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Bruna Camargo Soldera

MONITORAMENTO DOS NÍVEIS FREÁTICOS DO


AQUÍFERO BAURU (FORMAÇÃO ADAMANTINA) NO
MUNICÍPIO DE ASSIS-SP

1ª Edição
2017
Monitoramento dos níveis freáticos do aquífero Bauru (formação
Adamantina) no município de Assis - SP

Bruna Camargo Soldera

Rio Claro/SP
Editor: Everton de Oliveira
2017
Monitoramento dos níveis freáticos do aquífero Bauru (formação
Adamantina) no município de Assis - SP

1ª Edição
Monitoramento dos níveis freáticos do aquífero Bauru (formação
Adamantina) no município de Assis - SP

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Rio Claro/SP
Editor: Everton de Oliveira
2017
II

Autora: Bruna Camargo Soldera

Título: Monitoramento dos níveis freáticos do aquífero Bauru (formação Adamantina)


no município de Assis - SP

Edição: 1ª Edição

Editor: Everton de Oliveira

Local: Rio Claro/SP

Soldera, Bruna Camargo, 1988 –

B6848m Monitoramento dos níveis freáticos do aquífero Bauru


(Formação Adamantina) no município de Assis– SP / Bruna
Camargo Soldera. – Rio Claro, 2016.
88 f. – il., mapas, tabs., fots.

Livro - 1a Edição
Editor: Everton de Oliveira
ISBN 978-85-921716-1-2

1. Hidrologia das águas subterrâneas. 2. Águas subterrâneas –


Aquífero – Assis (SP). 3. Aquífero Bauru (Formação Adamantina) –
Assis (SP).

CDD 551.49


III

Para meus pais Sueli e José Élio, e


para minha irmã Gabe.
IV

APRESENTAÇÃO

O monitoramento da qualidade e quantidade das águas subterrâneas é


importante para a conservação deste recurso. E neste viés analises de séries
temporais constitui ferramenta de significativa importância para conhecer a dinâmica
dos recursos hídricos. Assim este trabalho é fruto de um trabalho de conclusão de
curso em Bacharel em Geografia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” Campus de Ourinhos.

O presente trabalho teve como objetivo aplicação de modelos baseados em


observações e em séries temporais para compreensão dos processos que ocorrem
durante o ciclo hidrológico e afetam a disponibilidade dos recursos subterrâneos do
Sistema Aquífero Bauru (SAB), um dos principais mananciais subterrâneos
disponíveis na região do Médio Paranapanema. Utilizou-se uma base de dados de
poços de monitoramento localizados em uma área experimental no município de
Assis/SP.
Através de modelos baseados em funções de impulso e resposta
caracterizou-se os recursos hídricos disponíveis na área de estudo quando afetadas
pelas variações sazonais e a dinâmica dos níveis freáticos do Aquífero Bauru,
auxiliando no entendimento dos processos de recarga. Este trabalho nos possibilitou
verificar que é possível modelar a relação dinâmica entre o saldo hídrico e a
variação dos níveis freáticos a partir de modelos baseados em séries temporais
fisicamente embasados.
Foi um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP - processo # 2010/07516-4) e o Fundo Estadual de Recursos
Hídricos (FEHIDRO) disponibilizou o suporte financeiro para perfuração dos poços.
Os dados foram concedidos pelo Consórcio Intermunicipal do Vale do Paranapanema
(CIVAP), Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE)
sede Marília e Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) - Pólo
Médio Paranapanema.
O desenvolvimento do trabalho, bem como os trabalhos realizados em campo
foram realizados com o auxílio dos geólogos Emílio Carlos Prandi e Paulo César
Alexandrelli.
V

PREFÁCIO

As águas subterrâneas são foco de um importante e atual tema de estudo. Ao

encararmos o desafio de fazer parte de uma comunidade que se propõe a contribuir

para o avanço do conhecimento na ciência que estuda as águas subterrâneas

assumimos um compromisso com as atuais e com as futuras gerações, já que esse

recurso não é somente uma herança dos nossos ancestrais, mas também um

legado para nossos sucessores no planeta. É uma responsabilidade imensa, e

quando um aluno nos procura e se dispõe a embarcar conosco nessa jornada,

renovam-se as energias e as esperanças de que vamos cumprir nossa missão. A

autora desta obra foi a primeira tripulante dessa nau, atracada UNESP no Campus

de Ourinhos/SP, e que foi além no mar. Bruna Camargo Soldera foi minha aluna e

orientada no curso de Geografia da UNESP/Ourinhos por dois anos, tendo nesse

curto espaço de tempo desenvolvido o trabalho desse livro.

Esse projeto, desenvolvido em parceria com o Instituto Florestal do Estado de

São Paulo – Seção de Assis e com a Agencia Paulista de Tecnologia do

Agronegócio (APTA) – Polo Paranapanema, surgiu por intermédio do Comitê de

Bacias Hidrográficas do Médio Paranapanema (CBH-MP) e do Departamento de

Águas e Energia Elétrica (DAEE) do Estado de São Paulo, procurando monitorar as

condições dos aquíferos livres da região do Médio Paranapanema.

A moça de Taguaí-SP deu seus primeiros passos como pesquisadora nesse projeto,

tendo sido bolsista de iniciação científica pela FAPESP (Processo # 2010/07516-4).

Passos esses que logo a levaram para fora de Ourinhos. A geógrafa Bruna passou a

navegar pelas águas de Botucatu, tendo sido minha primeira orientada no curso de
VI

mestrado em Agronomia – área de concentração em irrigação e drenagem da

FCA/UNESP. E das andanças que a vida de estudante de pós-graduação nos

proporciona, de congresso em congresso, surgiram os contatos que levaram, a

agora mestra, a navegar novamente, para fazer o doutorado em Rio Claro, em

Geociências e Meio Ambiente. Sempre pesquisando e trabalhando em prol das

águas subterrâneas, Bruna também rapidamente se envolveu em ações da

Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) e foi convidada a ser editora

das revistas Águas Subterrâneas e Holos Environment.

É uma satisfação poder ver, mesmo que de longe, todo essa trajetória e se

sentir parte de tudo isso. O sucesso dos nossos alunos é o nosso sucesso, já que

cada um deles ao passar por nossa tutela leva um pedaço de nós que o forma não

só como cientista, mas também como cidadão. E com certeza Bruna continuará nos

orgulhando, já que sua jornada está só começando. Agora em terras internacionais,

realizando parte de suas pesquisas de doutorado na Universidade de Waterloo no

Canadá. Tenho certeza que com pessoas como a Bruna participando dessa luta

pelas águas subterrâneas, podemos acreditar em um futuro mais limpo e sustentável

para os nossos recursos hídricos e para o planeta.

Rodrigo Lilla Manzione

Professor Adjunto

Faculdade de Ciências e Engenharia de Tupã - UNESP


VII

Monitoramento dos níveis freáticos do aquífero Bauru (formação


Adamantina) no município de Assis - SP

A autora desta obra é geógrafa formada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (UNESP) Campus de Ourinhos, mestre em Agronomia pelo
Programa de Irrigação e Drenagem da UNESP/FCA Campus de Botucatu e
doutoranda em Geociências e Meio Ambiente na UNESP/IGCE Campus de
Ourinhos. Editora das Revistas Águas Subterrâneas e Holos Environment.
VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da UGRH-17 (MP) na bacia hidrográfica do rio Paranapanema. ........ 14

Figura 2: Imagem do satélite Quickbird com a área de estudo em destaque. ....................... 22

Figura 3: Poços de Monitoramento (Poço 1 ao 5). ................................................................. 24

Figura 4: Poços de monitoramento (Poço 6 ao 10). ............................................................... 24

Figura 5: Medição do nível freático do poço 5. ...................................................................... 25

Figura 6: Poço 11 (Estação Meteorológica). .......................................................................... 25

Figura 7: Série temporal para o poço 1, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de


2011. ...................................................................................................................................... 38

Figura 8: Série temporal para o poço 2, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de


2011. ...................................................................................................................................... 38

Figura 9: Série temporal para o poço 3, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de


2011. ...................................................................................................................................... 39

Figura 10: Série temporal para o poço 5, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril
de 2011. ................................................................................................................................. 39

Figura 11: Série temporal para o poço 6, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril
de 2011. ................................................................................................................................. 39

Figura 12: Série temporal para o poço 7, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril
de 2011. ................................................................................................................................. 40

Figura 13: Série temporal para o poço 8, no período de 31 de março de 2008 a 24 07 de


abril de 2011. .......................................................................................................................... 40

Figura 14: Série temporal para o poço 9, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril
de 2011. ................................................................................................................................. 40

Figura 15: Série temporal para o poço 11, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril
de 2011. ................................................................................................................................. 41

Figura 16: Série temporal de precipitação na área de estudo, no período de 31 de março de


2008 a 07 de abril de 2011. .................................................................................................... 41

Figura 17: Série temporal de evapotranspiração na área de estudo, no período de 31 de


março de 2008 a 07 de abril de 2011. .................................................................................... 41

Figura 18: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol
freático (pontos) no poço de monitoramento 1. ...................................................................... 44

Figura 19: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol
freático (pontos) no poço de monitoramento 2. ...................................................................... 44

Figura 20: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol
freático (pontos) no poço de monitoramento 3. ...................................................................... 45
IX

Figura 22: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol
freático (pontos) no poço de monitoramento 6. ...................................................................... 46

Figura 23: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol
freático (pontos) no poço de monitoramento 7. ...................................................................... 46

Figura 24: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol
freático (pontos) no poço de monitoramento 8. ...................................................................... 47

Figura 25: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol
freático (pontos) no poço de monitoramento 9. ...................................................................... 47

Figura 26: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol
freático (pontos) no poço de monitoramento 11. .................................................................... 48

Figura 27: Perfuração do orifício para instalação do Permeâmetro de Guelph. .................... 52

Figura 28: Limpeza do orifício para locação do Permeâmetro de Guelph. ............................ 53

Figura 29: Orifício aberto para locação do Permeâmetro de Guelph ..................................... 53

Figura 30: Permeâmetro de Guelph. ...................................................................................... 54

Figura 31: Funções de impulso e resposta ajustadas aos poços 2 e 11. .............................. 55
X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Medidas de posição amostral calculadas para as séries temporais analisadas. ... 35

Tabela 2: Medidas de dispersão amostral calculadas para as séries temporais analisadas . 36

Tabela 3: Medidas de forma calculadas para as séries temporais analisadas ...................... 37

Tabela 4: Estatísticas da calibração do modelo PIRFICT às séries temporais de alturas de


lençol freático observadas no período de 31/03/2008 a 28/01/2010. .................................... 43

Tabela 5: Parâmetros estimados a partir da calibração do modelo PIRFICT. ....................... 49

Tabela 6: Desvios padrões dos parâmetros dos modelos calibrados. ................................... 49


XI

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................. IV

PREFÁCIO .............................................................................................................................. V

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

2. PROBLEMA EM ESTUDO ................................................................................................... 5

2. 1 Definição do problema ................................................................................................... 5

2. 2 Objetivos gerais ............................................................................................................. 5

2. 3 Objetivos específicos ..................................................................................................... 6

3 BREVE REVISÃO DO TEMA ABORDADO .......................................................................... 7

3.1 Definindo água subterrânea ........................................................................................... 7

3. 2 Ocorrência de água subterrânea no Estado de São Paulo ......................................... 11

3. 3 Importância das águas subterrâneas do Aquífero Bauru no Médio Paranapanema ... 13

3. 4 A importância do monitoramento das águas subterrâneas ......................................... 16

3. 5 A necessidade de modelos para o planejamento dos recursos hídricos ..................... 18

4. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................. 20

4. 1 Caracterização da área de estudo ............................................................................... 20

4. 2 Monitoramento hidrológico do Sistema Aquífero Bauru (SAB) .................................... 21

4. 2. 1 Medições à campo da permeabilidade dos solos ................................................ 23

4. 3 Modelagem dos dados ................................................................................................ 26

4. 3. 1 Modelos de séries temporais ............................................................................... 26

4. 3. 2 Séries Temporais ................................................................................................. 27

4. 3. 3 O modelo PIRFICT ............................................................................................... 30

4. 4 Organização dos dados ............................................................................................... 33

4. 4. 1 Análise Exploratória dos dados ............................................................................ 33

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................ 35

5. 1 Medidas de posição ..................................................................................................... 35

5. 2 Medidas de dispersão .................................................................................................. 35

5. 3 Medidas de forma ........................................................................................................ 37


XII

5. 4 Analise de séries temporais ......................................................................................... 37

5. 5 Calibração do modelo PIRFICT aos dados ................................................................. 42

5. 6 Análise de Tendências ................................................................................................ 50

5. 7 Movimento da água no solo e sua relação com a oscilação dos níveis freáticos ....... 51

5. 8 Informações sobre a dinâmica de aquíferos como suporte a gestão das águas


subterrâneas ....................................................................................................................... 55

6 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 57

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 58

1 INTRODUÇÃO
A água é um recurso natural fundamental para a nossa sobrevivência, é
responsável por proporcionar o desenvolvimento econômico e o nosso bem-estar social,
além de ser indispensável para os ecossistemas da natureza. É um recurso abundante,
porém limitado, encontrado em diferentes formas, em variados lugares e possui distintas
finalidades, tais como os usos domésticos, usos na agricultura, usos industriais,
abastecimento de cidades e a geração de energia. Pode ser encontrada no estado líquido
que são as águas dos lagos, rios, mares e oceanos, no estado sólido que formam a neve e
no estado gasoso que formam as nuvens. Há também as águas que se infiltram, as
chamadas águas subterrâneas.
Impedir a escassez e a poluição de mananciais hídricos é tarefa fundamental para a
manutenção e continuidade da vida na Terra, e não exclusivamente da água utilizada para a
dessedentação de pessoas e animais, mas a água designada à agricultura, sem a qual não
há produção de alimentos (SEDANO, 2008).
A demanda de água é cada vez maior e as tendências para próximas décadas é
que essa demanda continue a atingir valores cada vez maiores, devido ao avanço
populacional e elevação do nível de vida. Segundo o relatório da FAO-ONU (2003) citado
por Carvalho & Silva (2007) cerca de 70 % da água consumida no mundo é designada à
irrigação e agricultura, 22% para as indústrias e apenas 8% é usada em residências,
hospitais, escritórios e outros. A destinação de água para agricultura é alta em benefício da
crescente necessidade de alimentos e também do desperdício com técnicas de irrigação e
produção antiquadas.
Outro fato que merece atenção é a degradação do recurso hídrico por causa de
despejos domésticos e industriais. O país lança sem nenhum tratamento aos rios e lagoas
cerca de 85% do esgoto que produz, de acordo com dados do IBGE. A baixa qualidade da
água proporciona prejuízos econômicos e perdas inestimáveis. Conforme Sedano (2008,
p.10) “no mundo 10 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças transmitidas por
meio de águas poluídas: tifo, malária, cólera, infecções diarreicas e esquistossomose”. A
cada 25 minutos morre no Brasil, uma criança vítima de diarreia, doença proveniente do
consumo de água de baixa qualidade, se o descaso com os recursos hídricos continuar
metade da população mundial não terá acesso à água limpa a partir de 2025 (CARVALHO &
SILVA, 2007). Por meio de medidas simples como a educação ambiental para que haja a
utilização racional, a aplicação de uma adequada legislação e a implantação do saneamento
básico, a qualidade da água pode ser conservada e alterada.
De acordo com sua qualidade e quantidade a água poderá ser usada de diversas
maneiras, são os chamados usos múltiplos. Estes podem ser classificados como uso
2

consuntivo e não consuntivo. O uso consuntivo segundo estudos de Carvalho & Silva (2007)
é aquele onde uma determinada parcela de água é retirada e depois de ser utilizada é
devolvida em menor quantidade e com qualidade inferior, são exemplos o abastecimento e a
irrigação. Já para o uso não consuntivo é retirada uma parte de água do manancial e
devolvida com a mesma qualidade e quantidade, ou mesmo quando água serve como
veículo para certa atividade, são exemplos a pesca e a navegação. Além dos usos
consuntivos e não consuntivos para caracterizar a água, são determinados diversos
parâmetros, os quais representam as características físicas, químicas e biológicas. Esses
parâmetros irão indicar baixas qualidades quando alcançam valores superiores aos
estabelecidos para determinado uso.
Com o aumento da urbanização, a degradação desordenada das águas superficiais
e o desenvolvimento agrícola e industrial, as águas subterrâneas têm ganhado destaque na
sociedade nos últimos anos. Com isto surgem também os efeitos negativos deste processo,
isto é, ações que estão afetando a quantidade e qualidade dos aquíferos, ações que
aumentam a vulnerabilidade, processos que muitas vezes podem se tornar irreversíveis.
Deve-se tomar cuidado na exploração desse tipo de recurso, já que a renovação das águas,
ou recarga do aquífero não se faz na mesma velocidade da extração, podendo resultar em
uma exploração de partes das reservas permanentes do aquífero, quando a captação não é
devidamente monitorada.
De acordo com Wrege (1997) as águas subterrâneas contêm características que
favorecem o seu uso quando comparados com as águas superficiais, de rios ou lagos, pois
nos aquíferos as águas: são filtradas e purificadas naturalmente por meio da percolação no
solo, são excelente qualidade e dispensam tratamentos prévios; não ocupam espaço na
superfície; sofrem menores influências com as variações climáticas; é possível sua extração
perto do local de uso, resultando em custos menores como fontes; e possibilitam a
implantação de projetos de abastecimento de acordo com as necessidades. No Brasil há
muitas cidades, cujo abastecimento público de água é feito totalmente ou parcialmente por
água subterrânea, e de acordo com dados da FIESP (2005) quase 70% dos municípios do
Estado de São Paulo são abastecidos por água subterrânea.
Sabendo da importância que a água exerce para a sociedade, os aquíferos
despertam grande interesse ambiental em relação a sua conservação, e com isso tem
surgido a preocupação de desenvolver o monitoramento das águas subterrâneas, o que até
a pouco só era notado para as águas superficiais (NEIRA et al., 2008). O monitoramento
vem se tornando uma ferramenta fundamental para diagnosticar o atual estado do aquífero,
para tomar as devidas medidas em relação a modificações causadas por efeitos naturais ou
3

antrópicos. Pode ser realizado por meio de medidas de seus níveis freáticos, que irão
fornecer informações sobre a dinâmica do mesmo.
A avaliação do comportamento do aquífero através de seu monitoramento,
principalmente nas áreas de afloramento, fornece dados importantes para sua conservação
e subsídios aos projetos de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável (OAS/GEF,
2001) assegurando a qualidade e a quantidade de seu manancial para as futuras gerações.
Através do monitoramento e posteriormente por modelos hidrológicos podemos entender
melhor o comportamento dos aquíferos.
Processos como precipitação, evapotranspiração, infiltração e escoamento em rios,
são dependentes de um grande número de fatores, que dificulta a análise quantitativa e
qualitativa dos mesmos (TUCCI, 2005). Devido a este fato, modelo hidrológico será a
ferramenta que procurará buscar as respostas e entender esses fenômenos. Modelo é uma
representação do comportamento do sistema, são usualmente classificados em: físicos, que
são os que representam o sistema por um protótipo menor; analógicos que se valem da
analogia das equações que regem diferentes fenômenos; e matemáticos que também são
chamados de modelos digitais, representam a natureza do sistema por meio de equações
matemáticas (TUCCI, 2005).
“O modelo por si só não é um objeto, mas uma ferramenta para atingir um objetivo.
A mística sobre o uso de modelos hidrológicos criou uma falsa idéia sobre a sua real
potencialidade ou necessidade” (TUCCI, 2005, p. 20). Quanto menos dados possuir sobre o
objeto que se estuda maiores serão as incertezas, pois os dados têm por objetivo diminuir
dúvidas na estimativa das variáveis hidrológicas.
O processo de utilização do modelo é de acordo com estudos de Tucci (2005)
denominada simulação, e existem três fases, que são classificadas em: estimativa ou ajuste,
é a fase que os parâmetros devem ser apontados; verificação que é a simulação do modelo
com os parâmetros estimados, o qual se examina a legitimidade do ajuste realizado; e a
previsão que é a simulação do sistema pelo modelo com parâmetros ajustados para
quantificação de sua resposta a diferentes entradas, sendo este o objetivo principal, é onde
o modelo depois de ser ajustado e verificado é usado para representar a saída do sistema
para situações desconhecidas. Todas as fases estão conectadas e irão ser dependentes da
disponibilidade de dados históricos, medições de amostras e determinação das
características físicas do sistema, que são obtidas através do monitoramento.
Modelos que representam os sistemas podem ser classificados sob diferentes
critérios, de acordo com estudos desenvolvidos por Tucci (2005). Podendo estes ser
sistemas lineares quando segundo Cheng (1959) citado por Tucci (2005) as propriedades de
superposição e homogeneidade são satisfeitas; contínuos, se são contínuos no tempo, ou
4

discretos quando há mudanças de estados em intervalos discretos; concentrados que não


leva em conta a variabilidade espacial, ou distribuídos que são parâmetros dependentes do
tempo e espaço; estocásticos quando de acordo com Dooge (1973) citado por Tucci (2005),
o relacionamento entre a entrada e a saída é estatístico, ou determinístico que para uma
mesma entrada o sistema produz sempre uma mesma saída; conceitual, funções utilizadas
na sua elaboração levam em consideração processos físicos, ou empíricos que são os que
ajustam os valores calculados aos dados observados por meio de funções que não tem
nenhuma associação com processos físicos que estão envolvidos.
Prever a resposta de um aquífero (em termos de quantidade e qualidade) quanto às
atividades de exploração propostas e em tempo hábil para gerar políticas racionais de
exploração em determinada região é uma questão complicada, devido à complexidade dos
processos envolvidos (MANOEL FILHO, 2000), fazendo com que muitas vezes a gestão de
águas subterrâneas não seja incluída no planejamento e gestão de recursos hídricos. Em
áreas onde os níveis de reserva hídrica podem se tornar críticos existe a necessidade que
as predições a respeito sejam seguras, auxiliando assim no suporte a decisão. Os efeitos de
variações sazonais sendo expressos em termos de probabilidades são explicados através
de modelos estocásticos (HEUVELINK & PEBESMA, 1999), permitindo que o risco
associado às estimativas seja mensurado.
5

2. PROBLEMA EM ESTUDO
2. 1 Definição do problema
O uso da água muitas vezes é feito de maneira contínua, não respeitando as
variações sazonais de modo que afetam a recarga do sistema aquífero. Na região do Médio
Paranapanema, 75% das águas do SAB são utilizadas para abastecimento público (FIESP,
2005). Além disso, destaca-se alguns usos não consuntivos, como por exemplo a geração
de energia elétrica e o lazer relacionado aos reservatórios. A água é caracterizada por
aflorar em 60% da área que compreende o Comitê de Bacia Hidrográfica do Médio
Paranapanema (UGRHI-17), tem extensão regional e constitui-se excelente fonte de
recursos hídricos por possuírem poços rasos que facilitam a extração de água.
Segundo o CBH-MP (2011) a disponibilidade potencial de águas subterrâneas ou
as reservas totais explotáveis na UGRHI-17 são da ordem de 20,7 m³/s, são números que
necessitam ser considerados com precaução e visam somente estabelecer comparações
entre a disponibilidade natural e as extrações, a fim de dar suporte no planejamento racional
do aproveitamento dos recursos hídricos.
Dessa forma, o presente estudo pretende responder as seguintes questões:
• As variações sazonais dos níveis de precipitação e evapotranspiração interferem na
dinâmica do SAB?
• Como se dá a dinâmica do SAB na formação Adamantina, no município de Assis?
• É possível modelar a relação dinâmica entre o saldo hídrico e a variação dos níveis
freáticos a partir de modelos baseados em séries temporais?
• Qual a relação entre a permeabilidade do solo e o nível do SAB?
• Quais os principais elementos que interferem na oscilação dos níveis freáticos no SAB
na área de estudo?

2. 2 Objetivos gerais
• Aplicação de modelos baseados em observações e em séries temporais para
compreensão dos processos que ocorrem durante o ciclo hidrológico e afetam a
disponibilidade dos recursos subterrâneos do Aquífero Bauru.
• Caracterização dos recursos hídricos disponíveis em áreas críticas, afetadas pelas
variações sazonais e onde a utilização da água é feita de maneira contínua.
6

2. 3 Objetivos específicos
• Calibração de modelos de séries temporais fisicamente embasados que consideram os
processos decorrentes do ciclo hidrológico de maneira determinística, levando em
consideração o conhecimento físico sobre o fenômeno e explicando sua dinâmica.
• Entender os mecanismos de recarga em aquíferos livres, afetados principalmente pela
sazonalidade do regime pluviométrico.
• Inferir sobre a dinâmica dos níveis freáticos do Aquífero Bauru, um dos principais
mananciais subterrâneos disponíveis na região do Médio Paranapanema.

3 BREVE REVISÃO DO TEMA ABORDADO


3.1 Definindo água subterrânea
A água subterrânea é a parcela da água que permanece no subsolo, onde flui
lentamente até descarregar em corpos de água de superfície, ser interceptada por raízes de
plantas ou ser extraída em poços. Tem papel essencial na manutenção da umidade do solo,
do fluxo dos rios, lagos e brejos. A água subterrânea é também responsável pelo fluxo de
base dos rios, sendo responsável pela sua perenização durante os períodos de estiagem,
tem ainda funções como: produção, ambiental, estratégico, transporte, filtro, energético,
estocagem e regularização (REBOUÇAS, 2006).
As águas subterrâneas são armazenadas em poros e fraturas existentes em rochas
e grãos dos solos. Esses solos e rochas abaixo da superfície apresentam vazios, e estes
precisam estar interligados para que a água possa fluir e ser adquirida pelos seres
humanos.
Segundo Iritani & Ezaki (2008, p. 16):

Ao se infiltrar no solo, a água da chuva passa por uma porção do terreno


chamada de zona não saturada (ZNS) ou zona de aeração, onde os poros
são preenchidos parcialmente por água ou ar. Parte da água infiltrada no
solo é absorvida pelas plantas e por outros seres vivos ou evapora e volta
para a atmosfera. O restante da água, por ação da gravidade, continua em
movimento descendente.

E o restante da água que se acumula em zonas mais profundas e preenche todos


os poros compõe a zona saturada (ZS), esta água que corre por está zona saturada e fica
armazenada nos vazios dos solos e das rochas é também denominada água subterrânea.
O volume de água que uma rocha pode armazenar está associada à sua
porosidade. Para Iritani & Ezaki (2008, p. 17) “normalmente depósito de sedimentos
inconsolidados (cascalho, areia, silte, argila), incluindo os solos, apresentam porosidade
maior do que as rochas (arenito, calcário, folhelho, rochas fraturadas, etc) ”. Deste modo
quanto maior for a sua homogeneidade em relação ao tamanho dos grãos e a distribuição
destes, maior será a facilidade de um aquífero transportar água ao homem. Para Silva
(2007, p. 14):

As águas subterrâneas constituem cerca de 30% da água doce disponível


em nosso planeta. As calotas polares e geleiras 69%. Apenas 1% formam
os rios, lagos e represas. Estes números dão às águas subterrâneas uma
importância fundamental.

Baseado em estudos de Villela (1975) pode-se ainda definir aquífero como


reservatórios subterrâneos de água sendo possível extrair quantidades suficientes para
8

permitir um aproveitamento econômico. São classificados em relação à porosidade da rocha


que armazena a água, podendo ser granular, fissural e cárstico.
O aquífero granular se caracteriza por apresentar rochas sedimentares e
sedimentos não consolidados constituídos de grãos minerais, a água que percola fica
armazenada, por um tempo, nesses grãos. O aquífero fissural por sua vez não apresenta
espaços vazios entre o mineral que a forma (rochas maciças e compactas), sendo a
porosidade associada a fraturas conectadas, assim quanto maior o número de fratura nas
rochas maior será a capacidade de fornecimento de água. Os aquíferos carsticos são
definidos por (IRITANI & EZAKI, 2008, p. 21):

[...] rochas carbonáticas, como os calcários, sofrem lento processo de


dissolução quando em contato com águas ácidas que infiltram por meio das
fraturas da rocha. As águas ácidas são formadas pela combinação da água
da chuva ou de rios com o dióxido de carbono (CO2), proveniente da
atmosfera ou da decomposição da matéria orgânica presente no solo. Com
a progressiva dissolução destes condutos, formam-se cavidades, que
podem resultar em galerias com rios subterrâneos e cavernas. Neste
aquífero chamado cárstico, a água flui por condutos e canais.

Os aquíferos também podem ser classificados por suas características hidráulicas,


podendo ser livres ou confinados. Aquíferos livres, também chamado de freático, estão mais
próximos a superfície e ficam submetidos à pressão atmosférica. A água que infiltra
atravessa a zona não saturada e abastece o aquífero. Já os aquíferos confinados estão em
uma profundidade maior e intercalados por camadas impermeáveis, estão submetidos a
uma pressão maior que a da atmosfera. Para seu abastecimento a água deve atravessar a
camada menos permeável, em um processo lento, ou penetrar na área que este se encontra
livre. Há ainda o chamado aquífero suspenso, é quando a água encontra alguma forma de
barreira na zona não saturada e fica armazenada por algum tempo.
As áreas por onde se dão o abastecimento dos aquífero são chamadas de áreas de
recarga, são normalmente afloramento de formações geológicas e os locais que a água sai
do aquífero são as áreas de descarga, as águas geralmente voltam à superfície como
nascentes ou escoamento básico que irá contribuir para as águas que irão formar córregos
e rios.
A utilização das águas subterrâneas tem aumentado nos últimos anos, por razões
diversas e os principais benefícios da sua exploração segundo Silva (2007, p. 15) são:

- Custo de construção de poços geralmente menor que o custo das obras


de captação de água superficial, tais como represas, diques e estações de
tratamento;
- Na maioria das vezes, sua qualidade é adequada ao consumo humano,
sem a necessidade de tratamento (salvo em casos de contaminação natural
e/ou artificial);
9

- É uma alternativa de abastecimento muito conveniente no caso de


pequenas e médias populações urbanas ou em comunidades rurais.

Dados como os apresentados destacam a tamanha importância do manancial


subterrâneo, e vale destacar que nem toda água que está armazenada no subsolo está
disponível a ser explorada pela atual tecnologia empregada, muitas dessas águas têm seu
aproveitamento dependente do uso que se destinarão. Contudo, a deterioração da água
subterrânea pela poluição pode ocasionar sérios problemas. No caso de aquíferos livres
(também chamados de freáticos), como o Aquífero Bauru, essa situação se agrava, ficando
mais vulneráveis a contaminações antrópicas (FOSTER et al., 2002). O uso indiscriminado
também pode levar a exaustão de aquíferos, devendo-se monitorar não só a qualidade
como também a quantidade dessas águas.
Deve-se tomar cuidado na exploração desse tipo de recurso, já que a renovação
das águas retirada é mais lenta. Isso pode resultar em uma exploração de partes das
reservas permanentes do aquífero, quando a captação não é devidamente monitorada.
Segundo Souza (2009) além de um grande volume de água a ser desperdiçado pelo uso
inadequado, acrescenta-se a essa redução a perda de qualidade das águas dos rios, lagos
e reservatórios construídos pelos homens, devido aos impactos ambientais. Nesse contexto
cresce a importância das águas subterrâneas, pois, por fluírem no subsolo, são mais
protegidas, de acordo com Barros (2008).
As águas dos aquíferos estão armazenadas nos poros e fraturas de formações
rochosas profundas e podem ser extraídas por meio de perfuração de poços, que podem ser
poços escavados, o qual a água é extraída por bombas de pequena potência, e também por
poços tubulares, a água é extraída por meio de bombas elétricas e compressores e são
chamados de poços artesianos quando exploram aquíferos que estão confinados. No Brasil,
perfura-se, aproximadamente 10.000 por ano (REBOUÇAS, 1996). O autor complementa
que a maioria dos poços é utilizado para abastecimento de indústrias, condomínios,
hospitais, hotéis e outras atividades privadas, impulsionados normalmente por dois motivos:
1) falta de água causada por racionamento; 2) redução da conta mensal de água.
E essa possibilidade de construção de poços para extração irá variar de local para
local, dependendo da precipitação e disposição dos aquíferos, sendo possível ser explorada
durante o ano todo se sua recarga for adequada e estiver longe de áreas poluídas (SOUZA,
2009).
Segundo Silva (2007, p. 15) há dois tipos de problemas que as cidades abastecidas
pelas águas subterrâneas começam a provar:

- Superexploração de aquíferos: a perfuração de um número excessivo


de poços ou poços muito próximos uns dos outros e que funcionam
10

continuamente está provocando um abatimento dos níveis de água nos


aquíferos. Isto acarretará um aumento dos custos de bombeamento,
diminuição do rendimento dos poços, possibilidade de recalque nos terrenos
e, em casos extremos, exaustão dos aquíferos.
- Contaminação das águas subterrâneas: é talvez o problema mais
grave e nem por isso tem recebido a devida atenção.

Se o descontrole da exploração das águas subterrâneas acontece, pode ocorrer


que o aquífero exceda a sua capacidade de recarga natural, e isso pode ocasionar a queda
dos níveis de sua água e em decorrência da queda a reserva hídrica, o que acabará
afetando os rios e nascentes que recebem água do aquífero mesmo em períodos que não
chovem.
Quando algum detrito atinge o solo e se infiltra por meio da zona não saturada
acaba contaminando o aquífero, e os poços podem ser um meio para infiltração desses
poluentes. A infiltração de contaminantes no solo pode ter inúmeras causas e formas de
ocorrência, sejam acidentais, intencionais ou por negligência e desconhecimento
(vazamento de substâncias, explosões, descartes/despejos de resíduos, dentre outras). As
fontes de poluição podem ser pontuais (por exemplo: vazamento de tanques, disposição de
resíduos no solo, etc.), poluindo um local restrito de forma concentrada; ou difusas
(aplicação de fertilizantes e pesticidas, vazamentos de rede coletora de esgoto etc), com
extensa distribuição em área conforme Iritani & Ezaki (2008). Podem ser contaminados
também por vazamento de redes coletoras, sendo principalmente água de lavagem com
substâncias de produtos de limpeza e dejetos humanos; de origem industrial por meio de
metais pesados e compostos químicos orgânicos e mesmo em pequenas quantidades
podem ser prejudiciais; de origem agrícola pela aplicação intensiva de fertilizantes
inorgânicos e uso de agrotóxicos; e de origem mineral devido a atividades de explotação de
petróleo e destino final do lixo atômico. Segundo a CETESB (2011, p.1):

As principais fontes potenciais de contaminação das águas subterrâneas


são: os lixões; aterros mal operados; acidentes com substâncias tóxicas;
atividades inadequadas de armazenamento, manuseio e descarte de
matérias primas, produtos, efluentes e resíduos em atividades industriais,
como indústrias químicas, petroquímicas, metalúrgicas, eletroeletrônicas,
alimentícias, galvanoplastias, curtume, etc.; atividades minerarias que
expõem o aqüífero; sistemas de saneamento "in situ"; vazamento das redes
coletoras de esgoto; o uso incorreto de agrotóxicos e fertilizantes; bem
como a irrigação que pode provocar problemas de salinização ou aumentar
a lixiviação de contaminantes para a água subterrânea; e outras fontes
dispersas de poluição.

A poluição das águas subterrâneas depende da vulnerabilidade intrínseca do


aquífero e do tipo, quantidade e forma de lançamento do poluente do solo. Para Silva (2007,
11

p. 21) “entende-se por vulnerabilidade o conjunto de características do aquífero que


determinam o quanto ele poderá ser afetado pela ação de determinado poluente”. Os
aspectos que irão influenciar são a espessura da zona não saturada (profundidade do nível
da água), tipo de porosidade (primária ou secundária), tipo de rocha ou solo, velocidade das
águas subterrâneas e o rendimento do aquífero. De acordo com Silva (2007, p. 24):

Investigar o grau de poços de poluição é oneroso, leva muito tempo e é


difícil. Requer a construção de uma rede de poços de observação, a coleta
sistemática de amostras de águas e solos para análise, entre outras
atividades.

No Brasil o controle da utilização e a qualidade das águas subterrâneas é ainda


insatisfatória, devido a dispersão e a falta de articulação legal e institucional, é necessário
que os diversos organismos que têm atribuições intervenientes na gestão das águas
subterrâneas estejam devidamente articulados para que a gestão integrada seja viabilizada.
A recuperação dos aquíferos é trabalhosa e tem custo elevado e muitas vezes não é viável,
podendo se tornar um recurso não utilizável por causa da poluição e exaustam, sendo o
monitoramento importante para se prever esses riscos.

3. 2 Ocorrência de água subterrânea no Estado de São Paulo


O Estado de São Paulo é bastante privilegiado em relação a seus recursos hídricos,
e segundo a FIESP (2005) detém 70% de sua área as Formações Aquíferas da Bacia do
Paraná, dentre elas: o Guarani (Botucatu), Serra Geral, Bauru e Itararé, possuem duas
outras bacias sedimentares importantes, a de São Paulo e Taubaté e o domínio das rochas
do Embasamento Cristalino, cujo contexto apesar de inferior aos anteriores não deixa de ser
valorizado. Avaliação recente da CETESB (2004) citado por FIESP (2005) indica que 90%
das águas subterrâneas utilizadas no abastecimento público do Estado são de excelente
padrão de qualidade e que tão somente 10% delas necessitam de pequenas adequações, e
que 308 municípios (70%) são abastecidos totalmente por águas subterrâneas e outros 154,
o são parcialmente.
O Estado de São Paulo é um dos dois Estados do Brasil que possui uma legislação
que regulamenta o uso dos recursos hídricos subterrâneos de forma a assegurar a sua
sustentabilidade. No Estado a água subterrânea tem papel primordial, principalmente no
abastecimento público de diversas cidades, principalmente as que se localizam a oeste do
Estado. Estas ficam sobre o Aquífero Bauru e na parte que aflora o Aquífero Guarani, são
caracterizados por serem aquíferos livres, de ótima qualidade natural e produtividade, sendo
economicamente viável a captação de água, por outro lado são vulneráveis a poluição.
12

De acordo com a Constituição do Estado de São Paulo, Art. 206, as águas


subterrâneas são consideradas como reservas estratégicas para o desenvolvimento
econômico-social e valiosas para o suprimento de água às populações, deve-se ter
programa permanente de conservação e proteção contra poluição e superexplotação, com
diretrizes estabelecidas por lei. Sendo o Estado de São Paulo o precursor na implementação
de leis relacionadas a recursos hídricos e águas subterrâneas através da Lei nº 6.134/88
que dispõe sobre a preservação dos depósitos naturais de águas subterrâneas do Estado
de São Paulo. Dentre outros dispositivos, estabelece a necessidade de elaboração de
programas permanentes de conservação, a obrigatoriedade de cadastramento de todo poço
perfurado, tendo sido regulamentada pelo Decreto nº 32.955 de 07/02/91.
As águas subterrâneas se distribuem no Estado de acordo com suas características
hidrogeológicas, que dizem respeito ao tipo de rocha e a circulação da água. Os aquíferos
se agrupam no Estado em dois grupos, os Aquíferos Sedimentares e os Aquíferos
Fraturados. Segundo Iritani & Ezaki (2008, p. 26):

O grupo dos Aquíferos Sedimentares reúne aqueles constituídos por


sedimentos depositados pela ação dos rios, vento e mar, onde a água
circula pelos poros existentes entre os grãos minerais. No Estado de São
Paulo destacam-se a capacidade de produção de água subterrânea, os
Aquíferos Guarani, Bauru, Taubaté, São Paulo e Tubarão.

Ainda de acordo com Iritani & Ezaki (2008, p. 26) os Aquíferos Fraturados:

[...] reúnem aqueles formados por rochas ígneas e metamórficas. As rochas


ígneas formaram-se pelo resfriamento do magma, sendo o granito a mais
comum. Os gnaisses, xistos, quartzitos e metacalcários são exemplos de
rochas metamórficas, geradas quando rochas ígneas ou sedimentares
forma submetidas a mudanças significativas de temperatura e pressão.

Conforme Campos (1993) citado pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos (2004;
2007) as águas subterrâneas do território paulista apresentam baixa salinidade; são
bicarbonadas, secundariamente sulfatadas e cloretadas; são essencialmente cálcicas.
Restrições relacionadas ao uso dessas águas são devidas principalmente a ações
antrópicas, há indícios de contaminação bacteriológica em poços rasos e em tubulares,
consequência do descaso com o monitoramento dos mesmos. Na área rural as utilizações
de agroquímicos contribuem para sua poluição.
Os variados tipos de aquíferos estão relacionados às unidades geológica que
ocorrem no Estado, foram formados em diferentes períodos, com diferentes características
13

climáticas e isso reflete na produtividade e na fragilidade no que se refere à poluição de


cada aquífero.

3. 3 Importância das águas subterrâneas do Aquífero Bauru no Médio Paranapanema


No Estado de São Paulo dos 70% dos municípios que são abastecidos, parcial ou
integralmente, por água subterrânea dos diversos aquíferos existentes, 58,1% dos
municípios captam água do Sistema Aquífero Bauru (SILVA et al., 2005). Por estar
totalmente aflorante em território paulista, este aquífero pode facilmente ser acessado por
escavações e perfurações de baixo custo, e segundo o DAEE (1976;1979) citado por Silva
et al. (2005) fornece na maioria dos casos, a vazão desejada pelos usuários, e pela mesma
razão, tem-se mostrado extremamente vulnerável à infiltração de contaminantes orgânicos e
inorgânicos. Como é um aquífero livre, sua recarga é realizada diretamente pela
precipitação pluvial, sendo suas bases de drenagens os rios Paranapanema, Tietê, Grande
e Paraná, e suas malhas de afluentes em toda a área de afloramento (DINIZ &
MARANHÃO, 2010). O aquífero funciona como reservatório regulador do escoamento dessa
rede fluvial. Deste modo o Aquífero Bauru tem significativa participação no abastecimento
público de água no Estado de São Paulo e principalmente na região do Médio
Paranapanema.
“A unidade de gerenciamento de recursos hídricos do Médio Paranapanema
(UGRHI-17) retrata uma das 22 unidades de gerenciamento definidas pela Lei Estadual
7.663/1991, com área total de 16.793 km²” (CPTI, 1999 citado pelo Plano da Bacia da
Unidade de Gerenciamento Hídrico do Médio Paranapanema- caderno síntese, 2007).
Localizado no centro-oeste paulista e reúne os tributários da margem direita do curso médio
do rio Paranapanema. Hoje fazem parte da UGRHI-17 46 municípios (CBH-MP, 2007).
14

Figura 1: Localização da UGRH-17 (MP) na bacia hidrográfica do rio Paranapanema.


Fonte: (CBH-MP, 2007)

Segundo Oliveira (2009) é atribuição do colegiado gerenciar os recursos hídricos


dessa unidade, garantindo a disponibilidade qualitativa e quantitativa da água para o
desenvolvimento sustentável do Médio Paranapanema, considerando-se as necessidades
de abastecimento dos distintos e múltiplos usos, além de impedir e/ou diminuir os conflitos
entre os usuários.
Com base no Plano da Bacia da Unidade de Gerenciamento Hídrico do Médio
Paranapanema (CBH-MP, 2007) a população dos municípios pertencentes à UGRHI- 17
aumentou 50% em relação aos anos de 1980 a 2005, entretanto sua população diminuiu em
relação a população do Estado de São Paulo, de 1,78% em 1980, para 1,71% em 1991 e
1,66% em 2005 e 2006. Sendo que 40% das cidades dessa unidade apresentam população
com no máximo 5.000 habitantes, e os municípios mais populosos são Ourinhos, Assis e
Avaré. Estes concentram 42% da população.
O Médio Paranapanema apresenta rochas sedimentares e ígneas da bacia do
Paraná, também depósitos sedimentares recentes (idade cenozóica). Sendo que 60% de
sua área envolvem os arenitos do Grupo Bauru e 40% rochas ígneas e basálticas do Grupo
Serra Geral, estas formam o Aquífero Bauru e o Aquífero Serra Geral, já o Aquífero Guarani
está em condição confinada na UGRHI-17.
Em relação ao uso e ocupação do solo se destacam a pastagem e culturas
temporárias, como milho, soja e cana-de-açúcar, as indústrias encontradas são a sucro-
alcooleira, curtumes, frigoríficas e demais alimentícias.
15

O principal uso consuntivo de suas águas é o abastecimento público: nas


captações superficiais, representa 58,5% e nas captações subterrâneas, 75,5%. De acordo
com CETESB (2004) citado pelo Plano da Bacia da Unidade de Gerenciamento Hídrico do
Médio Paranapanema (CBH-MP, 2007) a UGRHI-17 apresenta quatro poços tubulares
monitorados pela CETESB, sendo três no Aquífero Bauru (em Gália, Rancharia e Quatá) e
um no Aquífero Guarani (em Avaré), não havendo monitoramento no Aquífero Serra Geral,
“uma caracterização aproximada da idéia de risco de poluição das águas subterrâneas
consiste na associação e intervenção da vulnerabilidade natural do aquífero com a carga
poluidora aplicada no solo ou em subsuperfície” (CBH-MP, 2007). Ainda de acordo com
Plano da Bacia da Unidade de Gerenciamento Hídrico do Médio Paranapanema (CBH- MP,
2007), esta unidade apresenta um índice de 94% de coleta de esgoto e 59% de tratamento
de esgoto doméstico.
O Grupo Bauru é formado pelas três litofácies da Formação Bauru e mais a
Formação Caiuá e compõe uma exclusiva unidade aquífera. Esses sedimentos do Cretáceo
Superior apresentam uma ocorrência extensiva e contínua em todo o Planalto Ocidental do
Estado de São Paulo, ocupando mais que 40% da sua área e se deve a este fato grande
importância como manancial segundo Diniz & Maranhão (2010). Ainda de acordo com os
autores a porosidade efetiva varia de acordo com a composição das camadas, de 15% nas
camadas arenosas a 5% nos arenitos calcíferos e siltosos. Alguns testes de bombeamento
feitos em poços que exploram o Grupo Bauru, apontaram valores do coeficiente de
armazenamento característicos de condições de confinamento, isto devido à existência de
camadas arenosas (muito permeáveis) intercaladas por camadas silto-argilosas compactas
(impermeáveis) que formam depósitos sedimentares (aquíferos) de grande extensão.
No Médio Paranapanema o Aquífero Bauru apresenta três características
fundamentais, tendo na base arenitos finos e médios localizados a Oeste e envolve os
municípios de Rancharia, João Ramalho e Quatá; na sua parte intermediária encontram-se
arenitos argilosos localiza-se nesta porção toda região do Vale do Rio Pardo e a parte sul do
Vale do Rio Turvo; na sua extremidade é composta por arenitos carbonáticos que envolve
os Imbés nas nascentes dos Rios Novo, Turvo e Pari. De acordo com CBH-MP (2010, p.9):

Mesmo com tantos rios na região, a grande maioria dos Municípios da


Unidade de Gerenciamento se utiliza de recursos hídricos subterrâneos,
sendo abastecidos principalmente pelos Aquíferos Bauru e Serra Geral [...].
Os poços não servem apenas para abastecimento público, muitos são
perfurados em fábricas, fazendas e até para captação de águas minerais.

“No Médio Paranapanema o Aquífero cobre 60% da área e é excelente fonte de


água devido à facilidade da perfuração de poços, que são rasos” (DAEE, 1979; CPTI, 1999,
16

citado por CBH-MP, 2010, p.12). Representa uma fonte de abastecimento importante para o
Médio Paranapanema, e importante meio de abastecimento público para diversos
municípios. A chuva é a fonte de recarga do aquífero e o aquífero é a fonte de recarga dos
rios da região.

3. 4 A importância do monitoramento das águas subterrâneas


A água subterrânea pode ser considerada uma das maiores riquezas naturais do
nosso planeta e deste modo o seu monitoramento é instrumento fundamental para a
avaliação das condições que este meio natural se encontra, e posteriormente poder tomar
medidas preventivas e/ou proativas para o predomínio da qualidade e quantidade, buscando
desenvolver o uso sustentável junto a uma ação integrada de gerenciamento.
Baseados nos estudos de Mestrinho (2008) os principais problemas relacionados
aos sistemas aquíferos são a poluição e exploração desenfreada, e para que as futuras
gerações também possam usufruir deste recurso requer estratégias que visem a sua
proteção. Completa a autora que tendo em vista as diferentes funções das águas
subterrâneas- quer seja social, ambiental ou mesmo econômica- um programa de
monitoramento que seja eficiente deve envolver o controle da qualidade e quantidade,
considerando as inter-relações existentes com as águas superficiais, condições climáticas e
usos da terra.
O monitoramento dos aquíferos é instrumento da Política Nacional dos Recursos
Hídricos definido pela lei, a Lei nº 9.433 de 1997, para apoiar os planos de recursos hídricos,
a outorga para os diferentes usos da água e o seu enquadramento em classes. O
monitoramento das águas subterrâneas deve incluir a coleta, o armazenamento, a análise e
interpretação dos dados. De acordo com Mestrinho (2008, p. 673) geralmente se inclui:

- observações sistemáticas dos processos dinâmicos mais


significativos do sistema aquífero como vazões bombeadas, níveis e
qualidade da água;
- análise e interpretação dos dados obtidos, para avaliar as mudanças
verificadas no aquífero em relação a um estágio anterior de conhecimento,
permitindo diagnosticar em um dado momento a extensão dos efeitos da
exploração e da ocorrência de eventuais danos; e
- formalização de subsídios aos gestores, com base nos diagnósticos
acima, visando a tomada de decisões.

Pode ser o monitoramento classificado em básico que deve informar sobre a


variação temporal e espacial da reserva, dos recursos e da qualidade da água no decorrer
de sua exploração; e específico, que segundo Foster & Gomes (1989) considera quatro
17

tipos: monitoramento de detecção (determinar o tipo de contaminação, como por exemplo se


é por hidrocarboneto); monitoramento preventivo (avaliar o risco de contaminação) ou
defensivo (remediar algum dano); monitoramento de avaliação (compreender algo que
esteja acontecendo com o aquífero); e o monitoramento de vigilância (evitar algum dano).
Assim o monitoramento de avaliação pode ser aplicado ao acompanhamento da dinâmica
dos níveis de um aquífero, estudo que o presente trabalho desenvolveu.
Meios de proteção a águas subterrâneas podem ser direcionadas para o aquífero
ou para pontos de captação, sendo que podem ter escalas variadas, como estudos em
níveis internacionais, nacionais, regionais ou mesmo locais. Desta maneira para que se
tenha uma caracterização espacial e temporal da reserva, dos recursos e qualidade das
águas para a partir disso desenvolver um adequado planejamento da exploração, sem que
se cause algum malefício ao recurso hídrico é necessário de acordo com estudos de
Mestrinho (2008) implantar uma rede de monitoramento, a qual requer o maior número de
informações possíveis, tais como: geometria e delimitação do aquífero, regime e direção do
fluxo subterrâneo, áreas de recarga e descarga, características hidrodinâmicas das zona
não saturada e saturada, fontes de poluição, vulnerabilidade do aquífero e uso da água.
A coleta de informações é a primeira etapa a ser desenvolvida, pois é a partir dela
que será definida a malha, a locação dos pontos, a frequência das coletas, as metodologias
que serão usadas e o processamento dos dados. As dificuldades da implementação de uma
rede de monitoramento estão associadas a heterogeneidade hidráulica do meio
subterrâneo, a adequada posição dos poços de observação, os modos como serão
coletadas os dados e os custos. Autores como Fetter (2001) e Nielsen (1991) são autores
que fazem e discutem esse estudo.
Os pontos de monitoramento na rede devem incluir “nascentes, poços de produção
e poços de monitoramento. As cacimbas e poços desativados não tamponados podem ser
utilizados para observação do nível da água”, de acordo com Mestrinho (2008, p. 676).
Contudo irá depender da escala de monitoramento e dos usos da água.
Há o monitoramento denominado quantitativo e o qualitativo. Sendo o estado
quantitativo (MESTRINHO, 2008, p. 677):

A medida sistemática do uso da água (no mínimo mensal) numa rede de


poços de monitoramento e em locais de descarga natural (exutórios). É
importante para acompanhar a evolução/recuperação dos rebaixamentos
dos níveis de água, estabelecer vazões máximas de explotação e auxiliar a
modelagem conceitual e numérica do aquífero.

Já o estado qualitativo envolve o controle e diagnóstico dos riscos de


contaminação. Os objetivos são (MESTRINHO, 2008, p. 677):
18

- avaliar a distribuição espacial da qualidade da água, relacionada à


presença de contaminantes ou intrusão salina costeira;
- identificar o início da contaminação;
- fazer prognóstico sobre a chegada de águas contaminadas a fontes
importantes de abastecimentos;
- controlar a qualidade de água subterrâneas utilizada para consumo
humano ou uso industrial ou agrícola;
- avaliar a extensão de eventuais danos ou plumas de contaminação; e
- fornecer subsídios para orientar a responsabilidade legal dos
incidentes de contaminação.

Um bom monitoramento irá incluir o planejamento, execução, interpretação,


avaliação dos resultados e reavaliação da eficiência do programa. Os pontos de
monitoramente devem ser locados em locais com características hidrogeológicas
conhecidas, e devem ser pontos fixos para que possa ter uma série histórica de dados para
melhor compreensão da dinâmica que ali opera. Conforme Mestrinho (2008) o controle de
qualidade da água irá produzir um grande número de dados, que requer tratamento com
métodos estatísticos, cartográficos, gráficos e modelagem. Portanto após um período de
monitoramento os dados são analisados estatisticamente e as incertezas são consideradas,
e com isso pode-se analisar do ponto de vista técnico-ambiental e socioeconômico para a
tomadas das devidas decisões.
A criação de redes de monitoramento de águas subterrâneas nos estados brasileiro
ainda é recente, data de 2004 (MESTRINHO, 2008). Em grande parte, foram implantadas
para controle de risco de contaminação, devido à grande explotação. No Brasil não existe
rede de monitoramento nacional de qualidade e quantidade da água subterrânea ou
integrada às demais redes hidrológicas. Portanto deve ser revisto o tratamento legal da
política de águas subterrâneas no país.

3. 5 A necessidade de modelos para o planejamento dos recursos hídricos


Modelos numéricos têm sido aplicados à descrição de fenômenos naturais por se
tratarem de abstrações da realidade encontrada, uma tentativa de representação de uma ou
todas as propriedades de um fenômeno, sistema ou objeto, que tem com propósito
compreender melhor a resposta de processos a partir de observações realizadas, ou mesmo
deduzir efeitos (TUCCI, 1998). Sua construção é uma tentativa de ganho em conhecimento
sobre determinado fenômeno. À medida que o conhecimento sobre um processo se
expande, a complexidade dos modelos tende a aumentar.
O objetivo inicial da análise de séries temporais é a realização de inferências sobre
as propriedades ou características básicas do mecanismo gerador do processo estocástico
19

das observações da série. Após a formulação o modelo matemático é utilizado para testar
alguma hipótese ou teoria a respeito do mecanismo gerador do processo e realizar a
previsão de valores futuros da série temporal. A representação adequada da resposta
hidrológica determina um ponto relevante do estudo a ser considerado no planejamento
desses recursos. A utilização de modelos estocásticos apresenta soluções importantes
(HEUVELINK & PEBESMA, 1999), uma vez que esses modelos são capazes de inferir a
distribuição espaço-temporal das variáveis de interesse e refletir nas estimativas dos
processos hídricos em estudo os níveis de incerteza ou de desconhecimento. Associadas as
medidas de incerteza, a avaliação do risco associada das ações de gerenciamento tais
como as outorgas de irrigação e o dimensionamento do volume de água desses sistemas
podem ser incluídos no planejamento dos recursos hídricos, ou mesmo vazões de poços
para abastecimento urbano ou até dimensionamento de complexos industriais.
20

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4. 1 Caracterização da área de estudo


O município de Assis (SP) ocupa 461 Km2 da porção oriental do Estado de São
Paulo, região administrativa 04 – Marília. Está situado geograficamente nas coordenadas
22° 40’ S e 50° 25’ W. Com altitude de 556 metros acima do nível do mar. Possuí 95 144
habitantes, de acordo com IBGE (2010) é geograficamente favorecido por ter uma economia
diversificada, nas áreas da agricultura, comércio e prestação de serviços, e ainda despontar
como grande centro educacional e tecnológico na região do Médio Paranapanema.
Segundo a classificação climática de Koppen, Assis-SP encontra-se em uma região
de transição entre dois tipos climáticos: Cwa (tropical com a concentração de chuvas no
verão, que é rigoroso – temperatura média do mês mais quente superior a 22 ºC) e Cfa
(tropical, sem estação seca). A pluviosidade média anual é maior que 1400 mm/ano, com
concentração de chuvas entre os meses de novembro e abril (BOIN; ZAVATINI; MENDES,
2002, citado por BONGIOVANNI, 2008). Entre junho e setembro, chove apenas 15% do total
anual, época em que os solos se tornam deficitários em água e os rios têm seus níveis mais
baixos.
Assis está posicionado na porção centro nordeste da Bacia do Paraná. Autores
como Zalan et al. (1987; 1990), Riccomini (1995, 1997), Riccomini, Sant’anna e Ferrari
(2004) e Milani (1997), citado por Bongiovanni (2008), debatem aspectos estruturais e
tectônicos da Bacia do Paraná que ao longo de sua evolução teve sua configuração alterada
por alinhamentos, flexuras e arqueamentos do embasamento que influenciaram a
compartimentação e a acumulação dos sedimentos do Grupo Bauru, sob o substrato
basáltico.
O derrame vulcânico continental da Bacia do Paraná é composto, em mais de 90%
em volume, por basaltos toleíticos e andesitos basálticos, apresentando vesículas e
amídalas no topo e na base do derrame. Intercalados aos sucessivos derrames, localmente,
há depósitos de arenitos eólicos, formando um sistema intertrapeano (MEAULO, 2004).
Cessados os derrames de lava da Formação Serra Geral que marcaram o final dos eventos
deposicionais e vulcânicos generalizados na área da bacia do Paraná, observou-se uma
tendência geral para o soerguimento epirogênico em toda a Plataforma Sul-Americana, em
território brasileiro (CPTI, 1999). A porção norte da bacia, entretanto, comportou-se como
área negativa, relativamente aos soerguimentos marginais à zona central da bacia,
marcando o início de uma fase de embaciamentos localizados em relação à área da bacia
como um todo. Nessa área deprimida acumulou-se o Grupo Bauru, no Cretáceo superior,
aparecendo em grande parte do oeste do Estado de São Paulo (CPTI, 1999).
21

Para Suguio (1980), o Grupo Bauru abrange as seguintes unidades estratigráficas:


Formação Caiuá, Formação Santo Anastácio, Formação Araçatuba, Formação São José do
Rio Preto, Formação Uberaba e Formação Marília. No trabalho do IPT (1981), os autores
consideram que o Grupo Bauru é subdividido em quatro formações: Caiuá, Santo Anastácio,
Adamantina e Marília. Na região em estudo, onde se localiza o município de Assis, as
unidades litoestratigráficas presentes são constituídas por rochas ígneas (pertencentes à
Formação Serra Geral) e rochas sedimentares (da Formação Adamantina), ambas de idade
predominantemente mesozóica; e por depósitos sedimentares recentes, de idade cenozóica
(ANEXO 1).
A Formação Adamantina aflora em vasta extensão do oeste paulista, recobrindo as
unidades pretéritas do Grupo Bauru (formações Caiuá e Santo Anastácio) e Formação Serra
Geral. Em algumas regiões esta formação é recoberta em parte pela Formação Marília e em
parte por depósitos cenozóicos. Esta unidade estratigráfica contempla 41,45% de área
aflorante no Médio- Paranapanema. O contato entre a Formação Adamantina e os basaltos
da Formação Serra Geral é marcado por discordância erosiva, apresentando algumas vezes
delgados níveis de brecha basal.
Recobrindo praticamente todo o município de Assis, encontram-se sedimentos
inconsolidados com coloração variando de vermelho intenso a vermelho alaranjado a
amarelo pálido, com baixos teores de argila, denominadas por Sallun et. al (2008) de
Aloformação Paranavaí. Bongiovanni (2008) reclassificou o mapa exibido no ANEXO 1,
incluindo as coberturas cenozóicas da aloformação Paranavaí e regiões aluvionares. Sendo
assim, no município afloram rochas das formações Serra Geral, Adamantina e sedimentos
atribuídos à Aloformação Paranavaí, unidades que se encontram parcialmente cobertas por
solo, normalmente recente e de pequena espessura. Ainda segundo Bongiovanni (2008), no
município predominam as classes de solos Latossolo, Argissolo, Nitossolo, Neossolo e
Gleissolo, sendo que 80% da área do município têm predominância da classe dos
Latossolos.

4. 2 Monitoramento hidrológico do Sistema Aquífero Bauru (SAB)


Os poços estudados estão localizados nas dependências do IAC/APTA (sede de
Assis) nas coordenadas 22º38’S e 50º23’O (Figura 3).
22

Figura 2: Imagem do satélite Quickbird com a área de estudo em destaque.


Fonte: Google Earth

Em virtude do projeto de “Ampliação e modernização da rede de monitoramento


hidrológico na região do CBH-MP”, foram perfurados 11 poços de monitoramento com
verbas do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO). Esses poços são monitorados
sistematicamente pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
(DAEE) desde 2008.
Na área de baixada estão localizados os poços de 1 a 10, que estão dispostos em
duas fileiras, se organizam de forma que a primeira fileira contém os poços de 1 a 5, e numa
segunda fileira os poços de 6 a 10. Os poços 4 e 10 estão entupidos e por consequência
não há dados de monitoramento. A montante está locado o poço 11. Este fica próximo a
uma estação de monitoramento climática. A diferença entre o relevo nas duas áreas é
23

marcante, este exerce um gradiente potencial de movimento da água para a baixada,


havendo um fluxo contínuo de água.
Os dados de monitoramento dos poços são disponibilizados pelo DAEE e pelo
IAC/APTA/Assis. A coleta é realizada em frequência semanal desde 31/03/2008 até
07/04/2011. Junto com as séries temporais de oscilação dos níveis freáticos, foram
utilizadas séries temporais de precipitação e evapotranspiração potencial coletadas pelo
próprio IAC e disponibilizadas através do sistema do Centro Integrado de Informações
Agrometeorológicas CIIAGRO online em uma frequência diária desde 08/01/2008 a
27/04/2011. O CIIAGRO tem o objetivo de operacionar e disponibilizar informações às
atividades agrícolas com base nos parâmetros agrometeorológicos e previsão do tempo
(http://www.ciiagro.sp.gov.br/ ciiagroonline/).
Os cultivos realizados na área são as culturas de milho e mandioca, que são
operados por meio de técnicas mecanizadas. As Figuras 4 a 6 mostram os poços
localizados na parte da baixada próxima a estrada de entrada da APTA, e na Figura 7 pode
ser visualizado o poço 11 que se encontra a montante da área estudada.
Os solos no local são segundo Bongiovanni (2008) pertencentes a um grupamento
indiferenciado de Latossolo Vermelho Distrófico típico, textura média e Neossolo
Quartzarênico Órtico típico, ambos A moderado. Esses solos encontram-se sobre a
aloformação Paranavaí, depositada sobre os sedimentos da formação Adamantina,
pertencente ao Grupo Bauru.

4. 2. 1 Medições à campo da permeabilidade dos solos


O solo é camada mais superficial da Terra, é fundamental para o desenvolvimento
dos seres vivos e em especial para as plantas, pois possui grande quantidade de minerais,
de matéria orgânica e recursos hidrogeológicos que determinará a sobrevivência dos seres
que o habitam. Grande parte dos vazios existentes no solo é ocupado pela água, e quando
há diferenças de potenciais ela irá fluir por poros, é o que se denomina de permeabilidade
do solo. Quanto maior for sua permeabilidade menor será a quantidade de água retida nele.
Deste modo a permeabilidade do solo é um dos atributos físicos fundamentais para indicar a
qualidade de um solo (MARTINS et al., 2002). Ela pode ser definida como a maior ou menor
facilidade que os solos oferecem à passagem de água (ALONSO, 2007).
24

Figura 3: Poços de Monitoramento (Poço 1 ao 5).


Fonte: SOLDERA, B. C., 2011

Figura 4: Poços de monitoramento (Poço 6 ao 10).


Fonte: SOLDERA, B. C., 2011
25

Figura 5: Medição do nível freático do poço 5.


Fonte: MANZIONE, R. L., 2011

Figura 6: Poço 11 (Estação Meteorológica).


Fonte: SOLDERA, B. C., 2011

A permeabilidade é determinada por várias características do solo, em especial


pela densidade, macro e micro porosidade. A granulometria e a estrutura influenciam o
espaço poroso do solo, sua porosidade total e distribuição de poros, dificultando em maior
ou menor intensidade o movimento da água (MESQUITA, 2001). O grau de fluidez da água
também será motivado pelos tipos de solos existentes, os solos argilosos, por exemplo,
26

apresentam porosidade total maior que os solos arenosos, pois tem maior número de
pequenos poros que contribuem para uma alta capacidade de retenção de água e baixa
permeabilidade (GROHMANN, 1960).
De acordo com Pinto (2006) é possível se estudar a influência de certos aspectos
do estado do solo e do líquido que irá percolar. Segundo o autor as propriedades que mais
irão influenciar serão a influências do grau de saturação: a) a percolação da água não
remove todo ar existente em um solo saturado, permanecem bolhas de ar que serão
obstáculos para a percolação da água, assim o coeficiente de permeabilidade de um solo
não saturado é menor do que um solo saturado; b)ninfluência da estrutura e ansiotropia: a
permeabilidade não dependerá somente da quantidade de vazios do solo, mas também da
disposição dos grãos, com isso quando o solo compactado mais seco a disposição das
partículas permitirá a maior passagem de água do que se estivesse compactado mais
úmido (estrutura dispersa). Mesmo que ambos possuam o mesmo índice de vazios, e
também pode-se observar que solos sedimentares apresentam em geral, maiores valores
de permeabilidade na horizontal, devido ao fato de suas partículas ficarem com suas
maiores dimensões orientadas na posição horizontal; c) e influência da temperatura: a
permeabilidade será determinada com base em seu peso específico e viscosidade do
líquido, e essas duas propriedades irão variar de acordo com a temperatura.
Com base em estudos de Neves (1987), pode ser determinado o coeficiente de
permeabilidade por diferentes métodos: fórmulas empíricas; ensaios de laboratório (com o
uso de permeâmetros) ou ensaios de campo. No presente trabalho realizaram-se medições
de permeabilidade do solo com o Permeâmetro de Guelph, segundo metodologias
estabelecidas por Reynolds e Elrick (1986). Para o seu uso deve-se abrir um orifício no local
de análise e estacionar o permeâmetro, com cuidado para que o reservatório de água fique
aproximadamente em nível e que a mangueira que conduz a água esteja em declive
constante até a peça que vai dentro do orifício, para impedir que as bolhas de ar não
impeçam o fluxo de água (LOMBARDI NETO et al., 1993). As leituras devem ser feitas em
intervalos de 2 minutos, e até que a condição de fluxo constante seja encontrado, a qual de
acordo com Lombardi Neto (1993) será constatada no campo se ao menos quatro
diferenças entre as leituras consecutivas forem iguais.

4. 3 Modelagem dos dados


4. 3. 1 Modelos de séries temporais
Informações sobre a dinâmica do lençol freático são importantes para balancear os
interesses econômicos e ecológicos quanto ao uso do solo e da água (VON ASMUTH &
27

KNOTTERS, 2004). Em hidrologia, a dinâmica do lençol freático tem sido explicada de


diversas formas. No campo das análises de séries temporais, modelos de função de
transferência de ruído (transfer-function noise models-TFN) têm sido aplicados para
descrever a relação dinâmica entre a precipitação excedente e as alturas de lençol freático
(BOX e JENKINS, 1976; HIPEL e McLEOD, 1994; TANKERSLEY e GRAHAM, 1994; VAN
GEER e ZUUR, 1997; YI e LEE, 2003).
O sistema transforma séries de observações de entrada (variáveis explicativas) em
séries de saída (variável de resposta, no caso alturas de lençol freático). Para alturas de
lençol freático, a relação dinâmica entre a precipitação e as alturas do lençol podem também
ser descritas por modelos físico-mecanisticos de fluxo. Entretanto, modelos muito menos
complexos como os modelos de função de transferência de ruído geralmente obtêm
predições tão acuradas quanto modelos físico-mecanisticos (KNOTTERS & BIERKENS,
2001).

4. 3. 2 Séries Temporais
Os estados de variados fenômenos na natureza mudam com o tempo, e a dinâmica
de seu comportamento pode ser descritas por modelos de séries temporais, as quais podem
ser utilizadas para estimar parâmetros específicos. Podem incluir valores esperados em
certos momentos, como no início de uma estação, ou probalidades de níveis críticos serem
excedidos em algumas vezes ou em certos períodos (KNOTTERS, 2004). Assim parâmetros
específicos são estimados com o propósito de obter características que se desenvolvem no
tempo, segundo Knotters (2004) tais características podem, por exemplo, ser exploradas em
situações futuras.
Séries temporais podem também ser chamadas de séries históricas, é uma
sequência de dados que são obtidos em intervalos regulares de tempo em determinados
períodos. De acordo com Latorre (2001, p.148) “ este conjunto pode ser obtido através de
observações periódicas do evento de interesse”. Ainda conforme a autora (2001, p. 148):

Na análise de uma série temporal, primeiramente deseja-se modelar o


fenômeno estudado para, a partir daí, descrever o comportamento da série,
fazer estimativas e, por último, avaliar quais os fatores que influenciaram o
comportamento da série, buscando definir relações de causa e efeito entre
duas ou mais séries.

Devido a conhecimentos restritos, não há certezas no processo, e este tipo de


processo é denominado como estocástico, os processos que são totalmente conhecidos são
os chamados processos determinísticos. O processo estocástico quando calculado resulta
28

em várias séries, chamadas realizações do processo, já o processo determinístico irá


resultar uma única série.
Deste modo o processo estocástico é uma coleção de variáveis aleatórias
ordenadas no tempo e definidas em um conjunto de pontos, e podem ser contínuos ou
discretos. Uma classe importante de modelos estocásticos para descrever séries temporais
são os modelos estacionários, sendo uma série temporal é estacionária quando ela se
desenvolve aleatoriamente no tempo, em torno de uma média constante, refletindo alguma
forma de equilíbrio estável. Caso a série não seja estacionária, deve-se transformá-la em
estacionária por meio das diferenças sucessivas da série (BEZERRA, 2006).
A principal característica de uma série temporal é a dependência entre as
observações. A análise de séries temporais consiste de técnicas para analisar esta
dependência (BOX & JENKINS, 1976). O objetivo da análise de séries temporais é construir
modelos para estas séries estudadas. Segundo Bezerra (2006, p. 5) os principais objetivos
em analisar séries temporais são:

i) Investigar o mecanismo gerador da série temporal;


ii) Fazer previsões de valores futuros da série; podendo ser a curto ou longo
prazo;
iii) Descrever apenas o comportamento da série através de gráficos; e
iv) Procurar periodicidades relevantes nos dados. Em todos estes casos
podemos construir modelos probabilísticos ou estocásticos, tanto no
domínio do tempo como no domínio da freqüência.

De acordo com Nobre (2007) dados ambientais e de saúde são geralmente


observados em pontos (estações de monitoramento) fixos ao longo de uma determinada
região geográfica. Esses dados estão tipicamente disponíveis na forma de séries temporais
e, portanto, é clara a necessidade da consideração de uma componente que considera a
interação entre espaço e tempo no modelo.
Segundo Box & Jenkins (1976) a análise de séries temporais pode ser dividida nas
seguintes etapas:

i) Identificação;
ii) Estimação (calibração do modelo); e
iii) Checagem do diagnóstico (verificação/validação do modelo).

Na etapa de identificação é analisado que tipo de processo estocástico é mais


representativo para a série temporal observada. A identificação começa com uma análise
visual do gráfico da série temporal. Esse gráfico dos valores observados em função do
tempo pode indicar a presença de um componente sazonal ou outro tipo de tendência nos
dados.
29

Outras ferramentas na identificação são as funções de autocorrelação (ACF) e


autocorrelação parcial (PACF). A ACF mede a correlação entre as observações que estão k
períodos afastados, entretanto remove o efeito das correlações intermediárias. Isso
representa a correlação simples entre Yt e Yt-k em função da defasagem k. O coeficiente de
autocorrelação (ρ) de uma série temporal varia entre -1 e 1. Se ρ assume o valor 1, pode-se
dizer que as duas variáveis medidas possuem uma autocorrelação positiva absoluta, mas se
ρ é igual a -1, a autocorrelação é negativa absoluta. Quando ρ assume valor 0, não existe
autocorrelação entre as variáveis, ou seja, a autocorrelação é nula.
O valor esperado de uma série temporal é definido como um valor típico ou
representativo dos dados. Portanto, através da média aritmética pode-se apresentar o valor
do ponto em torno do qual os dados se distribuem. Assim sendo a ACF mostra o quanto o
processo é correlacionado com ele próprio em dois instantes de tempo diferentes. É uma
medida de dependência temporal entre os dados. Já a PACF mede a intensidade da relação
entre duas observações da série, controlando (mantendo constante) o efeito das demais.
Essas funções indicam o tipo de processo estocástico que pode ser assumido
(autorregressivo (AR), média móvel (MA), autorregressivo/média móvel (ARMA)) e a ordem
desse processo, sendo complementares no diagnóstico. Se o coeficiente de autocorrelação
diminuir rapidamente para zero, pode-se dizer que a série é estacionária. De acordo com
Pindyck & Rubinfeld (2004), a função de autocorrelação para uma série estacionária declina
à medida que k, o número de defasagens, se torna maior. Ainda segundo os autores, em
geral o mesmo não acontece com séries não estacionárias.
Uma das características das funções de autocorrelação é que elas iniciam com
valores altos (próximo a 1, na escala de 0 a 1) e diminuem gradualmente quando se trata de
uma série não estacionária. Contudo, quando a série a ser correlacionada for uma série
estacionária, a função de autocorrelação declina rapidamente.
Na fase de estimação os parâmetros podem ser estimados através do método dos
mínimos quadrados ou máxima verossimilhança.
A estimação por mínimos quadrados conforme Bezerra (2006) “consiste em
minimizar a soma dos quadrados das diferenças. Já a estimação por máxima
verossimilhança tem-se a vantagem que todos os dados são utilizados, ao invés de se
utilizar somente o primeiro momento como é o caso da estimação por mínimos quadrados,
outra vantagem é que, sobre certas condições, muitos resultados já são conhecidos, no
caso de grandes amostras, mas apresenta a desvantagem de que nos primeiros valores de
t, deve-se trabalhar especificamente com a função de probabilidade conjunta (BEZERRA,
2006). A função de probabilidade conjunta é uma função usada para representar uma
distribuição de probabilidade caso a variável aleatória seja contínua.
30

Na etapa de checagem do diagnóstico será realizada a verificação para saber se


o modelo identificado e estimado é adequado. Caso seja, poderá ser utilizado para fazer
previsões, caso não seja o modelo ideal será necessário identificar outro modelo e repetir
as etapas de estimativa e verificação. Segundo Carmo et al. (2000), as formas de
verificação comumente utilizadas são: análise de resíduos e avaliação da ordem do
modelo.
Os resíduos do modelo estimado et são estimativas do ruído branco, deste modo
devem apresentar esse comportamento se o modelo for especificado adequadamente, ou
seja, suas autocorrelações devem ser insignificantes. Já para avaliação da ordem do
modelo deve-se verificar se não há parâmetros em excesso, assim essa verificação é
realizada com base no erro padrão dos coeficientes.
Se o valor do coeficiente estimado for pequeno em relação a seu erro padrão,
conclui-se que ele não é significativo, ou seja, não há evidências estatísticas para suportar
a inclusão do coeficiente no modelo (WERNER & RIBEIRO, 2003). O desvio padrão
também é um indicador para verificação da ordem do modelo, para ver se é adequada ou
não, e quanto menor for o desvio padrão melhores previsões poderão ser feitas.
É necessária a análise de séries temporais por meio de modelos estatísticos
diversos, os quais devem ser adequados ao objetivo que se pretende alcançar e a uma
específica trajetória no tempo.

4. 3. 3 O modelo PIRFICT
O comportamento de um sistema linear de entrada e saída pode ser
completamente caracterizado por sua função de impulso e resposta (IR) (ZIEMER et al.,
1998; VON ASMUTH et al., 2002). O modelo PIRFICT (Predefined Impulse Response
Function In Continuous Time) é uma alternativa a modelos TFN em intervalos de tempo
discretos apresentada por Von Asmuth et al. (2002).
No modelo PIRFICT o pulso de entrada é transformado em uma série de saída por
uma função de transferência em tempo contínuo. Os coeficientes dessa função não
dependem da frequência de observação. Assumindo-se linearidade no sistema, uma série
de alturas de lençol freático é uma transformação de uma série de precipitação excedente,
descontando a evapotranspiração potencial. Essa transformação é completamente
governada pela função IR.
Para o caso de um sistema linear simples, sem perturbações freáticas, que é
influenciado somente pela precipitação excedente, o modelo TFN a seguir (escrito como
31

uma convolução integral) pode ser usado para descrever a relação entre alturas de lençol
freático e a precipitação excedente (VON ASMUTH et al., 2002):

h(t ) = h * (t ) + d + r (t ) (1)

t
h * (t ) = ò p(t )q (t - t )¶t (2)

t
r (t ) = ò f (t - t )¶W (t ) (3)

Onde: h(t) é a altura de lençol freático observada no tempo t [T]; h*(t) é a altura de lençol
freático predita no tempo t creditado ao excedente de precipitação relativa a d [L]; d é o nível
de h*(t) sem a precipitação, ou em outras palavras o nível da drenagem local, relativo a
superfície do solo [L]; r(t) é a série dos resíduos [L]; p(t) é a intensidade do excedente de
precipitação no tempo t [L/T];
θ(t) é a função de transferência de impulso/resposta (IR) [-]; f (t ) é a função IR do ruído [-]; e

W(t) é um processo de ruído branco contínuo (Wiener) [L], com propriedades E{dW(t)}=0,
E[{dW(t)}2]=dt, E[dW(t1)dW(t2)]=0, t1 ≠ t2.
O nível da drenagem local d é obtido a partir dos dados como se segue:

N N N

å h(t ) å h (t ) å r (t )
i
*
i i
d= i =0
- i =0
- i =0
(4)
N N N

Sendo: N o número de observações de alturas de lençol freático.

A área e forma da função IR depende muito das circunstancias hidrologias in situ.


θ(t) é uma função de distribuição Pearson tipo III (PIII df, ABRAMOWITZ & STEGUN, 1965).
A opção por esse tipo de função se dá por sua natureza flexível, ajustando-se a uma grande
gama de respostas hidrológicas. Assumindo-se linearidade, a componente determinística da
dinâmica do lençol freático é completamente descrita pelos momentos da função IR. Nesse
caso, os parâmetros podem ser definidos segundo Von Asmuth et al. (2002):

a n t n -1e -at
q (t ) = A
G(n )
32

(5)

f(t ) = 2as r2 e -at

Onde A, a, n, são os parâmetros da curva ajustada, Γ(n) é a função Gamma e α controla a

taxa de decaimento de f (t ) e s r é a variância dos resíduos.


2

A equação 5 e seus parâmetros apresentam sentido físico como descrito em Von


Asmuth & Knotters (2004). O parâmetro A é relacionado com a resistência a drenagem (a
área da função IR é igual a razão entre a altura média do lençol freático e a recarga média).
O parâmetro a é determinado pelo coeficiente de armazenamento do solo (porosidade) e n
pelo tempo de convecção e dispersão da precipitação pela zona não saturada. As bases
físicas são explicadas por funções de transferência de uma série de reservatórios lineares
(NASH, 1958).
O parâmetro n demonstra o número de reservatórios e a é igual ao inverso do
coeficiente de reservatório normalmente usado. Como explicam Knotters & Bierkens (2000),
um simples reservatório linear (PIII df com n=1) é igual a um simples modelo físico de coluna
de solo unidimensional, descartando fluxo lateral e o funcionamento da zona não-saturada.
Von Asmuth & Knotters (2004) chamam atenção para cuidados ao interpretar esses
parâmetros da PIII df quanto a seu sentido físico no processo, uma vez que suas bases são
empíricas.
O modelo PIRFICT é capaz de lidar com qualquer freqüência de dados por ser
contínuo no tempo. Além disso, o modelo PIRFICT oferece uma vantagem adicional ao
calibrar modelos TFN em séries irregulares, comparado a modelos autorregressivos
combinados ao filtro de Kalman (KNOTTERS & BIERKENS, 2001), já que o formato da
função de transferência não é restrito a um formato exponencial (VON ASMUTH &
BIERKENS, 2005).
Originalmente formulado para descrever a variação dos níveis freáticos nos diques
holandeses, o modelo PIRFICT demonstrou grande potencial de aplicação a realidade
brasileira através dos estudos de Manzione (2007). A flexibilidade da função de impulso e
resposta que estabelece a relação entre as variáveis climáticas e os níveis freáticos
(Pearson III df) permite ao modelo se ajustar a diferentes sistemas hidrológicos, como no
Cerrados brasileiros. Sendo assim, o modelo PIRFICT apresenta grandes possibilidades de
aplicação a estudos do Sistema Aqüífero Guarani. As análises do modelo PIRFICT serão
realizadas utilizando o software Menyanthes (www.menyanthes.nl).
33

4. 4 Organização dos dados


A princípio os dados dos poços localizados nas dependências do IAC/APTA/Assis
foram analisados utilizando o software estatístico R, cujas funções permitem a manipulação,
avaliação, interpretação de procedimentos estatísticos, bem como a elaboração e
visualização de gráficos. Primeiramente verificaram-se as características individuais de cada
variável, considerando-as como conjuntos de dados independentes.
Também no software R realizou-se a investigação inicial das características das
variáveis já como séries temporais, e dos tipos de processos que regem o fenômeno de
oscilação dos níveis freáticos. Foram calculadas funções de autocorrelação e
autocorrelação parcial, que medem a correlação entre os instantes temporais dos dados e
fornecem indícios do tipo e ordem do processo envolvido (autorregressivo e/ou média
móvel).
Em uma segunda etapa foi utilizado o software Menyanthes para calibração dos
modelos baseados nas séries temporais a partir dos dados de monitoramento, e para
analisar se ocorreram tendências. O Menyanthes armazena todos os dados de nível de
água subterrânea, séries explicativas e modelos de séries temporais em um arquivo de
dados, para posterior análise.

4. 4. 1 Análise Exploratória dos dados

A análise exploratória de dados consiste na utilização de ferramentas estatísticas,


como gráficos, medidas de tendências e variabilidades, para estudar o conjunto de dados e
compreender as características mais relevantes.
No programa R foram feitas analises exploratórias como medidas de posição
amostral (média, moda e mediana), medidas de dispersão amostral (desvio padrão,
variância, coeficiente de variação e amplitude total) e medidas de forma (assimetria e
curtose) para as variáveis: níveis freáticos observados nos poços, precipitação e
evapotranspiração. Também se calculou os quartis, foram elaborados histograma de
distribuição de frequência, e calculadas funções de autocorrelação e autocorrelação parcial
dos dados, já como séries temporais.
A média, moda e mediana são medidas de localização central e variáveis aleatórias
contínuas. A média nos indica o ponto médio dos dados, a moda o valor que possui maior
frequência entre os dados e a mediana é aquela em que a frequência relativa acumulada
atinge os 50%. Já os quartis são qualquer um dos três valores que divide o conjunto
ordenado de dados em quatro partes iguais, assim o primeiro é o valor aos 25% da amostra
e o terceiro quartil equivale a 75% das observações (BUSSAB & MORETTIN, 2003).
34

O desvio padrão, a variância, o coeficiente de variação, a amplitude e o coeficiente


de variação são medidas de dispersão amostral, sendo assim mostram a dispersão dos
dados em relação à média. O desvio padrão quantifica a dispersão dos dados sob uma
distribuição, sendo a média das diferenças entre o valor de cada evento e a média central
(LANA, 2010).
A variância indica quão longe os seus valores se encontram do valor que se espera.
Já o coeficiente de variação (CV) é uma ponderação entre a média e o desvio padrão,
expresso em porcentagem, segundo Gomes (2000) os coeficientes de variações podem ser
classificados como baixos quando inferiores a 10%, médios entre 10 e 20%, altos entre 20 e
30% e muito altos se superiores a 30%.
A amplitude expressa a dispersão entre o maior e menor valor da população.
A assimetria e a curtose são medidas de forma. A assimetria representa o grau de
distorção da distribuição em relação a uma distribuição normal, e pode ser classificada como
simétrica ou assimétrica, sendo está dividida entre assimétrica negativa (forte ou moderada)
e assimétrica positiva (forte ou moderada). A curtose indica a forma da curva de distribuição
em relação ao seu achatamento, e pode ser classificada como leptocúrtica, mesocúrtica ou
platicúrtica (BUSSAB & MORETTIN, 2003).


35

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5. 1 Medidas de posição
Podemos observar na Tabela 1 os valores de média, mediana, moda e também a
dispersão interquartil, para as variáveis estudadas (poços, precipitação e
evapotranspiração).

Tabela 1: Medidas de posição amostral calculadas para as séries temporais


analisadas.
DADOS MÉD 1ºQ MD 3ºQ MOD
Poço 1 -3,21 -3,89 -3,08 -2,66 -3,08
Poço 2 -3,28 -3,97 -3,16 -2,75 -4,26
Poço 3 -3,55 -4,22 -3,42 -3,01 -4,52
Poço 5 -3,65 -3,93 -3,66 -3,37 -3,99
Poço 6 -3,02 -3,72 -2,87 -2,44 -2,34
Poço 7 -3,33 -4,03 -3,18 -2,78 -4,33
Poço 8 -3,55 -4,28 -3,39 -2,99 -4,55
Poço 9 -3,70 -4,39 -3,58 -3,16 -3,27
Poço 11 -10,29 -10,85 -10,37 -9,82 -11,10
EVAP 2,88 2,17 2,88 3,60 2,03
PREC 10,05 0,80 4,80 14,15 0,30
MED=média; MD=mediana; MOD=moda; 1ºQ=primeiro quartil; 3ºQ=terceiro quartil;
EVAP= evapotranspiração; PREC= precipitação.
Org.: A autora (2011).

Deste modo podemos observar que as médias, modas e medianas dos dados dos
poços localizados na área de baixada apresentam valores próximos, bem como o primeiro e
terceiro quartil. Isso indica que o comportamento dos dados não apresentou grande variação
em termos de nível para o período estudado. O Poço 11 localizado a montante tem níveis
mais profundos. Já as séries de precipitação e evapotranspiração apresentaram médias
compatíveis com as médias históricas da região de Assis/SP.

5. 2 Medidas de dispersão
Na Tabela 2 podemos vizualizar os resultados das análises de variância, desvio-padrão,
coeficiente de variação, valores máximos e mínimos, e amplitude.
36

Tabela 2: Medidas de dispersão amostral calculadas para as séries temporais


analisadas
DADOS VAR DP CV MAX MIN AMP
Poço 1 0,43 0,65 19,31 -2,075 -4,34 2,27
Poço 2 0,42 0,65 19,81 -2,145 -4,41 2,26
Poço 3 0,44 0,66 18,59 -2,380 -4,89 2,51
Poço 5 0,12 0,35 9,58 -2,895 -4,52 1,63
Poço 6 0,45 0,67 22,18 -1,87 -4,17 2,30
Poço 7 0,44 0,66 19,81 -2,18 -4,49 2,31
Poço 8 0,45 0,67 18,81 -2,38 -4,70 2,32
Poço 9 0,43 0,65 17,56 -2,52 -4,83 2,31
Poço 11 0,45 0,67 6,51 -8,855 -11,19 2,33
EVAP 1,09 1,04 35,99 5,99 0,31 5,68
PREC 172,89 3,14 31,24 100,60 0,20 100,40
VAR=variância; DP=desvio padrão; CV= coeficiente de variação; MAX.= valor máximo; MIN.= valor
mínimo; AMP= amplitude; EVAP= evapotranspiração; PREC= precipitação.
Org.: A autora (2011).

Ao se analisar os valores do desvio padrão, da variância e amplitude total vemos


que todos conjuntos de dados apresentam valores semelhantes e pouco dispersos, na
escala de apenas alguns centímetros.
O coeficiente de variação (CV) ajuda a interpretar essa dispersão, pois como é
expresso em porcentagem temos mais clareza ao analisarmos, podemos concluir que o
poço 5 e 11 apresentam um coeficiente de variação baixo, os poços 1, 2 , 3, 7, 8 e 9 são
classificados como médio e o poço 6 é classificado como alto. Suas variações são maiores
por ser o mais próximo da drenagem e com menor altitude.
No caso do poço 5 o CV é baixo devido a pouca disponibilidade de dados e ao fato
da série temporal ser curta e não representativa. Já o poço 11 apresenta baixo CV devido a
sua menor amplitude, possivelmente por ser o poço com os níveis variando em
profundidades mais elevadas (>10m). Isso faz com que o poço seja menos sensível a
oscilações devido a eventos de chuva, resultando em menores flutuações dos valores. Nos
outros casos os valores encontram-se dentro do esperado, com variações médias. Somente
a evapotranspiração e a precipitação possuem o coeficiente de variação sendo classificado
como muito alto.
As séries de precipitação e evapotranspiração apresentaram variações mais
elevadas pela própria natureza dos fenômenos, regidos pela sazonalidade e pelas variações
atmosféricas que ocorrem de forma muito dinâmica.
37

5. 3 Medidas de forma
Em relação as medidas de forma, os resultados calculados para as variáveis em
estudo podem ser vistos na Tabela 3.

Tabela 3: Medidas de forma calculadas para as séries temporais analisadas


DADOS ASSIMETRIA CURTOSE
Poço 1 -0,27 1,74
Poço 2 -0,27 1,76
Poço 3 -0,30 1,81
Poço 5 -0,17 2,54
Poço 6 -0,29 1,72
Poço 7 -0,29 1,74
Poço 8 0,20 1,54
Poço 9 0,23 1,61
Poço 11 0,37 1,80
EVAP -0,02 20,53
PREC 2,29 10,44
Org.: A autora (2011).

Todos os poços considerados assimétricos moderados, a precipitação por sua vez


foi considerada assimétrica forte. Isso pode ser visualizado nos histogramas das
distribuições de frequência das variáveis (APÊNDICE 1). Já a evapotranspiração é
classificada como sendo simétrica.
Pode-se dizer que em relação aos histogramas de distribuição de frequência, a
maioria das variáveis apresentam distribuição tendendo a normal. A precipitação apresenta
distribuição semelhante a uma lognormal novamente pela natureza do fenômeno, onde
valores mais baixos são mais comuns e valores altos são eventos raros (dias de
tempestades no caso da precipitação).
As distribuições de frequência das oscilações dos níveis, precipitação e
evapotranspiração são classificadas como planicúrtica, que se caracteriza por ser uma curva
mais aberta e mais achatada na sua parte superior. As distribuições de frequência
apresentam visualmente formas diferentes.

5. 4 Analise de séries temporais


A fase de identificação na análise de séries temporais começou com uma análise
visual do gráfico das respectivas séries. Esse gráfico dos valores observados em função do
38

tempo pode indicar a presença de um componente sazonal ou outro tipo de tendência nos
dados.
Aparentemente, não foram identificadas tendências nas séries de dados
analisadas, apenas variações sazonais, pois ao observarmos as Figuras 19 a 29 verificamos
que nos meses mais secos (meses de inverno) há abaixamento dos níveis freáticos e nos
meses mais chuvosos (primavera e verão) há uma elevação dos níveis freáticos, isto irá
acontecer para todos os poços, com exceção do poço 5 por haver menor número de dados
de monitoramento.

Figura 7: Série temporal para o poço 1, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).

Figura 8: Série temporal para o poço 2, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).
39

Figura 9: Série temporal para o poço 3, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).

Figura 10: Série temporal para o poço 5, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).

Figura 11: Série temporal para o poço 6, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).
40

Figura 12: Série temporal para o poço 7, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).

Figura 13: Série temporal para o poço 8, no período de 31 de março de 2008 a 24 07 de abril de
2011.
Org.: A autora (2011).

Figura 14: Série temporal para o poço 9, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).
41

Figura 15: Série temporal para o poço 11, no período de 31 de março de 2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).

Figura 16: Série temporal de precipitação na área de estudo, no período de 31 de março de 2008 a
07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).

Figura 17: Série temporal de evapotranspiração na área de estudo, no período de 31 de março de


2008 a 07 de abril de 2011.
Org.: A autora (2011).
42

Para o cálculo das ACF e PACF os dados foram organizados em uma frequência
de dados mensal equidistante para aplicar as rotinas disponíveis na biblioteca time series do
software R.
Podemos observar através da visualização dos gráficos gerados (APÊNDICE 2) que
a ACF indica que o grau de dependência ou correlação entre os instantes t1, t2 e t3 é mais
elevado e tende a zero a partir de t4, com valores abaixo do intervalo de confiança de 95%.
Esse comportamento se repete para todos os poços analisados. O poço 5 foi excluído da
análise por insuficiência de dados. Os meses que se encontram dados são de outubro de
2009 a março de 2011, e por esta razão os gráficos não puderam ser gerados, já que na sua
elaboração ocorriam erros.
Assim, conclui-se que existe uma correlação entre instantes subsequentes, mas que
se perde no tempo em função da frequência mensal dos dados. Isso pode ser interpretado
como um processo autoregressivo (AR), já que um instante no tempo é diretamente
dependente de uma ou mais observações prévias.
O fato de a função decair exponencialmente a partir dos passos t2 e t3 indica um
processo autoregressivo de segunda ou terceira ordem. Assim podemos concluir que a
chuva que caiu a um determinado instante passado no tempo tem forte influência sobre a
resposta no nível do aquífero, e que a partir de poucos instante t subsequentes essa
influência vai se perdendo, pois já exerceu seu papel na oscilação dos níveis.
As PACF’s nessa inspeção surgem como um diagnóstico complementar à ACF
quanto a ordem do processo verificado (HIPEL & McLEOD, 1995). Para um processo AR de
ordem p, após a lag p os valores da PACF por definição tendem a zero. Por meio de uma
análise visual verifica-se esse comportamento em todos os poços analisados, com valores
mais baixos a partir do passo 2. É plausível que o processo que governe a oscilação dos
níveis nesses poços seja um processo autoregressivo de ordem 2 (AR (2)) uma vez que se
trata de uma área de aquífero livre, cuja recarga se dá preferencialmente pela precipitação e
seus níveis são superficiais (em torno de 4 metros).

5. 5 Calibração do modelo PIRFICT aos dados


Uma vez realizada a análise exploratória e a identificação dos modelos, passou-se
para a calibração do modelo PIRFICT para cada poço. Esse modelo foi adotado em
detrimento a um modelo de séries temporais tradicional (AR, MA, ARMA, SARIMA), pois não
se trata de um modelo puramente estatístico. O modelo PIRFICT é um tipo especial de
modelo de transferência de ruído que possui parâmetros que podem ser interpretados
43

fisicamente, uma vez que tem relação com os fenômenos que controlam a oscilação dos
níveis freáticos (VON ASMUTH et al., 2002). A Tabela 4 reúne as estatísticas das
calibrações dos modelos. As Figuras 40 a 48 mostram os modelos calibrados às
observações.
O modelo PIRFICT apresentou ajustes razoáveis, com uma porcentagem da
variância explicada pelo modelo (EVP) variando entre 65% e 91%. Os erros estimados
(RMSE e RMSI) foram baixos, inferiores a 30 cm. Em séries curtas como as estudadas, é
normal ter ajustes com variações como as observadas, pois a série não possui um grande
número de dados, (monitoramento correspondente a três anos) e com isso inferir na
variação se torna mais difícil pela representatividade dos dados (MANZIONE, 2007). Os
poços localizados na região mais baixa da área apresentam níveis mais superficiais e,
consequentemente, mais sensíveis as variações sazonais da precipitação e
evapotranspiração.

Tabela 4: Estatísticas da calibração do modelo PIRFICT às séries temporais de alturas


de lençol freático observadas no período de 31/03/2008 a 28/01/2010.
POÇOS EVP (%) RMSE (m) RMSI (m)
Poço 1 69,15 0,359 0,105
Poço 2 71,18 0,349 0,112
Poço 3 71,74 0,347 0,114
Poço 5 82,58 0,141 0,085
Poço 6 66,33 0,388 0,116
Poço 7 68,69 0,372 0,125
Poço 8 65,99 0,385 0,118
Poço 9 69,61 0,358 0,127
Poço 11 91,33 0,197 0,095
EVP=percentual da variância explicada pelo modelo; RMSE=raiz do erro quadrático médio;
RMSI=raiz das inovações quadráticas médias.
Org.: A autora (2011).
44

Figura 18: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 1.
Org.: A autora (2011).

Figura 19: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 2.
Org.: A autora (2011).
45

Figura 20: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 3.
Org.: A autora (2011).

Figura 21: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 5.
Org.: A autora (2011).
46

Figura 22: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 6.
Org.: A autora (2011).

Figura 23: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 7.
Org.: A autora (2011).
47

Figura 24: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 8.
Org.: A autora (2011).

Figura 25: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 9.
Org.: A autora (2011).
48

Figura 26: Modelo PIRFICT ajustado (linha) aos dados de observações de alturas de lençol freático
(pontos) no poço de monitoramento 11.
Org.: A autora (2011).

Os anos de 2010 e 2011 foram atípicos. Em 2010 houve um inverno seco, seguido
de uma primavera úmida e o verão de 2011 foi chuvoso. Isso alterou o comportamento dos
poços, refletindo em um fraco ajuste do modelo a esses períodos (Figuras 40 a 47). É
possível perceber também que no início das séries a concordância do ajuste com as
observações é baixa, já que em virtude da abertura dos poços as oscilações podem ter sido
perturbadas.
Optou-se por manter esses dados nas séries devido a escassez de dados e ao
curto período de monitoramento, já que em situações normais eles deveriam ser excluídos.
O poço 11 por sua vez apresenta características distintas. Nele o meio poroso é maior e os
níveis freáticos mais protegidos dessas variações, resultando um ajuste melhor (91,33% de
EVP) quando explicadas as oscilações dos níveis pelos impulsos e resposta de precipitação
e evapotranspiração.
Os parâmetros estimados pelo modelo PIRFICT podem ser vistos na Tabela 5, e
seus respectivos desvios padrões na Tabela 6.
49

Tabela 5: Parâmetros estimados a partir da calibração do modelo PIRFICT.


POÇOS A a n E α

Poço 1 1436 0,002608 1,083 1,56 126,78


Poço 2 1404 0,002737 1,098 1,61 125,03
Poço 3 1491 0,002572 1,090 1,66 127,36
Poço 5 1374 0,001186 1,031 -1,41 18,97
Poço 6 2082 0,001573 0,992 1,67 116,16
Poço 7 1479 0,002604 1,080 1,60 118,30
Poço 8 2027 0,001648 1,002 1,62 125,81
Poço 9 1465 0,002645 1,100 1,64 113,26
Poço 11 831,5 0,006926 1,377 0,89 58,20
A=resistência a drenagem (metros); a=coeficiente de armazenamento no solo (1/dias); n=tempo de
convecção/dispersão (dias); E=fator de correção da evapotranspiração (-); α=ruído branco.
Org.: A autora (2011).

Tabela 6: Desvios padrões dos parâmetros dos modelos calibrados.

DADOS DP (A) DP (a) DP (n) DP (E) DP (α)


Poço 1 5e+002 0,0011 0,083 0,34 22,71
Poço 2 4,6e+002 0,0011 0,084 0,33 25,29
Poço 3 5,1e+002 0,0011 0,079 0,33 26,18
Poço 5 3,1e+003 0,0030 0,130 0,82 5,06
Poço 6 1.1e+003 0,0010 0,065 0,35 21,85
Poço 7 5,2e+002 0,0012 0,084 0,35 25,17
Poço 8 1,1e+002 0,0010 0,068 0,36 24,02
Poço 9 5e+002 0,0011 0,083 0,34 24,83
Poço 11 70,00 0,0009 0,072 0,17 17,19
DP=desvio padrão; A=resistência a drenagem (metros); a=coeficiente de armazenamento no solo
(1/dias); n=tempo de convecção/dispersão (dias); E=fator de correção da evapotranspiração (-);
α=ruído branco.
Org.: A autora.

Os parâmetros mostraram-se similares, em virtude do comportamento semelhante


dos poços que estão localizados próximos uns dos outros. Somente os poços 5 e 11
apresentaram valores discrepantes mesmo com um ajuste considerado razoável. Em casos
como esse onde a série é curta, o modelo não consegue descrever a relação dinâmica entre
os dados de entrada (precipitação e evapotranspiração) e a oscilação dos níveis, e,
consequentemente falha ao tentar ajustar os parâmetros do modelo (MANZIONE, 2007).
Os parâmetros são dependentes da forma da função de impulso e resposta que
descreve o fenômeno. Chama-se a atenção para o parâmetro A que é um indicativo da
50

resistência a drenagem (ou condutividade hidráulica) que o meio poroso exerce sobre a
frente de molhamento da zona vadosa e da zona saturada até a resposta do aquífero. Esse
parâmetro apresentou valores em torno de 1300 e 1500 dias para os poços 1, 2, 3, 5, 7 e 9,
e acima de 2000 para os poços 6 e 8. Esses valores podem ser interpretados como o tempo
que a água demora a atingir a zona saturada e exercer alguma reação nos níveis.
Como o poço 11 é mais profundo e apresentou valor de 831,5 dias para o
parâmetro A, esperar-se-ia que os valores para os poços da baixada mais superficiais
fossem inferiores, por reagirem mais rápido aos pulsos de precipitação e evapotranspiração.
Entretanto o que se viu foi o contrário, demonstrando que algo além da precipitação e da
evapotranspiração exerce influência na nesses poços da baixada.
Von Asmuth et al. (2008) explica que múltiplos estresses podem causar influência
nos níveis e podem ser considerados no modelo PIRFICT, como um rio próximo ou poços
de bombeamento. Devido à natureza empírica das funções de impulso e resposta utilizadas
na calibração desses modelos, deve-se tomar cuidados para interpretar seus parâmetros
(VON ASMUTH & KNOTTERS, 2004).
Os demais parâmetros também apresentaram valores semelhantes. O poço 11 por
ser mais profundo apresentou valores de n (tempo de convecção/dispersão) maiores, já que
o meio poroso a ser atravessado é maior, e consequentemente um ruído α menor por sofrer
menos interferências externas. Manzione et al. (2009) apresentam um estudo comparando
dois poços distantes 10 metros um do outro, mas em profundidades diferentes, em uma
área de recarga do Aquifero Guarani. Os autores concluem que os parâmetros do modelo
são fortemente influenciados pela espessura do meio poroso a ser atravessado pela água
para que haja alguma resposta do aqüífero.
O parâmetro E, segundo Von Asmuth et al. (2002) não deve ser maior que 3,
ratificando o bom desempenho do modelo nas áreas de monitoramento do Aquífero Bauru
na Formação Adamantina. No caso do poço 5 onde os valores foram negativos se explica
pela falta de dados para representar o fenômeno.
Quanto aos desvios padrões dos parâmetros estimados, pode-se dizer que com
exceção ao poço 5 que a série é mais curta e do poço 11 que apresenta comportamento
distinto, os demais poços apresentam dispersões semelhantes em torno da média estimada
pelo processo estocástico.

5. 6 Análise de Tendências
Para verificar se houveram tendências de elevações ou rebaixamentos sistemáticos
nos níveis freáticos dos poços de monitoramento do SAB foi adicionado ao modelo PIRFICT
51

um parâmetro representando uma tendência linear (PTL) na calibração para cada poço. Os
resultados podem ser observados na Tabela 7.

Tabela 7: Parâmetro de Tendência Linear para os níveis freáticos do Sistema Aquífero


Bauru (SAB)
DADOS PTL DP SIG
Poço 1 1,44 0,092 NS
Poço 2 1,42 0,097 NS
Poço 3 1,4 0,095 NS
Poço 5 0,47 0,11 NS
Poço 6 1,57 0,12 NS
Poço 7 1,49 0,098 NS
Poço 8 1,54 0,099 NS
Poço 9 1,37 0,095 NS
Poço 11 0,45 0,08 NS
PLT= Parâmetro de Tendência Linear (metros); DP= Desvio Padrão; SIG.= Significância
Org.: A autora.

Os níveis freáticos apresentaram uma leve elevação no período analisado conforme


os parâmetros adicionados. Os Parâmetros de Tendência Linear (PTL) tiveram a sua
significância analisada, considerando os desvios padrões em relação à média. Os
resultados da análise para todas as séries temporais dos modelos ajustados foram
consideradas não significativas para o período.

5. 7 Movimento da água no solo e sua relação com a oscilação dos níveis freáticos
Também procurando entender a dinâmica da água no solo e do aquífero na área de
estudo, foram realizados dois ensaios de permeabilidade, um próximo ao poço 11 e outro
entre os poços da baixada. As Figuras 49 a 52 mostram a preparação e o ensaio para o
poço 11 a montante. Os valores da permeabilidade do solo nas proximidades dos poços
medidos a campo podem ser visualizados na Tabela 8, indicando a velocidade com que a
água se move no solo em cm/s e cm/dia.

Tabela 8: Permeabilidade do solo para 5 cm e 10 cm de espessura.


Área R1 (cm/s) R2 (cm/s) K (cm/s) K (cm/dia)

Baixada 0,0016667 0,005833333 0,000527901 45,610632


Montante 0,0016667 0,0025 0,00004424 3,82212
52

R1 = taxa de fluxo constante com carga de 5 cm de coluna d’água; R2 = taxa de fluxo constante com
carga de 10 cm de coluna d’água; K= coeficiente de permeabilidade.
Org.: A autora (2011).

Os valores de permeabilidade na região da baixada foram muito superiores


comparados com os valores na área a montante, indicando um movimento da água mais
rápido nessa parcela justamente pelos níveis serem mais superficiais. A diferença entre os
valores se dá, sobretudo devido ao relevo e a existência de uma lagoa próxima a região de
baixada onde estão os poços 1 a 10.
O relevo exerce um gradiente potencial de movimento da água para a baixada, o
que faz com que a área possua uma parcela com fluxo subsuperficial constante. A lagoa
naturalmente acaba por influir na dinâmica da infiltração e do movimento da água no solo,
atuando como um facilitador natural do fluxo na região. Também se notou que a textura dos
solos na baixada é mais arenosa que na área a montante, alterando a sua porosidade (o
espaço poroso, o tamanho dos poros e sua distribuição) e consequentemente facilitando
também o movimento da água.

Figura 27: Perfuração do orifício para instalação do Permeâmetro de Guelph.


Fonte: MANZIONE, R. L., 2011
53

Figura 28: Limpeza do orifício para locação do Permeâmetro de Guelph.


Fonte: SOLDERA, B. C., 2011


Figura 29: Orifício aberto para locação do Permeâmetro de Guelph.
Fonte: SOLDERA, B. C., 2011


54

Figura 30: Permeâmetro de Guelph.


Fonte: SOLDERA, B. C., 2011

Comparando-se dois poços de monitoramento dos níveis freáticos em áreas


diferentes, o poço 2 localizado na área de baixada e o poço 11 localizado a montante, pode-
se entender que as funções de impulso e resposta ajustadas caracterizam a dinâmica do
SAB sob diferentes condições do meio poroso (Figura 53).
De maneira geral, o modelo PIRFICT se ajustou bem a série de dados observados,
descrevendo as oscilações dos níveis em função da precipitação e evapotranspiração. No
poço 2 as respostas são mais graduais, por se tratar de uma área de baixada e com
oscilações mais superficiais. Já no poço 11 ocorre um pico de resposta mais rápido e com
decaimento rápido já que não há intervenções do relevo, apenas da zona não saturada,
segundo estudos desenvolvidos por Soldera et al. (2011).
A partir dos resultados apresentados, pode-se concluir que na área de estudo o
relevo desempenha papel importante no movimento da água no solo, determinando um
menor fluxo de água no local mais elevado e maior fluxo na região de baixada próxima ao
curso d’água.

55


Figura 31: Funções de impulso e resposta ajustadas aos poços 2 e 11.
Org.: A autora (2011).

5. 8 Informações sobre a dinâmica de aquíferos como suporte a gestão das águas


subterrâneas
O aumento desordenado da utilização deste recurso hídrico pode provocar
prejuízos irreversíveis para o aquífero. Diante deste fato faz-se necessário a utilização de
ferramentas que auxiliem aos órgãos gestores na aplicação de instrumentos que garantam
um nível aceitável de exploração visando à preservação. Em meio a esse contexto, a gestão
da água subterrânea, mostra-se essencial para dar condições de realização de um
gerenciamento integrado entre as águas superficiais e subterrâneas. A gestão de aquíferos
deve ter um conjunto de procedimentos que busquem regulamentar o seu uso, conservar,
proteger, restaurar e regenerar o manancial subterrâneo. Fazendo referência a quantidade e
a qualidade de água captável, deve ser compatível com a demanda existente, com o meio
ambiente e com a ocupação e uso do território que se está inserido.
A gestão deve incluir inventário de necessidades; usos; conhecimento da demanda
real; dispor de conhecimentos científicos e técnicos; dispor de pessoal que seja
devidamente capacitado; ter meios de observação da quantidade e qualidade de água, e
também dos impactos ambientais, sociais e territoriais de explotação; ter por base medidas
administrativas e legais; receber incentivos econômicos adequados; realizar campanhas de
informação pública e de formação. Essas informações podem ser levadas a população por
meio de audiências e seminários públicos, fóruns, web sites, e campanhas de proteção tanto
dos aquíferos como de seus poços.
Desenvolver ferramentas que integrem os órgãos gestores com a população em
geral é imprescindível, já que o manancial subterrâneo é cada vez mais utilizado para o
abastecimento público, porém nem sempre isto acontece, seja pelo desinteresse da
população ou pela dificuldade de se transmitir os dados em estudo. Contudo por meio do
56

monitoramento e com auxílio dos modelos matemáticos podemos entender melhor o que
está acontecendo com os aquíferos. A partir deste estudo é possível criar melhores
planejamentos e gerenciamentos das águas subterrâneas, e resolver problemas
relacionados à qualidade e quantidade da água.


57

6 CONCLUSÕES
Os aquíferos têm importante participação no que diz respeito às questões
ambientais, sobretudo a sua preservação. Deste modo houve a necessidade de se
desenvolver o monitoramento das águas do Sistema Aquífero Bauru (SAB), pois a
averiguação permite fazer o diagnóstico do estado em que se encontra e intervir para
melhorar tanto a qualidade como quantidade. O uso de forma desordenada acaba por influir
na quantidade de água de um aquífero, por geralmente seu reabastecimento ser mais lento
que o consumo.
As análises estatísticas exploratórias permitiram o conhecimento dos conjuntos de
dados de cada variável envolvida no estudo, e o modelo PIRFICT se ajustou bem aos dados
de monitoramento dos níveis freáticos na Formação Adamantina do Aquífero Bauru. Pôde-
se por meio de um Parâmetro de Tendência Linear (PTL) verificar se houve tendências nas
elevações ou rebaixamento nas alturas do lençol freático, constatando que no decorrer do
monitoramento há um pequeno aumento nos níveis, mesmo tendo os resultados
considerados não significativos para os modelos ajustados. Desta maneira podemos
verificar que é possível modelar a relação dinâmica entre o saldo hídrico e a variação dos
níveis freáticos a partir de modelos baseados em séries temporais.
A chuva é a fonte de recarga do SAB e este contribui para vazão dos rios.
Sabendo desta questão vimos que as variações sazonais, no caso a precipitação e
evapotranspiração refletem na sua dinâmica. Quando ocorre um período mais seco
percebe-se que as alturas dos níveis freáticos são rebaixadas, alterando os
comportamentos dos poços. Observa-se que os poços que se localizam em área de baixada
são mais rasos e mais sensíveis as variações sazonais da precipitação e evapotranspiração.
Já no poço 11, o meio poroso é maior, resultando em menores variações das oscilações dos
níveis aos impulsos de precipitação e evapotranspiração.
O relevo das áreas de estudo condiciona dinâmicas distintas dos poços de
monitoramento do SAB. A região de baixada próxima o curso d’água acaba atuando como
um facilitador do fluxo na área. A condutividade hidráulica a montante é menor que na
baixada.
Com o auxílio do monitoramento dos níveis freáticos do SAB e de modelos
matemáticos pode-se compreender a relação com variações climáticas e outros estímulos
(relevo, oe mesmo outro curso hídrico próximo aos poços), e assim conhecer melhor a
dinâmica do Aquífero.

58

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65

ANEXO 1- Mapa geológico do município de Assis (SP)

Fonte: CPTI, 1999


66

APÊNDICE 1- Histogramas das distribuições de frequência das variáveis observadas.

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


67

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


68

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


69

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


70

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


71

Org.: A autora (2011).




72

APÊNDICE 2- Gráficos de Função de Autocorrelação (ACF) e Função de Autocorrelação


Parcial (PACF).

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


73

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


74

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


75

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).


76

Org.: A autora (2011).

Org.: A autora (2011).

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