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MANUAL DE FORMAÇÃO

UFCD 0349
AMBIENTE, SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

Susana Marques

Viseu, Novembro 2014


Índice
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................4
PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE....................................................5
GESTÃO DE RESÍDUOS...................................................................................................................10
CONCEITOS BÁSICOS RELACIONADOS COM A SHST...........................................................16
ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO NACIONAL DA SHST.....................................................19
ACIDENTES DE TRABALHO..........................................................................................................22
Causas dos Acidentes de Trabalho......................................................................................................................... 24
- CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO.................................25
PRINCIPAIS RISCOS PROFISSIONAIS..........................................................................................26
- PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS..........................................................................................45
- RISCOS DE INCÊNDIO OU EXPLOSÃO.....................................................................................57
- PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA DE ATIVAÇÃO...............................................................60
CLASSIFICAÇÃO DOS EXTINTORES E A ESCOLHA DO AGENTE EXTINTOR.................62
SINALÉTICA DE SEGURANÇA......................................................................................................65
- MOVIMENTAÇÃO MECÂNICA DE CARGAS...........................................................................76
SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE.................................................................................82
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL..................89
CONCLUSÃO............................................................................................................................................................................. 94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................95
AMBIENTE
INTRODUÇÃO
A proteçã o do ambiente e da saú de constitui um dos maiores desafios que se colocam à
sociedade moderna, sendo cada vez mais assumido o compromisso de salvaguarda da igualdade entre
geraçõ es, assente num modelo de desenvolvimento sustentá vel.
Nesta UFCD pretende-se dar a conhecer e, invariavelmente, alertar para os problemas ambientais da
atualidade, nã o descurando dos deveres e direitos de cada um de nó s, enquanto cidadã os, passando pelo
reconhecimento das leis a que todos nó s estamos sujeitos.
O que é o Ambiente?
«Ambiente é o conjunto dos sistemas físicos, químicos, bioló gicos e suas relaçõ es e dos factores
econó micos, sociais e culturais com efeito directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres
vivos e a qualidade de vida do homem.»
A higiene e a segurança sã o duas atividades que estã o intimamente relacionadas com o objetivo
de garantir condiçõ es de trabalho capazes de manter um nível de saú de dos colaboradores e
trabalhadores de uma Empresa.
Segundo a O.M.S. – Organizaçã o Mundial de Saú de –, a verificaçã o de condiçõ es de Higiene e Segurança
consiste num estado de bem-estar físico, mental e social e nã o somente a ausência de doença e
enfermidade.
A higiene do trabalho (atualmente inserida na saú de no trabalho) propõ e-se a combater, dum
ponto de vista nã o médico, as doenças profissionais, identificando os fatores que podem afetar o
ambiente de trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condiçõ es
inseguras de trabalho que podem afetar a saú de, segurança e bem-estar do trabalhador).
A segurança do trabalho propõ e-se combater, também dum ponto de vista nã o médico, os acidentes de
trabalho, quer eliminando as condiçõ es inseguras do ambiente, quer educando os trabalhadores a
utilizarem medidas preventivas.
Para além disso, as condiçõ es de segurança, higiene e saú de no trabalho constituem o
fundamento material de qualquer programa de prevençã o de riscos profissionais e contribuem, na
empresa, para o aumento da competitividade com diminuiçã o da sinistralidade.
«O trabalho nã o pode ser uma lei sem que seja um direito.»
Victor Hugo

PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE


Os problemas ambientais vividos no mundo de hoje sã o consequência direta da intervençã o humana
no planeta e nos ecossistemas, causando desequilíbrios ambientais no planeta, comprometendo o
presente e o futuro. Um dos principais problemas vividos pela humanidade nos dias de hoje é o Efeito
Estufa, que se trata de um fenó meno decorrente da detençã o da energia solar que deveria ser dissipada
de volta para o espaço mas que permanece na atmosfera em funçã o do aumento da concentraçã o dos
chamados gases estufa. Entre os que ocorrem naturalmente estã o vapor de á gua (H2O), Dió xido de
Carbono (CO2), Metano (CH4), Ó xido Nitroso (N2O) e o Ozono (O3).

Água

A disponibilidade de á gua potá vel é uma fonte de preocupaçõ es mundiais, sendo considerada
por especialistas em meio ambiente como o grande problema do pró ximo milénio. As justificaçõ es sã o
muitas, entre elas pode-se citar que, do total de á gua do mundo apenas 3% é á gua doce e só 0,03% do
total se encontra em superfícies acessíveis. O consumo de á gua situa-se como uma das necessidades
bá sicas do ser humano, crescendo em taxas superiores à s suportadas pelo planeta a médio prazo. Em
1940, o consumo mundial era de 1 triliã o de litros por ano. Em 1960, já estava em 2 triliõ es, passando
para 4 triliõ es em 1990. No ano 2000 era de 5 triliõ es de litros de á gua por ano. O limite de 9 triliõ es de
litros, estimado por ó rgã os internacionais, será alcançado em 2015. Enquanto a busca aumenta, as
disponibilidades diminuem, em face da contaminaçã o e da poluiçã o causados à s suas fontes.

Perda de Biodiversidade

A Biodiversidade refere-se à variabilidade dos seres vivos que se encontram no mundo natural.
O conceito abrange a diversidade genética das espécies, a diversidade genética dentro de uma dada
espécie, e também a diversidade dos ecossistemas e habitats. Contudo, o foco principal do tema
biodiversidade incide sobretudo nas espécies.
A perda de biodiversidade que se registou na década de 70 tornará irreversível a extinçã o de uma parte
da vida selvagem. A açã o levada a cabo pelo Homem desde essa altura levou a uma reduçã o de 28%
entre as espécies marinhas, 29% entre os animais que vivem em rios e 25% entre os restantes. A
principal causa é a açã o do Homem sobre a Natureza, como consequências da poluiçã o, agricultura,
expansã o urbana, pesca excessiva e caça.

Aquecimento Global

O termo aquecimento global refere-se ao aumento da temperatura média dos oceanos e do ar


perto da superfície da Terra que se tem verificado nas décadas mais recentes e à possibilidade da sua
continuaçã o durante o corrente século.
Se este aumento se deve a causas naturais ou antropogénicas (provocadas pelo Homem) ainda é objeto
de muitos debates entre os cientistas, embora muitos meteorologistas e climató logos tenham
recentemente afirmado publicamente que consideram provado que a açã o humana realmente está a
influenciar a ocorrência do fenó meno. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climá ticas (IPCC),
estabelecido pelas Naçõ es Unidas e pela Organizaçã o Meteoroló gica Mundial em 1988, no seu relató rio
mais recente diz que grande parte do aquecimento observado durante os ú ltimos 50 anos deve se muito
provavelmente a um aumento do efeito estufa (provocado por gases lançados para a atmosfera - o
Metano, o Ó xido de Azoto, os CFC e Dió xido de Carbono) que influencia a dispersã o do calor proveniente
dos raios solares e causado pelo aumento nas concentraçõ es de gases de origem antropogénica
(incluindo, para além do aumento de gases estufa e outras alteraçõ es como, por exemplo, as devidas a
um maior uso de á guas subterrâ neas e de solo para a agricultura industrial e a um maior consumo
energético e poluiçã o). Estes gases sã o originá rios desde a Revoluçã o Industrial e com uma maior
industrializaçã o a nível global.
Existem previsõ es até 2100, esperando-se que a temperatura aumente entre um e 6 graus
Celsius e o nível do mar consequentemente também devido ao derretimento dos glaciares, mesmo que
os níveis de gases de efeito estufa nã o aumentem.
Já estã o em prá tica alguns planos para o combate ao aquecimento global, sendo o mais conhecido o
Protocolo de Quioto, assinado por inú meras naçõ es desde 1997.
O protocolo visa o compromisso dos países para a reduçã o de emissõ es de gases com efeito
estufa e a cooperaçã o entre as naçõ es para essa diminuiçã o.
Aqui ficam algumas das graves consequências do aquecimento global:
- Aumento do nível do mar, com o derretimento dos glaciares e a prová vel submersã o de cidades ou
mesmo países;
- A desertificaçã o no seu sentido literal ou o aparecimento de novos desertos, com o desequilíbrio de
ecossistemas devido ao aumento da temperatura, levando à morte de vá rias espécies animais e vegetais
(muitos cientistas lembram que o deserto do Saara foi em tempos uma floresta maior que a Amazó nia);
- Devido a uma maior evaporaçã o da á gua dos oceanos pelo aumento da temperatura, originará
catá strofes como tufõ es e ciclones;
- Ondas de calor sentidas em lugares que até entã o eram simplesmente amenas.
Este protocolo incide nas emissõ es de seis gases com efeito de estufa, tais como, o dió xido de carbono
(CO2), o metano (CH4), o ó xido nitroso (N2O), os hidrocarbonetos fluorados (HFC), os hidrocarbonetos
perfluorados (PFC) e o hexafluoreto de enxofre (SF6).

Desflorestação

Desflorestaçã o ou desflorestamento é o processo de desaparecimento de massas florestais


(bosques), fundamentalmente causada pela atividade humana.
A desflorestaçã o é diretamente causada pela açã o do homem sobre a natureza, principalmente
devido a abates realizados pela indú stria madeireira, tal como para a obtençã o de solo para cultivos
agrícolas.
Uma consequência da desflorestaçã o é o desaparecimento de absorventes de Dió xido de
Carbono, reduzindo-se a capacidade do meio ambiente em absorver as enormes quantidades deste
causador do efeito estufa, e agravando o problema do aquecimento global.
Para tentar conter o avanço do aquecimento global, diversos organismos internacionais
propõ em o reflorestamento; porém essa medida é apenas parcialmente aceite pelos ecologistas, pois
estes acreditam que a recuperaçã o da á rea desmatada nã o pode apenas levar em conta à eliminaçã o do
gá s carbó nico, mas também a biodiversidade de toda a regiã o.
O reflorestamento é, no melhor dos casos, um conjunto de á rvores situadas segundo uma
separaçã o definida artificialmente, entre as quais surge uma vegetaçã o herbácea ou arbustiva que nã o
costuma aparecer na floresta natural. No pior dos casos, plantam-se á rvores nã o nativas e que em certas
ocasiõ es danificam o substrato, como ocorre em muitas plantaçõ es de pinheiro ou eucalipto.

Desertificação

O conceito de desertificaçã o pode ser definido, de acordo com a "Convençã o das Naçõ es Unidas
de Combate à Desertificaçã o", como a degradaçã o da terra nas zonas á ridas, semiá ridas e sub-hú midas,
resultante de factores diversos, tais como as variaçõ es climá ticas e as actividades humanas.
Apesar de ser um problema já muito antigo, só recentemente, nas ú ltimas duas
ou três décadas, a desertificaçã o passou a ser um objeto de preocupaçã o para muitos governos, devido
ao facto de afetar a produçã o de alimentos e as condiçõ es de vida de milhõ es de pessoas.
As á reas abrangidas pelo problema da desertificaçã o cobrem cerca de 33% da superfície
terrestre, num total de aproximadamente 51 720 000km2, afetando cerca de 900 milhõ es de pessoas,
sendo Á frica o continente mais afetado. A estas á reas podem ainda acrescentar-se as zonas hiperá ridas
(desertos), que ocupam 9 780 000km2 (16% da superfície terrestre).
A FAO (Organizaçã o das Naçõ es Unidas para a Alimentaçã o e Agricultura) propõ e cinco á reas de
açã o humana, como potenciadoras do efeito de desertificaçã o:

1. Degradaçã o das populaçõ es animais e vegetais (degradaçã o bió tica ou perda da biodiversidade)
de vastas á reas de zonas semiá ridas devido à caça e extraçã o de madeira;
2. Degradaçã o do solo, que pode ocorrer por efeito físico (erosã o hídrica ou eó lica e compactaçã o
causada pelo uso de má quinas pesadas) ou por efeito químico (salinizaçã o ou solidificaçã o);
3. Degradaçã o das condiçõ es hidroló gicas de superfície devido à perda da cobertura vegetal;
4. Degradaçã o das condiçõ es geohidroló gicas (á guas subterrâ neas) devido a modificaçõ es nas
condiçõ es de recarga;
5. Degradaçã o da infraestrutura econó mica e da qualidade de vida.

Combustíveis Fósseis

Existem três grandes tipos de combustíveis fó sseis como o carvã o, petró leo e o gá s natural. O
processo de formaçã o de combustível fó ssil deve-se à s plantas, animais e toda a matéria viva, que
quando morrem decompõ em-se, sendo precisos dois milhõ es de anos até que esta matéria orgâ nica
origine o carvã o, posteriormente dando lugar ao petró leo e ao gá s natural.
O nome fó ssil surge pelo tempo que demora à sua formaçã o, vá rios milhõ es de anos. Estes recurso que
agora se utilizam foram formados há 65 milhõ es de anos. A regeneraçã o destes fó sseis é mesmo o cerne
do problema, pois uma vez esgotados só existirã o novamente passado bastante tempo. A economia
global está dependente destes recursos naturais, daí as variâ ncias do preço do petró leo, pois prevê-se
que acabe em poucas décadas, o que influência em grande parte a crise financeira que agora se vive.
O uso destes recursos teve naturalmente grandes impactos na evoluçã o do Homem, tanto para o
melhor, a nível social, tecnoló gico, econó mico mas uma grave consequência para o meio ambiente. As
grandes consequências surgem com o uso deste tipo de combustíveis, como a contaminaçã o do ar pela
sua combustã o, sendo mesmo um problema para a saú de pú blica.
Gases como o Dió xido de Carbono sã o considerados poluentes por agirem diretamente com o efeito de
estufa, aumentando assim o aquecimento global, nã o deixando dissipar o calor gerado pelos raios
solares. Este aumento de temperatura é sentido nos dias que correm e, provavelmente, trará
consequências de dimensõ es catastró ficas se nada for feito em contrá rio.

Smog
O termo smog resulta da junçã o de duas palavras inglesas: smoke (fumo) e fog (nevoeiro) e, tal
como o nome indica, é o resultado da mistura de um processo natural(o nevoeiro) com os fumos
resultantes da atividade industrial e queima de combustíveis fó sseis. O smog é uma forma de nevoeiro
poluidor da atmosfera, já que as partículas só lidas e líquidas (aerossó is) contidas nos fumos industriais
e escapes funcionam como pontos de condensaçã o atmosféricos, agregando-se as moléculas de á gua em
torno deles, originando assim um nevoeiro muito denso e particularmente perigoso devido à s
propriedades que as partículas, em torno das quais ocorre condensaçã o, podem apresentar, como uma
elevada acidez (por exemplo, á cido sulfú rico) ou toxicidade (por exemplo, metais pesados).
É perigoso, sobretudo, devido à presença de elementos nocivos nas camadas baixas da
atmosfera, como os ó xidos de carbono, ó xidos de azoto, hidrocarbonetos, metais pesados e anidrido
sulfuroso - SO2, que facilmente se oxida em SO3, molécula esta que apresenta uma grande afinidade com
a á gua, dando origem a aerossó is de ácido sulfú rico (H2SO4), responsá veis por nevoeiros e chuvas
ácidas, com consequências altamente nefastas.
O smog pode assumir diferentes graus de perigosidade sendo, regra geral, sempre tó xico e
prejudicial aos organismos vivos, afetando sobretudo as vias respirató rias e olhos (conjuntivites),
estando ainda presente o risco de envenenamento, devido a concentraçõ es elevadas de aerossó is de
metais pesados.

Chuvas Ácidas

Grandes quantidades de á cidos nítrico e sulfú rico sã o formadas na atmosfera a partir dos ó xidos
de nitrogénio e enxofre emitidos pela combustã o do carvã o, da gasolina e de outros combustíveis
fó sseis. Isto acontece principalmente pró ximo das grandes cidades e dos grandes complexos industriais,
onde os índices de poluiçã o sã o mais elevados. A precipitaçã o destas substâ ncias é denominada chuva
ácida desde que o valor de pH esteja compreendido entre os valores 4,0 e 4,5. Em casos extremos, o pH
pode ser inferior a 2,0. Estes valores contrastam com a chuva normal, cujo pH está geralmente
compreendido entre 5,0 e 5,6, em equilíbrio com o dió xido de carbono atmosférico.
Os á cidos sulfú rico (H2SO4) e nítrico (HNO3) sã o potentes fornecedores de iõ es hidrogénio que
implementam uma acidificaçã o do solo, tornando-o impró prio para a agricultura. Muitas vezes, os iõ es
hidrogénio adicionados ao solo nã o sã o suficientes para alterar o pH do mesmo mas, apó s um longo
período de tempo, pode dar-se um significativo efeito de acidificaçã o, especialmente nos solos com
deficiente proteçã o.
A lixiviaçã o também contribui para a acidez dos solos, na medida em que renova os catiõ es que
podem concorrer com o hidrogénio e o alumínio na formaçã o de compostos complexos.
As chuvas á cidas sã o muito prejudiciais aos solos, que se podem tornar improdutivos, e à s florestas, pois
atacam fundamentalmente as folhas, acabando as á rvores por morrer. Sã o um fenó meno altamente
nocivo, também, para o patrimó nio construído, que é muito desgastado, como se pode verificar pelos
inú meros monumentos que a sua açã o corroeu.

Alterações Climáticas

As alteraçõ es climá ticas podem ser encaradas como uma séria ameaça ambiental, interferindo
com os ritmos naturais do planeta Terra. Têm por base fenó menos naturais, mas sã o, também, induzidas
pela atividade humana como a exploraçã o excessiva dos recursos naturais.
As alteraçõ es climá ticas têm impactes negativos nos ecossistemas terrestres, com consequências
diversas, como por exemplo:
 - Modificaçõ es na fauna e flora;
 - Aumento das ondas de calor, com prejuízo da saú de humana, e aumento do consumo de
energia utilizada em sistemas de arrefecimento;
 - Diminuiçã o da precipitaçã o, com escassez e diminuiçã o da qualidade dos recursos
hídricos, ou precipitaçã o excessiva, com riscos de cheias;
 - Alteraçã o das flutuaçõ es climá ticas anuais, que interferem com a produçã o agrícola.

O aquecimento global da Terra constitui um bom exemplo de uma alteraçã o climá tica com
consequências preocupantes a vá rios níveis. Pode ser explicado pelo efeito de estufa, produzido pela
libertaçã o de gases, como visto anteriormente, que aumentam a capacidade de a atmosfera absorver a
radiaçã o infravermelha, favorecendo a retençã o de calor.

GESTÃO DE RESÍDUOS

A Política de Resíduos assenta em objetivos e estratégias que visam garantir a preservaçã o dos
recursos naturais e a minimizaçã o dos impactes negativos sobre a saú de pú blica e o ambiente.
Para a prossecuçã o destes objetivos importa incentivar a reduçã o da produçã o dos resíduos e a
sua reutilizaçã o e reciclagem por fileiras. Em grande medida, tal passa pela promoçã o da identificaçã o,
conceçã o e adoçã o de produtos e tecnologias mais limpas e de materiais reciclá veis.
Para além da prevençã o, importa ainda promover e desenvolver sistemas integrados de recolha,
tratamento, valorizaçã o e destino final de resíduos por fileira (e.g.: ó leos usados, solventes, têxteis,
plá sticos e matéria orgâ nica).
Entende-se por Operaçõ es de Gestã o de Resíduos, toda e qualquer operaçã o de recolha,
transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorizaçã o e eliminaçã o de resíduos, bem como à s
operaçõ es de descontaminaçã o de solos e à monitorizaçã o dos locais de deposiçã o apó s o encerramento
das respetivas instalaçõ es. A gestã o deve assegurar que à utilizaçã o de um bem sucede uma nova
utilizaçã o ou que, nã o sendo viá vel a sua reutilizaçã o, se procede à sua reciclagem ou, ainda a outros
modos de valorizaçã o. A eliminaçã o definitiva de resíduos, principalmente a sua deposiçã o em aterro,
constitui a ú ltima opçã o de gestã o, justificando-se apenas quando seja técnica ou financeiramente
inviá vel a prevençã o, a reutilizaçã o, a reciclagem ou outras formas de valorizaçã o.
No Artigo 7.º do decreto-Lei n.º 73/2011 de 17 de junho está patente o princípio da hierarquia dos
resíduos:
1 - A política e a legislaçã o em matéria de resíduos devem respeitar a seguinte ordem de
prioridades no que se refere à s opçõ es de prevençã o e gestã o de resíduos:
 Prevençã o e reduçã o;
 Preparaçã o para a reutilizaçã o;
 Reciclagem;
 Outros tipos de valorizaçã o;
 Eliminaçã o.

Vantagens da Reutilização
A reutilizaçã o pode ser definida como a reintroduçã o, em utilizaçã o aná loga e sem alteraçõ es, de
substâ ncias, objetos ou produtos nos circuitos de produçã o e/ou consumo, por forma a evitar a
produçã o de resíduos. Existem vá rias vantagens associadas à reutilizaçã o, tais como:
 Poupanças energéticas e de materiais;
 Reduçã o das necessidades e custos de eliminaçã o pela diminuiçã o da quantidade de resíduos a
eliminar;
 Poupanças econó micas para empresas e consumidores, dado que os produtos reutilizá veis
necessitam de menos substituiçõ es;
 Novas oportunidades de mercado, por exemplo para produtos “reenchíveis”.

No entanto, a reutilizaçã o também apresenta desvantagens, nomeadamente:


 A necessidade de infraestruturas, incluindo de transporte, para sistemas de retorno-
reenchimento, e em que os custos ambientais podem ultrapassar os benefícios ambientais
derivados da reutilizaçã o;
 Custos e dificuldades prá ticas da recolha e lavagem dos produtos;
 Maior utilizaçã o de matérias-primas no produto original, dado que este necessita de ser mais
robusto do que os produtos de uso ú nico.

Vantagens da Reciclagem
A Portaria nº 209/2004, de 3 de março, define reciclagem como o reprocessamento de resíduos em
processos de produçã o, para o fim original ou outros fins.
As principais vantagens associadas à reciclagem sã o as seguintes:
 - Aumento do tempo de vida e maximizaçã o do valor extraído das matérias-primas;
 - Poupanças energéticas;
 - Conservaçã o dos recursos naturais;
 - Desvio dos resíduos dos aterros ou outras instalaçõ es de tratamento mais poluidoras;
 - Participaçã o ativa dos consumidores, o que implica uma maior consciência ambiental;
 - Reduçã o da poluiçã o atmosférica e da poluiçã o dos recursos hídricos;
 - Criaçã o de novos negó cios e mercados para os produtos reciclados.

Existem igualmente alguns inconvenientes, tais como:


 - Custos de recolha, transporte e reprocessamento;
 - Por vezes, maior custo de materiais reciclados (em relaçã o aos produzidos com matérias-
primas virgens);
 - Instabilidade dos mercados para materiais reciclados, os quais podem ser rapidamente
distorcidos por alteraçõ es na oferta e procura (nacional ou internacional).

Efluentes Líquidos

A grande diversidade das atividades industriais ocasiona durante o processo produtivo, a


geraçã o de efluentes, os quais podem poluir/contaminar o solo e a á gua, sendo preciso observar que
nem todas as indú strias geram efluentes com poder de impacte nesses dois ambientes. Num primeiro
momento, é possível imaginar serem simples os procedimentos e atividades de controlo de cada tipo de
efluente na indú stria. Todavia, as diferentes composiçõ es físicas, químicas e bioló gicas, as variaçõ es de
volumes gerados em relaçã o ao tempo de duraçã o do processo produtivo, a potencialidade de toxicidade
e os diversos pontos de geraçã o na mesma unidade de processamento recomendam que os efluentes
sejam caracterizados, quantificados e tratados e/ou acondicionados, adequadamente, antes da
disposiçã o final no meio ambiente.
As características físicas, químicas e bioló gicas do efluente industrial sã o variá veis com o tipo de
indú stria, com o período de operaçã o, com a matéria-prima utilizada, com a reutilizaçã o de á gua, etc.
Com isso, o efluente líquido pode ser solú vel ou com só lidos em suspensã o, com ou sem coloraçã o,
orgâ nico ou inorgâ nico, com temperatura baixa ou elevada. Entre as determinaçõ es mais comuns para
caracterizar a massa líquida estã o as determinaçõ es físicas (temperatura, cor, só lidos, etc.), as químicas
(pH, alcalinidade, teor de matéria orgâ nica, metais, etc.) e as bioló gicas (bactérias, protozoá rios, vírus,
etc.).
Na implantaçã o e operaçã o de indú strias, é importante considerar que a utilizaçã o das
potencialidades advindas dos recursos hídricos (energia, transporte, matéria-prima, etc.) é um benefício
inquestioná vel e ú nico, mas precisa ser acompanhada do uso racional da á gua, sendo por isso
fundamentais a reduçã o e o controle do lançamento de efluentes industriais no meio ambiente, como
uma das formas de cooperaçã o e participaçã o no desenvolvimento sustentá vel. Cabe ao setor industrial
a responsabilidade de minimizar ou evitar que o processo produtivo acarrete em impactos ambientais.

Emissões Gasosas

Desde há muito tempo que a poluiçã o do ar acompanha as atividades humanas, e que sã o


conhecidas as suas causas e efeitos no planeta.
Acontece que, durante muito tempo este teve capacidade de regenerar a atmosfera e de repor os
níveis de qualidade do ar essencial a todos os seres vivos, mas esta capacidade começa a diminuir. Com
o aumento das emissõ es provenientes da indú stria, dos meios de transporte (em particular os veículos
automó veis cujo nú mero continua a aumentar) e de outras atividades humanas, que ultrapassam a
capacidade de regeneraçã o da atmosfera, esta vai, por acumulaçã o dos poluentes, ficando cada vez mais
poluída.
A crescente complexidade dos poluentes e dos processos que os originam conduzem a graves
problemas como sejam por exemplo, a diminuiçã o da camada de ozono, o efeito de estufa e as alteraçõ es
climá ticas.
Na tabela I sã o apresentados os diferentes poluentes, as suas origens e os principais efeitos no
meio ambiente:

Tabela I. Poluentes, origens e efeitos

Habitualmente considera-se que o controlo da poluiçã o


atmosférica implica a utilizaçã o de equipamentos de
remoçã o de poluentes, mas existe um conjunto de outras
medidas, como o pré-tratamento ou a substituiçã o de
matérias-primas e combustíveis e a adoçã o de
tecnologias menos poluentes, que podem ser tomadas ao nível do processo com ganhos significativos
para a qualidade do ar.
A utilizaçã o de energias alternativas, como a eó lica ou a solar, sã o também medidas importantes, uma
vez que permitem a obtençã o de energia através da açã o do vento e da luz solar sem ser necessá rio
recorrer à queima de combustíveis fó sseis.
O Decreto-Lei n.º 78/2004, de 3 de Abril, estabelece o regime da prevençã o e controlo das emissõ es de
poluentes para a atmosfera, fixando os princípios, objetivos e instrumentos apropriados à garantia da
proteçã o do recurso natural ar, bem como as medidas, procedimentos e obrigaçõ es dos operadores das
instalaçõ es abrangidas. A Portaria n.º 675/2009 de 23 de junho habilita a que sejam estipulados valores
limite de emissã o (VLE) aplicá veis à s diferentes fontes de emissã o abrangidas.

Estratégias de Atuação

A intervençã o de todos nó s para uma efetiva aplicaçã o da política dos 5 R (Reduzir, Reutilizar,
Reciclar, Recuperar e Racionalizar) é fundamental, permitindo a reduçã o do consumo de energia, de
matérias-primas e recursos naturais, e da quantidade de resíduos depositada em aterro ou incinerada.
Reduzir a quantidade de resíduos produzidos (por exemplo, através da utilizaçã o de produtos de longa
duraçã o e de produtos a granel);
Reutilizar resíduos quando nã o for possível reduzir, através da utilizaçã o de materiais usados
(por exemplo, reutilizaçã o de sacos plá sticos, reparaçã o de artigos danificados);
Reciclar os materiais (já ) nã o reutilizá veis, através da prévia separaçã o seletiva e posterior deposiçã o
no respetivo ecoponto (plá stico e metal – amarelo –, papel e cartã o – azul –, vidro – verde). As pilhas
usadas devem ser depositadas no pilhã o e as embalagens de madeira podem ser depositadas nos
ecocentros. Também os eletrodomésticos devem ser entregues e nã o depositados junto dos contentores
(recolha: Amb3e, ERP Portugal – REEE - Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletró nicos). Os ó leos
alimentares domésticos devem ser colocados no oleã o.
A matéria orgâ nica é, idealmente, encaminhada para compostagem – outra forma de reciclagem,
que consiste na decomposiçã o bioló gica controlada da matéria orgâ nica, obtendo-se o composto que
pode ser utilizado como adubo na agricultura.
A reciclagem é o mais mediá tico dos 5 R e consiste na transformaçã o de um resíduo numa forma
novamente utilizá vel, prolongando assim o seu ciclo de vida. Em Portugal, (apenas) 15% dos resíduos
totais produzidos sã o reciclados.
Recuperar, quando possível, a energia de resíduos que nã o podem ser reduzidos, reutilizados ou
reciclados. Esta é uma opçã o direcionada maioritariamente para a indú stria e inclui opçõ es como a
incineraçã o, por exemplo, que através da queima controlada de resíduos produz energia elétrica.
Racionalizar a produçã o e os procedimentos, evitando ao má ximo a criaçã o de resíduos.
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚ DE NO
TRABALHO
CONCEITOS BÁSICOS RELACIONADOS COM A SHST
 ACIDENTE DE TRABALHO Acontecimento nã o intencionalmente provocado, de cará cter
anormal, sú bito e inesperado, que se verifica no local e tempo de trabalho ou ao serviço do
empregador, produzido, direta ou indiretamente, Lesã o corporal, perturbaçã o funcional ou
doença de que resulte morte ou reduçã o na capacidade de trabalho ou de ganho.

 AMBIENTE DE TRABALHO Conjunto de variá veis que definem a realizaçã o de uma tarefa
concreta e o enquadramento em que esta se realiza, assim como determinam a saú de do
individuo que a executa, na tripla dimensã o, física, mental e social.

 AVALIAÇÃO DO RISCO Processo de identificar, estimar (quantitativa ou qualitativamente) e


valorar o risco para a saú de e segurança dos trabalhadores. Este processo visa obter a
informaçã o necessá ria à tomada de decisã o relativa à s açõ es preventivas a adotar.

 CLASSES DO FOGO Determinaçã o de um fogo pelo tipo de material que está a sofrer o processo
de combustã o. Classe A – só lidos; Classe B – líquidos; Classe C - Gases; Classe D- Metais.

 COMBURENTE – nome dado à substâ ncia que é reduzida numa reaçã o de combustã o. O oxigénio
é o principal comburente, porém há casos isolados em que o comburente é o cloro, bromo ou o
enxofre.

 COMBUSTÃO - reaçã o de oxidaçã o entre um combustível e o comburente. A reaçã o é provocada


por uma energia de ativaçã o sendo sempre exotérmica (libertaçã o de calor).

 COMBUSTÍVEL – qualquer combustível que reage com o comburente de forma violenta ou de


um modo a produzir calor, chamas ou gases.

 COMISSÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE Comissã o integrada pelos representantes dos


trabalhadores para as questõ es de segurança e saú de e por representantes dos empregadores
que foi estabelecida e desempenha as suas funçõ es ao nível da organizaçã o, em conformidade
com a legislaçã o e as prá ticas nacionais.

 CUSTOS DOS ACIDENTES Consequências dos acidentes de trabalho, geralmente classificados


em dois tipos: custos diretos e custos indiretos.
 DOENÇA PROFISSIONAL Doença em que se prova a relaçã o causa-efeito entre a exposiçã o a
fatores de risco existentes no local de trabalho e o seu efeito nocivo na saú de do
 trabalhador, constando do diploma legal da Lista de Doenças Profissionais.

 DANO Lesã o corporal, perturbaçã o funcional ou doença que determine reduçã o na capacidade
de trabalho ou de ganho ou a morte do trabalhador resultante, direta ou indiretamente, de
acidente de trabalho.

 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)


Todo o equipamento, bem como qualquer complemento ou acessó rio, destinado a ser utilizado
pelo trabalhador para se proteger dos riscos, para a sua segurança e para a sua saú de.

 ERGONOMIA Ciência que estuda e projeta os postos e lugares de trabalho de modo a adaptar o
trabalho ao homem, permitindo a conjugaçã o da melhoria do nível de saú de, segurança, conforto
e produtividade.

 HIGIENE E SEGURANÇA Consiste na identificaçã o e quantificaçã o dos vá rios fatores de risco e


consequente avaliaçã o e controlo das condiçõ es de trabalho, nomeadamente na prevençã o da
doença relacionada com o trabalho (Higiene) e na prevençã o do acidente de trabalho
(Segurança).

 INCIDENTE Ocorrência instantâ nea e nã o desejada que, ao contrá rio do acidente de trabalho,
nã o provoca lesõ es ou danos para além dos resultantes da alteraçã o normal da atividade.

 ÍNDICE DE FREQUÊNCIA Nú mero de acidentes de trabalho por milhã o de horas trabalhadas.

 ÍNDICE DE GRAVIDADE Nú mero de dias de trabalho perdidos devido a acidentes de trabalho


por mil horas trabalhadas.

 LOCAL DE TRABALHO Todo o lugar em que o trabalhador se encontra, ou donde ou para onde
deve dirigir-se em virtude do seu trabalho, e em que esteja, direta ou indiretamente, sujeito ao
controlo do empregador.

 MEDICINA DO TRABALHO Especialidade da medicina cujo objetivo é prevenir riscos para a


saú de do trabalhador, vigiando e controlando diretamente o seu estado de saú de.
 MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE RISCOS Conjunto de açõ es de ordem construtiva, técnica ou
organizacional que têm como objetivo evitar ou minimizar os riscos profissionais, ou seja
proteger os trabalhadores na sua integridade física e moral. Como medidas de prevençã o mais
vulgarmente utilizadas destacam-se a sinalizaçã o de segurança e os equipamentos de proteçã o
coletiva e individual, bem como as açõ es de formaçã o e sensibilizaçã o dos trabalhadores.

 PERIGO Situaçã o que excede o limite do risco aceitá vel. Propriedade intrínseca de um objeto ou
organismo capaz de produzir danos ou lesõ es.

 PREVENÇÃO Açã o de evitar ou diminuir os riscos profissionais através de um conjunto de


disposiçõ es ou medidas que devam ser tomadas no licenciamento e em todas as fases de
atividade da empresa, do estabelecimento ou do serviço.

 PROTECÇÃO COLECTIVA Conjunto de equipamentos e medidas que têm por finalidade evitar
acidentes de trabalho ou doenças profissionais, protegendo nã o um trabalhador específico mas
sim um conjunto ou a totalidade dos trabalhadores da instalaçã o. Dentro destas proteçõ es,
consideram-se as normas de segurança e a sinalizaçã o.

 PROTECÇÃO INDIVIDUAL Técnica de proteçã o relativamente a um ou mais riscos, em que se


aplica ao trabalhador a respetiva proteçã o.

 RISCO (R = P x G) Combinaçã o da probabilidade (P) da ocorrência de um fenó meno perigoso


com a gravidade (G) das lesõ es ou danos para a saú de que tal fenó meno possa causar.

 RISCO PROFISSIONAL Probabilidade de algo afetar negativamente a saú de dos trabalhadores.

 RISCOS PSICOSSOCIAIS Os que decorrem da evolução socioeconó mica e das transformaçõ es do


mundo do trabalho, os riscos psicossociais englobam o stress, a depressã o e a ansiedade, o
assédio moral, a intimidaçã o e a violência. Põ em em risco o bem-estar no trabalho na sua
dimensã o física, moral e social.

 SAÚDE NO TRABALHO Abordagem que integra, além da vigilâ ncia médica, o controlo dos
elementos físicos e mentais que possam afetar a saú de dos trabalhadores, representando uma
considerá vel evoluçã o face à s metodologias tradicionais da medicina do trabalho.
 SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO Conjunto de elementos
interrelacionados ou interativos que têm por objeto estabelecer uma política e objetivos de SST,
e alcançar tais objetivos.

ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO NACIONAL DA SHST


 - Obrigações gerais do empregador e do trabalhador

Obrigações gerais do empregador em matéria de segurança e saúde no trabalho

A Lei-Quadro de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho faz impender sobre as entidades


empregadoras a obrigatoriedade de organizarem os serviços de Segurança e Saú de no Trabalho.

A Estratégia Nacional para a Segurança e Saú de no Trabalho 2008-2012 define como eixo
fundamental do desenvolvimento das políticas neste domínio a promoçã o da segurança e saú de nos
locais de trabalho, como pressuposto de uma melhoria efectiva das condiçõ es de trabalho.

Para tanto, importa que os empregadores adoptem políticas de promoçã o da segurança e saú de no
trabalho que permitam assegurar a saú de e a integridade física dos seus trabalhadores, respeitando
os princípios de prevençã o de riscos profissionais.

Aos empregadores compete, em termos de obrigaçõ es gerais, a aplicaçã o de medidas que visam:

Assegurar condiçõ es de segurança e saú de no trabalho, de acordo com os princípios gerais de


prevençã o, nomeadamente em aspetos relacionados com a planificaçã o da prevençã o num sistema
coerente que tenha em conta a componente técnica, a organizaçã o do trabalho, as relaçõ es sociais e os
fatores materiais inerentes ao trabalho;

Assegurar a vigilâ ncia adequada da saú de dos trabalhadores em funçã o dos riscos a que se encontram
expostos no local de trabalho.

A Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro define, no seu artigo n.º 15.º, as obrigaçõ es gerais do
empregador, em matéria de segurança e saú de no trabalho. O empregador deve, nomeadamente,
assegurar ao trabalhador condiçõ es de segurança e saú de em todos os aspectos do seu trabalho.

O empregador deve, para tal, organizar os serviços adequados, internos ou externos à empresa,
estabelecimento ou serviço, mobilizando os meios necessá rios, nomeadamente nos domínios das
actividades de prevençã o, da formaçã o e da informaçã o, bem como o equipamento de protecçã o que
se torne necessá rio utilizar.

Os artigos n.ºs 73.º a 110.º, da Lei n.º 102/2009 obrigam as entidades empregadoras a organizar, na
empresa ou estabelecimento, as atividades de segurança e saú de no trabalho, as quais constituem, ao
nível da empresa, um elemento determinante na prevençã o de riscos profissionais e de promoçã o e
vigilâ ncia da saú de dos trabalhadores.

Aos serviços de segurança e saú de no trabalho cabe:

Assegurar as condiçõ es de trabalho que salvaguardem a segurança e a saú de física e mental dos
trabalhadores;

Desenvolver as condiçõ es técnicas que assegurem a aplicaçã o das medidas de prevençã o que
possibilitem o exercício da actividade profissional em condiçõ es de segurança e de saú de para o
trabalhador, tendo em conta os princípios de prevençã o de riscos profissionais;

Informar e formar os trabalhadores no domínio da segurança e saú de no trabalho;

Informar e consultar os representantes dos trabalhadores para a segurança e saú de no trabalho ou,
na sua falta, os pró prios trabalhadores.

A referida Estratégia Nacional para a Segurança e Saú de no Trabalho 2008-2012 define, por outro
lado, como objectivo nuclear, a promoçã o da segurança e saú de nos locais de trabalho, como
pressuposto de uma melhoria efectiva das condiçõ es de trabalho.

Para materializar este eixo, a Estratégia Nacional aponta o objectivo da melhoria da qualidade da
prestaçã o dos serviços de segurança e saú de no trabalho e o incremento das competências dos
respectivos intervenientes, entendendo que o sistema de gestã o da segurança e saú de no trabalho em
meio empresarial constitui a essência da abordagem da prevençã o de riscos profissionais nos locais
de trabalho.

O incremento das competências dos intervenientes é outro dos vetores que os referenciais
estratégicos apontam. Com efeito, para além da obrigatoriedade da organizaçã o dos respetivos
serviços, o empregador tem o dever de proporcionar aos trabalhadores formaçã o adequada no
domínio da segurança e saú de no trabalho.

Obrigações do Trabalhador
Constituem obrigaçõ es do trabalhador:

a) Cumprir as prescriçõ es de segurança e de saú de no trabalho estabelecidas nas disposiçõ es legais e


em instrumentos de regulamentaçã o coletiva de trabalho, bem como as instruçõ es determinadas com
esse fim pelo empregador;

b) Zelar pela sua segurança e pela sua saú de, bem como pela segurança e pela saú de das outras
pessoas que possam ser afetadas pelas suas açõ es ou omissõ es no trabalho, sobretudo quando exerça
funçõ es de chefia ou coordenaçã o, em relaçã o aos serviços sob o seu enquadramento hierá rquico e
técnico;

c) Utilizar corretamente e de acordo com as instruçõ es transmitidas pelo empregador, má quinas,


aparelhos, instrumentos, substâ ncias perigosas e outros equipamentos e meios postos à sua
disposiçã o, designadamente os equipamentos de proteçã o coletiva e individual, bem como cumprir os
procedimentos de trabalho estabelecidos;

d) Cooperar ativamente na empresa, no estabelecimento ou no serviço para a melhoria do sistema de


segurança e de saú de no trabalho, tomando conhecimento da

informaçã o prestada pelo empregador e comparecendo à s consultas e aos exames determinados pelo
médico do trabalho;

e) Comunicar imediatamente ao superior hierá rquico ou, nã o sendo possível, ao trabalhador


designado para o desempenho de funçõ es específicas nos domínios da segurança e saú de no local de
trabalho as avarias e deficiências por si detetadas que se lhe afigurem susceptíveis de originarem
perigo grave e iminente, assim como qualquer defeito verificado nos sistemas de protecçã o;

f) Em caso de perigo grave e iminente, adoptar as medidas e instruçõ es previamente estabelecidas


para tal situaçã o, sem prejuízo do dever de contactar, logo que possível, com o superior hierá rquico
ou com os trabalhadores que desempenham funçõ es específicas nos domínios da segurança e saú de
no local de trabalho.

- O trabalhador nã o pode ser prejudicado em virtude de se ter afastado do seu posto de trabalho ou
de uma á rea perigosa em caso de perigo grave e iminente nem por ter adoptado medidas para a sua
pró pria segurança ou para a segurança de outrem.

- As obrigaçõ es do trabalhador no domínio da segurança e saú de nos locais de trabalho nã o excluem


as obrigaçõ es gerais do empregador, tal como se encontram definidas no artigo 15.º
- Constitui contraordenaçã o muito grave a violaçã o do disposto na alínea b) do n.º 1.

- Sem prejuízo do disposto no nú mero anterior, o trabalhador que viole culposamente os deveres
referidos no n.º 1 ou o trabalhador cuja conduta tiver contribuído para originar uma situaçã o de
perigo incorre em responsabilidade disciplinar e civil.

ACIDENTES DE TRABALHO
Segundo o Decreto-Lei nº 99/2003, de 27 de agosto, é acidente de trabalho o sinistro, entendido
como acontecimento sú bito e imprevisto, sofrido pelo trabalhador que se verifique no local e no
tempo de trabalho.
Os acidentes, em geral, sã o o resultado de uma combinaçã o de fatores, entre os quais se destacam as
falhas humanas e as materiais.
Quanto aos acidentes de trabalho o que se pode dizer é que grande parte deles ocorre porque os
trabalhadores se encontram mal preparados para enfrentar certos riscos.

Para uma maior compreensã o, analise-se as seguintes definiçõ es:

Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve, como, por exemplo, um
corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro.

Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer ó rgã o ou sentido. Por exemplo,


a perda da visã o, provocada por uma pancada na cabeça, caracteriza uma perturbaçã o funcional.

Dano é a lesã o corporal, perturbaçã o funcional ou doença que determine reduçã o na capacidade de
trabalho ou de ganho ou a morte do trabalhador resultante direta ou indiretamente de acidente de
trabalho. Se a lesã o corporal, perturbaçã o ou doença for reconhecida a seguir a um acidente,
presume-se consequência deste senã o for reconhecida a seguir a um acidente, compete ao sinistrado
ou aos beneficiá rios legais provar que foi consequência dele.

Consequências dos Acidentes de Trabalho

Os acidentes de trabalho nã o afetam somente a vítima, mas também a família, a empresa e a


sociedade.

A Vítima – que fica incapacitada de forma total ou parcial, temporá ria ou permanente para o
trabalho;
A Família – que tem seu padrã o de vida afetado pela falta dos ganhos normais, correndo o risco de
cair na marginalidade;

As Empresas – com a perda de mã o-de-obra, de material, de equipamentos, tempo, etc, e,


consequentemente, elevaçã o dos custos operacionais;

A Sociedade – com o nú mero crescente de invá lidos e dependentes da Segurança Social.

Classificação dos Acidentes de Trabalho

Já se analisou anteriormente que os acidentes de trabalho podem classificar-se em diversas


incapacidades que estã o compreendidas entre ferimentos ligeiros e a morte. Avalie-se portanto a
forma destes mesmos acidentes:
- Queda de pessoas;
- Queda de objetos;
- Marcha, choque ou pancada por ou contra objetos;
- Exposiçã o ou contacto com temperaturas extremas;
- Exposiçã o ou contacto com corrente elétrica;
- Exposiçã o ou contacto com substâ ncias nocivas ou radiaçõ es.

Segundo o agente material, a classificaçã o dos acidentes de trabalho


pode ser efetuada do seguinte modo:
- Má quinas;
- Meios de transporte e manutençã o;
- Fornos, escadas, andaimes, ferramentas, etc;
- Explosivos, gases, poeiras, fragmentos volantes, radiaçõ es;
- Entaladela num objeto ou entre objetos;
- Ambientes de trabalho.

A natureza das lesões provocadas por acidentes de trabalho pode ser:


- Fraturas;
- Luxaçõ es;
- Entorses e distensõ es;
- Choque e outros traumatismos internos;
- Amputaçõ es;
- Outras feridas;
- Traumatismos superficiais;
- Contusõ es e esmagamentos;
- Queimaduras.

É importante igualmente lembrar os pontos morfológicos mais suscetíveis de serem alvo de


acidentes de trabalho:
- Cabeça;
- Olhos;
- Pescoço (incluindo garganta e vértebras cervicais);
- Membros superiores;
- Mã os;
- Tronco;
- Membros inferiores;
- Pés.

Causas dos Acidentes de Trabalho

Sã o muitas as situaçõ es que podem provocar um acidente de trabalho. As mais comuns sã o:


- Ascendência e ambiente social;
- Falha humana (imprudência, irritabilidade, etc.);
- Ato inseguro (nã o utilizar, ou utilizar erradamente, Equipamento de Proteçã o Individual,
estacionar sob cargas suspensas, usar ferramentas em mau estado, etc.);
- Condiçã o perigosa – proteçõ es ou suportes de má quinas inadequados, congestionamento dos
locais de trabalho, ruído excessivo ou risco de incêndio.

Pode-se igualmente separar as causas dos acidentes em dois fatores:


Fatores materiais ou técnicos
- Má organizaçã o do trabalho;
- Deficiente proteçã o das má quinas;
- Má qualidade dos equipamentos ou ferramentas;
- Falta de Equipamento de Proteçã o Individual;
- Utilizaçã o de produtos perigosos.

Fatores humanos
- Ansiedade e stress;
- Falta de integraçã o do trabalhador no grupo de trabalho;
- Alcoolismo e sonolência.

Prevenção dos Acidentes de Trabalho

A consciencializaçã o e a formaçã o dos trabalhadores no local de trabalho sã o a melhor forma de


prevenir acidentes, a que acresce a aplicaçã o de todas as medidas de segurança coletiva e individual
inerentes à atividade desenvolvida. Os custos dos acidentes de trabalho, para os trabalhadores
acidentados e para as empresas, sã o elevadíssimos.
Prevenir, quer na perspetiva do trabalhador quer na do empregador, é a melhor forma de evitar
que os acidentes aconteçam. As açõ es e medidas destinadas a evitar acidentes de trabalho estã o
diretamente dependentes do tipo de atividade exercida, do ambiente de trabalho e das tecnologias e
técnicas utilizadas.
Deve-se sempre:
- Ter muito cuidado e seguir à risca todas as regras de segurança na realizaçã o de atividades mais
perigosas;
- Organizar o local de trabalho ou o posto de trabalho, nã o deixando objetos fora dos seus lugares ou
mal arrumados. Se tudo estiver no seu lugar nã o se precisa improvisar perante imprevistos e isso
reduz os acidentes;
- Saber quais os riscos e cuidados que se devem ter na atividade que se desenvolve e quais as formas
de proteçã o para reduzir esses riscos;
- Participar sempre nas açõ es ou cursos de prevençã o de acidentes que a empresa possa
proporcionar;
- Aplicar as medidas e dispositivos de prevençã o de acidentes que sã o facultados, designadamente o
uso de vestuá rio de proteçã o adequado, como as proteçõ es auriculares para o ruído, ó culos,
capacetes e dispositivos antiqueda, e equipamento de proteçã o respirató ria, entre outras;
- Nã o recear sugerir à empresa onde se trabalha a realizaçã o de palestras, seminá rios e açõ es de
formaçã o sobre prevençã o de acidentes.

- CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS DOS ACIDENTES DE TRABALHO


Custos Diretos

Custos Diretos ou Custos Segurados sã o as contribuiçõ es mensais pagas pelo empregador à


Previdência Social. O empregador, pessoa física ou jurídica, é obrigado a contribuir sobre a folha de
salá rios, da seguinte forma:

- 1%, 2% ou 3% sobre o salá rio de seus empregados, de acordo com o grau de risco da
atividade da empresa;

- 12%, 9% ou 6% exclusivamente sobre o salá rio do empregado, cuja atividade exercida


ensejar a concessã o de aposentadoria aos 15, 20 ou 25 anos de contribuiçã o.

No caso específico de construçã o civil as contribuiçõ es pagas mensalmente pelo empregador sã o:

- 3% sobre o salá rio de seus empregados, devido ao grau de risco desta atividade;

- 12%, 9% ou 6% exclusivamente sobre o salá rio do empregado, cuja atividade exercida


ensejar a concessã o de aposentadoria aos 15, 20 ou 25 anos de contribuiçã o – GFIP.

Custos Indiretos

Os custos indiretos ou nã o segurados sã o o total das despesas nã o facilmente computá veis,


resultantes da interrupçã o do trabalho, do afastamento do empregado da sua ocupaçã o habitual,
danos causados a equipamentos e materiais, perturbaçã o do trabalho normal e outros.

o DOENÇAS PROFISSIONAIS

 - Conceito

DOENÇA PROFISSIONAL Doença em que se prova a relaçã o causa-efeito entre a exposiçã o a


fatores de risco existentes no local de trabalho e o seu efeito nocivo na saú de do trabalhador,
constando do diploma legal da Lista de Doenças Profissionais.

PRINCIPAIS RISCOS PROFISSIONAIS


- Riscos biológicos
Agentes Biológicos
Os fatores de risco associados a agentes bioló gicos relacionam-se com a presença no ambiente de
trabalho de microrganismos como vírus, bactérias, fungos, parasitas, germes, etc., normalmente
presentes em alguns ambientes de trabalho, como:
- Hospitais;
- Laborató rios de aná lises clínicas;
- Recolha de lixo;
- Indú stria do couro;
-Tratamento de efluentes líquidos.

No entanto, embora sejam frequente nas á reas de trabalho mencionadas, eles podem estar
presentes em todo o tipo de trabalho, quer seja este efetuado ao nível produtivo e industrial, quer ao
nível dos serviços.
Os microrganismos geneticamente modificados apresentam-se como fator de risco associado a
agentes bioló gicos alvo de uma atençã o particular.
Penetrando no organismo do homem por via digestiva, respirató ria, olhos e pele, os fatores de risco
associados a agentes bioló gicos sã o responsá veis por algumas doenças profissionais, podendo dar
origem a doenças menos graves como infeçõ es intestinais ou simples gripes, ou mais graves, como a
hepatite, meningite ou sida.
Como estes microrganismos se adaptam melhor e se reproduzem mais em ambientes sujos, as
medidas preventivas a tomar terã o de estar relacionadas com:
• A rigorosa higiene dos locais de trabalho e dos trabalhadores;
• Destruiçã o destes agentes por processos de elevaçã o da temperatura (esterilizaçã o) ou uso de
cloro;
•Uso de equipamentos individuais de proteçã o para evitar contacto direto com os
microrganismos;
• Ventilaçã o permanente e adequada;
• Manutençã o e limpeza dos sistemas de ventilaçã o;
• Manutençã o e limpeza dos equipamentos de trabalho;
• Controle médico constante;
• Vacinaçã o sempre que possível;
• Formaçã o e informaçã o dos trabalhadores;
• Sinalizaçã o de segurança, etc.

A verificaçã o da presença de agentes bioló gicos em ambientes de trabalho é feita por meio de
recolha de amostras de ar e de á gua, que sã o depois analisadas em laborató rios especializados.
Microrganismos geneticamente modificados

Com a evoluçã o científico-tecnoló gica que se tem processado ao nível da biologia, mais
precisamente com a introduçã o dos microrganismos geneticamente modificados no â mbito do
trabalho, torna-se fundamental estudar qual o grau de perigosidade que estes representam para o
ser humano. Por forma a esclarecer melhor esta problemá tica, torna-se necessá rio introduzir a
definiçã o dos dois seguintes conceitos bá sicos:

- Microrganismo: qualquer entidade microbioló gica, celular ou nã o celular, capaz de replicaçã o ou


de transferência de material genético, incluindo vírus, viró ides e células animais e vegetais.
- Microrganismo geneticamente modificado (MGM), microrganismo cujo material genético foi
modificado de uma forma que nã o ocorre naturalmente por reproduçã o sexuada e ou por
recombinaçã o natural.

 - Vias de entrada no organismo e Medidas de prevenção e proteção

Tal como nos restantes agentes bioló gicos o modo de penetraçã o do MGM no organismo do
homem pode ser efetuado por via digestiva, respirató ria, olhos e pele, podendo originar, igualmente,
algumas das doenças acima mencionadas. No entanto, a perigosidade elevada deste género de
microrganismos advém, exatamente, do tipo de doenças desconhecidas que estes podem provocar
no homem, e que este nã o tem ainda conhecimento suficiente para as controlar, ou até mesmo
detetar.
A melhor maneira de assegurar o confinamento deste tipo de microrganismos será a adoçã o de
boas prá ticas de trabalho microbioló gicas, formaçã o, equipamento de confinamento apropriado,
conceçã o de instalaçõ es especiais e princípios de higiene e segurança no local de trabalho, tais como:
içã o a quaisquer MGM, quer no local de trabalho, quer no
ambiente envolvente, o mais baixo possível;

aboraçã o de procedimentos específicos de desinfeçã o e disponibilizaçã o de


desinfetantes eficazes para situaçõ es de disseminaçã o de MGM;

laborató rio contaminados;


a pipetagem à boca, entre outros.
AMBIENTE TÉRMICO

O ambiente térmico pode ser definido como o conjunto das variá veis térmicas do posto
de trabalho que influenciam o organismo do trabalhador, sendo assim um fator importante que
intervém, de forma direta ou indireta na saú de e bem estar do mesmo, e na realizaçã o das
tarefas que lhe estã o atribuídas.

CONFORTO TÉRMICO

O homem é um animal de sangue quente que, para sobreviver, necessita de manter a


temperatura interna do corpo (cérebro, coraçã o e ó rgã os do abdó men) dentro de limites muito
estreitos, a uma temperatura constante de 37 ºC, obrigando a uma procura constante de
equilíbrio térmico entre o homem e o meio envolvente que tem influencia nessa temperatura
interna, podendo um pequeno desvio em relaçã o a este valor indiciar a morte.

Quando existe a perceçã o psicoló gica desse equilíbrio, pode-se falar de conforto térmico,
que é definido pela ISO 7730 como “um estado de espírito que expressa satisfaçã o com o
ambiente que envolve uma pessoa (nem quente nem frio)”. É portanto, uma sensaçã o subjetiva
que depende de aspetos bioló gicos, físicos e emocionais dos ocupantes, nã o sendo desta forma,
possível satisfazer a todos os indivíduos que ocupam um recinto, com uma determinada
condiçã o térmica.

Um ambiente neutro ou confortá vel é um ambiente que permite que a produçã o de calor
metabó lico, se equilibre com as trocas de calor (perdas e/ou ganhos) provenientes do ar à volta
do trabalhador. Fora desta situaçã o de equilíbrio, podem existir situaçõ es adversas em que a
troca de energia calorífica constitui um risco para a saú de da pessoa, pois mesmo tendo em
conta os mecanismos de termo regulaçã o do organismo, nã o conseguem manter a temperatura
interna constante e adequada. Nestas situaçõ es pode-se falar de stress térmico, por calor ou
frio.

FORMAS DE TRANSFERÊ NCIA DE CALOR ENTRE HOMEM E MEIO AMBIENTE

Quando dois corpos estã o na presença um do outro a temperaturas diferentes há transferência


de calor do corpo mais quente para o corpo mais frio até se estabelecer Ambiente Térmico a
igualdade de temperaturas. Esta transferência pode dar-se através de um ou mais dos seguintes
modos:

Condução

Quando a transferência de calor se realiza através de só lidos ou líquidos que nã o estã o em


movimento (e.g. contacto entre um corpo quente e um frio).

Convecção

Quando a transferência de calor se realiza através dos fluidos em movimento, e por isso só tem
lugar nos líquidos e nos gases (e.g. o movimento do ar).

Radiação

Todas as substâ ncias radiam energia térmica sob a forma de ondas eletromagnéticas.

Quando esta radiaçã o incide sobre outro corpo, pode ser parcialmente refletida, transmitida ou
absorvida. Apenas a fraçã o que é absorvida surge como calor no corpo.

Evaporação

Uma via de grande importâ ncia em fisiologia é a evaporaçã o, que constitui uma perda de calor.
Esta evaporaçã o, através da sudaçã o, dá-se a nível da pele e arrefece a sua superfície.

A sensaçã o de conforto térmico depende do equilíbrio térmico entre a produçã o de energia


pelo corpo somado dos ganhos de energia do meio e as perdas para o mesmo, com o objetivo de
manter a temperatura interna do corpo em cerca de 37 ºC.

FATORES QUE INFLUENCIAM A SENSAÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO

A sensaçã o de conforto térmico depende da conjugaçã o e da influência de vá rios fatores. Os

principais sã o:

Variáveis Individuais

- tipo de atividade

- vestuário- aclimatação

Variáveis Ambientais
temperatura do ar

humidade relativa do ar ou pressão parcial de vapor.

temperatura média radiante das superfícies vizinhas

velocidade do ar

AVALIAÇÃ O DO AMBIENTE TÉ RMICO

Para avaliar as situaçõ es a que está submetido um trabalhador exposto a determinadas condiçõ es
ambientais e de trabalho utilizam-se métodos ou critérios objetivos, que se determinam principalmente
em funçã o de:

• temperatura do ar;

• humidade do ar;

• calor radiante;

• velocidade do ar;

• metabolismo;

• vestuá rio.

No estudo do ambiente térmico há a considerar duas situaçõ es:

• A sobrecarga térmica ou "stress" térmico que relaciona a exposiçã o do corpo humano a


ambientes de temperaturas extremas;

• O conforto térmico que, nã o envolvendo temperaturas extremas, relaciona a temperatura,


humidade e velocidade do ar existentes nos locais que, no seu conjunto, podem provocar
desconforto.

Qualquer uma destas situaçõ es pode ser medida com base em técnicas especiais calculando-se índices
que informam da qualidade ambiental do local de trabalho.

- indicador para avaliar a sobrecarga térmica é o índice WBGT1 - Norma ISO 7243 - 1989.
- conforto térmico é medido através dos índices PMV2 e PPD3 - Norma ISO 7730 - 1994.

Qualquer um destes índices é calculado com base em mediçõ es de temperatura, humidade relativa,
velocidade do ar, calor radiante e em dados sobre o vestuá rio dos trabalhadores presentes no local e na
sua atividade.

Os cálculos, por apresentarem alguma complexidade, deverã o ser efetuados por um especialista.

Iluminação

A iluminaçã o é um fator que influencia diretamente o conforto, a produtividade e a saú de dos


profissionais no ambiente de trabalho.

Muitos dos acidentes ocorrem porque nã o se atendeu a aspetos tã o simples como uma iluminaçã o
eficaz, em quantidade ou em qualidade.

A iluminaçã o adequada no local de trabalho é um dos fatores mais importantes para um desempenho
eficiente das tarefas, para além de que pode evitar muitos acidentes. É importante nã o só a quantidade
de luz mas também a qualidade da luz.

Outro fator a evitar no local de trabalho é o encandeamento causado pela luz do sol ou de outras fontes
de luz fortes.

Um problema comum nas empresas e nos escritó rios é o excesso de luz. Ter muita luz nã o significa que
seja a adequada. Muita luz pode gerar uma sensaçã o de desconforto, além de causar problemas de visã o.

A luz solar deve ser sempre aproveitada mas nunca em excesso podendo ser controlada com persianas e
cortinas. Além da iluminaçã o geral, algumas atividades exigem uma iluminaçã o mais direta na mesa de
trabalho. Ao longo do dia as pessoas têm necessidades diferentes de iluminaçã o. Ao identificar essa
variaçã o poderá ajudar no rendimento do trabalho. Uma iluminaçã o com cores diferentes torna o
ambiente de trabalho menos monó tono, causando uma sensaçã o de bem-estar.

Intensidade de Iluminação

As principais tarefas a executar num posto de trabalho com ecrã s de visualizaçã o colocam em
termos de iluminaçã o duas exigências quase opostas: a leitura do texto e o olhar sobre o teclado
requerem um nível de iluminaçã o relativamente elevado, enquanto a leitura da informaçã o no ecrã
exige um bom contraste entre os carateres e o fundo. Pela sua natureza este contraste diminui em
funçã o do aumento do nível da iluminaçã o do local por interferência da luz.

A qualidade da iluminaçã o do local de trabalho deve ser de modo a nã o existir diminuiçã o do


contraste no ecrã de visualizaçã o e reflexos, e permitir uma boa leitura do documento, por isso as
recomendaçõ es para intensidades de iluminaçã o divergem bastante entre si.

O tom da luz

Deve-se escolher como tom da luz os tubos fluorescentes o branco neutro ou o branco quente,
sendo este ú ltimo o mais compatível com as exigências acrescidas em matéria de conforto e o que
permite um ambiente luminoso agradá vel. Para além disso, os tubos fluorescentes com tons quentes
têm um grau de oscilaçã o e uma tendência de cintilaçã o inferiores. Por outro lado, a tolerâ ncia aos
efeitos da iluminaçã o é mais elevada quando a luz é branco quente.

Reflexos

O fator de reflexã o influi seriamente na difusã o da luz no local. Sobre a superfície dos ecrã s
podem formar-se reflexos mais claros o que pode levar a ofuscamentos incó modos.

Em muitas pesquisas de campo foi constatado que os reflexos eram considerados a mais
desagradá vel manifestaçã o que acompanha o trabalho com monitores. É possível lutar contra os
reflexos a partir da regulaçã o do ecrã. O meio mais simples consiste em inclinar o ecrã para baixo. O ecrã
deve ser incliná vel de 88º a 105º relativamente ao plano horizontal. Outros fatores que contribuem para
a existência de reflexos sã o as características das superfícies de trabalho. Estas devem ser mates de
modo a diminuir a sua intensidade.

É também necessá rio escolher e colocar as armaduras de maneira a evitar o mais possível os
reflexos na superfície de ecrã. Ilustrando:

Legenda:

A – Raio luminoso com â ngulo de incidência de 30º

B – Raio luminoso com â ngulo de incidência de 15º


Inclinaçã o do ecrã e reflexos possíveis da iluminaçã o do teto sob os diferentes â ngulos visuais

Iluminação Natural

A luz do dia, só por si, nã o convém para iluminar os postos de trabalho com ecrã s de visualizaçã o
porque está sujeita a fortes variaçõ es (atingindo o máximo de 10.000 lux – unidade de medida da
luminosidade – diretamente por detrá s das janelas). Dado que a maior parte dos locais onde existem
ecrã s de visualizaçã o têm janelas, convém ter em conta os seguintes pontos:

- Nã o deve haver janelas nem diante nem atrá s do ecrã ;

- O â ngulo principal do olhar deve ser paralelo à fila de janelas;

- Os ecrã s de visualizaçã o devem, tanto quanto possível, ser colocados ou mudados para
zonas ou sítios do local de trabalho afastados das janelas;

- As janelas deverã o ser equipadas com estores exteriores porque estes sã o termicamente mais
vantajosos do que os interiores; para as janelas com vidros isolantes do calor devem ser
tomadas medidas particulares no interior do local;

- É vantajoso a existência de cortinas/estores interiores; estes devem ser regulá veis e de


material espesso, liso e claro (tons pastel), de modo a evitar reflexos.

Iluminação artificial

Os locais iluminados pela luz do dia têm necessidade, em todos os casos, de uma
iluminaçã o artificial complementar. Esta deve ser composta sob a forma de filas de lâ mpadas
dispostas paralelamente à fila das janelas. Por vezes a iluminaçã o artificial provoca reflexos e
complica ainda mais a colocaçã o do ecrã no local adequado.

Os locais de trabalho interiores com ecrã s de visualizaçã o devem ser iluminados com a
ajuda de filas de lâmpadas contínuas, dispostas paralelamente ao eixo do olhar, podendo ser
colocadas separadamente. Nã o devem ser colocadas fontes luminosas atrá s do ecrã de
visualizaçã o porque provocam reflexos, nem na frente e sã o fontes de ofuscamento direto. Nã o
sã o convenientes:
- As lâ mpadas fluorescentes nuas;

- As armaduras dispostas em forma de calha;

- As armaduras dispostas em filas paralelas;

- As armaduras dispostas em filas cruzadas;

- As armaduras de luz incandescente com lâ mpadas nuas.

O mais conveniente é uma iluminaçã o em todas as direçõ es, difusa em grandes superfícies e de
pouca iluminaçã o.

Em certos casos pode ser ú til uma iluminaçã o de apoio dirigida sobre o posto de trabalho. Excluem-
se em regra os candeeiros de mesa porque ofuscam muitas vezes os operadores dos postos pró ximos.
Sã o recomendá veis as armaduras com lâminas ou grelha. A proteçã o dos reflexos que incidem sobre o
ecrã e que resultam das armaduras faz-se tomando medidas apropriadas sobre o pró prio ecrã (proteçã o
antirreflexo, mudança da disposiçã o da sala, etc.).

 - RADIAÇÕES (IONIZANTES E NÃO IONIZANTES)

A radiaçõ es constituem uma forma de energia que, de acordo com a sua capacidade de interagir
com a matéria, se podem subdividir em:

Radiações Ionizantes: as que possuem energia suficiente para ionizaros á tomos e moléculas
com as quais interagem, sendo as mais conhecidas:

➱ raios X e raios gama (radiaçõ es electromagnéticas);

➱ raios alfa, raios beta, neutrõ es, protõ es (radiaçõ es corpusculares).

Radiações Não Ionizantes: as que nã o possuem energia suficiente para ionizar os á tomos e as
moléculas com as quais interagem, sendo as mais conhecidas:

➱ luz visível;

➱ infravermelhos;

➱ ultravioletas;
➱ microondas de aquecimento;

➱ microondas de radiotelecomunicaçõ es;

➱ corrente eléctrica.

As radiaçõ es que pertencem ao espectro eletromagnético ocupam aí diferentes posiçõ es de


acordo com a sua energia e comprimento de onda.

Dada a complexidade deste tema, abordar-se-ã o apenas as radiaçõ es que têm aplicaçã o na
indú stria do material eléctrico e electró nico, dando especial ênfase à s aplicaçõ es industriais, possíveis
efeitos negativos para a saú de e medidas de prevençã o e de controlo.

RADIAÇÕ ES IONIZANTES

A matéria é constituída por á tomos que correspondem à s unidades estruturais dos elementos
químicos conhecidos.

Os á tomos sã o entidades que resultam da associaçã o de três tipos de partículas: protã o,


neutrã o e electrã o. Os protõ es e neutrõ es encontram-se agregados no nú cleo do á tomo
(podendo por isso também ser designados por nucleõ es), ao passo que os electrõ es se movem
em torno do nú cleo. De referir que o nú cleo do á tomo possui carga eléctrica positiva e
representa a quase totalidade da massa do á tomo, ao passo que os electrõ es sã o electricamente
negativos.

Se o nú mero de electrõ es periféricos de um á tomo for igual ao nú mero de protõ es do respectivo


nú cleo, o á tomo tem carga eléctrica total nula - trata-se de um á tomo em estado neutro. No caso
contrá rio, o á tomo encontra-se no estado ionizado - se o á tomo tiver excesso de electrõ es, a sua
carga elétrica é negativa e estamos perante um iã o negativo; se o á tomo tiver deficiência de
electrõ es, a carga do á tomo é positiva, tratando-se assim de um iã o positivo.

Designa-se por radioatividade a propriedade que determinados nuclídeos (naturais ou


artificiais) possuem de emitir espontaneamente radiaçõ es corpusculares ou eletromagnéticas.

De notar que o ser humano tem sempre vivido num mundo radioativo, encontrando-se
continuamente exposto à s radiaçõ es provenientes do espaço có smico, além de que existem
radionuclídeos no solo, á gua, alimentos e até mesmo o corpo humano tem na sua constituiçã o
elementos radioativos.
As radiaçõ es ionizantes têm tido crescente utilizaçã o em inú meras actividades,desde a
medicina à indú stria. Na indú stria de material eléctrico e electró nico têm nomeadamente
aplicaçã o em aparelhos de radiografia para controlo de qualidade, podendo ainda os raios X
ocorrer como emissã o parasita em certos aparelhos (tubos de raios cató dicos, reguladores de
tensã o).

EFEITOS NO ORGANISMO HUMANO

Os efeitos das radiaçõ es ionizantes podem classificar-se em somá ticos, se aparecerem no


indivíduo exposto e em hereditá rios, se afectarem os descendentes.

Os efeitos das radiaçõ es ionizantes podem ainda classificar-se de outra forma:

➱ efeitos probabilísticos ou estocá sticos: sã o aqueles que sã o tanto mais prová veis quanto
maior for a quantidade de radiaçã o recebida. Ainda que nã o existam certezas absolutas, aceita-
se que, por muito pequena que seja a quantidade de radiaçã o recebida, poderá ocorrer algum
tipo de efeito, o qual, uma vez que apareça, será sempre grave.

Nestas situaçõ es, sã o induzidas modificaçõ es na estrutura de uma ou mais células do corpo
humano que conduzem a alteraçõ es genéticas (mutaçõ es cromossó micas) e ao aparecimento de
diversos tipos de neoplasias, tais como, leucemia, cancros do pulmã o, pele, estô mago, có lon,
bexiga, mama e ová rio, etc.

➱ efeitos deterministas ou nã o estocá sticos: sã o aqueles que só ocorrem quando a dose de


radiaçã o excede um determinado valor ou limiar e cuja gravidade depende da dose e do tempo
de exposiçã o. Os orgã os e sistemas mais afectados sã o os olhos (cataratas), a pele
(queimaduras) e os ó rgã os reprodutores (infertilidade).

Como se poderá compreender, grande quantidade de informaçã o a este respeito é proveniente


da experiência da radioterapia no tratamento do cancro.

CONTROLO DAS RADIAÇÕES IONIZANTES

O objetivo principal da proteçã o contra as radiaçõ es ionizantes é impedir os feitos nã o


estocá sticos e limitar ao má ximo os efeitos estocá sticos.

Como princípios gerais, todas as atividades que envolvam exposiçã o a radiaçõ es ionizantes,
deverã o processar-se por forma a:
➱ que os diferentes tipos de atividades que impliquem uma exposiçã o sejam
previamente justificados pela vantagem que proporcionam;

➱ que seja evitada toda a exposiçã o ou contaminaçã o desnecessá ria de pessoas e do


meio ambiente

➱ que os níveis de exposiçã o sejam sempre tã o baixos quanto possível em cada instante
e sempre inferiores aos valores-limite fixados por lei.

Assim, para determinar o risco e estabelecer as medidas de controlo é necessá rio contemplar
os seguintes aspetos:

➱ avaliar as condiçõ es de exposiçã o (habituais ou acidentais), com o estudo ambiental


dos locais de trabalho e respetiva classificaçã o atualizada das diferentes zonas de risco
de acordo com os níveis potenciais de exposiçã o;

➱ autorizaçã o prévia, licenciamento e parecer favorá vel para o uso de fontes


radioativas;

➱ determinaçã o das doses limite. A título exemplificativo, poderemos dizer que a dose
equivalente ao limite anual para os trabalhadores expostos é de 50 m Sv *(5 rem1) para
os efeitos estocá sticos e para os nã o estocá sticos é de 500mSv, com exceçã o do globo
ocular (150 mSv); para as pessoas em geral é recomendado que nã o se exceda a dose
anual de 5 mSv (de referir que a radioatividade média anual de origem natural é cerca de
3 mSv);

➱ manutençã o rigorosa de todos os registos efetuados durante pelo menos um período


de 30 anos, devendo ser facultados à s entidades oficiais competentes;

➱ as proteçõ es coletiva e individual a instituir, bem como o acompanhamento da


dosimetria individual, deverã o ser da responsabilidade de técnicos especialistas na
matéria, com qualificaçã o pelos serviços do Ministério da Saú de. A vigilâ ncia de saú de é
fundamental para os trabalhadores expostos à s radiaçõ es ionizantes, quer nos exames de
admissã o e perió dicos, quer nos ocasionais, nomeadamente em caso de exposiçã o
acidental, obedecendo a manutençã o dos registos clínicos a critérios rigorosos
(igualmente por um período mínimo de 30 anos).
Sv ("sievert") - unidade equivalente de dose, no Sistema Internacional; dada a sua grande
divulgaçã o, expressa-se também o equivalente de dose em "rem", sendo que 1 Sv = 100 rem.

De cada exame médico resultará a respectiva "Ficha de Aptidã o" nã o devendo em caso algum o
trabalhador exercer funçõ es se o parecer médico for negativo.

Os trabalhadores expostos a radiaçõ es ionizantes deverã o ter formaçã o contínua específica, de


forma a cumprirem todos os procedimentos de segurança exigíveis.

Deverã o ainda ser informados acerca dos níveis de radiaçã o a que se encontram sujeitos, bem
como do resultado dos exames médicos de vigilâ ncia de saú de a que sã o submetidos.

RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES

Toda as radiaçõ es eletromagnéticas têm uma origem comum - a movimentaçã o de cargas


elétricas.

Como foi referido na Introduçã o, elas variam em frequência, comprimento de onda e nível
energético, produzindo assim diferentes efeitos físicos e bioló gicos.

De todas as radiaçõ es nã o ionizantes, apenas se irã o referir as Radiaçõ es Ultravioleta e


infravermelha e o caso específico do Laser, uma vez que sã o aquelas que habitualmente
encontramos na indú stria de material elétrico e electró nico.

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

Na indú stria, no que se refere à emissã o deste tipo de radiaçõ es, temos as operaçõ es de
soldadura por corte oxiacetilénico e a soldadura por arco elétrico.

O poder de penetraçã o das radiaçõ es ultravioleta é relativamente fraco, pelo que os seus efeitos
no organismo humano se restringem essencialmente aos olhos e à pele, nomeadamente:

➱ inflamaçã o dos tecidos do globo ocular, em especial da có rnea e da conjuntiva (a


queratoconjuntivite é considerada uma doença profissional nos soldadores); em regra, a
profundidade de penetraçã o é maior de acordo com o aumento do comprimento de onda,
assim, o cristalino e a retina só poderã o ser atingidos em casos extremos; ➱ queimaduras
cutâ neas, de incidência e gravidade variá veis, de acordo também com a pigmentaçã o da pele; os
ultravioletas produzem envelhecimento precoce da pele e podem exercer sobre ela, o efeito
carcinogénico, em especial nas exposiçõ es prolongadas à luz solar;

➱ fotosensibilizaçã o dos tecidos bioló gicos.

A gravidade da inflamaçã o da có rnea e conjuntivo por 'queimadura por flash" ou "clarã o de


soldadura" depende de vá rios factores:

➱ duraçã o da exposiçã o

➱ comprimento de onda

➱ nível de energia.

As medidas de proteçã o consistem fundamentalmente em:

➱ atuaçã o em primeiro lugar sobre a fonte, mediante desenho adequado da


instalaçã o, colocaçã o de cabines ou cortinas em cada posto de trabalho, sendo
preferencial a utilizaçã o de cor escura;

➱ reduçã o do tempo de exposiçã o;

➱ proteçã o da pele através de vestuá rio adequado, luvas ou cremes protetores;

➱ proteçã o dos olhos através de ó culos ou viseira equipados com filtro

adequado em funçã o do tipo de ultravioleta emitido. Mesmo em curtas operaçõ es de


soldadura, como o "pingar", o trabalhador nã o deverá retirar a proteçã o;

➱ nã o esquecer que as lâmpadas fluorescentes de iluminaçã o emitem geralmente


radiaçõ es ultravioletas que podem, em alguns casos, contribuir para a dose anual
recebida pelo trabalhador.

A vigilâ ncia de saú de é importante na deteçã o precoce de alteraçõ es nos ó rgã os-alvo (por
exemplo, nos olhos refere-se a "sensaçã o de areia", intolerâ ncia à luz, lacrimejo e inchaço das
pá lpebras).

De igual forma, é fundamental a formaçã o e informaçã o dos trabalhadores expostos à radiaçã o


ultravioleta de forma a utilizar quotidianamente os procedimentos mais corretos.
RADIAÇÃO INFRAVERMELHA

A exposiçã o à radiaçã o infravermelha poderá sempre ocorrer desde que uma superfície
tenha temperatura mais elevada que o receptor, podendo ser utilizada em qualquer situaçã o
em que se queira promover o aquecimento localizado de uma superfície. Na indú stria, este tipo
de radiaçã o poderá ter aplicaçã o nomeadamente na secagem de tintas e vernizes e em processo
de aquecimento de metais.

A radiaçã o infravermelha é percetível como uma sensaçã o de aquecimento da pele,


dependendo do seu comprimento de onda, energia e tempo do exposiçã o, podendo causar
efeitos negativos no organismo como, por exemplo, queimaduras da pele, aumento persistente
da pigmentaçã o cutâ nea e lesõ es nos olhos.

Assim, é recomendá vel proteçã o adequada (vestuá rio de trabalho, ó culos e viseiras com
filtro para as frequências relevantes).

LASER

L.A.S.E.R. significa "Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation" e caracteriza-se,


principalmente, pela alta direccionalidade do feixe e pela elevada energia incidente por unidade
de á rea. O conceito começou a ter aplicaçã o prá tica nos anos 70 em vá rias á reas, desde a
medicina à indú stria, passando pelas á reas militar e de comunicaçõ es. Na indú stria
metalomecâ nica e de automó veis tem aplicaçã o em operaçõ es de soldadura, perfuraçã o e corte,
permitindo:

➱ menor tempo de operaçã o;

➱ qualidade superior da superfície tratada;

➱ aumento da espessura do corte;

➱ maior variedade de materiais que podem ser trabalhados.

Os seguintes componentes e processos, sã o comuns a todos os lasers:

➱ meio emissor ou meio laser: gasoso (ex.: CO2) só lido (ex.: cristal de rubi) ou líquido
(ex.: corantes orgâ nicos)
➱ excitaçã o ou "sistema de bombagem": o meio emissor pode ser excitado quer ó ptica,
química ou eletricamente, o que origina emissõ es estimuladas de energia sob a forma de luz;

➱ amplificaçã o: a luz emitida é amplificada através do meio por um sistema de espelhos


que permite obter um feixe de luz unidireccional de elevada energia e intensidade.

A utilizaçã o dos lasers pode ter efeitos negativos no organismo humano, nomeadamente a nível
do globo ocular e da pele, de acordo também com a gama de comprimento de onda da radiaçã o
emitida (de infravermelhos a ultravioletas), nomeadamente:

➱ queimadura da có rnea; ➱ lesã o grave da retina (nã o se pode esquecer que o poderoso
feixe de luz do laser é concentrado por focagem cerca de 100.000 vezes na retina)

➱ queimaduras da pele, dependendo do poder de densidade e de focagem (um foco


mais desfocado poderá provocar queimaduras mais extensas, um foco focado
queimaduras localizadas, mas significativamente mais profundas).

Os limites de exposiçã o a este factor de risco nã o se encontram definidos


consensualmente, uma vez que se baseiam em mú ltiplos critérios como, por exemplo,
comprimento de onda, duraçã o da exposiçã o, potência do pico, frequência de repetiçã o, etc.

Assim, as medidas de protecçã o deverã o ser escrupulosamente cumpridas, nomeadamente:

➱ munir os equipamentos de laser com adequados sistemas de ventilaçã o e de exaustã o,


uma vez que durante as operaçõ es de corte existe a libertaçã o de fumos, gases e vapores
provenientes dos materiais trabalhados;

➱ uso imprescindível do equipamento de protecçã o individual (ó culos com protecçã o em


todo o redor e em conformidade com as frequências relevantes) bem como vestuá rio e luvas
adequados;

➱ instalaçã o de tú neis no dispositivo laser;

➱ evitar superfícies reflectoras nas instalaçõ es;

➱ providenciar que a iluminaçã o na instalaçã o seja suficiente e homogénea de forma a limitar


a abertura da pupila do olho;

➱ evitar a exposiçã o directa dos olhos em relaçã o ao feixe laser e aos espelhos;
➱ permanecer alerta durante as operaçõ es de ajustamento, lembrando-se sempre que o
feixe permanece perigoso mesmo a longas distâ ncias;

➱ restringir o acesso à á rea de trabalho e implantar sinalizaçã o de segurança adequada.

Será ainda necessá rio outro tipo de precauçõ es uma vez que, aliadas ao processo, existem
outras situaçõ es perigosas, a saber:

➱ riscos eléctricos: dado que sã o sempre necessá rias altas voltagens para excitar o meio
emissor, as operaçõ es de manutençã o deverã o ser feitas por pessoal especializado e sempre
com a corrente desligada;

➱ riscos de incêndio e de explosã o: dependendo da natureza e da pressã o dos gases


utilizados como meio emissor.

 Ruído

Quando o Homem se encontra num ambiente de trabalho e nã o consegue ouvir


perfeitamente a fala das outras pessoas no mesmo recinto, isso é uma primeira indicaçã o de
que o local é demasiado ruidoso.

Os especialistas no assunto definem o ruído como todo o som que causa sensaçã o
desagradá vel ao homem. O ruído é pois, um agente físico que pode afetar de modo significativo
a qualidade de vida do trabalhador. O nível de pressã o acú stica mede-se usando um sonó metro,
e a unidade usada como medida é o decibel ou abreviadamente dB, no entanto, este precisa de
um filtro normalizado A, por forma a medir o ruído no ouvido humano, ou seja, dB(A) (unidade
de mediçã o do ruído do ouvido humano – decibel ponderado A).

Assim sendo, as perdas de audiçã o sã o derivadas da frequência e intensidade do ruído,


transmitidas através de ondas sonoras (tanto pelo ar como por materiais só lidos). Quanto
maior for a densidade do meio condutor, menor será a velocidade de propagaçã o do ruído.

Notas:

- Para 8 horas diá rias de trabalho, com um ruído na ordem dos 80 dB(A), os EPI já devem
estar disponíveis para o trabalhador;

- Em exposiçõ es de 85 dB(A) o uso de EPI já é obrigató rio [admite-se um pico de 87 dB(A)];


- O ruído emitido por uma britadeira é equivalente a 100 decibéis;

- O limite máximo de exposiçã o contínua do trabalhador a esse ruído, sem proteçã o auditiva,
é de 1 hora.

Sem qualquer medida de controlo ou proteçã o o excesso de intensidade do ruído acaba


por afetar o desempenho do trabalhador na execuçã o da sua atividade laboral, pois provoca
distú rbios ao nível do cérebro e do sistema nervoso. Inclusive, em condiçõ es de exposiçã o
prolongada ao ruído por parte do aparelho auditivo, os efeitos podem resultar na surdez
profissional. Uma ú nica exposiçã o a um valor de 140 dB(A) provoca a surdez, que é a segunda
doença profissional com maior incidência em Portugal, e uma das grandes causas responsá veis
pela incapacidade permanente nos trabalhadores portugueses.

As sequelas referentes ao ruído têm impactos no trabalhador a todos os níveis, como


sejam dificuldades para se relacionar com os colegas e família, assim como dificuldades
acrescidas em se aperceber da movimentaçã o de veículos ou má quinas, agravando as condiçõ es
de risco de acidente físico.

NOTA: Consultar Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de

setembro. Os ruídos podem-se dividir em:

Ruído uniforme, quando o nível de pressã o acú stica (técnica relativa ao estudo das vibraçõ es
sonoras, à sua produçã o, sua propagaçã o e seus efeitos) e os espectros de frequência (conjunto
ou gama de frequências de um som ou ruído) sã o constantes durante um certo tempo
relativamente longo, como por exemplo o ruído numa fá brica de fiaçã o;

Ruído intermitente, quando o nível de pressã o acú stica e o espectro das frequências variam
constantemente, como por exemplo numa oficina de mecâ nica;

Ruído impulsivo, quando o nível de pressã o acú stica é muito elevado mas dura pouco tempo
(menos de 1/5 do segundo), como por exemplo um tiro.

As medidas de proteçã o que se podem tomar por forma a eliminar ou minimizar os efeitos
nocivos de exposiçã o ao ruído, passam por:

o Formaçã o e informaçã o dos trabalhadores;

o Sinalizaçã o e limitaçã o de acesso das zonas muito ruidosas;

o Vigilâ ncia médica e audiométrica da funçã o auditiva dos trabalhadores expostos;


o Encapsulamento de má quinas;

o Barreiras acú sticas;

o Montagem de elementos absorventes do som;

o Limitaçã o da duraçã o do trabalho em ambientes muito ruidosos;

o Organizaçã o da rotatividade de mudanças nos postos de trabalho;

o Utilizaçã o de protetores de ouvido, etc.

 - Riscos químicos

- PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS


Risco Químico – é o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos
químicos que podem causar-lhe danos físicos ou prejudicar-lhe a saú de. Os danos físicos
relacionados à exposiçã o química incluem, desde irritaçã o na pele e olhos, passando por
queimaduras leves, indo até aqueles de maior severidade, causado por incêndio ou explosã o. Os
danos à saú de podem advir de exposiçã o de curta e/ou longa duraçã o, relacionadas com o
contacto de produtos químicos tó xicos com a pele e olhos, bem como a inalaçã o dos seus
vapores, resultando em doenças respirató rias cró nicas, doenças do sistema nervoso, doenças
nos rins e fígado, e até mesmo alguns tipos de cancro.

 - Classificação dos agentes químicos quanto à sua forma

Certas substâ ncias químicas, utilizadas nos processos produtivos industriais, sã o lançadas no
ambiente de trabalho através de processos de pulverizaçã o, fragmentaçã o ou emanaçõ es
gasosas.
A essas substâ ncias chamam-se de contaminantes ou poluentes químicos, e consistem em toda a
substâ ncia orgâ nica, inorgâ nica, natural ou sintética, que durante a fabricaçã o, manuseamento
ou uso, pode incorporar-se no ar ambiente, e em doses passíveis de apresentar possibilidade de
lesionar a saú de das pessoas que entram em contacto com elas. Fala-se entã o dos fatores de
risco associados a agentes químicos.
Os contaminantes ou poluentes químicos podem apresentar-se nos estados só lido, líquido e
gasoso contidos no ar, á gua ou alimentaçã o. No estado só lido apresentam-se como fumos,
aerossó is, poeiras de origem mineral, animal e vegetal, sendo exemplo a poeira mineral sílica
encontrada na indú stria cerâmica. No estado
gasoso tem-se, por exemplo, o GPL (gá s de petró leo liquefeito) usado como combustível ou gases
libertados nas queimas ou nos processos de transformaçã o das matérias-primas. Quanto aos
agentes químicos no estado líquido, eles apresentam-se sob a forma de solventes, tintas,
vernizes ou esmaltes.
As medidas ou avaliaçõ es dos agentes químicos em suspensã o no ar sã o obtidas por meio de
aparelhos especiais que medem a concentraçã o, ou seja, a percentagem existente em relaçã o ao
ar atmosférico de um determinado poluente químico. A partir dessas mediçõ es estabelecem-se
os Valores Limites de Exposiçã o, que nã o sã o mais do que as concentraçõ es máximas, permitidas
por lei, de diferentes substâ ncias existentes no ar dos locais de trabalho, acima dos quais a saú de
dos trabalhadores pode ser afetada. Abaixo destes valores a exposiçã o contínua do trabalhador
nã o representa qualquer risco para o mesmo.
As substâ ncias químicas quando absorvidas pelo organismo em doses elevadas, e quando
ultrapassam os valores limite de exposiçã o provocam lesõ es nos trabalhadores. Os efeitos no
organismo vã o pois depender da dose absorvida e da quantidade de tempo de exposiçã o a essa
dose.
No âmbito das legislaçõ es comunitá ria e nacional, sã o designados por substâ ncias os elementos
químicos e os seus compostos tal como se apresentam no estado natural ou tal como sã o
produzidos pela indú stria e que contenham, eventualmente, qualquer aditivo necessá rio à
preservaçã o da estabilidade do produto e qualquer impureza decorrente do processo, com
exclusã o de qualquer solvente que possa ser extraído sem afetar a estabilidade da substâ ncia
nem alterar a sua composiçã o; preparaçõ es sã o as misturas ou soluçõ es que sã o compostas de
duas ou mais substâ ncias.
Existem um conjunto de Diretivas que dizem respeito à classificaçã o, embalagem e rotulagem
dos produtos químicos perigosos bem como à limitaçã o da sua comercializaçã o e/ou utilizaçã o.
Segundo aquelas, só se podem comercializar as substâ ncias químicas que sejam notificadas pelo
fabricante ou importador à autoridade competente de cada um dos Estados-membros. De
acordo com esta legislaçã o, a avaliaçã o dos perigos das preparaçõ es e substâ ncias perigosas é
efetuada fundamentalmente sob o ponto de vista das propriedades físico-químicas e efeitos
sobre a saú de. Os produtos químicos perigosos sã o classificados com base na Portaria 732-A/96
de 11 de dezembro, em:

Propriedades físico-químicas Explosivos – sã o agentes químicos que pela açã o de choque,


percussã o, fricçã o, produzem faíscas ou calor suficiente para iniciar um processo destrutivo
através de uma liberaçã o violenta de energia. Deve-se evitar atrito, choque, fricçã o, formaçã o de
faísca e a açã o do calor.
Comburentes – sã o agentes que favorecem uma combustã o. Podem inflamar substâ ncias
combustíveis ou acelerar a propagaçã o de incêndio. Deve-se evitar qualquer contacto com
substâ ncias combustíveis. Perigo de incêndio. O incêndio pode ser favorecido dificultando a sua
extinçã o.

Facilmente inflamá veis – deve-se evitar contacto com o ar, a formaçã o de misturas inflamá veis
gá s-ar e manter afastadas de fontes de igniçã o.

Inflamáveis

Extremamente inflamá veis – deve-se manter longe de chamas abertas e fontes de igniçã o.

Propriedades toxicoló gicas

Tóxicos – sã o agentes químicos que, ao serem introduzidos no organismo por inalaçã o,


absorçã o ou ingestã o, podem causar efeitos graves e/ou mortais. Deve-se evitar qualquer
contacto com o corpo humano e observar cuidados especiais com produtos cancerígenos ou
mutagénicos.

Muito tóxicos – a inalaçã o, ingestã o ou absorçã o através da pele, provoca danos à saú de na
maior parte das vezes, muito graves ou mesmo a morte. Deve-se evitar qualquer contacto com o
corpo humano e observar cuidados especiais com produtos cancerígenos ou mutagénicos.

Nocivos – sã o agentes químicos que por inalaçã o, absorçã o ou ingestã o, produzem efeitos de
menor gravidade. Deve-se evitar qualquer contacto com o corpo humano, e observar cuidados
especiais com produtos cancerígenos ou mutagénicos.

Corrosivos – estes produtos químicos causam destruiçã o de tecidos vivos e/ou materiais
inertes. Nã o se deve inalar os vapores e deve-se evitar o contacto com a pele, os olhos e
vestuá rio.

Irritantes – sã o substâ ncias que podem desenvolver uma açã o irritantesobre a pele, os olhos e
sob a via respirató ria. Nã o se devem inalar os vapores e deve-se evitar o contacto com a pele e os
olhos.

Sensibilizantes
Os que provocam efeitos específicos graves para a saú de humana em caso de exposiçã o
prolongada:

Carcinogénicos
Mutagénicos
Os riscos das substâ ncias e preparaçõ es químicas perigosas dependem de:

- Fatores intrínsecos aos pró prios produtos químicos, em consequência das suas propriedades
físico-químicas ou reatividade química determinantes da sua perigosidade;

- Fatores extrínsecos relativos à insegurança com que estes se utilizam, como por exemplo
deficiências da organizaçã o dos equipamentos e das instalaçõ es;

- Comportamentos humanos inadequados gerados basicamente por um desconhecimento da


perigosidade do produto ou processo químico em questã o, e por falta de formaçã o que permita
adotar procedimentos de trabalho seguros.

- Vias de exposição

Assim, as principais vias pelas quais os agentes químicos podem penetrar no organismo do
trabalhador sã o a:

Via respirató ria: essa é a principal porta de entrada dos contaminantes


químicos porque, ao respirar-se continuamente, tudo o que está no ar acaba por passar nos
pulmõ es;

Via digestiva: se o trabalhador comer ou beber algo com as mã os sujas, ou se estas estiverem
estado muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâ ncias químicas serã o
ingeridas com o alimento, atingindo o estô mago e podendo provocar sérios riscos à saú de.
Via dérmica: esta via de penetraçã o é mais difícil, mas se o trabalhador estiver desprotegido e
tiver contacto com substâ ncias químicas, havendo deposiçã o no corpo, estas serã o absorvidas
pela pele.

Via parenteral (parentérica): entrada de contaminantes no organismo humano (via corrente


sanguínea), decorrente, por exemplo, de ulceraçõ es/feridas na pele do trabalhador.
Via ocular: alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritaçã o nos olhos e
conjuntivites, o que mostra que a penetraçã o dos agentes químicos pode ocorrer também pela
vista.

As lesõ es ou doenças que mais vulgarmente se aplicam a este tipo de agentes e que apresentam
problemas para a saú de do trabalhador sã o:
• Anemias;
• Queimaduras;
• Encefalopatias;
• Ulceraçõ es e perturbaçõ es cutâ neas, etc.

Torna-se entã o necessá rio implementar medidas, nomeadamente:

ica;

Os produtos químicos podem ser analisados de acordo com os diferentes tipos de risco e em
especial das suas consequências:
- Riscos de explosã o e de incêndio;
- Riscos de irritaçã o e de queimaduras por contacto;
- Riscos de intoxicaçã o;
- Riscos para o ambiente.

Devido à s características físico-químicas dos produtos químicos, podem desencadear-se


incêndios e explosõ es quando da presença de substâ ncias inflamá veis, explosivas e
comburentes. Em consequência de desprendimento de calor e devido à incompatibilidade
química de algumas substâ ncias pode dar-se a inflamaçã o ou explosã o dos reagentes e dos
produtos de reaçã o libertando matérias muito tó xicas.

 - Classificação, rotulagem e armazenagem

O ró tulo é para o utilizador a primeira fonte de informaçã o relativa ao produto. É pois


fundamental lê-lo e compreendê-lo, pois ele evidencia os riscos relativos a determinado produto.
O ró tulo:
- Informa imediatamente o utilizador do produto;
- Permite evitar confusõ es e erros de manipulaçã o;
- Ajuda a organizar a prevençã o;
- É um guia para a compra dos produtos;
- É um auxiliar da armazenagem dos produtos;
- É importante em caso de acidente;
- Dá conselhos sobre a gestã o de resíduos e a proteçã o do
ambiente. Informaçã o fornecida pelo ró tulo
Conforme consta da legislaçã o, o ró tulo deve conter as seguintes informaçõ es, redigidas em
língua portuguesa:
- Nome da substâ ncia ou designaçã o comercial da preparaçã o;
- Origem da substâ ncia ou preparaçã o (nome e morada completa do fabricante, importador ou
distribuidor);
- Símbolos e indicaçõ es de perigo que apresenta o uso da substâ ncia ou da preparaçã o;
- Frases-tipo indicando os riscos específicos que derivam dos perigos que apresenta o uso da
substâ ncia (frases R);
- Frases-tipo indicando os conselhos de prudência relativamente ao uso da substâ ncia (frases S);
- Nú mero CE (da Lista Europeia das Substâ ncias Químicas Notificadas), quando atribuído;
- Indicaçã o Rotulagem CE, obrigató ria para as substâ ncias incluídas no anexo 1 da Portaria nº
732-A/96, 11 de dezembro.

Figura 5. Exemplo de um ró tulo de uma substâ ncia química


Símbolos de Perigo
A figura seguinte indica os símbolos mais comuns em ró tulos de substâ ncias
químicas.

Frases R – Natureza dos riscos específicos atribuídos a produtos químicos:


R1 Explosivo no estado seco.
R2 Risco de explosã o por choque, fricçã o, fogo ou outras fontes de igniçã o.
R3 Grande risco de explosã o por choque, fricçã o, fogo ou outras fontes de igniçã o.
R4 Forma compostos metá licos explosivos muito sensíveis.
R5 Perigo de explosã o sob a açã o do calor.
R6 Perigo de explosã o com ou sem contacto com o ar.
R7 Pode provocar incêndio.
R8 Favorece a inflamaçã o de matérias combustíveis.
R9 Pode explodir quando misturado com matérias combustíveis.
R10 Inflamá vel.
R11 Facilmente inflamá vel.
R12 Extremamente inflamá vel.
R14 Reage violentamente em contacto com a á gua.
R15 Em contacto com a á gua liberta gases extremamente inflamá veis.
R16 Explosivo quando misturado com substâ ncias comburentes.
R17 Espontaneamente inflamá vel ao ar.
R18 Pode formar mistura vapor-ar explosiva/inflamá vel durante a utilizaçã o.
R19 Pode formar peró xidos explosivos.
R20 Nocivo por inalaçã o.
R21 Nocivo em contacto com a
pele. R22 Nocivo por ingestã o.
R23 Tó xico por inalaçã o.
R24 Tó xico em contacto com a pele.
R25 Tó xico por ingestã o.
R26 Muito tó xico por inalaçã o.
R27 Muito tó xico em contacto com a pele.
R28 Muito tó xico por ingestã o.
R29 Em contacto com a á gua liberta gases tó xicos.
R30 Pode tornar-se facilmente inflamá vel durante o uso.
R31 Em contacto com ácidos liberta gases tó xicos.
R32 Em contacto com ácidos liberta gases muito tó xicos.
R33 Perigo de efeitos cumulativos.
R34 Provoca queimaduras.
R35 Provoca queimaduras graves.
R36 Irritante para os olhos.
R37 Irritante para as vias respirató rias.
R38 Irritante para a pele.
R39 Perigo de efeitos irreversíveis muito graves.
R40 Possibilidade de efeitos irreversíveis.
R41 Risco de graves lesõ es oculares.
R42 Pode causar sensibilizaçã o por inalaçã o.
R43 Pode causar sensibilizaçã o em contacto com a pele.
R44 Risco de explosã o se aquecido em ambiente fechado.
R45 Pode causar cancro.
R46 Pode causar alteraçõ es genéticas hereditá rias.
R48 Risco de efeitos graves para a saú de em caso de exposiçã o prolongada.
R49 Pode causar cancro por inalaçã o.
R50 Muito tó xico para organismos aquá ticos.
R51 Tó xico para organismos aquá ticos.
R52 Nocivo para os organismos aquá ticos.
R53 Pode causar efeitos nefastos a longo prazo no ambiente aquá tico.
R54 Tó xico para a flora.
R55 Tó xico para a fauna.
R56 Tó xico para os organismos do solo.
R57 Tó xico para as abelhas.
R58 Pode causar efeitos nefastos a longo prazo no ambiente.
R59 Perigo para a camada de ozono.
R60 Pode comprometer a fertilidade.
R61 Risco durante a gravidez com efeitos adversos na descendência.
R62 Possíveis riscos de comprometer a fertilidade.
R63 Possíveis riscos durante a gravidez de efeitos indesejá veis na descendência.
R64 Pode causar danos nas crianças alimentadas com leite materno.

Frases S – Conselhos de segurança a adotar relativamente a produtos químicos:


S1 Guardar fechado à chave.
S2 Manter fora do alcance das crianças.
S3 Guardar em lugar fresco.
S4 Manter fora de qualquer zona de habitaçã o.
S5 Manter sob... [líquido apropriado a especificar pelo produtor].
S6 Manter sob... [gá s inerte a especificar pelo produtor].
S7 Manter o recipiente bem fechado.
S8 Manter o recipiente ao abrigo da humidade.
S9 Manter o recipiente num local bem ventilado.
S12 Nã o fechar o recipiente hermeticamente
S13 Manter afastado de alimentos e bebidas incluindo os dos animais.
S14 Manter afastado de... [matérias incompatíveis a indicar pelo produtor].
S15 Manter afastado do calor.
S16 Manter afastado de qualquer chama ou fonte de igniçã o nã o fumar.
S17 Manter afastado de matérias combustíveis.
S18 Manipular e abrir o recipiente com prudência.
S20 Nã o comer nem beber durante a utilizaçã o.
S21 Nã o fumar durante a utilizaçã o.
S22 Nã o respirar as poeiras.
S23 Nã o respirar os gases/vapores/fumos/aerossó is [termo(s) apropriado(s) a indicar pelo
produtor].
S24 Evitar o contacto com a pele.
S25 Evitar o contacto com os olhos.
S26 Em caso de contacto com os olhos, lavar imediata e abundantemente com á gua e consultar
um especialista.
S27 Retirar imediatamente todo o vestuá rio contaminado.
S28 Apó s contacto com a pele, lavar imediata e abundantemente com... [produtos apropriados a
indicar pelo produtor].
S29 Nã o deitar os resíduos no esgoto.
S30 Nunca adicionar á gua a este
produto.
S33 Evitar acumulaçã o de cargas eletrostá ticas.
S35 Nã o se desfazer deste produto e do seu recipiente sem tomar as precauçõ es de segurança
devidas.
S36 Usar vestuá rio de proteçã o adequado.
S37 Usar luvas adequadas.
S38 Em caso de ventilaçã o insuficiente, usar equipamento respirató rio adequado.
S39 Usar um equipamento protetor para a vista/face.
S40 Para limpeza do chã o e objetos contaminados por este produto utilizar... [a especificar pelo
produtor].
S41 Em caso de incêndio e/ou explosã o nã o respirar os fumos.
S42 Durante as fumigaçõ es/pulverizaçõ es usar equipamento adequado [termo(s) adequado(s) a
indicar pelo produtor].
S43 Em caso de incêndio utilizar... [meios de extinçã o a especificar pelo
produtor. Se a á gua aumentar os riscos, acrescentar "Nunca utilizar á gua"].
S45 Em caso de acidente ou indisposiçã o consultar imediatamente o médico (se possível
mostrar-lhe o ró tulo).
S46 Em caso de ingestã o consultar imediatamente o médico e mostrar-lhe a embalagem e o
ró tulo.
S47 Conservar a uma temperatura que nã o exceda ...ºC [a especificar pelo produtor].
S48 Manter hú mido com... [material adequado a especificar pelo produtor].
S49 Conservar unicamente no recipiente de origem.
S50 Nã o misturar com... [a especificar pelo produtor].
S51 Utilizar somente em locais bem ventilados.
S52 Nã o utilizar em grandes superfícies nos locais habitados.
S53 Evitar a exposiçã o - obter instruçõ es específicas antes da utilizaçã o.
S56 Eliminar este produto e o seu recipiente, enviando-os para local autorizado para a recolha
de resíduos perigosos ou especiais.
S57 Utilizar um recipiente adequado para evitar a contaminaçã o do ambiente.
S59 Solicitar ao produtor/fornecedor informaçõ es relativas à sua recuperaçã o/reciclagem.
S60 Este produto e seu recipiente devem ser eliminados como resíduos perigosos.
S61 Evitar a libertaçã o para o ambiente. Obter instruçõ es específicas/fichas de segurança.
S62 Em caso de ingestã o, nã o provocar o vó mito. Consultar imediatamente um médico e
mostrar-lhe a embalagem ou o ró tulo.

Fichas de segurança (FDS)


Sempre que se armazenem ou manipulem substâ ncias e/ou preparaçõ es perigosas, é essencial
estar informado sobre os principais riscos representados pela utilizaçã o desses produtos.
A Portaria n.º 732-A/96 de 11 de dezembro obriga os fabricantes e ou importadores e
fornecedores dos produtos assim classificados a fornecerem ao utilizador a designada ficha de
dados de segurança, que transmite informaçõ es fundamentais sob o ponto de vista da segurança,
designadamente:
• Identificaçã o do fabricante;
• Identificaçã o dos perigos;
• Primeiros socorros;
• Medidas de combate a incêndios;
• Medidas a tomar em caso de fugas acidentais;
• Manuseamento e armazenamento;
• Controlo da exposiçã o/proteçã o individual;
• Propriedades físico-químicas;
• Estabilidade e reatividade;
• Informaçã o toxicoló gica;
• Informaçã o ecoló gica;
• Informaçõ es relativas à eliminaçã o;
• Informaçõ es relativas ao transporte;
• Informaçã o sobre regulamentaçã o;
• Outras informaçõ es.

Armazenagem de Produtos Químicos

No armazenamento de produtos químicos perigosos, e fundamental a separaçã o. Assim, deve


evitar-se qualquer contacto entre:
- Á cidos fortes;
- Bases fortes;
- Redutores fortes;
- Produtos inflamá veis, compatíveis, ou nã o, com a á gua;
- Produtos tó xicos nã o incluídos nos grupos anteriores.

Os produtos químicos com condiçõ es específicas de perigosidade devem ser armazenados de


acordo com a sua especificidade.
O armazenamento de gases, por seu turno, deve fazer-se num local isolado, sempre no exterior.
No quadro seguinte estã o patentes todas as combinaçõ es de armazenamentos de produtos
químicos.

Legenda:
(-) Armazenar separadamente
(+) Podem ser armazenadas em conjunto
(o) Nã o armazenar em conjunto, exceto se implementadas as medidas de
segurança adequadas.

Combinaçõ es de armazenamento químico

Atmosfera Perigosa

É o ambiente de trabalho em que se verificam condiçõ es adversas para a permanência dos


trabalhadores, quer pelo risco de explosã o, quer pela falta de oxigénio ou pela presença de
algum produto nocivo.
Os espaços confinados que contêm ou podem conter atmosferas perigosas resultantes da
insuficiência de oxigénio ou da presença de produtos ou misturas perigosas (inflamá veis, tó xicas
e/ou asfixiantes) que podem provocar:
- Asfixia por insuficiência de oxigénio (pode faltar o oxigénio suficiente para a respiraçã o, antes
ou depois do trabalhador ter entrado no espaço confinado; podem haver infiltraçõ es de fumos
perigosos; os gases nocivos podem substituir o oxigénio);
- Misturas inflamá veis ou atmosfera tó xica Para além da insuficiência de oxigénio, num espaço
confinado podem existir contaminaçõ es perigosas que se podem agrupar da seguinte forma:
- Gases combustíveis: gá s natural, gá s fabricado ou gases líquidos do petró leo;
- Vapores de combustíveis e de dissolventes líquidos: nafta, gasolina, petró leo, benzeno e outros
hidrocarbonetos;
- Gases resultantes da fermentaçã o de matérias orgâ nicas: metano, anidrido carbó nico,
hidrogénio, anidrido sulfuroso;
- Produtos da combustã o: anidrido carbó nico e monó xido de carbono proveniente do escape de
motores;
- Gases e substâ ncias volá teis dentro de condutas industriais;
- Gases formados em consequência de explosõ es e incêndios;
- Gases provenientes do uso de nitro-explosivos.
Dado que as misturas destas classes de contaminantes se produzem com frequência, no mesmo
espaço confinado podem coexistir os riscos de explosã o, de incêndio e de intoxicaçã o.

 - Efeitos na saú de

Contaminação e Intoxicação
Por definiçã o, contaminaçã o é a presença de agentes ou substâ ncias indesejá veis que
desvaloriza o material onde se encontram ou lhe confere características nocivas ou mesmo
tó xicas.
Intoxicaçã o é o efeito nocivo que é provocado quando uma substâ ncia tó xica é ingerida,
inspirada ou entra em contacto com a pele, com os olhos ou com as membranas mucosas

- RISCOS DE INCÊNDIO OU EXPLOSÃO


 - O fogo como reação química

Para determinar e controlar o fogo, para evitar que o incêndio se produza e para o extinguir é
necessá rio conhecer os fundamentos do fogo, combustã o, combustível, comburente, energia de ativaçã o
e reaçã o em cadeia.

A combustã o é uma reacçã o de oxidaçã o entre um corpo combustível e um corpo comburente. A


reacçã o é provocada por uma determinada energia de activaçã o, sendo do tipo exotérmica, ou seja, com
libertaçã o de calor. Ainda que os processos de combustã o sejam muito complexos, podem representar-
se mediante um triâ ngulo no qual cada um dos seus lados, representa um dos três factores essenciais
para produzir um fogo: combustível, comburente e energia de activaçã o.
Combustível

É toda e qualquer substâ ncia que em presença do oxigénio e de uma determinada energia de
activaçã o é capaz de arder.

Comburente

É o gá s em cuja presença o combustível pode arder;de uma forma geral, considera-se o


oxigénio como comburente típico que se encontra presente no ar ambiente (numa proporçã o
de aproximadamente 21%).

Energia de activação

É a fonte de energia que, ao manifestar-se sobre a forma de calor, pode provocar a


inflamaçã o dos combustíveis.

componentes do triâ ngulo do fogo

Estes três componentes formam o Triâ ngulo do Fogo. Esta representaçã o aceitou-se
durante muito tempo. No entanto, muitos fenó menos anó malos que se produziam no
incêndio nã o podiam explicar-se completamente tendo por base este triâ ngulo. A uniã o
sustentada destes três elementos leva ao aparecimento do quarto elemento, a Reacçã o em
cadeia, com o qual se produz a combustã o de maneira continuada. Devido a esse facto,
propô s-se uma nova representaçã o, que compreende as condiçõ es necessá rias para que se
produza um fogo, em forma de tetraedro.

A razã o para se empregar um tetraedro e nã o um quadrado, é que cada um dos quatro


elementos está directamente adjacente e em conexã o com cada um dos outros três como se
pode observar na figura.

.Formas de combustão
A combustã o torna-se mais fá cil se o combustível possuir algumas características: estado da
divisã o da matéria, por exemplo : uma folha de papel arde mais rapidamente se estiver em pedaços.
Para além disso, se num foco de incêndio dentro de uma sala, fecharmos as portas e as janelas, nã o
renovando o comburente, a velocidade da combustã o diminui. Sendo assim, podemos concluir que a
velocidade da combustã o depende de dois factores: grau de divisã o do combustível e grau de renovaçã o
ou alimentaçã o de comburente.

As reacçõ es de combustõ es podem classificar-se quanto à sua velocidade, em cinco tipos.

Combustão espontânea - é uma reacçã o química entre distintas matérias orgâ nicas a
qual é acompanhada de uma elevaçã o da temperatura que pode chegar à temperatura de
igniçã o sem introduçã o de calor externo.

Combustão lenta - é aquela que se reproduz a uma temperatura suficientemente baixa


para que nã o chegue a haver emissã o de luz (oxidaçõ es de metais e fermentaçõ es).

Combustão viva - é aquela em que se produz forte emissã o de luz, com chamas e
incandescência. é uma combustã o viva, em que a velocidade de propagaçã o é inferior à
velocidade do som (340 m/s).

Deflagração - é uma combustã o viva com velocidade de propagaçã o superior à


velocidade do som e na qual uma mistura de gases com o ar está nas condiçõ es ideais.

Explosão - A explosã o é, sem dú vida, uma brusca e violenta dilataçã o exercida sobre o
meio em que se dá, destruindo-o e produzindogrande ruído (detonaçã o).

Manifestaçõ es e produtos da combustã o

Os fumos e gases libertos sã o muitas vezes mais perigosos para o indivíduo que as pró prias chamas. O
fumo é irritante e pode provocar danos no aparelho respirató rio e/ou irritaçã o nos olhos. Os gases
podem ser tó xicos, sendo o monó xido de carbono o principal causador de vítimas nos incêndios.

Os produtos da combustã o podem manifestar-se isolada ou conjuntamente sob a forma

de: gases: sã o o resultado da modificaçã o da composiçã o do combustível.

fumo: aparece devido à combustã o incompleta, na qual pequenas partículas se tornam


visíveis, variando estas na sua cor, tamanho e quantidade.
chamas: sã o a manifestaçã o mais visível da combustã o, é uma zona de gases
incandescendentes visível em redor da superfície do material em combustã o. As chamas nã o
sã o mais que a combustã o de gá s.

calor: é a energia libertada pela combustã o, sendo o principal responsá vel pela
propagaçã o do fogo dado que aquece todo o ambiente, aquecendo ao mesmo tempo os
produtos combustíveis presentes, elevando as suas temperaturas à s temperaturas de
inflamaçã o e possibilitando deste modo a continuaçã o do incêndio.

Depois de nos referimos ao processo de desencadeamento dos incêndios, abordamos


seguidamente as formas de classificaçã o.

- PRINCIPAIS FONTES DE ENERGIA DE ATIVAÇÃO


 - Classes de Fogos

Atendendo aos diversos materiais combustíveis, foi acordado internacionalmente agrupá -


los nas seguintes classes.
As quatro classes supra mencionadas vã o facilitar a selecçã o da estratégia mais adequada à
extinçã o de determinado incêndio. Cada categoria requer um método e um meio de extinçã o apropriado.

 - Métodos de extinção

Quando ocorre um fogo, é preciso saber como extingui-lo. Como sã o necessá rios quatro
elementos para que exista combustã o, consequentemente terã o de existir métodos que
irã o actuar sobre um ou mais destes elementos para que se actue sobre o fogo de forma a
que seja extinto.

Existem quatro métodos de extinçã o (cada um vá lido para uma ou mais classes de fogo)

Arrefecimento - É o método mais empregue e consiste em baixar a temperatura do combustível e


do meio ambiente abaixo do seu ponto de igniçã o.

Abafamento- É o método que consiste no isolamento do combustível e do oxigénio ou na reduçã o


da concentraçã o deste no ambiente.

Diluição ou eliminação do Combustível - É o método que consiste na separaçã o do combustível


da fonte de calor ou do ambiente do incêndio.
Inibição da chama ou interrupção da reação em cadeia - Este método modifica a reacçã o
química, alterando a libertaçã o dos radicais livres produzidos na combustã o e impedindo, portanto,
que esta se desenvolva.

 - Meios de primeira intervenção – extintores

Existem vá rios agentes extintores que actuam de maneira específica sobre cada um dos quatro
elementos anteriormente citados (Tetraedro do Fogo), que sã o usados no fabrico dos Meios de 1ª
intervençã o (Extintores Portá teis e Redes de Incêndio Armadas).

A eleiçã o do agente adequado dependerá , fundamentalmente, da classe de fogo e das características


do combustível, como se pode verificar no Quadro nº5. Neste quadro, pretende-se dar uma visã o
global do cruzamento entre as classes do fogo e a eficá cia dos meios e agentes extintores
disponíveis.

CLASSIFICAÇÃO DOS EXTINTORES E A ESCOLHA DO AGENTE


EXTINTOR
Meios de primeira intervenção

-
Meios de primeira intervenção

Sã o considerados meios de primeira intervençã o os extintores portá teis e as redes de


incêndio armadas. Quer no caso dos Extintores Portá teis, como no caso das RIA, antes do seu
uso, verificar a sua adequaçã o ao tipo de fogo de acordo com o agente extintor em uso. No
caso das RIA, a á gua e nos Extintores Portá teis consultar a inscriçã o no corpo do mesmo,
onde devem constar, para além das classes de fogos, a capacidade, data de inspeçã o e
instruçõ es de utilizaçã o.
SINALÉTICA DE SEGURANÇA
os sinais de meios de evacuaçã o e os sinais de equipamentos de combate a incêndios, sendo que
tanto as normas Portuguesas como Internacionais têm aspectos comuns como as cores e as formas.
Para além disso, existem símbolos grá ficos que podem ser associados, dando origem a um leque
variado de sinais possíveis de serem criados.
A sinalética de segurança é factor fundamental, pois que, viabilizando o reconhecimento dos
obstá culos e indicando o percurso a seguir para uma evacuaçã o correcta, evita acidentes pessoais e
reduz o pâ nico.

Riscos elétricos

Eletricidade é um bem essencial, que há muito nos habituamos a tomar como garantido. Já nã o
sabemos viver sem ela, mas será que temos consciência dos riscos que a sua utilizaçã o indevida
pode acarretar?

Esses riscos colocam-se ao nível do utilizador comum e, principalmente, ao nível dos profissionais
que trabalham com a eletricidade.
Nã o vivemos em perigo permanente ao estarmos a usar equipamentos elétricos, é claro: temos,
porém, de tomar uma consciência global do que pode suceder se algo de errado corre:

- a nível humano (consequências físicas que, em ú ltima instâ ncia, podem culminar na morte);

- a nível material (destruiçã o de equipamentos, por exemplo).

É por isso que, de seguida, iremos escalpelizar os riscos que um trabalhador corre ao laborar
com material elétrico, as suas causas e consequências, bem como propor algumas medidas
essenciais de proteçã o e segurança.

Ao falarmos em riscos eléctricos para as pessoas, temos de ter muito presentes dois conceitos
fundamentais:

electrocussão - um choque eléctrico que origina um acidente mortal;

electrização - um choque eléctrico que nã o causa um acidente mortal, mas que pode originar
outro tipo de acidentes, com consequências que podem ser mais ou menos graves.

A distâ ncia que vai entre a electrocussã o e electrizaçã o depende de muitos factores. Assim, os
efeitos da corrente eléctrica variam de acordo com:

- O tempo de passagem;

- A intensidade;

- A frequência;

- O percurso através do corpo;

- A capacidade de reacçã o da pessoa.

Deste modo, em baixa tensã o, a morte é sobretudo condicionada pela acçã o local da quantidade
de electricidade que atinge o coraçã o. Em alta tensã o, por sua vez, a morte surge devido à
extensã o das queimaduras.

Por conseguinte, a perigosidade da corrente diminui com o aumento da frequência. As


frequências industriais (50/60hz) sã o as mais perigosas. Acima dos 10.000hz, os principais perigos
sã o as queimaduras, se as correntes forem muito intensas.
 - Riscos de contacto com a corrente elétrica: contatos diretos e indiretos

O Regulamento de Segurança de Instalaçõ es de Utilizaçã o de Energia Eléctrica identifica


duas categorias gerais de riscos eléctricos para as pessoas:

Directas:

- Defeito de isolamento da instalaçã o eléctrica;

- Contacto acidental com uma peça do cabo condutor sob tensã o.

Indirectas:

- Ligaçã o sú bita à rede de alimentaçã o

- Falta inesperada de electricidade.

Passando para situaçõ es mais específicas, podemos identificar as causas mais comuns de
acidentes eléctricos com condutores e ligaçõ es eléctricas:

- Cabos arrastados, dobrados, entalados, queimados, etc..

- Puxar pelo cabo de alimentaçã o;

- Mover equipamentos ou aparelhos com cabos em tensã o;

- Fichas e/ou tomadas pisadas ou atiradas ao chã o.

- Utilizar fita adesiva para fazer isolamentos;

- Aquecer os cabos dos equipamentos eléctricos de aquecimento;

- Utilizar equipamentos com cabos de ligaçã o deteriorados.

Por seu turno, os acidentes domésticos envolvendo a electricidade devem-se muitas vezes a:

- Sobrecarga das instalaçõ es;

- Candeeiros metá licos sem ligaçã o à terra;

- Trabalhos sob tensã o;


- Falta de corrente;

- Restabelecimento da corrente.

 - Efeitos da corrente elétrica sobre o corpo humano

O ponto de partida da técnica de protecçã o das pessoas é a determinaçã o do limiar do perigo


para o organismo humano. Esse perigo varia consoante a intensidade da corrente: quanto
maior, maiores efeitos fisioló gicos terá para o ser humano.

Normalmente, a corrente circula das mã os para os pés ou de uma mã o para a outra, situaçã o
esta que configura o maior perigo.

O acidente é ainda mais grave quando a trajectó ria da corrente atravessa o coraçã o, sendo
que o percurso mã o direita-pé esquerdo é o que provoca maiores riscos de fibrilaçã o
ventricular.

Os estados fisioló gico e patoló gico da pessoa influem na receptividade à corrente eléctrica.
Consequentemente, a gravidade do acidente depende:

 da fadiga;
 da idade:
 da saú de;
 da sede

Assim, em qualquer instalaçã o elétrica com uma determinada tensã o, a intensidade da


corrente que atravessará o corpo humano depende da resistência que este oferece à
passagem da corrente elétrica. Essa resistência resulta do seguinte somató rio:

- Resistência do ponto de contacto:

- Resistência dos tecidos internos que a corrente atravessa;

- Resistência da zona de saída da corrente.

 - Medidas de prevençã o e proteçã o

Como já aflorá mos anteriormente, existem vá rios tipos de medidas a tomar de forma a utilizar-
se uma eficaz política de proteçã o e segurança contra os riscos elétricos.
Podemos começar com as medidas informativas, essenciais a qualquer situaçã o, e que têm
como objetivo avisar e dar a conhecer a existência dos riscos de eletricidade. Alguns casos deste
tipo de medidas sã o:

- Sinais;

- Instruçõ es;

- Normas de Segurança.

Proteçã o obrigató ria das

mã os

Se se quiser atuar contra a possibilidade de contactos diretos, as medidas de proteçã o ativas


sã o as mais adequadas. Por exemplo:

- Recobrimento das partes ativas da instalaçã o;

- Uso da tensã o reduzida de segurança;

- Afastamento das partes ativas;

- Interposiçã o de obstá culos.

Por outro lado, se o objetivo for proteger as pessoas de contactos indiretos, existem alguns
tipos de medidas de proteçã o passivas que podem ser empregados:

- Emprego de tensã o reduzida de segurança;

- Separaçã o dos circuitos.

Além das medidas informativas, deve-se também atentar a outros exemplos de medidas de
proteçã o gerais:

- Isolamento dos elementos condutores estranhos à instalaçã o;

- Inacessibilidade simultâ nea de massas e elementos condutores estranhos à instalaçã o;

- Estabelecimento de ligaçõ es equipotenciais;

- Dispositivos diferenciais a corrente residual de alta sensibilidade (menor ou igual a 30


mA). Assim, os trabalhos em instalaçõ es elétricas devem:
- ser realizados por técnicos qualificados;

- ter, por regra, a instalaçã o fora de tensã o;

- ser devidamente identificados e sinalizados.

Podemos resumir a informaçã o de segurança em Cinco Regras de Ouro no que toca a trabalhos

em instalaçõ es elétricas:

Separar (ou isolar) a instalaçã o das fontes de alimentaçã o;

- Bloquear os aparelhos de separaçã o na posiçã o de aberto;

- Comprovar a ausência de tensã o;

- Ligar à terra e em curto-circuito;

- Delimitar a zona de trabalhos e proteger as peças em tensã o na vizinhança,


colocando dispositivos isolantes ou ecrã s.

 - RISCOS MECÂNICOS

Principais riscos mecâ nicos decorrentes da utilizaçã o geral de má quinas e respectivas medidas
de prevençã o

Principais Riscos

Os principais riscos mecâ nicos a que estã o expostos os trabalhadores quando maquinam peças
metá licas sã o:

hamento
Localização dos Perigos Mecânicos das Máquinas

Os principais perigos mecâ nicos das má quinas estã o directamente relacionados com os seus

ó rgã os mó veis, e encontram-se em 3 á reas fulcrais:

1. No ponto de operaçã o: ponto de corte, moldagem, perfuraçã o, estampagem, esmagamento ou


empilhamento de material

2. Mecanismos de transmissã o de força: qualquer componente do sistema mecâ nico que


transmita energia à s partes da máquina que executam o trabalho. Ex.: volantes, polias, correias,
junçõ es, engates, correntes, engrenagens, manivelas, etc.

3. Outras partes mó veis: todas as partes que se movam enquanto a má quina trabalha com
movimento recíproco. Ex.: movimentos rectilíneos, girató rios, alternados, mecanismos de
alimentaçã o ou partes auxiliares das má quinas.

Principais Causas de Acidentes Devidos à Utilização de Máquinas

Os acidentes quando ocorrem sã o, regra geral, imputados ao operador que desempenha a tarefa.
No entanto as suas verdadeiras causas sã o, na maioria das vezes, originadas por situaçõ es
alheias ao trabalhador mais direto, tais como:

 Elementos de proteçã o em falta, inadequados ou danificados


 Desenho da má quina incorreto (está pensado unicamente para o produto final e nã o para a
utilizaçã o por parte do trabalhador)
 Instalaçã o e montagem da má quina precá ria (movimenta-se, vibra, etc.)
 Utilizaçã o inadequada da máquina (submeter a má quina a esforços para os quais nã o está
dimensionada ou utilizá-la para outros fins que nã o aqueles a que se destina)
 Manutençã o da má quina deficiente ou inexistente
 Ferramentas da má quina em mau estado, inadequadas ou gastas
 Erros de comando (inexistência de sinalizaçã o ou instruçõ es dos comandos da má quina)
 Arranque intempestivo da má quina
 Impossibilidade de paragem da má quina em condiçõ es de segurança (inexistência ou deficiência
de funcionamento dos sistemas de paragem de emergência)

Medidas de Prevenção

Recomendaçõ es Gerais

Só devem ser adquiridas e colocadas em funcionamento as má quinas que cumpram os


requisitos mínimos de segurança e saú de (má quinas com marcaçã o CE).
Os sistemas de comando das má quinas devem ser bem visíveis, estar claramente
identificado e equipados com um comando à distâ ncia (sempre que seja possível),
posicionados e acessíveis fora da zona perigosa da má quina e possuir um sistema de
paragem de emergência acessível e devidamente identificado (este deve completar o
comando de paragem manual).
A colocaçã o da má quina ou equipamento em funcionamento só deve ser possível por
açã o voluntá ria do operador; uma manobra nã o intencional nunca deve provocar uma
situaçã o perigosa (o comando de arranque deve estar protegido contra o toque
inadvertido)
A ordem de paragem da má quina tem que ter prioridade sobre a ordem de arranque
Os dispositivos de segurança e proteçã o da má quina devem ser robustos e solidamente
fixos; devem ser concebidos de forma a poderem ser desmontados para que se possa
aceder à zona perigosa ou equipamento sem gerar riscos adicionais; a sua colocaçã o nã o
pode ocasionar riscos complementares e devem facilitar a observaçã o do ciclo de
trabalho.
Os ó rgã os de transmissã o, correias, engrenagens, polias, etc., devem estar devidamente
protegidos ou isolados
As zonas das má quinas onde existam riscos mecâ nicos e onde nã o haja uma intervençã o
por parte do operador devem possuir proteçõ es eficazes (ex.: proteçõ es fixas).
Todas as má quinas devem estar corretamente fixas ou está veis no pavimento.
Todas as má quinas devem ser mantidas num perfeito estado de conservaçã o, limpas e
oleadas.
A má quina dever ser manipulada sem distraçõ es e de acordo com as regras de segurança
estabelecidas.
A iluminaçã o dos locais de trabalho e de manutençã o deve ser suficiente e em funçã o das
exigências da tarefa.
Devem existir dispositivos de alerta que devem ser facilmente percebidos (se sonoros,
devem-se sobrepor ao ruído da má quina e ambiente) e a sua interpretaçã o deve ser
imediata e sem ambiguidade.
Todas as zonas perigosas das má quinas devem estar devidamente sinalizadas e
identificadas.
As má quinas devem ser alvo de manutençõ es perió dicas no sentido de se verificar o seu
funcionamento seguro, e de inspeçõ es adicionais sempre que sejam feitas alteraçõ es na
má quina, haja um acidente ou por falta de uso prolongado.
A manutençã o da má quina dever ser feita de preferência com o equipamento parado;
sempre que tal nã o seja possível devem ser tomadas medidas de prevençã o e
conformidade com a situaçã o.
Todos os trabalhadores que tenham de operar uma má quina devem receber formaçã o
adequada, que deve abordar os riscos a que estã o expostos, as zonas perigosas da
má quina e as condiçõ es seguras de operar a máquina.

Normas Básicas de Segurança

- Todos os trabalhadores devem utilizar os equipamentos de protecçã o individual adequados:

 ó culos ou viseiras de protecçã o contra a projecçã o de limalhas, aparas ou


fragmentos da má quina (principalmente ao mecanizar metais muito duros,
frá geis ou quebradiços)
 calçado de segurança que proteja contra os esmagamento (por queda de peças
pesadas) e perfuraçã o ou corte (recomenda-se a utilizaçã o de botas ou sapato
com biqueira e palmilha de aço)
 luvas adequadas ao trabalho a realizar (ter especial atençã o ao manusear peças
com arestas vivas)

- As limalhas e aparas resultantes do processo de maquinaçã o nunca devem ser retiradas com as
mã os; para tal deve ser utilizado:

 um pincel ou similar quando estas se encontram secas.


 uma escova de borracha quando estas se encontram hú midas ou com gordura.

- Nã o utilizar acessó rios durante o trabalho: anéis pulseiras, brincos, colares, etc.

- Os cabelos compridos devem ser usados sempre presos e protegidos por uma touca,

chapéu ou similar
- Os trabalhadores nã o devem utilizar a barba comprida (pode ficar presa em elementos da
má quina dotados de movimento).

Antes de Iniciar o Trabalho

Verificar se as proteçõ es das engrenagens, correias, etc., estã o colocadas corretamente e


devidamente fixas.
Nã o remover ou adulterar qualquer proteçã o ou barreira de proteçã o da má quina e nã o
iniciar o trabalho se alguma se encontrar danificada ou ausente
Verificar se os dispositivos de protecçã o se encontram no seu local e corretamente
instalados
Verificar se os elementos de fixaçã o da peça estã o em bom estado de conservaçã o e
devidamente fixos à má quina
Verificar se a peça a maquinar está corretamente fixa aos elementos de fixaçã o
Verificar que na mesa onde se vai maquinar a peça nã o se encontram ferramentas ou
peças que possam cair ou ser alcançadas e projetadas por elementos da má quina

Durante o Trabalho

 Durante a maquinaçã o das peças o operador deve manter as mã os afastadas da


ferramenta da má quina; para trabalhos que se realizem em ciclos automá ticos, nunca se
devem apoiar as mã os na mesa da má quina
 Todas as tarefas de verificaçã o, ajuste, etc., devem ser realizadas com a má quina parada,
especialmente as que se seguem:
 Afastar-se ou abandonar o posto de trabalho (mesmo que seja por um breve momento)
 Medir e calibrar
 Verificar o trabalho (acabamento da peça)
 Ajustar os elementos de protecçã o
 Direccionar o líquido de refrigeraçã o, ó leos de corte, etc.
 Limpar e/ou olear
 Colocar a peça a trabalhar na

má quina Operaçõ es de Manutençã o

Devem realizar-se em condiçõ es de segurança adequadas:

 Parar, sempre que seja possível, a má quina


 Sinalizar com avisos de proibiçã o de colocaçã o em funcionamento todas as
má quinas avariadas ou cujo funcionamento seja perigoso
 Para evitar a colocaçã o em funcionamento acidental de má quinas em manutençã o deve-
se bloquear o interruptor principal de acionamento da máquina ou desligar e bloquear
no quadro a alimentaçã o eléctrica da má quina (por exemplo, com cadeado)
 Todos os equipamentos desligados devem estar devidamente identificados, utilizando
para tal procedimentos de segurança: lock-out (desligar e bloquear o arranque da
má quina) e tag-out (aviso de má quina em manutençã o)

Utilizaçã o de Protetores

Os protetores sã o elementos que podem ser colocados nas má quinas com o objectivo de
proteger o trabalhador de uma determinada zona perigosa através da interposiçã o de uma
barreira material. Estes podem ter vá rias designaçõ es, consoante a sua construçã o: tampa,
porta, resguardo, etc.

Existem diversos tipos de protectores, com ou sem dispositivos de encravamento ou de


bloqueio associados, que devem ser escolhidos tendo em consideraçã o o risco que está
associado à parte da má quina a proteger, o normal funcionamento da máquina e das tarefas do
operador.

- MOVIMENTAÇÃO MECÂNICA DE CARGAS


- RISCOS ERGONÓMICOS

A ergonomia visa assegurar a melhor adaptaçã o de uma situaçã o de trabalho ao trabalhador e à


tarefa que ele realiza, de acordo com critérios de segurança e saú de.

Os riscos ergonó micos podem gerar distú rbios psicoló gicos e fisioló gicos, suscetíveis de provocar
sérios danos à saú de do trabalhador e comprometer a sua segurança e produtividade, como, por
exemplo: cansaço físico, perturbaçõ es mú sculo-esqueléticas, hipertensã o arterial, alteraçã o do
sono, doenças nervosas, doenças do aparelho digestivo.

Sã o considerados riscos ergonó micos a inadequada movimentaçã o manual de cargas, as


posturas e os movimentos inadequados, os movimentos repetitivos, a pressã o mecâ nica direta
sobre os tecidos do corpo, as vibraçõ es e o desconforto do ambiente térmico.

A prevençã o dos riscos ergonó micos comporta a aná lise do posto de trabalho, a identificaçã o dos
perigos e a avaliaçã o dos riscos a ele associados, a implementaçã o de medidas de prevençã o
adequadas a combater os riscos, a vigilâ ncia da saú de do trabalhador afetado, a disponibilizaçã o de
informaçã o e formaçã o adequadas, de modo a permitir que o trabalhador se torne agente ativo
dessa prevençã o, e, finalmente, implica a reavaliaçã o da eficá cia das alteraçõ es introduzidas.

Ao longo do processo produtivo na indú stria do calçado os trabalhadores podem estar sujeitos a
riscos ergonó micos com origem na ausência ou deficiente adaptaçã o ergonó mica dos postos de
trabalho que:

• Impedem ou dificultam a alternâ ncia de postura corporal do trabalhador;

• Submetem o trabalhador a movimentos inadequados ou de cadência excessiva, a pressõ es


mecâ nicas sobre os tecidos e sobre esforços.

A movimentaçã o manual de cargas em condiçõ es não adequadas é também suscetível de provocar


perturbaçõ es mú sculo-esqueléticas(lesõ es e dores nas costas e nos membros, tais como tendinites
e epicondilites).

- MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS

Entende-se por movimentaçã o ou transporte manual de cargas, qualquer operaçã o de


transporte e sustentaçã o de uma carga, por um ou mais trabalhadores, que devido à s suas
características ou condiçõ es ergonó micas desfavorá veis, comporte risco(s) para os mesmos,
nomeadamente na regiã o lombar. Desta forma, podemos dizer que os riscos inerentes ao transporte
manual de cargas estã o intimamente ligados com os factores de risco ergonó micos .

As principais lesõ es
derivadas do transporte
manual de cargas sã o as
relacionadas,
maioritariamente, com a
regiã o dorso – lombar, no
entanto, podemos assinalar
outras, tais como:

• Entorses;

• Esmagamento;

• Cortes;
Sendo assim, a entidade empregadora terá de tomar medidas apropriadas de forma a eliminar
ou minimizar os riscos inerentes à atividade de movimentaçã o manual de cargas. Estas medidas passam
por, se possível, substituir o transporte manual de cargas pelo transporte mecâ nico das mesmas,
introduzir medidas de organizaçã o adequadas ou fornecer aos trabalhadores os meios adequados para a
execuçã o do trabalho em segurança, possibilitar ao trabalhador espaço livre suficiente, nomeadamente
vertical, para o exercício da atividade, segundo uma postura segura e correta, providenciar pavimentos
ou pontos de apoio está veis, providenciar pavimentos regulares e nã o escorregadios, providenciar
temperatura, humidade ou circulaçã o de ar adequadas, proporcionar ao trabalhador períodos
suficientes de descanso e recuperaçã o fisioló gica e providenciar formaçã o e informaçã o aos
trabalhadores.

Ergonomia-Boas práticas Trabalho sentado

Conforto visual -para garantir o conforto


visual, mantenha seu monitor entre 45 e 70 cm
de distancia e regule sua altura no má ximo até
a sua linha de visã o. Isto pode ser feito através
de um suporte de monitor, ou pela utilizaçã o de
mesas dinâmicas. Sempre que possível procure
descansar a vista, olhando para objetos
(quadros, plantas, aquá rios, etc...) e paisagens a
mais de 6 metros.

Punho neutro é fundamental- Assim como


altura do monitor, a do teclado também deve
ser regulá vel. Ajuste-a até que fique no nível da
altura dos seus cotovelos. Durante a digitaçã o é
importante que o punho fique neutro .
Mantenha o teclado sempre na posiçã o mais
baixa e digite com os braços suspensos ou use
um apoio de punho!

Pés bem apoiados- É importante que as


pessoas possam trabalhar com os pés no chã o.
As cadeiras devem possuir regulaçã o compatíveis com as da populaçã o em questã o. Quando a cadeira
nã o permite que a pessoa apoie os pés no chã o, a soluçã o é adotar um apoio para os pés, que serve para
relaxar a musculatura e para melhorar a circulaçã o sanguínea dos membros inferiores.
Dê um descanso para as costas- com exceçã o de algumas atividades, as cadeiras devem possuir
espaldar (encosto) de tamanho médio. Uma maior superfície de apoio, garante uma melhor distribuiçã o
do peso corporal, e um melhor relaxamento da musculatura.

Iluminação - Para evitar reflexos, as superfícies de trabalho, paredes e pisos, devem ser foscas e o
monitor deve possuir uma ecrã antirreflexo. Evite posicionar o computador perto de janelas e use
luminá rias com proteçã o adequada.

Cores - Equilibre as luminâ ncias usando cores suaves em tons de mate. Os coeficientes de reflexã o das
superfícies do ambiente devem ser e3m torno de 80% para o teto; 15 a 20% para o piso; 60% para a
parede (parte alta); 40% para as divisó rias, para a parede (parte baixa) e para o mobiliá rio.

Temperatura - temperaturas confortá veis, para ambientes informatizados, sã o entre 20 e 22 graus


centígrados no inverno, e entre 25 e 26 graus centígrados no verã o (com níveis de humidade entre 40 a
60%).

Acústica - É recomendá vel para ambientes de trabalho em que exista solicitaçã o intelectual e atençã o
constante, índices de pressã o sonora inferiores a 65 dB (A). Por esse motivo recomenda-se o adequado
tratamento do teto e paredes, através de materiais acú sticos e a adoçã o de divisó rias especiais.

Humanização do ambiente - Sempre que possível humanize o ambiente (plantas, quadros e quando
possível som ambiente). Estimule a convivência social entre os funcioná rios.

- Riscos psicossociais

As mudanças significativas que ocorreram no mundo do trabalho nas ú ltimas décadas


resultaram em riscos emergentes no campo da segurança e saú de ocupacional e levaram - além de
riscos físicos, químicos e bioló gicos - ao surgimento de riscos psicossociais.

Os riscos psicossociais relacionados com o trabalho têm sido identificados como um dos grandes
desafios contemporâ neos para a saú de e segurança e estã o ligados a problemas nos locais de trabalho,
tais como o stress, violência, assédio e intimidaçã o no trabalho.

Cerca de metade dos trabalhadores europeus considera o stresse uma situaçã o comum no local
de trabalho, que contribui para cerca de 50% dos dias de trabalho perdidos. À semelhança de muitas
outras questõ es relacionadas com a saú de mental, o stresse é frequentemente objeto de incompreensã o
e estigmatizaçã o. No entanto, se forem abordados enquanto problema organizacional e nã o falha
individual, os riscos psicossociais e o stresse podem ser controlados da mesma maneira que qualquer
outro risco de saú de e segurança no local de trabalho.
Os riscos psicossociais decorrem de deficiências na conceçã o, organizaçã o e gestã o do trabalho, bem
como de um contexto social de trabalho problemá tico, podendo ter efeitos negativos a nível psicoló gico,
físico e social tais como stresse relacionado com o trabalho, esgotamento ou depressã o. Eis alguns
exemplos de condiçõ es de trabalho conducentes a riscos psicossociais:

 cargas de trabalho excessivas;


 exigências contraditó rias e falta de clareza na definiçã o das funçõ es;
 falta de participaçã o na tomada de decisõ es que afetam o trabalhador e falta de
controlo sobre a forma como executa o trabalho;
 má gestã o de mudanças organizacionais, insegurança laboral;
 comunicaçã o ineficaz, falta de apoio da parte de chefias e colegas;
 assédio psicoló gico ou sexual, violência de terceiros.

Ao considerar as solicitaçõ es profissionais, importa nã o confundir riscos psicossociais como a


carga de trabalho excessiva com as condiçõ es, embora estimulantes e por vezes desafiantes, de um
ambiente de trabalho construtivo em que os trabalhadores sã o bem preparados e motivados para dar o
seu melhor. Um ambiente psicossocial positivo promove o bom desempenho e o desenvolvimento
pessoal, bem como o bem-estar mental e físico dos trabalhadores.

Os trabalhadores sofrem de stresse quando as exigências inerentes à funçã o excedem a sua


capacidade de lhes dar resposta. Além de problemas de saú de mental, os trabalhadores afetados por
stresse prolongado podem acabar por desenvolver graves problemas de saú de física, como doenças
cardiovasculares ou lesõ es mú sculo-esqueléticas.

Para a organizaçã o, os efeitos negativos incluem um fraco desempenho geral da empresa,


aumento do absentismo, "presenteísmo" (trabalhadores que se apresentam ao trabalho doentes e
incapazes de funcionar eficazmente) e subida das taxas de acidentes e lesõ es. Os períodos de
absentismo tendem a ser mais longos do que os decorrentes de outras causas e o stresse relacionado
com o trabalho pode contribuir para um aumento da taxa de reforma antecipada, em particular entre
trabalhadores administrativos. Os custos estimados para as empresas e para a sociedade sã o
significativos e chegam aos milhares de milhõ es de euros a nível nacional. O stresse é o segundo
problema de saú de relacionado com o trabalho mais referido na Europa.

Uma sondagem de opiniã o de âmbito europeu conduzida pela EU-OSHA concluiu que mais de
metade dos trabalhadores considerava o stresse como uma situaçã o comum no local de trabalho. As
causas mais comuns do stresse relacionado com o trabalho referidas foram a reorganizaçã o do trabalho
e a insegurança de emprego (indicadas por cerca de 7 em cada 10 inquiridos), acréscimo das horas de
trabalho, carga de trabalho excessiva, assédio ou intimidaçã o no local de trabalho (cerca de 6 em cada
10 inquiridos). A mesma sondagem demonstrou que cerca de 4 em cada 10 trabalhadores consideram
que o stresse nã o é tratado de forma adequada no local de trabalho.

No mais abrangente Inquérito Europeu à s Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes


(ESENER), cerca de 8 em cada 10 dirigentes europeus manifestaram preocupaçã o com o stresse nos
respetivos locais de trabalho; todavia, menos de 30% admitiram ter implementado procedimentos para
lidar com os riscos psicossociais. O inquérito também concluiu que quase metade das entidades
empregadoras considera que os riscos psicossociais sã o mais difíceis de gerir do que os riscos
"tradicionais" ou mais ó bvios de segurança e saú de no trabalho.

Com a abordagem correta, os riscos psicossociais e o stresse relacionado com o trabalho podem
ser prevenidos e geridos com sucesso, independentemente da dimensã o ou tipo de empresa. Nesse
sentido, podem ser tratados da mesma forma ló gica e sistemá tica que outros riscos de saú de e
segurança no local de trabalho.

A gestã o do stresse constitui nã o só uma obrigaçã o moral e um bom investimento para as


entidades empregadoras como também um imperativo legal estabelecido na Diretiva-Quadro
89/391/CEE, reforçado por acordos-quadro com os parceiros sociais sobre stresse no trabalho e sobre
assédio e violência no trabalho.

Além disso, o Pacto Europeu para a Saú de Mental e Bem-Estar reconhece a mutaçã o das
solicitaçõ es e a intensificaçã o das pressõ es no local de trabalho e incentiva as entidades empregadoras a
implementar medidas voluntá rias suplementares para a promoçã o do bem-estar mental.

Embora as entidades empregadoras tenham a responsabilidade legal de assegurar a avaliaçã o e o


controlo adequados dos riscos no local de trabalho, é essencial garantir também o envolvimento dos
trabalhadores. Os trabalhadores e os respetivos representantes têm uma melhor perceçã o dos
problemas que podem ocorrer no local de trabalho. A sua participaçã o garantirá que as medidas
aplicadas sejam adequadas e eficazes. A EU-OSHA disponibiliza um vasto conjunto de informaçõ es e
instrumentos prá ticos para a identificaçã o, prevençã o e gestã o dos riscos psicossociais e do stresse
relacionado com o trabalho.
SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE
- Conceito

A sinalizaçã o de segurança tem por objetivo chamar a atençã o das pessoas, de forma rá pida e
inequívoca, para as situaçõ es que, nos espaços onde elas se encontram, comportem riscos para a
sua segurança.

A sinalizaçã o de segurança deverá existir em todos os locais de trabalho, qualquer que seja a
atividade, para abranger quer os trabalhadores quertodos aqueles que temporariamente aí se
encontrem (ex.: visitas, fornecedores, prestadores de serviços externos), mas também nos locais
que habitualmente se encontram abertos ao pú blico.

A sinalizaçã o de segurança e saú de reveste vá rias formas - sinais coloridos; acú sticos; verbais;
gestuais - adaptando-se à situaçã o que pretendem prevenir, mas de certo modo, todas elas se
complementam entre si.

A forma utilizada, a cor, o nú mero e dimensã o dos sinais de segurança dependerã o da


importâ ncia dos riscos, dos perigos existentes e da extensã o da zona a cobrir.

Todos os equipamentos de sinalizaçã o de segurança deverã o ser mantidos em bom estado de


conservaçã o (limpeza e funcionamento), nã o devendo ser confundida ou afetada por qualquer
outro tipo de sinalizaçã o ou fonte emissora estranha à sinalizaçã o de segurança.

. Tipos de sinalização

Existem vá rias formas de sinalizaçã o universais e que se complementam entre si:

➱ Sinais coloridos (pictogramas ou luminosos) para assinalar riscos ou dar indicaçõ es;

➱ Sinais acú sticos habitualmente para assinalar situaçõ es de alarme e de evacuaçã o;

➱ Comunicaçã o verbal;➱ Sinais gestuais para que, quando a comunicaçã o de viva voz nã o
seja possível, se possam dar as indicaçõ es necessá rias.
2.1 SINAIS COLORIDOS (PICTOGRAMAS)

A forma geométrica e o significado dos sinais de segurança, bem como a combinaçã o das formas e
das cores e seu significado nos sinais estã o indicados nos quadros 1 e 2.

mente os sinais relativos à sinalização de segurança e saúde. De qualquer forma, existem disponíveis no mercado alguns outros sinais q
SINAIS DE PROIBIÇÃO
A sinalizaçã o de obstá culos e locais permanentemente perigosos, tais como degraus de escadas,
buracos no pavimento ou locais que apresentem um risco de choque, quedas ou passos em falso, ou
ainda risco de queda de materiais, deverá ser feita com a ajuda de faixas preto/amarelo ou entã o
vermelho/branco.

A sinalizaçã o referida deverá ser feita tendo em conta as dimensõ es do obstá culo ou do local
perigoso.

Sinais relativos a recipientes e tubagens

Os recipientes que contenham substâ ncias ou preparaçõ es perigosos, tal como definidos na
Portaria n.º 1152/97 de 12 de Novembro, bem como as tubagens visíveis que os contenham,
deverã o estar rotulados sob a forma de pictogramas sobre fundo colorido, como indicado no
referido diploma, ou sinalizados por meio de placas com o sinal de aviso adequado e informaçã o
complementar, nomeadamente a fó rmula química da substâ ncia ou preparado perigoso e
pormenores sobre os riscos.

Sinalização das vias de circulação

Quando a proteçã o dos trabalhadores o exija, as vias de circulaçã o de veículos deverã o ser
identificados com faixas contínuas que podem ser brancas ou amarelas, localizadas de modo a
garantir as distâ ncias de segurança necessá rias, quer entre os veículos e trabalhadores, quer entre

ambos e os objetos ou instalaçõ es que possam encontrar-se na vizinhança.

SINAIS ACÚSTICOS

Podem ser de vá rios tipos e características, por exemplo:

➱ Intermitentes (indicando um maior perigo);

➱ Contínuos, normalmente associados a situaçõ es de alarme ou evacuaçã o.

SINAIS LUMINOSOS

Os sinais luminosos de segurança deverã o garantir um contraste nã o excessivo, mas também nã o


insuficiente, tendo em vista as suas condiçõ es de utilizaçã o. A superfície luminosa deverá ser de
uma cor uniforme igual, conforme o caso, com as cores usadas nos sinais coloridos (pictogramas). A
alimentaçã o elétrica dos sinais luminosos deverá ser autó noma.

SINAIS GESTUAIS

Os gestos devem ser simples, fá ceis de executar e de compreender.

Nos quadros seguintes, exemplificam-se alguns gestos codificados.


EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA E DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
Todas as profissõ es apresentam algum tipo de risco para o bem estar de quem as executa. Desde os
trabalhos que tradicionalmente sã o associados à s mortes e acidentes graves no local de trabalho, até aos
trabalhos mais sedentá rios ou que apresentam menor esforço físico, uma vez que também estes
apresentam riscos de lesõ es mú sculo-esqueléticas ou do foro psicoló gico, por exemplo. Segundo a
Agência Europeia para a Segurança e Saú de no Trabalho (OSHA-EU) os escorregõ es, tropeçõ es e quedas
sã o a causa mais frequente de acidentes em todos os sectores, desde a indú stria transformadora pesada
ao trabalho de escritó rio. Entre os demais perigos, podem referir-se a queda de objetos, as queimaduras
térmicas e químicas, incêndios e explosõ es, substâ ncias perigosas e stresse. Para prevenir acidentes no
local de trabalho, as entidades patronais devem instaurar um sistema de gestã o da segurança que inclua
a avaliaçã o de riscos e procedimentos de acompanhamento. A avaliaçã o dos riscos deve,
prioritariamente, analisar a possibilidade de prevenir ou evitar os riscos, a eliminaçã o pode passar por:
 Avaliar se a tarefa ou atividade é necessá ria;
 Eliminar efetivamente o perigo;
 Utilizar diferentes substâ ncias ou processos de trabalho

 - Principais tipos de proteção coletiva e de proteção individual

Equipamentos de Proteção Coletiva, sã o equipamentos utilizados para proteçã o de segurança


enquanto um grupo de pessoas realizam determinada tarefa ou atividade. O Equipamento de Proteçã o
Coletiva deve ser usado prioritariamente ao uso do Equipamento de Proteçã o Individual por exemplo:
um equipamento de enclausuramento acú stico deve ser a primeira alternativa a ser indicada numa
situaçã o onde houver risco físico de ruido, por proteger o coletivo. E somente quando esta condiçã o nã o
for possível, deve ser pensado o uso de protetores auditivos como Equipamentos de Proteçã o
Individuais (EPI) para proteçã o dos trabalhadores, pois sã o de uso apenas individual.

Como exemplos de EPC podem ser citados:

 Enclausuramento acú stico de fontes de ruído


 Exaustores para gases, névoas e vapores contaminantes
 Ventilaçã o dos locais de trabalho
 Proteçã o de partes mó veis de má quinas
 Sensores em má quinas
 Barreiras de proteçã o em máquinas e em situaçõ es de risco
 Corrimã o e guarda-corpos
 Fitas sinalizadoras e antiderrapantes em degraus de escada
 Piso Antiderrapante
 Barreiras de proteçã o contra luminosidade e Radiaçã o (Solda)
 Cabines para pintura
 Redes de Proteçã o (nylon)
 Isolamento de á reas de risco
 Sinalizadores de segurança (como placas e cartazes de advertência, ou fitas zebradas)
 Lava-olhos
 Detetores de Tensã o
 Chuveiros de segurança
 Chuveiro Lava Olhos
 Primeiros socorros Kit de primeiros socorros

Segundo a Diretiva 89/656/CEE o Equipamento de Proteçã o Individual é “qualquer equipamento


destinado a ser usado ou detido pelo trabalhador para sua proteçã o contra um ou mais riscos
suscetíveis de ameaçar a sua segurança ou saú de no trabalho, bem como qualquer complemento ou
acessó rio destinado a esse objetivo.”

Na general idade, os EPI devem ser util izados quando os riscos existentes nã o puderem ser evitados
ou suficientemente l imitados por meios técnicos de proteçã o coletiva ou por medidas, métodos ou
processos de organizaçã o do trabalho. Para além de um estudo prévio, que deve envolver os
trabalhadores na escolha do EPI mais adequado à tarefa a executar, devem sensibilizar-se os
trabalhadores que têm a necessidade de utilizaçã o dos EPI para:

 Usar o equipamento de proteçã o de forma adequada,


 Estar ciente de quando o EPI é necessá rio,
 Saber que tipo de equipamento de proteçã o é necessá rio,
 Entender as l imitaçõ es do EPI na proteçã o de trabalhadores contra lesõ es,
 Colocar, ajustar, vestir e retirar EPI,
 Manter o equipamento de proteçã o de forma adequada.

Os EPI sã o uma ferramenta ú til, mas que deve ser bem estudada para que a sua açã o seja
efetivamente preventiva e nã o prejudicial ao trabalhador quando a util iza, quer por pô r perigo a sua
condiçã o, ou por nã o permitir que execute com eficiência e conforto a sua tarefa. Os EPI mais
frequentemente utilizados estã o descritos a seguir, bem como a sua utilidade.

Proteção contra lesões na cabeça

Os capacetes podem proteger de impactos na cabeça, lesõ es de perfuraçã o, e lesõ es elétricas


como as causadas por queda ou objetos voadores, objetos fixos, ou contato com condutores elétricos. Os
trabalhadores também devem cobrir ou proteger os cabelos compridos para evitar que fiquem presos
em peças de má quinas como correias e correntes

Proteção contra lesões nos pés e pernas

Além da proteçã o para os pés e botas/sapatos de segurança, as calças (por ex,. couro, fibra têxtil
aluminizada, ou outro material apropriado) podem ajudar a prevenir lesõ es ao proteger trabalhadores
de perigos como queda ou objetos rolantes, objetos afiados, superfícies hú midas e escorregadias, metais
fundidos, superfícies quentes e perigos elétricos.

Proteção contra lesões nos olhos e rosto

Além dos ó culos de proteçã o, os EPI, como capacetes especiais ou bl indagens, ó culos com
proteçã o lateral e proteçã o para o rosto podem proteger trabalhadores de fragmentos perigosos ou
voadores, lascas grandes, faíscas quentes, radiaçã o ó tica, derrame de metais fundidos, bem como
objetos, partículas, areia, vapores, pó s e faísca.

Proteção contra perda auditiva

Usar tampõ es ou protetores auriculares pode ajudar a prevenir um dano auditivo. A exposiçã o a
altos níveis de ruído pode provocar perda auditiva irreversível ou deficiência além de stresse físico e
psicoló gico. Os tampõ es auriculares feitos de espuma, algodã o encerado, ou lã de fibra de vidro ajustam-
se automaticamente e geralmente encaixam bem. Um profissional deve verificar individualmente os
protetores auriculares moldados ou pré-fabricados dos trabalhadores. Os protetores auriculares devem
ser l impos regularmente e substituídos quando nã o podem ser l impos.

Proteção contra lesões nas mãos

Os trabalhadores expostos a substâ ncias perigosas através da absorçã o pela pele, cortes severos
ou laceraçõ es, abrasõ es severas, queimaduras químicas, queimaduras térmicas e temperaturas
extremas perigosas beneficiarã o da proteçã o para as mã os.

Proteção contra lesão corporal

Em alguns casos, os trabalhadores devem proteger a maior parte do corpo contra perigos no
local de trabalho, como exposiçã o ao calor e radiaçã o além de metais quentes, líquidos escaldantes,
fluídos corporais, materiais perigosos ou dejetos e outros perigos.

Além de roupa resistente ao fogo e algodã o resistente ao fogo, os materiais usados nos EPI que
cobrem todo o corpo incluem borracha, couro, sintéticos e plá stico.

Proteção respiratória

Quando nã o é possível uma situaçã o de aspiraçã o/el iminaçã o de materiais que ponham em
risco a saú de respirató ria, os trabalhadores devem usar respiradores apropriados que os protejam
contra efeitos de saú de adversos causados por respirar ar contaminado como pó s perigosos, névoas,
fumos, vapores, gases ou líquidos pulverizados. Os respiradores geralmente cobrem o nariz e a boca ou
todo o rosto ou cabeça e ajudam a prevenir doenças e lesõ es. Contudo, é essencial um encaixe adequado
para os respiradores serem eficientes.
CONCLUSÃO

Na sociedade em que nos inserimos, urge cada vez mais agir no presente, para garantir o futuro,
sendo esta filosofia, a que melhor define o desenvolvimento sustentá vel. Nã o apenas consciencializar é
importante, mas também agir e saber como agir, começando por conhecer os nossos direitos e deveres
enquanto cidadã os.

Atualmente, a prevençã o de riscos profissionais e a promoçã o da saú de do trabalhador é um dos


princípios gerais consagrados na legislaçã o nacional e, como tal, é uma obrigaçã o das entidades
empregadoras assegurar o funcionamento dos serviços de segurança e saú de no trabalho.

A segurança e saú de no trabalho é um direito de todas as pessoas que exercem uma atividade
profissional. O cumprimento das regras de segurança é um dever de todos.

Para isso, é essencial que os trabalhadores estejam sensibilizados para os riscos que correm e
para as formas que existem para os combater, protegendo a sua integridade e a sua capacidade,
contribuindo para um aumento da produtividade e qualidade dos serviços prestados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Bombeiro. Sintra: Escola Nacional de Bombeiros, 2002,87 pag.

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Bombeiro. Sintra: Escola Nacional de Bombeiros, 2002, 75pag.

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incêndio Portá teis . NP 3064: Instituto Português da Qualidade. Lisboa: Certitecna, 1989, 9 pag.

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Civil – Plano de emergência para estabelecimentos de ensino. Lisboa: SNPC, 1995, 48 pag.

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GOMES, Artur – Ventilaçã o táctica, Vol. XII: Manual de Formaçã o inicial do Bombeiro. Sintra: Escola
Nacional de Bombeiros, 2002 62 pag.

CHIAVENATO, Adalberto- Recursos Humanos, 4ª Ed. Sã o Paulo: Ed. Atlas, 1997 643 pag.

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