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JUNG
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOTERAPIA JUNGUIANA
COMPLEXOS
SALVADOR – BAHIA
2020
LAHIRI LOURENÇO ARGOLLO
COMPLEXOS
SALVADOR-BA
2020
SUMÁRIO
Necessário observar que o complexo não é, por si, patológico. Isto porque
todos os possuem. São pontos ficais de energia, sem os quais a vida não seria
mesmo possível, sendo um “poder impulsionador da vida psíquica (WHITMONT,
1995, P. 63).
São os complexos que deflagram o acontecimento psíquico, e seu estado
dolorido não é sinal de distúrbio psicológico. Sofrer não é doença, mas o
pólo oposto normal da felicidade. Um complexo só se torna patológico
quando achamos que não o temos. (JUNG, 1985, p. 75, § 179)
um complexo que é ativado diante dos desafios do meio onde se vive” (ARGOLLO,
2010, p. 76). Sua gênese encontra-se na infância, para qual tudo se lhe parece
ameaçador, deflagrando a necessidade de afirmação perante tudo e todos.
Para Jung o complexo de poder é a totalidade das energias psíquicas
voltadas à aquisição de poder pessoal. Essa forma energética adquiri imagens
arquetípicas, citadas ao longo de sua obra: mana, espírito, fertilidade, magia,
deuses, espiritualidade, dentre outras. Sendo um imperativo da evolução, o
complexo de poder não é negativo por si mesmo. Vincula-se ao aspecto teleológico
da psique, impelindo o desenvolvimento do indivíduo, enfrentamento das
dificuldades, a abertura para a ação e a mudança. Esta é a sua expressão mais
saudável.
A história individual dá ao complexo de poder configurações próprias,
podendo resultar em composições imagéticas emocionalmente negativas. Estas
podem gerar subtemas de complexos ligados ao poder: o complexo de inferioridade
e o de superioridade.
Vivências como frustrações, abandono e insegurança podem tornar o
indivíduo inseguro e ansioso diante de situações que remetam a experiência
similares. Para Adler (1967), o sentimento de inferioridade faz parte da formação do
ser humano e, quando se torna um complexo, sua força pode ser tão torturantes que
geram uma tentativa de supercompensação da consciência, configurando-se num
impulso patológico de dominação. Whitmont (1995) concorda com Adler quanto a
inevitabilidade do sentimento de inferioridade:
O ego em crescimento, vivenciado através da auto-imagem do corpinho da
criança em contraposição ao mundo adulto todo-poderoso, sempre tem a
tendência de vivenciar a si mesmo como relativamente inadequado e
inferior. Eis aqui um elemento básico do complexo do ego ou do complexo
de identidade; é o “pobre de mim”, que está privado do seu “legítimo” lugar
ao sol – o “complexo de inferioridade” de Alfred Adler, com o consequente
impulso de poder que tentar compensar essa inferioridade.
como se uma luz fraca se acendesse num quarto dominado pela escuridão. De
repente, o inexplicável começava a fazer algum sentido. Num segundo momento, a
compreensão real pela via terapêutica, assimilando a existência de vivências
dolorosas, buscando dar a elas novos significados.
Permitiu entender melhor o meu funcionamento psíquico. Passei a dar
atenção aos meus “eus”, a tentar sentir o que desejam, como atendê-los e dentro
das possibilidades, fazê-los “trabalharem” de uma maneira mais favorável ao bem-
estar geral. Instrumentalizou-me num encaminhamento mais sadio às relações
conflituosas, por tornar mais claro aquilo que de fato me pertence e o que pertence
ao outro.
Sem dúvida, a noção da existência dos complexos deu um novo sentido à
vida. Reduziu em muito o esforço pelo controle de tudo em derredor, tendência
equivocada de quem cogitou ser capaz de controlar a si mesmo. Promoveu um certo
alívio, por esclarecer o que era visto apenas como um “defeito do caráter”. Auxiliou
na desmistificação de diversas crenças limitantes. Acima de tudo, despertou em mim
uma compaixão, antes não existente, em relação a mim mesmo e aos outros.
REFERÊNCIAS
SHARP, Daryl. Léxico Junguiano. Tradução de Raul Milanez. São Paulo: Cultrix,
1991.
STEIN, M. Jung, o mapa da alma: uma introdução. 2ª ed. São Paulo: Editora
Cultrix, 2001.