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Apostila Compactação
Apostila Compactação
1. INTRODUÇÃO
O processo de compactação dos solos pode ser executado de forma manual ou mecânica e
feito tanto em laboratório como no campo. Quando o solo é compactado, procura-se atingir os
seguintes objetivos:
Aumentar o contato entre os grãos
Reduzir o volume de vazios
Aumentar a resistência
Gerar um material mais homogêneo
Reduzir a permeabilidade e a compressibilidade
Para executar a compactação no campo, podem ser utilizados vários tipos de equipamento em
função do material que será compactado, sendo que o controle é feito com base nos
parâmetros determinados em laboratório.
Apostila preparada por L.R. Ribeiro (2000) para a disciplina Pavimentação (ENC / FT / UnB) 1
2. ENSAIO DE COMPACTAÇÃO
O ensaio de compactação foi desenvolvido por Proctor em 1933 e consiste na relação entre
peso específico seco, teor de umidade e energia aplicada. O principal objetivo do ensaio é
obter a curva de compactação do solo como é mostrado na Figura 1.
16,5
16,0
15,5
15,0
d (kN/m )
3
14,5
14,0
13,5
13,0
12,5
12,0
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
w (%)
Observa-se ainda que para baixos teores de umidade (w<w ot), as forças capilares são elevadas
o que gera a formação de grumos e conseqüentemente baixos valores de d. Já para elevados
teores de umidade (w>wot) as forças capilares diminuem e isto causa um aumento no valor de
d. No entanto, quando existe água em excesso esta absorve os impactos gerados pela energia
aplicada e ocorre uma má compactação do solo.
A norma que descreve o ensaio de compactação é a NBR 7182 (ABNT, 1986). O ensaio
consiste em compactar uma porção de solo em um cilindro padrão de 1000 cm 3 de volume,
como um soquete de 2,5 kg, caindo em queda livre de uma altura de 30 cm. Para a energia
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padrão conhecida como Proctor Normal, o solo é colocado em 3 camadas, sendo que sobre
cada uma aplica-se 25 golpes com o soquete. As outras energias padronizadas são:
Proctor Intermediário: 5 camadas, 26 golpes por camada;
Proctor Modificada: 5 camadas, 55 golpes por camada.
P
(1)
V
d
w (2)
1
100
onde:
= peso específico do solo (kN/m3)
P = peso do molde (KN)
V = volume de molde (m3)
d = peso específico do solo seco (kN/m3)
w = teor de umidade (%)
Pela norma o ensaio pode ser feito com ou sem reuso. Sem reuso exige-se maior quantidade
de material, mas obtém-se resultados mais confiáveis já que dependendo do tipo de solo pode
ocorrer quebra de partículas com a recompactação do material. É o caso, por exemplo, de
solos tropicais que possuem concreções lateríticas.
É comum realizar ensaios com secagem prévia. No entanto, a pré-secagem pode influenciar
nas propriedades dos solos e dificultar a sua homogeneização. Em alguns casos, dependendo
da obra, recomenda-se executar o ensaio com a umidade natural.
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No caso de solos pedregulhosos pode ocorrer a formação de ninhos na interface solo-cilindro
e heterogeneidade no material. Sendo assim, a norma limita o diâmetro máximo de 4,8 mm
para o material ser compactado. Para solos fora desta especificação recomenda-se utilizar
cilindros com dimensões maiores ou substituir o material.
3. CURVA DE SATURAÇÃO
A curva de saturação corresponde ao lugar geométrico dos valores de w e d onde o solo está
saturado. Podem ser determinadas curvas para diversos graus de saturação, sendo importante
ressaltar que a curva de compactação se localiza abaixo da curva de saturação 100%.
S .G s . W
d (3)
S . w .w
onde:
d = peso específico aparente seco (kN/m3)
S = grau de saturação (%)
w = peso específico da água (aproximadamente 10 kN/m3)
Gs= densidade relativa (gravidade específica) dos grãos do solo (NBR 6508/84)
w = umidade (%)
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17,0
16,5
16,0
15,5
(kN/m3)
15,0
14,5
14,0
d
13,5
13,0
12,5
12,0
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
w (%)
Os solos apresentam estruturas diferentes que variam com a quantidade de água presente nos
seus vazios (Figura 3). Os solos quando compactados no ramo seco apresentam uma estrutura
mais floculada que se pronuncia mais com a diminuição da energia. As forças de atração entre
as partículas geram flocos indestrutíveis. Já no ramo úmido, a estrutura se apresenta mais
dispersa, sendo que esta característica é mais presente quanto maior é a energia de
compactação. Com o aumento da umidade as forças de atração são desfeitas e os grãos
começam a atuar como partículas dispersas em água.
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16,5
16,0
15,5
15,0
(kN/m 3)
14,5
14,0
d
13,5
13,0
12,5
12,0
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
w (%)
pc
CBR 100 (4)
pp
onde:
pc = pressão calculada ou corrigida aplicada no ensaio
pp = pressão padrão da brita (obtida de acordo com a Tabela 1)
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Figura 4. Ensaio de CBR
16
14
12
CBR (%)
10
8
6
4
2
0
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
w (%)
5. INFLUÊNCIA DA ENERGIA
PhNn
E (5)
V
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onde:
E = energia de compactação por unidade de volume
P = peso do soquete
h = altura de queda do soquete
N = número de golpes por camada
n = número de camadas
V = volume do solo compactado
18,5
18,0
17,5 E3
17,0
16,5
16,0
(kN/m 3)
15,5
E2
15,0
14,5
d
14,0
13,5 E1
13,0
12,5 E1 < E2 < E3
12,0
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
w (%)
6. INFLUÊNCIA DA SATURAÇÃO
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Com a saturação, obtém-se uma umidade wf que corresponde a uma resistência Rf muito
baixa;
Quando o solo é compactado próximo à wot, tem-se uma variação de resistência entre Ri’ e
Rf’ bem menor, o que é o ideal, pois assim tem-se a resistência mais estável. Por isso é
que o solo deve ser compactado próximo à wot.
R
Ri
Ri’
(a)
Rf’
Rf
d
S = 100%
(b)
w
wi wot wf
Figura 7. Influência da saturação no solo compactado
7. METODOLOGIA MCT
Para avaliar melhor o comportamento dos solos tropicais de desenvolvida uma metodologia
conhecida como MCT, onde utiliza-se solos finos tropicais (T) compactados (C) em corpos de
prova em miniatura (M).
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Os moldes utilizados são cilíndricos com diâmetro de 50 mm, podendo-se utilizar soquetes
com 2270 g ou 4500 g caindo de uma altura de 30 cm. As Figuras 8 e 9 ilustram os
equipamentos.
Nesta metodologia, a compactação pode ser feita através de dois métodos distintos:
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Mini- Proctor: a energia é fixada e compacta-se uma série de corpos de prova com
diferentes teores de umidade
- Energia Normal: 5 golpes de cada lado com soquete leve
- Energia Intermediária: 6 golpes de cada lado com soquete pesado
- Energia Modoficada: 12 golpes de cada lado com soquete pesado
Mini-MCV (“Moisture Condition Value”): para cada umidade de compactação são
aplicadas energias crescentes, sucessivamente, até se obter um aumento mínimo de
densidade. Logo, tem-se como resultado uma família de curvas de compactação.
Nesta metodologia é feito ainda o ensaio de Mini-CBR onde os moldes ficam imersos em
água por 20 horas. O pistão tem 16 mm de diâmetro e as penetrações padrões são as de 0,84
mm e 1,7 mm.
8. COMPACTAÇÃO NO CAMPO
A escolha do equipamento que irá ser utilizado no campo depende principalmente do tipo de
material que se deseja compactar. Os principais equipamentos utilizados são:
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Rolos lisos de rodas de aço
Consistem no equipamento mais antigo. Os fatores que interferem na compactação são a
carga por unidade de largura das rodas, largura e diâmetro das rodas. São utilizados para
compactar pedregulhos, areias bem graduadas, misturas de areia a argila de média
plasticidade e para a compactação de acabamento. Não são recomendados para areias
uniformes e solos finos com elevada plasticidade, podendo ocorrer má compactação das
camadas inferiores.
Rolos pneumáticos
Existem rolos rebocados com um eixo (mais pesados), rebocados com dois eixos (leves; 8
a 13 t) e auto-propulsores (8 a 36 t). São aplicados para solos arenosos ou pouco coesivos,
devendo-se ter cuidados especiais com a velocidade de operação (5 a 8 km/h). Os
principais fatores que interferem na compactação são a pressão de enchimento dos pneus,
área de contato entre pneu e superfície e a pressão de contato dada pela equação abaixo.
P
q (6)
R 2
onde:
- q = pressão de contato (kgf/cm2);
- P = carga por roda (kgf);
- R = raio da superfície circular de contato (cm).
Na seleção do tipo de equipamento a ser utilizado deve-se observar o espaçamento entre
rodas, peso bruto e número de rodas.
Rolos pé-de-carneiro
Estes rolos são compostos de cilindros metálicos ocos com “patas” adaptadas (15 a 25
cm). Geralmente, as filas com as “patas” são alternadas com 4 “patas” por fila e o
diâmetro do tambor varia entre 1,0 e 1,5 m. Este tipo de equipamento gera maior
porcentagem de vazios que os rolos pneumáticos e lisos. Existem formas variadas de
patas:
- retangular, quadrada ou circular, afilando-se para as extremidades;
- “cubfoot”(trapézio);
- “pegfoot”(prismas, paralelogramos);
- pata de carneiro onde a resultante da carga não coincide com o centro da seção.
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Os fatores que interferem na compactação são a pressão dos pés-de-carnerio, extensão da
camada comprimida pelo rolo, peso total do rolo, área de contato de cada pé, número de
pés em contato com a camada num dado tempo e o número total de pés por tambor.
É importante determinar:
- a pressão de contato
Pt
Pc (7)
NF . NPF . Ac
onde:
Pc = pressão de contato (kgf/cm2);
Pt = peso do tambor (kgf);
NF = número de filas dos pés;
NPF = número de pés por fila;
Ac = área de contato por pé (cm2).
- a porcentagem de cobertura
NPT . Ac
COB (8)
D 2CP .LT
onde:
COB = porcentagem de cobertura (%);
NPT = número de pés por tambor;
Ac = área de contato de cada pé (cm2);
D = diâmetro do tambor (cm);
CP = comprimento dos pés (cm);
LT = largura do tambor (cm).
- o número de passadas para uma cobertura de rolo
2 . R.LT
NPC (9)
NPR. Ac
onde:
NPC = número de passadas para uma cobertura de rolo;
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R = raio do tambor, incluindo o comprimento do pé (cm);
LT = largura do rolo ou tambor (cm);
NPR = número de pés do rolo;
Ac = área de contato de cada pé (cm2).
Rolos vibratórios
Podem ser compostos por um ou dois cilindros, rebocados ou não e são eficientes para
materiais não coesivos. Os fatores que interferem são a freqüência de vibração (1750 vpm
a 3000 vpm), amplitude (0,3 mm a 0,7 mm), força dinâmica, força estática, formas e
dimensões da área de contato e estabilidade do equipamento.
L.V .c
Q (10)
n
onde:
Q = capacidade produtiva (m3/h);
L = largura útil compactada pelo rolo (m);
V = velocidade de operação do rolo (m/h);
c = espessura da camada (m);
n = número de passadas.
Existem outros tipos de equipamentos como o rolo de grelha, as placas vibratórias, os rolos
combinados e os soquetes mecânicos. A Tabela 2 apresenta alguns tipos de equipamento e
suas aplicações.
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Tabela 2. Tipos de rolos para a compactação
Tipos de Rolos Peso Esp. max. após Uniformidade Tipo do solo
máximo (t) compactação (cm) da camada
Pé-de-carneiro 20 40 Boa Argilosos e siltosos
estático
Pé-de-carneiro 30 40 Boa Mistura: areia com
vibratório silte e argila
Pneumático leve 15 15 Boa Mistura: areia com
silte e argila
Pneumático pesado 35 35 Muito boa Praticamente todos
Vibratório com 30 50 Muito boa Areias, cascalhos e
rodas metálicas lisas materiais granulares
Liso metálico 20 10 Regular Materiais granulares,
estático (3 rodas) britas, etc
Combinados 20 20 Boa Materiais granulares
ou em blocos
Grade (malhas) 20 20 Boa Praticamente todos
O peso específico aparente seco de campo pode ser determinado através do ensaio de frasco
de areia (NBR 7185) mostrado na Figura 10. Com este dado é possível determinar o Grau de
Compactação (GC) que para ser considerado aceitável deve variar entre 95% e 100%.
d
GC 100 (11)
d max
onde:
d = peso específico aparente seco máximo de campo (kN/m3);
dmax = peso específico aparente seco máximo determinado em laboratório (kN/m3).
Atualmente, pode-se utilizar também o densímetro nuclear para fazer este controle (Figura
11).
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Figura 11. Densímetro Nuclear
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