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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS


Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

MICHELE OGAWA TAKANO

ANÁLISE NUMÉRICA DAS AÇÕES DO VENTO EM


GALPÕES COM COBERTURA DE VÃOS MÚLTIPLOS
EM FORMA DE ARCO

CAMPINAS
2019
MICHELE OGAWA TAKANO

ANÁLISE NUMÉRICA DAS AÇÕES DO VENTO EM


GALPÕES COM COBERTURA DE VÃOS MÚLTIPLOS
EM FORMA DE ARCO

Dissertação de Mestrado apresentada a


Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo da Unicamp, para obtenção do
título de Mestra em Engenharia Civil, na área
de Estruturas e Geotécnica.

Orientador: Prof. Dr. Cilmar Donizeti Baságlia

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA MICHELE
OGAWA TAKANO E ORIENTADA PELO PROF. DR.
CILMAR DONIZETI BASÁGLIA

ASSINATURA DO ORIENTADOR

CAMPINAS
2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO

ANÁLISE NUMÉRICA DAS AÇÕES DO VENTO EM


GALPÕES COM COBERTURA DE VÃOS MÚLTIPLOS EM
FORMA DE ARCO

Michele Ogawa Takano

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. Cilmar Donizeti Baságlia


Presidente e Orientador/Unicamp

Prof. Dr. João Alberto Venegas Requena


Unicamp

Prof. Dr. Julio Soriano


Unicamp

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no


SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da
Unidade.

Campinas, 17 de abril de 2019


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço aos meus pais Paulino Takano e Lúcia Takano,
que me proporcionaram todas as condições para que realizasse este curso da melhor
forma, pelo apoio e incentivo de sempre.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Cilmar Donizeti Basaglia por conceder a
oportunidade de realizar este trabalho me incentivando e auxiliando sempre que
necessário.

Agradeço aos meus amigos que sempre nas horas de dificuldades estavam
sempre prontos para me ajudar e apoiar.

Agradeço ao meu mestre Dr. Daisaku Ikeda por todas as palavras de incentivo
que sempre me fortaleceram, jamais permitindo desistir dos meus sonhos e objetivos.

Agradeço aos meus familiares por toda força e dedicação e principalmente por
sempre acreditarem no meu potencial.

Agradeço ao Departamento de Estruturas da Faculdade de Engenharia Civil,


Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP pela disposição e pela oportunidade de
desenvolver este trabalho.
RESUMO

Nos últimos anos, com a crescente valorização imobiliária, tem-se observado um


considerável aumento na construção de condomínios industriais e logísticos, os quais
na grande maioria são constituídos por um conjunto de edifícios exibindo múltiplos
vãos de cobertura ou conjugados um ao outro (e.g. geminados). Sendo esses edifícios
formados tipicamente por estruturas leves, a ação do vento é um fator determinante
para o seu dimensionamento. Além disso, fatores como a distribuição das pressões
do vento em torno da edificação, interferências aerodinâmicas dos efeitos da
localização e espaçamento de outros edifícios na vizinhança são de suma importância
para avaliar o seu comportamento. Em função da diversidade destes fatores com as
quais cada edificação está sujeita, há a necessidade de recorrer a ensaios
experimentais bastantes laboriosos e dispendiosos em túneis de vento para avaliar o
comportamento da estrutura. Desta forma, um método alternativo e muito promissor
que vem se destacando devido ao avanço dos recursos computacionais é a
modelagem numérica que desenvolve a interação fluido-estrutura baseada no método
dos volumes finitos. Os objetivos deste trabalho são determinar e avaliar, através de
modelos numéricos realizados no software ANSYS CFX, os coeficientes de pressão
devido à ação do vento em torno de galpões com coberturas em forma de arco e
exibindo diversas quantidade de tramos (vãos) de cobertura que não são prescritos
pela norma ABNT NBR 6123:1988. Foram desenvolvidos vinte e dois modelos para
diversas relações de flecha/largura para galpões com um, dois e três tramos para
vento incidindo a 0º e 90º, e os resultados obtidos para coberturas com múltiplos vãos
justificam a necessidade de estudos específicos (em túnel de vento ou via CFD), já
que estes apresentam valores de coeficientes de pressão superiores em relação às
edificações com cobertura de vão simples – em alguns casos, três vezes maior.

Palavras-chave: cobertura em forma de arco, ação do vento, análise numérica,


cobertura de vãos múltiplos, fluidodinâmica computacional.
ABSTRACT

In recent years, with the rising real estate valuation, there has been observed a
considerable increasing in industrial and logistics building complexes, which most are
constituted by a set of buildings exposing multiple roofing spans or connected to each
other (e.g. semi-detached). Since these buildings are typically fabricated with
lightweight structures, the wind action is a determinant cause for its structural design.
In addition, factors such as the wind pressures distribution around the building and the
aerodynamic interference of the effects between its location and spacing from other
neighborhood buildings, are extremely important for its behavior assessment. In result
of the diversity of factors each building is subject, is evidently necessary to resort
laborious and expensive experimental tests in wind tunnels in order to evaluate the
structure. Therefore, an alternative and very promising method that has been
spearheading through the computational resources advance is the numerical modeling
that develops fluid-structure interaction based on the finite volume method. The
objectives of this work are to determine and evaluate, through numerical models
realized in ANSYS CFX software, the pressure coefficients due to the wind action
around warehouses with curved roofs displaying several amount of cover streches
(spans) that are not prescribed by ABNT NBR 6123: 1988. Twenty-two models were
developed for different rise/span ratios on buildings with single, double and triple
stretches, for 0° and 90° wind direction, and the results obtained for multi-span roof
justify the necessity for specific studies (in wind tunnels or via CFD), as they present
values of higher pressure coefficients relating to buildings with single span roof - in
some cases, three times greater.

Keywords: curved roof, wind action, numerical analysis, multi-span roof,


computational fluid dynamics.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: EXEMPLOS DE EDIFÍCIOS DE VÃOS MÚLTIPLOS COM COBERTURA EM ARCO................................... 19


FIGURA 2 - CONTORNO DE UM TUBO DE CORRENTE DE UM FLUIDO. FONTE: PITTA, 2002. ............................. 23
FIGURA 3: LINHAS DE FLUXO AO REDOR DO OBJETO. FONTE: ADAPTADO DE PITTA (2002). .......................... 25
FIGURA 4: LINHAS DE FLUXO AO REDOR DE UM OBJETO COM ABERTURA. FONTE: PITTA ,2002...................... 27
FIGURA 5: CAMADA LIMITE LAMINAR E TURBULENTA SOBRE UMA PLACA PLANA. FONTE: MUNSON, 2004........ 28
FIGURA 6: PONTO DE SEPARAÇÃO OU DESCOLAMENTO. FONTE: BLESSMANN, 2011. ................................... 29
FIGURA 7: VÓRTICES DE BASE: (A) VISTA FRONTAL; (B) VISTA LATERAL. FONTE: BLESSMANN, 2011. ............ 32
FIGURA 8: CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES DE ACORDO COM SUAS PROPORÇÕES. FONTE: BLESSMANN, 2011.
..................................................................................................................................................... 33
FIGURA 9: TRANSFORMAÇÃO DE COORDENADAS DE UMA MALHA NÃO-ESTRUTURADA. FONTE: MALISKA, 2004.
..................................................................................................................................................... 35
FIGURA 10: FUNÇÃO DE FORMA 𝑁1. FONTE: MALISKA, 2004. .................................................................... 36
FIGURA 11: SISTEMA DE COORDENADAS LOCAIS DE UM ELEMENTO QUADRILÁTERO. FONTE: MALISKA, 2004. 37
FIGURA 12: MALHA BIDIMENSIONAL DE UM VOLUME DE CONTROLE – ANSYS CFX. FONTE: ADAPTADO DE

ANSYS, 2013. .............................................................................................................................. 38


FIGURA 13: ELEMENTO DE MALHA. FONTE: ADAPTADO DE ANSYS, 2013................................................... 39
FIGURA 14: PERFIS DA VELOCIDADE MÉDIA DO VENTO (KM/H), EM FUNÇÃO DA RUGOSIDADE DO TERRENO.

FONTE: GONÇALVES ET AL., 2004.................................................................................................... 44


FIGURA 15: MAPA DE ISOPLETAS DO BRASIL. FONTE: NBR 6123:1988...................................................... 45
FIGURA 16: FATOR TOPOGRÁFICO S1. FONTE: NBR 6123:1988. .............................................................. 46
FIGURA 17: INCIDÊNCIA DO VENTO EM COBERTURAS CURVAS: (A) VENTO PERPENDICULAR À GERATRIZ DA

COBERTURA, (B) VENTO PARALELO À GERATRIZ DA COBERTURA. FONTE NBR 6123:1988. .................. 52
FIGURA 18: DIMENSÃO DO CILINDRO PARA VALIDAÇÃO DOS MODELOS. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................. 56
FIGURA 19: DIMENSÕES DOS EDIFÍCIOS ANALISADOS PARA COBERTURA COM ÚNICO VÃO. FONTE: PRÓPRIO
AUTOR. .......................................................................................................................................... 56

FIGURA 20: DIMENSÕES DOS EDIFÍCIOS ANALISADOS PARA COBERTURA COM DOIS VÃOS. FONTE: PRÓPRIO
AUTOR. .......................................................................................................................................... 57

FIGURA 21: DIMENSÕES DOS EDIFÍCIOS ANALISADOS PARA COBERTURA COM TRÊS VÃOS. FONTE: PRÓPRIO
AUTOR. .......................................................................................................................................... 57

FIGURA 22: RECOMENDAÇÃO DA ANSYS PARA AS DIMENSÕES DOS DOMÍNIOS DE ANÁLISE. FONTE: ANSYS,
2013. ............................................................................................................................................ 59
FIGURA 23: DOMÍNIO DE ANÁLISE PARA O CILINDRO. FONTE: PRÓPRIO AUTOR............................................. 59
FIGURA 24: DOMÍNIOS DE ANÁLISE PARA COBERTURA COM ÚNICO VÃO: (A) VENTO INCIDINDO A 0º; (B) VENTO

INCIDINDO A 90º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ....................................................................................... 60

FIGURA 25: DOMÍNIOS DE ANÁLISE PARA COBERTURA COM DOIS VÃOS: (A) VENTO INCIDINDO A 0º ; ( B ) VENTO

INCIDINDO A 90º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ....................................................................................... 60

FIGURA 26: DOMÍNIOS DE ANÁLISE PARA COBERTURA COM TRÊS VÃOS: (A) VENTO INCIDINDO A 0º; (B) VENTO

INCIDINDO A 90º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ....................................................................................... 60


FIGURA 27: CÁLCULO PARA DETERMINAR A QUALIDADE ORTOGONAL DE UMA CÉLULA. FONTE: ADAPTADO DE

ANSYS, 2013. .............................................................................................................................. 62


FIGURA 28: RAZÃO DE ASPECTO. FONTE: ANSYS, 2013. ......................................................................... 63
FIGURA 29: SKEWNESS – DESVIO DE VOLUME DE UM TRIÂNGULO EQUILÁTERO. FONTE: ADAPTADO DE ANSYS,
2013. ............................................................................................................................................ 64
FIGURA 30: SKEWNESS – DESVIO DO ÂNGULO NORMAL. FONTE: ADAPTADO DE ANSYS, 2013. ................... 64
FIGURA 31: MALHA GERADA NO ANSYS CFX. F ONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 64
FIGURA 32: CONDIÇÕES DE CONTORNO: (A) VENTO INCIDINDO A 0º; (B) VENTO INCIDINDO A 90º. FONTE: PRÓPRIO
AUTOR. .......................................................................................................................................... 66

FIGURA 33: RESULTADOS DA ANÁLISE NUMÉRICA DO CILINDRO PARA VALIDAÇÃO DOS MODELOS: (A) FATOR
UTILIZADO PARA CÁLCULO DA PRESSÃO DINÂMICA; (B) VISTA ISOMÉTRICA DAS LINHAS DE FLUXO; (C) VISTA

SUPERIOR DAS LINHAS DE FLUXO. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .............................................................. 68


FIGURA 34: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V0-FB1/4: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 69
FIGURA 35: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V0-FB1/5: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 70
FIGURA 36: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V0-FB1/8: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 70
FIGURA 37: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V0-FB1/10: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 71
FIGURA 38: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V0-FB1/12: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 71
FIGURA 39: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V0-FB1/4.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 72
FIGURA 40: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V0-FB1/5.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 72
FIGURA 41: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V0-FB1/8.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 73
FIGURA 42: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V0-FB1/10.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 73
FIGURA 43: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V0-FB1/12.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 73
FIGURA 44: INCIDÊNCIA DO VENTO A 0º EM COBERTURAS CURVAS. FONTE: ADAPTADO DE NBR 6123:1988. 74
FIGURA 45: INCIDÊNCIA DO VENTO A 0º NAS PAREDES. FONTE: ADAPTADO DE NBR 6123:1988. .................. 76
FIGURA 46: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V90-FB1/4: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 77
FIGURA 47: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V90-FB1/5: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 78
FIGURA 48: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V90-FB1/8: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 78
FIGURA 49: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V90-FB1/10: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 79
FIGURA 50: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 1V-V90-FB1/12: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 79
FIGURA 51: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V90-FB1/4.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 80
FIGURA 52: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V90-FB1/5.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 80
FIGURA 53: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V90-FB1/8.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 80
FIGURA 54: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V90-FB1/10.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 81
FIGURA 55: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 1V-V90-FB1/12.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 81
FIGURA 56: INCIDÊNCIA DO VENTO A 90º EM COBERTURAS CURVAS. FONTE: ADAPTADO DE NBR 6123:1988.
..................................................................................................................................................... 82
FIGURA 57: INCIDÊNCIA DO VENTO A 90º NAS PAREDES. FONTE: ADAPTADO DE NBR 6123:1988. ................ 84
FIGURA 58: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 2V-V0-FB1/5: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 85
FIGURA 59: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 2V-V0-FB1/8: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 85
FIGURA 60: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 2V-V0-FB1/10: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 86
FIGURA 61: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 3V-V0-FB1/5: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 86
FIGURA 62: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 3V-V0-FB1/8: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 87
FIGURA 63: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 3V-V0-FB1/10: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 87
FIGURA 64: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 2V-V0-FB1/5.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 88
FIGURA 65: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 2V-V0-FB1/8.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 89
FIGURA 66: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 2V-V0-FB1/10.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 89
FIGURA 67: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 3V-V0-FB1/5.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 89
FIGURA 68: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 3V-V0-FB1/8.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 90
FIGURA 69: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 3V-V0-FB1/10.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 90
FIGURA 70: COEFICIENTES DE PRESSÃO GERADOS PELO ANSYS CFX PARA UM, DOIS E TRÊS VÃOS COM F/B

IGUAL A 1/5 PARA VENTO INCIDINDO A 0º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .................................................... 92

FIGURA 71: COEFICIENTES DE PRESSÃO GERADOS PELO ANSYS CFX PARA UM, DOIS E TRÊS VÃOS COM F/B

IGUAL A 1/8 PARA VENTO INCIDINDO A 0º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .................................................... 93

FIGURA 72: COEFICIENTES DE PRESSÃO GERADOS PELO ANSYS CFX PARA UM, DOIS E TRÊS VÃOS COM F/B

IGUAL A 1/10 PARA VENTO INCIDINDO A 0º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .................................................. 93

FIGURA 73: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 2V-V90-FB1/5: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 94
FIGURA 74: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 2V-V90-FB1/8: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 95
FIGURA 75: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 2V-V90-FB1/10: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 95
FIGURA 76: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 3V-V90-FB1/5: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 96
FIGURA 77: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 3V-V90-FB1/8: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 96
FIGURA 78: LINHAS DE FLUXO DO ESCOAMENTO DO VENTO PARA O MODELO 3V-V90-FB1/10: (A) PERSPECTIVA;
(B) VISTA SUPERIOR; (C) VISTA LATERAL. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 97
FIGURA 79: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 2V-V90-FB1/5.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 97
FIGURA 80: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 2V-V90-FB1/8.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 98
FIGURA 81: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 2V-V90-FB1/10.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 98
FIGURA 82: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 3V-V90-FB1/5.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 98
FIGURA 83: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 3V-V90-FB1/8.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 99
FIGURA 84: COEFICIENTES DE PRESSÃO OBTIDOS PELA ANÁLISE NUMÉRICA PARA O MODELO 3V-V90-FB1/10.
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................................................................ 99
FIGURA 85: FAIXAS DE INCIDÊNCIA DO VENTO A 90º EM COBERTURAS CURVAS PARA DOIS OU TRÊS VÃOS. FONTE:
PRÓPRIO AUTOR. .......................................................................................................................... 100
FIGURA 86: COEFICIENTES DE PRESSÃO GERADOS PELO ANSYS CFX PARA UM, DOIS E TRÊS VÃOS COM F/B

IGUAL A 1/5 PARA VENTO INCIDINDO A 90º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................ 102

FIGURA 87: COEFICIENTES DE PRESSÃO GERADOS PELO ANSYS CFX PARA UM, DOIS E TRÊS VÃOS COM F/B

IGUAL A 1/8 PARA VENTO INCIDINDO A 90º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................ 103

FIGURA 88: COEFICIENTES DE PRESSÃO GERADOS PELO ANSYS CFX PARA UM, DOIS E TRÊS VÃOS COM F/B

IGUAL A 1/10 PARA VENTO INCIDINDO A 90º. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .............................................. 103
FIGURA 89: INTERFACE ANSYS W ORKBENCH. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 110
FIGURA 90: ROTINA ANSYS FLUENT. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................................ 111
FIGURA 91: TRANSFERÊNCIA DE DADOS DO ANSYS FLUENT PARA ANSYS CFX. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .. 111
FIGURA 92: ROTINA FINAL PARA DESENVOLVER A ANÁLISE NUMÉRICA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................ 112
FIGURA 93: TELA INICIAL SPACECLAIM. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................................................ 113
FIGURA 94: DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA ATRAVÉS DA FERRAMENTA “LINE”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .......... 113
FIGURA 95: INSERÇÃO DAS DIMENSÕES DA ESTRUTURA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................... 114
FIGURA 96: DEFINIÇÃO DA COBERTURA EM ARCO ATRAVÉS DO COMANDO “THREE-POINT ARC”. FONTE:
PRÓPRIO AUTOR. .......................................................................................................................... 114
FIGURA 97: VISTA FRONTAL DO GALPÃO. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .......................................................... 115
FIGURA 98: DEFINIÇÃO DO COMPRIMENTO DA ESTRUTURA ATRAVÉS DO COMANDO “PULL”. FONTE: PRÓPRIO
AUTOR. ........................................................................................................................................ 115

FIGURA 99: DEFINIÇÃO DO DOMÍNIO DE ANÁLISE ATRAVÉS DA FERRAMENTA “ENCLOSURE”. FONTE: PRÓPRIO
AUTOR. ........................................................................................................................................ 116

FIGURA 100: INSERÇÃO DAS DIMENSÕES DO DOMÍNIO DE ANÁLISE. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .................... 117
FIGURA 101: ESTRUTURA E O DOMÍNIO DE ANÁLISE. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .......................................... 117
FIGURA 102: ETAPA DE GERAÇÃO DA MALHA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................... 118
FIGURA 103: FORMA DE SUPRIMIR A ESTRUTURA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................................. 119
FIGURA 104: CRIAÇÃO DAS “NAMED SELECTION”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................................. 120
FIGURA 105: DEFINIÇÃO DOS NOMES DAS FACES. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................................. 120
FIGURA 106: DEFINIÇÃO DE TODAS AS “NAMED SELECTION”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................. 121
FIGURA 107: INSERÇÃO DO MÉTODO DE GERAÇÃO DA MALHA UTILIZADO NA ANÁLISE NUMÉRICA. FONTE:
PRÓPRIO AUTOR. .......................................................................................................................... 122
FIGURA 108: PARÂMETROS DO MÉTODO DE GERAÇÃO DA MALHA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR....................... 122
FIGURA 109: INSERÇÃO DO “SIZING” DA ESTRUTURA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ........................................ 123
FIGURA 110: PARÂMETROS DO “FACE SIZING” GERADO PARA A ESTRUTURA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ...... 123
FIGURA 111: PARÂMETROS DO “EDGE SIZING” GERADO PARA A ESTRUTURA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ..... 124
FIGURA 112: INSERÇÃO DA “INFLATION”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .......................................................... 124
FIGURA 113: DEFINIÇÃO DE TODA A ESTRUTURA PARA CRIAÇÃO DA INFLATION (COBERTURA E PAREDES).
FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .............................................................................................................. 125
FIGURA 114: PARÂMETROS DA “INFLATION” AO REDOR DA ESTRUTURA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .............. 125
FIGURA 115: DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DA MALHA A SER GERADA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............... 126
FIGURA 116: MALHA GERADA PARA DESENVOLVIMENTO DA ANÁLISE NUMÉRICA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. . 126
FIGURA 117: VERIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ........................... 127
FIGURA 118: COMANDO PARA UPDATE DA MALHA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................................ 128
FIGURA 119: DEFINIÇÃO DO TIPO DE ANÁLISE. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .................................................. 129
FIGURA 120: SELEÇÃO DO TIPO DE ANÁLISE (“STEADY STATE”). FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ........................ 129
FIGURA 121: DEFINIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................. 130
FIGURA 122: INSERINDO CONDIÇÃO DE ENTRADA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................................ 131
FIGURA 123: PARÂMETROS DA ENTRADA EM “BASIC SETTINGS”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ....................... 131
FIGURA 124: PARÂMETROS DA ENTRADA EM “BOUNDARY DETAILS”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .................. 132
FIGURA 125: EXPRESSÕES UTILIZADAS PARA INSERIR NO PARÂMETRO DE ENTRADA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR.
................................................................................................................................................... 132
FIGURA 126: PARÂMETROS DA SAÍDA EM “BASIC SETTINGS”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................ 133
FIGURA 127: PARÂMETROS DA SAÍDA EM “BOUNDARY DETAILS”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ....................... 133
FIGURA 128: PARÂMETROS DA PAREDE E PISO DO DOMÍNIO DE ANÁLISE E PAREDES E COBERTURA DA

ESTRUTURA EM “BASIC SETTINGS”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .......................................................... 134

FIGURA 129: PARÂMETROS DA PAREDE E PISO DO DOMÍNIO DE ANÁLISE E PAREDES E COBERTURA DA

ESTRUTURA EM “BOUNDARY DETAILS”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ..................................................... 134

FIGURA 130: DEFINIÇÃO DE TODAS AS CONDIÇÕES DE CONTORNO. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .................... 135
FIGURA 131: CONFIGURAÇÃO BÁSICO “DEFAULT DOMAIN”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................... 135
FIGURA 132: MODELO DE TURBULÊNCIA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .......................................................... 136
FIGURA 133: DEFINIÇÃO DO “SOLVER CONTROL”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................................. 136
FIGURA 134: PARÂMETROS CONSIDERADOS NO “SOLVER CONTROL”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................ 137
FIGURA 135: CONFIGURAÇÃO DE PROCESSAMENTO DA SOLUÇÃO. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ..................... 137
FIGURA 136: TELA DE RESOLUÇÃO DO PROCESSAMENTO DA ANÁLISE. FONTE: PRÓPRIO AUTOR................. 138
FIGURA 137: INTERFACE DO PÓS PROCESSAMENTO (“RESULTS”). FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ...................... 138
FIGURA 138: CRIAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA CÁLCULO DO COEFICIENTE DE PRESSÃO EXTERNO. FONTE:
PRÓPRIO AUTOR. .......................................................................................................................... 139
FIGURA 139: DEFINIÇÃO DO NOME DA EXPRESSÃO DO COEFICIENTE DE PRESSÃO EXTERNO. FONTE: PRÓPRIO
AUTOR. ........................................................................................................................................ 139

FIGURA 140: DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO DO COEFICIENTE DE PRESSÃO. FONTE: PRÓPRIO AUTOR.............. 140
FIGURA 141: CRIAÇÃO DA VARIÁVEL PARA EXPRESSÃO DO CPE. FONTE: PRÓPRIO AUTOR......................... 140
FIGURA 142: DEFINIÇÃO DO NOME DA VARIÁVEL RELACIONADA À EXPRESSÃO DO CPE. FONTE: PRÓPRIO AUTOR.
................................................................................................................................................... 141
FIGURA 143: PARÂMETRO PARA DEFINIÇÃO DA VARIÁVEL “CP”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ......................... 141
FIGURA 144: DEFINIÇÃO DO NOME DO “CONTOUR” DO COEFICIENTE DE PRESSÃO EXTERNO. FONTE: PRÓPRIO
AUTOR. ........................................................................................................................................ 142

FIGURA 145: PARÂMETROS DE DEFINIÇÃO DO “CONTOUR”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ............................... 142
FIGURA 146: COEFICIENTE DE PRESSÃO EXTERNO EM TORNO DA ESTRUTURA. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ... 143
FIGURA 147: CRIAÇÃO DAS LINHAS DE FLUXO (“STREAMLINE”). FONTE: PRÓPRIO AUTOR. .......................... 143
FIGURA 148: PARÂMETROS DA “STREAMLINE”. FONTE: PRÓPRIO AUTOR. ................................................. 144
LISTA DE TABELAS

TABELA 1: PARÂMETROS METEOROLÓGICOS. FONTE NBR 6123:1988....................................................... 49


TABELA 2: VALORES MÍNIMOS DO FATOR ESTATÍSTICO S3. FONTE NBR 6123:1988. ................................... 49
TABELA 3: COEFICIENTE DE PRESSÃO EXTERNA PARA VENTO SOPRANDO PERPENDICULARMENTE À GERATRIZ DA
COBERTURA. FONTE NBR 6123:1988. ............................................................................................ 53
TABELA 4: COEFICIENTE DE PRESSÃO EXTERNA PARA VENTO SOPRANDO PARALELAMENTE À GERATRIZ DA

COBERTURA. FONTE NBR 6123:1988. ............................................................................................ 53


TABELA 5: COEFICIENTE DE PRESSÃO E DE FORMA EXTERNOS PARA PAREDES DE EDIFICAÇÕES DE PLANTA

RETANGULAR. FONTE NBR 6123:1988. ........................................................................................... 54

TABELA 6: DIMENSÕES DOS DOMÍNIOS DOS MODELOS NUMÉRICOS. FONTE PRÓPRIO AUTOR. ....................... 61
TABELA 7: PARÂMETROS DE QUALIDADE DOS MODELOS. FONTE PRÓPRIO AUTOR. ...................................... 65
TABELA 8: COEFICIENTES DE PRESSÃO NA COBERTURA PARA VENTO INCIDINDO À 0º ................................... 75
TABELA 9: COEFICIENTES DE PRESSÃO NAS PAREDES PARA VENTO INCIDINDO À 0º ...................................... 76
TABELA 10: COEFICIENTES DE PRESSÃO NA COBERTURA PARA VENTO INCIDINDO À 90º ............................... 82
TABELA 11: COMPARATIVO DE COEFICIENTES DE PRESSÃO NA COBERTURA PARA VENTO INCIDINDO À 90º..... 83
TABELA 12: COEFICIENTES DE PRESSÃO NAS PAREDES PARA VENTO INCIDINDO À 90º .................................. 84
TABELA 13: COEFICIENTES DE PRESSÃO PARA COBERTURA COM DOIS VÃOS PARA VENTO INCIDINDO À 0º...... 91
TABELA 14: COEFICIENTES DE PRESSÃO PARA COBERTURA COM TRÊS VÃOS PARA VENTO INCIDINDO À 0º ..... 91
TABELA 15: COEFICIENTES DE PRESSÃO PARA COBERTURA COM DOIS VÃOS PARA VENTO INCIDINDO À 90º.. 101
TABELA 16: COEFICIENTES DE PRESSÃO PARA COBERTURA COM TRÊS VÃOS PARA VENTO INCIDINDO À 90º . 101
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 17
1.1 Considerações Gerais ................................................................................. 17
1.2 Justificativa .................................................................................................. 20
2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 21
2.1 Objetivos Gerais .......................................................................................... 21
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 21
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 22
3.1 Ação do Vento nas Estruturas ..................................................................... 22
3.2 Fundamentação Teórica .............................................................................. 22
3.2.1 Teorema da Conservação da Massa .................................................... 22
3.2.2 Teorema de Bernoulli............................................................................ 23
3.2.3 Pressão Estática ................................................................................... 24
3.2.4 Pressão Total........................................................................................ 24
3.2.5 Pressão de Obstrução .......................................................................... 25
3.2.6 Coeficientes Aerodinâmicos.................................................................. 26
3.2.6.1 Coeficientes de Pressão .............................................................. 26
3.2.6.2 Coeficiente de Torção.................................................................. 27
3.3 Camada Limite ............................................................................................. 28
3.4 Separação, esteira, vórtices e proporções ................................................... 29
3.4.1 Separação ............................................................................................ 29
3.4.2 Esteira .................................................................................................. 31
3.4.3 Vórtices de base ................................................................................... 31
3.4.4 Proporções ........................................................................................... 32
3.5 Fluidodinâmica Computacional .................................................................... 33
3.5.1 Método dos volumes finitos................................................................... 34
3.5.1.1 Transformação de coordenadas em malhas não-estruturadas .... 34
3.5.1.2 Volumes de controle e pontos de integração ............................... 37
3.5.1.3 Integração das equações governantes ........................................ 37
3.6 Turbulência .................................................................................................. 40
3.6.1 Modelos de Turbulência ........................................................................ 41
3.7 Aspectos Normativos ................................................................................... 43
3.7.1 Caracterização do Vento ...................................................................... 43
3.7.2 Forças estáticas devido ao vento e determinação da velocidade
característica ................................................................................................. 44
3.7.3 Fator Topográfico S1 ............................................................................ 46
3.7.4 Fator S2 ................................................................................................ 47
3.7.5 Fator estatístico S3 ............................................................................... 49
3.7.6 Coeficientes aerodinâmicos para coberturas curvas ............................. 50
4. DESCRIÇÃO DOS MODELOS DA ANÁLISE NUMÉRICA ................................... 55
4.1 Cilindro ........................................................................................................ 55
4.2 Modelos com cobertura simples (único vão) ................................................ 56
4.3 Modelos com cobertura com dois e três vãos .............................................. 56
5. METODOLOGIA .................................................................................................. 58
5.1 Geometria e domínio de análise .................................................................. 58
5.2 Geração da malha ....................................................................................... 61
5.2.1 Qualidade Ortogonal ............................................................................. 62
5.2.2 Razão de Aspecto ................................................................................ 63
5.2.3 Skewness ............................................................................................. 63
5.3 Malha gerada ............................................................................................... 64
5.4 Condições de contorno ................................................................................ 66
5.5 Pós-processamento ..................................................................................... 67
6. RESULTADOS ..................................................................................................... 68
6.1 Cilindro ........................................................................................................ 68
6.2 Modelos 1V-V0-Fb(1/4, 1/5, 1/8, 1/10 e 1/12) .............................................. 69
6.3 Modelos 1V-V90-Fb(1/4, 1/5, 1/8, 1/10, 1/12) .............................................. 77
6.4 Modelo 2V-V0-Fb(1/5, 1/8 e 1/10) e 3V-V0-Fb(1/5, 1/8 e 1/10) .................... 84
6.5 Modelo 2V-V90-Fb(1/5, 1/8 e 1/10) e 3V-V90-Fb(1/5, 1/8 e 1/10) ................ 94
7. CONCLUSÕES .................................................................................................. 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 107
APÊNDICE A – EXEMPLO DE UMA MODELAGEM NO ANSYS CFX .................. 110
A.1 Definição da Geometria (Geometry) ................................................................ 112
A.2 Geração da Malha (Mesh) ............................................................................... 118
A.3 Critérios e configurações de análise (Setup) .................................................... 128
A.4 Solução da análise (Solution) .......................................................................... 137
A.5 Análise dos Resultados (Results) .................................................................... 138
17

1. INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Gerais

No âmbito da construção para fins industriais, comerciais ou logísticos, os


edifícios com cobertura metálica em arco se destacam em relação aos demais tipos
de construção quando há necessidade de cobrir grandes vãos livres (superior a 25m)
com quantidade mínima de material. De fato, os sistemas estruturais de cobertura,
cujas geratrizes são a circunferencial e a parabólica, apresentam uma característica
muito favorável, que é a geometria. Afinal, a forma geométrica parabólica favorece
uma distribuição de esforços mais uniforme, resiste bem aos esforços axiais e ainda,
ganha-se em espaço livre vertical, o que caracteriza arquitetonicamente em ganho de
espaço útil (NUNES 2011).
Uma vez que esses edifícios são tipicamente formados por estruturas
leves, a ação do vento é um fator determinante para o dimensionamento. A norma
brasileira que prescreve os critérios e os procedimentos de cálculo para determinar as
ações devido ao vento nas estruturas é a NBR 6123 (ABNT NBR 6123:1988) – Forças
Devidas ao Vento em Edificações. Esta norma estabelece os critérios de acordo com
o tipo de estrutura a ser analisada – como, sua forma geométrica, aberturas,
localização do edifício e rugosidade do terreno, onde a existência ou não, bem como,
a altura de obstáculos (e.g., outros edifícios) influencia na ação do vento no edifício
estudado.
As condições aerodinâmicas e de vizinhança podem causar alterações das
forças do vento por efeito Venturi, efeito de canalização, por deflexão do vento na direção
vertical e por turbulência da esteira (BLESSMANN 2011).
Nos últimos anos, com a crescente valorização imobiliária, tem-se assistido
a um considerável aumento na construção de condomínios industriais e logísticos, os
quais na grande maioria são constituídos por um conjunto de edifícios (i.e., edifícios
industriais ou comerciais) exibindo múltiplos vãos de cobertura ou conjugados um ao
outro (e.g., geminados) – como mostrado na Figura 1, para edifícios com cobertura em
arco situados no Brasil, Ásia e Estados Unidos da América. Diante disso, destaca-se a
18

importância de verificar se algum dos efeitos citados acima causa um aumento ou uma
diminuição das forças devido ao vento na edificação.
Apesar da ABNT NBR 6123:1988 prescrever os coeficientes de pressão
para telhados múltiplos com uma água vertical (Anexo F), para telhados múltiplos com
duas águas, simétricos, de tramos iguais (Tabela 7 da norma) e para telhados múltiplos
com duas águas, assimétricos, de tramos iguais (Tabela 8 da norma), nenhum
procedimento é fornecido para telhados múltiplos em forma de arco. Diante deste fato,
o texto normativo descreve:
“Informações sobre telhados múltiplos são ainda
incompletas. Casos diferentes dos considerados nas
Tabelas 7 e 8 e no Anexo F devem ser especificamente
estudados. ” (ABNT NBR 6123:1988)

http://www.revistamundologistica.com.br/ http://www.aviaorevue.com

http://www.skyflexsystem.com/
19

https://www.mbproflex.com/ http://www.cargonews.com.br

https://www.mbproflex.com/

Figura 1: Exemplos de edifícios de vãos múltiplos com cobertura em arco.

Para uma rigorosa avaliação da ação do vento em um edifício de vãos


múltiplos com cobertura em arco, é necessário obter informações sobre a distribuição
das pressões do vento em toda a edificação e considerar as interferências de
vizinhança e aerodinâmicas provenientes de cada tramo de cobertura curva, um ao
lado do outro. Em virtude do caráter intrinsecamente não linear dos efeitos
provenientes dessas interferências (e.g., formação de vórtices, descolamento do
escoamento etc.), os resultados dos problemas que resultam da interação e
acoplamento entre eles só podem ser estudados de forma “exata” através do recurso
a ensaios experimentais bastante laboriosos e dispendiosos em túneis de vento (e.g.,
Ferreira 2013 e Gomes et al. 2005). No entanto, uma metodologia de análise
alternativa e muito promissora consiste em modelagem numérica baseada na
formulação de método dos volumes finitos que leva em consideração a interação
fluido-estrutura (e.g., Galter 2015 e Negri 2017).
20

1.2 Justificativa

Considerando que nos últimos anos, com a crescente valorização imobiliária,


tem-se assistido a um aumento na construção de condomínios industriais e logísticos, os
quais na grande maioria são constituídos por edifícios com múltiplos vãos ou formados
por um conjunto de edifícios conjugados (um ao lado do outro). Desta forma, destaca-
se que é de fundamental interesse técnico e científico a realização de estudos
numéricos para avaliar a ação do vento (pressão, velocidade, fluxo, etc.) e determinar
os coeficientes de forma de edifícios para estes tipos de estrutura. Um desafio
necessário que ainda não foi completamente vencido na construção civil e que acaba
sendo mais estimulante ainda pelo fato da norma vigente (NBR 6123:1988) não abordar
o assunto, e encontrar-se atualmente em processo de revisão.
De fato, a esmagadora maioria dos trabalhos recentes disponíveis na
literatura aborda somente a análise de edifícios agrícolas (estufas e viveiros),
destacando-se os trabalhos de Kateris et al. (2012) e Kim et al. (2017). Assim, é
precisamente neste contexto que se enquadram e justificam as atividades desta
pesquisa, cujos objetivos são apresentados a seguir.
21

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

Os objetivos desta pesquisa são determinar e avaliar numericamente através da


fluidodinâmica computacional, os coeficientes de forma externo devido à ação do vento em
edifícios horizontais com cobertura de vãos múltiplos em forma de arco.

2.2 Objetivos Específicos

 Comparar os resultados dos coeficientes de pressão externos obtidos


pela análise numérica com os valores fornecidos pela NBR 6123:1988
em edifícios isolados com cobertura em arco simples (um vão) para ação
do vento incidindo a 0º e 90º. Isto é, para edifícios que exibem dimensões
que atendem a prescrição 1/10 ≤ f/b ≤ 1/5 (onde, f é a flecha do arco e b
é a largura do edifício).
 Determinar os coeficientes de pressão externos para edifícios isolados
com cobertura em arco simples que exibem a configuração de 1/10 > f/b
e 1/5 < f/b para vento incidindo a 0º e 90º.
 Analisar as ações do vento em edifícios com cobertura conjugada de
dois e três vãos em forma de arco para vento incidindo a 0º e 90º.
Posteriormente, (i) identificar e avaliar a formação de vórtices nas
análises das linhas de fluxos, (ii) visualizar as zonas de altas sucções
nas arestas dos edifícios e (iii) determinar os coeficientes de pressão
externo.
22

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Ação do Vento nas Estruturas

O vento pode ser definido como o movimento do ar sobre a superfície


terrestre causado principalmente pelas diferenças na pressão atmosférica. Essas
diferenças, segundo Blessmann (2013), são ocasionadas pela energia proveniente do
Sol que causa variações na temperatura do ar. Assim, em uma determinada região, a
parte do ar mais aquecida sobe em função da diminuição de pressão sendo
substituída pelo ar dos arredores onde a pressão é maior.
Um ponto de suma importância na elaboração de projetos é a ação do vento
na estrutura, sendo em determinadas ocasiões um dos principais fatores para análise
estrutural da edificação como em edifícios altos, pontes, coberturas, galpões, etc.
Desta forma, a determinação das pressões que atuam ao longo da estrutura tem como
objetivo evitar danos à edificação e consequentemente às vidas humanas.

3.2 Fundamentação Teórica

3.2.1 Teorema da Conservação da Massa

Segundo Pitta (2002), um fluido em movimento deve obedecer a equação


da continuidade, isto é, num dado intervalo de tempo, a massa de fluido que entra em
um certo volume é igual à massa que sai mais a variação da massa contida no
elemento. Quando as características do fluido em cada ponto do espaço independem
do tempo, considera-se um fluxo permanente, ou seja, todas as partículas do fluido
têm velocidades iguais e apresentam a mesma trajetória neste determinado ponto,
chamadas assim de linha de fluxo.
A Figura 2 mostra um fluxo permanente com volume limitado por um tubo
de corrente e pelas seções 𝑆1 e 𝑆2 , em um intervalo de tempo 𝑑𝑡 – onde, 𝐴 é a área
de uma superfície plana, 𝑣 é a velocidade média do fluido e 𝜌 é massa específica do
fluido.
23

Figura 2 - Contorno de um tubo de corrente de um fluido. Fonte: Pitta, 2002.

A massa de fluido que entra é dada pela equação 𝜌1 (𝐴1 𝑣1 𝑑𝑡 ) e a massa de


fluido que sai por 𝜌2 ( 𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡 ). Pela equação da continuidade, em regime permanente,
tem-se:

𝜌1 (𝐴1 𝑣1 𝑑𝑡 ) = 𝜌2 ( 𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡 ) (1)

Como o fluido é incompressível: 𝜌1 = 𝜌2 = 𝜌, e portanto:

𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2 (2)

Através da equação (2), observa-se que quanto maior a área da superfície


plana, mais distantes serão as linhas de fluxo e, portanto, menor a velocidade do
fluido, conforme expresso por Pitta (2002): “se as linhas de fluxos se afastam, a
velocidade do fluido diminui, e se as linhas de fluxos se aproximam, a velocidade do
fluido aumenta”.

3.2.2 Teorema de Bernoulli

Quando aplicado a escoamentos permanentes de fluidos sem viscosidade


e incompressíveis, o teorema de Bernoulli pode ser expresso pela seguinte equação:
1
𝜌𝑣 2 + 𝑝 + 𝜌 𝑔 𝑧 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (3)
2
24

Onde, 𝑝 é a pressão estática, 𝑔 é a aceleração da gravidade e 𝑧 é a cota


de referência.
Conforme especificado por Blessmann (2011), a expressão acima é válida
ao longo de uma mesma linha se o escoamento é rotacional, e entre dois pontos
quaisquer se o escoamento é irrotacional, e no caso de ar e gases as forças de massa
podem ser desprezadas e as perdas desconsideradas. Assim, a equação (3) fica da
seguinte forma:
1
𝑝 + 2 𝜌𝑣 2 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (4)

Ou seja, pressão estática mais a pressão dinâmica é igual a pressão total


que é constante.

3.2.3 Pressão Estática

A pressão estática pode ser definida como sendo a força normal exercida
em uma área infinitesimal, considerando o fluido em repouso.
𝑑𝐹𝑛
𝑝 = lim (5)
𝑑𝐴→0 𝑑𝐴

Onde 𝑑𝐹𝑛 é a força normal aplicada a uma área elementar 𝑑𝐴 .

3.2.4 Pressão Total

Ao inserir um objeto em um fluido em movimento uniforme, este irá causar


perturbações no campo, sendo que uma ou mais linhas de fluxo poderão incidir
perpendicularmente à sua superfície. Nestes pontos o fluido apresenta velocidade
nula (pontos de estagnação) e, portanto, a pressão dinâmica torna-se zero, restando
apenas a pressão estática.
A Figura 3 ilustra o conceito explicado anteriormente, sendo 𝑃0 e 𝑣0 a
pressão e a velocidade em um ponto do fluxo a barlavento não afetado pelo objeto, e
𝑃𝑒 e 𝑣𝑒 a pressão e a velocidade em um ponto 𝑒 do objeto em questão.
25

Figura 3: Linhas de fluxo ao redor do objeto. Fonte: Adaptado de Pitta (2002).

Assim, pelo teorema de Bernoulli, tem-se:


1 1
𝑃0 + 2 𝜌𝑣02 = 𝑃𝑒 + 2 𝜌𝑣𝑒2 (6)

Como o ponto 𝑒 representa um ponto de estagnação, 𝑣𝑒 = 0, e portanto:


1
𝑃0 + 2 𝜌𝑣02 = 𝑃𝑒 (7)

Assim, medindo-se a pressão estática no ponto 𝑒, obtém-se a pressão total


em um ponto do fluxo permanente e uniforme não afetado pelo obstáculo.

3.2.5 Pressão de Obstrução

A pressão de obstrução (q) expressa a diferença entre as pressões


estáticas no ponto 𝑒 e no ponto 𝑜 mencionados no item anterior. Assim, representa a
pressão efetiva em um ponto de estagnação do fluido sendo numericamente igual à
pressão dinâmica do fluxo em local não afetado pelo obstáculo, dada pela Equação
(8):
1
𝑃𝑒 − 𝑃0 = 𝜌𝑣02 = 𝑞 (8)
2

Supondo uma temperatura de 15ºC, uma pressão atmosférica de 1atm e


massa específica do ar igual a 1,2253kg/m³, pode-se simplificar a equação (8)
obtendo-se a pressão dinâmica (q) igual a 0,613𝑣 2 (𝑞 em N/m² e 𝑣 e m/s).
26

3.2.6 Coeficientes Aerodinâmicos

3.2.6.1 Coeficientes de Pressão

Para determinar os coeficientes de pressão, analisa-se novamente a Figura


3. A pressão efetiva em um ponto p na superfície do objeto é dada por:
1
∆𝑃 = 𝑃𝑝 − 𝑃0 = 2 𝜌(𝑣02 − 𝑣𝑝2 ) (9)

1 𝑣𝑝2
∆𝑃 = 2 𝜌𝑣02 (1 − 𝑣2 ) (10)
0

Substituindo a Equação (8) em (10), tem-se:

𝑣𝑝2
∆𝑃 = 𝑞 (1 − 𝑣2 ) (11)
0

E, considerando:

𝑣𝑝2
𝐶𝑝 = (1 − 𝑣2 ) (12)
0

Chega-se à equação final do coeficiente de pressão:

∆𝑃
𝐶𝑝 = (13)
𝑞

Para casos onde 𝐶𝑝 > 0, diz-se que ocorre sobrepressão, e para 𝐶𝑝 < 0
ocorre sucção. Segundo Pitta (2002), o maior valor de sobrepressão em uma estrutura
é igual ao valor de obstrução (𝐶𝑝 = 1) e no caso de sucções, pode atingir valores de
seis a oito vezes a pressão de obstrução.
Se o objeto analisado não for maciço e nem totalmente fechado, em todas
as suas superfícies ocorrerá pressões do lado externo e interno, conforme observado
na Figura 4.
27

Figura 4: Linhas de fluxo ao redor de um objeto com abertura. Fonte: Pitta ,2002.

O coeficiente de pressão na face externa do corpo, situado no ponto e, é


dado por:

∆𝑃𝑒
𝐶𝑝𝑒 = (14)
𝑞

O coeficiente de pressão na face interna, situado no ponto i, é dado por:


∆𝑃𝑖
𝐶𝑝𝑖 = (15)
𝑞

Assim, a pressão total resulta na Equação (16):

∆𝑃 = (𝐶𝑝𝑒 − 𝐶𝑝𝑖 )𝑞 = ∆𝐶𝑝 𝑞 (16)

Conforme especificado pela ABNT NBR 6123:1988, ∆𝑃 > 0 indica uma


pressão efetiva com o sentido de uma sobrepressão externa, e ∆𝑃 < 0 indica uma
pressão efetiva com o sentido de uma sucção externa.

3.2.6.2 Coeficiente de Torção

Os prédios de formatos prismáticos convencionais estão sujeitos aos


efeitos de torção aerodinâmica sempre que a resultante das forças não coincidir com
o seu eixo de torção. Este efeito é mais notável quando a incidência for oblíqua ao
eixo de simetria fazendo com que as distribuições das pressões sejam assimétricas.
Desta forma, aparecerá um momento torçor (𝑀𝑡 ) calculado pela Equação (17):
28

𝑀𝑡 = 𝐶𝑡 𝑞 𝐴 𝐿 (17)

Onde 𝐶𝑡 é o coeficiente de torção, q é a pressão dinâmica, A é a área de


incidência e 𝐿 é a dimensão linear de referência utilizada para deixar o coeficiente
adimensional.

3.3 Camada Limite

O conceito de camada limite foi estabelecido em 1904 por Ludwing Prandtl,


que demonstrou que para fluidos de baixa viscosidade (elevados números de
Reynolds), como ar e água, a viscosidade interfere nos resultados apenas em uma
camada muito fina sobre a superfície do corpo (camada limite), e fora desta, a
influência da viscosidade pode ser desprezada. Assim, o escoamento pode ser
considerado como um fluido ideal.
Com esta abordagem, Prandtl pode deduzir um conjunto de equações mais
simples permitindo a resolução de problemas de escoamentos viscosos que não seria
possível utilizando as equações de Navier-Stokes ao longo do escoamento.
Galter (2015) também indica que o conceito de camada limite é válido tanto
no regime laminar como no regime turbulento. A Figura 5 ilustra um escoamento de
um fluido viscoso e incompressível sobre uma placa plana, sendo U a velocidade do
fluído e δ a espessura da camada limite. Observa-se que no regime turbulento a
partícula do fluido sofre uma distorção e as partículas no topo são mais estáveis
quando comparadas às partículas próximas da placa.

Figura 5: Camada limite laminar e turbulenta sobre uma placa plana. Fonte: Munson, 2004.
29

A transição do regime laminar para o turbulento ocorre quando o número


de Reynolds atinge um valor crítico da ordem de 2x105 a 3x106, e depende da
rugosidade da superfície e da intensidade de turbulência no escoamento (MUNSON
2004).

3.4 Separação, esteira, vórtices e proporções

3.4.1 Separação

A Figura 6 mostra um sólido com uma superfície ABCDE de pequena


curvatura imerso em um escoamento.

Figura 6: Ponto de separação ou descolamento. Fonte: Blessmann, 2011.

A camada limite apresenta um aumento da espessura a medida que se


desloca à sotavento sendo o seu comportamento influenciado por acelerações
positivas ou negativas do escoamento exterior à camada limite. Quando o escoamento
nas proximidades é uniforme e turbulento, ocorre uma transferência de energia
denominada turbulência.
Segundo Blessmann (2011), na camada limite a velocidade é menor do que
no escoamento nas vizinhanças. Mas, com esta adição constante de energia, a
mesma continua em seu movimento normal, podendo ser beneficiada se o fluxo for
acelerado. No entanto, se houver uma desaceleração do escoamento, este
retardamento também será transmitido à camada limite, que perderá velocidade. No
30

caso, o movimento junto à camada limite sendo desacelerado, a pressão aumenta,


gerando um gradiente de pressão positivo que se opõe ao movimento das partículas,
principalmente na camada limite em função das baixas velocidades nela existentes.
Desta forma, o fluido próximo à superfície tem uma velocidade mais baixa e, portanto,
uma quantidade de movimento menor sendo mais sensível à força retardadora do que
em pontos mais afastados da superfície, fazendo com que a distribuição de
velocidades sofra modificações.
Analisando a Figura 6, observa-se que no ponto B o perfil de velocidade
era representado pela linha tracejada e passa a ter a forma da linha cheia. Mais para
sotavento este retardamento será maior agravado ainda mais devido à camada limite
ir aumentando de espessura. Assim, haverá mais fluido com baixa velocidade próximo
à superfície do que na seção B e a camada sofrerá ainda mais a influência retardadora
do aumento de pressão, chegando a um ponto onde a velocidade das partículas
próximas às superfícies será nula (ponto C). A partir deste ponto, o movimento junto
à superfície muda de sentido, inicialmente muito próxima à mesma e depois
aumentando com a espessura conforme pontos D e E. Assim, aliado à velocidade
contrária a jusante faz com que o fluido se afaste rapidamente da superfície sólida,
gerando um fluxo reverso. O ponto de separação e o movimento retrógrado a
sotavento alteram a distribuição de pressões, fazendo com que as linhas de
separação se movam para barlavento até uma posição de equilibrio. O ponto onde se
inicia a reversão do movimento e descolamento do fluido denomina-se ponto de
separação ou de descolamento. E o escoamento a montante do ponto de separação
também sofre modificações até atingir o equilibrio.
Conforme observado pela Figura 6, formam-se em geral grandes e lentos
redemoinhos após o ponto de descolamento ocorrendo uma grande degradação de
energia em calor. Além disso, esses redemoinhos dão origem a uma grande
turbulência no fluido a sotavento do sólido, diminuindo ainda mais a energia da
corrente.
E como geralmente a separação acontece em região de alta velocidade, e
consequentemente de pressão reduzida, a pressão estática estará abaixo da existente
no escoamento não perturbado (sucção).
31

3.4.2 Esteira

Analisando ainda a Figura 6, segundo Blessmann (2011), observa-se que


após o ponto de separação, o escoamento apresenta sentido inverso e ocorre a
formação de turbilhões que se enrolam e geralmente se desprendem, sendo
arrastados na direção da corrente e substituídos por outros que se formam da mesma
maneira junto ao contorno. Assim, a zona onde se formam estes turbilhões de
tamanhos e velocidades muito variáveis é chamada de esteira.
Na esteira, geralmente as velocidades são menores do que no escoamento
circundante e a pressão média varia pouco transversalmente sendo muito próxima ao
valor da pressão no escoamento externo à esteira nas proximidades da seção
transversal considerada. Por outro lado, se a pressão média varia pouco, as pressões
instantâneas variam muito com o tempo e o ponto considerado, dependendo do
turbilhão que no instante considerado está passando pelo ponto. Além disso, ocorre
uma grande perda de energia com produção de calor irrecuperável e também, é
importante ressaltar que os redemoinhos formados na camada limite descarregam na
esteira.

3.4.3 Vórtices de base

Quando o vento incide perpendicularmente, ou aproximadamente


perpendicular à fachada de uma edificação paralelepipédica fechada, forma-se nas
proximidades do solo, um vórtice (ou turbilhão) de eixo aproximadamente horizontal,
que se desenvolve helicoidalmente do centro da fachada para os seus extremos,
diminuindo progressivamente suas dimensões transversais, escapando pelas laterais
do edifício com velocidades mais elevadas e, portanto, com pressões estáticas
reduzidas (sucções). Desta forma, são designados vórtices de base, fazendo com que
junto ao solo, a velocidade local do ar seja em sentido contrário ao do vento incidente
na edificação (BLESSMANN 2011).
Através da Figura 7 pode-se observar os vórtices de base incidindo em uma
edificação.
32

(a) (b)

Figura 7: Vórtices de base: (a) Vista frontal; (b) Vista lateral. Fonte: Blessmann, 2011.

Segundo Blessmann (2011), estes vórtices provocam pequenas alterações


nas sobrepressões na fachada de barlavento, já nas proximidades das fachadas
laterais, ocasionam velocidades locais majoradas gerando sucções elevadas,
podendo chegar a valores de -2,0 de coeficiente de pressão.

3.4.4 Proporções

Os valores dos coeficientes de pressão variam com a relação entre as


dimensões. No caso deste trabalho serão analisadas as características de edificações
alargadas (vento incidindo a 90º) e edificações profundas (vento incidindo a 0º).
Segundo Blessmann (2011), para edificações alargadas, a seção mestra é
perpendicular à corrente (exata ou aproximadamente) e formam-se turbilhões mais
lentos a sotavento na esteira e além disso, quanto mais alargada a edificação, menor
a influência do fluxo que passa pelos extremos, conforme ilustra a Figura 8a.
No caso de edificações profundas, se o vento incidir perpendicularmente
ou quase à fachada menor, o escoamento apresentará turbilhões que cruzam o plano
médio vertical longitudinal conforme observado pela Figura 8b. Observa-se que o fluxo
que passa pelo topo influirá no esforço global da edificação, atenuando o movimento
da esteira. E quanto mais profunda for a edificação, mais o fluxo nas paredes laterais
tendem ou se tornam novamente aderente na zona de sotavento das paredes laterais,
diminuindo a esteira e as sucções a sotavento. (BLESSMANN 2011).
33

Figura 8: Classificação das edificações de acordo com suas proporções. Fonte: Blessmann, 2011.

3.5 Fluidodinâmica Computacional

A fluidodinâmica está presente em todas as atividades do dia a dia e para


estudar estes fenômenos realizava-se predominantemente simulações físicas através
de experimentos em laboratórios. Porém, com o crescente desenvolvimento dos
recursos computacionais, permitiu-se solucionar os problemas envolvidos com a
dinâmica dos fluidos através de simulações numéricas, minimizando custos e
reduzindo o tempo, já que o ambiente virtual permite realizar uma série de testes sem
se preocupar com manutenção ou manuseio de protótipos utilizados em laboratórios.
Desta forma, a fluidodinâmica computacional vem se intensificando na solução destes
problemas.
A fluidodinâmica computacional (CFD) é uma abordagem numérica para
simular ou prever fenômenos e quantidades de fluxo resolvendo as equações de
movimento para um conjunto discretos de pontos (TAMURA e KAREEM 2013). São
equações diferenciais de Navier-Stokes que regem o transporte de massa, energia e
momento dos fluidos em um domínio, espaço e tempo limitado (GALTER 2015).
Segundo Maliska (2004) a metodologia utilizada através de modelos
numéricos para solucionar sistemas de equações diferenciais, substituindo as
derivadas existentes por expressões algébricas que envolvem a função incógnita,
34

pode ser realizada através dos métodos das diferenças finitas, elementos finitos ou
volumes finitos.
O ANSYS CFX baseia-se no método dos volumes finitos (MVF) formulado
em 1980 por Patankar, no qual o domínio é definido e dividido em pequenos volumes
discretizados de controle do meio contínuo, onde as equações são solucionadas com
base na resolução dos balanços de massa, energia e quantidade de movimento
(GALTER 2015). Além disso, este método é muito mais versátil quando se trabalha
com geometrias mais complexas já que utiliza malhas não-estruturadas, construídas
por volumes de formas tetraédricas, hexagonais, etc., que tendem a se ajustar ao
corpo.

3.5.1 Método dos volumes finitos

Com o avanço dos recursos computacionais, o método dos volumes finitos


vem ganhando bastante espaço na resolução de problemas de dinâmica dos fluidos
que considerando problemas reais de engenharia, apresentam geralmente
geometrias irregulares, havendo a necessidade de utilização de uma malha não-
estruturada. Neste tipo de malha, diferente das estruturadas, não existe uma ordem
para numeração dos volumes elementares e o número de vizinhos pode variar de
volume para volume gerando matrizes de coeficientes de banda variável acarretando
um aumento de complexidade dos algoritmos para a solução das equações
discretizadas (MALISKA 2004).
O ANSYS CFX utiliza o método dos volumes finitos baseado em elementos
que será descrito nas próximas seções.

3.5.1.1 Transformação de coordenadas em malhas não-estruturadas

No método dos volumes finitos baseado em elementos, é necessário


realizar a transformação de coordenadas cartesianas para coordenadas
generalizadas. Para malhas estruturadas, descreve-se um sistema de coordenadas
globais (𝜉, 𝜂, 𝛾) relacionado ao sistema de coordenadas cartesianas (x, y, z). No caso
de malhas não-estruturadas, não é possível construir um sistema de coordenadas
35

globais e, portanto, cada elemento deve ser tratado individualmente utilizando um


sistema de coordenadas locais.
A Figura 9 exibe a transformação de um plano do sistema de coordenadas
cartesianas para coordenadas generalizadas. Neste contexto, os eixos 𝜉 e 𝜂 variam
de -1 a 1 fazendo com que Δ𝜉 e Δ𝜂 sejam iguais a 2. Desta forma, o valor numérico
da área total do volume de controle do domínio transformado coincide com o número
de subvolumes de controle que fazem parte de sua formação (MALISKA 2004).

Figura 9: Transformação de coordenadas de uma malha não-estruturada. Fonte: Maliska, 2004.

A transformação das coordenadas é feita através de funções de forma


variando conforme o tipo de elemento. No caso de um elemento quadrilátero, utiliza-
se uma função de forma bilinear e as relações entre os dois sistemas de coordenadas
podem ser expressas pelas Equações (18) e (19):

X(ξ, η) = ∑4i=1 Ni (ξ, η)X i (18)

Y(ξ, η) = ∑4i=1 Ni (ξ, η)Yi (19)

As funções de forma são representadas pelas Equações (20) a (23):


1
𝑁1 (𝜉, 𝜂) = 4 (1 + 𝜉 )(1 + 𝜂) (20)

1
𝑁2 (𝜉, 𝜂) = 4 (1 − 𝜉 )(1 + 𝜂) (21)

1
𝑁3 (𝜉, 𝜂) = 4 (1 − 𝜉 )(1 − 𝜂) (22)

1
𝑁4 (𝜉, 𝜂) = 4 (1 + 𝜉 )(1 − 𝜂) (23)
36

É possível observar pelas Equações (18) a (23) que a transformação faz


uma interpolação entre os valores de x e y, definida dentro do quadrilátero pelos
valores locais de 𝜉 e 𝜂.
A Figura 10 mostra a distribuição da função de forma 𝑁1 no domínio (𝜉, 𝜂).
Observa-se que para 𝜉 = 1, os valores de 𝜂 variam linearmente, assim como para 𝜉
quando 𝜂 = 1. No entanto, para o restante do domínio, isso não ocorre já que a função
de forma é um produto de 𝜉 e 𝜂, observada pela curva formada entre os pontos 1 e 3.
Assim, as funções de forma têm como objetivo ponderar a participação dos pontos 1
a 4 nas interpolações de variáveis realizadas no interior do elemento.

Figura 10: Função de forma 𝑁1 . Fonte: Maliska, 2004.

As métricas de transformação, para este caso, são obtidas derivando as


funções de forma resultando nas Equações (24) a (27):

𝜕𝑋 𝜕𝑋
= ∑4𝑖=1 𝜕𝜉 𝑋𝑖 (24)
𝜕𝜉

𝜕𝑌 𝜕𝑌
= ∑4𝑖=1 𝑋𝑖 (25)
𝜕𝜉 𝜕𝜉

𝜕𝑋 𝜕𝑋
= ∑4𝑖=1 𝜕𝜂 𝑋𝑖 (26)
𝜕𝜂

𝜕𝑌 𝜕𝑌
= ∑4𝑖=1 𝜕𝜂 𝑋𝑖 (27)
𝜕𝜂
37

A Figura 11 apresenta o sistema de coordenadas local (𝜉, 𝜂)

Figura 11: Sistema de coordenadas locais de um elemento quadrilátero. Fonte: Maliska, 2004.

Sendo "pi 1" a "pi 4", pontos de integração e 𝛥𝑆𝑝𝑖𝑁 os comprimentos onde
N varia de 1 a 4.

3.5.1.2 Volumes de controle e pontos de integração

Os volumes de controle que irão armazenar as variáveis podem ser


gerados de duas formas: Centrado na célula (Cell-centered), onde o volume de
controle representa o próprio elemento e as variáveis a serem determinadas ficam
armazenadas no centro do volume de controle; e Centrada no Vértice (Vertex-
centered), onde o centro do volume de controle é construído nos nós das malhas
utilizando o método das medianas (ligação dos centróides dos elementos aos pontos
médios das suas faces). Desta forma, o volume de controle é gerado por subvolumes
dos elementos vizinhos onde o nó se encontra.

3.5.1.3 Integração das equações governantes

A discretização das equações governantes é feita dividindo-se o domínio


espacial em pequenos volumes formando a malha numérica. Conforme explicado
38

anteriormente, as soluções obtidas para as variáveis e as propriedades dos fluidos,


são armazenadas nos nós, localizados nos vértices da malha. A Figura 12 apresenta
uma malha bidimensional onde o volume de controle representado pela área
sombreada é gerado em torno dos nós usando o método das medianas, definido pelas
linhas que unem os centros das bordas e os centros dos elementos em torno do nó
(ANSYS 2016).

Figura 12: Malha bidimensional de um volume de controle – ANSYS CFX. Fonte: Adaptado de
ANSYS, 2013.

A discretização das equações governantes é desenvolvida baseada nas


equações de conservação da massa, momento e um escalar passivo conforme segue:
𝜕𝜌 𝜕
𝜕𝑡
+ 𝜕𝑋 (𝜌𝑈𝑗 ) = 0 (28)
𝑗

𝜕 𝜕 𝜕𝑃 𝜕 𝜕𝑈 𝜕𝑈𝑗
(𝜌𝑈𝑖 ) + (𝜌𝑈𝑗 𝑈𝑖 ) = − + 𝜕𝑋 (𝜇𝑒𝑓𝑓 (𝜕𝑋 𝑖 + 𝜕𝑋 )) (29)
𝜕𝑡 𝜕𝑋𝑗 𝜕𝑋𝑗 𝑗 𝑗 𝑖

𝜕 𝜕 𝜕 𝜕𝜑
(𝜌𝜑) + (𝜌𝑈𝑗 𝜑) = − (Γ𝑒𝑓𝑓 ( )) + 𝑆𝜑 (30)
𝜕𝑡 𝜕𝑋𝑗 𝜕𝑋𝑗 𝜕𝑋𝑗

Onde 𝝆 é a densidade, 𝝁𝒆𝒇𝒇 é a viscosidade efetiva (𝜇𝑒𝑓𝑓 = 𝜇 + 𝜇𝑡 ), 𝑼𝒋 e


𝑼𝒊 são componentes da velocidade, 𝜞𝒆𝒇𝒇 é a difusividade efetiva do fluido (Γ𝑒𝑓𝑓 = Γ +
Γ𝑡 ), 𝝋 é uma grandeza conservada por unidade de massa e 𝑺𝝋 o termo de geração
volumétrica, com unidades de grandeza conservada por unidade de volume por
unidade de tempo.
39

As Equações (28) a (30) são integradas sobre o volume de controle onde


aplica-se o teorema de divergência de Gauss, no qual as integrais volumétricas, que
envolvem operadores de gradiente e divergente, são convertidas em integrais de
superfície.
Em regime permanente, as derivadas temporais podem ser movidas para
fora das integrais volumétricas, tornando-se:
𝑑
∫ 𝜌𝑑𝑉
𝑑𝑡 𝑉
+ ∫𝑆 𝜌𝑈𝑗 𝑑𝑛𝑗 = 0 (31)

𝑑 𝜕𝑈 𝜕𝑈𝑗
∫ 𝜌𝑈𝑖 𝑑𝑉 + ∫𝑆 𝜌𝑈𝑗 𝑈𝑖 𝑑𝑛𝑗 = − ∫𝑆 𝑃𝑑𝑛𝑗 + ∫𝑆 𝜇𝑒𝑓𝑓 (𝜕𝑋 𝑖 + 𝜕𝑋 ) 𝑑𝑛𝑗 + ∫𝑉 𝑆𝑈𝑖 𝑑𝑉
𝑑𝑡 𝑉
(32)
𝑗 𝑖

𝑑 𝜕𝜑
∫ 𝜌𝜑𝑑𝑉 + ∫𝑆 𝜌𝑈𝑗 𝜑𝑑𝑛𝑗 = ∫𝑆 Γ𝑒𝑓𝑓 (𝜕𝑋 ) 𝑑𝑛𝑗 + ∫𝑉 𝑆𝜑 𝑑𝑉 (33)
𝑑𝑡 𝑉 𝑗

Os índices V e S denotam as integrais volumétricas e superficiais,


respectivamente e 𝑑𝑛𝑗 representam os diferenciais das componentes cartesianas do
vetor normal à superfície. As integrais volumétricas relacionam-se aos termos de
acúmulo e de geração, ao passo que, as integrais superficiais contemplam os fluxos
através da superfície.
Para realizar a discretização das equações será utilizado como exemplo a
Figura 13 que apresenta um elemento de malha.

Figura 13: Elemento de malha. Fonte: Adaptado de ANSYS, 2013.

As integrais volumétricas são discretizadas dentro de cada setor do


elemento, onde o valor acumulado é transferido para o volume de controle no qual o
setor pertence. As integrais superficiais são discretizadas nos pontos de integração,
40

𝑖𝑝𝑛 , localizados no centro de cada segmento de superfície (no interior do elemento), e


são distribuídos para os volumes de controle adjacentes. Assim, as equações ficam:

𝜌−𝜌 0
𝑉( ) + ∑𝑖𝑝 𝑚̇𝑖𝑝 = 0 (34)
∆𝑡

𝜌𝑈𝑖 −𝜌 0𝑈𝑖 0 𝜕𝑈 𝜕𝑈𝑗


𝑉( ) + ∑𝑖𝑝 𝑚̇𝑖𝑝 (𝑈𝑖 )𝑖𝑝 = ∑𝑖𝑝(𝑃∆𝑛𝑖 )𝑖𝑝 + ∑𝑖𝑝 (𝜇𝑒𝑓𝑓 (𝜕𝑋 𝑖 + 𝜕𝑋 ) ∆𝑛𝑗 ) + ̅̅̅̅
𝑆𝑈𝑖 𝑉 (35)
∆𝑡 𝑗 𝑖 𝑖𝑝

𝜌𝜑−𝜌 0 𝜑 𝜕𝜑
𝑉( ) + ∑𝑖𝑝 𝑚̇𝑖𝑝 𝜑𝑖𝑝 = ∑𝑖𝑝(𝑃∆𝑛𝑖 )𝑖𝑝 + ∑𝑖𝑝 (Γ𝑒𝑓𝑓 (𝜕𝑋 ) ∆𝑛𝑗 ) + ̅̅̅
𝑆𝜑 𝑉 (36)
∆𝑡 𝑗 𝑖𝑝

Sendo:
𝑚̇𝑖𝑝 = (𝜌𝑈𝑗 ∆𝑛𝑗 )𝑖𝑝
V = volume de controle
∆𝑡 = passo de tempo
∆𝑛𝑗 = vetor normal à superfície
𝑖𝑝 = avaliação de um ponto de integração
0
= passo de tempo passado.

3.6 Turbulência

Em geral, a maioria dos escoamentos aplicados à engenharia são


turbulentos, pois estão imersos em uma camada atmosférica turbulenta onde o
número de Reynolds geralmente é muito elevado (TAMURA e KAREEM 2013).
Segundo Wilcox (2006), o movimento de fluido turbulento é uma condição
irregular de fluxo na qual as várias quantidades mostram uma variação aleatória com
coordenadas de tempo e espaço, de modo que valores médios estatisticamente
distintos possam ser discernidos.
A turbulência caracteriza-se pelas flutuações instantâneas de velocidade,
temperatura e outras grandezas de um fluido em movimento. Diversas teorias e
conceitos foram formulados e continuam sendo aprimorados e desenvolvidos para
descrever este fenômeno, porém devido às múltiplas variações imprevistas que o
fluido sofre durante o movimento, é quase impossível descrever a turbulência em sua
totalidade e realismo, assim, são utilizados modelos simplificados para análise de
41

turbulência obtendo uma aproximação dos resultados em relação a uma situação real.
(GALTER 2015).

3.6.1 Modelos de Turbulência

Ao longo dos anos, foram desenvolvidos diversos modelos de turbulência


utilizando as equações de Navier-Stokes que são capazes de simular uma grande
parte dos problemas na engenharia de fluidos com boa aproximação, incluindo
problemas de turbulência. Seguem os principais modelos descritos por Versteeg e
Malalasekera (2007):
• DNS (Direct Numerical Simulation) ou Simulação Numérica Direta:
este método calcula o fluxo médio e todas as flutuações de velocidade turbulenta. As
equações instáveis de Navier-Stokes são resolvidas em malhas tridimensionais que
são finas o suficiente para que possam resolver as escalas de comprimento de
Kolmogorov nas quais a dissipação de energia ocorre em intervalos de tempo
suficientemente pequenos para resolver o período das flutuações mais rápidas. Desta
forma, são necessários onerosos recursos computacionais.
• LES (Large Eddy Simulation) ou Simulação de Grandes Escalas:
representa uma forma intermediária de cálculo de turbulência que rastreia o
comportamento de grandes escalas. O método envolve a filtragem das equações
instáveis de Navier-Stokes antes dos cálculos, que resolve as escalas maiores e
modela as escalas menores. Os efeitos sobre o fluxo devido às menores escalas não
resolvidas, são incluídos por meio do chamado modelo de escala de sub-malha,
assim, equações de fluxo instáveis devem ser resolvidas, exigindo elevados recursos
computacionais em termos de armazenamento e volume de cálculos, porém esta
técnica consegue resolver problemas de CFD com geometria um pouco mais
complexa.
• RANS (Reynolds Averaged Navier-Stokes) ou Equações Médias de
Reynolds: este método se baseia no fluxo médio e nos efeitos da turbulência nas
propriedades do fluxo médio. Representa um conjunto médio de fluxos com condições
de contorno dependentes do tempo. Aparecem termos extras nas equações de fluxo
de tempo médio devido às interações entre várias flutuações de turbulência. Os
42

recursos computacionais necessários para este método são mais modestos que os
demais modelos, sendo, portanto, a base dos cálculos de fluxo de engenharia nas
últimas três décadas e será o método utilizado no presente trabalho.
Os modelos mais comuns utilizados do tipo RANS são k-𝜀 e o k-𝜔.
O modelo k-𝜀 é o modelo de turbulência mais comumente usado e validado
nas diversas aplicações da engenharia em função da sua robustez, baixo custo
computacional e estabilidade numérica frente a outros modelos de turbulência mais
complexos (VERSTEEG e MALALASEKERA 2007). Este modelo utiliza duas
equações de transportes definidas em função da energia cinética (k) e de sua taxa de
dissipação (𝜀). Ao longo dos anos este modelo padrão foi aprimorado, gerando novos
modelos como Realizable k-𝜀 e RNG k-𝜀 (modelo utilizado na presente pesquisa).
O modelo RNG k-𝜀 foi proposto por Yakhot e Orszag em 1986 e baseia-se
na renormalização das equações de Navier-Stokes. As equações de transporte da
geração e dissipação de energia cinética turbulenta são as mesmas do modelo padrão
k-𝜀, porém os valores das constantes se alteram e uma delas passa a ser uma função,
ficando da seguinte forma:
𝜕(𝜌𝑘) 𝜇𝑡
+ ∇. (𝜌𝑈𝑘 ) = ∇. [(𝜇 + 𝜎 ) ∇𝑘] + 𝑃𝑘 − 𝜌𝜀 (37)
𝜕𝑡 𝑘𝑅𝑁𝐺

𝜕(𝜌𝜀) 𝜇𝑡 𝜀
+ ∇. (𝜌𝑈𝜀) = ∇. [(𝜇 + 𝜎 ) ∇𝜀] + 𝑘 (𝐶𝜀1𝑅𝑁𝐺 𝑃𝑘 − 𝐶𝜀2𝑅𝑁𝐺 𝜌𝜀) (38)
𝜕𝑡 𝜀𝑅𝑁𝐺

O valor da função 𝐶𝜀1𝑅𝑁𝐺 é calculada da seguinte maneira:

𝐶𝜀1𝑅𝑁𝐺 = 1,42 − 𝑓𝜂 (39)

E o valor de 𝑓𝜂 é dado por:


𝜂
𝜂(1− )
4,38
𝑓𝜂 = (1+𝛽𝑅𝑁𝐺 𝜂3 )
(40)

𝑃𝑘
𝜂 = √𝜌𝐶 (41)
𝜇𝑅𝑁𝐺𝜀

Sendo os valores das constantes dos modelos:


𝜎𝑘𝑅𝑁𝐺 = 𝜎𝜀𝑅𝑁𝐺 = 0,7179
43

𝐶𝜀2𝑅𝑁𝐺 = 1,68
𝐶𝜇𝑅𝑁𝐺𝜀 = 0,085
𝛽𝑅𝑁𝐺 = 0,012

O modelo k-𝜔 apresenta um ótimo desempenho próximo às paredes onde


tem-se a presença da camada limite, porém é muito sensível ao fluxo livre. O modelo
prevê a turbulência utilizando duas equações diferencias parciais sendo uma das
variáveis dada pela energia cinética (k) e a outra variável representada pela taxa de
dissipação específica da energia cinética k em energia térmica (𝜔).
Ainda dentro dos modelos tipo RANS, destaca-se o modelo Shear Stress
Transport (SST), o qual utiliza o equacionamento do modelo 𝑘−𝜀, que apresenta uma
robustez em relação a escoamentos complexos, porém não apresenta um bom
comportamento na camada limite da superfície, em conjunto com o modelo 𝑘−𝜔 nas
regiões próximas às paredes (presença da camada limite) que é mais eficaz, pois trata
a frequência dos turbilhões. Este modelo apresenta bons resultados, porém ainda
necessita de um elevado custo e tempo computacional.

3.7 Aspectos Normativos

3.7.1 Caracterização do Vento

Para avaliar a ação do vento nas estruturas é necessário o conhecimento


de suas características como o caráter aleatório de sua intensidade, direção, o
gradiente de velocidade, intensidade de turbulência, entre outros. E um dos
parâmetros mais importantes é a velocidade do vento que estará incidindo na
edificação dependente de fatores como: posição geográfica, altura da edificação e sua
projeção em planta, topografia (local plano, em aclive ou em fundo de vale ou em
encostas de montanhas), rugosidade do terreno (altura e disposição de obstáculos
existentes à passagem do vento). Esta velocidade, conforme afirma Davenport (1961),
varia até atingir a altura gradiente, denominada altura da camada-limite da atmosfera
(entre 250 e 600 metros), sendo que acima deste patamar, a velocidade é
aproximadamente constante, definida como velocidade gradiente (160 km/h). E,
44

quanto maior a rugosidade do terreno, maior é a irregularidade dos ventos e maior a


altura gradiente, conforme demonstrado pela Figura 14.

Figura 14: Perfis da velocidade média do vento (km/h), em função da rugosidade do terreno. Fonte:
Gonçalves et al., 2004.

Para determinar a velocidade média do vento (𝑉𝑧 ), para uma altura qualquer
(z) até a altura do gradiente (𝑧𝑔 ), Davenport (1961) sugeriu a seguinte lei exponencial:
𝛼
𝑧
𝑉𝑧 = 𝑉𝑔 (𝑧 ) (42)
𝑔

Onde 𝑧𝑔 e 𝛼 dependem da rugosidade do terreno.

3.7.2 Forças estáticas devido ao vento e determinação da velocidade


característica

Como a velocidade do vento na estrutura varia com o tempo é dito que sua
ação é dinâmica, porém, conforme afirmado por Pitta (2002), quando o período médio
de separação da componente de flutuação é maior ou igual a cem vezes o período de
vibração da edificação, considera-se de forma simplificada, porém precisa, a ação do
vento como sendo estática.
As forças estáticas devidas ao vento são determinadas conforme a
velocidade básica do vento (𝑉0 ), referente ao local onde a edificação será construída.
De acordo com a ABNT NBR 6123:1988 a velocidade básica do vento, 𝑉0 , é a
45

velocidade de uma rajada de 3 segundos, excedida em média uma vez em 50 anos,


a 10m acima do terreno e em campo aberto e plano.
A Figura 15 apresenta o mapa das isopletas de velocidade básica do vento
no Brasil conforme a norma citada anteriormente.

Figura 15: Mapa de Isopletas do Brasil. Fonte: NBR 6123:1988.

A velocidade básica é um valor de referência que deve ser corrigido em


função das características particulares de cada edificação para então determinar a
velocidade do vento que irá incidir sobre a mesma, chamada de velocidade
característica (𝑉𝐾 ). Conforme a NBR 6123:1988, calcula-se a velocidade característica
do vento multiplicando-se a velocidade básica do vento pelos fatores, S1, S2 e S3 ,
conforme equação:

𝑉𝐾 = 𝑉0 ∙ 𝑆1 ∙ 𝑆2 ∙ 𝑆3 (43)
46

Onde S1 é referente ao fator topográfico, S2 está associado com o fator que


considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, das dimensões da edificação
e de sua altura sobre o terreno, e S3 diz respeito ao fator estatístico.

3.7.3 Fator Topográfico S1

O fator topográfico 𝑆1 considera as variações do relevo do terreno onde a


estrutura será construída. A NBR 6123:1988 prescreve três situações para o fator S1
conforme segue:
a) Terrenos planos ou fracamente acidentados: 𝑆1 = 1,0;
b) Vales profundos, protegidos da ação do vento de qualquer direção: 𝑆1 =
0,9.
c) Talude e morros. Deve-se levar em conta o ângulo de inclinação do
talude ou do morro conforme ilustrado pela Figura 16.

Figura 16: Fator topográfico S1. Fonte: NBR 6123:1988.

No ponto A (morros) e nos pontos A e C (taludes): 𝑆1 = 1,0.


47

No ponto B, 𝑆1 é uma função 𝑆1 (𝑧), determinada pelas seguintes equações:

𝜃 ≤ 3°: 𝑆1 (𝑧) = 1,0 (44)

𝑧
6° ≤ 𝜃 ≤ 17°: 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − 𝑑) tan(𝜃 − 3°) ≥ 1 (45)

𝑧
𝜃 ≥ 45°: 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − 𝑑) 0,31 ≥ 1 (46)

Sendo:
𝑧 − altura medida a partir da superfície do terreno no ponto considerado;
𝑑 − diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro;
𝜃 − inclinação média do talude ou encosta do morro.
Obs. interpolar linearmente para 3° < 𝜃 < 6° e 17° < 𝜃 < 45°

3.7.4 Fator S2

O fator 𝑆2 analisa o efeito combinado de particularidades da edificação no


que se refere à rugosidade do terreno, a variação da velocidade do vento com a altura
acima do terreno e as dimensões da edificação ou parte da edificação a ser
considerada.
Quanto à rugosidade do terreno, a norma classifica cinco categorias
conforme segue:
Categoria I: superfícies lisas de grandes dimensões com mais de 5km de
extensão (ex.: mar calmo, lagos e rios, pântanos sem vegetação);
Categoria II: terrenos abertos em nível, ou aproximadamente em nível,
com poucos obstáculos isolados (ex.: zonas costeiras planas, pântanos com
vegetação rala, campos de aviação, pradarias e chamecas, fazenda sem sebes ou
muros). Nessa categoria a cota média dos obstáculos é considerada inferior ou igual
a 1,0m;
Categoria III: terrenos planos ou ondulados com obstáculos, como sebes
e muros, edificações baixas (ex.: granjas e casas de campo, fazendas com sebes e/ou
muros, subúrbios a uma longa distância do centro). A cota média dos obstáculos é
considerada igual a 3,0m;
48

Categoria IV: terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco


espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada (ex.: zonas de parques e
bosques com muitas árvores, cidades pequenas e seus arredores, subúrbios
densamente construídos de grandes cidades, áreas industriais plena ou parcialmente
desenvolvidas). A cota média do topo dos obstáculos nesta categoria é considerada
igual a 10m;
Categoria V: terrenos cobertos por obstáculos numerosos, altos e pouco
espaçados (ex.: florestas com árvores altas, centros de grandes cidades, complexos
industriais bem desenvolvidos). Nessa categoria a cota média dos obstáculos é
considerada igual ou superior a 25m.
Em relação às dimensões da edificação, a NBR 6123:1988 faz uma divisão
em três classes com intervalos de tempo diferentes para o cálculo da velocidade
média da edificação conforme descrito abaixo:
Classe A (3s): Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação
e peças individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação cuja maior dimensão,
seja ela horizontal ou vertical, não ultrapasse 20m.
Classe B (5s): Toda edificação ou parte de edificação cuja maior
dimensão, seja ela horizontal ou vertical da superfície frontal, esteja entre 20m e 50m.
Classe C (10s): Toda edificação ou parte de edificação cuja maior
dimensão, seja ela horizontal ou vertical da superfície frontal, exceda 50m.
O fator 𝑆2 utilizado para calcular a velocidade do vento em uma
determinada altura z é dada pela Equação (47):

𝑆2 = 𝑏 𝐹𝑟 (𝑧/10)𝑝 (47)

Sendo:
𝑧 – altura acima do terreno limitado até a altura gradiente;
𝐹𝑟 – fator de rajada correspondente à classe B e categoria II;
𝑏 – parâmetro de correção da classe da edificação;
𝑝 – parâmetro meteorológico.

Os parâmetros necessários para determinar o fator 𝑆2 adotado pela NBR


6123:1988 estão indicados na Tabela 1.
49

Tabela 1: Parâmetros meteorológicos. Fonte NBR 6123:1988.

Zg Classes
Categoria Parâmetro
(m) A B C
b 1,10 1,11 1,12
I 250
p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,00 1,00
II 300 Fr 1,00 0,98 0,95
p 0,085 0,09 0,10
b 0,94 0,94 0,93
III 350
p 0,10 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV 420
p 0,12 0,125 0,135
b 0,74 0,73 0,71
V 500
p 0,15 0,16 0,175

3.7.5 Fator estatístico S3

O fator 𝑆3 está relacionado com conceitos probabilísticos, considerando a


segurança da edificação (tipo de ocupação) e a sua vida útil. A Tabela 2 apresenta os
valores do fator 𝑆3 conforme NBR 6123:1988.

Tabela 2: Valores mínimos do fator estatístico S3 . Fonte NBR 6123:1988.

Grupo Descrição S3
Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a
segurança ou possibilidade de socorro a pessoas após
1 uma tempestade destrutiva (hospitais, quartéis de 1,10
bombeiros e de forças de segurança, centrais de
comunicação, etc.)
Edificações para hotéis e residências. Edificações para
2 1,00
comércio e indústria com alto fator de ocupação
Edificações e instalações industriais com baixo fator de
3 0,95
ocupação (depósitos, silos, construções rurais, etc.)
4 Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc.) 0,88
Edificações temporárias. Estruturas dos grupos 1 a 3
5 0,83
durante a construção
50

3.7.6 Coeficientes aerodinâmicos para coberturas curvas

Os primeiros estudos realizados sobre coberturas curvas foram


desenvolvidos por Boukin e Tcheremoukhin (1928) na União Soviética através de um
túnel de vento aeronáutico. Através destes dados, desenvolveu-se códigos e padrões
nacionais sobre as cargas de vento que são utilizados até hoje. Da década de 1930
até a década de 1980, este tipo de estrutura recebeu pouca atenção por parte dos
pesquisadores.
Hoxey e Richardson (1984) realizaram medições das pressões em escala
real de estufas plásticas no Reino Unido com cobertura em arco para um único vão e
diversos vãos. Através dos resultados, apresentaram um esboço da técnica de análise
de dados que leva em conta flutuações de curto prazo na direção do vento para
fornecer coeficientes de pressão coerentes com o procedimento descrito no código
Britânico.
Um estudo computacional de coeficientes de pressão médios em
coberturas curvas para diversas configurações geométricas foi realizado por Holmes
e Paterson (1993). Utilizando o modelo de turbulência k-ε, verificaram que para o vento
a 0º, os coeficientes de pressão aumentam a medida que a relação a/b aumenta e se
tornam mais positivos à medida que a relação f/b aumenta, onde “a” representa o
comprimento da edificação, “b” a largura e “f” a flecha da cobertura.
Blackmore e Tsokri (2006) realizaram uma série de estudos paramétricos
de modelos em túnel de vento para determinar os coeficientes de pressão. Foram
simulados vento à 90º para as relações de (f/b) de 0,05 a 0,5, (h/b) de 0,06 a 1,0 e
(a/b) de 1 a 10, sendo “a” o comprimento da edificação, “b” a largura, “h” a altura e “f”
a flecha da cobertura, e os resultados foram comparados com códigos internacionais
e trabalhos encontrados na literatura.
Abraham et al. (2010), realizaram um estudo da distribuição de pressão em
túnel de vento de uma estrutura industrial com cobertura em arco multi-segmentado.
O modelo foi testado para diferentes ângulos de incidência do vento de 0º a 360º com
intervalos de 30º além de alguns ângulos intermediários (45º, 135º, 225º e 315º). Os
resultados para 0º e 90º foram comparados com dados encontrados na literatura e
51

nos códigos nacionais e internacionais, e de maneira geral verificou-se a proximidade


entre os valores.
Estudo sobre a distribuição dos coeficientes de pressão de edifícios
pecuários foram realizados por Kateris et al. (2012). Utilizou-se análise numérica com
método dos elementos finitos para simular o vento sobre as coberturas curvas com
vão único e duplo. Os resultados ficaram próximos dos valores fornecidos pelos
padrões europeus (EN 1991-1-4:2005 e EN 13031-1:2001), principalmente na área de
sotavento do telhado, enquanto na área de barlavento é sugerida uma segmentação
adicional.
Kim et al. (2017), realizaram estudos de dinâmica dos fluidos
computacional (CFD) de estufas na Coreia do Sul, levando-se em consideração a
direção do vento (0º; 22,5º; 45º; 67,5º e 90º), o número de vãos e fatores de projeto
como a inclinação e raio da curvatura do telhado. Os coeficientes máximos positivos
(sobrepressão) e negativos (sucção) foram encontrados para o vento incidindo a 0º e
90º, e foram observadas zonas de altas sucções que aparecem junto às arestas de
paredes e telhados.
Desta forma, para determinar os coeficientes de pressões externas em
estruturas com coberturas curvas, deve-se avaliar diversos fatores como localização
dos pontos de separação do fluxo, as características da turbulência do vento, relações
entre as dimensões da edificação, a curvatura da cobertura e sua rugosidade, entre
outros.
A ABNT NBR 6123:1988 apresenta tabelas referenciando os valores de
coeficientes de pressão externa para vento soprando paralelamente e
perpendicularmente à geratriz da cobertura. Para vento soprando a 90º, o arco é
dividido em 6 partes iguais, sendo assim, o coeficiente de pressão é constante em
cada uma das partes conforme pode ser observado pela Figura 17a e os valores estão
descritos na Tabela 3 (Tabela 27 da NBR 6123). E para o vento a 0º, a cobertura é
dividida em quatro partes conforme observado na Figura 18b com valores constantes
em cada uma destas partes e a Tabela 4 (Tabela 28 da NBR 6123) apresenta os
valores dos coeficientes de pressão segundo a norma, sendo a Série S1, modelos
ensaiados com a menor dimensão em planta, b, igual a 20m e a Série S2 igual a 50m.
52

(a) (b)

Figura 17: Incidência do vento em coberturas curvas: (a) vento perpendicular à geratriz da cobertura,
(b) vento paralelo à geratriz da cobertura. Fonte NBR 6123:1988.
53

Tabela 3: Coeficiente de pressão externa para vento soprando perpendicularmente à geratriz da


cobertura. Fonte NBR 6123:1988.

Cpe para a parte


Série a/b f/b h/b*
1 2 3 4 5 6
1/4 -0,3 -0,7 -0,8 -0,6 -0,4 -0,4
1/5
1/2 -0,9 -0,9 -0,9 -0,7 -0,5 -0,5
S1 4
1/4 -1,0 -0,6 -0,6 -0,6 -0,4 -0,3
1/10
1/2 -1,0 -0,8 -0,7 -0,7 -0,5 -0,4
S2 5 1/3 1/9 +0,4 -0,6 -1,2 -0,9 -0,7 -0,7

* Para a série S2: hb/b.

Tabela 4: Coeficiente de pressão externa para vento soprando paralelamente à geratriz da cobertura.
Fonte NBR 6123:1988.

Cpe para a parte


Série a/b f/b h/b (A)
A B C D
1/4 -0,8 -0,4 -0,3 -0,2
1/5
1/2 -0,8 -0,6 -0,3 -0,2
S1 4
1/4 -0,8 -0,4 -0,3 -0,2
1/10
1/2 -0,9 -0,6 -0,3 -0,2
S2 5 1/3 1/9 -0,8 -0,4 -0,2 -0,2
(A)
Para a série S2: hb/b.

Para coeficientes de pressão externos nas paredes, a ABNT NBR


6123:1988 apresenta valores conforme Tabela 5 (Tabela 4 da norma) para vento
incidindo a 0º e 90º.
54

Tabela 5: Coeficiente de pressão e de forma externos para paredes de edificações de planta


retangular. Fonte NBR 6123:1988.

Notas:
1. Para a/b entre 3/2 e 2, interpolar linearmente;
2. Para vento a 0º nas partes A3 e B3, o coeficiente de forma Ce tem os seguintes valores:
- Para a/b = 1: mesmo valor das partes A2 e B2;
- Para a/b ≥ 2: Ce = -0,2;
- Para 1 < a/b < 2: interpolar linearmente;
3. Para cada uma das duas incidências do vento, o coeficiente de pressão médio (CPe
médio), é aplicado à parte de barlavento das paredes paralelas ao vento, em uma
distância igual a 0,2b ou h, considerando o menor valor dos dois.
55

4. DESCRIÇÃO DOS MODELOS DA ANÁLISE NUMÉRICA

Com o objetivo de validar os parâmetros e critérios adotados na análise


numérica, adotou-se uma estrutura bastante simples na qual a ação do vento é bem
conhecida. Desta forma, utilizou-se um cilindro e verificou-se a ação do vento que
incide sobre o mesmo determinando os valores da pressão dinâmica e comparando
com valores encontrados na fundamentação teórica.
O desenvolvimento da análise numérica deste trabalho foi dividido em três
partes. A primeira análise foi realizada para galpões com coberturas curvas simples
(único vão) e os valores foram comparados com a norma brasileira de ventos NBR
6123:1988. Foram realizadas análises com vento incidindo a 0º (longitudinal) e a 90º
(transversal) conforme medidas geométricas apresentadas na norma, sendo “b” a
largura, “a” o comprimento, “h” a altura da edificação (medida do terreno até o nível
do beiral) e “f” a flecha do arco; bem como um valor intermediário que a mesma
recomenda ser feita através de interpolação.
A segunda análise foi feita com as mesmas características da análise
anterior, porém com as relações de f/b que não são encontradas na norma, no caso
1/10 ≥ f/b e 1/5 ≤ f/b, mas os resultados serão apresentados no mesmo item para fins
de comparação.
A última análise foi feita para galpões com coberturas curvas conjugadas
de dois e três vãos com vento incidindo a 0º e 90º. A nomenclatura adotada para os
modelos apresenta-se da seguinte forma: AV-VB-FbC, onde: A é o número de vãos,
B é a direção de incidência do vento e C é a relação de f/b. Para todos os casos adotou-
se a relação de h/b igual a 1/4.

4.1 Cilindro

A Figura 18 apresenta as dimensões do cilindro utilizado para fazer a


validação dos modelos desenvolvidos pela análise numérica.
56

Figura 18: Dimensão do cilindro para validação dos modelos. Fonte: Próprio autor.

4.2 Modelos com cobertura simples (único vão)

A Figura 19 mostra as dimensões dos modelos desenvolvidos para análise


numérica baseada nas relações geométricas fornecidas pela NBR 6123:1988.

Figura 19: Dimensões dos edifícios analisados para cobertura com único vão. Fonte: Próprio autor.

4.3 Modelos com cobertura com dois e três vãos

A análise foi desenvolvida para modelos com dois e três vãos, com flechas
de 2m, 2,5m e 4m para vento incidindo a 0º e 90º, conforme as Figuras 20 e 21,
respectivamente.
57

Figura 20: Dimensões dos edifícios analisados para cobertura com dois vãos. Fonte: Próprio autor.

Figura 21: Dimensões dos edifícios analisados para cobertura com três vãos. Fonte: Próprio autor.
58

5. METODOLOGIA

Nas análises realizadas neste trabalho utilizaram-se as ferramentas


FLUENT (para geração da malha) e CFX (para solução e pós-processamento) do
software ANSYS, versão 15. O programa permite através da aplicação da
fluidodinâmica computacional analisar a interação fluido-estrutura resolvendo as
equações diferenciais de Navier-Stokes por meio do método dos volumes finitos. O
fluido foi considerado como newtoniano e incompressível, apresentando escoamento
em regime turbulento e a análise foi considerada em regime permanente, tal como
utilizado por Janssen et al (2017).
O vento simulado situa-se entre as categorias III e IV (p = 0,23) conforme
especificado pela NBR 6123:1988. Considerou-se a velocidade básica do vento igual
a 35 m/s e utilizou-se o perfil de velocidade descrito pela forma potencial:

𝑝
𝑧
𝑉̅(𝑧) = 𝑉̅(𝑟𝑒𝑓) ( ) (53)
𝑧𝑟𝑒𝑓

Onde 𝑧𝑟𝑒𝑓 é a altura de referência, igual a 10m.

A análise computacional foi realizada em três etapas:


 Pré-processamento: nesta etapa foram definidas todas as
características da análise numérica, como geometria, malha, modelo de
turbulência, condições de contorno, critério de convergência, etc.;
 Solução: desenvolveu-se o processamento dos modelos onde foram
feitas as análises e verificações dos resultados;
 Pós-processamento: nesta etapa pode-se visualizar os resultados
gerados para cada modelo verificando se os mesmos estavam coerentes
com a análise realizada.

5.1 Geometria e domínio de análise

A definição da geometria dos modelos apresentados neste trabalho foi


desenvolvida através do próprio software ANSYS, através da ferramenta SpaceClaim.
59

Após a definição da geometria, estabeleceu-se o domínio de análise ao


qual o modelo estaria inserido a fim de evitar a interferência de influências externas
no fluxo do vento em torno da estrutura. Desta forma, as medidas do domínio foram
baseadas nos trabalhos de Irwin (2013) que propõe que a área de obstrução da
edificação não deve ultrapassar 10% da área de entrada do domínio e também nas
recomendações da ANSYS conforme Figura 22.

Figura 22: Recomendação da ANSYS para as dimensões dos domínios de análise. Fonte: ANSYS,
2013.

As Figuras 23 a 26 apresentam os domínios de análise para o cilindro e


para as coberturas com um, dois e três vãos para vento incidindo a 0º e 90º e a Tabela
6 apresenta as dimensões dos domínios de cada modelo sendo que a medida “A”
representa a largura do domínio (entrada do vento), a medida “B” o comprimento e
“H” a altura do domínio.

Figura 23: Domínio de análise para o cilindro. Fonte: Próprio autor.


60

(a) (b)

Figura 24: Domínios de análise para cobertura com único vão: (a) vento incidindo a 0º; (b) vento
incidindo a 90º. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

Figura 25: Domínios de análise para cobertura com dois vãos: (a) vento incidindo a 0º; (b) vento
incidindo a 90º. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

Figura 26: Domínios de análise para cobertura com três vãos: (a) vento incidindo a 0º; (b) vento
incidindo a 90º. Fonte: Próprio autor.
61

Tabela 6: Dimensões dos domínios dos modelos numéricos. Fonte Próprio autor.

Modelos A (m) B (m) H (m)


Cilindro 100 190 80

1V-V0-Fb(1/4, 1/5, 1/8, 1/10 e 1/12) 150 150 50

1V-V90-Fb(1/4, 1/5, 1/8, 1/10 e 1/12) 250 150 50

2V-V0-Fb(1/5, 1/8 e 1/10)


350 150 50
3V-V0-Fb(1/5, 1/8 e 1/10)

2V-V90-Fb(1/5, 1/8 e 1/10)


300 180 50
3V-V90-Fb(1/5, 1/8 e 1/10)

5.2 Geração da malha

Esta etapa é de suma importância pois influencia na precisão dos


resultados, na taxa de convergência, tempo computacional, etc. Para gerar a malha
dos modelos, utilizou-se o ANSYS FLUENT já que o mesmo permite gerar uma malha
de melhor qualidade em relação ao CFX.
A geração da malha deu-se através de elementos tetraédricos e inseriu-se
o parâmetro Inflation (camada limite) que permite uma maior discretização na área de
interesse (toda a superfície da edificação) através de elementos prismáticos. A
dimensão dos elementos é definida em função do modelo de turbulência considerado
na análise. Para definir a espessura da primeira camada, 𝒚, utilizou-se a Equação
(54):

Y+ μ
y= (54)
ρu∗

Sendo 𝑌 + : valor adimensional


𝜇: viscosidade dinâmica do fluido;
𝑢*: velocidade de fricção;
𝜌: densidade do ar.

Conforme Wang et al. (2013), os modelos de turbulência que mais se


ajustam para coberturas curvas são SST e RNG k-𝜀. O modelo SST trabalha com valor
62

de 𝑌 + = 1, fazendo com o que o valor da primeira camada seja muito pequeno,


gerando uma malha muito densa. Desta forma, optou-se por adotar o modelo de
turbulência RNG k-𝜀 que adota valores de 𝑌 + entre 30 e 300. Nesta pesquisa adotou-
se o valor de 𝑌 + igual a 200 obtendo-se a primeira camada de 𝑦 = 2,7𝑒−3 𝑚. Esta
espessura foi considerada tanto para vento incidindo a 0º como para 90º e foram
consideradas 10 camadas.
Para verificar a qualidade da malha, os elementos devem respeitar os
parâmetros recomendados pelo ANSYS User Guide. No presente trabalho foram
considerados os parâmetros de “Qualidade Ortogonal”, “Razão de Aspecto” e
“Skewness” que serão detalhados a seguir.

5.2.1 Qualidade Ortogonal

A qualidade ortogonal de uma célula é determinada através do cálculo dos


parâmetros para cada face da mesma conforme Figura 27:

Na
célula

𝐴 .𝑓 𝐴 .𝑐
Qualidade Ortogonal = min [|𝐴⃗⃗⃗⃗𝑖||⃗⃗⃗⃗𝑓𝑖 | , |𝐴⃗⃗⃗⃗ 𝑖||⃗⃗⃗⃗𝑐𝑖 |]
𝑖 𝑖 𝑖 𝑖

A⃗⃗⃗i = vetor normal da face


⃗fi = vetor centróide da célula até a face adjacente
⃗⃗⃗i = vetor centróide da célula ao centróide da célula adjacente
C

Figura 27: Cálculo para determinar a qualidade ortogonal de uma célula. Fonte: Adaptado de ANSYS,
2013.

Quanto mais próximo de 1,0 melhor a qualidade ortogonal da malha em


questão e por recomendação da ANSYS, valores mínimos aceitáveis devem estar
entre 0,15 e 0,20.
63

5.2.2 Razão de Aspecto

Para elementos bidimensionais, a razão de aspecto é definida pela razão


entre a maior e a menor aresta do elemento, já para elementos tridimensionais
(aplicados no presente trabalho) é dada pela razão entre o raio do círculo circunscrito
e o raio do círculo inscrito, conforme Figura 28. Quanto mais próximo de 1,0 melhores
são os resultados e por recomendação da ANSYS, o valor máximo a ser adotado para
a razão de aspecto é de 100, exceto para a camada limite.

Figura 28: Razão de Aspecto. Fonte: ANSYS, 2013.

5.2.3 Skewness

O skewness representa o desvio do vetor que conecta o centro dos volumes


vizinhos e o vetor normal à face, podendo ser calculado pelo desvio de volume de um
triângulo equilátero conforme observado pela Figura 29 ou pelo desvio do ângulo
normal, conforme Figura 30. Quanto mais próximo de zero melhor a qualidade da
malha e por recomendação da ANSYS, valores máximos aceitáveis situam-se entre
0,80 e 0,94.
64

tamanho da célula ideal − tamanho da célula real


Skewness =
tamanho da célula real

Figura 29: Skewness – desvio de volume de um triângulo equilátero. Fonte: Adaptado de ANSYS,
2013.

θmáx − θe θe − θmín
Skewness = [ , ]
180 − θe θe

Figura 30: Skewness – desvio do ângulo normal. Fonte: Adaptado de ANSYS, 2013.

5.3 Malha gerada

A malha gerada considerando todos os parâmetros e especificações


descritas anteriormente pode ser observada na Figura 31.

Figura 31: Malha gerada no ANSYS CFX. Fonte: Próprio autor.

Observa-se os elementos tetraédricos no domínio de análise e os


elementos prismáticos ao redor da estrutura delimitando as 10 camadas da Inflation
verificando-se uma malha mais densa na região de análise.
A Tabela 7 mostra os valores máximos/mínimos e médios dos três
parâmetros de qualidade gerados pelo Mesh do Ansys Fluent para todos os modelos
com vento incidindo a 0º e 90º.
65

Tabela 7: Parâmetros de qualidade dos modelos. Fonte Próprio autor.

Qualidade Ortogonal Razão de aspecto Skewness


Modelos
Mín. Médio Máx. Médio Máx. Médio
Cilindro 0,17 0,89 90,26 11,86 0,68 0,19
1V-V0-Fb1/4 0,19 0,89 111,46 14,15 0,78 0,19
1V-V0-Fb1/5 0,16 0,91 153,80 15,15 0,79 0,18
1V-V0-Fb1/8 0,15 0,90 159,35 15,09 0,77 0,18
1V-V0-Fb1/10 0,15 0,90 155,86 15,24 0,76 0,19
1V-V0-Fb1/12 0,16 0,89 112,19 14,08 0,78 0,20
1V-V90-Fb1/4 0,19 0,89 101,00 13,88 0,74 0,19
1V-V90-Fb1/5 0,16 0,90 151,38 15,17 0,75 0,18
1V-V90-Fb1/8 0,16 0,90 146,39 15,10 0,78 0,19
1V-V90-Fb1/10 0,15 0,90 154,11 14,92 0,80 0,19
1V-V90-Fb1/12 0,15 0,89 119,23 14,36 0,77 0,20
2V-V0-Fb1/5 0,15 0,89 102,79 14,51 0,84 0,20
2V-V0-Fb1/8 0,15 0,90 110,82 14,81 0,79 0,19
2V-V0-Fb1/10 0,15 0,90 166,83 15,42 0,82 0,18
2V-V90-Fb1/5 0,15 0,89 114,81 14,37 0,84 0,20
2V-V90-Fb1/8 0,17 0,90 109,41 14,67 0,79 0,19
2V-V90-Fb1/10 0,15 0,90 163,13 15,40 0,78 0,17
3V-V0-Fb1/5 0,15 0,90 111,95 14,90 0,76 0,19
3V-V0-Fb1/8 0,16 0,89 115,18 14,24 0,80 0,20
3V-V0-Fb1/10 0,15 0,91 159,61 15,81 0,77 0,17
3V-V90-Fb1/5 0,15 0,89 104,80 14,36 0,78 0,20
3V-V90-Fb1/8 0,16 0,89 121,48 14,36 0,82 0,20
3V-V90-Fb1/10 0,15 0,90 158,81 15,74 0,76 0,18

Na qualidade ortogonal os valores ficaram bem próximo aos valores


mínimos pois melhorando-se este parâmetro, a quantidade de nós e elementos
aumentava expressivamente e consequentemente o tempo de análise, porém os
valores médios ficaram próximos a um (1), que representa o resultado o ideal.
No caso da razão de aspecto os valores máximos apresentam-se maiores
que 100, mas são todos na camada limite e a média já apresenta valores bem abaixo.
66

E o skewness também apresentou todos os valores abaixo de 0,90


conforme recomendações da ANSYS e os valores médios ficaram próximos ao ideal,
no caso igual a zero, obtendo-se uma boa qualidade da malha.

5.4 Condições de contorno

Nesta etapa, foram definidas as condições de contorno para realizar a


análise dos modelos, como a velocidade do vento, modelo de turbulência, critério de
convergência, etc. Para isso, especificou-se no domínio da análise os elementos da
entrada, saída, paredes, pisos e estrutura.
Para os elementos piso, parede e estrutura aplicou-se as configurações de
“Wall” e as contenções de fluxo definiu-se como “No slip Wall”. Para a entrada, adotou-
se a configuração de “Inlet” com velocidade básica de 35m/s utilizando a forma
exponencial com p=0,23 conforme especificado pela ABNT NBR 6123:1988. E para o
elemento saída, aplicou-se a configuração de “Outlet” sendo a pressão relativa
considerada nula. A Figura 32 ilustra as condições de contorno especificadas
anteriormente.

(a) (b)

Figura 32: Condições de contorno: (a) vento incidindo a 0º; (b) vento incidindo a 90º. Fonte: Próprio
autor.

O critério de convergência utilizado foi o padrão apresentado pelo software


ANSYS CFX, utilizando o RMS (Root Mean Square ou raiz do valor quadrático médio)
até atingir o valor de 10−4.
67

5.5 Pós-processamento

Após o processamento, foram analisados os resultados a fim de verificar


se os mesmos estavam coerentes com os valores encontrados na ABNT NBR
6123:1988 e trabalhos encontrados na literatura. Desta forma, através da ferramenta
Results do ANSYS foi possível visualizar linhas de fluxo, linhas de contorno, gráficos,
etc., permitindo uma análise mais detalhada dos resultados dos modelos,
principalmente dos coeficientes de pressão externos.
Vale ressaltar que nesta pesquisa os valores das altas sucções
encontradas nas arestas do edifício foram desconsiderados, comparando-se apenas
os valores críticos obtidos através da análise numérica correspondente às faixas
especificadas pela norma brasileira.
68

6. RESULTADOS

Neste capítulo serão analisados os resultados para os diversos modelos


descritos anteriormente e os mesmos serão comparados com valores fornecidos pela
NBR 6123:1988 e/ou trabalhos encontrados na literatura.

6.1 Cilindro

O modelo do cilindro foi utilizado como parâmetro de validação e


calibragem para os modelos apresentados neste trabalho.
Conforme o item 3.2.5, considerando a temperatura adotada pelo Ansys
CFX igual a 25ºC (ρ=1,184kg/m³), obtém-se a pressão dinâmica no ponto de
estagnação dada por 𝑞 = 0,592𝑣 2.
A Figura 33 mostra as linhas de fluxo do escoamento em torno do cilindro
e o resultado do fator utilizado para calcular a pressão dinâmica, sendo que no ponto
de estagnação, o valor gerado pelo software é dado por 𝑞 = 0,580𝑣 2, apresentando
uma diferença muito pequena em relação à teórica, em torno de 2%, validando os
parâmetros e considerações utilizadas nos modelos deste trabalho.

(a) (b)

(c)

Figura 33: Resultados da análise numérica do cilindro para validação dos modelos: (a) Fator utilizado
para cálculo da pressão dinâmica; (b) Vista isométrica das linhas de fluxo; (c) Vista superior das
linhas de fluxo. Fonte: Próprio autor.
69

Através das linhas de fluxo pode-se observar os vórtices que se formam à


sotavento verificando o ponto de separação ou descolamento do fluxo. Verifica-se
também que as maiores velocidades se encontram nas laterais do cilindro gerando os
maiores valores de sucção conforme esperado baseado nas teorias bem como em
trabalhos encontrados na literatura.

6.2 Modelos 1V-V0-Fb(1/4, 1/5, 1/8, 1/10 e 1/12)

Estes modelos apresentam o vento incidindo a 0º para cobertura com um


único vão, com diferentes relações de f/b, no caso 1/4, 1/5, 1/8, 1/10 e 1/12. As Figuras
34 a 38 mostram as linhas de fluxo do escoamento do vento para cada caso,
observando-se o seu comportamento ao redor da estrutura.

(a) (b)

(c)

Figura 34: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V0-Fb1/4: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
70

(a) (b)

(c)

Figura 35: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V0-Fb1/5: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 36: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V0-Fb1/8: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
71

(a) (b)

(c)

Figura 37: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V0-Fb1/10: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 38: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V0-Fb1/12: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
72

As linhas de fluxo mostram a formação de vórtices na face à sotavendo e


nas paredes laterais da estrutura devido ao efeito da esteira onde há a separação do
fluxo.
Observa-se também os vórtices de base na face à barlavento que se
deslocam pelas laterais da edificação provocando maiores velocidades nestes pontos.
Além disso, verifica-se que ocorre uma redução da velocidade à medida que a relação
de f/b diminui já que há uma diminuição da altura da face à barlavento.
As Figuras 39 a 43 apresentam os valores dos coeficientes de pressão
externa fornecidos pelo ANSYS CFX em cada configuração.

Figura 39: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V0-Fb1/4. Fonte:
Próprio autor.

Figura 40: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V0-Fb1/5. Fonte:
Próprio autor.
73

Figura 41: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V0-Fb1/8. Fonte:
Próprio autor.

Figura 42: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V0-Fb1/10.
Fonte: Próprio autor.

Figura 43: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V0-Fb1/12.
Fonte: Próprio autor.
74

É possível observar as zonas de sobrepressão (positiva) e de sucção


(negativa), bem como as separações das regiões onde ocorre uma variação
considerável entre os coeficientes de pressão conforme observado pelas faixas
especificadas pela ABNT NBR 6123:1988 em função das restaurações das pressões
e aderência do fluxo à estrutura.
Verifica-se também através dos contornos que os valores de sobrepressão
na base da face à barlavento diminuem a medida que se deslocam pelas laterais da
estrutura conforme consta no item 3.4.3 sobre os vórtices de base.
Observa-se também os maiores valores de sucção presentes nas arestas
da face à barlavento conforme esperado devido à separação do fluxo, ressaltando que
estes valores não foram considerados na análise dos valores críticos dos coeficientes
de pressão demonstrados a seguir.
Os valores dos coeficientes de pressão foram tratados por meio da
ferramenta Excel e foram encontrados os valores críticos em cada faixa especificada
pela NBR 6123:1988 para a cobertura (ver Figura 44) e paredes (ver Figura 45).
A Tabela 8 apresenta os resultados determinados pela análise numérica
para cobertura da estrutura, bem como os valores da norma para efeito de
comparação.

Figura 44: Incidência do vento a 0º em coberturas curvas. Fonte: Adaptado de NBR 6123:1988.
75

Tabela 8: Coeficientes de pressão na cobertura para vento incidindo à 0º

NBR ANSYS ANSYS ANSYS ANSYS ANSYS


Faixa 6123 Modelo CFX
Modelo CFX
Modelo CFX
Modelo CFX
Modelo CFX

A -0,8 -0,8 -0,8 -0,8 -0,8 -1,1

1V-V0-Fb1/10

1V-V0-Fb1/12
1V-V0-Fb1/4

1V-V0-Fb1/5

1V-V0-Fb1/8
B -0,4 -0,6 -0,6 -0,4 -0,4 -0,5

C -0,3 -0,5 -0,4 -0,2 -0,2 -0,3

D -0,2 -0,3 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2

Conforme exposto anteriormente, a ABNT NBR 6123:1988 apresenta


valores apenas para relações de 1/10 ≤ f/b ≤ 1/5. Comparando os resultados da
análise numérica com a norma para esta faixa, pode-se observar uma boa
proximidade dos resultados, além de seguir o mesmo padrão onde se tem maiores
valores de sucção à barlavento e à medida que o vento se desloca à sotavento estes
coeficientes vão diminuindo.
Para f/b > 1/5, apesar dos valores também ficarem próximos daqueles
estabelecidos pela norma, quase todos apresentaram coeficientes de pressão
superiores, justificando a inclusão destas relações na mesma, já que são estruturas
utilizadas comumente em hangares ou edificações que necessitem de pés-direitos
elevados.
Da mesma forma ocorre para a relação de f/b < 1/10. Todos os valores de
CP apresentam valores superiores às da norma principalmente se comparada à
primeira faixa de valores. Por serem flechas pequenas mesmo se comparadas
eventualmente à inclinação de 0º conforme Tabela 5 da NBR 6123:1988, o valor do
coeficiente de pressão obtida pela análise numérica ainda seria maior já que a mesma
especifica o CP para esta condição igual a -0,8. Assim, verifica-se a importância de
ampliar a faixa de relações da NBR 6123:1988 visando atender melhor os profissionais
que irão projetar estruturas com estas proporções de flecha em relação à largura da
edificação.
Já para as paredes, a Tabela 9 apresenta os resultados obtidos pelo
ANSYS CFX para vento incidindo a 0º conforme as faixas especificadas pela NBR
6123:1988.
76

Figura 45: Incidência do vento a 0º nas paredes. Fonte: Adaptado de NBR 6123:1988.

Tabela 9: Coeficientes de pressão nas paredes para vento incidindo à 0º


NBR ANSYS ANSYS ANSYS ANSYS ANSYS
Faixa Modelo Modelo Modelo Modelo Modelo
6123 CFX CFX CFX CFX CFX
C 0,7 0,8 0,80 0,7 0,7 0,6
1V-V0-Fb1/10

1V-V0-Fb1/12
1V-V0-Fb1/5

1V-V0-Fb1/8
1V-V0-Fb1/4

D -0,3 -0,3 -0,4 -0,5 -0,5 -0,4


A1/B1 -0,8 -0,9 -1,0 -0,9 -0,8 -0,9
A2/B2 -0,4 -0,5 -0,4 -0,2 -0,2 -0,3
A3/B3 -0,2 -0,2 -0,1 -0,2 -0,1 -0,1

A Tabela 9 mostra que os valores encontrados pelo software ficaram bem


próximos aos valores sugeridos pela NBR 6123:1988, porém é possível tecer algumas
considerações:
- Considerando a face à barlavento (C), observa-se que quanto maior a
relação de f/b, no caso maior a flecha, maior é o coeficiente de pressão positivo
(sobrepressão), devido aos vórtices de base serem mais intensos com aumento da
altura da face frontal.
- A face à sotavento (D), se comparada à faixa final da lateral da estrutura
(A3/B3), pelos valores da norma, são valores que apresentam uma diferença pequena
de valores de sucção, porém os resultados da análise numérica mostram que estas
diferenças são bem mais expressivas chegando em alguns casos a ser cinco vezes
maior, no caso para f/b igual a 1/10. Tal fato pode ser verificado também em Negri
77

(2017) que apresenta na maioria dos modelos estudados, diferenças de duas a três
vezes os valores de sucção entre estas duas regiões. Isto porque no último trecho da
parede lateral, já houve a restauração do fluxo, e na face à sotavento ocorre a
separação do fluxo e consequentemente o efeito da esteira, provocando vórtices que
causam uma grande turbulência e aumento da sucção nesta face.

6.3 Modelos 1V-V90-Fb(1/4, 1/5, 1/8, 1/10, 1/12)

Estes modelos apresentam as mesmas características que os modelos


anteriores, porém com o vento incidindo a 90º. As Figuras 46 a 50 mostram as linhas
de fluxo do escoamento do vento para cada caso e as Figuras 51 a 55 apresentam os
valores dos coeficientes de pressão externos fornecidos pelo ANSYS CFX.

(a) (b)

(c)

Figura 46: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V90-Fb1/4: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
78

(a) (b)

(c)

Figura 47: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V90-Fb1/5: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 48: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V90-Fb1/8: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
79

(a) (b)

(c)

Figura 49: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V90-Fb1/10: (a) Perspectiva;
(b) Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 50: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 1V-V90-Fb1/12: (a) Perspectiva;
(b) Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
80

Figura 51: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V90-Fb1/4.
Fonte: Próprio autor.

Figura 52: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V90-Fb1/5.
Fonte: Próprio autor.

Figura 53: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V90-Fb1/8.
Fonte: Próprio autor.
81

Figura 54: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V90-Fb1/10.
Fonte: Próprio autor.

Figura 55: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 1V-V90-Fb1/12.
Fonte: Próprio autor.

De forma análoga aos modelos a 0º, observa-se através das linhas de fluxo
das Figuras 46 a 50, a formação dos vórtices na face à sotavendo e nas paredes
laterais da estrutura bem como a simetria destas linhas ao redor do edifício. É possível
visualizar ainda os vórtices de base que apresentam uma intensidade menor se
comparado a 0º em função da extensão da fachada fazendo com que os turbilhões
helicoidais sejam menores nas laterais do edifício.
Pode-se observar as zonas de altas sucções nas arestas à barlavento das
edificações e as separações das superfícies onde ocorre uma variação considerável
entre os coeficientes de pressão apresentadas pela ABNT NBR 6123:1988.
A Tabela 10 apresenta uma comparação dos valores críticos dos
coeficientes de pressão gerados pelo ANSYS CFX (tratados de forma análoga ao
vento a 0º) e os fornecidos pela NBR 6123:1988 para cada faixa da cobertura (ver
Figura 56).
82

Figura 56: Incidência do vento a 90º em coberturas curvas. Fonte: Adaptado de NBR 6123:1988.

Tabela 10: Coeficientes de pressão na cobertura para vento incidindo à 90º


ANSYS ANSYS NBR ANSYS NBR ANSYS NBR ANSYS
Faixa Modelo Modelo Modelo Modelo Modelo
CFX CFX 6123 CFX 6123 CFX 6123 CFX
1 -1,2 -0,9 -0,3 -0,8 -0,8 -0,8 -1,0 -1,2
1V-V90-Fb1/10

1V-V90-Fb1/12
1V-V90-Fb1/4

1V-V90-Fb1/5

1V-V90-Fb1/8

2 -1,3 -1,0 -0,7 -0,7 -0,7 -0,6 -0,6 -0,5


3 -1,6 -1,1 -0,8 -0,7 -0,7 -0,6 -0,6 -0,5
4 -1,1 -1,0 -0,6 -0,7 -0,6 -0,5 -0,6 -0,4
5 -0,9 -0,8 -0,4 -0,6 -0,4 -0,5 -0,4 -0,4
6 -0,8 -0,3 -0,4 -0,4 -0,4 -0,3 -0,3 -0,3

Diferentemente da incidência do vento a 0º, as relações geométricas


apresentam uma grande influência nos coeficientes de pressão.
Para relação de f/b maior ou igual a 1/5 verifica-se que as maiores pressões
se apresentam no topo da cobertura enquanto que para f/b menor que 1/5, os
coeficientes de pressão (sucção) máximos encontram-se na face à barlavento e
diminuem a medida que o vento se desloca para face à sotavento.
Analisando as faixas especificadas pela NBR 6123:1988, observa-se que
para f/b igual a 1/8 e 1/10 os resultados da análise numérica apresentam uma boa
proximidade com os valores descritos pela norma. Porém, para f/b igual a 1/5 os
83

resultados gerados pelo ANSYS CFX foram bem maiores que os valores
apresentados na NBR 6123:1988. Mas conforme resultados de Cook retirado do
trabalho de Blackmore e Tsokri (2006) , através de análise experimental para este tipo
de estrutura com as mesmas relações geométricas encontraram-se os valores
expostos na Tabela 11 para efeitos de comparação.

Tabela 11: Comparativo de coeficientes de pressão na cobertura para vento incidindo à 90º

Faixa Modelo Ansys CFX Cook NBR 6123


1 -0,9 -0,7 -0,3
1V-V90-Fb1/5

2 -1,0 -0,7 -0,7


3 -1,1 -0,9 -0,8
4 -1,0 -0,9 -0,6
5 -0,8 -0,6 -0,4
6 -0,4 -0,6 -0,4

Desta forma, os valores de Cook mostraram-se mais próximos aos


resultados obtidos da análise numérica desta pesquisa principalmente para a primeira
faixa (à barlavento) que apresentam valores de sucção bem superiores ao descrito
pela ABNT NBR 6123:1988. Além disso, observa-se que tanto os valores deste
trabalho quanto de Cook, resultaram em valores de sucção superiores (exceto a faixa
2 que apresenta o mesmo coeficiente de pressão) aos da norma brasileira em todas
as faixas especificadas pela mesma, sendo importante fazer uma revisão destes
valores a fim de evitar que danos sejam causados neste tipo de estrutura em função
da consideração de valores subdimensionados.
Para a relação de f/b igual a 1/4 observa-se valores de sucção bem
elevados, principalmente no topo da estrutura, principalmente na faixa 3, demostrando
a importância da norma abranger relações de f/b mais amplas visando a segurança
deste tipo de estrutura que vem sendo bastante utilizada.
E da mesma forma, para f/b igual a 1/12, verifica-se uma sucção bem
elevada à barlavento justificando a ampliação da faixa de valores na ABNT NBR
6123:1988.
Já para as paredes, considerando vento incidindo a 90º, a Tabela 12
apresenta uma comparação dos valores críticos dos coeficientes de pressão gerados
84

pelo ANSYS CFX (tratados de forma análoga ao vento a 0º) e os fornecidos pela NBR
6123:1988 para cada faixa da parede (ver Figura 57).

Figura 57: Incidência do vento a 90º nas paredes. Fonte: Adaptado de NBR 6123:1988.

Tabela 12: Coeficientes de pressão nas paredes para vento incidindo à 90º
NBR ANSYS ANSYS ANSYS ANSYS ANSYS
Faixa Modelo Modelo Modelo Modelo Modelo
6123 CFX CFX CFX CFX CFX
A 0,7 0,4 0,5 0,5 0,4 0,4
1V-V90-Fb1/10

1V-V90-Fb1/12
1V-V90-Fb1/4

1V-V90-Fb1/5

1V-V90-Fb1/8

B -0,5 -0,4 -0,3 -0,4 -0,3 -0,4

C1/D1 -0,9 -1,0 -0,9 -0,7 -0,5 -0,6

C2/D2 -0,5 -0,9 -0,6 -0,5 -0,4 -0,4

Neste caso, observa-se que os valores de sobrepressão e de sucção


apresentados pela norma são maiores que os valores gerados pelo ANSYS CFX,
salvo algumas exceções, principalmente para flechas maiores que causam uma maior
turbulência nas paredes laterais da estrutura à barlavento.

6.4 Modelo 2V-V0-Fb(1/5, 1/8 e 1/10) e 3V-V0-Fb(1/5, 1/8 e 1/10)

Estes modelos são compostos por coberturas com dois e três vãos, para o
vento incidindo a 0º e com relação f/b igual a 1/5, 1/8 e 1/10. As Figuras 58 a 63
mostram as linhas de fluxo ao redor da estrutura.
85

(a) (b)

(c)

Figura 58: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 2V-V0-Fb1/5: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 59: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 2V-V0-Fb1/8: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
86

(a) (b)

(c)

Figura 60: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 2V-V0-Fb1/10: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 61: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 3V-V0-Fb1/5: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
87

(a) (b)

(c)

Figura 62: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 3V-V0-Fb1/8: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 63: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 3V-V0-Fb1/10: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
88

As linhas de fluxo mostram a formação de vórtices na face à sotavento e


nas paredes laterais da estrutura bem como a simetria destas linhas ao redor do
edifício como acontece para estrutura de um único vão. Da mesma forma também
ocorre os vórtices de base na face à barlavento causando velocidades majoradas nas
paredes laterais da edificação.
Observa-se também que nas junções dos vãos, formam-se turbilhões
maiores que nos topos das coberturas e consequentemente velocidades maiores
fazendo com que a restauração das pressões do fluido ocorra nestas junções,
diferentemente do que acontece para coberturas com vão simples onde tal fato ocorre
ao longo do topo da cobertura conforme visto na revisão bibliográfica deste trabalho
(item 3.4.4).
Pode-se verificar também que ocorre uma redução da velocidade à medida
que a relação de f/b diminui, isto porque quanto menor a flecha, menor a velocidade
que ocorre a separação do fluxo nas arestas da face à barlavento.
Pode-se constatar ainda que quanto maior o número de vãos maior a
velocidade nas arestas da face à barlavento em função do aumento da largura da
estrutura que faz com que o fluxo principal ocorra no topo da edificação diminuindo a
dispersão das linhas de fluxo pelas laterais conforme visto em 3.4.4.
Através das Figuras 64 a 69 observa-se os coeficientes de pressão
fornecidos pelo ANSYS CFX.

Figura 64: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 2V-V0-Fb1/5. Fonte:
Próprio autor.
89

Figura 65: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 2V-V0-Fb1/8. Fonte:
Próprio autor.

Figura 66: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 2V-V0-Fb1/10.
Fonte: Próprio autor.

Figura 67: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 3V-V0-Fb1/5. Fonte:
Próprio autor.
90

Figura 68: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 3V-V0-Fb1/8. Fonte:
Próprio autor.

Figura 69: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 3V-V0-Fb1/10.
Fonte: Próprio autor.

É possível observar as zonas de sobrepressão e sucção, bem como as


separações das regiões onde ocorre uma variação considerável entre os coeficientes
de pressão. Além disso, a simetria das linhas de fluxo mencionadas anteriormente
pode ser verificada pelos contornos dos coeficientes de pressão ao longo da estrutura.
Pelos contornos também verifica-se que nas extremidades da face à
sotavento da estrutura, ocorrem pressões de sucção mais elevadas em função da
separação de fluxo das paredes laterais.
Assim como ocorre para estruturas com vão simples, verifica-se que os
maiores valores de sucção incidem nas arestas da face à barlavento conforme
esperado devido à separação do fluxo, ressaltando novamente que estes valores não
foram considerados na análise dos valores críticos dos coeficientes de pressão
demonstrados a seguir.
Os valores dos coeficientes de pressão foram tratados por meio da
ferramenta Excel e os valores críticos gerados pelo ANSYS CFX para coberturas com
91

dois e três vãos são mostrados nas Tabelas 13 e 14, respectivamente, considerando
as faixas especificadas para único vão da NBR 6123:1988 (ver Figura 44).

Tabela 13: Coeficientes de pressão para cobertura com dois vãos para vento incidindo à 0º

NBR 6123 Modelo ANSYS CFX Modelo ANSYS CFX Modelo ANSYS CFX

A -1,50 -1,26 -1,15

2V-V0-Fb1/10
2V-V0-Fb1/5

2V-V0-Fb1/8
B -0,62 -0,50 -0,48
C -0,29 -0,25 -0,23
D -0,19 -0,19 -0,19

Tabela 14: Coeficientes de pressão para cobertura com três vãos para vento incidindo à 0º

NBR 6123 Modelo ANSYS CFX Modelo ANSYS CFX Modelo ANSYS CFX
A -2,36 -1,80 -1,39

3V-V0-Fb1/10
3V-V0-Fb1/5

3V-V0-Fb1/8

B -1,05 -0,84 -0,62


C -0,58 -0,46 -0,36
D -0,36 -0,35 -0,28

Através dos resultados observa-se que tanto para dois vãos como para três
vãos, os maiores valores de sucção encontram-se à barlavento e diminuem a medida
que o vento se desloca à sotavento.
Além disso, pode-se verificar também que para cada faixa considerada, os
valores das sucções diminuem a medida que a relação de f/b diminui. A última faixa à
sotavento não apresenta uma diferença tão expressiva devido às pressões já terem
sido restauradas.
E comparando estruturas com cobertura de dois e três vãos, observa-se
que as coberturas com três vãos apresentam valores de sucção superiores aos de
dois vãos chegando em alguns casos a ser duas vezes maior. Nesta pesquisa não
foram desenvolvidos coberturas com 4 vãos ou mais, mas seguindo os resultados
gerados pelo ANSYS CFX é provável que quanto mais vãos, maiores sejam os
coeficientes de pressão na cobertura. Tal fato pode ser verificado conforme relatado
por Kim et al. (2017), que mostra que para vento incidindo a 0º, ocorre um aumento
92

nos valores dos coeficientes de pressão (sucção) à medida que o número de vãos
aumenta.
As Figuras 70 a 72 apresentam um comparativo dos valores de coeficientes
de pressão em três eixos da estrutura para vento incidindo a 0º para um, dois e três
vãos, para relações de f/b igual a 1/5, 1/8 e 1/10 respectivamente, onde o Eixo A
refere-se ao topo da cobertura (no caso de três vãos, representa o topo da cobertura
do tramo central), o Eixo B corresponde à junção das coberturas conjugadas e o Eixo
C refere-se ao topo da cobertura do tramo extremo para o modelo com três vãos (ver
Figuras 19 a 21) - os índices indicam a quantidade de vãos.

Figura 70: Coeficientes de pressão gerados pelo ANSYS CFX para um, dois e três vãos com f/b igual
a 1/5 para vento incidindo a 0º. Fonte: Próprio autor.
93

Figura 71: Coeficientes de pressão gerados pelo ANSYS CFX para um, dois e três vãos com f/b igual
a 1/8 para vento incidindo a 0º. Fonte: Próprio autor.

Figura 72: Coeficientes de pressão gerados pelo ANSYS CFX para um, dois e três vãos com f/b igual
a 1/10 para vento incidindo a 0º. Fonte: Próprio autor.

Através dos gráficos observa-se mais claramente a constatação feita


anteriormente de que os maiores coeficientes de pressão encontram-se nas
94

proximidades das arestas da face à barlavento e diminuem à medida que o vento se


desloca à sotavento da edificação.
Verifica-se que para vão simples, os coeficientes de pressão apresentam
um comportamento similar ao fluido passando pelas junções das coberturas com
múltiplos vãos, isto porque as maiores pressões para cobertura com único vão
encontram-se no topo da cobertura e para dois e três vãos situam-se nas junções,
conforme observado anteriormente pelas linhas de fluxo.
Além disso, os valores dos coeficientes de pressão para galpões com vãos
múltiplos são expressivamente maiores que para único vão exibindo valores de
sucção até três vezes maiores, justificando a importância de incluir dados na NBR
6123:1988 para edificações com vãos múltiplos em forma de arco.

6.5 Modelo 2V-V90-Fb(1/5, 1/8 e 1/10) e 3V-V90-Fb(1/5, 1/8 e 1/10)

Estes modelos são iguais aos anteriores, porém com vento incidindo a 90º.
As Figuras 73 a 84 apresentam os resultados obtidos através da análise numérica
(linhas de fluxo do vento e coeficientes de pressão externos) para os modelos em
questão.

(a) (b)

(c)

Figura 73: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 2V-V90-Fb1/5: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
95

(a) (b)

(c)

Figura 74: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 2V-V90-Fb1/8: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 75: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 2V-V90-Fb1/10: (a) Perspectiva;
(b) Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
96

(a) (b)

(c)

Figura 76: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 3V-V90-Fb1/5: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

(a) (b)

(c)

Figura 77: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 3V-V90-Fb1/8: (a) Perspectiva; (b)
Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.
97

(a) (b)

(c)

Figura 78: Linhas de fluxo do escoamento do vento para o Modelo 3V-V90-Fb1/10: (a) Perspectiva;
(b) Vista superior; (c) Vista lateral. Fonte: Próprio autor.

Figura 79: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 2V-V90-Fb1/5.
Fonte: Próprio autor.
98

Figura 80: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 2V-V90-Fb1/8.
Fonte: Próprio autor.

Figura 81: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 2V-V90-Fb1/10.
Fonte: Próprio autor.

Figura 82: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 3V-V90-Fb1/5.
Fonte: Próprio autor.
99

Figura 83: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 3V-V90-Fb1/8.
Fonte: Próprio autor.

Figura 84: Coeficientes de pressão obtidos pela análise numérica para o Modelo 3V-V90-Fb1/10.
Fonte: Próprio autor.

De forma análoga aos modelos para vento incidindo a 0º, pode-se observar
através das Figuras 73 a 78 a formação dos vórtices na face à sotavento e nas
paredes laterais da estrutura bem como os vórtices de base na face à barlavento.
Ainda é possível observar através das linhas de fluxo que nas junções,
devido à separação do fluxo do vão anterior, formam-se pequenos redemoinhos entre
as mesmas causando uma redução da velocidade devido à camada limite fazendo
com que ocorra um aumento da pressão gerando valores de sobrepressão conforme
explicitado pelo item 3.4.1 e constatado também pelos contornos dos coeficientes de
pressão (ver Figuras 79 a 84).
Ainda através dos contornos observa-se uma variação considerável dos
coeficientes de pressão na cobertura, principalmente comparando-se a relação de f/b
100

igual a 1/5 com as demais. Desta forma, observa-se que os maiores coeficientes de
sucção para f/b igual a 1/8 e 1/10 encontram-se nas arestas à barlavento enquanto
que para f/b igual a 1/5 encontram-se no topo do primeiro e último vão, fato que poderá
ser confirmado através dos resultados expostos mais adiante.
Como estes tipos de estruturas com múltiplos vãos de cobertura não
constam na NBR 6123:1988, os resultados dos coeficientes de pressão foram gerados
conforme indicado pela norma para cobertura com vão único, onde a mesma é dividida
em seis faixas igualmente distanciadas conforme visto no item 3.6.6. Desta forma,
para dois e três vãos obtiveram-se resultados para 12 e 18 faixas, respectivamente,
conforme indicado na Figura 85.

Figura 85: Faixas de incidência do vento a 90º em coberturas curvas para dois ou três vãos. Fonte:
Próprio autor.

Os valores dos coeficientes de pressão foram tratados por meio da


ferramenta Excel e os valores críticos são mostrados nas Tabelas 15 e 16 para
coberturas com dois e três vãos, respectivamente.
101

Tabela 15: Coeficientes de pressão para cobertura com dois vãos para vento incidindo à 90º

NBR 6123 Modelo ANSYS CFX Modelo ANSYS CFX Modelo ANSYS CFX

1 -0,61 -1,15 -1,44


2 -0,62 -0,47 -0,48
3 -0,68 -0,48 -0,49
4 -0,66 -0,46 -0,47

2V-V90-Fb1/10
2V-V90-Fb1/5

2V-V90-Fb1/8
5 -0,41 -0,33 -0,39
6 -0,29 -0,25 -0,16
7 -0,38 -0,35 -0,32
8 -0,38 -0,31 -0,31
9 -0,63 -0,44 -0,42
10 -0,66 -0,46 -0,43
11 -0,62 -0,45 -0,42
12 -0,40 -0,36 -0,33

Tabela 16: Coeficientes de pressão para cobertura com três vãos para vento incidindo à 90º

NBR 6123 Modelo ANSYS CFX Modelo ANSYS CFX Modelo ANSYS CFX

1 -0,76 -1,49 -1,61


2 -0,86 -0,61 -0,49
3 -0,93 -0,63 -0,50
4 -0,90 -0,60 -0,47
5 -0,56 -0,42 -0,34
6 -0,45 -0,46 -0,20
7 -0,63 -0,53 -0,36
3V-V90-Fb1/10
3V-V90-Fb1/5

3V-V90-Fb1/8

8 -0,55 -0,37 -0,31


9 -0,64 -0,43 -0,33
10 -0,64 -0,43 -0,33
11 -0,48 -0,39 -0,27
12 -0,50 -0,26 -0,21
13 -1,03 -0,44 -0,32
14 -0,53 -0,39 -0,31
15 -0,89 -0,57 -0,43
16 -0,94 -0,60 -0,45
17 -0,90 -0,58 -0,42
18 -0,58 -0,54 -0,37
102

Analisando os resultados para cobertura com dois e três vãos observa-se


que para f/b igual a 1/5, os maiores valores situam-se no topo da cobertura da mesma
forma que ocorre nas coberturas simples.
Para os modelos com f/b igual a 1/8 e 1/10, os maiores valores de sucção
encontram-se na primeira faixa (à barlavento) e diminui à medida que o vento se
desloca à sotavento, porém para os demais vãos as maiores sucções situam-se no
topo da cobertura. Ainda nestes casos, observa-se também que na segunda faixa há
uma diminuição dos valores de sucção justificados pela trajetória das linhas de fluxo
conforme item 3.4.4.
As Figuras 86 a 88 apresentam um comparativo dos coeficientes de
pressão para vento a 90º para um, dois e três vãos com f/b igual a 1/5, 1/8 e 1/10,
respectivamente, em três eixos ao longo do comprimento da edificação, sendo o Eixo A na
metade, o Eixo B a 1/4 e o Eixo C a 1/8.

Figura 86: Coeficientes de pressão gerados pelo ANSYS CFX para um, dois e três vãos com f/b igual
a 1/5 para vento incidindo a 90º. Fonte: Próprio autor.
103

Figura 87: Coeficientes de pressão gerados pelo ANSYS CFX para um, dois e três vãos com f/b igual
a 1/8 para vento incidindo a 90º. Fonte: Próprio autor.

Figura 88: Coeficientes de pressão gerados pelo ANSYS CFX para um, dois e três vãos com f/b igual
a 1/10 para vento incidindo a 90º. Fonte: Próprio autor.

Para relação de f/b igual a 1/5, observa-se que para vento incidindo a 90º
a pressão aumenta no topo de cada vão e diminui nas junções das coberturas
chegando a apresentar valores de sobrepressão devido aos pequenos vórtices
formados pela separação do fluido mencionados anteriormente. Esses vórtices
104

inclusive geram um comportamento instável do vento podendo ser observado pela


Figura 86, verificado também no trabalho de Kim et al. (2017).
Para f/b igual a 1/8 e 1/10 os maiores valores de sucção ocorrem à
barlavento e diminuem conforme o vento se desloca à sotavento, isto para o primeiro
vão. Já os demais vãos, os maiores valores de sucção ocorrem no topo da cobertura.
Nestes casos observa-se também que os valores das sucções no topo da estrutura
são maiores para coberturas com vãos simples, porém para f/b igual a 1/8 a diferença
é bem menos expressiva se comparado a f/b igual a 1/5, e para f/b igual a 1/10 os
valores são bem próximos conforme constatados pelas Figuras 87 e 88.
Fazendo uma comparação com cobertura de vão simples, nota-se que os
maiores valores de sucção no topo da cobertura ocorrem para edificação com único
vão independente da relação de f/b, característica inversa ao vento incidindo a 0º. Isto
porque ao inserir mais vãos, aumenta-se o comprimento da edificação diminuindo os
esforços globais na cobertura conforme visto no item 3.4.4. Tal fato pode ser
novamente observado no trabalho de Kim et al. (2017).
No caso de modelos com três vãos, observa-se que no último tramo os
valores de sucção são maiores pois o mesmo causa obstrução do fluxo fazendo com
que haja um aumento da velocidade a fim de manter a vazão.
105

7. CONCLUSÕES

Os coeficientes de pressão externos obtidos por meio de análise numérica


para coberturas simples em forma de arco apresentaram resultados próximos aos
valores fornecidos pela ABNT NBR 6123:1988, tanto para o vento incidindo a 0º como
a 90º. Através das linhas de fluxo, observou-se a formação de vórtices nas paredes
laterais e na face à sotavento dos edifícios, além das altas zonas de sucções nas
arestas da face à barlavento da edificação, bem como os vórtices de base que geram
velocidades majoradas nas arestas laterais da face à barlavento da estrutura.
Pode-se observar também que as relações geométricas do edifício
influenciam apenas para vento incidindo a 90º e que neste caso, para relações de
flecha menores que 1/5, as maiores pressões encontram-se na face à barlavento e
diminui à medida que o vento se desloca para face à sotavento. Por outro lado, para
relações maiores ou iguais a 1/5, os maiores coeficientes de pressão externos
ocorrem no topo da cobertura.
Ressalta-se apenas que os valores dos coeficientes de pressão para
relação de f/b igual a 1/5 para vento incidindo a 90º se mostraram bem superiores aos
valores da NBR 6123:1988. Porém, os resultados de Cook retirados do trabalho de
Blackmore e Tsokri (2006) mostraram-se mais próximos aos resultados obtidos da
análise numérica e além disso, observa-se que tanto os valores deste trabalho quanto
de Cook, resultaram em valores de sucção superiores aos da norma brasileira em
todas as faixas especificadas pela mesma, sendo importante fazer uma revisão destes
valores a fim de evitar que danos sejam causados neste tipo de estrutura devido à
consideração de valores subdimensionados.
Para as relações que não constam na norma, no caso, f/b > 1/5 e f/b < 1/10,
para vento incidindo a 0º para a cobertura, verificou-se que apesar dos valores
também ficarem próximos da norma, quase todos apresentaram coeficientes de
pressão superiores. E para vento incidindo a 90º, observa-se também que na
cobertura, os valores críticos de sucção são maiores para as relações que não
constam na NBR 6123:1988, justificando a ampliação da faixa de valores da norma.
No caso de coberturas com múltiplos vãos, constatou-se que os
coeficientes de pressão obtidos para o vento a 0º exibem valores significativamente
106

maiores de sucção quando comparados àqueles prescritos em norma para a


cobertura simples, chegando a apresentar valores de sucção até três vezes maiores.
Além disso, pode-se verificar também que para cada faixa considerada, os
valores das sucções diminuem a medida que a relação de f/b diminui e observa-se
que quanto maior o número de vãos maiores são os valores de sucção na cobertura.
Tal fato pode ser verificado conforme relatado por Kim et al. (2017), que mostra que
para vento incidindo a 0º, os valores dos coeficientes de pressão aumentam à medida
que o número de vãos aumenta.
Já para vento incidindo a 90º, observou-se que para f/b igual a 1/5, os
maiores valores situam-se no topo da cobertura da mesma forma que ocorre em
cobertura simples, no entanto, para os modelos com f/b igual a 1/8 e 1/10, os maiores
valores de sucção encontram-se na primeira faixa (à barlavento) e diminui à medida
que o vento se desloca à sotavento, porém para os demais vãos as maiores sucções
situam-se no topo da cobertura. E neste caso, fazendo uma comparação com
cobertura de vão simples, nota-se que os maiores valores de sucção no topo da
cobertura ocorrem para edificação com único vão independente da relação de f/b,
característica inversa ao vento incidindo a 0º. Este fato pode ser novamente
observado no trabalho de Kim et al. (2017).
Finalmente, a comparação entre os resultados para coberturas de vãos
simples e de vãos múltiplos justifica a necessidade de estudos específicos (em túnel
de vento ou via CFD) para este tipo de estrutura (que não consta na NBR 6123:1988),
já que a mesma apresenta valores de coeficientes de pressão superiores e
comportamentos diferenciados do vento em relação às edificações com cobertura de
vão simples.
Visando uma complementação desta pesquisa, seria interessante modelar
outras relações de f/b para coberturas simples que não constam na norma e nem
neste trabalho, a fim de observar o comportamento da estrutura sob a ação do vento,
principalmente para flechas maiores, bem como determinar os coeficientes de pressão
considerando-se um maior número de vãos de cobertura.
107

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110

APÊNDICE A – EXEMPLO DE UMA MODELAGEM NO ANSYS CFX

Neste item será apresentado um tutorial de criação dos modelos utilizados


neste trabalho através do software Ansys.
Inicialmente deve-se abrir o “Workbench” da ANSYS e conforme citado no
item 5.2, foi utilizado a ferramenta FLUENT para gerar a malha e o CFX para a solução
e pós-processamento. Para tanto, devem-se seguir os passos das Figuras 89 a 92
para inserir as rotinas utilizadas para definir todos os critérios e parâmetros da análise
numérica.

Figura 89: Interface Ansys Workbench. Fonte: Próprio autor.


111

Figura 90: Rotina Ansys Fluent. Fonte: Próprio autor.

Figura 91: Transferência de dados do Ansys Fluent para Ansys CFX. Fonte: Próprio autor.
112

Figura 92: Rotina final para desenvolver a análise numérica. Fonte: Próprio autor.

A.1 Definição da Geometria (Geometry)

A primeira definição a ser realizada é a geometria do modelo. Esta pode


ser importada de uma plataforma CAD ou pode ser desenhada no próprio ANSYS
através das opções “DesignModeler” ou “SpaceClaim”. Neste trabalho utilizou-se o
“SpaceClaim” por apresentar uma interface mais fácil e prática de gerar os modelos
e os domínios de análise. A Figura 93 mostra a tela de trabalho desta ferramenta.
113

Figura 93: Tela inicial SpaceClaim. Fonte: Próprio autor.

Para desenhar o modelo, trabalha-se no plano em 2D inicialmente e através


do comando “Line” faz-se as delimitações do galpão indicando a direção com o
“mouse” e inserindo as dimensões de cada aresta conforme ilustrado pelas Figuras
94 e 95.

Figura 94: Definição da geometria através da ferramenta “Line”. Fonte: Próprio autor.
114

Figura 95: Inserção das dimensões da estrutura. Fonte: Próprio autor.

Para fazer a cobertura em arco utiliza-se o comando “Three-Point Arc” e


seleciona-se os três pontos que irão delimitar o arco conforme demonstrado pela
Figura 96.

Figura 96: Definição da cobertura em arco através do comando “Three-Point Arc”. Fonte: Próprio
autor.
115

Desta forma, tem-se a vista frontal da estrutura em 2D conforme Figura 97.

Figura 97: Vista frontal do galpão. Fonte: Próprio autor.

Para criar o volume do galpão utiliza-se a ferramenta “Pull” e coloca-se a


dimensão do comprimento do galpão conforme Figura 98.

Figura 98: Definição do comprimento da estrutura através do comando “Pull”. Fonte: Próprio autor.
116

A seguir para gerar o domínio de análise, clica-se na aba “Prepare” e


seleciona-se o comando “Enclosure”. Clica na estrutura e no símbolo de ok (“check”)
em verde conforme destacados pela Figura 99.

Figura 99: Definição do domínio de análise através da ferramenta “Enclosure”. Fonte: Próprio autor.

Insere-se as dimensões do domínio de análise (ver Figura 100) baseadas


nas recomendações da ANSYS e trabalhos da literatura conforme exposto no item
5.1. E a geometria final do modelo pode ser observada pela Figura 101.
117

Figura 100: Inserção das dimensões do domínio de análise. Fonte: Próprio autor.

Figura 101: Estrutura e o domínio de análise. Fonte: Próprio autor.


118

A.2 Geração da Malha (Mesh)

A próxima etapa é gerar a malha clicando duas vezes no item “Mesh”


conforme Figura 102.

Figura 102: Etapa de geração da malha. Fonte: Próprio autor.

A tela Meshing é exibida na Figura 103, onde podemos observar a estrutura


em seu domínio de análise, e o primeiro passo a realizar é suprimir a estrutura pois
os dados analisados serão apenas em volta da mesma.
119

Figura 103: Forma de suprimir a estrutura. Fonte: Próprio autor.

Em seguida são definidos os elementos do domínio indicando Entrada,


Saída, Paredes, etc. Assim, seleciona-se cada face com o botão direito e escolhe-se
a opção “Create Named Selection” e insere-se o nome de cada elemento conforme
observado pelas Figuras 104 e 105. Alguns nomes padrões são inseridos em inglês
para ser mais facilmente reconhecidos na próxima etapa.
120

Figura 104: Criação das “Named Selection”. Fonte: Próprio autor.

Figura 105: Definição dos nomes das faces. Fonte: Próprio autor.
121

Desta forma, são geradas as Named Selection destacadas na Figura 106


onde Cobertura e Paredes representam as partes constituintes da estrutura que foram
divididas para facilitar na manipulação dos resultados.

Figura 106: Definição de todas as “Named Selection”. Fonte: Próprio autor.

A seguir são apresentados os parâmetros de geração da malha, inserindo-


se o método (no caso elementos tetraédricos), “Sizing” para face e aresta de forma a
melhorar os parâmetros de qualidade e “Inflation” para discretizar melhor a região a
ser estudada. Todos estes parâmetros e as formas como os mesmos são inseridos
na plataforma podem ser observados pelas Figuras 107 a 115.
122

Figura 107: Inserção do método de geração da malha utilizado na análise numérica. Fonte: Próprio
autor.

Figura 108: Parâmetros do Método de geração da malha. Fonte: Próprio autor.


123

Figura 109: Inserção do “Sizing” da estrutura. Fonte: Próprio autor.

Figura 110: Parâmetros do “Face Sizing” gerado para a estrutura. Fonte: Próprio autor.
124

Figura 111: Parâmetros do “Edge Sizing” gerado para a estrutura. Fonte: Próprio autor.

Figura 112: Inserção da “Inflation”. Fonte: Próprio autor.


125

Figura 113: Definição de toda a estrutura para criação da Inflation (Cobertura e Paredes). Fonte:
Próprio autor.

Figura 114: Parâmetros da “Inflation” ao redor da estrutura. Fonte: Próprio autor.


126

Figura 115: Definição dos parâmetros da malha a ser gerada. Fonte: Próprio autor.

Assim, inserindo-se todos os parâmetros especificados anteriormente,


gera-se a malha através do comando “Generate Mesh” conforme Figura 116.

Figura 116: Malha gerada para desenvolvimento da análise numérica. Fonte: Próprio autor.
127

Para analisar a qualidade da malha deve-se verificar os parâmetros citados


no item 5.2 destacados na Figura 117, sendo que o software gera também um gráfico
que indica onde se encontram os piores elementos da malha a fim de melhorá-los.

Figura 117: Verificação dos parâmetros de qualidade. Fonte: Próprio autor.

Finalizada a etapa de geração da malha fecha-se a tela e ao retornar ao


“Workbench” deve-se clicar com o botão direito e dar o comando “Update” para
prosseguir para a próxima etapa (ver Figura 118).
128

Figura 118: Comando para Update da malha. Fonte: Próprio autor.

A.3 Critérios e configurações de análise (Setup)

Nesta etapa serão definidas as condições de contorno, propriedades do


fluido, configurações de análise, critérios de convergência, etc.
A primeira definição será o tipo de análise, que neste caso considerou-se
“Steady State” conforme descrito na metodologia deste trabalho (ver Figuras 119 e
120).
129

Figura 119: Definição do tipo de análise. Fonte: Próprio autor.

Figura 120: Seleção do tipo de análise (“Steady State”). Fonte: Próprio autor.
130

Em seguida são inseridas as condições de contorno, clicando com o botão


esquerdo em “Default Domain”, ir em “Insert” e em seguida “Boundary” conforme
Figura 121.

Figura 121: Definição das condições de contorno. Fonte: Próprio autor.

Este processo deve ser realizado para cada elemento e face nomeada na
etapa anterior (Mesh). Para a Entrada configura-se como “Inlet”, a Saída configura-se
como “Outlet” e os elementos Piso (“Floor”), Parede (“Wall”), “Cobertura” e “Paredes”
da estrutura, configura-se como “Wall” em “Boundary Type” e em “Boundary Details”
seleciona-se “No Slip Wall” e em “Wall Roughness” considera-se “Smooth Wall”. Por
terem a mesma configuração, nas figuras a seguir, apresentou-se apenas da parede
do domínio “Wall”. Todas as considerações feitas podem ser observadas através das
Figuras 122 a 130.
131

Figura 122: Inserindo condição de Entrada. Fonte: Próprio autor.

Figura 123: Parâmetros da Entrada em “Basic Settings”. Fonte: Próprio autor.


132

Figura 124: Parâmetros da Entrada em “Boundary Details”. Fonte: Próprio autor.

Figura 125: Expressões utilizadas para inserir no parâmetro de Entrada. Fonte: Próprio autor.
133

Figura 126: Parâmetros da Saída em “Basic Settings”. Fonte: Próprio autor.

Figura 127: Parâmetros da Saída em “Boundary Details”. Fonte: Próprio autor.


134

Figura 128: Parâmetros da Parede e Piso do domínio de análise e Paredes e Cobertura da estrutura
em “Basic Settings”. Fonte: Próprio autor.

Figura 129: Parâmetros da Parede e Piso do domínio de análise e Paredes e Cobertura da estrutura
em “Boundary Details”. Fonte: Próprio autor.
135

Figura 130: Definição de todas as condições de contorno. Fonte: Próprio autor.

E clicando-se duas vezes em “Default Domain” pode-se visualizar as


configurações básicas através da Figura 131 e inserir o modelo de turbulência
conforme Figura 132.

Figura 131: Configuração básico “Default Domain”. Fonte: Próprio autor.


136

Figura 132: Modelo de turbulência. Fonte: Próprio autor.

Para configurar os critérios de convergência, clica-se em “Solver Control” e


insere-se os dados conforme observado nas Figuras 133 e 134.

Figura 133: Definição do “Solver Control”. Fonte: Próprio autor.


137

Figura 134: Parâmetros considerados no “Solver Control”. Fonte: Próprio autor.

A.4 Solução da análise (Solution)

A configuração desta etapa depende da capacidade computacional. No


caso deste trabalho, adotaram-se os critérios conforme Figura 135.

Figura 135: Configuração de processamento da solução. Fonte: Próprio autor.


138

O processo de solução pode-se ser acompanhado através de uma tela que


irá mostrar os valores dos resíduos das equações bem como as informações sobre os
cálculos de cada iteração conforme observado pela Figura 136.

Figura 136: Tela de resolução do processamento da análise. Fonte: Próprio autor.

A.5 Análise dos Resultados (Results)

A Figura 137 mostra a tela inicial dos resultados da análise numérica.

Figura 137: Interface do pós processamento (“Results”). Fonte: Próprio autor.


139

Deve-se criar uma nova expressão que irá calcular os coeficientes de


pressão externo conforme mostram as Figuras 138 a 140.

Figura 138: Criação da expressão para cálculo do coeficiente de pressão externo. Fonte: Próprio
autor.

Figura 139: Definição do nome da expressão do coeficiente de pressão externo. Fonte: Próprio autor.
140

Figura 140: Definição da expressão do coeficiente de pressão. Fonte: Próprio autor.

Em seguida deve-se criar uma variável para a expressão do coeficiente de


pressão, conforme observado pelas Figuras 141 a 143.

Figura 141: Criação da variável para expressão do CPe. Fonte: Próprio autor.
141

Figura 142: Definição do nome da variável relacionada à expressão do CPe. Fonte: Próprio autor.

Figura 143: Parâmetro para definição da variável “CP”. Fonte: Próprio autor.
142

Para visualizar os contornos dos coeficientes de pressão em torno do


edifício, utiliza-se a ferramenta “Contour” e os parâmetros adotados podem ser
observados pelas Figuras 144 a 146.

Figura 144: Definição do nome do “Contour” do coeficiente de pressão externo. Fonte: Próprio autor.

Figura 145: Parâmetros de definição do “Contour”. Fonte: Próprio autor.


143

Figura 146: Coeficiente de pressão externo em torno da estrutura. Fonte: Próprio autor.

Por fim, pode-se observar as linhas de fluxo ao redor da estrutura através


da ferramenta “Streamline” utilizando os passos e parâmetros das Figuras 147 e 148.

Figura 147: Criação das linhas de fluxo (“Streamline”). Fonte: Próprio autor.
144

Figura 148: Parâmetros da “Streamline”. Fonte: Próprio autor.

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