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LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
Cassilândia-MS
2019
MÁRCIA MARIA DE FREITAS
PAULO OTÁVIO OLIVEIRA FREITAS
Cassilândia
2019
Sumário
1 Ideais 4
1.1 Ideais Gerados e Ideais Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Operações com Ideais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Ideais Primos e Ideais Maximais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2 Anel Quociente 12
2.0.1 Relação e Classe de Equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.0.2 Relação e Classe de Equivalência em Anéis . . . . . . . . . . . 13
2.0.3 Anel Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.0.4 Homomorfismo e Anel Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3 Caracterı́stica de um Anel 21
3.0.1 Múltiplos de um Elemento de um Anel . . . . . . . . . . . . . 21
3.0.2 Caracterı́stica de um Anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Capı́tulo 1
Ideais
1. I é um subanel de A;
2. x − y ∈ I;
3. a.x ∈ I.
Observação 1.0.2. Todo ideal é um subanel de um anel A, porém nem todo subanel
é um ideal.
1. (2Z, +, .) é um subanel de Z.
Para isso, veremos que (2Z, +, .) é um anel e que é fechado para as operações
de Z.
4
Logo, (2Z, +) é um subgrupo de (Z, +). Ou seja, (2Z, +) é um grupo.
b. A multiplicação em 2Z é associativa.
Para todos os x, y, w ∈ 2Z, temos que x(yw) = 2km (2kn 2kp ) = 2km 2kn 2kp =
= (2km 2kn )2kp = (xy)w, ou seja, x(yw) = (xy)w
Para todos os x, y, ∈ 2Z, temos que xy = 2km 2kn = 2(2km kn ) = 2[2(km kn )],
isto é, xy = 2[2(km kn )], onde (km kn ) ∈ Z.
1
Visto que a adição é comutativa em Z.
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2. Para quaisquer x, y ∈ 2Z, x − y ∈ 2Z.
Exemplo 1.0.4. Para todo anel A temos que o subconjunto {0} e o próprio A são
sempre ideais de A.
Para o próprio A, é trivial que para todos os x, y ∈ A e qualquer a ∈ A, x−y ∈ A;
pois A é fechado para a adição, e ax ∈ A. Logo A é um ideal em A.
Para o subconjunto {0}, notemos que se x, y ∈ {0}, então x − y = 0 − 0 = 0,
ou seja, x − y ∈ {0}. Além disso, se a ∈ A e x ∈ {0}, então ax = a0 = 0, isto é,
ax ∈ {0}.Logo, {0} é um ideal em A
2. (∀x)(x ∈ I =⇒ −x ∈ I);
Demonstração. 1. I 6= ∅ =⇒ x ∈ I =⇒ x − x ∈ I =⇒ 0 ∈ I.
x ∈ A e u ∈ I =⇒ xu ∈ I
xu ∈ I e v ∈ A =⇒ (xu)v ∈ I
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Podemos concluir que x ∈ I. Provamos assim que A ⊂ I, e como obviamente
I ⊂ A, então I = A.
Daı́,
r − s = (x1 − y1 )a1 + ... + (xn − ya )an ∈< a1 , a2 , ..., an >
O que implica em
zt = (z1 w1 )a1 + (z2 w2 )a2 + ... + (zwn )an ∈< a1 , a2 , ..., an >
Definição 1.1.1. O ideal < a1 , a2 , ..., an > obtido segundo as considerações acima
é chamado ideal gerado por a1 , a2 , ..., an . O ideal gerado por um só elemento a ∈ A
recebe o nome de ideal principal gerado por a. Neste caso, além da notação < a >,
também é comum a seguinte: aA. Se todos os ideais de um anel de integridade são
principais, então este anel é chamado de anel principal.
Exemplo 1.1.2. Todo ideal em Z é do tipo nZ, para um certo n natural conveniente.
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Suponhamos I 6= {0}. Seja então y o menor dos elementos de I dentre os que
são estritamente positivos. O fato x ∈ I =⇒ −x ∈ I nos garante, nesse caso, a
existência de elementos estritamente positivos em I.
Dado, pois, um elemento qualquer x ∈ I, sabemos que existem q, r ∈ Z de
maneira que
x = yq + r , onde 0 ≤ r < y
Exemplo 1.1.3. Temos que o conjunto dos números pares é um ideal principal em
Z, visto que é gerado pelo elemento 2 ∈ Z.
Observação 1.1.5. Um exemplo de corpo é o anel (Q, +, .), visto que, para qualquer
elemento de Q, existe inverso.
Teorema 1.1.6. Seja A um anel comutativo com unidade. Então A é um corpo se,
e somente se, os únicos ideais em A são os triviais.
Demonstração. (=⇒) Seja I um ideal em A diferente do ideal nulo, isto é, I 6=< 0 >.
Então existe um elemento x ∈ I tal que x 6= 0. Como A é um corpo, x é inversı́vel
e, pelo item d do teorema 1.0.5, I = A.
(⇐=) Tomemos a ∈ A, a 6= 0, e consideremos o ideal I =< a >. Levando em
conta a hipótese, podemos dizer que < a >= A. Logo, todo elemento de A pode ser
escrito assim: xa, onde x ∈ A. Existe xo ∈ A tal que 1 = x0 a, o que vem mostrar
que a é inversı́vel.
Então a é inversı́vel, qualquer que seja a ∈ A tal que a 6= 0. Logo, A é um
corpo.
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1.2 Operações com Ideais
1. Interseção
Dados os ideais I e J num anel comutativo A, pode-se mostrar que I ∩ J
também é um ideal em A.
• De fato, 0 ∈ J e 0 ∈ I =⇒ 0 ∈ I ∩ J.
• x, y ∈ I ∩ J =⇒ x, y ∈ I e x, y ∈ J =⇒ x − y ∈ I e x − y ∈ J =⇒
=⇒ x − y ∈ I ∩ J.
• x ∈ I ∩ J e a ∈ A =⇒ x ∈ I, x ∈ J e a ∈ A =⇒ ax ∈ I e ax ∈ J =⇒
=⇒ ax ∈ I ∩ J.
2. Adição
Se I e J são ideais em A, indicamos pela notação I + J o seguinte subconjunto
de A:
I + J = {x + y : x ∈ I e y ∈ J}
Trata-se também de um ideal em A, por que além de não ser vazio, ocorre que:
• r, s ∈ J + I =⇒ r = x1 + y1 e s = x2 + y2 , tal que x1 , x2 ∈ I e y1 , y2 ∈ J,
implicando em r − s = (x1 − x2 ) + (y1 − y2 ) ∈ I + J.
• a ∈ I e r = x + y ∈ I + J, onde x ∈ I e y ∈ J =⇒ ar = ax + ay ∈ I + J.
O ideal I + J é chamado ideal soma de I com J.
É claro que I + J = J + I, I ⊂ I + J e J ⊂ I + J.
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1.3 Ideais Primos e Ideais Maximais
Definição 1.3.1. Seja P um ideal num anel comutativo A. Dizemos que P é um
ideal primo se P 6= A, e se é verdadeira a seguinte frase:
(∀x, y ∈ A)(xy ∈ P =⇒ x ∈ P ou y ∈ P )
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Observação 1.3.9. A é o único ideal que contém o 1, por isso segue essa igualdade,
a saber, 1 = w0 x + m0 .
Logo, 1 = w0 x + m0 e multiplicando ambos os membros por y, temos a seguinte
igualdade: y = w0 (xy) + ym0 , o que mostra que y ∈ M , pois tanto xy como m0
estão em M .
Portanto, w0 (xy) + ym0 ∈ M .
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Capı́tulo 2
Anel Quociente
Exemplo 2.0.2. A relação de igualdade sobre R, isto é, x ≡ y(R) se, e somente
se, x = y é uma relação de equivalência, pois:
1. (∀x)(x ∈ R =⇒ x = x)
2. (∀x, y)(x = y =⇒ y = x)
3. (∀x, y, z)(x = y e y = z =⇒ x = z)
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Exemplo 2.0.5. Seja a relação de equivalência R = {(x, x), (y, y), (z, z), (x, z), (z, x)}
sobre um conjunto E = {x, y, z}, temos:
1. x = {x, z}
2. y = {y}
3. z = {z, x}
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Teorema 2.0.6. Sejam A um anel comutativo, onde x ∈ A, e I um ideal em A,
então
x = {x + i : i ∈ I}.
Exemplo 2.0.9. Sejam o anel (Z, +, .) e o ideal 2Z ⊂ Z, então existem duas classes
de equivalência módulo R no ideal 2Z. De fato,
0 = 0 + 2Z = {0 + 2k : k ∈ Z} = 2Z (inteiros pares)
1 = 1 + 2Z = {1 + 2k : k ∈ Z} = 2Z (inteiros ı́mpares)
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Operações no Conjunto A/I
(∀x, y ∈ A)(xRy ⇐⇒ x − y ∈ I)
(x + I) + (y + I) = (x + y) + I, ∀x, y ∈ A.
(x + I)(y + I) = xy + I, ∀x, y ∈ I.
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= [(x + y) + I] + (z + I) = [(x + I) + (y + I)] + (z + I).
Portanto,
Com efeito, para toda classe de equivalência x ∈ A/I, existe o elemento oposto
de x + I, a saber, −x + I, visto que:
(x + I) + (−x + I) = (x − x) + I = 0 + I = I e
(−x + I) + (x + I) = (−x + x) + I = 0 + I = I.
De fato,
(x + I) + (y + I) = (x + y) + I = (y + x) + I = (y + I) + (x + I).
Logo, (x + I) + (y + I) = (y + I) + (x + I).
1. Associatividade.
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Logo,[(x + I)(y + I)](z + I) = (xyz) + I. (2.2)
Portanto, pelas igualdades (2.1) e (2.2), temos que:
2. Comutatividade.
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Exemplo 2.0.13. Seja j : A −→ B um homomorfismo de anéis. Mostremos que o
núcleo N (j) é um ideal em A.
Pela definição de núcleo de um homomorfismo, temos que
N (j) = {x ∈ A : j(x) = 0B }.
N (f ) = I = (x ∈ A : f (x) = 0B }.
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Logo, podemos associar todo elemento de A/I, na forma x + I, a um elemento
f (x) ∈ B.
g((x + I)(y + I)) = g((xy) + I) = f (xy) = f (x)f (y) = g(x + I)g(y + I).
HOMOMORFISMO CANÔNICO
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De fato, ∀x, y ∈ A, h(x + y) = (x + y) + I = (x + I) + (y + I) = h(x) + h(y), ou
seja, h(x + y) = h(x) + h(y).
Além disso, h(xy) = (xy) + I = (x + I)(y + I) = h(x)h(y).
Logo, h é um homomorfismo.
E ainda, pela definição de classe de equivalência, para toda classe x + I, existe
um x ∈ A tal que h(x) = x + I. Logo, h é sobrejetora.
Portanto, h é um homomorfismo sobrejetor de A em A/I.
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Capı́tulo 3
Caracterı́stica de um Anel
1. Se m = 0, então 0x = 0A .
2. Se m ≥ 0, então mx = (m − 1)x + x.
a. (mn)x = m(n.x).
b. (m + n)x = mx + nx
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Se n = 0, então (mn)1A = (0n)1A = 01A = 0A (3.1)
Se n = 0, então (m1A )(n1A ) = (m1A )(01A ) = m1A 0 = 0A (3.2)
Então, de 3.1 e 3.2, temos que, para n = 0, (mn)1A = (m1A )(n1A ).
Supondo-se que, para r ≤ 0, é válido que (mr)1A = (m1A )(r1A ), para todo
m ∈ Z, temos para r + 1 que:
Ou seja, [m(r + 1)]1A = (m1A )[(r + 1)1A ]. Logo, para n ≤ 0, é válido que
(mn)1A = (m1A )(n1A ).
Para n < 0, temos que:
S = {n ∈ N∗ : nx = 0A , ∀x ∈ A}.
Então, como S ⊂ N∗ , ou S = ∅ ou S 6= ∅.
Observação 3.0.3. Como está em [1], podemos igualmente dizer que a carac-
terı́stica de um anel é o menor inteiro positivo não nulo n, de forma que na = 0,
para todo a ∈ A. Assim, caso se verifique que n não exista, ou seja, na = 0 apenas
1
Pela propriedade (c).
2
Pela comutatividade de (A, +).
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se n = 0, dizemos que o anel possui caracterı́stica zero. Caso exista esse inteiro
positivo e diferente de zero n que verifique na = 0, para todo a ∈ A, temos que n é
a caracterı́stica do anel A.
• X + Y = (X ∪ Y ) r (X ∩ Y ).3 (Adição)
• X.Y = X ∩ Y . (Multiplicação)
2X = X + X = (X ∪ X) r (X ∩ X) = X r X = ∅.
rx = r(1A x) = (r1A )x = 0x = 0
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Além disso, sabemos que c(A) = h.
Portanto, para c(A) = h > 0, c(A) = o(1A ) = h.
r1A = e = 0 =⇒ k1A = 0A
Logo, r é o menor inteiro positivo não nulo tal que r1A = 0A , o que é absurdo,
visto que c(A) = 0.
Portanto, o(A) = r = 0.
(∀x, y ∈ A)(xy = 0A =⇒ x = 0A ou y = 0A )
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Isto é, quando não há, no anel A, divisores de zero.
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Teorema 3.0.10. Seja A um anel com unidade. Então:
r = s =⇒ h|(r − s) =⇒ r − s = ht , onde t ∈ Z.
O que mostra que f é injetiva. vemos ainda que f é sobrejetiva, visto que para
todo f (r) existe um r ∈ Zh tal que f (r) = r1A .
Portanto, f é um isomorfismo.
2. Para c(A) = 0, temos que a aplicação g : Z −→ Z1A tal que g(x) = x1A , onde
x ∈ Z, é injetiva.
De fato, para todos os r, s ∈ Z,
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Temos ainda que r1A = s1A =⇒ r1A − s1A = 0A =⇒ (r − s)1A = 0A ,
implicando que ou r − s = 0A ou 1A = 0, como obviamente 1A 6= 0A , então
r − s = 0A . Logo, r = s, mostrando que g é injetiva.
Além disso, para todo r1A existe um r ∈ Z tal que g(r) = r1A , visto que
r1A = r, para todo r ∈ Z, evidenciando que g é sobrejetiva.
Logo, g é uma aplicação bijetiva.
Por fim,
g(r + s) = (r + s)1A = r1A + s1A = g(r) + g(s), ou seja, g(r + s) = g(r) + g(s).
E ainda,
Logo, g é um homomorfismo.
Portanto, g é um isomorfismo.
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Bibliografia
[1] ALENCAR FILHO, E. Elementos de Teoria dos Anéis. São Paulo: Edi-
tora Nobel, 1990.
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