Você está na página 1de 7

PROGRAMA REUNI: AMPLIAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO

SUPERIOR?
CLAUDEMIR OSMAR DA SILVA – 2014

O título é pertinente?
O título dado ao trabalho é uma pergunta. Apresenta o objeto de pesquisa, programa REUNI
na UFSC, enquanto uma dúvida e não uma afirmativa. Este título parece pertinente, na medida
em que o estudo na documentação selecionada, acerca do programa REUNI, procura
interrogar a aparente motivação que lhe deu existência.

Os agradecimentos são burocráticos?


O autor procurou abranger a todos que participaram de sua conquista. Sua forma de agradecer
é bastante pessoal para alguns, nada burocrática. A emoção se apresenta fortemente ao
agradecer sua companheira e o momento de vida em que se encontra, vivenciando o início do
processo de paternidade. Remete a uma segunda família, o que dá a entender que tenha
vivido a ausência de sua família de origem, por qualquer motivo não explicitado.

De quem são as epígrafes e o que sinalizam?


O autor optou por apresentar 5 epígrafes. Parece que tentou abranger seu itinerário de
leituras durante seu processo de formação, ainda que representativamente.

A primeira epígrafe é de Karl Marx e remete à questão da atividade. Estudando as “Teses sobre
Feuerbach”, escritas em 1944, reconheço a importância depositada, pelo filósofo, na
consideração da atividade como cerne para a compreensão da vida, do mundo e dos
fenômenos. Não consigo identificar se foi desta mesma leitura que Claudemir se sentiu
motivado a utilizar esta citação, posto que não foi retirada especificamente das Teses, mas tal
posicionamento aí demarcado foi trabalhado incansavelmente por Marx em toda a sua obra.
Portanto, independentemente de onde foi retirada, esta citação é sem dúvida muito
representativa dos se itinerário de estudos.

A segunda e a terceira epígrafes são de Mészáros, importante intelectual marxista


contemporâneo, discípulo de Lukács no Instituto de Estética, na Hungria. No Brasil é muito
trabalhado pelos sociólogos do trabalho. Nestas citações, Claudemir remete ao fato de que o
seu trabalho analisa uma política educacional que, ao atingir seus objetivos, se tornará
obsoleta e desnecessária, contribuindo para o processo de transformação da sociedade em
que vivemos.

Em Guimarães Rosa, representativo literato brasileiro do uso da linguagem a serviço da


temática, e vice-versa (VILARINHO, 2012). Sua citação remete ao alcance da liberdade por
intermédio da verdade. Liberdade enquanto postulado universal, ideal que necessita da
verdade objetiva, materializada, fruto da prática (Tese 2 de Marx). Esta citação parece se
conectar fortemente com o título da dissertação de Claudemir, que questiona ser ou não a
política estudada capaz de contribuir de fato com a trajetória de busca pelo conhecimento nas
camadas formais que organizam o sistema educacional brasileiro.

A última epígrafe citada é de Lênin, teórico de destaque que assumiu papel fundamental na
divisão ideológica do Partido Operário Social-Democrata Russo, visto pelas classes
trabalhadoras soviéticas como um herói do socialismo e reconhecido por fundar e liderar um
regime autoritário e violador de direitos humanos (Terror Vermelho). Esta citação escolhida
por Claudemir também remete à questão da atividade, da prática, do fazer para realizar.
Atividade esta que tem o poder de retirar o sonho do mundo abstrato, transformando a
realidade.

Identificar o meu próprio itinerário de estudos nas epígrafes escolhidas por Claudemir é o que
me inspira a lê-las e interpretá-las na perspectiva de que representam o itinerário de estudo
percorrido por ele mesmo.

O Resumo é elucidativo do que a obra contém? Quais os


documentos anunciados no Resumo?
O Resumo descreve com clareza o objetivo do estudo:

“analisar, na particularidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a política


de expansão do Ensino Superior (ES) promovida nos Governos de Luís Inácio Lula da
Silva e Dilma Rusself (2003-2012), expressa no Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – Reuni (BRASIL, 2007).”

Enuncia os tipos de bibliografias consultadas: artigos publicados em periódicos, trabalhos


publicados em anais de eventos da área de educação e a produção intelectual advinda dos
programas de pós-graduação (teses e dissertações).

Lista os documentos escolhidos como fonte primária de pesquisa: 1) Decreto Presidencial n.


6.069, de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007); 2) Diretrizes Gerais do Reuni (BRASIL, 2007a), e;
3) Plano de reestruturação e expansão Reuni/UFSC (UFSC, 2007).

Encontramos no Resumo uma descrição sobre o que o objeto de estudo interrogou nos
documentos que o pesquisador estudou:
- objetivos expressos e ocultos;
- participantes na elaboração do programa e na sua resistência;
- condições de implementação de metas e estratégias;
- discurso governamental que ancora a elaboração do programa.
Por fim, o Resumo também afirma estar sendo a implementação do programa, junto ao locus
da pesquisa (UFSC), uma alternativa para a “inserção da Educação no mercado, a privatização
interna da universidade pública e a precarização das suas ações de ensino, pesquisa e
extensão.”

Alguns documentos que foram trabalhados não foram citados no Resumo.


O que contém a Introdução?
O texto da Introdução está organizado em uma parte introdutória seguida de duas seções
(Apontamentos teóricos sobre a temática da pesquisa e Apontamento sobre o percurso
metodológico), sendo esta última subdividida em uma subseção (Percurso da pesquisa e
organização do texto).

Na primeira parte o autor começa apresentando o objetivo da pesquisa e segue descrevendo


os acontecimentos que antecederam e que orientaram a elaboração da proposta do programa
REUNI. Houve a criação do GTI para diagnosticar a situação do ES e fazer propostas de ação. O
relatório deste grupo sugeriu a criação de um programa emergencial para apoiar a educação
superior, contemplando ações relativas aos docentes, à ampliação de vagas, à educação a
distância, à autonomia universitária e ao financiamento. Durante o primeiro mandato do
governo PT (2003-2006) tais ações foram implementadas por intermédio de um conjunto de
leis, decretos e MP´s. O Programa REUNI entra em cena durante o segundo mandato (2007-
2010), junto com outras leis, decretos e portarias exaradas sem a necessária discussão da
sociedade a quem eram voltadas.

A história da elaboração do programa REUNI aparece, na Introdução, entremeada de


avaliações conjunturais feitas por estudiosos do campo crítico, tais como Leher (2010; 2005),
Trópia (2007), Otranto (2006), Lima (2011), entre outros.

O texto introdutório segue com a afirmação do objetivo específico:

“apresentar o processo de “suposta” discussão sobre a adesão ao REUNI nas


universidades federais, particularmente na Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Teria havido abertura para discussões de forma ampla ou prevaleceu imposições e
repressões? Quais foram os movimentos de resistência à adesão ao Programa pelas
universidades federais?” (p.30)

Continuando, o texto relata as avaliações do MEC quanto aos resultados do programa REUNI,
durante o primeiro mandato da Presidente Dilma (2011-2014), indicando a ampliação
numérica das universidade federais e campi universitários e concluindo que o programa
contribuiu para “uma nova realidade da Educação Superior no país” (p.30).

Em dois gráficos, o autor demonstra que a lógica privatizante da Educação Superior no país
não foi revertida durante os governos PT, tanto pelo número de instituições quanto pela
quantidade de vagas no ensino presencial e que seguiu convergindo para os interesses de
mercado. Reafirma esta lógica demonstrando informações estatísticas sobre a movimentação
das negociações, nas bolsas de valores internacionais, de ações de empresas do ramo
educacional, sobre aquisições, incorporações e associações entre empresas de capital nacional
e estrangeiro.

Entrando na primeira seção que divide o texto da Introdução, Claudemir discorre


apontamentos teóricos sobre o tema, tratando da questão da acumulação flexível, da
mundialização do capital e do neoliberalismo, contando com o apoio de Harvey (2013),
Chesnais (1996), Mészáros (2011), Marx (2001), Behring e Boschetti (2010), Montaño e
Duriguetto (2011), Lara (2008).

Aborda, também, as reações burguesas contra a crise do capital (TORRES, 2010), cerceando
direitos civis, políticos e sociais através da contrarreforma do Estado (BEHRING; BOSCHETTI,
2010). Afirma o discurso de priorização dos investimentos públicos na educação básica e
consequente mercantilização da educação superior (LIMA, 2002).

Posteriormente, o autor aponta o intento de, com seu trabalho, problematizar “a hegemonia
do campo político, econômico e cultural que contribui para a conformação da função social da
universidade e da própria Educação Superior em sentido amplo” (p.43), e que o estudo do
programa REUNI se constitui oportuno.

Já a segunda seção do texto, o autor trata de apontamentos sobre o percurso metodológico,


apoiando-se em Evangelista (2012) para posicionar-se quanto a análise documental e em Marx
(2001), Netto (2011) e Lara (2009) para diferenciar e explicar método de investigação e
método de exposição. No que se refere ao momento inicial, o autor declara o questionamento
sobre o que programa REUNI significou para as universidades federais, ilustradas pelo caso da
UFSC. Afirma ser sua pesquisa de cunho qualitativo, sem desconsiderar a importância dos
referenciais quantitativos para a contextualização da análises e reflexões, ampliando as
leituras feitas pelos órgãos governamentais.

A segunda seção contém uma subseção denominada “Percurso da pesquisa e organização do


texto”. Nela Claudemir explica que a pesquisa se deu em duas etapas, sendo a primeira de
cunho bibliográfico. Descreve todo o processo realizado para alcançar os trabalhos que foram
lidos e auxiliaram na construção do texto do primeiro capítulo intitulado “O Reuni na literatura
acadêmica entre 2007-2012”.

A segunda etapa da pesquisa foi de estudo dos documentos relativos ao programa REUNI, já
citados anteriormente, o que constituiu a produção do segundo capítulo “O Programa de
Apoio a Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI)”. O autor cita o
trabalho, menos rigoroso e aprofundado, dos documentos “Relatório do primeiro ano do
Reuni (BRASIL, 2009) e Análise sobre a Expansão das Universidades Federais (BRASIL, 2012).”
No terceiro capítulo “Plano de Reestruturação e Expansão da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC)”, o autor explana o estudo no documento “Formulário de Apresentação de
Propostas (UFSC, 2007)”.

O texto da Introdução é assim finalizado, sem que seja feita nenhuma ligação com a próxima
parte do trabalho.

Como é apresentada a revisão da literatura


No capítulo 2 – O REUNI NA LITERATURA ACADÊMICA ENTRE 2007-2013, o autor apresenta o
cenário em que o tema de seu estudo está colocado, através da leitura de resumos,
introduções e conteúdos parciais/integrais de 1 tese, 10 dissertações, 1 artigo de periódico e 2
trabalhos apresentados na reunião nacional da ANPED/2012.
Para realizar a exposição, Claudemir organizou em quatro tópicos, buscando-os nos
documentos escolhidos e elucidando as posições políticas explicitadas nas análises dos
autores, bem como os embates que se fizeram vigentes. Os tópicos foram: a função social da
universidade, caracterização do programa REUNI, as metas quantitativas (in)suficientes e no
contexto da contrarreforma universitária.

Claudemir identificou 3, entre os trabalhos elencados, nos quais a discussão acerca da função
social da universidade se fez mais densa. Expôs, então, esta questão construindo um texto com
recortes de excertos destes 3 trabalhos e finalizando com um parágrafo onde ele próprio se
posiciona por ser necessário “compreender o embate mais amplo” que posiciona o REUNI no
âmbito da continuidade e do aprofundamento da política neoliberal então instaurada.

Quanto à caracterização do programa, Claudemir aponta para duas perspectivas: uma que
considera o REUNI como uma nova forma de gestão, que seria capaz de dar solução à crise nas
universidades e outra que coloca o programa como uma forma de ressignificação da
universidade, atendendo o preconizado pelos organismos internacionais multilaterais.

De Araújo e Pinheiro (2010), Claudemir identificou o posicionamento de que o programa seria,


implícito em seu escopo, um instrumento que o MEC utilizaria para regulação junto às
universidade federais (reestruturação). O entendimento da falta de planejamento nas
universidades é afirmado em Lugão (2011). Em Ravazoli (2011), denuncia o equívoco em
avaliar o REUNI a partir de um entendimento de senso comum, de que a universidade é
elitista. Para fazer esta denúncia, Claudemir apresenta dados quantitativos oriundos de
pesquisas do IBGE e de relatórios do DIEESE, colocando a questão em debate com o real que
se apresenta. Em Arruda (2011) e Arruda e Gomes (2012), encontra o apontamento da relação
intertextual entre o programa e a agenda política internacional dos órgãos multilaterais para
os países em desenvolvimento. Em Araújo (2011) e Santos (2010), Claudemir encontra
convergência do entendimento de que o REUNI seria uma instrumento de reconfiguração das
universidades, nos moldes dos organismos multilaterais internacionais. Em Cislaghi (2010)
encontra o programa como política que “aprofunda e mantém a lógica da “contrarreforma”
universitária do capitalismo monopolista” (p.59). Com Paula (2009), identifica a incorporação
do modelo flexível de educação superior, de interesse das burguesias industrial e educacional
e dos organismos internacionais, ao estatuto do REUNI. Em Rodrigues (2011) identifica que a
implementação do programa, enquanto processo de expansão de vagas, aprofundou o padrão
de transmissão de conhecimentos gerados no exterior em detrimento da produção de
conhecimentos em seu interior. Com Medeiros (2012) afirmou o entendimento de que o
programa se concretizou como um contrato de gestão.

No que tange às metas quantitativas, arroladas na adesão ao programa, Claudemir as identifica


como insuficientes, no sentido de que a expansão de vagas se mostrou atendida nas IES (UFPR
e UTFPR) pesquisadas por Ravazolli (2011), mas o mesmo não se deu na UFPA, pesquisada por
Araújo (2011) e Medeiros (2012) e que, em ambos os casos, a insuficiência se tornou concreta
porque a adesão ao programa não ampliou condicionantes estruturais para o bom andamento
das IES, como recursos financeiros-orçamentários, infraestrutura e pessoal docente. A
democratização da educação superior também se denotou insuficiente para pesquisadores
como Santos (2010), Arruda (2011) e Arruda e Gomes (2012), que afirmam a necessidade de
“políticas institucionais” (p.64) que viabilizem tanto o acesso quanto a permanência dos
estudantes que, historicamente, se viam fora do contexto do ensino superior.
Com relação ao contexto da contrarreforma universitária, Claudemir aponta que, de modo
geral, os trabalhados estudados apontam para o REUNI como um programa que colaborou
com o processo de reforma da educação superior no governo Lula, no sentido de contribuir
com os ajustes aos quais o capital lança mão em momentos de crise.

Como são introduzidos os documentos, como são analisados e com


que outros documentos trabalha, além dos anunciados
Já no primeiro parágrafo do capítulo 3 – O programa de apoio a planos de reestruturação e
expansão das Universidades Federais (REUNI), o autor elenca 3 documentos, com os quais se
propõe “evidenciar os objetivos expressos e outros que entendemos estarem ocultos com o
Reuni” (p.69):

1) Decreto Presidencial nº 6.096, de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007);

2) Diretrizes Gerais do Reuni (BRASIL, 2007a),e;

3) Plano de reestruturação e expansão Reuni/UFSC (UFSC, 2007).

Claudemir coloca como pressupostos para análise dos documentos selecionados a


caracterização do programa como um instrumento de contrarreforma, a favor da estratégia
burguesa de enfrentamento da crise, cerceando direitos civis-políticos-sociais pela
mercantilização do ensino superior, que por sua vez deve estar inserido no escopo da
integração subalterna e dependente do país na divisão social mundial do trabalho.

Em seguida, passa a apresentar os documentos estudados com detalhes sobre seu processo de
elaboração, tais como participantes, justificativa, objetivo e datas. Estas informações aparecem
tanto no texto corrente como em extensas notas de rodapé. No que diz respeito ao
documento local, referente à adesão da UFSC, o autor descreve a dificuldade de acesso
imposta pela instituição, somente tendo sido contornada decorridos 1 ano e 6 meses, com o
auxílio de outra institucionalidade, o sindicato docente.

Neste momento do texto é possível identificar outro tipo de documento estudado pelo
pesquisador, mas que não foi por ele citado: atas de sessões ordinárias e extraordinárias do
Conselho Universitário. Por intermédio destas atas ele conseguiu explanar como se deu o
processo de adesão ao programa, o tempo em que ocorreu, os participantes e alguns
posicionamentos, restringindo-se àquilo que foi registrado nas atas.

Outros documentos consultados/estudados pelo pesquisador:

- atas de sessões ordinárias e extraordinárias do Conselho Universitário;

- Censo do Ensino Superior do INEP – 2007, 2012;

- Relatório de gestão da UFSC – 2010 a 2012);

- Relatório do primeiro ano do REUNI;

- Dossiê nacional sobre o REUNI do ANDES-SN – 2013;

- Chamada pública MEC/SESU n.8/2007 – REUNI;


- artigos e programações de seminários realizados pelo MEC junto aos reitores das
universidades federais;

- Relatório de acompanhamento do REUNI – ANDIFES/2010;

- PDI da UFSC 2005-2009.

Para realizar as análises dos documentos, o pesquisador foi fazendo-os “conversar”. Propondo-
se a trabalhar com um documento, inicialmente, a medida em que apresenta seus excertos os
confronta com excertos dos outros documentos elencados, ou com dados obtidos em
documentos não anunciados, mas que colaboraram efetivamente para a elucidação do real.

Qual a tese do autor


O autor faz algumas inferências durante as análises e nas considerações finais, que podem ser
assim sintetizadas:

O programa REUNI contribuiu para a intensificação da precarização da universidade pública,


para a sua mercantilização e para a reconfiguração de sua função social, sob seus objetivos de
instrumentalizar a democratização do ensino superior no país e de auxiliar na solução da crise
instalada no âmbito das universidades federais, com a reforma administrativa e educacional do
governo que a sucedeu. Sendo assim, o REUNI se constituiu em um instrumento de
conformação da situação de crise em favor dos interesses do capital. Cumpriu o papel de
contrato de gestão junto às universidade públicas, reduzindo-lhes a autonomia e
deteriorando-lhes a função de produção de conhecimento pelo ataque ao tripé ensino-
pesquisa-extensão.

Você também pode gostar