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Introdução Dimensão (In)Finita Completamento Topologia e Álgebra

Análise Funcional (MAT513)


Introdução, motivação. Normas equivalentes,
compacidade e dimensão. Teorema do Ponto Fixo para
Contrações em espaços de Banach. Completamento
de espaços normados.

V. Araújo

Instituto de Matemática, Universidade Federal da Bahia

Mestrado/Doutorado em Matemática, UFBA, 2016

V. Araujo Análise Funcional (MAT513)


Introdução Dimensão (In)Finita Completamento Topologia
Álgebra
e Álgebra
Linear em Dimensão Infinita Normas

O que é Análise Funcional?

Em termos simples, Análise Funcional é uma fusão de


conceitos de Análise, Topologia e Álgebra (mais
elementarmente Álgebra Linear, mas mais
profundamente Álgebra com toda a generalidade) que
estuda operadores lineares entre espaços vetoriais de
dimensão infinita.

Esta teoria se configura como uma “teoria de teorias”


já que congrega campos de estudo que anteriormente
estavam separados, mas que foram unificados graças
aos conceitos de espaço de Hilbert e espaço de
Banach, e à utilização de noções topológicas para
estabelecer relações gerais válidas para classes de
espaços e de operadores lineares entre eles.

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Introdução Dimensão (In)Finita Completamento Topologia
Álgebra
e Álgebra
Linear em Dimensão Infinita Normas

Alguma história

Análise Funcional como a entendemos hoje é


essencialmente uma criação vinda da interação entre a
Matemática e a Física na primeira metade do século
XX, especialmente a Física Nuclear, Física Quântica e
mais tarde a Física de Partículas. O formalismo
matemático da Mecânica Quântica, a teoria física que
modela os fenômenos à escala atômica, se exprime
hoje com a linguagem da Análise Funcional, que foi
desenvolvida para atender a esta necessidade.

Esta linguagem se revelou integradora e fundamental


para trabalhos em Probabilidade, Processos
Estocásticos, Equações Diferenciais (em particular
Equações às Derivadas Parciais), Geometria Diferencial,
Teoria Ergódica e Sistemas Dinâmicos etc.

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Álgebra
e Álgebra
Linear em Dimensão Infinita Normas

Exemplo: o problema de Dirichlet

Seja V : [0, 1] → R função real e procuremos funções


u : [0, 1] → R de classe C2 que satisfaçam a equação
diferencial

d2
− u(x) + V(x)u(x) = λu(x)
dx2
onde λ é alguma constante, ou seja, queremos saber
quais λ podem ser usados para obter soluções não
nulas (u ≡ 0 é sempre solução para todo λ ∈ R dado...).

Quais são os possíveis valores de λ com soluções não


nulas? Quais são essas funções?

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Este problema tem que ver com os “modos de


oscilação no intevalo” e é fundamental em Mecânica
Quântica (por exemplo).

Veremos que existe sequência infinita λn ∈ R de valores


para os quais existem soluções “independentes” uj .
Podemos saber muito mais do que isto, mas um dos
objetivos do curso é pelo menos chegar neste
resultado.
Note que se escrevermos a equação diferencial como
d2
‚ Œ
− 2 + V(x) u(x) = λu(x)
dx

€ u2comoŠ autofunção de uma transformação


vemos
d
2 + V u linear definida em C ([0, 1], R),
u 7→ − dx 2

associada ao autovalor λ, e começamos a perceber


uma ligação com Álgebra Linear no espaço C2 ([0, 1], R).
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Matrizes infinitas?
Como C2 ([0, 1], R) claramente é um espaço vetorial real
com as operações usuais de soma de funções e
multiplicação de função por escalar, mas não tem
dimensão finita, poderíamos pensar em usar uma
“matriz infinita” para representar este operador, se
tivêssemos uma base!
Esta não é a melhor maneira de tratar o problema (isto
de fato foi tentado inicialmente pelos físicos, a
Mecânica Quântica foi conhecida como “Mecânica de
Matrizes” até que Von Neumann mostrou aos físicos
que seria muito mais poderoso usar a linguagem dos
operadores lineares em espaços de Hilbert, e aí nasceu
essencialmente e Análise Funcional).
Mas num certo sentido estamos trabalhando com uma
matriz infinita!
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Espaços vetoriais normados

Uma diferença crucial entre operadores lineares em


espaços de dimensão infinita com aqueles conhecidos
da Álgebra Linear mais elementar, é que a topologia do
espaço passa a ser importante.
Esta ideia está inserida na Análise Funcional via o
conceito de espaço (vetorial) normado. Um espaço
vetorial E sobre um corpo K é um conjunto com uma
operação de adição + : E × E → E e multiplicação
· : K × E → E que faz de (E, +) um grupo comutativo e · é
distributiva em relação a +. Usaremos sempre K = R ou
C neste curso (problemas muito interessantes surgem
com outros corpos!!).
Vamos agora introduzir uma norma k · k em E, o que
fará de E um espaço (vetorial) normado (E, k · k).

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Álgebra
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Normas e completude: espaços de Banach


Uma norma k · k : E → R num espaço vetorial E é uma
função não negativa que satisfaz
homogeneidade: kλvk = |λ| · kvk, λ ∈ K, v ∈ E;
desigualdade triangular:
kv + wk ≤ kvk + kwk, v, w ∈ E.
kvk = 0, v ∈ E ⇐⇒ v = 0.
Uma norma define naturalmente uma distância
associada d(x, y) = kx − yk que faz de todo espaço
normado um espaço métrico.
Um espaço métrico onde toda sequência de Cauchy (ou
sequência fundamental) é convergente diz-se
completo.
Um espaço vetorial normado que, como espaço
métrico, é completo, diz-se espaço de Banach.
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Normas em espaços de dimensão finita


A completude de (E, k · k) é essencial para podermos
tomar limites de sequências dentro do espaço, ou seja,
para usarmos as ferramentas da Análise.
Uma propriedade muito útil dos espaços vetoriais de
dimensão finita, e que de fato os caracteriza, é dada
pelo seguinte resultado.
Lema
Todas as normas em Rm (ou Cm ) são equivalentes para
cada m ≥ 1. Em particular, estes espaços sempre são
Banach.
Podemos assim escolher, para estudar convergência de
alguma sequência, a norma mais conveniente para
cada situação em todo espaço vetorial real ou
complexo de dimensão finita.
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Álgebra
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Teorema do Ponto Fixo para Contrações


Seja (X, d) espaço métrico completo e F : X → X
transformação que admite λ ∈ (0, 1) e k ≥ 1
satisfazendo d(Fk (x), Fk (x0 )) ≤ λd(x, x0 ) para todo
x, x0 ∈ X (isto é, Fk é uma contração com taxa uniforme,
k
onde Fk = F◦ · · · ◦F). Então
existe único ponto p ∈ X que é fixo por F: F(p) = p;
p é um “atrator”: Fn (x) −−−−→ p para todo x ∈ X.
n→+∞

A prova deste resultado (para uma família


parametrizada de constrações em espaços de Banach)
faz parte da lista de exercícios. Este resultado é a
ferramenta principal usada nas provas de:
Teorema da Função Inversa e Implícita (em Rm ou em
espaços mais gerais); Teorema de Existência e
Unicidade de Soluções para Equações Diferenciais
Ordinárias e muitos outros resultados fundamentais.
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Propriedades
e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Dimensão infinita versus finita


1 Todas as normas em espaços vetoriais de dimensão
finita são equivalentes e todos estes espaços são
Banach. Veremos que isto não é verdade em
dimensão infinita.
2 Veremos que o fecho B̄(0, 1) = {x ∈ E : kxk ≤ 1} da
bola B(0, 1) = {x ∈ E : kxk < 1} é compacto se, e só
se, E tem dimensão finita.
3 Todo operador linear L : E → E dum espaço normado
nele mesmo é contínuo se, e só se, E tem dimensão
finita.
4 Em espaços normados de dimensão infinita há
subespaços vetoriais densos próprios (é possível
que dois destes subespaços se intersectem apenas
no vetor nulo) e aplicações lineares definidas
nesses subespaços que não admitem extensões
lineares contínuas ao espaço inteiro.
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Propriedades
e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Equivalência de normas
Dadas duas normas [·] e | · | no espaço vetorial E,
dizemos que elas são equivalentes se existem
constantes 0 < c1 ≤ c2 tais que

c1 |x| ≤ [x] ≤ c2 |x|, para todo x ∈ E.

É claro que esta é uma relação de equivalência na


família das normas de um dado espaço vetorial.
Se [·] e | · | são normas equivalentes em E, então
(E, [·]) e (E, | · |) como espaços métricos têm a mesma
topologia (têm os mesmos subconjuntos abertos)
e também têm as mesmas sequências de Cauchy e,
portanto, as mesmas sequências convergentes, e com
os mesmos limites, seja com respeito a [·], seja com
respeito a | · |.

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Propriedades
e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Em particular, se [·] e | · | são normas equivalentes em


E, então (E, [·]) é espaço de Banach se, e só se, (E, | · |) é
espaço de Banach.
Vamos denotar para x = (x1 , . . . , xm ) ∈ Rm
1/ 2
kxk2 = x12 + · · · + xm
2

a norma euclidiana e para z = (z1 , . . . , zm ) ∈ Cm


1/ 2 1/ 2
kzk2 = |z1 |2 + · · · + |zm |2 = z1 z̄1 + · · · + zm z̄m
Æ
a norma euclidiana em Cm , onde |w| = R(w)2 + I(w)2 é
o módulo de um número (real ou) complexo
w = R(e) + iI(w) ∈ C.
É bem conhecido da Análise que (Km , k · k2 ) é um
espaço de Banach, para K = R ou C.

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Propriedades
e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Prova: normas em R m
são equivalentes (1/2)
Vamos ver que toda norma [·] em Rm é equivalente à
norma k · k2 .
Primeiro notemos que toda norma [·] é uma função
contínua [·] : Rm → R na norma euclidiana. De fato
[x] = [x − y + y] ≤ [x − y] + [y] =⇒ [x] − [y] ≤ [x − y] e
trocando os papeis de x e y obtemos
X X
|[x] − [y]| ≤ [x − y] = [ (xi − yi )ei ] ≤ |xi − yi |[ei ]
m
X
≤ mM |xi − yi |, M = max{[e1 ], . . . , [em ]}.
i=1
1/ 2
|xi − yi |2
P P
Mas também temos |xi − yi | ≤ m logo

|[x] − [y]| ≤ m2 M|x − y|2


e obtemos que [·] é Lispchitz em relação à norma | · |2 .
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Propriedades
e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Prova: normas em R m
são equivalentes (2/2)

Agora notamos que Sm = {x ∈ Rm : |x|2 = 1} é compacto


e [·] em S não se anula, portanto tem mínimo positivo e
máximo em S, digamos a ≤ [x] ≤ b para todo x ∈ Sm .
Finalmente, para cada x 6= 0 temos x/ |x|2 ∈ Sm portanto

1 x
 
a≤ [x] = ≤ b, x 6= 0
|x|2 |x|2

logo a|x|2 ≤ [x] ≤ b|x|2 para x 6= 0.


Para x = 0 as desigualdades são trivialmente
verdadeiras e isto mostra que toda norma [·] é
equivalente à norma euclidiana em qualquer Rm .
Em particular, (Rm , [·]) é Banach para toda norma [·].

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e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Prova: normas em R m
são equivalentes (2/2)

Agora notamos que Sm = {x ∈ Rm : |x|2 = 1} é compacto


e [·] em S não se anula, portanto tem mínimo positivo e
máximo em S, digamos a ≤ [x] ≤ b para todo x ∈ Sm .
Finalmente, para cada x 6= 0 temos x/ |x|2 ∈ Sm portanto

1 x
 
a≤ [x] = ≤ b, x 6= 0
|x|2 |x|2

logo a|x|2 ≤ [x] ≤ b|x|2 para x 6= 0.


Para x = 0 as desigualdades são trivialmente
verdadeiras e isto mostra que toda norma [·] é
equivalente à norma euclidiana em qualquer Rm .
Em particular, (Rm , [·]) é Banach para toda norma [·].

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Propriedades
e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Normas não equivalentes


Consideremos o espaço vetorial das funções reais de
quadrado integrável à Riemann em [0, 1]
¨ Z1 «
R2 = f : [0, 1] → R : |f (x)|2 dx < ∞ .
0

Pela desigualdade de Cauchy-Schwartz temos


‚Z 1
Œ2 Z 1 Z 1
2
|f (x)| dx ≤ 1 dx · |f (x)|2 dx < ∞
0 0 0

e assim podemos definir duas normas para f ∈ R2


‚Z 1
Œ1/ 2 Z 1
2
|f |2 = |f (x)| dx e |f |1 = |f (x)| dx.
0 0

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e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

É fácil ver que | · |1 é uma norma. Que | · |2 é uma norma


é um resultado bem conhecido de Teoria da Medida
(Desigualdade de Minkowski).
Estas normas não podem ser equivalentes porque para
fn (x) = xαn com αn & −1/ 2 vem

1 1
|fn |1 = p e |fn |2 =
αn + 1 2αn + 1

e portanto
p
|fn |1 2αn + 1
= & 0.
|fn |2 αn + 1

Temos assim dois espaços normados (R2 , | · |1 ) e


(R2 , | · |2 ) com normas não equivalentes, mas a
dimensão não é finita.
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e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Para obter sequências sem subsequência convergente.


Lema de Riesz
Seja X subespaço vetorial fechado do espaço normado
(N, k · k). Então para 0 < α < 1 existe y ∈ N \ X com
kyk = 1 e infx∈X ky − xk ≥ α.

Demonstração.
Seja z ∈ N \ X e c = infx∈X kz − xk. Temos c > 0 porque X
é fechado. Portanto, para cada d > c existe w ∈ X com
z−w
c ≤ kz − wk ≤ d e o vetor y = kz−wk está em N \ X e
kyk = 1. Mais ainda, para u ∈ X vale

1 c c
ky − uk = z − (w + ky − wk · w) ≥ ≥ .
kz − wk kz − wk d

Ou seja, para 0 < α < 1 tomamos d = c/ α e obtemos


infx∈X ky − xk ≥ α, como no enunciado.
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Propriedades
e Álgebra Normas não equivalentes Compacidade

Compacidade da bola fechada e dimensão


Teorema
A bola fechada B̄(0, 1) num espaço normado (N, k · k) é
compacta se, e só se, dim N < ∞.

Demonstração.
Se dim N < ∞ já sabemos que B̄(0, 1) é compacta. Se
dim N = ∞, seja y1 ∈ N com ky1 k = 1. Pelo Lema de
Riesz existe y2 ∈ N com ky2 k = 1 e ky1 − y2 k ≥ 1/ 2 (faça
α = 1/ 2 e X = K · y1 ). Agora {y1 , y2 } é fechado pois tem
dimensão finita (exercício!). Novamente o Lema de
Riesz garante que existe y3 com ky3 k = 1 e
ky3 − y2 k ≥ 1/ 2 e ky3 − y1 k ≥ 1/ 2. Sucessivamente
construimos sequência (yk )k≥1 , kyk k = 1, ∀k ≥ 1 e
kyi − yj k ≥ 1/ 2, ∀i 6= j. Logo B̄(0, 1) não é compacta pois
(yk )k≥1 não tem subsequência convergente.
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Isomorfismos
e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

Isometrias/Isomorfismos entre espaços


métricos/normados

Dois espaços métricos (X, d), (Y, D) são isométricos se


existe transformação L : X → Y tal que L é bijetiva e
D(L(x), L(y)) = d(x, y), ∀x, y ∈ X

Exercício
Todo espaço métrico isométrico a um espaço métrico
completo é também completo.

Dois espaços normados (N1 , k · k1 ), (N2 , k · k2 ) são


isomorfos se existe isometria linear e bijetiva
κ : N1 → N2 (ou seja, κ(x + αy) = κ(x) + ακ(y) ∀x, y ∈ X,
∀α ∈ K, e as distâncias são aquelas induzidas pelas
normas).

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Isomorfismos
e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

Existência e Unicidade de Completamento


Teorema
Se (X, d) é espaço métrico, então ele é isométrico a um
subconjunto denso de um espaço métrico completo
˜ este é o completamento de X. Dois quaisquer
(X̃, d):
completamentos de X são isométricos.

Vamos construir o completamento como a chamda


“construção de Cantor” dos números reais: cada real se
identifica com as sequências de Cauchy de números
racionais que para ele convergem.
Seja X̄ família das sequências de Cauchy (xn )n≥1 de
elementos de X com respeito à distância d com a
relação
(xn )n≥1 ∼ (yn )n≥1 ⇐⇒ lim d(xn , yn ) = 0.
n→+∞

É fácil ver que esta é uma relação de equivalência.


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Isomorfismos
e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

Espaço das classes de equivalência


Seja X̃ = X̄/ ∼ o conjunto das classes de equivalência;
pela desigualdade triangular temos que
˜ x̃, ỹ) = lim d(xn , yn )
d(
n→+∞

está bem definido para x̃, ỹ ∈ X̃, onde escolhemos para


(xn )n≥1 e (yn )n≥1 dois quaisquer elementos das classes
x̃ e ỹ, respectivamente (exercício).
Vamos denotar por π : X̄ → X̃ a aplicação canônica tal
que π(x) a classe x ∈ X̄. Definimos agora
κ : X → κ(X) ⊂ X̃ por κ(x) = π(x̄) onde x̄ é a sequência
constante (x, x, x, x, . . . ) em X̄.
˜
Então d(κ(x), κ(y)) = d(x, y) e temos uma isometria de X
com a imagem κ(X). Mais ainda, κ(X) é subconjunto
denso de X̃.
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Isomorfismos
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Densidade

De fato, para cada ỹ ∈ X̃ e ϵ > 0, seja (ym )m≥1 um


representante da classe ỹ. Então d(ym , ym+k ) < ϵ para
algum m = m(ϵ) ≥ 1 e todo k ≥ 1. Portanto, ȳm é um
representante da classe π(ym ) e vale

˜ ỹ, π(ym )) = lim d(yk , ym ) ≤ ϵ.


d(
k→+∞

Como ỹ ∈ X̃ e ϵ > 0 são arbitrários, mostramos que κ(X)


˜
é denso em (X̃, d).
Usando esta isometria, a densidade e a desigualdade
˜ é completo.
triangular, mostraremos que (X̃, d)

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Completude
De fato, se ỹn ∈ X̃ é uma sequência de Cauchy em
˜ para cada n ≥ 1 escolhamos xn ∈ X tal que
(X̃, d),
˜ ỹn , κ(xn )) < 1/ n. Então para n, m ≥ 1
d(
˜
d(xn , xm ) = d(κ(x n ), κ(xm ))
˜
≤ d(κ(x ˜ ˜
n ), ỹn ) + d(ỹn , ỹm ) + d(ỹm , κ(xm ))
1 1
< + d( ˜ ỹn , ỹm ) +
n m
e portanto, dado ϵ > 0, existe N ≥ 1 tal que para
n, m ≥ N vale d(xn , xm ) < ϵ.

Então (xn )n≥1 ∈ X̄ representa algum x̃ = π (xn )n≥1 ∈ X̃ e
1
˜ ỹn , x̃) ≤ d(
d( ˜ ỹn , κ(xn )) + d(κ(x
˜ + lim d(xn , xm )
n ), x̃) <
n m→+∞
que pode ser feito arbitrariamente pequeno tomando n
suficientemente grande, logo ỹn → x̃.
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Unicidade
Se existe outra isometria i : (X, d) → (Z, D) com i(X)
denso no espaço métrico completo (Z, D), então
i ◦ κ −1 : κ(X) → i(X) é uma isometria bijetiva.
Esta isometria se estende de maneira única a
uma isometria entre (X̃, d) ˜ e (Z, D). Tome, para
qualquer x̃ ∈ X, sequência xn ∈ X tal que κ(xn ) → x̃ em
˜ que é uma sequência de Cauchy em (X, d), e
(X̃, d),
tomando o limite z da sequência de Cauchy i(xn ) em
(Z, d), definimos aplicação x̃ 7→ z.
Esta aplicação está bem definida (não depende da
escolha da sequência xn ∈ X tal que κ(xn ) → x̃), é
injetiva e sobrejetiva (podemos inverter a construção) e
é a identidade restrita a κ(X). Portanto é uma isometria
pela continuidade da função distância. Isto termina a
prova do Teorema de Completamento.
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Completamento de espaços normados


Podemos especializar esta construção ao caso de
espaços vetorais normados.
Teorema
Se (X, k · k) é espaço vetorial normado, então ele é
isométrico a um subconjunto denso de um espaço de
Banach (X̃, | · |): este é o completamento de (X, k · k).
Dois quaisquer completamentos de (X, k · k) são
isométricos.
A prova é a mesma, com a observação adicional de X̃ é
um espaço vetorial com as operações de soma termo a
termo de sequências e multiplicação por escalar de
todos os termos de uma sequência, ou seja
  
π (xn )n + π (yn )n = π (xn + yn )n , e
λπ (xn )n = π (λxn )n , para todo λ ∈ K.
 

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Alguns completamentos

1 Os números reais (R, | · |) são o completamento dos


racionais (Q, | · |) com a norma dada pelo módulo.
2 Seja p ∈ Z+ um número primo e defina o valor
absoluto p-ádico nos números racionais pelas
propriedades:
1
|pn |p = pn
para n ≥ 1;
|m | = 1 para todos os m, n ∈ Z, n 6= 0 relativamente
n p
primos com p.
Para este valor absoluto em Q vale a desigualdade
triangular forte: |a + b|p ≤ max(|a|p , |b|p ), ∀a, b ∈ Q.
Obtemos assim o corpo Qp que é o
completamento de (Q, | · |p ).

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Por um Teorema de Ostrowski (1916), existem apenas 3


classes de valores absolutos em Q:
o valor absoluto trivial: em qualquer corpo
podemos definir |x|0 = 1 se x 6= 0 e |0|0 = 0.
o valor absoluto real: |x| = x se x ≥ 0 e |x| = −x se
x < 0.
o valor absoluto p-ádico para um número primo p.
Assim, os racionais podem ser completados usando um
valor absoluto de essencialmente três formas
diferentes:
1 a trivial: neste caso d0 (x, y) = |x − y|0 é a métrica
discreta e sequências de Cauchy são finalmente
constantes;
2 a usual, levando ao corpo dos números reais;
3 a p-ádica, levando a Qp .
Mostra-se que Qp é um corpo e é possível estudar
Análise neste corpo: continuidade, diferenciabilidade,
funçoes analíticas com valores em Qp etc.
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Outros completamentos

Podemos obter (Rm , k · k2 ) como o completamento de


(Qm , k · k2 ), onde usamos a distância euclidiana usual.
Podemos construir o integral de Lebesgue num espaço
de medida via a extensão de um funcional linear
definido num espaço de funções simples para seu
completamento na norma do integral – veja por
exemplo
CASTRO, A. A. Curso de Teoria da Medida, Projeto
Euclides, IMPA, Rio de Janeiro, 2004.

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Isomorfismos
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Os espaços de Lebesgue
Podemos também mostrar que, para toda medida μ
num espaço de medida (X, A, μ), se tem que
 Z 
Lp (X, μ) = f : X → K : |f |p dμ < ∞

(quocientado pelo subespaço vetorial das funções nulas


μ-qtp) é o completamento do espaço normado
(S(X, K), k · kp ) onde
S(X, K) = {f : X → K : f é função simples A-mensurável}
1/ p
para p ≥ 1 é a p-norma, com K = R
R
e kf kp = |f |p dμ
ou C.
É usual substituir S(X, K) por diversos outros espaços
mais convenientes para demonstrar certas
propriedades da extensão Lp (X, μ).
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Introdução Dimensão (In)Finita Completamento Topologia
Isomorfismos
e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

O espaço L e a seminorma k · k1
Seja (X, A, μ) um espaço de medida. O conjunto
 Z 
L(X, A, μ) = L(μ) = f : (X, A) → R : |f | dμ < ∞

é o espaço vetorial das funções A-mensuráveis que são


μ-integráveis. A função
Z
k · k1 : L(μ) → [0, +∞], f 7→ |f | dμ

é uma seminorma em L(μ).


De fato, é claro que kf + gk1 ≤ kf k1 + kgk1 e
kλf k = |λ| · kf k1 para f , g ∈ L(μ), λ ∈ R. Mas kf k1 = 0
garante apenas que f = 0 para μ-qtp., não sendo
necessariamente uma função constante igual a zero.
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Isomorfismos
e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

O espaço L e a seminorma k · k1
Seja (X, A, μ) um espaço de medida. O conjunto
 Z 
L(X, A, μ) = L(μ) = f : (X, A) → R : |f | dμ < ∞

é o espaço vetorial das funções A-mensuráveis que são


μ-integráveis. A função
Z
k · k1 : L(μ) → [0, +∞], f 7→ |f | dμ

é uma seminorma em L(μ).


De fato, é claro que kf + gk1 ≤ kf k1 + kgk1 e
kλf k = |λ| · kf k1 para f , g ∈ L(μ), λ ∈ R. Mas kf k1 = 0
garante apenas que f = 0 para μ-qtp., não sendo
necessariamente uma função constante igual a zero.
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Isomorfismos
e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

O espaço L e a seminorma k · k1
Seja (X, A, μ) um espaço de medida. O conjunto
 Z 
L(X, A, μ) = L(μ) = f : (X, A) → R : |f | dμ < ∞

é o espaço vetorial das funções A-mensuráveis que são


μ-integráveis. A função
Z
k · k1 : L(μ) → [0, +∞], f 7→ |f | dμ

é uma seminorma em L(μ).


De fato, é claro que kf + gk1 ≤ kf k1 + kgk1 e
kλf k = |λ| · kf k1 para f , g ∈ L(μ), λ ∈ R. Mas kf k1 = 0
garante apenas que f = 0 para μ-qtp., não sendo
necessariamente uma função constante igual a zero.
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Isomorfismos
e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

1
O espaço L

Para obtermos uma norma, vamos dizer que f , g ∈ L(μ)


são equivalentes se μ([f 6= g]) = 0, isto é, se f , g são
igual em μ-qtp.. Denotamos por [f ] a classe de
equivalência de f por esta relação.
O espaço de Lebesgue L1 (μ) = L1 (X, A, μ) é o conjunto
de todas as classes de equivalência [f ] de elementos de
L(μ). Definimos k[f ]k1 por kf k1 e obtemos que o espaço
(L1 (μ), k · k1 ) é um espaço normado.
De fato, as operações no espaço vetorial são [λf ] = λ[f ]
e [f + g] = [f ] + [g] para λ ∈ R, f , g ∈ L(μ), com vetor nulo
[0]. Portanto a desigualdade triangular e a
homogeneidade seguem como antes. Mas agora
k[f ]k1 = 0 =⇒ f = 0 , μ−qtp., logo [f ] = [0].

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1
O espaço L

Para obtermos uma norma, vamos dizer que f , g ∈ L(μ)


são equivalentes se μ([f 6= g]) = 0, isto é, se f , g são
igual em μ-qtp.. Denotamos por [f ] a classe de
equivalência de f por esta relação.
O espaço de Lebesgue L1 (μ) = L1 (X, A, μ) é o conjunto
de todas as classes de equivalência [f ] de elementos de
L(μ). Definimos k[f ]k1 por kf k1 e obtemos que o espaço
(L1 (μ), k · k1 ) é um espaço normado.
De fato, as operações no espaço vetorial são [λf ] = λ[f ]
e [f + g] = [f ] + [g] para λ ∈ R, f , g ∈ L(μ), com vetor nulo
[0]. Portanto a desigualdade triangular e a
homogeneidade seguem como antes. Mas agora
k[f ]k1 = 0 =⇒ f = 0 , μ−qtp., logo [f ] = [0].

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1
O espaço L

Para obtermos uma norma, vamos dizer que f , g ∈ L(μ)


são equivalentes se μ([f 6= g]) = 0, isto é, se f , g são
igual em μ-qtp.. Denotamos por [f ] a classe de
equivalência de f por esta relação.
O espaço de Lebesgue L1 (μ) = L1 (X, A, μ) é o conjunto
de todas as classes de equivalência [f ] de elementos de
L(μ). Definimos k[f ]k1 por kf k1 e obtemos que o espaço
(L1 (μ), k · k1 ) é um espaço normado.
De fato, as operações no espaço vetorial são [λf ] = λ[f ]
e [f + g] = [f ] + [g] para λ ∈ R, f , g ∈ L(μ), com vetor nulo
[0]. Portanto a desigualdade triangular e a
homogeneidade seguem como antes. Mas agora
k[f ]k1 = 0 =⇒ f = 0 , μ−qtp., logo [f ] = [0].

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1
O espaço L e as classes de equivalência

Nunca devemos esquecer que os elementos de L1


são realmente classes de equivalência!

Porém, é usual tratar os elementos de L1 como se


fossem funções e escrever “o elemento f de L1 ” para
designar a classe de equivalência de f , quer para
simplificar a notação, quer a linguagem.

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Isomorfismos
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p
Os espaços L
Analogamente ao caso L1 (μ), para 1 ≤ p < ∞
escrevemos
 Z 
L (μ) = L (X, A, μ) = f : (X, A) → R,
p p p
|f | dμ < ∞ / ∼

o espaço das classes de equivalência de funções


A-mensuráveis e p-integráveis, em que duas funções
são equivalentes se coincidem μ-qtp.. Neste conjunto
definimos
Z 1/ p
kf kp = |f |p dμ .

Claro que se p = 1 voltamos ao caso anterior. Veremos


que Lp (μ) é espaço vetorial, que k · kp é uma norma, e
que (Lp (μ), k · kp ) é completo, ou seja, um espaço de
Banach para todo 1 ≤ p < ∞.
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Isomorfismos
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p
Os espaços ℓ
No caso particular X = N e μ = # medida de contagem,
escrevemos ℓp para os correspondentes espaços que
podem ser identificados com
( )
X
ℓp = (xn )n≥1 ⊂ R : |xn |p < ∞
n≥1

p 1/ p .
P 
com a norma k(xn )n≥1 kp = n≥1 |xn |

É fácil ver que as classes de equivalência contêm


apenas um elemento, já que o único subconjunto com
medida de contagem nula é o vazio.
É muitas vezes instrutivo considerar propriedades e
afirmações em espaços Lp no caso particular de ℓp para
ganhar intuição.
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Isomorfismos
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Desigualdade de Hölder
Lema (Desigualdade de Hölder)
Sejam f ∈ Lp (μ), g ∈ Lq (μ) com p > 1 e p−1 + q−1 = 1.
Então fg ∈ L1 (μ) e kfgk1 ≤ kf kp kgkq .

Os índices p, q como acima dizem-se “conjugados”.


Para provar, seja 0 < α < 1 fixado e φ(t) = αt − t α . Então
φ0 (t) < 0 para 0 < t < 1 e φ0 (t) > 0 para t > 1. Portanto
φ(t) ≥ φ(1) e φ(t) = φ(1) = α − 1 se, e só se, t = 1.
Portanto temos
t α ≤ αt + (1 − α), t ≥ 0.
Se a, b ≥ 0, fazemos t = a/ b e multiplicamos por b, vem
aα b1−α ≤ αa + (1 − α)b
com igualdade se, e só se, a = b.
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Desigualdade de Hölder
Lema (Desigualdade de Hölder)
Sejam f ∈ Lp (μ), g ∈ Lq (μ) com p > 1 e p−1 + q−1 = 1.
Então fg ∈ L1 (μ) e kfgk1 ≤ kf kp kgkq .

Os índices p, q como acima dizem-se “conjugados”.


Para provar, seja 0 < α < 1 fixado e φ(t) = αt − t α . Então
φ0 (t) < 0 para 0 < t < 1 e φ0 (t) > 0 para t > 1. Portanto
φ(t) ≥ φ(1) e φ(t) = φ(1) = α − 1 se, e só se, t = 1.
Portanto temos
t α ≤ αt + (1 − α), t ≥ 0.
Se a, b ≥ 0, fazemos t = a/ b e multiplicamos por b, vem
aα b1−α ≤ αa + (1 − α)b
com igualdade se, e só se, a = b.
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Desigualdade de Hölder
Lema (Desigualdade de Hölder)
Sejam f ∈ Lp (μ), g ∈ Lq (μ) com p > 1 e p−1 + q−1 = 1.
Então fg ∈ L1 (μ) e kfgk1 ≤ kf kp kgkq .

Os índices p, q como acima dizem-se “conjugados”.


Para provar, seja 0 < α < 1 fixado e φ(t) = αt − t α . Então
φ0 (t) < 0 para 0 < t < 1 e φ0 (t) > 0 para t > 1. Portanto
φ(t) ≥ φ(1) e φ(t) = φ(1) = α − 1 se, e só se, t = 1.
Portanto temos
t α ≤ αt + (1 − α), t ≥ 0.
Se a, b ≥ 0, fazemos t = a/ b e multiplicamos por b, vem
aα b1−α ≤ αa + (1 − α)b
com igualdade se, e só se, a = b.
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Desigualdade de Hölder
Lema (Desigualdade de Hölder)
Sejam f ∈ Lp (μ), g ∈ Lq (μ) com p > 1 e p−1 + q−1 = 1.
Então fg ∈ L1 (μ) e kfgk1 ≤ kf kp kgkq .

Os índices p, q como acima dizem-se “conjugados”.


Para provar, seja 0 < α < 1 fixado e φ(t) = αt − t α . Então
φ0 (t) < 0 para 0 < t < 1 e φ0 (t) > 0 para t > 1. Portanto
φ(t) ≥ φ(1) e φ(t) = φ(1) = α − 1 se, e só se, t = 1.
Portanto temos
t α ≤ αt + (1 − α), t ≥ 0.
Se a, b ≥ 0, fazemos t = a/ b e multiplicamos por b, vem
aα b1−α ≤ αa + (1 − α)b
com igualdade se, e só se, a = b.
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Prova da desigualdade de Hölder


Agora sejam 1 < p < ∞ e p−1 + q−1 = 1 e α = p−1 . Então
segue que para todos os A, B reais positivos

Ap Bq
AB ≤ +
p q

com igualdade se, e só se, Ap = Bp .


Tomemos agora f ∈ Lp (μ), g ∈ Lq (μ) tais que kf kp 6= 0 e
kgkq 6= 0. O produto fg é mensurável e a relação acima
com A = |f (x)|/ kf kp e B = |g(x)|/ kgkq garante que

f (x)g(x) |f (x)|p |g(x)|q


≤ p + q .
kf kp kgkq pkf kp qkgkq

Como os dois termos da direita são integráveis, então


fg é integrável.
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Prova da desigualdade de Hölder


Agora sejam 1 < p < ∞ e p−1 + q−1 = 1 e α = p−1 . Então
segue que para todos os A, B reais positivos

Ap Bq
AB ≤ +
p q

com igualdade se, e só se, Ap = Bp .


Tomemos agora f ∈ Lp (μ), g ∈ Lq (μ) tais que kf kp 6= 0 e
kgkq 6= 0. O produto fg é mensurável e a relação acima
com A = |f (x)|/ kf kp e B = |g(x)|/ kgkq garante que

f (x)g(x) |f (x)|p |g(x)|q


≤ p + q .
kf kp kgkq pkf kp qkgkq

Como os dois termos da direita são integráveis, então


fg é integrável.
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Prova da desigualdade de Hölder


Agora sejam 1 < p < ∞ e p−1 + q−1 = 1 e α = p−1 . Então
segue que para todos os A, B reais positivos

Ap Bq
AB ≤ +
p q

com igualdade se, e só se, Ap = Bp .


Tomemos agora f ∈ Lp (μ), g ∈ Lq (μ) tais que kf kp 6= 0 e
kgkq 6= 0. O produto fg é mensurável e a relação acima
com A = |f (x)|/ kf kp e B = |g(x)|/ kgkq garante que

f (x)g(x) |f (x)|p |g(x)|q


≤ p + q .
kf kp kgkq pkf kp qkgkq

Como os dois termos da direita são integráveis, então


fg é integrável.
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Final da prova da desigualdade de Hölder

Integrando ambos os termos, obtemos

kfgk1 |f (x)|p |g(x)|q 1 1


Z Z
≤ p dμ(x) + q dμ(x) = + =1
kf kp kgkq pkf kp qkgkq p q

que é a desigualdade que queremos, para funções não


nulas.
Se uma das funções for nula, a desigualdade é trivial.
Notemos que p = 2 é o único índice cujo conjugado
q = 2 é o mesmo, portanto o produto de duas funções
em L2 (μ) é integrável.

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Desigualdades de
Cauchy-Bunyakovskii-Schwarz e Minkowski

Corolário (desigualdade de Cauchy-Schwarz)


2
R f , g ∈RL (μ), então fg é integrável e
Se
fg ≤ |fg| ≤ kf k2 kgk2 .

Segue agora a desigualdade triangular:


Lema (desigualdade de Minkowski)
Se f , h ∈ Lp (μ), p ≥ 1, então f + h ∈ Lp (μ) e
kf + hkp ≤ kf kp + khkp .

O caso p = 1 já foi feito. Para p > 1, f + h é mensurável e

|f + h|p ≤ (2 max{|f |, |h|})p ≤ 2p (|f |p + |h|p ),

portanto f + h ∈ Lp (μ).
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Desigualdades de
Cauchy-Bunyakovskii-Schwarz e Minkowski

Corolário (desigualdade de Cauchy-Schwarz)


2
R f , g ∈RL (μ), então fg é integrável e
Se
fg ≤ |fg| ≤ kf k2 kgk2 .

Segue agora a desigualdade triangular:


Lema (desigualdade de Minkowski)
Se f , h ∈ Lp (μ), p ≥ 1, então f + h ∈ Lp (μ) e
kf + hkp ≤ kf kp + khkp .

O caso p = 1 já foi feito. Para p > 1, f + h é mensurável e

|f + h|p ≤ (2 max{|f |, |h|})p ≤ 2p (|f |p + |h|p ),

portanto f + h ∈ Lp (μ).
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e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

Prova da desigualdade de Minkowski


Além disto, também vale

|f + h|p = |f + h| · |f + h|p−1 ≤ |f | · |f + h|p−1 + |h| · |f + h|p−1 .

Como |f + h| ∈ Lp e |f + h|p ∈ L1 e p = (p − 1)q, então


|f + h|p−1 ∈ Lq . Aplicando a desigualdade de Hölder
Z Z 1/ q
p−1
|f | · |f + h| dμ ≤ kf kp |f + h| (p−1)q
= kf kp kf + hkp/
p
q

e analogamente com h no lugar de f . Portanto,


integrando a primeira desigualdade, kf + hkpp é
majorada por

kf kp kf + hkp/
p
q
+ khkp kf + hkp/
p
q
= (kf kp + khkp )kf + hkpp/ q .

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Prova da desigualdade de Minkowski


Além disto, também vale

|f + h|p = |f + h| · |f + h|p−1 ≤ |f | · |f + h|p−1 + |h| · |f + h|p−1 .

Como |f + h| ∈ Lp e |f + h|p ∈ L1 e p = (p − 1)q, então


|f + h|p−1 ∈ Lq . Aplicando a desigualdade de Hölder
Z Z 1/ q
p−1
|f | · |f + h| dμ ≤ kf kp |f + h| (p−1)q
= kf kp kf + hkp/
p
q

e analogamente com h no lugar de f . Portanto,


integrando a primeira desigualdade, kf + hkpp é
majorada por

kf kp kf + hkp/
p
q
+ khkp kf + hkp/
p
q
= (kf kp + khkp )kf + hkpp/ q .

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Final da prova da Desigualdade de Minkowski


Se kf + hkp 6= 0, então deduzimos

kf + hkp−p/
p
q
≤ kf kp + khkp e p − p/ q = 1

logo temos a Desigualdade de Minkowski


kf + hkp ≤ kf kp + khkp .
Se kf + hkp = 0, então a Desigualdade de Minkowski é
trivial.

A desigualdade de Minkowski garante a desigualdade


triangular para a função k · kp e que a soma de funções
em Lp (μ) se mantém no espaço. As restantes
propriedades de um espaço vetorial e de norma são
fáceis de verificar. Então (Lp (μ), k · kp ) é um espaço
vetorial normado, para 1 ≤ p < ∞.

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Final da prova da Desigualdade de Minkowski


Se kf + hkp 6= 0, então deduzimos

kf + hkp−p/
p
q
≤ kf kp + khkp e p − p/ q = 1

logo temos a Desigualdade de Minkowski


kf + hkp ≤ kf kp + khkp .
Se kf + hkp = 0, então a Desigualdade de Minkowski é
trivial.

A desigualdade de Minkowski garante a desigualdade


triangular para a função k · kp e que a soma de funções
em Lp (μ) se mantém no espaço. As restantes
propriedades de um espaço vetorial e de norma são
fáceis de verificar. Então (Lp (μ), k · kp ) é um espaço
vetorial normado, para 1 ≤ p < ∞.

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Final da prova da Desigualdade de Minkowski


Se kf + hkp 6= 0, então deduzimos

kf + hkp−p/
p
q
≤ kf kp + khkp e p − p/ q = 1

logo temos a Desigualdade de Minkowski


kf + hkp ≤ kf kp + khkp .
Se kf + hkp = 0, então a Desigualdade de Minkowski é
trivial.

A desigualdade de Minkowski garante a desigualdade


triangular para a função k · kp e que a soma de funções
em Lp (μ) se mantém no espaço. As restantes
propriedades de um espaço vetorial e de norma são
fáceis de verificar. Então (Lp (μ), k · kp ) é um espaço
vetorial normado, para 1 ≤ p < ∞.

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Completude: Teorema de Riesz-Fischer

Teorema
Se 1 ≤ p < ∞, então (Lp (μ), k · kp ) é espaço normado
completo.

Isto nos fornece uma classe de exemplos muito útil.


É muitas vezes mais simples considerar propriedades e
afirmações no caso particular de ℓp para ganhar
intuição do significado de muitas noções em Análise
Funcional.

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Os espaços L (μ) e o supremo essencial

O conjunto L∞ (μ) = L∞ (X, A, μ) é formado pelas classes


de equivalência de funções que são “essencialmente
limitadas”, ou limitadas μ-qtp., e duas funções são
iguais se coincidem μ-qtp..
Para uma função g : X → [0, +∞] A-mensurável, defina

Sg = {α ∈ R : μ([g > α]) = μ(g−1 ((α, +∞]) = 0}.

e faça ess sup g = inf Sg (lembre que inf ∅ = +∞), o


supremo essencial de g.
Notemos que, por definição, se β = ess sup g, para cada
n > 1 temos que μ([g > β + 1/ n]) = 0 e como
[g > β] = ∪n [g > β + 1/ n], então μ([g > β]) = 0, e β ∈ Sg .

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Os espaços L (μ) e o supremo essencial

O conjunto L∞ (μ) = L∞ (X, A, μ) é formado pelas classes


de equivalência de funções que são “essencialmente
limitadas”, ou limitadas μ-qtp., e duas funções são
iguais se coincidem μ-qtp..
Para uma função g : X → [0, +∞] A-mensurável, defina

Sg = {α ∈ R : μ([g > α]) = μ(g−1 ((α, +∞]) = 0}.

e faça ess sup g = inf Sg (lembre que inf ∅ = +∞), o


supremo essencial de g.
Notemos que, por definição, se β = ess sup g, para cada
n > 1 temos que μ([g > β + 1/ n]) = 0 e como
[g > β] = ∪n [g > β + 1/ n], então μ([g > β]) = 0, e β ∈ Sg .

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Os espaços L (μ) e o supremo essencial

O conjunto L∞ (μ) = L∞ (X, A, μ) é formado pelas classes


de equivalência de funções que são “essencialmente
limitadas”, ou limitadas μ-qtp., e duas funções são
iguais se coincidem μ-qtp..
Para uma função g : X → [0, +∞] A-mensurável, defina

Sg = {α ∈ R : μ([g > α]) = μ(g−1 ((α, +∞]) = 0}.

e faça ess sup g = inf Sg (lembre que inf ∅ = +∞), o


supremo essencial de g.
Notemos que, por definição, se β = ess sup g, para cada
n > 1 temos que μ([g > β + 1/ n]) = 0 e como
[g > β] = ∪n [g > β + 1/ n], então μ([g > β]) = 0, e β ∈ Sg .

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Definição de L (μ)
Podemos agora definir, para cada função
f : X → [−∞, +∞] A-mensurável

kf k∞ = ess sup(|f |)

(note que esta definição também faz sentido para


f : X → C) e

L∞ (μ) = L∞ (X, A, μ) = {f : X → [−∞, +∞] : kf k∞ < ∞}.

Nos cursos de Teoria da Medida e Integração se prova o


seguinte
Lema
O espaço (L∞ (μ), k · k∞ ) é um espaço vetorial normado
completo.

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O espaço ℓ
Existe um espaço de sequências com esta norma: se
(xn )n é sequência em algum espaço normado (X, k · k),
então definimos

k(xn )n k∞ = sup kxn k


n≥1

e o espaço das sequências limitadas

ℓ∞ = {(xn )n ⊂ X : k(xn )n k < ∞}

que, com a norma k · k∞ é um espaço vetorial normado


e completo.
Este espaço (ℓ∞ , k · k∞ ) é muito útil para construir
explicitamente exemplos e contra-exemplos para
diversos resultados em Análise Funcional, e assim
ganhar intuição sobre diversas noções.
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Integral de Lebesgue melhor que Riemann


Dada uma medida m no intervalo [0, 1] o conjunto das
funções m-integráveis L1m ([0, 1]) é um espaço métrico
completo para a métrica
Z
d(f , g) = kf − gk1 = |f − g| dm,

ou seja, sequências de Cauchy nesta métrica


convergem para funções integráveis. (Notemos que a
medida m não foi especificada: este resultado é válido
para qualquer uma!)
Mas o análogo não é verdadeiro para a integral de
Riemann: existe família de Rfunções integráveis à
Riemann tal que d(fn , fm ) = |fn (x) − fm (x)| dx tende a
zero quando n, m → ∞, mas o limite destas funções não
é integrável à Riemann...
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Introdução Dimensão (In)Finita Completamento Topologia
Isomorfismos
e Álgebra Existência e Unicidade Exemplos

Como todas as funções integráveis à Riemann são


integrável à Lebesgue, e com o mesmo integral, então
se tomarmos m a medida de Lebesgue em [0, 1], o
espaço
R = {f : [0, 1] → R : f é integrável à Riemann}
é um espaço vetorial que admite as duas normas
Z Z1
kf k1 = |f | dm (Lebesgue) e |f | = |f (x)| dx (Riemann).
0

Tomemos {qn : n ≥ 1} uma enumeração dos racionais


no intervalo [0, 1] e as funções características ou
indicadoras
¨
1 se x = qn
gn (x) = χqn (x) = , n ≥ 1,
0 caso contrário
Pn
e a sequência fn = k=1 gk .
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Isomorfismos
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Mau comportamento da integral de Riemann

R
Então, é claro que R fn (x) dx = 0 para todo n ≥ 1,
portanto |fn − fm | = |fn (x) − fm (x)| dx = 0, mas o limite
¨
1 se x ∈ Q
lim fn (x) = f (x) =
n→∞ 0 se x ∈ R \ Q

não é integrável à Riemann! Assim (R, | · |) não é


Banach, e (R, k · k1 ) também não.
Por outro lado, temos kfn − fm k1 = |fn − fm | = 0 mas
sabemos que f é Lebesgue integrável e kfn − f k1 → 0,
portanto o espaço L1m ([0, 1]) ⊃ R mas o integral de
Riemann em R não se estende a L1m ([0, 1]).

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Topologias
e Álgebrafracas Álgebras de Banach e C∗

A topologia fraca. Espaços de Hilbert e


operadores auto-adjuntos.

Para contornar o problema posto pela não compacidade


de B̄(0, 1), redefiniremos a topologia de um espaço
normado de maneira que sua bola unitária no espaço
dual seja compacta.
Isso é um dos tópicos principais deste curso, e
deduziremos resultados muito gerais para operadores
lineares usando esta topologia.
Finalmente especializaremos os resultados nos espaços
de Hilbert (que são espaços de Banach com uma norma
induzida por um produto interno) para operadores
compactos e auto-adjuntos, e estudaremos seu
espectro.

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Topologias
e Álgebrafracas Álgebras de Banach e C∗

Álgebras Complexas sobre espaços de Banach


Havendo tempo durante o curso, faremos introdução à
teoria obtida quando se acrescenta aos espaços de
Banach uma operação interna de multiplicação de
elementos de X (sem necessariamente assumir
comutatividade nem existência de unidade) que é
associativa e distributiva em relação à adição de
elementos de X e de K:
x(yz) = (xy)z; x(y + z) = xy + xz, (x + y)z = xz + yz
e ainda
λ(xy) = (λx)y = x(λy),
para x, y, z ∈ X, λ ∈ K = R ou C.
Se K = C diz-se que X é um álgebra complexa e, se
existir unidade I ∈ X para esta multiplicação, então X
vira um álgebra complexa unitária.
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Álgebras de Banach
Uma Álgebra de Banach é uma álgebra complexa X
com norma k · k tal que (X, k · k) é espaço de Banach e a
norma tem uma boa relação com a multiplicação:

kxyk ≤ kxk · kyk, ∀x, y ∈ X.

Um bom exemplo é o espaço (Cm×m , k · k) das matrizes


com entradas complexas de dimensão m ∈ Z+ com a
norma das aplicações lineares associadas

kAvk2
kAk = sup
~ 6=v∈Cm
0 kvk2
€P Š1/ 2
m
onde kvk2 = k(v1 , . . . , vm )k2 = i=1
v̄i vi é a norma
euclidiana usual em Cm . Este espaço é uma Álgebra de
Banach.
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Álgebras C∗

Existe também uma abstração da operação de


conjugação dos número complexos dentro de uma
álgebra de Banach.

Esta teoria é muito elegante e permite classificar certas


álgebras.

Objetivamos introduzir alguns conceitos e estudar a


transformada de Gelfand e o Teorema de
Gelfand-Mazur: “toda álgebra de Banach unitária cujos
elementos não nulos são invertíveis é isometricamente
isomorfa a C”.

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e Álgebrafracas Álgebras de Banach e C∗

Bibliografia: livros-texto

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Lista de referências bibliográficas

César Oliveira, Introdução à Análise Funcional,


IMPA, Colóquio Brasileiro de Matemática, Rio de
Janeiro, 2001.
Geraldo Botelho, Daniel Pellegrino, Eduardo
Teixeira, Fundamentos de Análise Funcional, SBM,
Coleção Textos Universitários, Rio de Janeiro, 2014,
Brezis, H. Analyse Functionnelle – Théorie et
applications. DUNOD, 1999. Paris.
Conway, A Course on Functional Analysis, 2nd. ed.
Springer Verlag. New-York. 1990.
Kôsaku Yosida, Funcional Analysis. Springer-Verlag.
New-York. 1995.

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