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  1 O Sujeito Lógico-Psicológico

1.3 A comunicação e a construção do indivíduo


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Ficha de trabalho n.° 15
1. Leia o texto seguinte.

A argumentação não se confunde com a demonstração: enquanto esta não exige um auditório para ser con-
cretizada ou construída, aquela depende dele para se concretizar plenamente. A argumentação é, por definição,
diálogo de ideias entre dois sujeitos; a demonstração é, pelo contrário, um exercício racional monologado ou
impessoal. No primeiro caso, prevalece uma relação entre um Eu e o Outro a quem se tenta influenciar de algum
modo; no segundo caso, subsiste a relação de um Eu com as leis da lógica, sendo o próprio sujeito o primeiro a
ter de ser convencido das teses a demonstrar (só em circunstâncias especiais a demonstração exige um auditório,
como na defesa de uma tese académica, por exemplo).
Na situação comum, quem argumenta deve ter um certo conhecimento do auditório a quem se dirige. Quanto
maior for esse conhecimento maiores serão as probabilidades de êxito das teses defendidas. O perfil do destina-
tário da argumentação tem de ser previamente estudado ou ponderado, já que as qualidades oratórias do
arguente, por si só, não são suficientes.
http://www.fcsh.unl.pt (adaptado)

1.1 Distinga argumentação de demonstração, tendo em atenção o primeiro parágrafo


do texto.
1.2 Identifique duas condições que poderão contribuir para o «êxito das teses defendi-
das», referidas no segundo parágrafo do texto.

2. Leia o texto seguinte.

A «disposição dos ouvintes» é aquilo a que Aristóteles chama pathos. O que está em causa são os sentimen-
tos ou emoções que o auditório experimenta quando confrontado com o que é dito. É do mais elementar bom
senso que, quando pretendemos persuadir uma pessoa, não devemos começar por hostilizá-la. Muitos argumen-
tos que poderiam ser bons têm falhado persuasivamente perante um auditório hostil. Persuade-se pela disposi-
ção dos ouvintes quando estes são levados a sentir emoção por meio do discurso, pois os juízos que emitimos
variam conforme sentimos tristeza ou alegria, amor ou ódio.
Finalmente, o que «é verdade ou parece verdade» é o logos, o próprio discurso. Deixamo-nos persuadir facil-
mente quando nos parece que aquilo que é dito está demonstrado.
Persuadimos, enfim, pelo discurso, quando mostramos a verdade ou o que parece verdade, a partir do que é
persuasivo em cada caso particular.
Então, nesse caso, será que vale tudo? Qualquer argumento será bom, desde que eu consiga persuadir o meu
auditório? Não. Se nós mesmos não concordamos com as premissas de que partimos, podemos estar a ser persua-
sivos; mas também estaremos a ser vendedores de moeda falsa. Este uso da retórica é, evidentemente, possível;
mas não é, obviamente, desejável. É neste sentido que podemos distinguir persuasão de manipulação. Se, para
persuadir, vale tudo, mesmo iludir, então deveremos falar de manipulação, e já não de persuasão. A diferença
está na intenção.
http://cef-spf.org/docs/retorica.pdf (adaptado)

2.1 Explique a importância do auditório (pathos) e do conteúdo e da forma do discur-


so (logos) para o sucesso de um discurso argumentativo, tendo em conta os três pri-
meiros parágrafos do texto.
2.2 Caracterize dois tipos de argumentos a que se recorre para defesa de teses peran-
te audiências.
2.3 Distinga persuasão de manipulação, tendo em atenção o último parágrafo do texto.

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