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ANÁLISE ESTRUTURAL DE CASCAS COM O ELEMENTO

FINITO CST-DKT

Fábio Teller Alves

Projeto de Graduação apresentado ao Curso


de Engenharia Civil, Escola Politécnica, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro Civil.

Orientadores: Gilberto Bruno Ellwanger


José Luis Drummond Alves

Rio de Janeiro
Setembro de 2017
ANÁLISE ESTRUTURAL DE CASCAS COM O ELEMENTO FINITO CST-
DKT

Fábio Teller Alves

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO


DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

___________________________________________
Prof. Gilberto Bruno Ellwanger, D.Sc.

___________________________________________
Prof. José Luis Drummond Alves, D.Sc.

___________________________________________
Prof. Maria Cascão Ferreira de Almeida, D.Sc.

___________________________________________
Prof. Claudio Marcio Silva Dantas, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL.


SETEMBRO DE 2017
 
 
 

Alves, Fábio Teller


Análise Estrutural de Cascas com o Elemento Finito
CST-DKT / Fábio Teller Alves. - Rio de Janeiro: UFRJ /
ESCOLA POLITÉCNICA, 2017.
VIII, 60 p.: il.; 29,7 cm
Orientadores: Gilberto Bruno Ellwanger e José Luis
Drummond Alves
Projeto de Graduação – UFRJ / POLI / Engenharia
Civil, 2017.
Referencias Bibliográficas: p.59 -60.
1. Análise estrutural de cascas. 2. Modelagem
Numérica. I. Ellwanger, Gilberto Bruno et al. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,
Curso de Engenharia Civil. III. Implementação de Programa
de Análise Estrutural de Cascas.

iii 
 
 
 
 
Agradecimentos
Aos meus pais, pela paciência e carinho.
À Stella, por não esquecer.
Aos meus amigos, passados, presentes e futuros, pelo apoio e diversão.
A todos os professores da minha vida, formais e informais, por todo o aprendizado,
proposital ou não.
Aos meus orientadores, por me ajudarem a finalmente começar outro capítulo da
minha vida.

iv 
 
 
 
 
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ANÁLISE ESTRUTURAL DE CASCAS COM O ELEMENTO FINITO CST-DKT

Fábio Teller Alves


Setembro/2017
Orientadores: Gilberto Bruno Ellwanger e José Luis Drummond Alves

Curso: Engenharia Civil

RESUMO

Este trabalho se propõe a implementar um código de análise estrutural de cascas


através do uso de elementos finitos, utilizando a formulação dos elementos triangulares
de deformação constante (CST) e Kirchhoff discreto (DKT). Os modelos físicos e
matemáticos por traz desses elementos foram estudados e suas implementações
numéricas concebidas. O trabalho apresenta a organização interna do programa, incluindo
a metodologia de solução do sistema linear de equações resultante. Exemplos de análises
estruturais foram utilizados para verificar a confiabilidade do código em casos
particulares para se testar o CST, o DKT e a junção dos dois. Foi possível averiguar que
a implementação apresenta bons resultados primários.

Palavras-chave: Teoria de Kirchhof, Método dos Elementos Finitos, Comportamento de


Cascas


 
 
 
 
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Civil Engineer.

STRUCTURAL SHELL ANALYSIS WITH THE CST-DKT FINITE ELEMENT

Fábio Teller Alves


September/2017

Advisors: Gilberto Bruno Ellwanger and José Luis Drummond Alves

Graduation: Civil Engineering

ABSTRACT

This project proposes to implement a finite element structural shell analysis


program, with the use of the Constant Strain Triangle (CST) and Discrete Kirchhoff
Triangle (DKT) formulations. The physical and mathematical modelling of these
elements were studied and their numerical implementation conceived. This work presents
the internal organization of the program, including the methodology behind the linear
equation system solver. Structural analysis examples are presented in order to verify the
program’s reliability in particular cases to test the CST model, the DKT model and the
union of the two. The implementation presents good primary results.

Keywords: Kirchhoff Plate Theory, Finite Elements Method, Behavior of Shells

vi 
 
 
 
 
SUMÁRIO

1  Introdução .......................................................................................................... 1 
1.1  Motivação ................................................................................................... 1 
1.2  Objetivo ...................................................................................................... 1 
1.3  Revisão da Literatura .................................................................................. 2 
1.4  Exemplos de estruturas representáveis por cascas ..................................... 2 
1.5  Organização do Trabalho............................................................................ 3 
2  Formulação Matemática..................................................................................... 4 
2.1  Formulação do Elemento de Placa ............................................................. 4 
2.2  Equação do Elemento de Placa................................................................... 7 
2.2.1  Forma Variacional ................................................................................ 7 
2.2.2  Sistema de Coordenadas Isoparamétricas............................................. 8 
2.2.3  Funções de Forma............................................................................... 10 
2.2.4  Integração Numérica........................................................................... 10 
2.3  Formulação Teórica de EPT ..................................................................... 11 
2.4  equação do elemento de membrana .......................................................... 12 
2.4.1  Forma Variacional. ............................................................................. 12 
2.4.2  Sistema de Coordenadas Isoparamétricas........................................... 13 
2.4.3  Funções de Forma. .............................................................................. 14 
2.5  Montagem do Elemento de Casca ............................................................ 15 
2.6  Sistema Local/Global de Rigidez ............................................................. 16 
2.6.1  Aplicação ............................................................................................ 16 
2.6.2  Formulação ......................................................................................... 17 
2.7  Avaliação das tensões no elemento de casca ............................................ 18 
2.7.1  deformações de membrana ................................................................. 19 
2.7.2  Deformações de placa ......................................................................... 19 
2.7.3  Estado de Tensões .............................................................................. 20 
3  Implementação ................................................................................................. 21 
3.1  Organização dos Dados ............................................................................ 21 
3.1.1  Pontos Nodais e Elementos ................................................................ 21 
3.1.2  Propriedades dos Elementos ............................................................... 22 
3.1.3  Numeração das Equações e Carregamentos ....................................... 22 
3.1.4  Armazenamento ‘Skyline’ da Matriz de Rigidez ............................... 24 
3.1.5  Deslocamentos, Rotações e Tensões .................................................. 26 

vii 
 
 
 
 
3.1.6  Glossário de Armazenamento de Dados............................................. 27 
3.2  Entrada de Dados ...................................................................................... 27 
3.2.1  Arquivo GEO...................................................................................... 28 
3.2.2  Arquivo CNTR ................................................................................... 28 
3.2.3  Arquivo RHSV ................................................................................... 29 
3.3  Saída de Dados ......................................................................................... 30 
3.3.1  Arquivo CASE.................................................................................... 30 
3.4  Matriz de Rigidez ..................................................................................... 30 
3.5  Solução do Sistema de Equações.............................................................. 31 
3.5.1  Eliminação Gaussiana ........................................................................ 31 
3.5.2  Método LDLT ..................................................................................... 32 
3.5.3  Solução da Coluna Ativa .................................................................... 33 
4  Testes de Verificação ....................................................................................... 37 
4.1  Comportamento de Membrana ................................................................. 37 
4.1.1  Concentração de Tensão ..................................................................... 37 
4.1.2  Caso Teste .......................................................................................... 38 
4.1.3  Resultados........................................................................................... 41 
4.2  Comportamento de Placa .......................................................................... 47 
4.2.1  Caso Teste .......................................................................................... 47 
4.2.2  Resultados........................................................................................... 50 
4.3  Comportamento de Casca ......................................................................... 54 
4.3.1  Caso Teste .......................................................................................... 54 
4.3.2  Resultados........................................................................................... 55 
5  Conclusão ......................................................................................................... 58 
5.1  Resultados................................................................................................. 58 
5.2  Trabalhos Futuros ..................................................................................... 58 
5.2.1  Estudo de Desvios .............................................................................. 58 
5.2.2  Implementação Própria para Matrizes Esparsas ................................. 58 
5.2.3  Implementação de Elementos de Maior Ordem ................................. 58 
6  Referências bibliográficas................................................................................ 59 

viii 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

Atualmente, um dos ramos de engenharia que mais cresce é a engenharia


computacional. Com o progressivo aumento na potência e capacidade dos computadores,
aliado às décadas de estudo de métodos numéricos, as simulações numéricas são cada vez
mais as principais responsáveis pelo avanço científico e industrial no mundo inteiro.
Isso se deve ao fato de que, através da engenharia computacional, é possível
prever e analisar uma gama de eventos em escalas anteriormente impossíveis, como a
simulação gravitacional dinâmica de uma galáxia inteira ou a dispersão de poluentes no
oceano. Programas de simulação numérica são amplamente usados virtualmente em todas
as áreas da engenharia para análise de estruturas, sólidos em geral e fluidos.
Devido ao grande avanço na ciência dos materiais, encontrando e desenvolvendo
materiais cada vez mais resistentes, há uma crescente demanda por estruturas
extremamente delgadas, de modo a reduzir custos. Com isso em mente, o estudo de
ferramentas matemáticas que permitem a predição do comportamento de estruturas
laminares ganha uma grande importância.
É importante, porém, entender as limitações e peculiaridades dessas ferramentas.
Embora estejam cada mais difundidas nas empresas, a capacitação correta e entendimento
dos processos e premissas básicas dos programas de análise numérica são imprescindíveis
para que seu uso permita grandes avanços na engenharia moderna.

1.2 OBJETIVO

O principal objetivo do trabalho foi desenvolver uma ferramenta de análise numérica


com o intuito de estudar o Método de Elementos Finitos (MEF). Os elementos de placa e
casca foram escolhidos pela sua abrangência de aplicações e complexidade razoável
frente aos outros elementos estudados, além de sua crescente importância. Escolhidos os
tipos de elementos, focou-se em elementos triangulares de três nós de continuidade C¹. A
implementação realizada buscou facilitar a expansão do programa, assim como o
entendimento do código. Os elementos se destinam à simulação de estruturas laminares
sujeitos apenas a pequenos deslocamentos e rotações, sem levar em consideração efeitos
não-lineares, sejam materiais ou plásticos.
O programa produzido foi testado com alguns casos padrão e suas soluções
comparadas a soluções analíticas, outros trabalhos acadêmicos e o programa comercial
ANSYS Mechanical.


 
 
 
 
1.3 REVISÃO DA LITERATURA

Placas e cascas são casos particulares de sólidos tridimensionais, porém com uma
das dimensões significativamente menor do que as outras duas, de modo que não
apresentam nenhuma dificuldade teórica sob o ponto de vista da elasticidade
(ZIENKIEWICZ; TAYLOR, 2000).
Para sua formulação, inclusive, os elementos de placas e cascas apresentam diversas
simplificações teóricas baseadas nessa característica. Tais elementos podem ser
formulados a partir de duas teorias: a teoria de Kirchhoff, conhecida como teoria clássica
de placas, e a teoria de Reissner-Mindlin. A abordagem escolhida para o trabalho foi a
teoria de Kirchhoff, cuja hipótese principal é que as seções transversais permanecem retas
e normais à superfície média do elemento. Resultados experimentais confirmam que as
hipóteses de Kirchhoff representam de modo aceitável estruturas laminares delgadas (DA
SILVA, 2005).
Embora seja possível encontrar soluções analíticas para a flexão de placas de
Kirchhoff, sua obtenção é trabalhosa e só é possível para casos muito particulares de
carregamento e geometria. Para a obtenção de soluções generalizadas de modo prático, é
necessário uso de ferramentas numéricas, como, por exemplo, o MEF, cujo estudo
profundo na comunidade acadêmica lhe rendeu bom grau de confiabilidade (CARRIJO,
1995).
Para a formulação do elemento de casca, utilizou-se a abordagem de Carrijo (1995),
que soma o elemento “Discrete Kirchhoff Theory” (DKT), responsável pela parcela de
flexão do elemento, com o elemento “Constant Strain Triangle” (CST), responsável pelos
efeitos de membrana do elemento. O enfoque principal do trabalho foi o estudo do MEF
e a implementação do elemento de casca.
O algoritmo em si foi baseado no STAP (BATHE, 1996), com algumas modificações
para flexibilizar o código para futuras amplificações de escopo.

1.4 EXEMPLOS DE ESTRUTURAS REPRESENTÁVEIS POR


CASCAS

Engenharia Civil e Arquitetura: lajes, tabuleiros de pontes, vigas-parede, silos


Engenharia Naval: estrutura de navios, submarinos
Engenharia Petroquímica e Nuclear: vasos de pressão, risers, dutos em geral
Engenharia Automotiva: carroceria e estrutura do automóvel
Engenharia Aeronáutica: fuselagem do avião, estrutura dos assentos


 
 
 
 
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O Capítulo 1 apresenta a motivação do trabalho, assim como seu objetivo. As


principais referências bibliográficas são discutidas.
O Capítulo 2 apresenta a base teórica do elemento de casca. São apresentadas as
formulações dos elementos CST e DKT e como formam o elemento de casca
implementado.
O Capítulo 3 apresenta a implementação do programa FEMSIMULATION. A
organização dos dados de entrada e saída são discutidos. O armazenamento interno das
variáveis mais importantes para os cálculos apresentados no Capítulo 2 é explicitado e
exemplificado. Ao final da apresentação dos armazenamentos, há um glossário das
variáveis escalares e arranjos mais importantes usados no programa. O algoritmo
responsável pela solução do sistema linear de equações é apresentado e exemplificado,
assim como sua base teórica.
O Capítulo 4 apresenta análises de verificação de resultado. Cada análise é explicada
individualmente e seus resultados são discutidos, comparando com a literatura e o
ANSYS Mechanical.
O Capítulo 5 apresenta as conclusões do trabalho. Também são apresentados
possíveis desdobramentos futuros para o programa.
O Capítulo 6 apresenta as referências bibliográficas.


 
 
 
 
2 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA

2.1 FORMULAÇÃO DO ELEMENTO DE PLACA

As premissas adotadas tanto para a formulação da teoria de placas finas quanto da


teoria de placas grossas são as seguintes (ZIENKIEWICZ; TAYLOR, 2000):
 As seções normais ao plano médio da placa permanecem planas
 Deformações e tensões normais ao eixo z são desprezadas
Em adição a essas hipóteses temos aquela que conclui a definição das placas finas de
Kirchhoff (ZIENKIEWICZ; TAYLOR, 2000):
 A deformação cisalhante é negligenciada
 O módulo de elasticidade transversal é considerado infinito ( ∞)
A seguir são apresentadas as formulações em uma direção, o que corresponderia à
teoria de Bernoulli-Euler:

(1)

(2)

(3)

sendo

(4)

(5)

sendo u e w os deslocamentos do plano médio 0 nos eixos e ,


respectivamente. A Figura 2.1 ilustra um corte da flexão considerada.

Figura 2.1 - Ilustração da flexão


 
 
 
 
Com isso temos as deformações correspondentes aos deslocamentos apresentados:

(6)

0 (7)

(8)

bem como as ações na seção transversal:

(9)
12

(10)

(11)

Equações de Equilíbrio:

0 (12)

0 (13)

0 (14)

A partir da Equação 11, temos a equação que representa o esforço cisalhante. Como
uma das hipóteses de placas finas é que a deformação cisalhante é negligenciada, temos:

0 (15)

As formulações podem ser adotadas diretamente para placas. Assumiremos


0 e 0.
Deformações:

0 ≡ (16)


 
 
 
 

≡ (17)

Momentos:

≡ (18)

sendo:

M τ z dz (19)

Assumindo um estado plano de tensões, temos como rigidez à flexão:

1 0
1 0 (20)
0 0

Forças Cortantes:

≡ (21)

Sendo um fator de correção da distribuição de tensão cisalhante.


Equações de Equilíbrio:

0
≡ 0 (22)
0

≡ 0 (23)

Forma matricial da terceira premissa da placa de Kirchhoff:

0 (24)

O que torna as deformações na Equação 16:


 
 
 
 

w (25)

Com a Equação 22 e a Equação 23 podemos escrever:

0 (26)

Com a Equação 26 e a Equação 18 temos:

0 (27)

E finalmente com a Equação 27 e a Equação 24, temos a equação escalar:

0 (28)

Para o caso em que o material apresente isotropia e rigidez à flexão D constante,


obtemos a equação bi-harmônica de flexão de placas:

2 0 (29)

2.2 EQUAÇÃO DO ELEMENTO DE PLACA

2.2.1 FORMA VARIACIONAL

A solução para a Equação 29 pode ser obtida tanto através do método dos resíduos
ponderados quanto pela aplicação do método da mínima energia potencial
(ZIENKIEWICZ; TAYLOR, 2000).

dΩ dΩ ∑ (30)

O primeiro termo no lado direito da equação está relacionado à carga distribuída


na placa enquanto a segunda se refere às cargas nodais. Utilizando a abordagem de
Galerkin, os campos variacionais são discretizados usando as mesmas funções de
interpolação (ZIENKIEWICZ; TAYLOR, 2000). Com isso temos:

, (31)

(32)

Onde:


 
 
 
 

dΩ (33)


0
∂x

0 (34)
∂y

∂x ∂y

dΩ (35)

2.2.2 SISTEMA DE COORDENADAS ISOPARAMÉTRICAS

O elemento implementado é um triângulo trinodal com três graus de liberdade


como apresentado na Figura 2.2.2

Figura 2.2.2 - Elemento de placa trinodal com 9 graus de liberdade

A fim de podermos utilizar elementos de diferentes dimensões, devemos definir


um sistema de coordenadas isoparamétricas. As equações a seguir apresentam as
coordenadas cartesianas em função das coordenadas paramétricas , e :

(36)

(37)


 
 
 
 

1 (38)

Seguem as coordenadas isoparamétricas em função de e :


(39)

Sendo

(40)

(41)

(42)

1
∆ á â (43)
2
Para 1,2,3 e , , sendo uma permutação cíclica positiva. As derivadas de
primeira ordem em função das coordenadas isoparamétricas são feitas da seguinte forma:

1
(44)
2∆

Enquanto as derivadas de segunda ordem são assim resolvidas:

(45)
1
4∆


 
 
 
 
2.2.3 FUNÇÕES DE FORMA

As funções de forma de quarta ordem adotadas no elemento foram propostas por


Specht (1988).

2
(46)

sendo

, , , , , ,
3 1 1 3 1 3 ,
(47)
3 1 1 3 1 3 ,

3 1 1 3 1 3

Onde

(48)

Sendo o comprimento do lado do triângulo oposto ao nó .

2.2.4 INTEGRAÇÃO NUMÉRICA

Para resolver a integral da Equação 33, faz-se necessário o uso de integração


numérica de quarta ordem.

≃ , , , , (49)

Sendo o contador de pontos de integração de Gauss e seus respectivos pesos. A


Tabela 2.1 apresenta as fórmulas para os pontos de Gauss e seus respectivos pesos. É
necessário fazer todas as permutações possíveis para obter os seis pontos de integração
(HUGHES, 2007).
Tabela 2.1 - Pontos de Integração de quarta ordem para elementos triangulares

0.109951743655322 0.816847572980459 0.091576213509771 0.091576213509771

0.223381589678011 0.108103018168070 0.445948490915965 0.445948490915965

10 
 
 
 
 
2.3 FORMULAÇÃO TEÓRICA DE EPT

O Estado Plano de Tensões (EPT) é um caso particular de elasticidade no qual as


tensões só existem em um único plano. Seja uma membrana um corte de espessura dz de
um corpo chato de espessura t, como mostra a Figura 2.2.3, muita pequena em relação às
outras dimensões. Se não houverem forças externas atuando sobre as faces maiores da
chapa, não haverá tensão no eixo Z. O mesmo se dará com as tensões tangenciais em Z
( e ). Se isto ocorrer em todos os planos paralelos às faces maiores da chapa, tem-
se definido um EPT.

(a) (b)
Figura 2.2.3 - Membrana de espessura t: (a) Carregamentos no plano XY; (b) Seção transversal

De acordo com Carrijo (1995), para uma chapa plana qualquer carregada apenas no
seu plano, o erro da suposição do EPT é tanto menor quanto for a espessura do mesmo.
Com isso, entrando com 0 na lei de Hooke, tem-se:

1
(50)

1
(51)

1
(52)

Em notação matricial:

(53)

σ
σ (54)

11 
 
 
 
 

(55)

1 0
1 0
1 (56)
1
0 0
2
Sendo E o módulo de Young; o coeficiente de Poisson; e G o módulo de
cisalhamento, cujo valor é E/[2(1+ )].

2.4 EQUAÇÃO DO ELEMENTO DE MEMBRANA

2.4.1 FORMA VARIACIONAL

Relações cinemáticas:

0 ≡ (57)

Equações de equilíbrio:


0 (58)

/
dz (59)
/

/
dz (60)
/

onde é o tensor de tensões.


A solução para a eq. 58 pode ser obtida através do método dos resíduos ponderados
ou pela aplicação do método da mínima energia potencial (ZIENKIEWICZ; TAYLOR,
2000).

dΩ dΓ (61)

12 
 
 
 
 
O primeiro termo no lado direito da equação está relacionado à carga distribuída no
contorno enquanto a segunda se refere às cargas nodais. Utilizando a abordagem de
Galerkin, os campos variacionais são discretizados usando as mesmas funções de
interpolação (ZIENKIEWICZ; TAYLOR, 2000). Com isso temos:

, (62)

(63)

onde:

dΩ (64)

0 (65)

dΩ (66)

2.4.2 SISTEMA DE COORDENADAS ISOPARAMÉTRICAS

O elemento implementado é um triângulo trinodal com 6 graus de liberdade como


apresentado na Figura 2.2.4.

Figura 2.2.4 - Elemento de membrana trinodal com 6 graus de liberdade

13 
 
 
 
 
A fim de podermos utilizar elementos de diferentes dimensões, devemos definir um
sistema de coordenadas isoparamétricas. As equações a seguir apresentam as coordenadas
cartesianas em função das coordenadas paramétricas , e :

(67)

(68)

1 (69)

Seguem as coordenadas isoparamétricas em função de e :

(70)
2∆
Sendo:

(71)

(72)

(73)

1
∆ á â (74)
2
Para 1,2,3 e , , sendo uma permutação cíclica positiva. As derivadas de
primeira ordem em função das coordenadas isoparamétricas são feitas da seguinte forma:

1
(75)
2∆

2.4.3 FUNÇÕES DE FORMA

O elemento escolhido (Constant Strain Triangle) apresenta as seguintes funções de


forma:

N (76)

14 
 
 
 
 
Podemos notar que as derivadas das funções de forma apresentam valores constantes
por todo o elemento, ou seja, as componentes de deformação são constantes por todo o
elemento, como indica sua nomenclatura.

2.5 MONTAGEM DO ELEMENTO DE CASCA

O elemento de casca plano final parte do princípio que não há interferências entre os
efeitos de flexão e membrana e vice-versa, de modo que o elemento apresenta menor erro
conceitual quanto menores forem os deslocamentos do mesmo (ZIENKIEWICZ, 1977).
O elemento implementado é um triângulo trinodal com 18 graus de liberdade, como
apresentado na Fig. 2.2.5

Figura 2.2.5 - Elemento de membrana trinodal com 18 graus de liberdade

A matriz final de rigidez local, por nó, tem, portanto, com a seguinte forma:

0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0
0 0 (77)
0
0 0 0
0 0 0 0 0

Onde é a matriz de rigidez do elemento de membrana, do elemento de placa


e é a rigidez imaginária à rotação transversal ao plano do elemento (drilling). Esta
existe para evitar o surgimento de valores nulos na diagonal principal da matriz, o que
representa uma matriz singular, impossibilitando a solução única da equação .
A princípio, a rigidez de drilling não interfere na solução em um modelo plano, mas
devido à implementação de modelos que apresentam curvatura, foi usada a rigidez à

15 
 
 
 
 
flexão da placa multiplicado por um fator fracional muito pequeno, de modo causar uma
interferência o mais desprezível possível na rigidez à flexão dos elementos vizinhos.

2.6 SISTEMA LOCAL/GLOBAL DE RIGIDEZ

Fora da Engenharia Civil, a grande maioria das aplicações de cascas se dá com


estruturas curvas, ao invés de planas. Como o elemento deste estudo é um elemento plano,
a curvatura é obtida através de deflexões relativas entre um elemento e outro na malha.
Tal prática, porém, adiciona um grau de complexidade à solução, pois as formulações
anteriores se dão apenas para o sistema de coordenadas local do elemento. É imperativo,
portanto, transformar as matrizes de rigidez anteriormente construídas para um sistema
único, a fim de se obter uma única matriz de rigidez global, o que possibilita a montagem
do sistema matricial final.

2.6.1 APLICAÇÃO

A transformação necessária se resume a uma rotação no espaço. Partindo-se do


pressuposto que haja uma matriz de rotação R, tal que:

(78)

(79)

onde o subscrito G denota o sistema de coordenadas global e L o local, então:

≡ (80)

logo:

(81)

ou seja:

(82)

Como R se trata de uma matriz de rotação, é uma matriz ortogonal, logo sua inversa
é simplesmente sua transposta.

16 
 
 
 
 
2.6.2 FORMULAÇÃO

Para o elemento escolhido, é possível encontrar seu sistema local de coordenadas ao


se definir seus cossenos diretores. Dados três nós numerados distribuídos aleatoriamente
em um espaço cartesiano, há 6 conjuntos distintos de cossenos diretores do plano formado
(2 orientações de plano e 3 ordenações de nós para cada orientação). A dedução do
conjunto escolhido é demonstrada conforme a Figura 2.2.6, onde:

Figura 2.2.6 - Esquema ilustrativo dos cossenos diretores de um elemento triangular

(83)

(84)

(85)

(86)

(87)

| |

17 
 
 
 
 
(88)

| |

(89)

| |

(90)

de modo que:

(91)

logo:

(92)

Como a matriz de rigidez do elemento de casca estudado tem dimensão 18x18, é


necessário expandir a matriz R. Zienkiewicz (1977) afirma que a matriz final deve
assumir a seguinte forma:

0
(93)
0

de modo que:

(94)

2.7 AVALIAÇÃO DAS TENSÕES NO ELEMENTO DE CASCA

Deformações são definidas como a derivada espacial dos deslocamentos. Os


deslocamentos em qualquer ponto de um elemento finito podem se definidos por

x, y x, y ∙ 95

onde Ni(x,y) são os valores das funções de forma do nó i no ponto avaliado e ui os


deslocamentos nodais do mesmo nó.

18 
 
 
 
 
2.7.1 DEFORMAÇÕES DE MEMBRANA

Os graus de liberdade de membrana são diretamente relacionados com as


deformações de EPT e, portanto, estas podem ser expressas pela equação

x, y 0 ∙ ∙ 96

onde

0
0
0 ∙ x, y 0 97

Podemos notar que a deformação é constante dentro do elemento, independente do


ponto avaliado, como foi proposto em sua formulação.

2.7.2 DEFORMAÇÕES DE PLACA

Os graus de liberdade de placa estão relacionados com a flexão da mesma e, portanto,


não são diretamente deriváveis nas deformações de EPT. Porém são deriváveis nas
rotações pontuais do elemento. Como sua formulação supõe que as seções normais ao
plano médio da placa permanecem planas e que as deformações são pequenas, pode-se
relacioná-las com as deformações de EPT ao multiplicá-las pela distância do ponto
avaliado ao plano médio da placa, conforme a Equação 25. Portanto

x, y ∙ x, y ∙ x, y ∙ x, y ∙ 98

onde


∂x

x, y x, y 99
∂y
∂²
∂x ∂y

19 
 
 
 
 
Neste caso, podemos notar que a deformação depende, na maioria dos casos, do
ponto avaliado, mesmo dentro de um mesmo elemento. É recomendado se avaliar tais
valores nos mesmos pontos usados para a integração numérica da rigidez.

2.7.3 ESTADO DE TENSÃO

Definidas as deformações, os estados de tensão de membrana e placa podem ser


avaliados pelas seguintes expressões, respectivamente

∙ 100

∙ 101

onde D são as matrizes materiais dos elementos conforme calculadas nas Equações 60 e
20, respectivamente.

20 
 
 
 
 
3 IMPLEMENTAÇÃO

Em uma parceria conjunta dos alunos do LAMCE, foi desenvolvido o código


FEMSIMULATION. A linguagem de programação escolhida foi Fortran devido à
familiaridade com a mesma e às referências usadas. A solução do sistema de equações
Ku = f através de técnicas de álgebra linear é encontrada pela sub-rotina COLSOL
extraída diretamente de Bathe (1996).

3.1 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

3.1.1 PONTOS NODAIS E ELEMENTOS

As três coordenadas nodais cartesianas (X, Y e Z) são armazenadas em três arranjos


unidimensionais (ou listas) homônimas onde os índices das listas correspondem aos
pontos nodais. A dimensão dessas listas é igual ao número total de pontos nodais.
Os elementos triangulares são armazenados através de seus três pontos nodais, onde
a ordem indica a orientação da face. Para isso, as conectividades são armazenadas em um
arranjo bidimensional (ou tabela) nomeado INCID, de comprimento igual ao número total
de elementos e largura três, para cada nó do elemento.
Exemplo 3.1.1
A Figura 3.1 apresenta um exemplo de malha composta de 6 nós e 4 elementos. Os
arranjos X, Y, Z e INCID são exemplificados.

Figura 3.1 - Exemplo de uma malha e seus arranjos X, Y, Z e INCID

21 
 
 
 
 
3.1.2 PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS

O programa prevê o uso de elementos de diferentes propriedades materiais e


espessuras. Para isso, utiliza a conceito de conjuntos materiais de elemento que são
designados a vários elementos, ao invés de ser necessário repetir as propriedades para
cada elemento similar.
As propriedades em si são armazenadas no arranjo bidimensional PROP, de
comprimento igual ao número total de conjuntos materiais diferentes e largura igual a 15.
A largura é exagerada para caso haja alguma expansão futura de complexidade de análise,
como não-linearidade material. As propriedades armazenadas são o módulo de
elasticidade, o coeficiente de Poisson, a espessura do elemento e propriedades auxiliares
auto-calculadas pelo programa para facilitar a montagem da matriz de rigidez.
As designações dos conjuntos materiais são armazenadas no arranjo unidimensional
MTYPE, de comprimento igual ao número de elementos (NUME), onde o índice
representa o elemento e o valor da lista qual conjunto material o elemento possui.

3.1.3 NUMERAÇÃO DAS EQUAÇÕES E CARREGAMENTOS

Como será explicado na seção 3.5.3, é vantajoso numerar as equações onde o grau
de liberdade não está restrito, ou seja, onde o deslocamento será calculado, ao invés de
imposto por apoios. Para isso, o arranjo bidimensional chamado ID é utilizado. Como
cada nó possui até 6 graus de liberdade, ID tem comprimento igual a 6 e largura igual ao
número total de pontos nodais. Seguindo primeiro o comprimento e depois a largura, o
valor de ID(i,j) é zero se o grau de liberdade i do nó j for restrito por apoio ou um número
incremental, começando de 1.
Semelhante a ID, há um arranjo bidimensional chamado LM que mapeia a numeração
das equações relativas aos elementos. Seu comprimento é o número total de elementos e
a largura 18, o número de graus de liberdade por nó vezes o número de nós por elemento.
Os carregamentos são armazenados em um arranjo unidimensional chamado F, de
comprimento igual ao número total de equações numeradas em ID.
Exemplo 3.1.2
A Figura 3.2 mostra a estrutura do Exemplo 3.1.1, composta de 4 elementos, com 6
pontos nodais ao total, submetida a condições de contorno. Os nós 1 e 4 têm todos os
graus de liberdade translacionais restritos por apoios. O nó 3 tem os graus de translação
em Y e Z restritos. O nó 6 tem todos os seus graus de rotação restritos. O nó 2 está
carregado por uma força em Z de valor igual a 12.5 e o nó 5 está carregado por um
momento em Y de valor igual a 7.0.
A Tabela 3.1 apresenta o arranjo ID do modelo, a Tabela 3.2 o arranjo INCID e a
Tabela 3.3 o arranjo F.

22 
 
 
 
 

Figura 3.2 - Exemplo de um modelo com condições de contorno


Tabela 3.1 - Arranjo ID do Exemplo

Nó  ux  uy  uz  rx  ry  rz 

1  0  0  0  1  2  3 

2  4  5  6  7  8  9 

3  10  0  0  11  12  13 

4  0  0  0  14  15  16 

5  17  18  19  20  21  22 

6  23  24  25  0  0  0 

Tabela 3.2 - Arranjo INCID do Exemplo

  Nó i  Nó j  Nó k 

Elemento  ux  uy  uz  rx  ry  rz  ux  uy  uz  rx  ry  rz  ux  uy  uz  rx  ry  rz 

1  0  0  0  1  2  3  4  5  6  7  8  9  0  0  0  14  15  16

2  0  0  0  14  15 16 4  5  6  7  8  9  17 18  19  20  21  22

3  4  5  6  7  8  9  10  0  0  11  12 13 23 24  25  0  0  0 

4  23  24  25  0  0  0  17  18  19  20  21 22 4  5  6  7  8  9 

23 
 
 
 
 
Tabela 3.3 - Arranjo F do Exemplo
Eq  1  2  3  4  5  6  7  8  9 
F  0  0  0 0 0 12.5 0 0  0
Eq  10  11  12  13  14  15  16  17  18 
F  0  0  0  0  0  0  0  0  0 
Eq  19  20  21  22  23  24  25     
F  0  0  7.0  0  0  0  0     

3.1.4 ARMAZENAMENTO ‘SKYLINE’ DA MATRIZ DE


RIGIDEZ

O objetivo de Bathe (1995) em sua implementação numérica foi atingir tempos


rápidos de solução. Além da minimização de passos no algoritmo, também foi buscado
manter o tamanho em memória pequeno, de modo a manter o acesso a memórias de baixa
velocidade mais raro.
Para esta última meta, aproveita-se de propriedades inerentes às matrizes do Método
dos Elementos Finitos, como serem positivas definidas, simétricas e se organizarem em
bandas, ou seja, kij = 0 para qualquer j > i + mk, onde i e j são coordenadas da matriz de
rigidez e mk a meia-largura de banda da matriz. Grande parte dos termos não-nulos da
matriz de rigidez de uma malha de elementos finitos tende a se concentrar perto da
diagonal da mesma, porém o quão concentrado depende da ordenação dos nós da malha.
Embora existam algoritmos auxiliares para temporariamente reorganizar a numeração dos
nós de modo a reduzir a banda do sistema durante a fase de solução (CUTHILL; MCKEE,
1969), a implementação dos mesmos foge do escopo do trabalho.
A escolha mais intuitiva de armazenamento de uma matriz utilizando a linguagem
Fortran seria através do uso de arranjos bidimensionais, contendo um valor para cada
índice da matriz. Porém, como as matrizes são simétricas, quase metade destes valores
são redundantes. Pelas dimensões das matrizes, o número de valores redundantes cresce
quadraticamente com a quantidade de graus de liberdade do sistema, logo armazenar
apenas uma fração dos valores traz um enorme benefício. Para isso, é possível o uso de
um arranjo unidimensional para armazenar os valores e alguma regra auxiliar para definir
como os valores se organizam dentro do arranjo.
Aproveitando o fato de que os termos não-nulos tendem a se concentrar perto da
diagonal principal da matriz, Bathe apresenta o esquema “skyline” como solução.
Resumidamente, o esquema consiste em preencher o arranjo unidimensional STIFF de
coluna em coluna da matriz a partir da diagonal principal e parando no último valor não-
nulo da coluna. É importante ressaltar que podem haver termos nulos dentro do esquema
“skyline”, como exemplificado na Figura (12.2), desde que hajam termos não-nulos mais
distantes da diagonal principal na mesma coluna.
Um segundo arranjo unidimensional MAXA, de comprimento igual ao número de
equações mapeadas em ID mais um (e, portanto, o número de colunas na diagonal da
matriz de rigidez acrescido de uma unidade), é usado para armazenar os índices de STIFF

24 
 
 
 
 
que pertencem à diagonal principal, indicando indiretamente o comprimento armazenado
de cada coluna. O termo extra de MAXA é utilizado apenas para facilitar a montagem e
leitura de STIFF.
Exemplo 3.1.3
No exemplo da Figura 3.3, a matriz de rigidez 8x8 possui 64 termos, 30 dos quais
são não-nulos. Aproveitando-se apenas da simetria da matriz, podemos isolar 36 termos,
o que já seria um ganho significativo. Entretanto, utilizando o esquema “skyline”, é
possível armazená-la em um arranjo unidimensional A de comprimento 21, com um
arranjo unidimensional auxiliar MAXA de comprimento 9. É importante ressaltar que dois
termos nulos ainda foram armazenados no arranjo, nos índices 8 e 20, pois estão abaixo
do último termo não-nulo de suas respectivas colunas, porém a grande maioria dos termos
nulos foram descartados, diminuindo o número total de multiplicações por zero na
solução.

Figura 3.3 - Matriz de rigidez armazenada no arranjo "skyline" (adaptado de BATHE, 1996)

25 
 
 
 
 
3.1.5 DESLOCAMENTOS, ROTAÇÕES E TENSÕES

Os deslocamentos e rotações resultantes da solução do sistema de equações são


armazenados no arranjo unidimensional U, de comprimento igual ao número total de
equações numeradas em ID. Os graus de liberdades restritos por apoios, portanto, não
entram neste arranjo.
As tensões são calculadas por elemento e interpoladas para os nós. Como se trata de
um elemento com flexão, é necessário diferenciar as tensões do plano médio das tensões
das faces extremas. Além disso, o estado de tensões é definido pelo tensor de tensões
simétrico 3x3, logo apenas 6 valores únicos existem. Portanto, as tensões de elemento são
armazenadas em 3 arranjos bidimensionais de comprimento 6 e largura igual ao número
de total de elementos. Esses arranjos são denominados STRESSELEMTOP,
STRESSELEMMID e STRESSELEMBOTTOM, representando, respectivamente, os
estados de tensão da face positiva, plano médio e face negativa do elemento.
Similarmente, 3 arranjos bidimensionais de comprimento 6 e largura igual ao número
total de pontos nodais são utilizados para armazenar os estados de tensão interpolados
nos nós Esses arranjos são denominados STRESSNODETOP, STRESSNODEMID e
STRESSNODEBOTTOM representando, respectivamente, os estados de tensão da face
positiva, plano médio e face negativa dos elementos ao entorno do nó. Para que a
interpolação funcione corretamente, é necessário construir a malha com a orientação dos
elementos em mente, de modo que as faces sejam consistentes.

26 
 
 
 
 
3.1.6 GLOSSÁRIO DE ARMAZENAMENTO DE DADOS

VARIÁVEL DIMENSÃO DESCRIÇÃO


NUMNP Escalar Número de pontos nodais
NUME Escalar Número de elementos
Número de equações com
NEQ Escalar
deslocamento incógnito
NUMMAT Escalar Número de conjuntos materiais
NWK Escalar Comprimento do arranjo “skyline”
Coordenadas cartesianas X dos pontos
X [NUMNP]
nodais
Coordenadas cartesianas Y dos pontos
Y [NUMNP]
nodais
Coordenadas cartesianas Z dos pontos
Z [NUMNP]
nodais
INCID [NUME,3] Conectividades dos elementos
MTYPE [NUME] Conjuntos materiais de cada elemento
PROP [NUMMAT,15] Propriedades dos conjuntos materiais
Mapeamento das equações por grau de
ID [6,NUMNP]
liberdade dos pontos nodais
Mapeamento das equações por grau de
LM [NUME,18]
liberdade dos elementos
F [NEQ] Carregamentos nodais das equações
Matriz de rigidez global armazenada
STIFF [NWK]
no esquema “skyline”
MAXA [NEQ+1] Arranjo auxiliar ao esquema “skyline”
Deslocamentos e rotações nodais das
U [NEQ]
equações
Estado de tensão dos elementos na
STRESSELEMTOP [6,NUME]
face positiva
Estado de tensão dos elementos no
STRESSELEMMID [6,NUME]
plano médio
Estado de tensão dos elementos na
STRESSELEMBOTTOM [6,NUME]
face negativa
Estado de tensão dos nós na face
STRESSNODETOP [6,NUMNP]
positiva
Estado de tensão dos nós no plano
STRESSNODEMID [6, NUMNP]
médio
Estado de tensão dos nós na face
STRESSNODEBOTTOM [6, NUMNP]
negativa

3.2 ENTRADA DE DADOS

São utilizados ao todo 3 arquivos para a entrada de dados. O arquivo GEO contém
os dados geométricos da malha. O arquivo RHSV contém as condições de contorno, como
apoios e forças. O arquivo CNTR contém os dados de controle da análise, incluindo as
propriedades materiais da malha.

27 
 
 
 
 
3.2.1 ARQUIVO GEO

O arquivo GEO contém as coordenadas cartesianas dos pontos nodais e as


conectividades dos elementos. Essas duas informações são separadas por cabeçalhos
identificadores, sendo que vários blocos de elementos são utilizados para indicar os
conjuntos materiais de cada. O formato do arquivo GEO foi criado para o programa de
visualização científica EnSight, usado para visualizar os resultados de forma mais
intuitiva.
Os cabeçalhos consistem em informações auxiliares ao programa EnSight e a
quantidade de pontos nodais no primeiro cabeçalho e elementos de cada bloco nos
cabeçalhos seguintes.
Exemplo 3.2.1
Na Figura 3.4, o arquivo GEO representa a malha do Exemplo 3.1.1. Os elementos 1
e 2 possuem um conjunto material e os elementos 3 e 4 possuem outro.

Figura 3.4 - Arquivo GEO do Exemplo 3.2.1

3.2.2 ARQUIVO CNTR

O arquivo CNTR contém informações auxiliares ao programa implementado,


incluindo informações planejadas para futuras expansões do código, como parâmetros de
análise e tipos de elementos. As informações utilizadas são a quantidade de pontos nodais,

28 
 
 
 
 
elementos e conjuntos materiais na no início do arquivo e as propriedades de cada
conjunto material ao final.
Exemplo 3.2.2
No exemplo abaixo, o arquivo CNTR do exemplo anterior. O exemplo possui 6
pontos nodais, 4 elementos e 2 conjuntos materiais. O primeiro conjunto material consiste
em chapas de alumínio 6061 de 6 centímetros de espessura e o segundo conjunto material
em chapas de aço A36 de 10 centímetros de espessura.
Na primeira linha de dados temos o título do caso tratado. Na segunda linha de dados,
respectivamente, temos o número total de pontos nodais, o número total de elementos, o
número total de conjuntos materiais, o número de nós por elemento e o número de graus
de liberdade por nó. Na terceira linha de dados, temos variáveis referentes a análises
transientes, não aplicável na análise de cascas do presente trabalho. Na quarta linha de
dados, temos a chave que determina para o programa o tipo de análise a ser realizada. Na
quinta e sexta linha de dados, temos os conjuntos matérias, apresentando, respectivamente,
o módulo de elasticidade, o coeficiente de Poisson e a espessura do elemento. Os demais
dados na linha não são aplicáveis para a análise de cascas no presente trabalho.

Figura 3.5 - Arquivo CNTR do Exemplo 3.2.2

3.2.3 ARQUIVO RHSV

O arquivo RHSV contém as condições de contorno nodais. Os apoios são informados


primeiro com o uso da tag BC1, por nó e grau de liberdade do nó em ordem crescente.
Apenas os graus de liberdade que possuem apoios são entrados no arquivo. Em seguida,
são informados os carregamentos nodais com o uso da tag BC2, seguindo a mesma regra,
acrescido do sinal e valor do carregamento.
Exemplo 3.2.3
Na Figura 3.6, o arquivo RHSV representa as condições de contorno do Exemplo
3.1.2. Os nós 1 e 4 têm todos os graus de liberdade translacional restritos por apoio. O nó
3 tem os graus de translação em Y e Z restritos. O nó 6 tem todos os seus graus de rotação
restritos. O nó 2 está carregado por uma força em Z de valor igual a 12.5 e o nó 5 está
carregado por um momento em Y de valor igual a 7.0.

29 
 
 
 
 

Figura 3.6 - Arquivo RHSV do Exemplo 3.2.3

3.3 SAÍDA DE DADOS

São utilizados 9 arquivos de saída principais e 36 secundários. Os arquivos principais


consistem em um arquivo com as translações de cada ponto nodal, um arquivo com as
rotações de cada nó, 3 arquivos para os estados de tensão de cada elemento e 3 para os
estados de tensão de ponto nodal (para a face positiva, plano médio e face negativa) e o
arquivo CASE. Os arquivos secundários contêm, cada um, um dos 6 termos individuais
de cada estado de tensão nos arquivos principais.
Os arquivos com o estado de tensão completos permitem a visualização das direções
principais de tensão.

3.3.1 ARQUIVO CASE

O arquivo CASE indica para o programa EnSight como os outros arquivos de saída
se relacionam com a geometria de entrada, fornecida pelo arquivo GEO. Ele indica quais
são os arquivos que devem ser carregados e o nome que será dado a cada variável lida. O
arquivo CASE foi criado para o programa EnSight, mas também pode ser lido pelo
programa de visualização “open-source” ParaView.

3.4 MATRIZ DE RIGIDEZ

Utilizando a metodologia apresentada no Capítulo 2, o programa calcula as matrizes


de rigidez globais de cada elemento da malha, individualmente. Com o uso de LM, os
termos de rigidez relativos em seus respectivos índices de STIFF, sendo somados com os
termos pré-existentes do mesmo.

30 
 
 
 
 
3.5 SOLUÇÃO DO SISTEMA DE EQUAÇÕES

3.5.1 ELIMINAÇÃO GAUSSIANA

Um dos métodos mais eficientes de solução direta de um sistema de equações é a


eliminação gaussiana, também conhecido como escalonamento. Consiste em
manipulações algébricas do sistema de equações de modo a triangularizá-lo, isolando uma
das incógnitas, permitindo uma retroalimentação e solução sucessiva de todas as outras.
Se o sistema for simétrico e positivo definido, é possível seguir o algoritmo simples
exemplificado abaixo para solucioná-lo.
Exemplo 3.5.1
Considerando um sistema Ku = f tal que:

Para começar a triangulizá-lo, podemos zerar os termos abaixo da diagonal principal


na primeira coluna com duas operações: subtraindo da segunda linha 4/5 da primeira e
somando à terceira linha 1/5 da primeira. Realizando essas operações, obtemos:

Para zerar os termos abaixo na diagonal principal da segunda coluna podemos: somar
à terceira linha 16/14 da segunda e subtrair da quarta linha 5/14 da segunda. Realizando
essas operações, obtemos:

Para zerar os termos abaixo da diagonal principal na terceira coluna podemos: somar
à quarta linha 20/15 da terceira. Realizando essa operação, obtemos:

31 
 
 
 
 
Com essa configuração do sistema, podemos averiguar por retro-alimentação que:
7
6 7
5 5
6
8 20
7 7 12
15 5
7
1 16
5 13
14 5
5
0 4 0 8
5 5

3.5.2 MÉTODO LDLT

Para escalonar o sistema linear de equações, podemos notar que estamos realizando
sucessivas multiplicações matriciais do tipo Li-1Si = Si+1 e Li-1vi = vi+1, cada matriz Li-1
responsável por anular uma meia coluna da matriz K, onde S1 = K, v1 = f e:

onde kij são os termos da matriz K, de modo que Ln-1-1 ... L2-1 L1-1 K = L-1 K = Sn, onde
Sn é a matriz totalmente escalonada. Podemos verificar também que:





onde I é a matriz identidade, D é a matriz diagonal formada pelos pivôs de Sn e v é o
vetor de forças após o escalonamento.

32 
 
 
 
 
Exemplo 3.5.2
No Exemplo 3.5.1, podemos observar que:

3.5.3 SOLUÇÃO DA COLUNA ATIVA

A solução da coluna ativa é a implementação computacional do método LDLT que


Bathe (1996) propõe. Dado uma matriz de rigidez K armazenada no esquema “skyline”
com o comprimento de suas colunas devidamente calculados, podemos obter L, D e v
através do seguinte algoritmo:

onde Vi são os termos do vetor v, Ri do vetor f, kij da matriz K, djj da matriz D, lij da
matriz LT e mj é o índice da primeira linha da matriz na coluna j a possuir um termo

33 
 
 
 
 
não-nulo, ou seja j-mj é o comprimento da coluna. Os termos gij são apenas termos
intermediário. Os termos djj e lij são armazenados no mesmo arranjo onde K estava
armazenado, sem penalidade, com o intuito de salvar espaço na memória do
computador, já que os termos na diagonal de LT são sempre 1.
Em seguida, a retro-substituição de u é realizada com os seguintes passos:

onde um vetor auxiliar é armazenado para cada i de modo a alimentar a próxima


iteração. O vetor auxiliar é indicado pelo superescrito.
Exemplo 3.5.3
Considerando a seguinte matriz de rigidez K e o vetor de carregamentos v:

temos m1 = 1, m2 = 1, m3 = 2, m4 = 3, m5 = 1.
Seguindo o algoritmo, temos d11 = 2 e V1 = 0.
Para j = 2, temos:

Para j = 3, temos:

Para j = 4, temos:

34 
 
 
 
 
Para j = 5, temos:

Os termos finais do arranjo que agora contém D e LT e do vetor v são, portanto:

Para iniciar a retro-alimentação, dividimos os termos de V pelos termos


correspondentes de D, obtendo:

Portanto

Para i = 5

35 
 
 
 
 
Para i = 4

Para i = 3

Para i = 2

36 
 
 
 
 
4 TESTES DE VERIFICAÇÃO

Foram realizados alguns testes de verificação da implementação dos elementos ao


longo da mesma. Notavelmente, destacam-se os testes extraídos da literatura a seguir,
cada um com um foco específico, de modo a comprovar a acurácia do programa e
explicitar suas limitações.
Além de se comparar com resultados analíticos dos testes, o programa
FEMSIMULATION foi comparado com o programa comercial ANSYS Mechanical
APDL. O elemento usado neste foi o SHELL181, elemento de casca de formulação
similar ao implementado. Todos os resultados numéricos apresentados foram extraídos
dos resultados nodais de seus respectivos programas.

4.1 COMPORTAMENTO DE MEMBRANA

Para exemplificar e verificar o comportamento de membrana, foi escolhido um caso


clássico de Estado Plano de Tensão: uma chapa finita delgada tracionada com um furo
circular central. Por causa do furo, os esforços internos deixam de ser unidimensionais e
passa a ser bidimensionais, de modo a compensar a ausência de rigidez do furo.

4.1.1 CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO

Perto da face carregada, os esforços tendem a ser unidimensionais, equilibrando


diretamente o carregamento distribuído. Podemos trivialmente determinar que a tensões
longitudinais imediatamente nas faces carregadas da chapa são


onde q é a carga linear distribuída na face, t a espessura da chapa e b a largura da chapa.
Já na seção transversal ao carregamento que corta o furo diametralmente, seria de se
esperar que a tensão longitudinal fosse

onde D é o diâmetro do furo. Chamaremos de tensão nominal.

Figura 4.1 - Distribuição de tensão na região do furo (adaptado de GERE, GOODNO, 2013)

37 
 
 
 
 
Entretanto, a distribuição real na região do furo é indicada Figura 4.1. Embora a
média ainda seja a tensão nominal, podemos observar uma grande concentração de tensão
ao se aproximar do mesmo. Seu valor máximo é dado por Young, Budynas e Roark (2002)
como

3 3.13 ∙ 3.66 ∙ 1.53 ∙

4.1.2 CASO TESTE

O caso teste consiste em uma chapa de aço quadrada de 0.1m de aresta com 0.01m
de espessura com um furo circular centrado de 0.02m de diâmetro. Uma das arestas está
sendo tracionada por uma força de 10kN uniformemente distribuída, ou seja, 100kN/m.
O módulo de elasticidade é de 200 GPa e o coeficiente de Poisson 0.3.

Figura 4.2 - Modelo físico completo

Como se trata de um caso com um gradiente grande de tensões, é importante ter em


mente que a formulação CST do efeito membrana atrapalha a solução. Portanto, é
necessário um bom refinamento de malha, principalmente na região ao entorno do furo.
Para evidenciar este problema, o caso teste foi analisado com 4 diferentes níveis de
refinamento (Figura 4.4). Os resultados de cada malha serão apresentados
individualmente seguidos de uma análise de convergência.
Para economizar tempo de processamento, o modelo foi dividido em seus dois eixos
de simetria. As condições de contorno foram aplicadas de modo a refletir tal simplificação
de modelo, conforme a Figura 4.3. As tensões extraídas são na face carregada e no corte
de simetria transversal ao carregamento.

38 
 
 
 
 

Figura 4.3 - Modelo físico simplificado

A Tabela 4 apresenta os valores esperados de acordo com as equações apresentadas


na seção anterior.
Tabela 4 - Valores esperados

(MPa) 10.00

(MPa) 12.50

2.51

(MPa) 31.35

39 
 
 
 
 

(a) (b)

(c) (d)
Figura 4.4 - Malhas de: (a) 46; (b) 176; (c) 632; e (d) 2488 elementos

40 
 
 
 
 
4.1.3 RESULTADOS

Primeiramente, são apresentadas as tensões na direção do carregamento nos nós da


face carregada e da face de simetria, ao longo das mesmas. É possível notar o aumento
não apenas do valor da tensão no limite do furo como também o aumento de sua
concentração quando a malha é refinada. Isso se deve à melhor representação da
distribuição de tensões ao se usar mais elementos CST em uma região de grande gradiente
de tensões.
Em seguida, são apresentadas imagens colorizadas com glifos representando as
direções principais de tensão em cada nó da malha (vermelho para compressão e azul para
tração) e o espectro de cores representando a distribuição de tensões no eixo Y, paralelo
ao carregamento. É possível observar que na malha menos refinada não há tração neste
eixo, porém nas malhas mais refinadas há. Isso se deve à mesma razão apresentada
anteriormente.

Por último, são apresentados os gráficos de convergência do valor de para os


diferentes níveis de refinamento. Nesses gráficos, o programa FEMSIMULATION é
comparado com o ANSYS, de modo a verificar sua acurácia. É possível observar que o
comportamento dos dois programas é muito similar, ambos convergindo para um valor
um pouco acima do valor teórico com aproximadamente a mesma taxa de convergência.

41 
 
 
 
 
Malha com 46 elementos

Corte Face

35.00

30.00

25.00
Syy (MPa)

20.00

15.00

10.00

5.00

0.00
0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
X (m)

Figura 4.5 – σy ao longo das faces carregada e de simetria

Figura 4.6 - Distribuição de σy e direções principais de tensão (tensões em Pa)

42 
 
 
 
 
Malha com 176 elementos

Corte Face

35.00

30.00

25.00
Syy (MPa)

20.00

15.00

10.00

5.00

0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
X (m)

Figura 4.7 – σy ao longo das faces carregada e de simetria

Figura 4.8 - Distribuição de σy e direções principais de tensão (tensões em Pa)

43 
 
 
 
 
Malha com 632 elementos

Corte Face

35.00

30.00

25.00
Syy (MPa)

20.00

15.00

10.00

5.00

0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
X (m)

Figura 4.9 - σy ao longo das faces carregada e de simetria

Figura 4.10 - Distribuição de σy e direções principais de tensão (tensões em Pa)

44 
 
 
 
 
Malha com 2488 elementos

Corte Face

35.00

30.00

25.00

20.00
Syy (MPa)

15.00

10.00

5.00

0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
X (m)

Figura 4.11 - σy ao longo das faces carregada e de simetria

Figura 4.12 - Distribuição de σy e direções principais de tensão (tensões em Pa)

45 
 
 
 
 
Convergência

Syy FORTRAN Syy ANSYS Valor Esperado

35.00

30.00

25.00

20.00
Syy (MPa)

15.00

10.00

5.00

0.00
0 500 1000 1500 2000 2500
Número de elementos

Figura 4.13 – Convergência absoluta de σymax

Erro Relativo FORTRAN Erro Relativo ANSYS

0 500 1000 1500 2000 2500


5%

0%

‐5%

‐10%
Erro relativo

‐15%

‐20%

‐25%

‐30%

‐35%

‐40%
Número de Elementos

Figura 4.14 – Erro relativo de σymax

46 
 
 
 
 
4.2 COMPORTAMENTO DE PLACA

Para exemplificar e verificar o comportamento de placa, foi escolhido um caso


elaborado por Bernardino (2016): uma laje finita delgada simplesmente apoiada em todos
os bordos, submetida a uma carga transversal uniforme.

4.2.1 CASO TESTE

A Figura 4.15 apresenta o modelo físico. Consiste em uma placa de aço retangular
de 2m de comprimento, 1m de largura e 30mm de espessura. Todas as arestas têm seus
graus de liberdade de translação restritos e a placa está sujeita a um carregamento
uniforme de 10kN/m² no sentido negativo de Z. O módulo de elasticidade é de 200GPa e
o coeficiente de Poisson 0.3.

Figura 4.15 – Modelo físico

A Figura 4.16 apresenta a malha utilizada na análise. A origem do modelo se encontra


no centro geométrico da placa. O problema foi analisado pelo programa
FEMSIMULATION e comparado com o ANSYS.
Bernardino (2016) utilizou 3 metodologias numéricas (Navier, Rayleigh-Ritz e o
programa comercial SAP2000) para analisar o problema. Os resultados obtidos por ele
são apresentados a seguir. A origem de seu modelo se encontra em um dos vértices,
conforme a Figura 4.15.

47 
 
 
 
 

Figura 4.16 - Malha de 1600 elementos

Figura 4.17 - Flecha ao longo de Y no centro do vão (BERNARDINO, 2016)

48 
 
 
 
 

Figura 4.18 - Sxx ao longo de Y no centro do vão (BERNARDINO, 2016)

Figura 4.19 - Txy ao longo de X no bordo Y+ (BERNARDINO, 2016)

49 
 
 
 
 
4.2.2 RESULTADOS

Primeiramente são apresentadas as flechas no centro do vão ao longo das direções X


e Y. Os resultados são muito similares aos de Bernadino (2016) e ao ANSYS.
Em seguida são apresentadas as tensões normais na face superior da placa ao longo
da direções X e Y, assim como as tensões cisalhantes na face superior da placa ao longo
do bordo Y+. É possível observar uma discrepância nos resultados ao longo dos
comprimentos, com uma descontinuidade no centro do vão. A descontinuidade torna
suspeita a escolha de metodologia de interpolação das tensões.

ANSYS Fortran

‐0.5 ‐0.4 ‐0.3 ‐0.2 ‐0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0.00E+00

‐5.00E‐05

‐1.00E‐04
UZ (m)

‐1.50E‐04

‐2.00E‐04

‐2.50E‐04
X (m)

Figura 4.20 - Flecha ao longo de X no centro do vão

ANSYS Fortran

‐1 ‐0.8 ‐0.6 ‐0.4 ‐0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1


0.00E+00

‐5.00E‐05

‐1.00E‐04
UZ (m)

‐1.50E‐04

‐2.00E‐04

‐2.50E‐04
Y (m)

Figura 4.21 - Flecha ao longo de Y no centro do vão

50 
 
 
 
 
ANSYS Fortran

‐0.5 ‐0.4 ‐0.3 ‐0.2 ‐0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0.00E+00

‐1.00E+03

‐2.00E+03

‐3.00E+03
Sxx (kPa)

‐4.00E+03

‐5.00E+03

‐6.00E+03

‐7.00E+03

‐8.00E+03
X (m)

Figura 4.22 - Sxx ao longo de X no centro do vão (face superior)

ANSYS Fortran

‐0.5 ‐0.4 ‐0.3 ‐0.2 ‐0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
0.00E+00

‐5.00E+02

‐1.00E+03

‐1.50E+03
Syy (kPa)

‐2.00E+03

‐2.50E+03

‐3.00E+03

‐3.50E+03

‐4.00E+03
X (m)

Figura 4.23 - Syy ao longo de X no centro do vão (face superior)

51 
 
 
 
 
ANSYS Fortran

‐1 ‐0.8 ‐0.6 ‐0.4 ‐0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1


0.00E+00

‐1.00E+03

‐2.00E+03

‐3.00E+03
Sxx (kPa)

‐4.00E+03

‐5.00E+03

‐6.00E+03

‐7.00E+03

‐8.00E+03
Y (m)

Figura 4.24 - Sxx ao longo de Y no centro do vão (face superior)

ANSYS Fortran

‐1 ‐0.8 ‐0.6 ‐0.4 ‐0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1


0.00E+00

‐5.00E+02

‐1.00E+03

‐1.50E+03
Syy (kPa)

‐2.00E+03

‐2.50E+03

‐3.00E+03

‐3.50E+03

‐4.00E+03
Y (m)

Figura 4.25 - Syy ao longo de Y no centro do vão (face superior)

52 
 
 
 
 
ANSYS Fortran

4.00E+03

3.00E+03

2.00E+03

1.00E+03
Txy (kPa)

0.00E+00
‐0.5 ‐0.4 ‐0.3 ‐0.2 ‐0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
‐1.00E+03

‐2.00E+03

‐3.00E+03

‐4.00E+03
X (m)

Figura 4.26 – Txy ao longo de X na borda Y+ (face superior)

53 
 
 
 
 
4.3 COMPORTAMENTO DE CASCA

Para exemplificar e verificar o comportamento de casca, foi escolhido o caso clássico


do telhado de Scordelis-Lo (Figura 4.27): um arco cilíndrico sustentado por membranas
rígidas submetido a peso próprio. Por causa da curvatura, parte do peso é sustentado pela
rigidez de membrana e parte pela rigidez à flexão. (Zienkiewicz, 1977)

Figura 4.27 - Telhado de Scordelis-Lo

4.3.1 CASO TESTE

O modelo consiste em um arco cilíndrico de abertura de 80º, raio de 25ft,


comprimento de 50ft (no eixo Y) e espessura de 0.25ft. A densidade do material é 300
pcf, o módulo de elasticidade é de 4.32 Mlbf/ft² e o coeficiente de Poisson 0. Todos os
nós nas extremidades curvas apresentam restrições nas translações em X e Z, além de
restrição na rotação em Y. As extremidades retas são livres.
O caso teste foi analisado com 4 diferentes níveis de refinamento para uma análise
de convergência, como apresentado na Figura 4.28.

(a) (b) (c) (d)


Figura 4.28 - Malhas com: (a) 400; (b) 2500; (c) 10000; e (d) 40000 elementos

54 
 
 
 
 
4.3.2 RESULTADOS

Primeiramente, são apresentadas imagens colorizadas dos deslocamentos no eixo Z.


É possível notar que o maior deslocamento se dá na aba livre. Também é possível verificar
que a linha central longitudinal sobe contra a gravidade, indicando dominância da flexão
na região.

Em seguida, são apresentados os gráficos de convergência do valor de para


os diferentes níveis de refinamento. Nesses gráficos, o programa FEMSIMULATION é
comparado com o ANSYS, de modo a verificar sua acurácia. É possível observar que o
comportamento dos dois programas é muito similar, ambos convergindo para um valor
um pouco acima do valor teórico com aproximadamente a mesma taxa de convergência.

55 
 
 
 
 
Deslocamento em Z

Figura 4.29 - Deslocamento no eixo Z em ft

Figura 4.30 - Deslocamento no eixo Z em ft (corte transversal)

56 
 
 
 
 
Convergência

Solução Analítica FEMSIMULATION ANSYS Mechanical 13.0


Número de Elementos
100 1000 10000 100000
0

-0.05

-0.1

-0.15

-0.2
-2,366E-04

-0.25 -2,901E-04
-2,979E-04
-2,569E-04 -2,999E-04
-0.3
-2,906E-04
-2,983E-04 -3,006E-04
-0.35
uz máximo (ft)

Figura 4.31 - Deslocamento máximo no eixo Z (em ft)

% FEMSIMULATION ANSYS Mechanical 13.0


25.00
23.33

20.00

16.75
15.00

10.00

6.00
5.00 3.47 2.82
5.83

3.33 2.59
0.00
100 1000 10000 100000
Número de Elementos

Figura 4.32 - Erro relativo do deslocamento máximo no eixo Z (%)

57 
 
 
 
 
5 CONCLUSÃO

5.1 RESULTADOS

O trabalho foi extremamente proveitoso. Muito foi aprendido sobre elasticidade geral
e estudo de cascas. Um programa de elementos finitos com elemento de casca foi
implementado com resultados primários próximos da literatura e muito próximos do
programa comercial ANSYS.
A avaliação de tensões de flexão apresentou pequeno desvio comparado ao ANSYS,
porém as tensões de membrana se apresentaram muito próximas. Por se tratar de um
resultado de pós-processamento de dados, é possível que a escolha da interpolação de
tensões dos pontos de integração para os pontos nodais tenha sido equivocada.

5.2 TRABALHOS FUTUROS

5.2.1 ESTUDO DE DESVIOS

Visando analisar os desvios observados nos resultados de tensão de flexão, um estudo


mais rigoroso é recomendado. Podem ser derivados tanto de erros no algoritmo em si
quanto nas escolhas tomadas na implementação do mesmo.

5.2.2 IMPLEMENTAÇÃO PRÓPRIA PARA MATRIZES


ESPARSAS

O tempo de execução do código ainda pode ser diminuído com a implementação de


certas otimizações. A redução da banda da matriz através de algoritmos de reordenação
de nós, como comentado no Capítulo 3, reduzirá a número total de contas realizadas na
eliminação gaussiana. Isso se dá devido ao grande número de termos nulos presentes
dentro do esquema “skyline” quando a numeração de nós não é otimizada.

5.2.3 IMPLEMENTAÇÃO DE ELEMENTOS DE MAIOR


ORDEM

O elemento CST se demonstrou muito limitado em problemas com grandes


gradientes de tensão de membrana. A implementação de elementos com mais pontos de
integração certamente aliviaria tal limitação. A modularidade do código permite a
implementação de outros elementos sem reprogramar a leitura dos dados de entrada, a
eliminação gaussiana ou a escrita dos dados de saída, facilitando o processo.

58 
 
 
 
 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARRIJO, E. C. Aplicação do Elemento Finito DKT à Análise de Cascas.
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