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Filosofia da Educação, o “Ser Professor” e o Movimento “Escola Sem Partido”

A educação é uma prática social que busca formar seres humanos-indivíduos-


cidadãos com conhecimento-reflexão-questionamento para a compreensão dos
fenômenos sociais e suas dimensões. Neste contexto, a filosofia da educação compreende
a preocupação com os processos e sistemas educativos relacionados ao funcionamento da
sociedade, buscando a educação através de práticas racionais e livres.

Os filósofos gregos, com Platão, deram início às discussões sobre filosofia da


educação a partir da busca pela compreensão e conhecimento da realidade. A filosofia
atual é carregada de investigação sobre as questões sociais: cultura científica, culturas
humanas e cultura de massa e as formas de poder, dominação e organização da sociedade.

Nestas questões e em outros aspectos da problemática educacional a abordagem


filosófica se torna necessária para se pensar sobrea produção de conhecimento, do sujeito
da educação e dos valores e objetivos da educação.

Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a atividade de


educação escolar tem participação na potencialização das capacidades, na realização
pessoal, na qualidade de vida, na participação política e na inclusão do educando. O
professor enquanto educador escolar deve ser movido pelo pensamento crítico e pelo
desejo de transformação socio-educacional. Sua prática pedagógica deve levar o
educando à uma busca de consciência crítica de ser livre, deve proporcionar ao educando
meios e reflexões e de internalização de experiências, significados e sentidos para a
compreensão do mundo.
A prática pedagógica é um ato político que, em seu sentido superior,aspira ao bem
comum a partir da reflexão sobre a liberdade dos homens. Para Paulo Freire, uma
pedagogia libertadora consiste em uma educação voltada para a conscientização da
opressão e a consequente ação transformadora, despertando no educando sua criticidade
e sua atitude diante da sua realidade.

O movimento “Escola Sem Partido”(projetos de lei que tramitam na Câmara e


Senado Federal) pretende especificar os limites de atuação do professor e elaboração de
listas de seus “deveres”, não permitindo que professores transmitam aos estudantes
qualquer tipo de posicionamento, seja político, ideológico ou religioso, e de certa forma
não permitindo que discutam assuntos do cotidiano.Com esse discurso de neutralidade na
educação escolar o movimento tenta transformar o professor de ‘educador’ para
‘transmissor do conhecimento’ sem autonomia e liberdade de expressão, e transformar o
estudante de ‘questionador’ para ‘absorvedor de conteúdo’.

Segundo a doutora em educação e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas


Sandra Unbehaum apesar do discurso de neutralidade, o “Escola Sem Partido” defende
uma escola sem espaço para discussão da cidadania, garantia estabelecida na LDB.
“Como é que se desenvolve um pensamento crítico se não discutindo política, filosofia,
sociologia, história? Você não vai discutir política partidária, mas vai discutir num sentido
amplo, de organização e composição da sociedade”, argumenta. Escola sem pensamento
crítico não é escola. A escola precisa ser democrática, inclusiva, livre de preconceitos,
com diversidade e pluralidade de ideias, aberta ao debate.

Referências
Almeida, A.M.F. &Martins, H.H.T.S. 2008. Sociologia da educação. Tempo Social, 20
(1).

Brasil, LDB. Lei n° 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


Foucault, M. 1977. Vigiar e punir. Petrópolis, Vozes.

Freire, P. 1980. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Editora


Moraes.

Freire, P. 1981. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 10ª edição.

Ghiraldelli, P. 2000. Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A.


G1 Educação Severino, A. J. 1990. A contribuição da filosofia para a educação.

UOL Educação
Viero, C.P., Trevisan, A.L. &Conte, E. 2004. Filosofia da educação a partir do diálogo
contemporâneo entre analíticos e continentais. Abstracta, 1(1).

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