão ou Entidade no CONETUR, o presidente submeterá ao Plenário,
durante a reunião ordinária ou extraordinária, o nome do representante do mencionado Órgão
ou Entidade, candidato a ocupar a respectiva vaga como membro convidado.
No artigo 17º encontram-se as competências do Secretário de Estado do Turismo,
na qualidade de Presidente do CONETUR, as quais são as seguintes:
I. Convocar e presidir as reuniões do CONETUR, bem como representá-lo em suas
relações externas;
II. Definir a pauta dos assuntos das reuniões ordinárias e extraordinárias;
III. Apreciar e decidir sobre as proposições relativas à Política Estadual de Turismo,
apresentadas, no CONETUR, por qualquer interessado, submetendo ao Plenário os
casos que comportem ação normativa;
IV. Dirigir as atividades do CONETUR e encaminhar à votação dos Conselheiros,
quando julgar necessário, as matérias submetidas à apreciação do Conselho;
V. Zelar pelo cumprimento das decisões do CONETUR;
VI. Designar Comissões Técnicas;
VII. Convidar, para as reuniões do CONETUR, representantes de Instituições Públicas
ou Privadas, especialistas e técnicos sobre assuntos de interesse do turismo;
VIII. Decidir sobre questões de ordem;
IX. Fixar prazos para relatórios e comissões, substituindo-os caso sejam excedidos;
X. Cumprir e promover a execução das normas contidas neste Regimento Interno; e
XI. Praticar os demais atos que se fizerem necessários à fiel execução dos objetivos
do CONETUR.
O artigo 18º aponta que o CONETUR, observada a legislação estadual vigente,
poderá estabelecer normas complementares relativas ao seu funcionamento e à ordem dos
trabalhos. Por fim, o artigo 19º, dispõe que as possíveis omissões e dúvidas sobre matérias
afetas ao CONETUR serão resolvidas pelo seu Presidente, o qual expedirá ato específico
sobre a questão que lhe for submetida.
Em 2007, ocorreu uma reestruturação do CONETUR que foi realizada a partir de
um questionário aplicado aos conselheiros que teve cinco questões e o seguinte resultado:
1. CONSTITUIÇÃO DO CONETUR – MEMBROS CONSELHEIROS, 99% dos
conselheiros optaram por excluir as entidades cujos Conselheiros convidados
estiveram ausentes nas últimas três reuniões.
2. COMISSÕES TEMÁTICAS PERMANENTES, 72% dos Conselheiros decidiram
manter o número de seis comissões.
3. PERIODICIDADE DAS REUNIÕES ORDINÁRIAS:
a. CONETUR, 88% dos conselheiros optaram por reuniões bimestrais,
intercalando com as Reuniões Ordinárias das Comissões Temáticas
Permanentes.
b. COMISSÕES TEMÁTICAS, 71% dos Conselheiros decidiram que as reuniões
das Comissões Temáticas Permanentes seriam bimestrais, intercalando com as
reuniões ordinárias do CONETUR.
4. LOCALIDADE DAS REUNIÕES
a. CONETUR, 86% dos Conselheiros optaram para que as reuniões fossem
sempre na Capital do Estado.
b. COMISSÕES TEMÁTICAS PERMANENTES, 99% dos Conselheiros
decidiram que as reuniões sempre fossem na Capital do Estado.
5. PAUTAS DAS REUNIÕES ORDINÁRIAS DO CONETUR, 92% dos Conselheiros
acham que as pautas deveriam ser compostas por proposições da Presidência e das
Comissões Temáticas Permanentes.

4.4Atuação

A atuação do CONETUR será analisada a seguir através das atas das reuniões dos
anos 2003-2007 (período de estudo deste trabalho), bem como por meio dos resultados das
entrevistas realizadas com os Conselheiros deste Conselho no ano de 2008.

4.4.1 Principais atuações do CONETUR

O CONETUR está organizado nas seis Comissões Temáticas seguintes: Eventos,


Regionalização, Capacitação, Segurança, Infra-Estrutura e Marketing. Todavia, alguns dos
temas tratados nas reuniões das Comissões Temáticas e das Plenárias do CONETUR não são
exclusivos a cada comissão temática, podendo ser tratados também no âmbito das demais
comissões deste Conselho. Por essa razão optou-se por classificar as ações discutidas nas
reuniões plenárias do CONETUR nas oito principais categorias a seguir especificadas: a)
Capacitação (eventos, palestras e cursos); b) Planos de Desenvolvimento e de ordenamento do
solo; c) Projetos de Infra-Estrutura (Construção, Ampliação, Revitalização e Preservação) e
de Equipamentos e Materiais; d) Relatórios de Programas e Ações; e) Propostas de Trabalho e
Ações de órgãos setoriais; f) Assinatura de Convênios e Protocolo de Intenções, g) Marketing;
h) Atos Administrativos e i) Outros. Os quadros foram apresentados por ano, contemplando
assim, os anos de 2003 a 2007, período que abrange este estudo.
Apresenta-se a seguir o quadro 5 onde são apresentados os principais temas
discutidos nas reuniões plenárias do CONETUR.
Temas /Anos 2003
a) Capacitação (eventos, palestras e
cursos):
- turismo municipal, nacional e - I curso de formação e orientação de policiais voltado ao
internacional, etc. turismo;
-segurança no turismo
b) Planos de Desenvolvimento, de PRODETUR II
ordenamento do solo, etc.
c) Projetos: - Operação Verão
- De infra-estrutura (Construção, - Reforma do Centro de Convenções;
Ampliação, Revitalização e - Ocupação das Dunas de Genipabu e lixo nas praias;
Preservação) - Novo posto policial em Ponta Negra;
- Instalação de 11 postos de salvamento do corpo de
bombeiros;
d) Projeto de - Equipamentos e Operação Verão: 22 novas viaturas;
materiais
e) Proposta de trabalho e ações de Combate à prostituição infanto-juvenil.
órgãos setoriais
f) Apreciação de assinatura de -
convênios, protocolo de intenções,
etc.
g) Marketing (feiras, workshops, vôos Participação do RN em todas as feiras e workshops nacionais
charter) e internacionais do trade turístico.
h) Atos administrativos -
i) Outros -Tempo de desembarque dos vôos charter.

QUADRO 5 - Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no ano de 2003
FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008

Em 2003, primeiro ano dos cinco que estão sendo analisados neste trabalho (2003-
2007), houve apenas uma reunião do Conselho já em dezembro do referido ano, pois, de
acordo com o então secretário de turismo Haroldo Azevedo, o Rio Grande do Norte foi o
primeiro Estado a receber o Ministro do Turismo e seus secretários, tendo sido acordado nessa
ocasião (Fórum Nacional dos Secretários de Turismo), que ficaria para ser um dos últimos
Estados a dar início às reuniões de seu Fórum Estadual de Turismo para que não obtivesse
vantagem frente aos demais (SETUR, 2003).
Essa reunião do Conselho teve como foco fundamental a apresentação do Projeto
de Promoção, Divulgação e Marketing para o turismo do Rio Grande do Norte para o ano de
2004. No entanto, outras políticas foram anunciadas, tais como: a Política de Segurança, a
Operação Verão, as providências e ações para a assinatura do PRODETUR II, o Projeto de
Reforma do Centro de Convenções, a participação nas feiras e workshops nacionais e
internacionais, a diminuição do tempo de desembarque dos vôos charter no Aeroporto
Internacional Augusto Severo e a ocupação das Dunas de Genipabu e o lixo nas praias.
Diferentemente de 2003, em 2004 o Conselho se reuniu quase que mensalmente,
não tendo havido reuniões apenas nos meses de março e outubro. O quadro 6 a seguir vem
apresentar os assuntos que foram pautados no ano de 2004.

Temas /Anos 2004


a) Capacitação (eventos e - Apresentação da Rede Brasil de Municípios Interativos –
palestras) sobre: Natal Convention Bureaux;
- turismo municipal, nacional e - Palestra – Ações da Federação Brasileira dos Convention &
internacional, etc. Visitors Bureaux para a promoção do turismo brasileiro.
-segurança no turismo - Palestra sobre o PRODETUR II;
- Exposição sobre a nova administração do Novo Hotel Escola
Barreira Roxa;
- Exposição sobre a Conferência Internacional da AMFORHT –
Associação Mundial de Formação para Hotelaria e Turismo;
- Palestra – Processo de Captação de Recursos junto ao
Ministério do Turismo;
- Palestra – Mercado Turístico Internacional.
b) Planos de Desenvolvimento, de -
Ordenamento do solo, etc.
c) Projetos: - Ações de preservação das Dunas de Genipabu;
- De infra-estrutura
- Ampliação do Centro de Convenções;
(Construção, Ampliação,
Revitalização e Preservação) - Projeto de Revitalização da Ribeira;
- Equipamentos e materiais
- Prefeitura de Parnamirim: Centro de Informações Turísticas;
- Prefeitura de Tibau do Sul: Centro de Artesanato; Centro de
Informações Turísticas;
- Prefeitura do Natal: Recuperação do Patrimônio Histórico;
Centro de Artesanato; Recuperação da Área Central;
Recuperação do Canto do Mangue; Centro de Apoio Buggy
Turismo;
- Revitalização do Entorno do Cajueiro de Pirangi;
- Projetos de Infra-Estrutura da SETUR.

d) Relatórios de programas e ações -Apresentação do relatório das ações da SETUR de Jul/Ago;


e) Propostas de trabalho e ações de - Apresentação das propostas de trabalho do novo secretário de
órgãos setoriais segurança.
f) Apreciação de assinatura de - Apresentação do convênio SETUR – SHRBS;
convênios, protocolo de
- Assinatura do Convênio entre o Governo do Estado e a Caixa
intenções, etc.
Econômica Federal.
g) Marketing(feiras, workshops, - Captação de vôos charters.
vôos charter
h) Atos administrativos -
i) Outros -
QUADRO 6 - Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no ano de 2004
FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008

Como se pôde observar no quadro 6, as reuniões do CONETUR no ano de 2004,


foram pautadas basicamente em palestras com temas relevantes para a atividade turística do
Estado e na apresentação de projetos orçamentários para a melhoria do turismo do Rio Grande
do Norte. Esses temas e projetos foram de ordem bastante variada, dentre os quais é válido
destacar: captação de vôos charter, preservação das Dunas de Genipabu, ampliação do Centro
de Convenções, propostas de trabalho da Secretaria de Segurança e Defesa Social,
revitalização da Ribeira, recuperação do Canto do Mangue e do Centro Histórico de Natal,
captação de recursos junto ao Ministério do Turismo, revitalização do entorno do Cajueiro de
Pirangi e Ações da Federação Brasileira dos Conventions & Visitors Bureau para a promoção
do turismo brasileiro.
É possível perceber no conteúdo dessas ações, tanto uma preocupação em captar
mais turistas para o Rio Grande do Norte, através do empenho na captação dos vôos charter e
dos eventos, quanto com o bem-estar e a segurança dos turistas em sua permanência no
Estado, a partir das políticas de segurança e de revitalização e/ou recuperação dos atrativos
turísticos, além de acabar promovendo, com isso, a sustentabilidade do turismo potiguar e a
melhoria da qualidade de vida da população local.
Em relação à observação da participação dos Conselheiros durante o ano de 2004
nas políticas discutidas e implementadas pelo CONETUR, pode-se considerar que houve uma
boa representatividade de entidades participativas, pois das vinte ações desempenhadas, oito
referem-se a demandas dessas entidades, ou parcerias entre elas e a SETUR, sendo apenas
sete as ações advindas especificamente desta Secretaria. As outras cinco ações referem-se a
palestras com abordagens relevantes para a atividade turística no Estado.
O que se destacou no ano de 2005 no CONETUR foram as políticas de infra-
estrutura, com a apresentação de diversos projetos dessa natureza. Houve também uma forte
preocupação com as políticas de regionalização, além de contemplar praticamente as seis
comissões temáticas. A única que não foi contemplada foi a de segurança. (Observar quadro 7
a seguir).
Temas /Anos 2005
a) Capacitação (eventos e -Apresentação do Evento “Santo Antônio do Povo” da cidade
palestras) sobre: de Santana do Seridó;
- turismo municipal, nacional e -Palestra s/ o Programa de Regionalização de Turismo –
internacional, etc.
Roteiros do Brasil;
-segurança no turismo
-Ações Prioritárias para o Conselho no Âmbito do Plano
Nacional de Turismo.
b) Planos de Desenvolvimento, de - O Plano Diretor de Natal – Área de Interesse Turístico;
Ordenamento do solo, etc.
- Aspectos Urbanísticos de Ponta Negra;
- Apresentação do Projeto de Desenvolvimento do Turismo nos
Pólos Costa Branca e Costa das Dunas.
- Exposição de problemas de sustentabilidade na Área de Lazer
do Conjunto Panatis na Zona Norte de Natal;
c) Projetos: -Projeto do Memorial Marco de Touros;
- De infra-estrutura
- Projeto de Implantação de Estrutura de Lazer e Esporte na Via
(Construção, Ampliação,
Revitalização e Preservação) Costeira;
- Equipamentos e materiais
- Análise da Proposta de Utilização de Área da Via Costeira
para Implantação de Equipamento Esportivo;
- Exposição sobre os Sistemas de Esgotamento Sanitário de
Ponta Negra e Via Costeira;
d) Relatórios de programas e ações -Apresentação do Relatório s/ os Road Shows no interior do
Estado de São Paulo;
e) Propostas de trabalho e ações de -Discussão sobre a ação da SETUR junto ao Governo do
órgãos setoriais
Estado;
- Apresentação das ações da SETUR em apoio ao combate do
turismo com motivação sexual
f) Apreciação de assinatura de -Assinatura de Protocolo de Intenções entre o Gov. do Estado
convênios, protocolo de
através da SETUR, SEBRAE e SENAC, p/ desenvolver a
intenções, etc.
cadeia produtiva do turismo do RN
g) Marketing(feiras, workshops, -Apresentação do Calendário de Feiras Nacionais e
vôos charter Internacionais de Turismo do Rio Grande do Norte.
h) Atos administrativos -
i) Outros -
QUADRO 7 - Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no ano de 2005
FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008

Em 2006, a atuação do CONETUR se mostrou um tanto incipiente. Ocorreram


apenas duas reuniões, tendo sido a primeira delas apenas no mês de Junho. O quadro 8 que
segue mostra as principais políticas discutidas durante esse ano.
Temas /Anos 2006
a) Capacitação (eventos e -Análise do Proj. de Realização e Divulgação dos Eventos
palestras) sobre:
Sócio-Culturais do São João e São Pedro na cidade de
- turismo municipal, nacional e
internacional, etc. Janduís/RN;
-segurança no turismo
-Análise do Plano de Trabalho para a realização do IV Festival
da Carne de Sol e do Queijo de Caicó/RN;
-Análise do Projeto p/ realização e divulgação dos eventos
sócio-culturais do São João e São Pedro no Município de
Caraúbas/RN;
-Análise do Proj. do Evento “II Arraiá de Todo Mundo”,
alusivo ao São João do Município de Caraúbas/RN;

-Palestra sobre o Programa de Turismo da Bahia;


- Apresentação pelo SEBRAE de Proposta do Plano de
Trabalho: “Diretrizes para a Consolidação do Turismo no RN –
2007-2017”.
b) Planos de Desenvolvimento, de -
Ordenamento do solo, etc.
c) Projetos: -Análise para posterior parecer, solicitando recursos financeiros
- De infra-estrutura
ao Ministério do Turismo, para reforma do antigo Prédio da
(Construção, Ampliação,
Revitalização e Preservação) Prefeitura Municipal de Caicó/RN;
- Equipamentos e materiais
-Análise e discussão de assuntos relacionados ao cercamento
das Dunas de Geinpabu
d) Relatórios de programas e ações
e) Propostas de trabalho e ações de Votação para as demandas de solicitação de recursos para os
órgãos setoriais Municípios de: Currais Novos, Lajes Pintadas, Boa Saúde e
Caicó junto ao Ministério do Turismo
f) Apreciação de assinatura de -
convênios, protocolo de
intenções, etc.
g) Marketing(feiras, workshops, Ações e Eventos Nacionais e Internacionais da SETUR,
vôos charter ocorridos no primeiro semestre de 2006, na divulgação do
Turismo do RN
h) Atos administrativos Posse do Presidente e da Sec. Executiva do CONETUR;
i) Outros -
QUADRO 8 - Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no ano de 2006
FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008

A análise do quadro 8 favorece a reflexão de que a baixa efetividade do Conselho


em 2006 está ligada diretamente à mudança da presidência e da secretaria executiva do
CONETUR, sendo a descontinuidade administrativa um fator importante a considerar como
possivel causa dessa baixa efetividade. Pode-se observar ainda que as principais ações
discutidas durante as reuniões do CONETUR em 2006 estão relacionadas ao turismo sócio-
cultural, com destaque para as festividades juninas. Isso demonstra um alto grau de
participação por parte dos municípios, os quais são representados no Conselho pela FEMURN
(Federação dos Municípios do Estado do Rio Grande do Norte).
Temas /Anos 2007
a) Capacitação (eventos e -Apresentação do Plano Nacional de Turismo 2007/2010
palestras) sobre:
- turismo municipal, nacional e -Palestra “Sistema Estadual de Segurança Pública:
internacional, etc.
possibilidades e limitações”;
-segurança no turismo
-Palestra “Ações do Plano RN Seguro – referente à atividade
turística”;

-Palestra da Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas.


b) Planos de Desenvolvimento, de -
Ordenamento do solo, etc.
c) Projetos:
- De infra-estrutura - Apresentação das Obras Estruturantes para Região
(Construção, Ampliação, Metropolitana de Natal
Revitalização e Preservação)
- Equipamentos e materiais
d) Relatórios de programas e ações -Apresentação dos relatórios das Comissões Permanentes do
CONETUR;
-O Presidente do Conselho fez uma breve prestação de contas
das ações desenvolvidas, da participação em eventos e da
divulgação do destino Rio Grande do Norte no primeiro
semestre de 2007;
e) Propostas de trabalho e ações de -Aprovação “Ad Referendum” dos planos de trabalho
órgãos setoriais solicitados pelos municípios de Janduís e Lagoa D’antas em
busca de apoio financeiro ao Ministério do Turismo
f) Apreciação de assinatura de -
convênios, protocolo de
intenções, etc.
g) Marketing(feiras, workshops, -
vôos charter
h) Atos administrativos -Posse do Presidente e da Sec. Executiva do CONETUR;
-Aprovação do calendário das Reuniões Ordinárias de 2007;
-Definição das Comissões Temáticas;
-Assumiu-se o compromisso de retomar as reuniões das
comissões temáticas;
-Aprovação das Comissões do CONETUR;
-Alteração do Regimento Interno;
-Reestruturação do CONETUR;
-Posse das representantes do FORNATUR – Fórum Nacional
dos Cursos Superiores de Turismo e Hotelaria;
-Aprovação do Calendário de Reuniões 2008;
i) Outros -Apresentação do consultor do MTur que daria apoio na
integração dos colegiados da Macrorregião Nordeste;
QUADRO 9 - Principais Temas Discutidos nas Reuniões Plenárias do CONETUR no ano de 2007
FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008
As reuniões do CONETUR no ano de 2007, entre ordinárias e extraordinárias,
somaram um total de sete. A primeira delas foi em maio do referido ano e teve como principal
componente de pauta a posse de um novo presidente e de uma nova secretária executiva para
esse Conselho. Faz-se relevante destacar que onze meses antes, em junho de 2006, também
ocorreu uma troca de secretários, gerando conseqüentemente uma substituição de presidente e
secretaria executiva do Conselho. Essas substituições freqüentes comprometem continuidade
do CONETUR, pois nos dois anos subseqüentes, tanto em 2006 quanto em 2007, as reuniões
só foram iniciadas em junho e maio respectivamente. (Verificar quadro 9).
A análise das entrevistas aplicadas aos Conselheiros do CONETUR demonstra
que estes têm conhecimento do que seja correspondente à atuação do Conselho, haja vista que
quando perguntado a eles “Em que consistem as principais atuações do CONETUR?” obteve-
se o resultado a seguir, o qual leva a uma preliminar reflexão de que os Conselheiros têm
participado das reuniões plenárias com atenção e interesse, pois coincide com a análise das
atas das reuniões colocadas anteriormente.

Discussão sobre Problemas e


Soluções do Turismo no RN
Sobre as seis Comissões
Temáticas
Sobre o Pólo Costa das Dunas

Sobre o Aeroporto

Aprova ou não as Demandas dos


Municípios
Sobre o Terminal de Pesca

GRÁFICO 1 - Principais Atuações do CONETUR


FONTE: Entrevista realizada junto aos Conselheiros do CONETUR em julho de 2008

Dos 25 Conselheiros entrevistados, 14 citaram que as principais atuações do


CONETUR consistem em discutir os problemas e soluções do Turismo no Rio Grande do
Norte. E 11 Conselheiros disseram que os assuntos retomam aos temas das Comissões
Temáticas. Apenas 2 conselheiros citaram o Pólo Costa das Dunas e o aeroporto. Todavia,
tanto o terminal de pesca quanto as demandas dos municípios só foram citadas cada uma por
um Conselheiro, o que demonstra um desconhecimento dos demais Conselheiros sobre uma
das principais atribuições do CONETUR que é aprovar ou não as demandas dos municípios
junto ao Ministério do Turismo.
4.4.2 Principais diretrizes de Política Pública de Turismo tomadas no CONETUR já
implementadas e/ou encaminhadas para implementação

Embora seja de competência do CONETUR “propor diretrizes, oferecer subsidios


e contribuir para a formulação e implementação da Politica Estadual de Turismo”, observou-
se que a importância desse Conselho quanto ao assessoramento da SETUR na implementação
da Politica Estadual de Turismo ainda não foi devidamente ressaltado. Isso pode ser percebido
na presente pesquisa quando a maior parte dos Conselheiros entrevistados respondeu que as
principais diretrizes de política pública de turismo tomadas neste Conselho já implementadas
e/ou encaminhadas para implementação são relacionadas aos temas das seis Comissões
Temáticas. Uma resposta pouco precisa quando importantes medidas de politica publica
foram encaminhadas pelo Conselho como foi ressaltado na análise das atas. Alguns
Conselheiros citaram diretrizes específicas de políticas, tais como: revisão do PDITS (Plano
de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável) do PRODETUR; pesquisas;
fiscalização buggy legal; APA do Parque das Dunas; criação de empregos; Hotel Barreira
Roxa; e planejamento estratégico para o turismo do RN para os próximos 10 anos (o qual não
foi implementado). Entretanto, dois Conselheiros que não se consideram ainda integrados
com o CONETUR (um por motivo de conflitos internos na Instituição a qual representa e
outro por fazer parte do Conselho há pouco tempo), responderam que desconhecem qualquer
diretriz. Além disso, cinco Conselheiros afirmaram não ter havido qualquer tipo de diretriz de
política pública de turismo neste Conselho, haja vista que, para eles, o CONETUR apenas
discutiu algumas ações pontuais, não constituindo uma política propriamente dita. Esses
conselheiros corroboram com o conceito de politicas publicas que vê a política como formada
por ações articuladas com vistas ao alcance de objetivos.

Comissões Temáticas
Nenhuma
Outras

GRÁFICO 2 - Principais Diretrizes de Política Pública de Turismo tomadas no CONETUR já implementadas e/ou
encaminhadas para implementação
FONTE: Entrevista realizada junto aos Conselheiros do CONETUR em julho de 2008
4.4.3 Tipo de participação identificada na tomada de decisão no CONETUR

Constitui o CONETUR um conselho participativo? Uma parte significativa dos


conselheiros (10) identifica que a participação presente na tomada de decisão no Conselho é
concentrada em Conselheiros líderes que se destacam por ter uma maior experiência na área
do turismo ou por serem mais capacitados academicamente nos assuntos vinculados à
atividade turistica. Entretanto, uma parcela também considerável dos Conselheiros (7)
afirmou que a participação no CONETUR é democrática, visto que todos participam através
do voto. Outros (3) disseram ainda que a participação é concentrada nas demandas que o
presidente do Conselho traz, ou seja, não existe participação. Alguns Conselheiros citaram
isoladamente que: a participação se dá através da opinião; é pró-ativa; é ampla; cada um
defende suas idéias. Todavia, apesar das divergências, predomina a resposta que se baseia em
uma concentração, na assimetria do poder, que induz a sua concentração, seja nos líderes, seja
no Presidente.

Concentrada em Conselheiros
Líderes

Democrática

Concentrada nas Demandas que o


Presidente do Conselho traz

Outras

GRÁFICO 3 – Tipo de Participação identificada na tomada de decisão no CONETUR


FONTE: Entrevista realizada junto aos Conselheiros do CONETUR em julho de 2008
4.4.4 Principais dificuldades da implementação do modelo de gestão participativo
preconizado pelo Plano Nacional do Turismo no CONETUR

O modelo de gestão participativo enfrenta as dificuldades mais diversas para sua


concretização, dificuldades operacionais, mas também dificuldades vinculadas as
subjetividades humanas que apresentam concepções divergentes que podem conduzir ao
conflito e à desmotivação.
Em relação às principais dificuldades de implementação do modelo de gestão
participativo preconizado pelo Plano Nacional do Turismo no CONETUR, as contribuições
dos Conselheiros foram bastante diversificadas. A falta de tempo dos Conselheiros e os
interesses conflitantes entre iniciativa privada, poder público e terceiro setor, foram as mais
citadas (4 vezes cada uma), justificando-se a falta de tempo dos Conselheiros pelos cargos de
presidência que geralmente ocupam nas entidades as quais representam, e por isso, têm muitas
atribuições, estando algumas delas relacionadas a viagens, o que os impedem fisicamente de
comparecer às reuniões.
Outros Conselheiros (3) citaram que as dificuldades são decorrentes do fato de o
CONETUR não ser deliberativo, mas apenas consultivo o que faz com que haja um simples
direcionamento das políticas e não se tome efetivamente a decisão. Mais três Conselheiros
afirmaram que uma dificuldade de implementação do modelo de gestão participativo é a
participação de algumas entidades que não são diretamente relacionadas ao turismo, o que
causa um desinteresse ou até mesmo medo de participar por não dispor de um conhecimento
mais aprofundado ou prático sobre o assunto em questão. Outros três Conselheiros disseram
ainda que o CONETUR não enfrenta qualquer tipo de dificuldade para implementar o modelo
de gestão participativo preconizado pelo Plano Nacional do Turismo.
Alguns Conselheiros citaram as seguintes dificuldades:
“Há muitas entidades do Poder Público” (citado por 2 Conselheiros), significando que
estes se tornam mais fortes, inibindo a participação dos demais conselheiros;
“Descontinuidade da presidência do Conselho” (citado por 2 Conselheiros), fazendo-
se entender que a substituição de presidentes provoca um desvirtuamento das ações
que vinham sendo efetivadas anteriormente; pois a cada mudança de secretário de
turismo, consequentemente muda-se o presidente do Conselho, haja vista que
regimentalmente os dois cargos devem ser representados pela mesma pessoa. Além
disso, a secretaria executiva do CONETUR é escolhida pelo presidente em exercício,
o que pode causar ainda mais transtornos na organização e continuidade deste
Conselho;
“Ainda não se aprendeu a exercer uma democracia plena (citado por 2 Conselheiros),
devido a uma herança cultural muito forte advinda da ditadura militar e do
coronelismo”.
As demais explicações foram observadas cada uma por apenas um Conselheiro:
“Ausência dos Conselheiros”;
“Falta de verbas”;
“Falta de conhecimento dos Conselheiros sobre o seu papel no CONETUR”; e
“Desmotivação”.
Observar gráfico 4 a seguir para uma melhor visualização.
Como foi observado, as dificuldades são de diversas ordens e referem-se desde as
dificuldades de uma participação efetiva devido as assimetrias do conhecimento especializado
mobilizado pelos Conselheiros, até o conflito de interesses entre os membros que representam
segmentos sociais distintos, passando também por fatores como a descontinuidade
administrativa ou a falta de poder em deliberar as decisões. Junta-se a isso o fator tempo para
participar das reuniões, aspecto que não pode ser desconsiderado principalmente por aqueles
que ocupam cargos de direção.

4.4.5 Grau de participação dos Conselheiros do CONETUR em suas reuniões

As reuniões do CONETUR ocorridas entre os anos de 2003 e 2007 tiveram a


seguinte freqüência:
Reuniões/Anos 2003 2004 2005 2006 2007
Nº. de 1 10 7 2 6
Reuniões
Meses Dezembro Janeiro Fevereiro Junho Maio
Fevereiro Março Agosto Junho
Abril Abril Julho
Maio Junho Setembro
Junho Julho Novembro
Julho Agosto Dezembro
Agosto Outubro
Setembro
Novembro
Dezembro
QUADRO 10 – Número de reuniões por ano no CONETUR no período de 2003 a 2007
FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008

O quadro 10 acima reflete um pouco da descontinuidade decorrente da mudança


de presidência do CONETUR, destacada no tópico anterior pelos Conselheiros deste
Conselho, como sendo uma dificuldade de implementação do modelo de gestão participativo
preconizado pelo Plano Nacional do Turismo. Isso leva a crer que é gerada a partir daí uma
desmotivação de freqüência e participação por parte dos Conselheiros às reuniões.
Entretanto, no que diz respeito à freqüência dos Conselheiros às reuniões, quando
questionados sobre a sua participação nas reuniões, a maior parte deles (17) respondeu que vai
a 100% das mesmas. Alguns (2) disseram que a freqüência de sua participação é de 90%.
Enquanto outros disseram exatamente a sua freqüência, classificando-a como boa, por
exemplo. O gráfico 5 a seguir ilustra melhor esses dados.

100%
90%
Boa
Procura ir a todas
Em um ano só foi três vezes
Quase todas

GRÁFICO 4 – Grau de Participação dos Conselheiros do CONETUR em suas reuniões


FONTE: Entrevista realizada junto aos Conselheiros do CONETUR em julho de 2008
A fim de efetuar uma confirmação das respostas supracitadas, elaborou-se o
quadro a seguir com a quantidade de presenças dos Conselheiros nas reuniões do CONETUR
de acordo com as atas das reuniões plenárias do ano de 2007. Foi escolhido o ano de 2007
porque neste ano já faziam parte deste Conselho os mesmos Conselheiros que foram
entrevistados para a elaboração do gráfico 4.

N° de 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
Conselheiros Reunião Reunião Reunião Reunião Reunião Reunião Reunião
/ Reuniões
Plenárias
em 2007
Número de 21 24 26 28 22 29 27
Conselheiros
presentes na
Reunião
QUADRO 11 – Número de Conselheiros em Reuniões Plenárias no ano de 2007
FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008

A observação do quadro 11 demonstra que houve uma participação de bastante


relevância por parte dos Conselheiros nas Reuniões Plenárias do CONETUR em 2007,
perfazendo uma média de 25 Conselheiros por reunião. Entretanto, não se atingiu a faixa dos
33 participantes das reuniões do Conselho, o que leva à conclusão de que os Conselheiros, de
uma forma geral, não participam de todas as reuniões, onde se tem apenas a presença de uma
média de 78% dos Conselheiros nas reuniões.
5. CONCLUSÃO

Dos anos 1990 em diante os conselhos gestores de política pública passaram a


constituir um importante mecanismo para promover a discussão, aconselhamento e por vezes
a deliberação de ações públicas mais participativas e democráticas.
Nesse contexto, o modelo de gestão participativo preconizado pelo Plano
Nacional do Turismo (2003/2007) orienta que sejam criados fóruns estaduais de turismo a fim
de promover uma maior descentralização do poder entre as três esferas governamentais:
federal, estadual e municipal. Dessa forma, este trabalho propôs-se a analisar a atuação do
Conselho Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte (CONETUR) através das suas ações e
do tipo e grau de participação dos Conselheiros.
Inicialmente, faz-se preciso ressaltar que a atuação do CONETUR está condizente
com suas atribuições legais e competências que lhes foram designadas, ou seja, promover e
apreciar ações de: a) Capacitação (eventos, palestras e cursos); b) planos de desenvolvimento
e de ordenamento do solo; c) projetos de infra-estrutura, d) relatório de programas e ações; e)
propostas de trabalho e ações de órgãos setoriais; f) assinatura de convênios e protocolos de
intenção; g) marketing, bem como e) atos e procedimentos internos ao funcionamento do
próprio Conselho como nomeações do presidente e vice, regimento interno, entre outros.
Embora de uma maneira geral, os conselheiros tenham demonstrado
conhecimento das ações desempenhadas pelo Conselho, alguns conselheiros ainda as
desconhecem. Isso conduziu a sugestão dada por mais de um Conselheiro de que sejam
realizados periodicamente (a cada dois anos, por exemplo) esclarecimentos nesse sentido para
facilitar os trabalhos e o alcance de objetivos comuns, reduzindo assim, segundo eles, os
interesses conflitantes nele ainda presentes.
Como foi observado na análise dos resultados da presente dissertação, o
CONETUR tem se constituído em um importante fórum de discussões e de consulta sobre
planos, programas e projetos do setor turístico, bem como sobre ações de preservação e
medidas visando à solução de problemas vinculados ao turismo. É possível então afirmar que
o referido Conselho tem participado da formulação de diretrizes de política pública. Todavia,
alguns conselheiros afirmaram não ter havido qualquer diretriz de política pública nesse
Conselho, visto que na opinião deles, o que ocorreu, foram discussões sobre ações pontuais,
não se constituindo assim, em uma política propriamente dita.
Quando se buscou avaliar a freqüência e o tipo de participação dos Conselheiros nas
reuniões do CONETUR, observou-se uma freqüência de participação próxima a 80%.
Entretanto, quanto ao tipo de participação, constatou-se uma divisão de idéias entre os
Conselheiros: alguns disseram que a participação no CONETUR é concentrada em
Conselheiros líderes; enquanto outros disseram que ela é democrática. Vale ressaltar que o
conhecimento no setor de turismo e a expertise ou experiência acumulada pelo Conselheiro
parece ter constituído um diferencial. Logo, o fato do Conselheiro exercer uma posição de
relevo ou possuir capacidade analítica para exercer a liderança pode inibir a participação
daqueles que detêm menos informação.
Em geral, percebeu-se uma desmotivação de parte dos Conselheiros em relação ao
funcionamento do CONETUR, principalmente no que refere à importância da presença e da
participação dos mesmos naquele Conselho. Isso ficou evidenciado a partir de um balanço
realizado entre as principais sugestões dos Conselheiros para aperfeiçoar a participação na
gestão do CONETUR, abaixo listadas:
• Estreitamento das relações do CONETUR com os chefes de governo (Estado e Prefeitura),
para que as decisões tomadas pelo Conselho sejam de fato deliberadas;
• Democratizar a presidência do Conselho, para que a descontinuidade provocada pela
mudança de secretários de Estado do Turismo seja minimizada;
• Redução do número de Conselheiros através da exclusão de entidades de classes que estão
duplamente representadas;
• Direcionar as reuniões em prol de um objetivo comum e coletivo, para que seja reduzida a
prática de demandar interesses particulares;
• Cumprir os horários de início, debate e fim, para que as reuniões não se tornem cansativas e
improdutivas, o que leva à desmotivação dos Conselheiros;
• Definir um planejamento estratégico para direcionar melhor as ações do CONETUR; e
• Criar uma agenda de compromissos, para que as decisões sejam encaminhadas à
implementação.
A partir do exposto, pode-se concluir que o CONETUR tem contribuído com a
gestão participativa do turismo no Estado do Rio Grande do Norte, mas que medidas
importantes ainda fazem-se necessárias para o aperfeiçoamento da participação e nesse
aspecto as sugestões e recomendações acima sugeridas, poderão contribuir para uma maior
efetividade do modelo de gestão participativo preconizado pelo Plano Nacional do Turismo.
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APÊNDICES
APÊNDICE 1

ROTEIRO DE ENTREVISTA

FUNCIONAMENTO DO CONETUR-RN

1. Você conhece o processo de formação do CONETUR? Se sim, quais as dificuldades


encontradas nesse processo?

2. Em que consistem as principais atuações do CONETUR?

3. Como são definidas as pautas das reuniões (Todos os conselheiros podem sugerir
temas a serem incluídos na pauta?).

4. As decisões tomadas pelo Conselho Gestor do CONETUR-RN têm sido aplicadas?

5. Quais as principais diretrizes de política pública de turismo tomadas neste Conselho já


implementadas e/ou encaminhadas para implementação?

DA ESCOLHA DO CONSELHEIRO AO SIGNIFICADO DA SUA ATUAÇÃO

6. Como você foi escolhido membro do CONETUR?

7. Os Conselheiros têm liberdade para tomar decisões?

8. Como você toma as decisões dentro do Conselho? As decisões são discutidas


previamente com os demais integrantes(ou componentes) da sua organização?

PARTICIPAÇÃO

9. Qual a freqüência da sua participação nas reuniões?

10. Que tipo de participação você identifica na tomada de decisão?Explique.

11. Você considera que o CONETUR é um conselho participativo?

12. Quais as principais dificuldades de implementação do modelo de gestão participativo


preconizado por este Conselho?

13. Que sugestões você daria para aperfeiçoar a participação na gestão do CONETUR?
PERFIL DO ENTREVISTADO:
1. Sexo 2. Idade
Masculino De 18 a 23 de 24 a 29 de 30 a 35
De 36 a 41
Feminino De 42 a 47 de 48 a 53 acima de 54
3. Estado Civil 4. Escolaridade
Solteiro (a) Casado (a) 1º grau incompleto 1º grau completo
Divorciado (a) Viúvo (a) 2º grau incompleto 2º grau completo
Outros 3º grau incompleto 3º grau completo
Pós-Graduação
5. Profissão 6. Tempo de Participação no Conselho
Estudante Empresário Até 1 Ano
Autônomo Bancário De 1 ano a 2 anos
Profissional Liberal De 2 Anos a 3 anos
Trabalhador Privado – De 3 Anos a 4 anos
Comércio
Trabalhador Privado – Indústria Desde o início (implantação)
Funcionário Público
Outros: ______________________________________________________
7. Formação 8. Tempo de serviço no órgão
Administrador Economista Até 1 Ano
Contador Pedagogo De 1 ano a 2 anos
Advogado Psicólogo De 2 Anos a 3 anos
Engenheiro De 3 Anos a 4 anos
Turismólogo Desde o início (implantação)
Outros:
____________________________
9. Tempo de Atuação no Turismo
Até 1 ano De 8 anos a 15 anos
De 2 anos a 4 anos De 15 anos a 20 anos
De 4 anos a 8 anos Acima de 20 anos
APÊNDICE 2

ATUAÇÃO DO CONETUR NOS ANOS DE 2003 A 2007

Temas /Anos 2003 2004 2005 2006 2007


Capacitação (eventos, palestras - 7 2 5 2
e cursos) sobre:
- turismo municipal,
nacional e internacional,
etc.
-segurança no turismo 1 2
Planos de Desenvolvimento, de 1 3 1
ordenamento do solo, etc.
Projetos :
- De infra-estrutura 4 9 4 2 1
(Construção, Ampliação,
Revitalização e
Preservação).
- Equipamentos e materiais
2
Política de Segurança de 1
combate ao turismo sexual
Relatórios de programas e 1 1 1 1
ações
Propostas de trabalho e ações 1 1 1 1
de órgãos setoriais
Apreciação de assinatura de 2 1
convênios, protocolo de
intenções, etc.
Marketing (feiras, workshops, 1 1 1 1
vôos charters
Atos administrativos 1 3
Outros 1 1
QUADRO 12 - Atuação do CONETUR nos anos de 2003 a 2007
FONTE: Pesquisa Documental realizada em maio de 2008.
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