Você está na página 1de 62

Anotações sobre somatórios


Rodrigo Carlos Silva de Lima

rodrigo.uff.math@gmail.com

2
Sumário

1 Somatórios 5
1.1 Operador diferença ∆ e E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.1 Delta de Kronecker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Potência fatorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Definição de somatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3.1 Soma vazia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.2 Conceito de não somar ou somar 0 vezes. . . . . . . . . . . . . . 10
1.3.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.4 Somatório no conjunto dos inteiros estendidos . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.1 Somatório com limites no infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4.2 Notação compacta versus reticências . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.5 Números de Stirling do segundo tipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.6 Primeiras técnicas de Somatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.6.1 Soma telescópica ou soma da diferença . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.6.2 Soma da k-ésima diferença . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.6.3 Compatibilidade da soma telescópica com definição de somatório 41
1.6.4 Definição por meio de integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.6.5 Diferença do somatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.6.6 Teorema de Cantor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.7 Primitiva finita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
1.8 Números de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
1.8.1 Deduzindo uma fórmula para soma de potências usando números
de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
1.9 Fórmula de soma de Euler-Maclaurin. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

3
4 SUMÁRIO

1.10 Números Eulerianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55


1.11 Fórmula de Interpolação de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Capı́tulo 1

Somatórios

"Portanto, quem possua a noção sem a experiência, e conheça o universal


ignorando o particular nele contido, enganar-se-á muitas vezes no tratamento,
porque o objeto de cura é, de preferência o singular"
Aristóteles.

Esse texto ainda não se encontra na sua versão final, sendo, por enquanto, cons-
tituı́do apenas de anotações informais. Sugestões para melhoria do texto, correções
da parte matemática ou gramatical eu agradeceria que fossem enviadas para meu
Email rodrigo.uff.math@gmail.com.

1.1 Operador diferença ∆ e E


O operador diferença é de fundamental importância no tratamento de somatórios,
com ele expressamos a propriedade que veremos ainda nesse texto que é chamada
de soma telescópica, com a qual é possı́vel descobrir fórmulas fechadas para alguns
somatórios.

m Definição 1 (Operador diferença). Dada uma função f : R → R definimos o

5
6 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

operador ∆ que leva uma função f : R → R em uma função ∆f : R → R dada por

∆f(x) := f(x + 1) − f(x).

m Definição 2 (Potências de ∆). Definimos

∆0 f(x) = f(x)

∆n+1 f(x) = ∆n f(x + 1) − ∆n f(x)

para n natural.

m Definição 3 (Operador E.). Dado h ∈ R definimos o operador Eh que leva


funções f : R → R em uma função Eh fR → R, dada por

Eh f(x) = f(x + h).

Observe que ∆f(x) = f(x + 1) − f(x) então escrevemos ∆ = E − 1.

1.1.1 Delta de Kronecker

m Definição 4 (Delta de Kronecker). Dados a, b em um conjunto qualquer A


não vazio, definimos a função δ : A × A → R como

δ(a,b) = 0

se a 6= b.
δ(a,b) = 1

se a = b.

1.2 Potência fatorial


1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 7

m Definição 5 (Potência fatorial ). Definimos a potência fatorial de passo h e


expoente n e base x como
Y
n−1
(n,h)
x = (x − kh)
k=0

com n ∈ Z, x, h ∈ R (desde que não haja divisão por zero) .

Com n = 0 usamos o produto vazio

Y
−1
(0,h)
x = (x − kh) = 1.
k=0

Usaremos em especial o caso de h = 1

Y
n−1
(n,1)
x = (x − k).
k=0

b Propriedade 1. Vale a propriedade

∆(ax + b)(p+1, a) = a(p + 1)(ax + b)(p, a)

para p inteiro.

1.3 Definição de Somatório


Vamos começar definindo somatório recursivamente.

m Definição 6 (Somatório). Condição inicial:

X
s
f(k) = f(s) ∀ s ∈ Z.
k=s

Recorrência:
X
b X
p
X
b
f(k) = f(k) + f(k)
k=a k=a k=p+1

com b, p, a ∈ Z arbitrários .
8 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

A função f deve ser uma função definida num conjunto que contenha Z em
geral nesse texto vamos considerar f definida em Z ou em R assumindo valores
num conjunto A munido de uma adição +, que possua as propriedades comutativa

a + b = b + a,

associativa
(a + b) + c = a + (b + c),

existência de elemento neutro 0

a+0=a

e existência de inverso aditivo para cada elemento do conjunto

a−a=0

onde a, b e c são elementos arbitrários do conjunto A. Tais propriedades dizem


que (A, +) é um grupo abeliano. A poderia ser , por exemplo , o conjunto dos
números complexos C , o conjunto dos números reais R , ou dos inteiros Z. Na
maioria dos casos iremos considerar f : Z → R.
X
b
Em f(k) chamamos o número a de limite inferior do somatório o número b de
k=a
limite superior, f(k) é chamado termo do somatório ou somando e k de argumento,
ı́ndice, variável ou variável indexadora, nesse caso diremos que estamos aplicando
Xb
o somatório de f(k) com k variando de a até b. Podemos escrever também f(k)
a
X
b
para simbolizar f(k), quando ficar claro que k está variando.
k=a
O somatório definido acima representa formalmente a soma

f(a) + f(a + 1) + ... + f(b − 1) + f(b)

quando b ≥ a. Essa notação para somatórios é chamada de notação sigma, a letra


X
é a uma letra grega maiúscula que é corresponde a nossa letra S o que pode
naturalmente nos lembrar a palavra soma , tal notação foi introduzida por Joseph
1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 9

Fourier ( 1768 -1830) em 1820 .


Alguns autores usam o ı́ndice i, (talvez por lembrar ı́ndice) no somatórios e
produtórios , normalmente não usaremos ı́ndice i, deixando essa letra reservada para
a unidade imaginária i dos números complexos, também, em geral, não usaremos
ı́ndice n, pois deixaremos essa letra reservada para o limite superior da soma.

1.3.1 Soma vazia

$ Corolário 1 (Soma vazia). Da definição


X
b X
p
X
b
f(k) = f(k) + f(k),
k=a k=a k=p+1

tomando p = a − 1

X
b X
a−1 X
b
f(k) = f(k) + f(k)
k=a k=a k=a

X
a−1
concluı́mos que f(k) = 0, essa soma é chamada de soma vazia.
k=a

Uma motivação de chamar tal soma de vazia é a seguinte, podemos definir soma
sobre um conjunto A finito, tendo f : A → B ⊂ C.
De forma que se temos A = F ∪ G e F ∩ G = ∅, onde tal decomposição é chamada
de partição de A, vale

X X X
f(k) = f(k) + f(k)
k∈A k∈F k∈G

porém podemos tomar uma partição trivial que é A = A ∪ ∅, daı́


X X X
f(k) = f(k) + f(k)
k∈A k∈A k∈∅

X
para que a soma não se altere devemos tomar f(k) = 0 para qualquer função f.
k∈∅
Podemos definir
X
n X
f(k) = f(k)
k=1 k∈In
10 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

onde In = {1 ≤ k ≤ n, k ∈ N}, com n = 0 tal conjunto é vazio I0 = {1 ≤ k ≤ 0, k ∈


N}, logo a soma fica sobre um conjunto vazio, que é nula. Não vamos usar essa
interpretação para n < 0, apresentamos esse conceito apenas para dar uma ideia de
onde pode surgir o nome, soma vazia .

1.3.2 Conceito de não somar ou somar 0 vezes.


X
n
Z Exemplo 1. Considere y = b. f(k).
k=1

• Se n = 1, somamos b por f(1), temos uma operação de adição.

• Se n = 2 somamos b por f(1) e depois o resultado por f(2), temos duas


operações de adição.

• Em geral, com n > 0, temos n operações de adição, de b com f(1), f(2), · · · , f(n).

• Tentamos estender esse conceito para n = 0, onde terı́amos 0-adições, vamos


interpretar tal conceito como tomar o número b e não somar b , por qualquer
que seja o número, isto é, mantemos o número b inalterado, o que equivale
a somar o número com 0, pois 0 é o elemento neutro da adição.

Com isso damos uma ideia intuitiva de

Y
0
f(k) = 1.
k=1

Essa é a interpretação que damos ao produto vazio, a ideia de não multiplicar,


ou multiplicar "0 vezes"é equivalente a multiplicar o número por 1 o que não
altera o resultado, pois é o elemento neutro da multiplicação .

$ Corolário 2 (Abrindo o limite superior). Tomando p + 1 = b na recorrência


tem-se
1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 11

X
b X
b−1 X
b X
b−1
f(k) = f(k) + f(k) = f(k) + f(b)
k=a k=a k=b k=a

X
b X
b−1
f(k) = f(k) + f(b).
k=a k=a

$ Corolário 3 (Soma com limite superior menor que limite inferior). Na propri-
edade
X
p
X
b X
p
f(k) = f(k) + f(k),
k=a k=a k=b+1

tomamos p = a − 1, daı́

X
a−1 X
b X
a−1
f(k) = 0 = f(k) + f(k)
k=a k=a k=b+1
logo
X
b X
a−1
f(k) = − f(k).
k=a k=b+1

Z Exemplo 2.
X
−3 X
0
f(k) = − f(k) = −f(−2) − f(−1) − f(0).
k=1 k=−2

A definição de somatório usando a recorrência

X
b X
p
X
b
f(k) = f(k) + f(k)
k=a k=a k=p+1

é similar a propriedade de integral


Zc Zb Zc
f(x)dx = f(x)dx + f(x)dx.
a a b

Nesta propriedade de integral se tomamos, b = a, ficamos com


Zc Za Zc
f(x)dx = f(x)dx + f(x)dx
a a a
12 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

Za X
a−1
então devemos ter f(x)dx = 0 cuja propriedade similar para somatório é f(k) =
a k=a
0. Tomando c = a na primeira identidade de integral tem-se
Za Zb Za
f(x)dx = 0 = f(x)dx + f(x)dx
a a b
Zb Za X
b
logo f(x)dx = − f(x)dx que temos propriedade similar no somatório f(k) =
a b k=a
X
a−1
− f(k).
k=b+1
Vejamos alguns exemplos de somatórios.

Z Exemplo 3.
X
a+1 X
a
f(k) = f(k) + f(a + 1) = f(a) + f(a + 1)
k=a k=a

X
a+2 X
a+1
f(k) = f(k) + f(a + 2) = f(a) + f(a + 1) + f(a + 2)
k=a k=a

Um exemplo com números

Z Exemplo 4.
X
3 X
2 X
1 X
0
f(k) = f(k) + f(3) = f(k) + f(2) + f(3) = f(k) + f(1) + f(2) + f(3)
k=−2 k=−2 k=−2 k=−2

X
−1 X
−2
= f(k) + f(0) + f(1) + f(2) + f(3) = f(k) + f(−1) + f(0) + f(1) + f(2) + f(3) =
k=−2 k=−2

= f(−2) + f(−1) + f(0) + f(1) + f(2) + f(3).

Propriedades do somatório.

As propriedades nesta seção são as propriedades básicas para manipulação de


somas, sendo que a maioria - se não todas - as outras propriedades neste texto são
decorrentes delas. Faremos também analogias entre somas e integrais, mostrando
que as propriedades são similares.
1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 13

Vamos então enunciar e demonstrar as propriedades básicas de somatório que


serão usadas nesse texto!As demonstrações mais básicas serão feitas usando indução,
iremos sempre manipular os somatórios a partir da definição por recorrência, não
usaremos reticências para simbolizar os somatórios.

b Propriedade 2 (Variável muda).

X
b X
b
f(k) = f(y)
k=a y=a

Se os somatórios estão sendo tomados em limite iguais e com a mesma função,


não importa o sı́mbolo usado para a variação, as somas são iguais. No cálculo
temos que a integral tem variável muda
Zb Zb
f(x)dx = f(y)dy
a a

Iremos demonstrar as propriedades para b ≥ a primeiro, por indução e depois usar


Xb X
a−1
esse resultado para provar com b < a, usando a identidade f(k) = − f(k).
k=a k=b+1

b Propriedade 3 (Mudança de variável).

X
b X
b+t
f(k) = f(k − t)
k=a k=a+t

sendo t um número inteiro.


ê Demonstração.
Demonstração por indução. para b = a temos

X
a X
a+t
f(k) = f(a) = f(k − t) = f(a + t − t) = f(a)
k=a k=a+t

vamos tomar por hipótese a validade para b = a + p

X
a+p
X
a+p+t
f(k) = f(k − t)
k=a k=a+t
14 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

e provar para b = a + p + 1
a+p+1 a+p+1+t
X X
f(k) = f(k − t)
k=a k=a+t

pela definição temos


a+p+1
X X
a+p
X
a+p+t
f(k) = f(k) + f(a + p + 1) = f(k − t) + f(a + p + 1 + t − t)
k=a k=a k=a+t

a+p+t+1
X
= f(k − t).
k=a+t
Se algum número inteiro é somado aos limites do somatório o mesmo número
deve ser subtraı́do na função que é somada, por exemplo, se esta tomando somatório
sobre uma função f(k) com k variando de a até b, se somar um número t ficando
com somatório de a + t até b + t deve-se subtrair esse número t da função que está
sendo somada, ficando f(k − t) para que o somatório continue igual.
X
b X
b+t
f(k) = f(k − t).
k=a k=a+t

Provamos agora essa propriedade no caso b < a


X
b X
a−1 X
a− 1+t X
b+t
f(k) = − f(k) = − f(k − t) = f(k − t)
k=a k=b+1 k=b+1+t k=a+t

logo vale
X
b X
b+t
f(k) = f(k − t).
k=a k=a+t
No caso vazio essa propriedade também se verifica pois
X
a−1 X
a− 1+t
f(k) = 0 = f(k − t).
k=a k=a+t

Com integrais essa propriedade se verifica


Zb Z b+p
f(x)dx = f(x − p)dx.
a a+p

Que pode ser demonstrada por mudança de variável na integral. Tome y = x − p,


temos dy = dx e com x = b + p fica y = b, com x = a + p fica y = a, escrevemos
Zb Zb
f(x)dx = f(y)dy.
a a

Como a variável de integração é muda temos a mesma integral.


1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 15

m Definição 7. Seja x um número real qualquer e n um número inteiro,


definimos

X
x+n
f(k)
k=x

por meio da mudança de variável de subtrair x dos limites

X
x+n X
n X
n
f(k) := f(k + x) = g(k).
| {z }
k=x k=0 k=0
g(k)

X
b
No caso de termos um somatório f(k), podemos subtrair a dos limites e
k=a
chamar b − a = n
X
b−a X
n
f(k + a) = g(k)
| {z }
k=0 k=0
g(k)

então sempre podemos fazer essa transformação, simplificando um pouco os


ı́ndices do somatório, iremos demonstrar as propriedades para a soma na forma
X n
g(k), por indução sobre n.
k=0

Linearidade

Um operador T é linear quando faz

T [af(x) + bg(x)] = aTf(x) + b.Tg(x)

vamos mostrar que o somatório é linear


No cálculo temos que a integral é linear
Zc Zc Zc
af(x) + bg(x)dx = a f(x)dx + b g(x)dx.
d d d

Sendo f(x) e g(x) integráveis em [d, c] e a e b constantes.


16 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

b Propriedade 4 (Linearidade do somatório).

X
n X
n X
n
[af(k) + bg(k)] = a [f(k)] + b [g(k)].
k=0 k=0 k=0

ê Demonstração.
Por indução sobre n. Para n = 0 temos
X
0 X
0 X
0
[af(k) + bg(k)] = a [f(k)] + b [g(x)] =
k=0 k=0 k=0

= af(0) + bg(0)
onde foi aplicada a definição aos dois termos.
Hipótese da indução, para n − 1
X
n−1 X
n−1 X
n−1
[af(k) + bg(k)] = a [f(k)] + b [g(k)].
k=0 k=0 k=0

Vamos provar para p = n

X
n X
n−1 
[af(k) + bg(k)] = [af(k) + bg(k)] + af(n) + bg(n) =
k=0 k=0
pela hipótese de indução segue
X
n−1 X
n−1
=a [f(k)] + b [g(k)] + af(n) + bg(n) =
k=0 k=0

 Xn−1   Xn−1 
= a [f(k)] + af(n) + b [g(k)] + bg(n) =
k=0 k=0
X
n−1  X
n−1 
=a [f(k)] + f(n) + b [g(k)] + g(n) =
k=0 (k=0)
X
n  X
n 
=a f(k) + b g(k) .
k=0 k=0
Agora para n < 0 temos
X
n X
−1 X
−1 X
−1 X
n X
n
[af(k)+bg(k)] = − [af(k)+bg(k)] = −a f(k)−b g(k) = a f(k)+b g(k).
k=0 k=n+1 k=n+1 k=n+1 k=0 k=0
No caso vazio
X
−1 X
−1 X
−1
[af(k) + bg(k)] = 0 = a f(k) + b g(k).
k=0 k=0 k=0
1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 17

$ Corolário 4. Vale que


X
b
0=0
k=a

para todos b, a ∈ Z, pois pela linearidade

X
b X
b X
b
0= 0 .0 = 0 . 0 = 0.
k=a k=a k=a

b Propriedade 5 (Comutatividade-Soma de linhas e colunas). Os somatórios


comutam, não importa a ordem em que se aplica dois somatórios o resultado é
sempre o mesmo.

X
b X d X
d X b
[ f(k, p)] = [ f(k, p)]
k=a p=c p=c k=a

ê Demonstração. Vamos provar por indução, tomando d = c + t e induzindo


sobre t. Para t = 0 temos
X
b X c X
b X
c X b X
b
[ f(k, p)] = [f(k, c)] = [ f(k, p)] = [f(k, c)]
k=a p=c k=a p=c k=a k=a

tomando a validade para t, vamos mostrar válida para t + 1

X
b X c+t X
c+t Xb
[ f(k, p)] = [ f(k, p)]
k=a p=c p=c k=a

temos que mostrar


X X1
b c+t+ X1 X
c+t+ b
[ f(k, p)] = [ f(k, p)]
k=a p=c p=c k=a

Aplicando a definição de somatório

X1
c+t+ X
b X
c+t Xb X
b
[ f(k, p)] = [ f(k, p)] + f(k, t + 1)]
p=c k=a p=c k=a k=a

aplicando a comutatividade da hipótese

X
b X c+t X
b
= [ f(k, p)] + f(k, t + 1)]
k=a p=c k=a
18 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

agora pela linearidade do somatório


X
b X c+t X X1
b c+t+
[ f(k, p)] + f(k, t + 1)] = [ f(k, p)].
k=a p=c k=a p=c

Para valores d < c a identidade também vale pois


X
b X
d X
b X
c−1 X
c−1 X
b X
d X
b
f(k, p) = (− f(k, p)) = − f(k, p) = f(k, p).
k=a p=c k=a p=d+1 p=d+1 k=a p=c k=a

Se a soma é vazia a propriedade também é verdadeira pois


X
b X
d X
b X
d X
b
f(k, p) = 0=0= f(k, p).
k=a p=c k=a p=c k=a

No cálculo temos o análogo , Teorema de Fubini


Seja f(x, y) integrável no retângulo R = {(x, y) ∈ R2 |a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d}.
Zb Zd
Supondo que f(x, y)dx exista, para todo y ∈ [c, d], e que f(x, y)dy exista para
a c
todo x ∈ [a, b]. Então
ZZ Zd  Zb  Zb  Zd 
f(x, y)dxdy = f(x, y)dx dy = f(x, y)dy dx.
R c a a c
Com essas condições as integrais comutam.
A propriedade de comutatividade de somatórios garante que a soma dos elementos
percorrendo todas as linhas de uma matriz n × m tem o mesmo resultado que a soma
dos elementos percorrendo todas as colunas.
 
f(1, 1) f(1, 2) f(1, 3) · · · f(1, m)
 
 f(2, 1) f(2, 2) f(2, 3) · · · f(2, m) 
.. .. .. ..
 
 

 . . . ··· . 

f(n, 1) f(n, 2) f(n, 3) · · · f(n, m)
X
n X
m X
m X
n
f(k, p) = f(k, p)
k=1 p=1 p=1 k=1

X
m X
m X
m X
n X
n X
n
f(1, p) + f(2, p) + · · · + f(n, p) = f(k, 1) + f(k, 2) + · · · f(k, m)
p=1 p=1 p=1 k=1 k=1 k=1

em cada parcela da primeira soma a linha está fixa e a coluna varia, na segunda
soma a coluna está fixa e a linha varia.
1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 19

b Propriedade 6 (produto por −1). Essa propriedade diz que podemos multipli-
car os limites do somatório por −1, ficando então com limites trocados , simétricos
e o argumento da função multiplicado por −1

X
b X
−a
f(k) = f(−k)
k=a k=−b

ê Demonstração. Por indução, para b = a temos


X
a X
−a
f(k) = f(a) = f(−k) = f(a)
k=a k=−a

tomando como hipótese a validade para b


X
b X
−a
f(k) = f(−k)
k=a k=−b

vamos provar para b + 1


X
b+1 X
−a
f(k) = f(−k).
k=a k=−b−1
Pela definição e pela recorrência temos
X
b+1 X
b X
−a X1
−b− X
−a X
−a
f(k) = f(k)+f(b+1) = f(b+1)+ f(−k) = f(−k)+ f(−k) = f(−k).
k=a k=a k=−b k=−b−1 k=−b k=−b−1

Agora para b < a, com b = a − 1 vale a propriedade


X
a−1 X
−a
f(k) = 0 = f(−k)
k=a k=−a+1

e com b < a − 1
X
b X
a−1 X1
−b+ X
−a
f(k) = − f(k) = f(−k) = f(−k).
k=a k=b+1 k=−a+1 k=−b
Com integrais temos a mesma propriedade
Zb Z −a
f(x)dx = f(−x)dx
a −b

Sendo a função f(x) integrável no intervalo [a, b]. Demonstração por mudança de
variável: Tome y = −x, com isso temos que quando x = −a ,y = a e quando x = −b,
dy
y = b e temos ainda = −1, dx = −dy, ficamos então com a integral
dx
Zb Za
f(x)dx = − f(y)dy.
a b
Que por definição é verdadeira (do cálculo).
20 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

$ Corolário 5. Vale que


X
n X
p
ap−k = ak ,
k=0 k=p−n

pois , primeiro multiplicando o ı́ndice por −1 tem-se

X
n X
0
ap−k = ap+k =
k=0 k=−n

agora somando p aos limites tem-se finalmente

X
0 X
p
= ap+k = ak ,
k=−n k=p−n

de onde segue a igualdade.

$ Corolário 6 (Troca de ordem).


X
b X
b
f(k) = f(a + b − k)
k=a k=a

ê Demonstração. Essa propriedade decorre das propriedades de mudança de ordem


e produto por (−1),então vamos a demonstração. Temos que

X
b X
−a
f(k) = f(−k)
k=a k=−b

fazendo uma mudança de variável no segundo somatório , somando a+b aos limites,
ficamos com
X
b X
b X
b
f(k) = f(−(k − a − b)) = f(a + b − k)
k=a k=a k=a

logo
X
b X
b
f(k) = f(a + b − k)
k=a k=a

X
b X
b
f(a + b − k) − f(k) = 0 = f(k) − f(a + b − k) .
k=a k=a
1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 21

A troca de ordem, diz que podemos somar de ’frente para trás’ e de trás para
frente, que o resultado é o mesmo

a1 + a2 + · · · + an = an + an−1 + · · · + a1 .

Troca de ordem em integrais


É uma propriedade que também é corolário do produto por −1 nos limites e da
mudança de variável por soma nos limites. Vejamos, temos
Zb Z −a
f(x)dx = f(−x)dx
a −b

somando a + b aos limites ficamos com


Zb Z −a+a+b Zb
f(x)dx = f(a + b − x)dx = f(a + b − x)dx.
a −b+a+b a

b Propriedade 7 (Revertendo a ordem -Soma de elementos de uma matriz


triangular superior). Vale a propriedade

X
n X
k X
n X
n
f(k, j) = f(k, j).
k=a j=a j=a k=j

ê Demonstração. Definimos g(k, j) = 0 se j > k e g(k, j) = f(k, j) caso contrário,


daı́ completamos a soma

X
n X
k X
n X k X
n X
n X
n
f(k, j) = ( g(k, j) + g(k, j)) = g(k, j) =
k=a j=a k=a j=a j=k+1 k=a j=a

trocando a ordem da soma


j−1
X
n X
n X
n X X
n
= g(k, j) = ( g(k, j) + g(k, j)) =
j=a k=a j=a k=a
| {z } k=j
0

X
n X
n
= g(k, j) .
| {z }
j=a k=j
f(k,j)

Caso especial se a = 0

X
n X
k X
n X
n
f(k, j) = f(k, j).
k=0 j=0 j=0 k=j
22 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

A identidade
X
n X
k X
n X
n
a(k, j) = a(k, j)
k=1 j=1 j=1 k=j

pode ser interpretada como a soma dos elementos de uma matriz triangular superior
 
a(1,1) a(2,1) a(3,1) · · · a(n,1)
 

 0 a(2,2) a(3,2) · · · a(n,2) 

0 0
 
 a(3,3) · · · a(n,3) 
.. .. .. ..
 
. . . .
 

 ··· 

0 0 0 0 a(n,n)
na primeira soma fixamos a linha e somamos os elementos das colunas, na segunda
fixamos a coluna e somamos os elementos da linha.
No cálculo de integrais temos resultado similar
Zn Zx Zn Zn
f(x, y)dydx = f(x, y)dxdy.
a a a y

1.3.3 Exercı́cios

1. Calcule as somas numericamente pela definição de somatório:

X
5
(a) (−1)k
k=1

X7
1
(b)
k=4
k

X
3
(c) 1
k=−7

X
3
(d) k, para n ≥ 0, inteiro.
k=−3

(e) Todo número real pertence a um e somente um intervalo do tipo [n, n + 1),
onde n é inteiro, a cada real nesse intervalo associamos o número n pela
X
4

função bxc = n, que é chamada de função piso. Calcule a soma b kc.
k=1
1.3. DEFINIÇÃO DE SOMATÓRIO 23

X
100
(f) Calcule k. O matemático Gauss teria calculado essa soma com 10 anos
k=1
de idade sem nenhum cálculo.

2. Demonstre as propriedades usando a definição recursiva de somatório.

X
b X
b X
b
(a) Linearidade (cg(k) + df(k)) = c g(k) + d f(k)
k=a k=a k=a

X
b X
d X
d X
b
(b) Comutatividade f(k, p) = f(k, p)
k=a p=c p=c k=a

X
c X
b X
c
(c) Recorrência f(k) = f(k) + f(k)
k=a k=a k=b+1

X
b X
b+t
(d) Mudança de variável f(k) = f(k − t)
k=a k=a+t

X
b X
−a
(e) Produto por −1 f(k) = f(−k)
k=a k=−b

X
b X
b
(f) Troca de ordem f(k) = f(a + b − k)
k=a k=a

X
n X
k X
n X
n
(g) Reverter ordem da soma f(k, j) = f(k, j).
k=a j=a j=a k=j

3. Demonstre usando as propriedades anteriores

(a) Demonstre
Xb
f(k + 1) − f(k) = f(b + 1) − f(a).
k=a
Essa propriedade é chamada de soma telescópica e f(k + 1) − f(k) pode ser
denotado como ∆f(k) = f(k + 1) − f(k), f(b + 1) − f(a) pode ser escrito como
Xb
b+1 1
f(k)|a , então a propriedade pode ser escrita ∆f(k) = f(k)|b+
a .
k=a

X
b
1 X
b
(b) f(k) = [f(a + b − k) + f(k)].
2
k=a k=a

X
n
(c) Se f é uma função ı́mpar então f(k) = 0
k=−n
24 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

X
n X
n
(d) Se f é uma função par então f(k) = f(0) + 2 f(k).
k=−n k=1

(e) A função delta de kronecker é definida como



0 se n 6= k
δ(n,k) =
1 se n = k

Demonstre que se n é um número tal que a ≤ n ≤ b, n ∈ Z então

X
b
f(k)δ(n,k) = f(n).
k=a

1.4 Somatório no conjunto dos inteiros estendidos

X
b X
s X
b
f(x) = f(k) + f(k).
k=a k=a k=s+1

Com s ≥ a, b ≥ s + 1, b, a, s ∈ Z e com condição inicial

X
c
f(k) = lim f(k).
k−→c
k=c

Podemos ver agora somatórios com limites no infinito.

1.4.1 Somatório com limites no infinito

Somatório com limite superior no infinito


Vamos tomar o somatório com limite superior infinito e limite inferior inteiro.

X
∞ X
s X

f(k) = f(k) + f(k).
k=a k=a k=s+1

Para todo s ≥ a, pois temos ∞ ≥ s + 1 para todo s + 1 ∈ Z , logo podemos tomar s


tão grande quanto quisermos, que o somatório "não se esgota", podendo continuar
abrindo em quantidades de termos cada vez maiores.
Dizemos que o somatório converge para uma valor u real qualquer quando

X
n
lim f(k) = u
n−→∞
k=a
1.4. SOMATÓRIO NO CONJUNTO DOS INTEIROS ESTENDIDOS 25

e escrevemos
X

f(k) = u
k=a

Agora se temos s = ∞, s+ 1 = ∞, pelas regras nos inteiros estendidos, escrevemos


então o somatório aberto como
X
∞ X
∞ X

f(k) = f(k) + f(k).
k=a k=a k=∞

Usando a definição de que


X

f(k) = lim f(k)
k−→∞
k=∞

Chegamos ao resultado

X
∞ X

f(k) = f(k) + lim f(k).
k−→∞
k=a k=a

Se o somatório infinito converge a um número real qualquer u, ficamos com

X
∞ X

f(k) = f(k) + lim f(k) =⇒
k−→∞
k=a k=a

u = u + lim f(k). =⇒
k−→∞

lim f(k) = 0.
k−→∞

Então temos uma condição necessária (mas não suficiente ) para o somatório
convergir.
Somatório com limite inferior no infinito

X
b X
s X
b
f(k) = f(k) + f(k)
k=−∞ k=−∞ k=s+1

Para todo b ≥ s + 1 pois temos s, s > −∞ para qualquer inteiro s.


Dizemos que o somatório converge para uma valor u real qualquer quando

X
b
lim f(k) = u
n−→−∞
k=n

e escrevemos
X
b
f(k) = u
k=−∞
26 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

Se s = −∞ temos s + 1 = −∞ por propriedade dos inteiros estendidos, temos

X
b X
−∞ X
b
f(k) = f(k) + f(k)
k=−∞ k=−∞ k=−∞

se o somatório converge para u e usando a definição de somatório temos

u = lim f(k) + u =⇒
k−→−∞

lim f(k) = 0.
k−→−∞

Somatório com limite inferior e superior no infinito

X
∞ X
s X

f(k) = f(k) + f(k)
k=−∞ k=−∞ k=s+1

Para todo inteiro s pois ∞ > s + 1 e s > −∞. Se o somatório com limite em −∞
converge para u e o somatório com limite em ∞ converge para v, dizemos que o
somatório acima converge para u + v, temos

X
∞ X
s X
∞ X
l X
s X
p
X

f(k) = f(k) + f(k) = f(k) + f(k) + f(k) + f(k)
k=−∞ k=−∞ k=s+1 k=−∞ k=l+1 k=s+1 k=p+1

Tomando l = −∞ temos l + 1 = −∞ e s > −∞ e tomando p + 1 = ∞ temos p − 1 = ∞


e ∞ > s + 1, ficamos com

X
∞ X
−∞ X
s X
∞ X

f(k) = f(k) + f(k) + f(k) + f(k)
k=−∞ k=−∞ k=−∞ k=s+1 k=∞

usando a definição e a convergência

u + v = lim f(k) + u + v + lim f(k) =⇒ lim f(k) + lim f(k) = 0.


k−→−∞ k−→∞ k−→−∞ k−→∞

lim f(k) = − lim f(k).


k−→∞ k−→−∞

Mudança de variável em somatório com limite no infinito


Temos a seguinte propriedade para somatórios com limites nos inteiros

X
n X
n+p
f(k) = f(k − p)
k=a k=a+p

Queremos mostrar que continua válida para somatório com limites no infinito
1.4. SOMATÓRIO NO CONJUNTO DOS INTEIROS ESTENDIDOS 27

F Teorema 1 (Mudança de variável).


X
∞ X

f(k) = f(k − p)
k=a k=a+p

X∞
Se o somatório converge f(k) para u e p é um número inteiro.
k=a

X

ê Demonstração. Se o somatório f(k) converge para u, escrevemos
k=a

X
∞ X
n
f(k) = lim f(k) = u
n−→∞
k=a k=a

X

Se o somatório f(k − p) converge para v, escrevemos
k=a+p

X
∞ X
n+p
f(k − p) = lim f(k − p) = v
n−→∞
k=a+p k=a+p

X
n+p
X
n
Porém as sequências f(k − p) e f(k) são a mesma sequência (são iguais),
k=a+p k=a
logo seus limites são iguais, então temos

X
∞ X

f(k) = f(k − p).
k=a k=a+p

m Definição 8. Somatório sobre função constante. Se temos uma função


constante f(k) = c, escrevemos o somatório

X
b X
b
f(k) = c
k=a k=a

b Propriedade 8.
X
n
1=n
k=1

para todo n natural, demonstramos por indução, para n = 0, temos a igualdade,


28 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

pois temos somatório sobre conjunto vazio sendo 0, seja agora válida para n,
vamos demonstrar para n + 1

X
n+1 X
n
1= 1 + 1 = n + 1.
k=1 k=1

1.4.2 Notação compacta versus reticências


X
Neste texto decidimos usar a notação compacta de somatório , quase sempre,
ao invés de usar reticências (pontinhos) · · · ao manipular os somatórios. Na seção
anterior demonstramos propriedades básicas para manipular somas usando a notação
compacta. Usando elas seremos capazes de calcular todas ( ou quase todas) somas
que aparecem neste texto. A notação compacta pode ser útil para economizar espaço,
não precisando escrever pontinhos e vários termos somados
X
n
k = 1 + · · · + n.
k=1

Ao usar pontinho, deve-se escrever o termo geral do que se está somando, para evitar
ambiguidades, por exemplo
1 + ··· + n
X
n
seria uma maneira válida para escrever a soma k, porém
k=1

1 + 2 + ···

Figura 1.1: Proibido uso de pontinhos

não seria uma maneira válida para expressar a soma finita, tanto pelo motivo
de parecer expressar uma soma de infinitos termos, quanto pelo fato de que não
sabemos a expressão geral do termo que está sendo somado, poderia ser soma de
uma sequência (xn ) tal que x1 = 1, x2 = 2 e x3 = 300, por exemplo. Se o termo geral
1.5. NÚMEROS DE STIRLING DO SEGUNDO TIPO 29

não é dado, a sequência poderia ser de vários tipos distintos . Uma soma infinita
deveria ser expressa da forma
1 + ··· + n + ···

onde n simboliza o tipo de termo que está sendo somado, nesse caso a soma é
infinita, na notação compacta seria
X

k.
k=1

1.5 Números de Stirling do segundo tipo


Os números de Stirling têm esse nome por causa do matemático Escocês James
Stirling (1692-1770). Com eles é possı́vel expressar uma potência xn em somas de
potências fatoriais e também expressar potências fatoriais como potências. Eles são
definidos por recorrência da seguinte maneira. Eles serão importantes na teoria de
somatórios, pois com eles podemos descobrir fórmulas fechadas para somas do tipo
Xb
kp , onde p é natural.
k=a

Números de Stirling do segundo tipo


n n n n n n n
n
0 1 2 3 4 5 6
0 1 0 0 0 0 0 0
1 0 1 0 0 0 0 0
2 0 1 1 0 0 0 0
3 0 1 3 1 0 0 0
4 0 1 7 6 1 0 0
5 0 1 15 25 10 1 0
6 0 1 31 90 65 15 1

São números que satisfazem a recorrência:


n+1 n n
= k. +
k k k−1

Se n ∈ N e k > 0 . Com condições iniciais


0
= 1.
0
30 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

n
=0
k
se k > n. n+1
=0
0
para todo n natural.

b Propriedade 9.
n
=1
n

para todo n natural.

ê Demonstração. Por indução sobre n temos para n = 0


0
=1
0

pela condição inicial. Agora seja válida para n


n
=1
n

e vamos provar para n + 1 temos pela recorrência


n+1 n n
= (n + 1). + = 1.
n+1 n+1 n

b Propriedade 10.
n+1
=1
1

para todo n natural.

ê Demonstração. Para n = 0 é verdade pela propriedade anterior, considere


agora a hipótese para n e vamos provar para n + 1
n+2 n+1 n+1
=1 + = 1.
1 1 0
1.5. NÚMEROS DE STIRLING DO SEGUNDO TIPO 31

b Propriedade 11 (Os números de Stirling são inteiros).

ê Demonstração. Para n = 0
0
=1
k

ou 0
=0
k
logo inteiro. Considere a hipótese de ser inteiro para n e vamos provar para n + 1
n+1 n n
=k +
k k k−1

por ser soma de dois inteiros, segue que é inteiro.

F Teorema 2 (Teorema geral de números de Stirling). Seja uma função g : R → R


e uma função g(k, x) : A × R → R onde N ⊂ A . Um operador T com as seguinte
definição
Condições do operador T .

1. Potências de T .
T 0 g(x) = g(x)

T [T n g(x)] = T (n+1) g(x) ∀n ∈ N.

2. Linearidade

Propriedade de comutar com somatório

X
n X
n
T ak f(k, x) = ak Tf(k, x)
k=0 k=0

Condição do operador P.

1. Potências de P. Seja um operador P com propriedade de

P0 g(x) = g(x)
32 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

P[Pn g(x)] = P(n+1) g(x) ∀n ∈ N.

2. Comutatividade de P.

P comutando com números

Pkg(x) = kPg(x)

Relação entre T e P

1. Comutatividade de T e P

TPn g(x) = Pn Tg(x)

Relação entre funções


Se temos as funções relacionadas por

1. g(x) = g(0, x)

2. T [g(k, x)] = k.Pg(k, x) + g(k + 1, x)

então

n n
X
n
T [g(x)] = P(n−k) g(k, x).
k=0 k

ê Demonstração.
Por indução, para n = 0 temos

n 0
X 0
0 (0−k)
T [g(x)] = g(x) = P g(k, x) = P(0−0) g(0, x) = g(x).
k=0 k 0

Pela definição de números de Stirling, operadores P, T , somatório e função g(k, x).


Tomando como hipótese para n

n n
X
n
T [g(x)] = P(n−k) g(k, x).
k=0 k
1.5. NÚMEROS DE STIRLING DO SEGUNDO TIPO 33

Vamos provar para n + 1.


n+1 n+1
X
(n+1)
T [g(x)] = P(n+1−k) g(k, x).
k=0 k

Por propriedade do operador temos


n n
X n n
X
(n+1)
T [g(x)] = P (n−k)
T [g(k, x)] = P(n−k) [kPg(k, x) + g(k + 1, x)] =
k=0 k k=0 k

Pois T comuta com o somatório e com P.


Xn n n n
X
(n+1−k)
kP g(k, x) + P(n−k) g(k + 1, x)
k=1 k k=0 k

Usando que P comuta com número, linearidade do somatório, recorrência, pois,


quando k = 0 o termo com k como fator se anula. Fazendo agora uma mudança de
variável no primeiro somatório subtraindo 1 dos limites e abrindo o último termo do
segundo somatório.
n−1
X n n−1 n
X n
(k + 1)P (n−k)
g(k + 1, x) + P (n−k)
g(k + 1, x) + P(0) g(n + 1, x)
k=0 k+1 k=0 k n

Juntando agora os dois somatórios e usando a definição de números de Stirling,


ficamos com
X
n−1  n n  n
(k + 1) + P (n−k)
g(k + 1, x) + P(0) g(n + 1, x) =
k=0 k+1 k n

n−1  n+1
X n
= ]P (n−k)
g(k + 1, x) + P(0) g(n + 1, x)
k=0 k+1 n
n+1
Agora usando que = 0, pois seria igual a 1 apenas se n + 1 = 0, n = −1,
0
que não é natural e fazendo uma mudança de variável somando +1 aos limites do
somatório.
n  n+1
X n
= ]P (n−k)
g(k, x) + P(0) g(n + 1, x) =
k=1 k n
n+1 n  n+1
X n+1
(n+1−0)
= P g(0, x) + ]g(k, x) + P(0) g(n + 1, x)
0 k=1 k n+1

n+1  n+1
X
= ]g(k, x).
k=0 k
34 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

$ Corolário 7. Toda potência pode ser escrita como soma de potências fatoriais

n n
X
n
x = .h(n−k) .x(k,h)
k=0 k

Para n ∈ N.
Precisamos da seguintes propriedade

x.x(k,h) = k.h.x(k,h) + x(k+1,h)

que sai direto da definição , pois

x(k+1,h) = x(k,h) [x − hk] = x.x(k,h) − k.h.x(k,h)

somando k.h.x(k,h) em ambos os lados

x.x(k,h) = x(k+1,h) + k.h.x(k,h)

Nesse caso tomamos g(k, x) = x(k,h) , T = x e g(x) = 1 h = P e as condições são


satisfeitas pois (condições de T )
x0 = 1

x.xn = xn+1
X
n X
n
x ak g(k, x) = ak x.g(k, x) =
k=0 k=0

(condições de P)
h0 = 1

h.hn = hn+1

(Relação entre P e T )
x.hn = hn .x

(Relação entre as funções)


1 = x(0,h)
1.5. NÚMEROS DE STIRLING DO SEGUNDO TIPO 35

Então o teorema é válido para potências fatoriais.


O caso especial que nos interessa nesse texto é quando h = 1, temos

$ Corolário 8.
n n
X
n
x = .x(k,1)
k=0 k

$ Corolário 9 (Potência escrita como soma de coeficientes binomiais).


X
n n (k,1) X n n  
n x x
x = k! . = k! .
k=0 k k! k=0 k k

Podemos agora deduzir o resultado do operador ∆p aplicado em xn

$ Corolário 10.
n n
X n n
X n n
X n n
X
(k,1) (k,1) p (k,1)
n
x = .x p n
=⇒ ∆ x = ∆p
.x = .∆ x = .k(p,1) .x(k−p,1)
k=1 k k=1 k k=1 k k=1 k

n n
X
∆ x =p n
.k(p,1) .x(k−p,1)
k=1 k

Se p = n temos
n n
X
∆ x =n n
.k(n,1) .x(k−n,1)
k=1 k

abrindo o somatório
n−1 n
X n
(n,1) (k−n,1)
n n
∆ x = .k .x + n(n,1) .x(n−n,1)
k=1 k n

No primeiro somatório temos que max k = n − 1 então n > k, levando a potência


n
(n,1)
k a zero e tornando o somatório zero. Temos = 1, por definição de
n
números de Stirling, n(n,1) = n!, por propriedade de potência fatorial e x(0,1) = 1,
por definição de potência fatorial, então

∆n xn = n!
36 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

O mesmo nos mostra que ∆p xn = 0 se p > n, pois se p > n existe t > 0 natural
tal que n + t = p, logo temos

∆p xn = ∆n+t xn = ∆t ∆n xn = ∆t n! = ∆t−1 ∆n! = 0.

O mesmo pode ser feito para polinômios

X
n X
n k k
X
ak x = k
ak .x(j,1)
k=0 k=0 j=1 j

Aplicando ∆p

X
n X
n k k
X X
n k k
X X
n k k
X
(j,1) p (j,1)
∆ p k
ak x = ∆ p
ak .x = ak .∆ x = ak .j(p,1) x(j−p,1) =
k=0 k=0 j=1 j k=0 j=1 j k=0 j=1 j

X
n X
k k
= ak .j(p,1) x(j−p,1) .
k=0 j=1 j

Se n ≥ p temos então um polinômio de grau n − p. Aplicando ∆n no polinômio


de grau n temos

X
n X
n−1
n k n
∆ ak x = ∆ ak xk + ∆n an.xn = an ∆n xn = an .n!
k=0 k=0

como o máximo grau do polinômio dentro do somatório é n − 1, pelo resultado


anterior todos os termos são iguais a zero restando apenas o termo fora do
somatório, como ∆n aplicado no polinômio é uma constante, se aplicarmos mais
uma vez o ∆, temos o resultado nulo

X
n
n+1
∆ ak xk = ∆an .n! = 0
k=0

o mesmo para qualquer número p > n (p = n + t com t ∈ N, t > 0)

X
n X
n
p
∆ k
ak x = ∆ ∆ t n
ak xk = ∆t an .n! = ∆t−1 ∆an .n! = 0
k=0 k=0
1.5. NÚMEROS DE STIRLING DO SEGUNDO TIPO 37

Z Exemplo 5. Alguns exemplos de potências escritas como soma de potências


fatoriais
x0 = 1.x(0,1)
x1 = 0.x(0,1) + 1.x(1,1)
x2 = 0.x(0,1) + 1.x(1,1) + 1.x(2,1)
x3 = 0.x(0,1) + 1.x(1,1) + 3.x(2,1) + 1.x(3,1)
x4 = 0.x(0,1) + 1.x(1,1) + 7.x(2,1) + 6.x(3,1) + 1.x(4,1)
x5 = 0.x(0,1) + 1.x(1,1) + 15.x(2,1) + 25.x(3,1) + 10.x(4,1) + 1.x(5,1)
x6 = 0.x(0,1) + 1.x(1,1) + 31.x(2,1) + 90.x(3,1) + 65.x(4,1) + 15.x(5,1) + 1.x(6,1)

É fácil descobrir a representação por soma de potências fatoriais de uma potência


xn se temos a representação de x(n−1) , os casos x0 e x1 são triviais, o caso x2 sai
diretamente da definição de números de Stirling sem necessidade de usar sua re-
corrência, pela definição de números de Stirling sabemos os coeficientes de x(1,1) e
x(3,1) na representação de x3 , falta saber o coeficiente de x(2,1) que se obtêm multi-
plicando o grau da potência (2) pelo coeficiente de x(2,1) na representação de x2 e
somando 1 (coeficiente de x(1,1) na representação de x2 ), esse processo pode ser feito
para todas outras potências.
Ao trabalhar com somatórios e diferenças pode ser mais simples para manipulações
ter a potência transformada em potência fatorial, pois as potências fatoriais têm
diferenças e somatórios podendo ser resolvidos de maneira imediata( por causa de
suas propriedades) enquanto que a expressão fatorada ou na forma canônica de
polinômios não á tão simples de ser manipulada.

Z Exemplo 6. Os números de Stirling também aparecem nos coeficientes da


n-ésima derivada de f(ex ), para isso tome g(k, x) = ekx f(k) (ex ), com isso temos
g(0, x) = e0x f0 (ex ) = f(ex )a , e temos,

Dg(k, x) = Dekx f(k) (ex ) = k.ekx f(k) (ex ) + e(k+1)x f(k+1) (ex ) = kg(k, x) + g(k + 1, x)

, como a derivada comuta com o somatório e tem propriedade de Dn+1 g(x) =


38 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

DDn g(x), temos então como corolário


n n
X
n x
D f(e ) = ekx f(k) (ex )
k=0 k

a
onde f(k) (ex ) é a k-ésima derivada da função f(x) aplicada em ex

1.6 Primeiras técnicas de Somatório

1.6.1 Soma telescópica ou soma da diferença

b Propriedade 12 (Teorema fundamental do cálculo de diferenças finitas,


parte I -Soma telescópica.).

X
b b+1
∆f(x) = f(x)
x=a a

b+1
ondef(x) = f(b + 1) − f(a) e ∆f(x) = f(x + 1) − f(x).
a

Dedução
f(a+1) − f(a)

f(a + 2) − f(a+1)
f(a + 3) − f(a + 2)
..
.

f(b) − f(b − 1)
f(b + 1) − f(b)
somando esses termos ficamos com

f(b + 1) − f(a)

ê Demonstração.
X
b X
b X
b X
b−1 X
b
∆f(x) = f(x + 1) − f(x) = f(x + 1) + f(b + 1) − f(x) − f(a) =
x=a x=a x=a x=a x=a+1

fazendo uma mudança de variável no segundo somatório


X
b−1 X
b−1
= f(x + 1) + f(b + 1) − f(x + 1) − f(a) = f(b + 1) − f(a).
x=a x=a
1.6. PRIMEIRAS TÉCNICAS DE SOMATÓRIO 39

No cálculo temos Se f é derivável em (a, b) e integrável em [a, b] então


Zb
f 0 (t)dt = f(b) − f(a).
a

Zb
f 0 (t)dt = f(b) − f(a).
a
Podemos demonstrar a propriedade telescópica usando integral. Vale que

b Z k+1
X Z b+1
f(x)dx = f(x)dx
k=a k a

substituindo f(x) por f 0 (x)

Z b+1 b Z k+1
X X
b
f (x)dx = f(b + 1) − f(a) =
0 0
f (x)dx = [f(k + 1) − f(k)]
a k=a k k=a

daı́
X
b
[f(k + 1) − f(k)] = f(b + 1) − f(a).
k=a
b Z k+1
X Z b+1
Podemos também demonstrar a identidade f(x)dx = f(x)dx por meio
k=a k a
de soma telescópica

b Z k+1
X b Z k+1
X Zk Z b+1 Za Z b+1
f(x)dx = [ f(x)dx − f(x)dx] = f(x)dx − f(x)dx = f(x)dx.
k=a k k=a 0 0 0 0 a

ê Demonstração.[2-Perturbação] O método de prova que usaremos a seguir é


chamado de perturbação .
Xb+1
Tomamos a soma f(k) e escrevemos de duas maneiras, abrindo o limite infe-
k=a
rior e abrindo o limite superior
X
b X
b+1 X
b
f(k) + f(b + 1) = f(a) + f(k) = f(a) + f(k + 1)
k=a k=a+1 k=a
passando a soma para o mesmo lado da igualdade tem-se
X
b X
b
f(b + 1) − f(a) = f(k + 1) − f(k) = ∆f(k) = f(b + 1) − f(a).
k=a k=a

O método da perturbação consiste então em tomar a diferença da função que está


sendo tomada f .
40 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

b Propriedade 13 (Generalização da soma telescópica 2). Vale


que

X
n X
p
X
p
X
p
X
p
X
p
b(t)f(k + t) = f(k + n) b(t) + b(k − 1) f(t)
k=1 t=0 k=1 t=k k=1 t=k

X
p
onde b(t) = 0.
t=0

ê Demonstração.

X
n X
p
X
p
X
n X
p
X
n+t
b(t)f(k + t) = b(t)f(k + t) = b(t) f(k) =
k=1 t=0 t=0 k=1 t=0 k=1+t

X p
X p
X
n X
n+t
= b(t)( f(k) + f(k) + f(k)) =
t=0 k=1+t k=1+p k=1+n

X p
o termo do meio se anula pois b(t) = 0 ao aplicarmos a propriedade distributiva
t=0

X
p
X
p
X
p
X
n+t X
p
X
p
X
p
X
t
= b(t) f(k) + b(t) f(k) = b(t) f(k) + b(t) f(k + n) =
t=0 k=1+t t=0 k=1+n t=0 k=1+t t=0 k=1

p−1
X X
p
X
p
X
t
= b(t) f(k) + b(t) f(k + n)
t=0 k=1+t t=1 k=1

tiramos os termos p − 1 do primeiro somatório que é nulo e t = 0 do primeiro, que


também é nulo e agora iremos aplicar a reversão da soma
X
p
X
p
X
p
X
p
= b(t − 1) f(k) + b(t) f(k + n) .
t=1 k=1 k=1 t=k

$ Corolário 11. Se lim f(n) = 0 então


X
∞ X
p
X
p
X
p
b(t)f(k + t) = f(t)b(k − 1).
k=1 t=0 k=1 t=k

♣ Lema 1.
X
b
h(x) = 0 ∀ a, b ∈ Z ⇐⇒ h(x) = 0 ∀ x ∈ Z
x=a
1.6. PRIMEIRAS TÉCNICAS DE SOMATÓRIO 41

ê Demonstração. Se h(x) = 0 para todo x inteiro vale que

X
b X
b X
b
h(x) = 0.0 = 0 0 = 0.
x=a x=a x=a

X
b
Agora vamos provar que se h(x) = 0 ∀ a, b ∈ Z então h(x) = 0 ∀ x ∈ Z. Tome
x=a
b = a, assim temos
X
a
h(x) = h(a) = 0
a

Como essa igualdade vale para todo a inteiro, então a função é igual a zero para
todo inteiro.

1.6.2 Soma da k-ésima diferença

$ Corolário 12. Vale que

X
b b+1
t+1 t

∆ f(k) = ∆ f(k)
k=a a

pois
X X
b b b+1 b+1
t+1 t
t

∆ f(k) = ∆[∆ f(k)] = g(k) = ∆ f(k)
| {z }

k=a k=a a a
g(k)

se a propriedade é válida para t = −1 segue que

X
b b+1
−1

f(k) = ∆ f(k)
k=a a

X
então ∆−1 f(k) = f(k).
k

1.6.3 Compatibilidade da soma telescópica com definição de so-

matório

Iremos mostrar agora que uma expressão deduzida por meio de soma telescópica
é sempre compatı́vel com essa definição de somatório com limite superior menor
que com limite inferior. Supondo que existam g(k) e f(k) definidas em Z tais que
42 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

X
b
∆g(k) = f(k) para todo k ∈ Z, no somatório f(k) não temos nada a fazer se
k=a
b ≥ a, agora se b = a − 1 a expressão dada é

X
b
f(k) = g(b + 1) − g(a) = g(a) − g(a) = 0
k=a

se b < ao sentido que damos ao somatório é

X
b X
a−1
f(k) = − f(k) = −(g(a) − g(b + 1)) = g(b + 1) − g(a)
k=a k=b+1

X
b
que é equivalente a tomar a soma telescópica em f(k) = g(b + 1) − g(a).
k=a

1.6.4 Definição por meio de integral

X
b
m Definição 9. Podemos definir o somatório , para a e b inteiros, pela
k=a
relação
b Z k+1
X Z b+1
f(x)dx = f(x)dx.
k=a | k
{z } a
g(k)

Vamos demonstrar algumas propriedades com essa definição.

X
a
$ Corolário 13. g(k) = g(a), pois
k=a

a Z k+1
X Z a+1
f(x)dx = f(x)dx.
k=a |k
{z } a
g(k)
1.6. PRIMEIRAS TÉCNICAS DE SOMATÓRIO 43

X
b X
p
X
b
$ Corolário 14. g(k) = g(k) + g(k) pois
k=a k=a k=p+1

X
b Z b+1 Z p+1 Z b+1 X
p
X
b
g(k) = f(x)dx = f(x)dx + f(x)dx = g(k) + g(k).
k=a a a p+1 k=a k=p+1

X
a−1
$ Corolário 15. g(k) = 0 pois
k=a

X
a−1 Za
g(k) = f(x)dx = 0.
k=a a

X
b X
a−1
$ Corolário 16. g(k) = − g(k).
k=a k=b+1

X
b Z b+1 Za X
a−1
g(k) = f(x)dx = − f(x)dx = − g(k).
k=a a b+1 k=b+1

F Teorema 3 (Teorema fundamental do cálculo de diferenças finitas , parte II).


Se
X
b b+1

g(x) = f(x) ∀ a, b ∈ Z =⇒ ∆f(x) = g(x) ∀ x ∈ Z
a a

ê Demonstração. Considere g(x) 6= ∆f(x), então g(x) = ∆f(x) + h(x) tomando


o somatório temos
X X X X
b b b b+1 b

g(x) = ∆f(x) + h(x) = f(x) +
h(x)
a a a a a

que é diferente de b+1



f(x)
a
pois se fosse igual, o termo
X
b
h(x)
a
44 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

seria igual a zero para todo a e b inteiros, e pelo lema implicaria h(x) = 0 para todo
inteiro x assim terı́amos a igualdade g(x) = ∆f(x).

1.6.5 Diferença do somatório


Vamos aplicar o operador ∆ ao limite superior do somatório, chamando o so-
matório com limite superior x de f(x)

X
x X
x+1 X
x X
x X
x
∆f(x) = ∆ d(k) = d(k)− d(k) = d(k)+d(x+1)− d(k) = d(x+1) = Ed(x).
k=a k=a k=a k=a k=a

aplicando ∆n+1 no limite superior, temos


X
x X
x
∆n+1 f(x) = ∆n+1 d(k) = ∆n [∆ d(k)] = ∆n [d(x + 1)].
k=a k=a

Então temos que o operador ∆ aplicado no limite superior do somatório devolve


a função somada aplicada no limite superior. Porém se a função que estiver sendo
somada tenha alguma dependência com o limite superior ficamos com

X
x X
x+1 X
x X
x X
x
∆f(x) = ∆ d(k, x) = d(k, x+1)− d(k, x) = d(k, x+1)+d(x+1, x+1)− d(k, x) = .
k=a k=a k=a k=a k=a

X
x
∆d(k, x) + d(x + 1, x + 1).
k=a

Agora vamos aplica ∆ ao limite inferior do somatório.

X
x X
x X
x X
x X
x
∆ f(k) = f(k) − f(k) = f(k) − f(a) − f(k) = −f(a).
k=a k=a+1 k=a k=a+1 k=a+1

Então vale
X
n
∆ f(k) = f(n + 1) = Ef(n)
k=a

o operador delta "destrói"somatórios.


No cálculo temos o teorema fundamental do cálculo .Seja f : [a, b] → R integrável
. Se f é contı́nua no ponto x ∈ [a, b] então a função g : [a, b] → R definida como
Zx
g(x) = f(t)dt
a

é derivável em x e vale g 0 (x) = f(x).


1.6. PRIMEIRAS TÉCNICAS DE SOMATÓRIO 45

Lemma 1.
∆h(x) = 0 ⇐⇒ h(x) = c ∀x ∈ Z

ê Demonstração. Se h(x) = c ∀x ∈ Z temos ∆h(x) = h(x+ 1)−h(x) = c−c = 0.


Agora, se temos ∆h(x) = 0 ∀x ∈ Z isso implica h(x + 1) − h(x) = 0 =⇒ h(x + 1) =
h(x) ∀x ∈ Z, chamando esse valor de c, temos que h(x) = c ∀x ∈ Z.

F Teorema 4.

∆f(x) = ∆g(x) ∀x ∈ Z =⇒ f(x) = g(x) + c

ê Demonstração. Se f(x) 6= g(x) + c então f(x) = g(x) + c + h(x), com h(x) uma
função não constante, aplicando o operador ∆ em ambos os lados temos ∆f(x) =
∆g(x) + ∆h(x), pelo lema anterior, como h(x) não é constante ∆h(x) 6= 0 para algum
x, logo ∆f(x) 6= ∆g(x).
ê Demonstração.[2] Seja a função h(x) = f(x) − g(x) aplique o operador Delta
de ambos os lados, ∆h(x) = ∆f(x) − ∆g(x) = 0, pois ∆f(x) = ∆g(x) com isso pelo
lema temos que h(x) = c = f(x) − g(x), logo f(x) = g(x) + c.
ê Demonstração.[3]
∆f(x) = ∆g(x)

aplicando o somatório em ambos lados com x variando de 0 até n − 1, temos

X
n−1 X
n−1
∆f(x) = f(n) − f(0) = ∆g(x) = g(n) − g(0)
x=0 x=0

sse
f(n) = g(n) + f(0) − g(0) = g(n) + c

logo
f(x) = g(x) + c

onde c = f(0) − g(0).

1.6.6 Teorema de Cantor


46 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

b Propriedade 14.

X
p
a(n+k) − 1 1
=1−
Q
k Q
p
k=1 a(n+s) a(n+s)
s=1 s=1

ê Demonstração.

X
p
a(n+k) − 1 X 1
p
1
= −
Q1
k− Q1
k− Q
k
k=1 a(n+k) a(n+s) k=1 a(n+s) a(n+s)
s=1 s=1 s=1

1
sendo g(k) = , temos g(0) = 1 (produto vazio) a soma é
Q
k
a(n+s)
s=1

X
p p+1
1
∆g(k − 1) = −g(k − 1) = −g(p) + 1 = 1 − p


k=1
Q
k=1 a(n+s)
s=1

se lim g(p) = 0 então temos a série

X

a(n+k) − 1
= 1.
Q1
k−
k=1 a(n+k) a(n+s)
s=1

1.7 Primitiva finita

m Definição 10. Uma primitiva finita de uma função f(x) é uma função g(x)
tal que
∆g(x) = f(x)

Z Exemplo 7. g(x) = x é uma primitiva finita de f(x) = 1 pois, ∆g(x) = 1 =


f(x), para toda constante c, x + c também é primitiva finita de f(x) = 1.
1.7. PRIMITIVA FINITA 47

m Definição 11. Sendo g(x) uma primitiva finita de f(x), para toda constante
c, g(x) + c, também é primitiva de f(x), pois ∆[g(x) + c] = ∆g(x) = f(x) a famı́lia
de primitivas finitas de f(x) será representada por

X
f(x) = g(x) + c

usaremos a notação
X
f(x)
x

para representar que o somatório indefinido é em relação a variável x. Uma


X
primitiva finita de f(x) será denominada somatório indefinido de f(x), f(x)
será chamado de somatório indefinido de f(x) e o somatório

X
b
f(x)
a

chamado de somatório definido. Observe que se temos uma primitiva finita de


f(x), podemos resolver o somatório em qualquer intervalo inteiro, pois temos g(x)
tal que ∆g(x) = f(x), aplicamos o somatório em ambos lados

X X
b b+1 b

∆g(k) = g(k) =
f(k).
k=a a k=a

Isto é se temos o somatório indefinido de f(x)


X
f(x) = g(x)

passamos para o somatório definido da seguinte maneira

X
b b+1
f(x) = g(x) = g(b + 1) − g(a)

x=a a
X
Temos f(x) = g(x) + c e ∆g(x) = f(x) substituindo, temos
X
∆g(x) = g(x) + c

para calcular o somatório definido através do indefinido, podemos tomar c = 0 pois


qualquer outro valor se anula quando se toma limites no somatório.
48 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

Da igualdade
X
f(x) = g(x) + c
, aplicando ∆ em ambos lados temos
X
∆ f(x) = ∆[g(x) + c] = ∆g(x) = f(x)

logo
X
∆ f(x) = f(x).

b Propriedade 15 (O somatório indefinido é linear).

X X X
af(x) + bg(x) = a f(x) + b g(x)

ê Demonstração. Aplicando delta em ambos termos temos


X
∆ af(x) + bg(x) = af(x) + bg(x)
X X X X
∆(a f(x) + b g(x)) = a∆ f(x) + b∆ g(x) = af(x) + bg(x)
logo vale a propriedade.

b Propriedade 16 (Comutatividade com derivada).

X X
D g(x) = Dg(x)

ê Demonstração. Aplicando ∆ em ambos termos segue


X X
∆D g(x) = D∆ g(x) = Dg(x)

pela comutatividade com derivada e


X
∆ Dg(x) = Dg(x) .

1.8 Números de Bernoulli


B0 B1 B2 B4 B6 B8 B10 B12 B14 B16 B18 B20 B22
1 1 −1 1 −1 5 −691 7 −3617 43867 −174611 854513
1 −
2 6 30 42 30 66 2730 6 510 798 330 138
1.8. NÚMEROS DE BERNOULLI 49

m Definição 12 (Números de Bernoulli). São números definidos pela função


geradora

x X xn ∞
= Bn
ex − 1 n=0 n!
xn
,isto é, são os números que aparecem como coeficiente de na expansão em
n!
x
série formal da função de lei x .
e −1

b Propriedade 17 (Recorrência dos números de Bernoulli). Os números de


Bernoulli satisfazem a recorrência

X
n 
n+1

Bp = δ(0, n) .
p=0
p

ê Demonstração. Tem-se que a série de ex é


X

xn
x
e =
n=0
n!

X

xn X

xn
e −1=
x
−1=
n=0
n! n=1
n!
que escreveremos como
X

xn
e −1=
x
an
n=0
n!
sendo que an = 0 quando n = 0 e an = 1 se n 6= 0, n ∈ N. Temos então
X
∞ X
∞  X
∞ X

xn xn xn
 
x= e −1
x
Bn = an Bn = cn xn
n=0
n! n=0
n! n=0
n! n=0

onde cn é dado por (pelo produto de Cauchy)

Xn 
an−p

Bp
cn = .
p=0
(n − p)! p!

de
X

x= cn xn
n=0
50 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

derivando em ambos lados em relação a x temos

X
∞ X
∞ X

n−1 n−1
1= cn nx = cn nx = cn+1 (n + 1)xn
n=0 n=1 n=0

temos então que cn+1 (n + 1) = 1 quando n = 0 e quando n > 0, cn+1 (n + 1) = 0, temos


a igualdade para cn+1 (n + 1)

X
n+1 
an+1−p

Bp
cn+1 (n + 1) = . (n + 1)
p=0
(n + 1 − p)! (p)!

como
(n + 1) n+1
 
=
p!(n + 1 − p)! p
escrevemos
X
n+1   
n+1

cn+1 (n + 1) = an+1−p .Bp
p=0
p

temos que analisar o termo an+1−p que é zero quando o ı́ndice é igual a zero, logo
n + 1 − p = 0 ⇐⇒ n + 1 = p, abrimos então o último termo do somatório que é igual
a zero e ficamos com

X
n+1   
n+1
 X n 
n+1

cn+1 (n + 1) = an+1−p .Bp = Bp
p=0
p p=0
p

pois os outros termos an+1−p = 1 pois os ı́ndices serão diferente de zero. Temos então

X
n 
n+1

Bp =1
p=0
p

se n = 0 e
X
n 
n+1

Bp =0
p=0
p

se n > 0, n ∈ N que é uma recorrência para calcular os números de Bernoulli.


Podemos escrever essa recorrência de forma compacta usando o delta de Kronecker

X
n 
n+1

Bp = δ(0, n) .
p=0
p
1.8. NÚMEROS DE BERNOULLI 51

1.8.1 Deduzindo uma fórmula para soma de potências usando

números de Bernoulli

Definimos a função
x(enx − 1)
fn (x) = .
ex − 1
X
n−1
xn − 1 X
n−1
ex.n − 1
Como vale x =k
, tomando x = e segue que
x
exk = x , então
k=0
x−1 k=0
e −1

X
n−1
fn (x) = x exk
k=0

X

zt
usando a série ez = tomando z = xk segue
t=0
t!

X

xt .kt
ex.k =
t=0
t!

substituindo em fn (x) tem-se

X
n−1 X

xt .kt X∞ X n−1 t
k t+1
fn (x) = x = ( )x
k=0 t=0
t! t=0 k=0
t!

X
n−1 p
k
p+1
logo o coeficiente de x é . De outra maneira, temos que
k=0
p!

x(enx − 1) X ∞
Bk xk X xk nk
∞ X∞
Bk xk X xk nk+1

fn (x) = =( )( ) = x( )( )
ex − 1 k=0
k! k=1
k! k=0
k! k=0
(k + 1)!

X

o produto das duas últimas séries é ck xk , onde
k=0

X
p
Bk .np−k+1
cp =
k=0
k!(p − k + 1)!

é o coeficiente de xp+1 , por causa do fator x fora do produto das séries. Igualamos
com o coeficiente da outra série

X
n−1 p
k X
p
Bk .np−k+1
=
k=0
p! k=0
k!(p − k + 1)!
52 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

que implica

X
n−1
1 X
p
Bk .np−k+1 p!(p + 1) 1 X
p 
p+1

p
k = = Bk .np−k+1 .
k=0
(p + 1) k=0
k!(p − k + 1)! (p + 1) k k=0

Chegamos então no resultado

X
n−1
1 X
p 
p+1

k = p
Bk .np−k+1 .
k=0
(p + 1) k
k=0

coefficient

1.9 Fórmula de soma de Euler-Maclaurin.


Faremos uma dedução informal de uma fórmula que expressa somatórios com
derivadas e integrais usando números de Bernoulli, chamada fórmula de soma de
Euler-Maclaurin. Com ela seremos capazes de deduzir uma expressão fechada para
Xn
soma kp com p natural.
k=0
Vamos tomar a série de Taylor da função f(x + y), C∞ , tomando derivadas em
relação a y, no ponto y0 = 0

X

yk
f(x + y) = Dk f(x).
k=0
k!

Tomando y = 1 temos
X

Dk f(x)
f(x + 1) =
k=0
k!
Simbolicamente expressamos

X

Dk f(x)
Ef(x) =
k=0
k!

Ou tomando y = h um passo qualquer complexo ou real

X

hk
h k
E f(x) = f(x + h) = D f(x).
k=0
k!
1.9. FÓRMULA DE SOMA DE EULER-MACLAURIN. 53

$ Corolário 17.
X

Dk
E= = eD
k=0
k!

$ Corolário 18. Como ∆ = E − 1, temos


X

Dk X∞
Dk+1
∆=e −1=
D
=
k=1
k! k=0
(k + 1)!

$ Corolário 19.
X

(Dh)k
h
E = = ehD
k=0
k!

F Teorema 5 (Fórmula de Euler-Maclaurin ).


X Z X

Dk
f(x) = B0 f(x) + Bk+1 . f(x) + c
k=0
(k + 1)!

Onde Bk são números de Bernoulli.


X
ê Demonstração. Tomando o somatório = ∆−1 temos
X 1
=
eD −1
Usando a relação
t X ∞
tk
= Bk .
et − 1 k=0
k!

1X

1 tk
= B k .
et − 1 t k!
k=0

Onde Bk são números de Bernoulli. Temos


X 1 1 X Dk

= D = Bk .
e −1 D k! k=0

X X Z X
D −1 X
∞ ∞ ∞
Dk−1 Dk−1 Dk−1
= Bk . = B0 . + Bk . = B0 + Bk . =
k! 0! k! k!
k=0 k=1 k=1
54 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

Z X

Dk
= B0 + Bk+1 . .
k=0
(k + 1)!
Logo
X Z X

Dk
= B0 + Bk+1 .
k=0
(k + 1)!

X Z X

Dk
f(x) = B0 f(x) + Bk+1 . f(x) + c
k=0
(k + 1)!
Abrindo alguns termos
X Z
f(x) Df(x) D3 f(x)
f(x) = c + f(x) − + − + ...+
2 12 720
Podemos depois tomar os limite do somatório
" Z #b+1
Xb X

Dk
f(x) = B0 f(x) + Bk+1 . f(x) + c
x=a k=0
(k + 1)!
a

Z Exemplo 8. Ache uma expressão para


X
x

X Z X

Dk x2 D0 D1
x = B0 x + Bk+1 . x + c = B0 + B1 . x + B2 . x+c=
k=0
(k + 1)! 2 (1)! (2)!

x2 x
= − + c1
2 2

Z Exemplo 9. Ache uma expressão para


X
x4

X Z X

4 4 Dk
x = B0 x + Bk+1 . x4 + c =
k=0
(k + 1)!
5 0 1
x D 4 D 4 D2 4 D3 4 D4 4
= B0 + B1 . x + B2 . x + B3 . x + B4 . x + B5 . x +c=
5 (1)! (2)! (3)! (4)! (5)!
x5 D0 4 D1 4 D3 4
= B0 + B1 . x + B2 . x + B4 . x +c=
5 (1)! (2)! (4)!
1.10. NÚMEROS EULERIANOS 55

x5 −x4 4x3 1 4.3.2


= + + − . x+c=
5 2 2 .6 30 4.3.2
x5 x4 x3 x
= − + − +c
5 2 3 30

1.10 Números Eulerianos


X
n
Com eles seremos capazes de dar mais uma fórmula para a soma kp para p
k=1
natural.
São números definidos pela recorrência
n+1   n  n 
= (k + 2) + (n − k)
k+1 k+1 k

Com condições iniciais


p+1 
=0
p+1

p 
=1
0
p+1 
=1
p
para p natural.

Números Eulerianos
n  n  n  n  n  n  n 
n
0 1 2 3 4 5 6
0 1 0 0 0 0 0 0
1 1 0 0 0 0 0 0
2 1 1 0 0 0 0 0
3 1 4 1 0 0 0 0
4 1 11 11 1 0 0 0
5 1 26 66 26 1 0 0
6 1 57 302 302 57 1 0
56 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

F Teorema 6 (Identidade de Worpitzky). Vale a identidade


Xn n 
x+k

n
x = .
k=0 k n

Para todo x real(complexo?) e n natural.

ê Demonstração. Vamos demonstrar por indução, só que precisamos de uma


propriedade de coeficientes binomiais que vamos deduzir a partir das potências fato-
riais

(x + k)(n+1,1) = (x + k)(n,1) (x + k − n) = x(x + k)(n,1) − (n − k)(x + k)(n,1)

logo
x(x + k)(n,1) = (x + k)(n+1,1) + (n − k)(x + k)(n,1)

dividindo por n!
     
x+k x+k x+k
x = (n + 1) + (n − k) .
n n+1 n
Para n = 0 a identidade se verifica, pois

X
0 0 
x+k
 0 
x+0

0
x = = = 1.
k 0 0 0
k=0

Suponho a validade para n, vamos provar para n + 1 temos


X
n n 
x+k
 X
n n  
x+k
 n  
x+k

n+1
x = x= (n + 1) + (n − k) =
k
k=0
n k k=0
n+1 k n

escrevendo n + 1 = (n − k) + (1 + k)

Xn n  
x+k
 n  
x+k
 n  
x+k

= (n − k) + (n − k) + (k + 1) =
k n + 1 k n k n + 1
k=0

agrupando os termos semelhantes e usando propriedade de coeficiente binomial


X
n n  
x+k+1
 n  
x+k

= (n − k) + (k + 1) =
k=0 k n+1 k n+1

Xn n  
x+k
 X n n  
x+k+1

= (k + 1) + (n − k) =
k n + 1 k n + 1
k=0 k=0
1.10. NÚMEROS EULERIANOS 57

abrindo o primeiro termo do primeiro somatório e mudando variável e percebendo


que no segundo somatório podemos tomar o limite superior como n − 1 pois para
k = n o termo n − k é zero
 Xn−1  n   n 
x+k+1 x+k+1
   
x
= + (k + 2) + (n − k) =
n+1 k=0 k+ 1 n + 1 k n + 1

usando a recorrência dos números eulerianos, temos


 Xn−1 n+1   X n n+1   X n n+1 
x+k+1
   
x x x+k x+k
= + = + =
n+1 k=0 k+ 1 n + 1 n + 1
k=1 k n + 1
k=0 k n+1

n+1 
o termo = 0 por condição inicial, logo temos
0

X
n+1 n+1 
x+k

n+1
x = .
k=0 k n+1

Vamos ver alguns exemplos de casos da identidade de Worpitzky

 
0 x
x = = 1.
0

 
x
x= =x
1

x+1
   
x2
x = +
2 2

x+1 x+2
     
3 x
x = +4 +
3 3 3

x+1 x+2 x+3


       
4 x
x = + 11 + 11 +
4 4 4 4

x+1 x+2 x+3 x+4


         
5 x
x = + 26 + 66 + 26 +
5 5 5 5 5

x+1 x+2 x+3 x+4 x+5


           
6 x
x = + 57 + 302 + 302 + 57 +
6 6 6 6 6 6
58 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

1.11 Fórmula de Interpolação de Newton


Vamos deduzir informalmente a fórmula de interpolação de Newton, que permite
escreve uma sequência como soma das suas diferenças.
De ∆ = E − 1 tem-se ∆ + 1 = E, elevando a n, tem-se
Xn  
n k
E = (∆ + 1) =
n n

k=0
k

aplicando em f(0) tem-se


X
n  
n
E f(0) = f(n) =
n
∆k f(0).
k=0
k

Da mesma maneira temos


Xn  
n
∆ = (E − 1) =
n n
(−1)n−k Ek
k=0
k

aplicando em f(x), temos


Xn  
n Xn  
n
n
∆ f(x) = (−1) E f(x) =
n−k k
(−1)n−k f(x + k).
k=0
k k=0
k

Por exemplo, caso f(x) = xn , podemos mostrar que ∆n xn = n! e daı́

Xn  
n
n! = (−1)n−k (x + k)n .
k=0
k
Vamos provar a fórmula de interpolação de Newton por indução .
Para n = 0 ela vale, supondo para n vamos provar para n + 1.
Temos por hipótese de indução que
Xn  
n k
f(x + n) = ∆ f(x)
k=0
k

logo por aplicação de ∆ nesta tem-se


Xn  
n k+1
∆f(x + n) = ∆ f(x)
k=0
k

além disso f(x + n + 1) = ∆f(x + n) + f(x + n)


X
n  
n k+1 X
n  
n k
f(x + n + 1) = ∆ f(x) + ∆ f(x) =
k=0
k k k=0
1.11. FÓRMULA DE INTERPOLAÇÃO DE NEWTON 59

 
n n+1 X
n−1  
n k+1 Xn  
n k
 
n 0
= ∆ f(x) + ∆ f(x) + ∆ f(x) + ∆ f(x) =
n k k 0
k=0 k=1

n + 1 n+1
 X n 
n
 Xn  
n k

n+1 0

k
= ∆ f(x) + ∆ f(x) + ∆ f(x) + ∆ f(x) =
n+1 k=1
k−1 k=1
k 0

n + 1 n+1
 Xn 
n
  
n

n+1 0

k
= ∆ f(x) + ( + ) ∆ f(x) + ∆ f(x) =
n+1 k=1 |
k−1 k 0
{z }
(n+k 1)
X
n+1 
n+1 k

= ∆ f(x)
k=0
k

como querı́amos demonstrar.


directly
there are many, I’ll post some
**[1-Using derivatives]**

p+1
X
n X
p
s(n) = k = ak nk
k=0 k=1

where
p+1
1 X 1
 
k
at+1 = ak (−1)k−t , ap+1 = .
t+1 k=t+2
t p+1
**Proof:**
p+1
X
n X
From s(n) = k , then s(n)−s(n− 1) = n . Let’s suppose s(n) =
p p
ak nk which
k=0 k=1
has the independent term a0 = 0 because s(0) = 0. We apply the p-th derivative in
s(n) − s(n − 1) = np which results in

s(p) (n) − s(p) (n − 1) = p!

we have s(p) (n) = ap .p! + ap+1 (p + 1)!n so s(p) (n) − s(p) (n − 1)(n) = ap+1 (p + 1)! = p!
1
which implies ap+1 = .
(p + 1)
We will find the other coefficients. We take the t-th derivative in s(n) − s(n − 1) =
np , with 0 ≤ t < p, so  
p p−t
s (n) − s (n − 1) = t!
(t) (t)
n
t
, taking n = 0 we have
s(t) (0) = st (−1)
60 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

p+1
X
Using s(n) = ak xk and applying again the t-th derivative
k=1

p+1
X  
k k−t
(t)
s (n) = ak (t!) n
k=t
t

de s(t) (0) = st (−1) follow

p+1 p+1
X k k−t X
   
k
ak (t!) 0 = ak (t!) (−1)k−t ⇒
k=t
t k=t
t

p+1
X  
k
at .t! = t! ak (−1)k−t + at (t!) − at+1 (t + 1)! ⇒
k=t+2
t

p+1
1 X
 
k
at+1 = ak (−1)k−t
t+1 t
k=t+2

as we wanted to show.
**[2-Using Bernoulli numbers]**

X
n−1
1 X
p 
p+1

p
k = Bk .np−k+1 .
k=0
(p + 1) kk=0

**[ Bernoulli Numbers]**


The Bernoulli numbers are defined by the generating function

x X xn ∞
= Bn
ex − 1 n=0 n!

(we will you use that definition)


**Proof:**
We define the function
x(enx − 1)
fn (x) = .
ex − 1
X
n−1
xn − 1 X
n−1
ex.n − 1
We have xk = , so take x = ex it follows exk = x , then
k=0
x−1 k=0
e − 1

X
n−1
fn (x) = x exk
k=0
1.11. FÓRMULA DE INTERPOLAÇÃO DE NEWTON 61

X

zt
using the series e = z
taking z = xk follows
t=0
t!

X

xt .kt
ex.k =
t=0
t!

replacing in fn (x) we have

X
n−1 X

xt .kt X∞ X n−1 t
k t+1
fn (x) = x = ( )x
k=0 t=0
t! t=0 k=0
t!

X
n−1 p
k
p+1
then the coefficient of x is .
k=0
p!
We have

x(enx − 1) X ∞
Bk xk X xk nk
∞ X∞
Bk xk X xk nk+1

fn (x) = =( )( ) = x( )( )
ex − 1 k=0
k! k=1
k! k=0
k! k=0
(k + 1)!

X

The product of the last two series is ck xk , where
k=0

X
p
Bk .np−k+1
cp =
k=0
k!(p − k + 1)!

is the coefficient of xp+1 . Comparing with the coefficient of the other series

X
n−1 p
k X
p
Bk .np−k+1
=
k=0
p! k=0
k!(p − k + 1)!

follows
X
n−1
1 X
p
Bk .np−k+1 p!(p + 1) 1 X
p 
p+1

p
k = = Bk .np−k+1 .
k=0
(p + 1) k!(p − k + 1)!
k=0
(p + 1) k k=0

Then we have the result


X
n−1
1 X
p 
p+1

p
k = Bk .np−k+1 .
k=0
(p + 1) k k=0

**Extra::**
There are other ways to find. **3-Using the euler maclaurin summation**
X Z X

Dk
f(x) = B0 f(x) + Bk+1 . f(x) + c
k=0
(k + 1)!
62 CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS

Bk here is also a bernoulli number.


**4- Using the Worpitzky identity**

Xn n 
x+k

n
x = .
k=0 k n
n 
And the summation of binomials (it’s easy to sum binomial) here are eulerian
k
numbers
**5-Using Newton interpolation formula**

X
n  
n
f(x + n) = ∆k f(x)
k=0
k

we can apply that to the sum direclty or in any term xk to write it as the sum of
binomial coefficients. (in that way the stirling numbers of second kind appear)

Você também pode gostar