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Topologia de Zariski

Jairo Menezes e Souza


23 de maio de 2013

Notas incompletas e não revisadas

HO
UN
SC
RA

1
Resumo
Queremos abordar a Topologia de Zariski para o espectro primo
de um anel. Antes vamos definir os conceitos de Anéis, Ideais e Ideais
Primos. Este é um assunto de Álgebra Comutativa que é utilizado na
visão moderna da Geometria Algébrica.

Sumário
1 Introdução 3
1.1 Anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Ideais e anéis quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Ideais Primos e Ideais Maximais . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Homomorfismos de Anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.5 Nilradical e Jacobson Radical . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.6 Operações com Ideais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 O Espectro Primo de um Anel 8


HO

2.1 O espectro primo de um anel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8


2.2 A topologia de Zariski . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
UN

2.2.1 Espaços Topológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9


SC

2.2.2 Topologia de Zariski . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10


RA

2
1 Introdução
1.1 Anéis
Definição 1. Um anel ou anel comutativo com identidade (A, +, ·) é um
conjunto A com pelo menos dois elementos, munido de uma adição (+) e
uma multiplicação (·) que satisfazem as condições seguintes:
(A) (A, +) é um grupo abeliano.
(M.1) A multiplicação é associativa.
∀x, y, z ∈ A, (x · y) · z = x · (y · z)
.
(AM) A adição é distributiva relativamente à multiplicação.
∀x, y, z ∈ A, x · (y + z) = x · y + x · $
HO

(M.2) A multiplicação é comutativa.


∀x, y ∈ A, x · y = y · x
UN
SC

(M.3) Existe elemento neutro com respeito à multiplicação.


RA

∃1 ∈ Atal que, ∀x ∈ A, 1 · x = xex · 1 = x

Definição 2. Um anel (D, +, ·) é um domı́nio ou domı́nio de integridade se


satisfaz a seguinte condição:
(M.4) Se x, y ∈ D e x · y = 0 então ou x = 0 ou y = 0.
Um anel (K, +, ·) é um corpo se ele satisfaz a seguinte condição:
(M.4’) Todo elemento não nulo tem um inverso multiplicativo.
∀x ∈ K \ {0}, ∃y ∈ Ktal quex · y = 1

Exemplo 1. Nos três primeiros exemplos + a adição em C e · a multi-


plicação em C.
1. (Z, +, ·) é um domı́nio.
2. (Q, +, ·), (R, +, ·), (C, +, ·) são corpos.

3. nZZ
, ⊕, é um anel para todo n ∈ Z. Onde ⊕ e são a adição e
multiplicação induzida.

3
1.2 Ideais e anéis quociente
Definição 3. Seja A um anel e a um subconjunto não vazio de A. Dizemos
que a é um ideal de A se:

ˆ x + y ∈ a, ∀x, y ∈ a

ˆ a · x ∈ a, ∀x ∈ a e ∀a ∈ A

Exemplo 2. Alguns exemplos de ideais

1. se K é corpo seus únicos ideais são {0} e K.

2. O conjunto 2Z = {2k : k ∈ Z} é um ideal de Z. Mais geralmente o


conjunto nZ, para n ∈ Z são ideais de Z.

Teorema 1.1. Seja A um anel e a um ideal de A. Definimos a relação:


x ∼ y ⇔ x − y ∈ a. Então esta é uma relação de equivalência. Ainda mais
¯ y e x̄ ȳ = x ¯· y.
definimos no conjunto quociente as operações x̄ ⊕ ȳ = x +
Estas operações são bem definidas e (A/a, ⊕, ) é um anel.
HO

Exemplo 3. Seja A = Z e a = 2Z temos que A/a = Z


= {0̄, 1̄}.
UN

2Z
SC

1.3 Ideais Primos e Ideais Maximais


RA

Definição 4. Seja A um anel. Um ideal p de A é dito um ideal primo se


p ( A e se para x, y ∈ A com xy ∈ p implica que ou x ∈ p ou y ∈ p.

Exemplo 4. 2Z é ideal primo de Z, mas 4Z não é ideal primo de Z.

Definição 5. Um ideal m de A é dito ideal maximal se m ( A e se para todo


a ideal de A com m ⊂ a ⊂ A temos que a = m ou a = A.

Exemplo 5. 2Z é ideal maximal de Z.

Teorema 1.2. Seja A um anel e a um ideal de A. Então:

i se a é ideal maximal então a é ideal primo.

ii a é ideal primo se e somente se A/a é um domı́nio.

iii a é ideal maximal se e somente se A/a é um corpo.

4
1.4 Homomorfismos de Anéis
Definição 6. Sejam A e B anéis uma função f : A → B é um homomor-
fismo de anéis, se para todos x, y ∈ A valem:

1. f (x + y) = f (x) + f (y).

2. f (xy) = f (x)f (y).

3. f (1) = 1.

Exemplo 6. Para A um anel e a um ideal de A então temos o homomorfismo


(chamado homomorfismo canônico) ϕ : A → A/a dado por ϕ(x) = x̄.

Teorema 1.3. Sejam A e B anéis, b ⊂ B um ideal e f : A → B um


homomorfismo. temos que:

1. f −1 (b) ∈ A é um ideal.

2. Se b é primo então f −1 (b) também é primo.


HO

Definição 7. Seja f : A → B um homomorfismo de anéis. Definimos o


UN

núcleo de f por:
ker(f ) = {x ∈ A : f (x) = 0}
SC

.
RA

Como ker(f ) = f −1 (0) temos que ker(f ) é um ideal de A.

Teorema 1.4 (Teorema dos homomorfismos). Seja f : A → B um homo-


morfismo de anéis. Então a função

f¯ : A/ker(f ) → B
x̄ 7→ f (x)

está bem definida e é um homomorfismo injetor.

Portanto A/ker(f ) ∼
= Img(f )

Teorema 1.5 (Correspondência de Ideais). Seja A um anel e a ideal de A.


Então o homomorfismo canônico ϕ : A → A/a induz uma correspondência
biunı́vuca entre os conjuntos

{ideais b ⊂ A tais que b ⊃ a} ←→ {ideais de A/a}


b 7−→ ϕ(b)

5
1.5 Nilradical e Jacobson Radical
Dado um anel A dizemos que um elemento x ∈ A é nilpotente se existe
n ∈ Z, n > o tal que xn = 0. Um anel que tenha um elemento nilpotente
diferente de 0 não é domı́nio. Chamamos de uma unidade de A um elemento
u ∈ A que divide 1, isto é, existe v ∈ A com uv = 1. O elemento v é
unicamente determinado por u, e chamamos v = u−1 . Chamamos A∗ ao
conjunto das unidades de A, temos que (A∗ , ·) é um rupo.

Definição 8. Seja A um anel, o conjunto R = {x ∈ A : x é nilpotente} é


chamado de nilratical de A.

Teorema 1.6. Seja A um anel o conjunto nilradical R é um ideal de A e


A/R não tem nenhum elemento nilpotente não nulo.

Teorema 1.7. O nilradical de um anel A é a interseção de todos os ideais


primos de A.

Definição 9. O Jacobson radical J do anel A é a interseção de todos os


HO

ideais maximais de A.
UN

Teorema 1.8. x ∈ J ⇐⇒ 1 − xy é uma unidade em A ∀y ∈ A


SC

1.6 Operações com Ideais


RA

Definição 10. Sejam a, b ideais de um anel A. Definimos a somaPa + b =


{x + y : x ∈ a e y ∈ b}. Mais geralmente podemos definir a soma Pλ∈L aλ ,
onde L é um conjunto de ı́ndices, como o conjunto dos elementos λ∈L xλ
onde xλ ∈ aλ e no máximo um número finito de xλ é diferente de zero.

Temos que a soma de dois ideais é um ideal. Este é o menor ideal contendo
a e b. Do mesmo modo a soma infinita de ideais é um ideal.
A interseção de uma famı́lia de ideais {aλ }λ∈L é um ideal.

Definição
P 11. O produto de dois ideais a, b em A é o conjunto ab =
{ xλ yλ : com xλ ∈ a, yλ ∈ b e a soma é finita}. Recursivamente defi-
nimos o produto de uma famı́lia finita de ideais. Assim an é o conjunto das
somas finitas onde as parcelas são x1 x2 · · · xn onde xi ∈ a.

O produto de ideais é um ideal.

Exemplo 7. 1. Se A = Z, a = mZ,, b = nZ então a + b = dZ onde


d = mdc(m, n). a ∩ b = lZ onde l = mmc(m, n). E ab = mnZ. Neste
caso ab = a ∩ b ⇐⇒ m, n são coprimos.

6
2. Seja A = k[x, y] e a = (x, y). Então an é o conjunto dos polinômios
que não têm termos de grau menor que n.
Em geral a união a ∪ b de dois ideais não é um ideal.
Teorema 1.9. 1. Sejam p1 , . . . pn ideais primos de um anel A e a um
ideal tal que a ⊂ ni=1 pi . Então a ⊂ pi para algum i.
S

2. Sejam a, b ideais e p ideal primo com (a ∩ b) ⊂ p. Então p ⊃ a ou


p ⊃ b. Se p = (a ∩ b), então p = a ou p = b.
Demonstração. Para provarmos (1) vamos mostrar por indução que
n
[
a * pi para 1 ≤ i ≤ n ⇒ a * p
i=1

. Para n = 1 a implicação vale. Suponha então que vale para n − 1 então


existem x1 , . . . , xn ∈ a com xi ∈/ pj para todo 1 ≤ j ≤ n, com i 6= j. Se existir
algum i com xi ∈ / pi então temos o que querı́amos. Se não então xi ∈ pi para
HO

todo i. Considere o elemento


n
UN

X
y= x1 · · · xbi · · · xn
SC

i=1

/ pi para 1 ≤ i ≤ n. Assim a * ni=1 pi .


S
temos que y ∈
RA

Agora para vermos (2) suponha que a * p e b * q daı́ existe x ∈ a e


y ∈ b com x, y ∈
/ p. Agora xy ∈ (a ∩ b) ⊂ p, o que contradiz a hipótese de p
ser primo.
Definição 12. Seja A um anel e a um ideal de A, o radical de a é definido
por √
a = {x ∈ A : xn ∈ a para algum n > 0}.

Proposição 1.10. 1. a ⊂ a.
p√ √
2. a = a.
√ √ √ √
3. ab = a ∩ b = a ∩ b.
√ q
√ √
4. a + b = a + b.

5. Se p é ideal primo, pn = p para todo n > 0.
Teorema 1.11. O radical do ideal a é a interseção de todos os ideais primos
que contém a

7
Definição 13. Dois ideais a, b são coprimos se a + b = (1).
Para ideais coprimos nós temos que a ∩ b = ab.
√ √
Teorema 1.12. Seja a, b ideais em um anel A tais que a, b são copri-
mos. Então a, b são coprimos.

2 O Espectro Primo de um Anel


2.1 O espectro primo de um anel
Definição 14. Seja A um anel, chamamos de Spec(A) (espectro primo de
A) ao conjunto de todos os ideais primos de A. Se ϕ : A → B é um homo-
morfismo de anéis definimos
Spec(ϕ) : Spec(B) → Spec(A)
q 7→ ϕ−1 (q)
Exemplo 8. (0) ⊂ Spec(A) se e somente se A é domı́nio.
HO

Exemplo 9. Se A é um Domı́nio Fatorial e x é irredutı́vel, então (x) é um


ideal primo.
UN

Exemplo 10. Se A é um Domı́nio de Ideais Principais, então


SC

Spec(A) = (0) ∪ {(x) : x é irredutı́vel}


RA

.
Deste modo
Spec(Z) = (0) ∪ {(p) : p é primo} (1)
Spec(C[X]) = (0) ∪ {(X − a) : a ∈ C} (2)
Exemplo 11. Se A é um DIP então todo ideal primo não nulo é maximal.
Exemplo 12. Se a é um ideal de A
Exemplo 13. Seja a um ideal de um anel A e ϕ : A → A/a o ho-
momorfismo canônico. Então o teorema da correspondência nos diz que
Spec(ϕ) : Spec(A/a) → Spec(A) é injetor com imagem dada pelos primos b
que contém a. Daı́ temos que:
Z
Spec( ) = {(p̄) : p primo, p|n}
nZ

C[X]
Spec( ) = {(X − a); (X − a)|f (X)}
(f (X))

8
Teorema 2.1. Para todo anel A existe um ideal maximal m ⊂ A. Como
consequência para todo ideal próprio a ( A, temos que a ⊂ m para algum m
maximal.

2.2 A topologia de Zariski


2.2.1 Espaços Topológicos
Definição 15. Seja X um conjunto e T = {Aλ : λ ∈ I} uma coleção de
subconjuntos de X para I um conjunto de ı́ncices quaisquer. Dizemos que o
par (X, T ) é um espaço topológico, para os abertos Aλ se:
(i) ∅ ∈ T e x ∈ T

S
(ii) Aα ∈ T para qualquer L ⊂ I. (Uniões quaisquer de abertos é um
α∈L
conjunto aberto).
HO

(iii) Se A ∈ T e B ∈ T então A ∩ B ∈ T . (Interseção finita de abertos é


um conjunto aberto).
UN

Chamamos o conjunto T de uma topologia para X.


SC

Exemplo 14. Tome X = R o conjunto dos números reais, seja


RA

T = {uniões de intervalos abertos}. Então temos que (R, T ) é um espaço


topológico.
Esta topologia tem uma propriedade interessante, é que se dermos x, y ∈
R com x 6= y então existem abertos A, B ∈ T com x ∈ A, y ∈ B e A ∩ B =
∅. Uma topologia que satisfaz essa condição é chamada de separável por
Hausdorff.
Definição 16. Seja (X, T ) um espaço topológico. Um conjunto F ⊂ X é
dito fechado se existe A ∈ T com F = X \ A.
Temos que um conjuto é fechado numa topologia se for o complentar de
um aberto. Usando as leis de De Morgan para conjuntos podemos enuciar
as propriedades para os conjuntos fechados em uma topologia.
Proposição 2.2. Seja (X, T )um espaço topológico e seja F = {F ∈ X :
F é fechado}. Então
(i) ∅ ∈ F e x ∈ F

9
T
(ii) α∈L Fα ∈ F para qualquer famı́lia {Fα }α∈L em F. (Interseções quais-
quer de fechado é um conjunto fechado).

(iii) Se A ∈ F e B ∈ F então A ∩ B ∈ T . (União finita de fechados é um


conjunto fechado).

Demonstração. Basta usar as leis de De Morgan:

(A ∪ B)c = Ac ∩ B c
(A ∩ B)c = Ac ∪ B c

Esta proposição implica que para definirmos uma topologia em um con-


junto X podemos começar dizendo quem são os conjuntos fechados satis-
fazendo as condições da proposição. Assim os conjuntos abertos serão os
complementares dos fechados.
HO

2.2.2 Topologia de Zariski


UN

Teorema 2.3. Para cada subconjunto E de A, seja V (E) o conjunto de todos


SC

ideais primos de A que contem E.



RA

(i) Se a é o ideal gerado por E, então V (E) = V ((a)) = V ( a)

(ii) V ({0}) = Spec(A), V ({1}) = ∅.

(iii) Se {Eλ }λ∈L é uma famı́lia de subconjuntos de A, então


!
[ \
V Eλ = V (Eλ )
λ∈I λ∈I
.

(iv) V (a ∩ b) = V (ab) = V (a) ∪ V (b) para qualquer a, b de A.

Demonstração. Primeiro note que V reverte inclusões, isto é, paraF ⊂ E ⊂


A temos que V (E) ⊂ V (F ). De fato, se p ∈ V (E) então p ⊃ E ⊃ F , logo
p ∈ V (F ).
Então para provarmos (1), já que E ⊂ a = (E) então V (a) ⊂ V (E).
Recı́procamente tome p ∈ V (E), então E ⊂ p como a = (E) é o menor
ideal que contém E então
√ a ⊂ p, e daı́ p ∈ V (a). Agora
√ para √ provarmos a
igualdade V (a) = V ( a) , temos primeiro que a ⊂ a daı́ V ( a) ⊂ V (a).

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Agora tome p ∈ V (a) então
√ a ⊂ p, se t√∈ a então tn ∈ a ⊂ p para algum
n > 0, logo t ∈ p. Daı́ a ⊂ p e p ∈ V ( a).
Agora temos que (0) ⊂ p para todo ideal p. Daı́, V (0) = Spec(A). Agora
se 1 ∈ p então p = A, logo p não é primo. Temos que V (1) = ∅. Provamos
(ii). S  S
p∈V λ∈L Eλ ⇔ λ∈L Eλ ⊂ T p ⇔ Eλ ⊂ p, para todo λ ∈ L ⇔ p ∈
V (Eλ ), para todo λ ∈ L ⇔ p ∈ V ( λ∈L Eλ ). Provando (iii)
Para provarmos (iv) observamos que ab ⊂ a ∩ b segue que V (a ∩ b) ⊂
V (ab). Agora temos que se p ∈ V (ab) então ab ⊂ p Seja t ∈ a ∩ b, daı́
t2 ∈ ab ⊂ p daı́ t ∈ p pois p é primo. Portanto temos a igualdade V (ab) =
V (a ∩ b). Agora temos que a ∩ b ⊂ a e a ∩ b ⊂ b portanto V (a) ⊂ V (a ∩ b) e
V (b) ⊂ V (a∩b) e daı́ (V (a)∪V (b)) ⊂ V (a∩b). Por outro lado se p ∈ V (a∩b)
então (a ∩ b) ⊂ p pelo 1.9 a ⊂ p ou b ⊂ p então p ∈ V (a) ou p ∈ V (b). Logo
V (a ∩ b) ⊂ (V (a) ∪ V (b)).

Este teorema mostra que os conjuntos V (E) satisfazem as condições para


conjuntos fechados em um espaço topológico. A topologia de Spec(A) dada
HO

pelos fechados V (E) é chamada de Topologia de Zariski


UN

Proposição 2.4. Dado t ∈ A seja Xt = [V (t)]c , então os conjuntos Xt são


abertos e formam uma base para a topologia de Zariski em Spec(A)
SC
RA

Demonstração. Vamsos mostrar que os conjuntos Xt , para t ∈ A formam


uma base para a topologia de Zariski em Spec(A). Dado X um aberto de
Spec(A) então X = Spec(A) \ V (a) para algum a ∈ Spec(A). Então
" !#c " #c
[ \ [ [
X= V {t} = V (t) = V (t)c = Xt
t∈a t∈a t∈a t∈a

Proposição 2.5. Os abertos Xt gozam das seguintes propriedades:

1. Xt ∩ Xv = Xtv

2. Xt = ∅ ⇔ t é nilpotente.

3. Xt = Spec(A) ⇔ t é uma unidade.


p p
4. Xt = Xv ⇔ (t) = (v).

5. Spec(A) é quasi-compacto (isto é, toda cobertura de Spec(A) por aber-


tos tem uma subcobertura finita).

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6. Mais geralmente, cada Xt é quasi-compacto.

7. Um aberto de Spec(()A) é quasi-compacto se e somente se é uma união


finita de conjuntos Xt .

Demonstração. 1. Xt ∩ Xv = V (t)c ∩ V (v)c = [V (t) ∪ V (v)]c =


[V ((t)(v))]c = [V (tv)]c = Xtv .

2. Xt = ∅ ⇔ V (t)c = ∅ ⇔ V (t) = Spec(A) ⇔ t ∈ R. Pelo teorema 1.7


(onde R é o nilradical de A).

3. Xt = Spec(A) ⇔ V (t) = ∅ ⇔ ∀p ∈ Spec(A), t ∈ / p ⇔ t ∈ /


p para p maximal ⇔ (p, (t)) = (1), para todo p maximal ⇔
t é uma unidade.
S
4. Seja {Xi }i∈L uma coleção de abertos com i∈L Xti = Spec(A) Temos
que
S S c
T c  S c
Spec(A)
S =  i∈L X ti
= Si∈L [V (ti )] = i∈L V (ti ) = V i∈L {ti } ⇔
VS i∈L {ti} = ∅ P ⇒ i∈L {ti } * p, para p maximal ⇒ (1) =
HO

n
i∈L {xi } ⇒ 1 = para i1 , . . . , in ∈ L com vj ∈ A ⇔ (1) =
j=1 vj tij 
UN

Sn  T
(ti1 , . . . , tin ) ⇔ ∅ = V (1) = V t
j=1 ji = nj=1 V (tij ) ⇔ Spec(A) =
hT ic S
SC

n
j=1 V (tij ) = nj=1 Xtij
RA

S
5. Seja Xt = i∈L Xti é uma cobertura aberta de Xt , podemos com-
pletar esta cobertura até termos uma  cobertura de Spec(A). Assim
S  S
Spec(A) = i∈L Xti ∪ j∈L0 Xtj como Spec(A) é quasi-compacto
S  S 
n m
temos uma subcobertura finita, Spec(A) = X ti ∪ X tj
hS l=1  l S l=1 il
n m
o que implica que Xt = Spec(A) ∩ Xt = Xtil ∪ Xtjl ∩
S  S  l=1  l=1 
n m S n S m
Xt = l=1 X til ∩ X t ∪ l=1 X tjl ∩ X t = l=1 X til ·t ∪ l=1 X tjl ·t
que é uma cobertura finita de Xt .

Por razões psicológicas, as vezes é conveniente denotar um ideal primo de


A com a letra x ou y pensando em um ponto de Spec(A). Quando pensarmos
em x como um ideal primo de A, denotamos por px . É claro que x e px é a
mesma coisa.

Proposição 2.6. 1. O conjunto {x} é fechado em Spec(A) se e somente


se px é maximal.

12
2. {x} = V (px ).

3. y ∈ {x} ⇔ px ⊂ py .

4. Spec(A) é um espaço T0 ( Isto é, para x, y pontos distintos de


Spec(A) 6= ∅, então ou existe um aberto contendo x e que não contenha
y, ou existe um aberto contendo y que não contenha x).

Demonstração. 1. se {x} = V (a) para algum a ideal de A. Temos que


a ⊂ m para algum ideal maximal m. Logo px = m. Agora se px é
maximal então V (px ) = x.

2. {x} ⊂ V (px ) ⇒ {x} ⊂ V (px ). Se {x} ⊂ V (a) então para y ∈ V (px )


temos que a ⊂ px ⊂ py Daı́ y ∈ V (a). Assim temos que V (px ) é o
menor fechado que contém x.

3. Consequência imediata do item anterior.

4. Sejam x 6= y em Spec(A), então px 6= py . Isto é ou px * py ou py * px ,


HO

/ V (px ) = {y} ou x ∈
então y ∈ / V (px ) = {x}. Daı́ x ∈ [{x}]c ou
c
y ∈ [{x}] .
UN
SC
RA

13

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