Você está na página 1de 42

Anotações sobre somatórios 3


Rodrigo Carlos Silva de Lima

rodrigo.uff.math@gmail.com

12 de setembro de 2015
1
Sumário

1 Somatórios 3
1.1 Somatório envolvendo fatorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Outras propriedades de somatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Delta de Kronecker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 A técnica de somatórios por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4.1 Somatórios de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.4.2 Somatórios do tipo g(x).ax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
∑ x2 ax (2x + 1)aax 2a2 ax
1.4.3 Soma x2 ax = − 2
+ 3
. . . . . . . . . 14
x
(a − 1) (a − 1) (a − 1)
∑ (x3 )ax (3x2 + 3x + 1)aax (6x + 6)a2 ax (6)a3 ax
1.4.4 x3 ax = − + − 16
x
(a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3 (a − 1)4
∑ xax aax
1.4.5 xax = − . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
(a − 1) (a − 1)2
∑ ∞ ( )
t t
1.4.6 A série a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
t=s
s
∑n ∑ m
1.4.7 min{k, j}ak+j e similares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
k=0 j=0

n
1.5 kp ak usando translação da soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
k=1
1.6 Somas envolvendo números harmônicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.7 Soma em termos de funções elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.8 Somas e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.9 Somas por perturbação do somatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

2
Capı́tulo 1

Somatórios

1.1 Somatório envolvendo fatorial


Vamos aplicar ∆ no fatorial, ∆k! = (k + 1)! − k! = (k + 1).k! − k! colocando k! em
evidência temos (k)![k + 1 − 1] = k.k! = ∆k!, logo temos o somatório

∑ ∑
∆k! = k.k! = k!

aplicando limites temos


b+1

b

k.k! = k! = (b + 1)! − a!
a a

onde a deve ser natural. Considerando agora que estamos tomando o somatório
de uma função f(n) que satisfaz a recorrência do fatorial, sendo ela f(n), com a
recorrência f(n + 1) = (n + 1)f(n), vamos aplicar o delta nela ∆f(n) = f(n + 1) − f(n),
usando a recorrência temos ∆f(n) = (n+ 1)f(n)−f(n) = nf(n) logo temos o somatório

∑ ∑
∆f(n) = nf(n) = f(n)

e colocando um intervalo
b+1

b ∑
b

∆f(n) = nf(n) = f(n) = f(b + 1) − f(a)
a a a

3
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 4

Z Exemplo 1. Calcular
n+1

n

k.k! = k! = (n + 1)! − 1! = (n + 1)! − 1.
k=1 1

Somatório envolvendo fatorial no denominador


1
Começamos tomando o delta de
k!
1 1 1 k! − (k + 1)! k! − (k)!(k + 1) 1−k−1
∆ = − = = = =
k! (k + 1)! (k)! (k + 1)!(k)! (k + 1)!(k)! (k + 1)!

−k −k −1 1
= = = =∆
(k + 1)! (k + 1)(k)(k − 1)! (k + 1)(k − 1)! k!
assim
1 k 1
−∆ = =
k! (k + 1)! (k + 1)(k − 1)!
aplicando o somatório em ambos lados temos
∑ 1 ∑ k ∑ 1 1
− ∆ = = =−
k! (k + 1)! (k + 1)(k − 1)! k!

Z Exemplo 2. Calcule

n
k
.
k=3
k! + (k − 1)! + (k − 2)!


n
k ∑ n
k
= =
k=3
k! + (k − 1)! + (k − 2)! k=3
(k − 2)!(k)(k − 1) + (k − 2)!(k − 1) + (k − 2)!

∑ ∑ ∑ n
1
n n n−1
k 1 1 1 1
= 2
= = =− =− + .
k=3
(k − 2)![k ] k=3
(k − 2)!k k=2
(k − 1)!(k + 1) k! 2 n! 2

Z Exemplo 3 (Olimpı́ada Canadense de matemática 1969-Problema 6.). Cal-


cular


1
k=0
(k + 2)k!
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 5

pelo resultado anterior temos

∑ 1 1
=−
(k + 2)k! (k + 1)!

aplicando os limites temos





1 1
=− = 1 =1
0
(k + 2)k! (k + 1)! 0 1!

Z Exemplo 4. Achar expressão fechada para o somatório



n
(k − 1)
.
k=2
k!

n−1

n
(k − 1) ∑
n
(k − 1) ∑n
1 ∑
n−2
1 1 1
= = = =− =− +1.
k! k(k − 1)(k − 2)! k(k − 2)! (k + 2)(k)!
(k + 1)! k=0 (n)!
k=2 k=2 k=2 k=0
n

n−1
1 1 1
=− =− + 1.
(k + 2)(k)!
(k + 1)! k=0 (n + 1)!
k=0


n−1
1 1
=− + 1.
k=0
(k + 2)(k)! (n + 1)!


n−1
1 1 1
=− + .
k=1
(k + 2)(k)! (n + 1)! 2

1.2 Outras propriedades de somatórios

b Propriedade 1. Se f é uma função ı́mpar então


n
f(k) = 0, ∀ n ∈ Z.
k=−n
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 6

ê Demonstração. f é ı́mpar quando f(−k) = −f(k), no caso f(0) = f(−0) =


−f(0), 2f(0) = 0, f(0) = 0, abrimos o somatório


n ∑
−1 ∑
0 ∑
n ∑
n ∑
n
f(k) = 0 = f(k) + f(k) + f(k) = − f(k) + f(k) = 0
k=−n k=−n
|k=0{z } k=1 k=1 k=1

=f(0)=0

Onde usamos a propriedade de abertura e produto por −1.

b Propriedade 2. Se f é uma função par, então


n ∑
n
f(k) = f(0) + 2 f(k)
k=−n k=1

ê Demonstração.

n ∑
−1 ∑
n ∑
n ∑
n ∑
n
f(k) = f(k) + f(0) + f(k) = f(−k) + f(0) + f(k) = f(0) + 2 f(k).
k=−n −n k=1 1 k=1 k=1

$ Corolário 1. Se f é par e f(0) = 0 temos



n ∑
n ∑
n
f(k) = 2 f(k) = 2 f(k).
k=−n k=1 k=0

1.3 Delta de Kronecker

m Definição 1 (Delta de Kronecker). Sejam a e b números reais, definimos o


Delta de kronecker δ(a,b) , como
δ(a,b) = 0

se a ̸= b
δ(a,b) = 1

se a = b . Neste texto adotamos a definição de que 00 = 1 e 0−p onde p


CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 7

inteiro positivo como indefinido. Podemos com essa definição escrever o Delta de
Kronecker da seguinte maneira

b Propriedade 3.
δ(a,b) = 0|a−b|

ê Demonstração. Pois se a = b temos a − b = 0 e |a − b| = |0| = 0 e pela


definição 00 = 1. Agora se a ̸= b temos a − b ̸= 0 e |a − b| = p um número positivo,
e temos 0p = 0, por propriedade de potência.

b Propriedade 4.
δ(a,b) = δ(b,a)

ê Demonstração.
δ(a,b) = 0|a−b|

δ(b,a) = 0|b−a|

porém temos que |a − b| = |b − a| logo δ(a,b) = 0|a−b| = δ(b,a) = 0|b−a| .

b Propriedade 5.

b
δ(k,s) f(k) = 0
k=a

se s não está contido no intervalo [a, b]


b
δ(k,s) f(k) = f(s)
k=a

se s está contido no intervalo [a, b].

ê Demonstração. Se s não está contido no intervalo [a, b] temos δ(k,s) = 0 para


todo k inteiro nesse intervalo, logo temos o somatório zero. Se s está contido no
intervalo [a, b] podemos abrir o somatório em s

b ∑
s−1 ∑
s ∑
b
δ(k,s) f(k) = δ(k,s) f(k) + δ(k,s) f(k) + δ(k,s) f(k) = δ(s,s) f(s) = f(s).
k=a k=a k=s k=s+1

onde os somatório são zero, pois s não está no intervalo onde estão sendo somados.
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 8

b Propriedade 6. Sejam s um número inteiro e f(k) uma função definida nos


inteiros, então


δ(k,s) f(k) = f(s)
k=−∞

ê Demonstração. Podemos usar a propriedade de abertura do somatório, es-


crevendo

∞ ∑
s−1 ∑
s ∑

δ(k,s) f(k) = δ(k,s) f(k) + δ(k,s) f(k) + δ(k,s) f(k) = δ(s,s) f(s) = f(s)
k=−∞ k=−∞ k=s k=s+1

onde o primeiro e o último somatório se anulam, pois no primeiro temos k < s e no


segundo k > s, sendo diferentes de s então δ(k,s) = 0, tornando os somatórios zero,
restando apenas o termo central.

b Propriedade 7 (Potências de δ(a,b) ).

(δ(a,b) )0 = 1

Pois qualquer a0 = 1 para qualquer a

(δ(a,b) )x = δ(a,b)

para x > 0, x ∈ R. Pois se a ̸= b δ(a,b) = 0 e 0x = 0, se a = b, δ(a,b) = 1 e 1x = 1.

b Propriedade 8.


b ∑
a ∑
b ∑
a ∑
b ∑
a
1
δ(a,b) = 1. 1= = c .
a b a b a b
c

com c ̸= 0.

ê Demonstração. Se a = b

a ∑
a
= 1 = δ(a,a) .
a a
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 9


a ∑
b
Se a ̸= b, temos a > b ou b > a com isso = 0 ou = 0 sendo que o produto é
b a
zero em qualquer caso, então

b ∑
a
δ(a,b) = 0 = .
a b

b Propriedade 9 (Delta de Kronecker e somatório duplo-Traço, soma da


diagonal de uma matriz). Vale que


n ∑
n ∑
n
δ(k,j) a(k,j) = a(k,k) .
j=1 k=1 k=1


n
ê Demonstração. Como j está em [1, n] vale que δ(k,j) a(k,j) = a(j,j) daı́
k=1
n ∑
∑ n ∑
n
δ(k,j) a(k,j) = a(j,j) .
j=1 k=1 j=1

Essa propriedade pode ser pensada como a soma dos elementos da diagonal prin-
cipal de uma matriz n × n, o delta de kronecker só não anula os termos da diagonal,
onde vale k = j

   
δ(1,1) a(1,1) δ(1,2) a(1,2) · · · δ(1,n) a(1,n) a(1,1) 0 ··· 0
   
 δ a δ(2,n) a(2,n)   
 (2,1) (2,1) δ(2,2) a(2,2) · · ·   0 a(2,2) · · · 0 
 .. = .. 
 .   . 
   
δ(n,1) a(n,1) δ(n,1) a(n,1) · · · δ(n,n) a(n,n) 0 0 ··· a(n,n)

b Propriedade 10. Vale que


∫∞
δ(x,a) f(x)dx = 0
−∞

pois a função integrada só não se anula em um ponto.

No cálculo temos a função generalizada delta de Dirac δ(x), que satisfaz


∫∞
δ(x − a)f(x)dx = f(a)
−∞
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 10

definindo δ(x − a) = δd (x,a) , vale


∫∞
δd (x,a) f(x)dx = f(a)
−∞

e de modo análogo com o delta de kronecker



δ(k,a) f(k) = f(a).
k=−∞

1.4 A técnica de somatórios por partes


Vamos calcular alguns somatórios cuja solução pode ser feita através da técnica
de somatório por partes.

b Propriedade 11 (Soma por partes). Vale


b ] b+1 ∑
b
g(x)∆f(x) = [f(x).g(x)] − f(x + 1).∆g(x),
x=a a x=a

onde estamos simbolizando


] b+1
[f(x).g(x)] = f(b + 1).g(b + 1) − f(a).g(a),
a

∆f(x) = f(x + 1) − f(x) .

ê Demonstração.
Usaremos aqui a soma telescópica


b ]b+1
∆f(k) = f(k) = f(b + 1) − f(a).
k=a a

Temos a identidade do operador ∆ aplicado no produto de duas funções

∆[f(x).g(x)] = f(x + 1).∆g(x) + g(x)∆f(x)

Aplicando a soma em ambos os lados na identidade anterior tem-se


b ∑
b ∑
b
∆[f(x).g(x)] = f(x + 1).∆g(x) + g(x)∆f(x)
x=a x=a x=a
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 11

que implica então



b ] b+1 ∑
b
g(x)∆f(x) = [f(x).g(x)] − f(x + 1).∆g(x).
x=a a x=a

No cálculo temos a integração por partes.


∫b b ∫ b

g(x).f (x)dx = [f(x).g(x)] − f(x).g ′ (x)dx,

a a a

que é o análogo contı́nuo da propriedade discreta, soma por partes . A propriedade


de soma por partes também é chamada de Lema de Abel ou transformação de
Abel.

Z Exemplo 5. Calcular a soma



n
kak .
k=0

Vamos usar a soma por partes, que neste caso diz


n ] n+1 ∑
n
g(k)∆f(k) = f(k).g(k) − f(k + 1).∆g(k),
k=0 0 k=0

ak
tomamos g(k) = k e ∆f(k) = ak , logo f(k) = e ∆g(k) = 1, por isso a
a−1
soma fica como


n ] n+1 ∑n
ak ak ak an+1 a an+1 − 1
k∆ = .k −a = .(n + 1) − ,
k=0
a−1 a−1 0 k=0
a−1 a−1 a−1 a−1

simplificando a expressão temos


n
an+1 [(a − 1)(n + 1) − a] + a
kak = .
k=0
(a − 1)2

⋆ Teorema 1 (Múltiplos somatórios por partes.).


∑ ∑
n ∑
g(x).∆f(x) = ∆k g(x).(−1)k ∆−k Ek f(x) + (−1)n+1 ∆n+1 g(x)∆−n En+1 f(x)
x k=0 x
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 12

ê Demonstração. Para n = 0 temos


∑ ∑
0 ∑
g(x).∆f(x) = ∆k g(x).(−1)k ∆−k Ek f(x) − ∆g(x)Ef(x) =
k=0

= g(x)f(x) − ∆g(x)Ef(x)

que vale. Supondo a validade para n

∑ ∑
n ∑
g(x).∆f(x) = ∆k g(x).(−1)k ∆−k Ek f(x) + (−1)n+1 ∆n+1 g(x)∆−n En+1 f(x)
k=0

vamos provar para n + 1

∑ ∑
n+1 ∑
g(x).∆f(x) = ∆k g(x).(−1)k ∆−k Ek f(x) + (−1)n+2 ∆n+2 g(x)∆−n−1 En+2 f(x)
k=0

aplicando o somatório por partes no somatório

∑ ∑
∆n+1 g(x)∆−n En+1 f(x) = ∆n+1 g(x)∆−n−1 En+1 f(x) − ∆n+2 g(x)∆−n−1 En+2 f(x)

e substituindo na hipótese chegamos no que queremos mostrar

∑ ∑
n ∑
g(x).∆f(x) = ∆k g(x).(−1)k ∆−k Ek f(x) + (−1)n+1 ∆n+1 g(x)∆−n En+1 f(x) =
k=0


n
= ∆k g(x).(−1)k ∆−k Ek f(x) + (−1)n+1 ∆n+1 g(x)∆−n−1 En+1 f(x)
k=0

+(−1)n+2 ∆n+2 g(x)∆−n−1 En+2 f(x) =


n+1 ∑
= ∆k g(x).(−1)k ∆−k Ek f(x) + (−1)n+2 ∆n+2 g(x)∆−n−1 En+2 f(x) .
k=0

1.4.1 Somatórios de potências

Z Exemplo 6.

x

podemos tomar g(x) = x e ∆f(x) = 1, assim temos ∆g(x) = 1 e f(x) = x e ficamos


CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 13

com
∑ ∑ ∑ ∑ ∑
x = x2 − (x + 1) = x2 − x− 1 = x2 − x−x

logo 2 x = x2 − x assim

∑ (x2 − x) x(x − 1)
x= =
2 2

Z Exemplo 7.

x2

tomando g(x) = x temos ∆g(x) = 1 e tomando ∆f(x) = x temos f(x) = x(x − 1)/2
ficamos com

∑ (x − 1) ∑ (x + 1)(x) (x − 1) ∑ x2 ∑ x
x2 = x(x) − = x(x) − − =
2 2 2 2 2
(x − 1) ∑ x2 x(x − 1) x(x − 1) 1 ∑ x2 x(x − 1)(2x − 1) ∑ x2
= x(x) − − = (x− )− = −
2 2 2.2 2 2 2 2.2 2
assim
∑ 1 ∑ 2 3 ∑ 2 x(x − 1)(2x − 1)
x2 + x = x =
2 2 2.2
logo
∑ x(x − 1)(2x − 1)
x2 =
6


1.4.2 Somatórios do tipo g(x).ax
Usando a fórmula
∑ ∑
n ∑
g(x).∆f(x) = ∆k g(x).(−1)k ∆−k Ek f(x) + (−1)n+1 ∆n+1 g(x)∆−n En+1 f(x)
k=0

ax ax
tomando ∆f(x) = ax temos f(x) = e ∆k f(x) = (a − 1)k = (a − 1)k−1 ax de
a−1 a−1
onde segue
∆−k f(x) = (a − 1)−k−1 ax
e
∆−k Ek f(x) = ak (a − 1)−k−1 ax
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 14

$ Corolário 2.
∑ ∑
n
∆k g(x)ak (−1)k ax (−1)n+1 an+1 ∑ x n+1
g(x)ax = + a ∆ g(x)
k=0
(a − 1)k+1 (a − 1)n+1

$ Corolário 3. Seja g(x) um polinômio de grau n, temos que ∆n+1 g(x) = 0 logo
escrevendo

∑ ∑
n
∆k g(x)ak (−1)k ax (−1)n+1 an+1 ∑ x n+1
x
g(x)a = + a ∆ g(x) =
k=0
(a − 1)k+1 (a − 1)n+1

∑ ∑
n
∆k g(x)ak (−1)k ax
x
= g(x)a =
k=0
(a − 1)k+1

∑ x2 ax (2x + 1)aax 2a2 ax


2 x
1.4.3 Soma xa = − +
x
(a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3

Z Exemplo 8. Se g(x) = x 2
temos

∑ ∑
2
∆k x2 ak (−1)k ax x2 ax (2x + 1)aax 2a2 ax
2 x
xa = = − +
x k=0
(a − 1)k+1 (a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3

aplicando a soma com limites


b+1

b
x2 ax (2x + 1)aax 2a2 ax
2 x
xa = − + =
x=c
(a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3 c


b
(b + 1)2 ab+1 (2b + 3)aab+1 2a2 ab+1 c2 ac (2c + 1)aac 2a2 ac
x2 ax = − + − + −
x=c
(a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3 (a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3
tomando a = −1 na soma indefinida

∑ ( )
2 x x2 (2x + 1)(−1) 2(−1)2 x (−2x2 + 2x)(−1)x x(x − 1)(−1)x+1
x (−1) = − + (− 1) = =
(−2) (−2)2 (−2)3 4 2
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 15

Se aplicamos limites [0, n] temos


n+1

n
x(x − 1)(−1)x+1 (n + 1)(n)(−1)n
2 x
x (−1) = = .
2 0 2
x=0

Z Exemplo 9 (Olimpı́ada Canadense de matemática 1974-Problema 1 parte 2.).


Mostrar que

n ∑
n
k+1 2 n+1
(−1) k = (−1) k.
k=1 k=1

Pelo último resultado temos


n
(n + 1)(n)(−1)n
k2 (−1)k =
2
k=0

multiplicando por −1 temos


n
(n + 1)(n)(−1)n+1
k2 (−1)k+1 =
2
k=0

n(n + 1) ∑n
e sabendo que = k. Podemos demonstrar de outro jeito, usando a
2
k=1
propriedade que f(n) = g(n) sse ∆f(n) = ∆g(n) e g(a) = f(a), para a inteiro e
funções de Z. Temos aplicando ∆


n
n
(−1) (n + 1) = ∆ (−1)k+1 k2
k=1


n ∑
n+1 ∑
n
(n + 1)
∆(−1)n+1 k = (−1)n k + (−1)n k = (−1)n (n + 1) + 2(−1)n (n) =
2
k=1 k=1 k=1

= (−1)n (n + 1)(n + 1) = (−1)n (n + 1)2

temos então que as diferenças são iguais e


1 ∑
1
(−1)k+1 k2 = (−1)2 12 = 1 = (−1)2 k=1
k=1 k=1

logo as expressões são iguais.


CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 16

∑ (x3 )ax (3x2 + 3x + 1)aax (6x + 6)a2 ax (6)a3 ax


3 x
1.4.4 x a = − + −
x
(a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3 (a − 1)4

Z Exemplo 10. Calcular



x3 ax .
x
Temos
∑ ∑
3
(∆k x3 )ak (−1)k ax
3 x
x a = =
x k=0
(a − 1)k+1

(∆0 x3 )ax (∆x3 )aax (∆2 x3 )a2 ax (∆3 x3 )a3 ax


= − + −
(a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3 (a − 1)4
tomando as diferenças tem-se

∑ (x3 )ax (3x2 + 3x + 1)aax (6x + 6)a2 ax (6)a3 ax


x3 ax = − + −
x
(a − 1) (a − 1)2 (a − 1)3 (a − 1)4

caso a = −1 temos

∑ −4x3 + 6x2 − 1
x3 (−1)x = ( )(−1)x
x
8


n
1
x3 (−1)x = (1 + (−1)n (−1 + 6n2 + 4n3 )).
8
x=0

$ Corolário 4. Aplicando o somatório com limites definidos, temos




d ∑
n
∆ k
g(x)ak
(− 1) k x d+1
a
g(x)ax =
(a − 1)k+1
x=c k=0 c

em especial se |a| < 1 e fizermos o limite superior tender ao infinito temos




∞ ∑
n
∆k g(x)ak (−1)k ax ∑
n
∆k g(x)ak (−1)k+1 ac
x
g(x)a = = =
c
(a − 1)k+1
k=0
(a − 1)k+1
c k=0

colocando a em evidência em (a − 1), temos a(1 − 1/a), elevando a k + 1 temos


CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 17

(a − 1)k = ak+1 (1 − 1/a)k+1 substituindo no somatório temos



n
∆k g(x)ak+1 (−1)k+1 ac−1 ∑
n
∆k g(x)(−1)k+1 ac−1
= = =
k=0
ak+1 (1 − a1 )k+1 k=0
(1 − a1 )k+1

tomando b = 1/a e fazendo 1 − b = (−1)(b − 1) elevando a k + 1 temos (1 − b)k+1 =


(−1)k+1 (b − 1)k+1 ficamos com

n
∆k g(x)(−1)k+1 ac−1 ∑
n
∆k g(x)ac−1 ∑

= = = g(x)ax
k=0
(−1)k+1 (b − 1)k+1 k=0
(b − 1)k+1 c

então

∆ g(x) k

∞ ∑
n
g(x)ax = ac−1 x=c

x=c
(b − 1) 1
k+
k=0

se c = 1 temos



∆ k
g(x)

∞ ∑
n
g(x)ax = x=1

x=1 k=0
(b − 1)k+1
com ∆g(x) aplicado x = c no caso geral e c = 1 no último caso.

$ Corolário 5 (Série geométrica).




∆ g(x) k

∞ ∑
n
g(x)ax = ac−1 x=c

x=c k=0
(b − 1)k+1

1 1 1−a
Tomando c = 0 e g(x) = 1 temos b = , b−1= −1=
a a a

k


∞ ∑
0 ∆ 1 1 a 1
ax = a0−1 x=0
k+ 1
= = .
x=0
(1 − a)
k=0
a1−a 1−a



1
ax = .
1−a
x=0
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 18

Z Exemplo 11. Mostre que




1
e−px =
p=1
ex − 1

para x > 0. Tomamos g(x) = 1 logo de grau 0 = n temos a = e−x , logo b = ex ,


aplicando a fórmula temos


∆ 1 k
∆ 1
0

∞ ∑
0 1
e−px = x=1
= x=1
=
(ex − 1)k+1 (ex − 1)1 ex − 1
p=1 k=0

$ Corolário 6. Seja g(x) = xn e c = 0 temos




k n

∞ ∑
n ∆ x
xn ax = a−1 x=0
=
x=0 k=0
(b − 1)k+1
{n }

k n
porém temos que ∆ x = k! , assim
x=0 k
{n }

∞ ∑
n k!
n x −1 k
x a =a .
c=0 k=0
(b − 1)k+1

Z Exemplo 12 (Soma geométrica). Seja g(x) = 1, ele é um polinômio de grau


0, então
∑ ∑
0
∆k 1ak (−1)k ax ∆0 1a0 (−1)0 ax ax
x
a = = =
k=0
(a − 1)k+1 (a − 1)1 a−1
se aplicamos limites temos

∑ n+1
ax
n
x an+1 − a
a = =
x=1
a − 1 1 a−1

podemos resolver de outra maneira, temos que ∆ax = ax (a − 1), assim


∑ ∑
∆ax = ax = ax (a − 1)
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 19

, logo se a ̸= 1 podemos dividir de ambos lados por a − 1 ficando com


∑ ax
x
a =
a−1

∑ xax aax
1.4.5 xax = −
(a − 1) (a − 1)2

Z Exemplo 13. Se g(x) = x temos um polinômio de grau 1 então


∑ ∑
1
∆k xak (−1)k ax ∆0 xa0 (−1)0 ax ∆1 xa1 (−1)1 ax
x
xa = = + =
k=0
(a − 1)k+1 (a − 1)1 (a − 1)1+1

∑ xax aax xax (a − 1) aax


x
= xa = − = − =
(a − 1) (a − 1)2 (a − 1)2 (a − 1)2
∑ ( )
x ax
= xa = (a − 1)x − a .
(a − 1)2
Aplicando limites [0, n]

∑ ( ) n+1 ( ) ( )
n
ax an+1
1
x
xa = (a− 1)x−a = (a− 1)(n+ 1)−a + a =
(a − 1)2 0 (a − 1)2 (a − 1)2
x=0
( )
n+1

n a (a − 1)(n + 1) − a + a
x
xa =
x=0
(a − 1)2
( )
n

n−1 a (a − 1)(n) − a + a
xax =
x=0
(a − 1)2

Z Exemplo 14. Usando a expressão anterior tem-se


∑ x (x + 1)
x
= − x−1 .
x
2 2
n+1
∑n
x (x + 1) 3 n+1
x
= − x−1 = − n
2 2 2 2 2
x=2
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 20

Z Exemplo 15. Calcular



n
2k .
k=0
n+1

n

k
k
2 =2 = 2n+1 − 20 = 2n+1 − 1.
k=0 0

Z Exemplo 16. Expressar o somatório em fórmula fechada



n
k2k .
k=0

Temos no caso o somatório indefinido


k2k = k2k − 2k+1 = 2k (k − 2)

aplicando limites [0, n] temos


n+1

n

k
k2 = k2 − 2k k+1
= 2 (k − 2)
k
= 2n+1 (n − 1) + 2.
k=0 k=0


n
k2k = 2n+1 (n − 1) + 2
k=0


n−1
k2k = 2n (n − 2) + 2.
k=0

Z Exemplo 17. Calcular a soma



n
(n + 1 − k)2k .
k=0


n ∑
n ∑n
k
(n+1−k)2 = (n+1) 2 − k
k2k = (n+1)(2n+1 −1)−2n+1 (n−1)−2 = 2n+2 −n−3.
k=0 k=0 k=0
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 21

Z Exemplo 18. Calcular a soma



100
k(−1)k+1 .
k=0

Vamos achar a fórmula geral e dela resolver o problema

∑ ∑ ( )
k+1 k k(−1)k (−1)k+1 k(−1)k (−1)k+1
k(−1) =− k(−1) = − − − = + =
2 4 2 4
∑ (−1)k
= k(−1)k+1 = (2k − 1).
4
aplicando limites
n+1

n
(−1)k (−1)n+1 (2n + 1) + 1
k(−1) k+1
= (2k − 1) = .
4 0 4
k=0


100
(−1)(201) + 1 −200
k(−1)k+1 = = = −50.
4 4
k=0

Z Exemplo 19. Sabendo que f(1) = f(n + 1) e f(n+ 1) = (−1)


0
n+1
n+(−c+ 1)f(n),
onde c ̸= 0 é um número complexo, calcule


n0
f(k).
k=1

Da expressão f(k+ 1) = (−1)k+1 k+(−c+ 1)f(k), subtraı́mos f(k) de ambos lados,


ficamos com
f(k + 1) − f(k) = (−1)k+1 k + (−c)f(k)

n0
aplicamos a soma perceba que a soma do lado esquerdo é telescópica e resulta
k=1
em f(n0 + 1) − f(1) = 0 logo


n0

n0
1∑
n0
(−1)n0 +1 (2n0 + 1) + 1
[(−1)k+1 k + (−c)f(k)] = 0 ⇒ f(k) = (−1)k+1 k =
c 4c
k=1 k=1 k=1
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 22

Como exemplo, se c = 3 e n0 = 1988 temos


1988
(−1)1989 (2 × 1988 + 1) + 1 944
f(k) = =−
4×3 3
k=1

Z Exemplo 20. Calcular


n+1

n
k10k 10k+1 10n+1 (9n − 1) + 10
k
k10 = − = .
9 81 0 81
k=0

Z Exemplo 21 (IME 2007-2008 modificada [continuar a escrever depois). ]


Determine a expressão da soma a seguir, onde n é um inteiro múltiplo de 4.


n
(k + 1)ik .
k=0

n+1 n+1

n ∑
n ∑
n
kik i.ik ik
k k k
(k + 1)i = ki + i = − +
(i − 1) (i − 1)2 0 i − 1 0
k=0 k=0 k=0

Z Exemplo 22 (IME 2008-2009 modificada). Dada a função F : N 2


→ R com
q, r ∈ R, definida como
f(0, 0) = 1.

f(n, m + 1) = qf(n, m).

f(n + 1, 0) = r + f(n, 0).

Determine uma expressão fechada para


2009
f(k, k).
k=0

Seja n fixado, considere então h(m) = f(n, m) pela recorrência segue que

h(k + 1) = qh(k)
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 23

Qh(k) = q

aplicando o produtório em ambos lados com k variando de 0 até m − 1


m−1
h(m)
Qh(k) = = qm
k=0
h(0)

h(m) = qm .h(0)

f(n, m) = f(n, 0).qm .

Agora temos que chegar numa expressão para f(n, 0) , tome l(n) = f(n, 0) segue
então da recorrência que
l(k + 1) = r + l(k)

∆l(k) = r

aplicando o somatório em ambos termos com k variando de 0 até n − 1


n−1 ∑
n−1
∆l(k) = l(n) − l(0) = r = r.n
k=0 k=0

assim
l(n) = l(0) + r.n

f(n, 0) = f(0, 0) + r.n = 1 + r.n

então temos a fórmula geral para a recorrência

f(n, m) = (1 + r.n)qn

em especial
f(k, k) = (1 + r.k)qk .

Temos dois casos a analisar agora, o primeiro com q = 1

f(k, k) = (1 + r.k)
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 24

aplicando o somatório


2009 ∑
2009 ∑
2009
r(2010)(2009)
(1 + r.k) = (1) + r. (k) = 2010 + .
2
k=0 k=0 k=0

Agora o caso de q ̸= 1
2010 ( ) 2010

2009 ∑
2009 ∑
qk
2009
kqk qqk
(1 + r.k)q = k
q +r k
k.q = k
+ r − .
q − 1 0 (q − 1) (q − 1)2 0
k=0 k=0 k=0

( )
Z Exemplo 23. se g(x) =
x(n,1)
n! (
=
x
n)
, temos um polinômio de grau n e
∆k x(n,1) n(k,1) x(n−k,1) x(n−k,1) x n(k,1) 1
= = = pois = assim
n! n! (n − k)! n−k n! (n − k)!

∑ x(n,1) ∑ (x) ∑n
x(n−k,1) ak (−1)k ax ∑
n (
x
) k
a (−1)k ax
x x
a = a = =
n! n k=0
(n − k)! (a − 1)k+1 k=0
n − k (a − 1)k+1

∑ (x) ∑n (
x
) k
a (−1)k ax
x
a =
x
n k=0
n − k (a − 1)k+1
ou ainda
∑ ∑n ( ) k
(n,1) x x a (−1)k ax
x a = n! .
x k=0
n − k (a − 1)k+1

∑∞ ( )
t t
1.4.6 A série a
t=s
s

$ Corolário 7. Do último exemplo temos um corolário


∑ (t) ∑s (
t
) k
a (−1)k at
t
a =
t
s k=0
s − k (a − 1)k+1

se |a| < 1 com limites [s, ∞)

∑∞ ( ) ∑s ( ) k s ( )
t t s a (−1)k as as ∑ s ak (−1)k
a =− =− =
t=s
s k=0
s − k (a − 1)k+1 (a − 1) k=0 k (a − 1)k
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 25

a
tomando b = segue
1−a
s ( )
as ∑ s k as as a s
=− b == − (1 + b)s = − (1 − ) =
(a − 1) k=0 k (a − 1) (a − 1) a−1

as a−1−a s as as
=− ( ) =− (1 − a)−s = .
(a − 1) a − 1 (a − 1) (1 − a)s+1
Logo
∑∞ ( )
t t as
a = .
t=s
s (1 − a)s+1
Outra maneira de demonstrar a identidade é usando soma por partes e indução
sobre s.
Para s = 0 vale
∑∞ ( )
t t ∑ t

1 a0
a = a = =
t=0
0
t=0
1−a (1 − a)0+1
logo está provado. Supondo validade para s
∑ ∞ ( )
t t as
a =
t=s
s (1 − a)s+1
vamos provar para s + 1
∑∞ ( )
t as+1
at = .
t=s+1
s+1 (1 − a)s+2
∑∞ ( ) ( ) ( )
t t t t
Na série a , tomando g(t) = segue ∆g(t) = e ∆f(t) = at
s + 1 s + 1 s
t=s+1
at at a
implica f(t) = , f(t) = , usando a soma por partes segue
a−1 a−1
∑∞ ( ) ( ) t ∞ ( ) ( )
a ∑ t t a ∑ t t
∞ ∞
t t a as+1
= + a = + a
s + 1 s + 1 a − 1 s+1 1 − a s 1−a 1−a s
t=s+1 t=s+1 t=s+1

∑∞ ( ) ∑∞ ( )
t t as t t
usamos agora a hipótese da indução a = s+ 1
que implica a =
t=s
s (1 − a) s
t=s+1
as as s
= − a , logo a série
(1 − a)s+1 (1 − a)s+1
∑∞ ( )
t as+1 as+1 as+1
= + −
s+1 1 − a (1 − a)s+2 1 − a
t=s+1

∑∞ ( )
t as+1
= .
t=s+1
s+1 (1 − a)s+2
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 26

Z Exemplo 24 (Série e divisibilidade).





1 1 ∑ k
n

g(x) x = c−1 ∆ g(x)
2 2 x=c
k=c k=0

pois b = 2, b − 1 = 1. Se g(x) é um polinômio de coeficientes inteiros, temos



que ∆k g(x) é inteiro para todo k, assim temos o somatório de números inteiros
x=c
1
e temos = 21−c se 1 − c ≥ 0 , c ≤ 1 temos que 21−c é inteiro e podemos garantir
2c−1
que


1
g(x)
2x
k=c
1−c
é múltiplo de 2 , no caso de c = 1 temos 21−1 = 1, no caso de c = 0, 21−0 = 2,
c = −1, 21+1 = 4.

$ Corolário 8.


∆ 1 k
∆ 1
0

∞ ∑
0 ac−1
ax = ac−1 x=c
= ac−1 x=c
= .
x=c
(b − 1)k+1 (b − 1) b−1
k=0

Segue que


ax
x=c 1
=
ac−1 b−1


( ax )k+1
x=c 1
=
ac−1 (b − 1)k+1
e de

∞ ∑
n
1
g(x)a = a x c−1
∆ g(x)
k
k+1
x=c k=0 x=c (b − 1)



∞ n (
∑ ax )k+1

x
g(x)a = a c−1 x=c
∆ g(x)
k
.
x=c k=0
ac−1 x=c
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 27

z Observação 1 (Hipótese). Temos que




∆ g(t)k

s ∑

g(p) ∑

t=1
= = g(p)e−px .
(ex − 1)k+1 epx
k=0 p=1 p=1

Com g(x) um polinômio de grau s e x > 0. Multiplicando ambos lados por xn e


integrando de 0 até infinito


∫∞ ∑ k
s ∆ g(t) ∫∞ ∑ ∫∞
∞ ∑
∞ ∑

n!
n t=1 n −px n −px
x x k+ 1
dx = x g(p)e dx = g(p) x e dx = g(p) n+1 =
0 (e − 1)
k=0 0 0p=1
p p=1 p=1



g(p)
= n! =
p=1
pn+1

como g(p) é polinômio de grau s, podemos escrever da forma



s
g(p) = ak pk
k=0

substituindo segue que




g(p)
∞ ∑
∑ s
pk ∑s ∑∞
1 ∑s
n! = n! ak n+1 = n! ak = n! ak ζ(n + 1 − k)
p=1
pn+1 p=1 k=0
p k=0 p=1
p(n+1)−k k=0

assim

∫∞ ∆ g(t) k

s ∑
s
n! ak ζ(n + 1 − k) = xn t=1
dx.
k=0 0 k=0
(ex − 1)k+1

$ Corolário 9. Se g(x) = x temos s = 1 com a0 = 0 e a1 = 1, segue que





1 ∫∞ ∑
1 ∆k t ∫∞ ( ∆0 t ∆1 t )
n t=1 n t=1 t=1
n! ak ζ(n+1−k) = n!(ζ(n)) = x dx = x + dx =
0 (ex − 1)k+1 0 (ex − 1)1 (ex − 1) 2
k=0 k=0
∫∞ ( ) ∫∞
n 1 1 xn e x
= x + dx = n!ζ(n) = dx.
0 (ex − 1) (ex − 1)2 x
0 (e − 1)
2

Mas temos que


∫∞
xn
n!ζ(n + 1) = dx
0 ex − 1
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 28

assim
∫∞ ∫∞
xn−1 xn e x
n!ζ(n) = n dx = dx.
0 ex − 1 0 (ex − 1)2
Essa última identidade pode ser deduzida por integração por partes
∫∞ ∫∞
xn ex xn−1
dx = n dx
0 (ex − 1)2 0 ex − 1

1 ex
tomando f(x) = xn temos Dxn = nxn−1 e g(x) = temos Dg(x) = − .
ex − 1 (ex − 1)2

Z Exemplo 25. Calcule



n
k
.
k=1
(k + 1)(k + 2)(k + 3)

Vamos resolver por partes, tomando g(k) = k temos ∆g(k) = 1 e ∆f(k) = (k)(−3,1)
(k + 1)(−2,1)
, f(k + 1) = − logo
2
∑ k k 1∑
=− + (k + 1)(−2,1) =
(k + 1)(k + 2)(k + 3) 2(k + 1)(k + 2) 2

k 1 k 1
=− − (k + 1)(−1,1) = − − =
2(k + 1)(k + 2) 2 2(k + 1)(k + 2) 2(k + 2)
( )
1 k 2k + 1
=− +1 =−
2(k + 2) k + 1 2(k + 2)(k + 1)
aplicando limites temos
n+1

n
k 2k + 1 2n + 3 1
=− =− +
(k + 1)(k + 2)(k + 3)
2(k + 2)(k + 1) 0 2(n + 3)(n + 2) 4
k=1

assim o limite é


k 1
= .
k=1
(k + 1)(k + 2)(k + 3) 4

Z Exemplo 26. Seja g(x) um polinômio de grau s vamos calcular o somatório


CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 29

indefinido

g(x)(x + a)(p,1)
x

(x + a)(p+1,1)
para p ̸= −1 inteiro, tomando ∆f(x) = (x + a)(p,1) segue f(x) =
p+1
por somatório por partes temos

∑ ∑
s
(p,1)
g(x)(x + a) = ∆k g(x)(−1)k ∆−k Ek f(x)
x k=0

(x + a + k)(p+1,1)
temos Ek f(x) = h(x) = e
p+1

(x + a + k)(p+1−k,1)
∆k h(x) = (p + 1)(k,1) = (p)(k−1,1) (x + a + k)(p+1−k,1)
p+1

então
∆−k Ek f(x) = (p)(−k−1,1) (x + a + k)(p+1+k,1)

a soma fica

∑ ∑
s
(p,1)
g(x)(x + a) = ∆k g(x)(−1)k (p)(−k−1,1) (x + a + k)(p+1+k,1) .
x k=0


n ∑
m
1.4.7 min{k, j}ak+j e similares.
k=0 j=0

Z Exemplo 27. Calcule a soma



n ∑
m
min{k, j}ak+j .
k=0 j=0

Primeiro vejamos o caso de a = 1.


n ∑
m ∑
n ∑ k−1 ∑
m
min{k, j} = [ min{k, j} + min{k, j}] =
| {z } | {z }
k=0 j=0 k=0 j=0 j j=k k
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 30

∑n ∑ k−1 ∑m ∑n
(k)(k − 1)
= [ j+ k] = + k(m + 1 − k) =
2
k=0 j=0 j=k k=0

(n + 1)(n)(n − 1) ∑n ∑ n
(n + 1)(n)(n − 1) n(n + 1) n(n + 1)(2n + 1)
= +(m+1) k− k2 = +(m+1) − .
3! 3! 2 6
k=0 k=0

Caso a ̸= 1, usamos procedimento similar


n ∑
m ∑
n ∑
k ∑
m
min{k, j}a k+j
= k
[a j
ja + kak
aj ] =
k=0 j=0 k=0 j=0 j=k+1


n
kak+1 ak+1 − a m+1
− ak+1
k k a
= a ( −[ ]) + ka ( )=
k=0
a−1 (a − 1)2 a−1
que simplificamos em

∑n
−a2k+1 aak kak am+1
= + + =
(a − 1)2 (a − 1)2 a − 1
k=0

−a a2n+2 − 1 a an+1 − 1 am+1 an+1 − a nan+1


= ( ) + ( ) + [−( ) + ]
(a − 1)2 a2 − 1 (a − 1)2 a − 1 a−1 (a − 1)2 a−1
logo valem as identidades


n ∑
m
−a a2n+2 − 1 a an+1 − 1 am+1 an+1 − a nan+1
min{k, j}ak+j = ( )+ ( )+ [−( )+ ]
k=0 j=0
(a − 1)2 a2 − 1 (a − 1)2 a − 1 a−1 (a − 1)2 a−1


n ∑
m
(n + 1)(n)(n − 1) n(n + 1) n(n + 1)(2n + 1)
min{k, j} = + (m + 1) − .
3! 2 6
k=0 j=0

Se |a| < 1 podemos tomar o limite de n e m tendendo ao infinito, de onde


segue depois de simplificações


∞ ∑

a2
min{k, j}ak+j = .
k=0 j=0
(1 − a)3 (a + 1)
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 31

Z Exemplo 28 (OBM - nı́vel universitário- 1 ◦


fase 2011.). Calcule


∞ ∑

1
min{k, j} .
3k+j
k=0 j=0

Usando a expressão


∞ ∑

a2
min{k, j}ak+j =
k=0 j=0
(1 − a)3 (a + 1)

segue

∞ ∑

1 9
min{k, j} = .
3k+j 32
k=0 j=0

Z Exemplo 29. Calcule a soma


n ∑
∑ m
(k + j)ak+j .
k=0 j=0

Primeiro se a = 1

n ∑
∑ m ∑n ∑ m ∑ m ∑n
m(m + 1) (m + 1)(n)(n + 1) (n + 1)m(m + 1)
(k+j) = [ k+ j] = [k(m+1)+ ]= + .
2 2 2
k=0 k=0 k=0 j=0 j=0 k=0

Agora se a ̸= 1


n ∑
m ∑
n ∑
m ∑
m ∑
n
am+1 − 1 k am+1 − a mam+1
(k+j)ak+j = [kak aj +ak jaj ] = [kak +a (− + )] =
k=0 j=0 k=0 j=0 j=0 k=0
a−1 (a − 1)2 a−1

am+1 − 1 an+1 − a nan+1 an+1 − 1 am+1 − a mam+1


= (− + )] + (− + )]
a−1 (a − 1)2 a−1 a−1 (a − 1)2 a−1
se |a| < 1 podemos calcular o limite com m, n → ∞, tomando o limite tem-se


∞ ∑

2a
(k + j)ak+j = .
k=0 k=0
(1 − a)3
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 32


n ∑
m
Z Exemplo 30. Como min{k, j}+max{k, j} = k+j então sabemos max{k, j}ak+j ,
k=0 j=0
por exemplo, vamos calcular a série


∞ ∑

a(a + 2)
max{k, j}ak+j = .
k=0 k=0
(1 − a)3 (a + 1)


n
1.5 kpak usando translação da soma
k=1


n
O método consiste em tomar Sn = kp ak e calcular (a − 1)sn , vejamos o método
k=1
em exemplos.

Z Exemplo 31. Calcular



n
ak .
k=0
Temos


n ∑
n ∑
n
an+1 − 1
(a − 1) k
a = (ak+1 k
−a )=a n+1
−1⇒ ak = .
k=0 k=0 k=0
a−1

Z Exemplo 32. Calcular



n
kak .
k=0
Temos

n ∑
n ∑
n
k k+1
(a − 1) ka = ka − kak =
k=0 k=0 k=0


n ∑
n ∑
n
an+1 − a
= (k − 1)ak − kak + nan+1 = − ak + nan+1 = − + nan+1
k=1 k=1 k=1
a−1
isso implica que

n
an+1 − a nan+1
kak = − + .
k=0
(a − 1)2 a−1
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 33

1.6 Somas envolvendo números harmônicos


Z Exemplo 33 (Somatório de números harmônicos).

Hk .

Usaremos somatório por partes, tomando ∆f(k) = 1 temos f(k) = k e g(k) = Hk


1
temos ∆Hk = segue que
k+1
∑ ∑k+1 ∑
Hk = k.Hk − = k.Hk − 1 = k.Hk − k.
k+1

aplicando limites
∑ n
n−1

Hk = k.Hk − k = n.Hn − n.
k=0 0

Temos então a propriedade



Hk = k.Hk − k.

obtida através de somatório por partes, no cálculo temos expressão semelhante



lnxdx

podemos integrar por partes, tomando g ′ (x) = 1 e f(x) = lnx temos g(x) = x e
1
f ′ (x) = logo
x ∫ ∫
x
lnxdx = xlnx − dx = xlnx − x.
x

Z Exemplo 34 (Olimpı́ada Canadense de matemática 1973-Problema 5). Provar


que

n−1
n+ Hk = nHn .
k=1
Do resultado anterior temos


n−1
Hk = n.Hn − n
k=0
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 34

logo

n−1
n+ Hk = nHn .
k=1

Z Exemplo 35. Mostrar que


(n)

n
(−1)k+1
k
= Hn .
k=1
k
(n) n ( ) ∫1 k ∫1 n ( )

n
(−1)k+1 ∑ n x 1 ∑ n
k+1
k
= (−1) dx = (−x)k dx =
k=1
k k=1
k 0 x 0 −x k=1
k
∫1
(1 − x)n − 1
= dx
0 −x
fazendo a mudança 1 − x = y tem-se
∫1 ∫1
(1 − x)n − 1 (y)n − 1
= dx = dy = Hn .
0 −x 0 y−1

Z Exemplo 36 (Somatório de números harmônicos multiplicados por potências


fatoriais).

x(n,1) Hx .

1 x(n+1,1)
Tomando g(x) = Hx e ∆f(x) = x(n,1) temos ∆g(x) = e f(x) = segue
x+1 n+1
que
∑ x(n+1,1) 1 ∑ 1
x(n,1) Hx = Hx − (x + 1)(n+1,1) =
n+1 n+1 x+1
mas como (x + 1)(n+1,1) = (x + 1)(x)(n,1) ficamos com

∑ x(n+1,1) 1 ∑ 1 x(n+1,1) 1 ∑ (n,1)


x(n,1) Hx = Hx − (x+1)(x)(n,1) = Hx − (x) =
n+1 n+1 x+1 n+1 n+1

x(n+1,1) 1 (x)(n+1,1)
= Hx − .
n+1 (n + 1) (n + 1)
Então temos
∑ x(n+1,1) 1 (x)(n+1,1)
x(n,1) Hx = Hx − .
n+1 (n + 1) (n + 1)
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 35

se aplicarmos limites [0, s − 1]

∑ ( ) s
(x)(n+1,1)
s−1
(n,1) x(n+1,1) 1 s(n+1,1) 1 (s)(n+1,1)
x Hx = Hx − = H − .
(n + 1) (n + 1) 0
s
x=0
n+1 n+1 (n + 1) (n + 1)

Da expressão
∑ x(n+1,1) 1 (x)(n+1,1)
x(n,1) Hx = Hx −
n+1 (n + 1) (n + 1)
se dividirmos por n! temos

∑ x(n,1) ∑ (x) x(n+1,1) 1 (x)(n+1,1)


Hx = Hx = Hx − =
n! n (n + 1)n! (n + 1) (n + 1)n!
( ) ( )
x(n+1,1) 1 (x)(n+1,1) x 1 x
= Hx − = Hx −
(n + 1)! (n + 1) (n + 1)! n+1 (n + 1) n + 1
então
∑ (x) (
x
)(
1
)
Hx = Hx −
x
n n + 1 (n + 1)
e tomando limites
s−1 ( )
∑ ( ) ( )
x s 1 s
Hx = Hs − .
n n + 1 (n + 1) n + 1
x=0

∑(x) (
x
)(
1
)
$ Corolário 10. De Hx = Hx − tem-se
x
m m + 1 (m + 1 )

n−1 ( )
∑ ( )( ) n ( )( )
x x 1 n 1
Hx = Hx − = Hn −
m m + 1 (m + 1 ) m+1 (m + 1)
x=m m

n−1 ( )
∑ ( )( )
x n 1
Hx = Hn − .
x=m
m m+1 (m + 1)

Z Exemplo 37 (Somatório de números harmônicos multiplicados por potências).



xn Hx .

Transformamos a potência em potência fatorial com ajuda dos números de Stir-


CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 36

ling, temos
n {n }

x = n
x(k,1)
k=0 k

e aplicamos o somatório

∑ n {n }
∑∑ n {n } ∑
∑ n {n }( (k+1,1)
∑ )
n (k,1) (k,1) x 1 (x)(k+1,1)
x Hx = x Hx = x Hx = Hx −
k=0 k k=0 k k=0 k k+1 (k + 1) (k + 1)

∑ n {n }( (k+1,1)
∑ )
n x 1 (x)(k+1,1)
x Hx = Hx − .
k=0 k k+1 (k + 1) (k + 1)

Z Exemplo 38. Calcular o somatório duplo


n ∑
∑ k−1
1
.
k=1 j=1
k−j

Trocamos a ordem do segundo somatório


n ∑
∑ k−1
1 ∑
n ∑
n−1
= Hk−1 = Hk = nHn − n.
k=1 j=1
j k=1 k=0

1.7 Soma em termos de funções elementares



n
b Propriedade 12. Suponha que uma soma s(n) = g(k) seja convergente,
k=1
e tenha limite como um número irracional α. Então s(n) não pode ser da forma
p(n) p(n)
para n ∈ N onde lim diverge ou converge para um número racional.
g(n) g(n)
Em especial p(n) e g(n) não podem ser polinômios de coeficientes racionais pois
o limite aplicado a esses polinômios ou converge para um número racional ou
diverge .


n
Z Exemplo 39. A soma (
1
2k)(2k + 1)
apesar de ter soma de termos em
k=1
função racional de coeficientes racionais não possui fórmula fechada desse tipo,
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 37

pois a série converge para um número irracional.

∑n
Z Exemplo 40. A soma harmônica 1
k
não possui expressão fechada em
k=1
termo de funções racionais de coeficientes racionais, pois supondo que tivesse
p(n)
então
g(n)
p(2n) p(n)
H2n − Hn = −
g(2n) g(n)
mas o primeiro converge para um número irracional ln(2) e o segundo termo só
pode convergir para números racionais, o que é um absurdo.

1.8 Somas e continuidade


b Propriedade 13 (TVM para somatórios). Sejam f : [a, b] → R uma função
contı́nua , (xk )uk=v pontos do intervalo [a, b] para u e v inteiros com u ≥ v. Então
existe um ponto c ∈ (a, b) tal que se verifica


u
f(xk ) = (u + 1 − v)f(c).
k=v

ê Demonstração. f é contı́nua num intervalo compacto, logo sua imagem é um


intervalo compacto, para todos (xk )uk=v existem y, z ∈ [a, b] tal que f(z) ≤ f(xk ) ≤ f(y),
daı́ aplicamos a soma em ambos lados

u ∑
u ∑
u
f(z) = f(z)(u + 1 − v) ≤ f(xk ) ≤ f(y) = f(y)(u + 1 − v)
k=v k=v k=v

como u ≥ v, temos u + 1 > v, u + 1 − v > 0 logo



u
f(xk )
f(z) ≤ k=v
≤ f(y)
(u + 1 − v)
| {z }
=t

Se a igualdade acontecer em algum dos lados nossa propriedade está demonstrada


pois aconteceria

u
f(z)(u + 1 − v) = f(xk )
k=v
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 38

ou

u
f(xk ) = f(y)(u + 1 − v)
k=v
supomos então que as igualdades não ocorrem

f(z) < t < f(y)

se z < y tomamos o TVI com o intervalo [z, y], assim irá existir c ∈ (z, y) ⊂ (a, b)
tal que f(c) = t daı́

u
f(xk ) ∑
u
k=v
f(c) = , (u + 1 − v)f(c) = f(xk ).
(u + 1 − v) k=v

Se y < z, tomamos o intervalo [y, z] daı́ temos

−f(y) < −t < −f(z)

tomando a função g(x) = −f(x) ela é contı́nua no intervalo, aplicamos então o TVI
de onde segue que existe c ∈ (y, z) ⊂ (a, b) tal que g(c) = −t ou −f(c) = −t, f(c) = t
daı́

u
f(xk ) ∑
u
k=v
f(c) = , (u + 1 − v)f(c) = f(xk ).
(u + 1 − v) k=v
Então em qualquer caso temos a propriedade válida.

$ Corolário 11. Sejam f : [a, b] → R contı́nua e (xk )n1 pontos de [a, b] então
existe c ∈ (a, b) tal que

n
f(xk ) = nf(c).
k=1

$ Corolário 12. Se (xk )n1 é uma sequência crescente, podemos tomar a = x1 e


b = xn , como é o caso de xk = k, então existe c em (1, n) tal que


n
f(k) = nf(c).
k=1


b
Em geral existe c ∈ [a, b] tal que f(k) = (b + 1 − a)f(c) , onde f é contı́nua,
k=a
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 39

pois os pontos(k)ba pertencem ao intervalo [a, b].

b Propriedade 14. Se não existe p-ésima potência perfeita em (a, b) então


b √
∑ p
k
k=a
b+1−a

não é um número inteiro.



ê Demonstração. Tomamos f : [a, b] → R com f(x) = p
x a função é contı́nua,
logo existe c ∈ (a, b) tal que
b √
∑ p
∑ √ k
b
√ √
k = (b + 1 − a) p c ⇒ k=a
p p
= c
k=a
b+1−a
√ √
porém p
c não é inteiro para nenhum c ∈ (a, b), pois se fosse p
c = n e daı́
np = c, mas o intervalo (a, b) não possui potência p-ésima perfeita por hipótese.

1.9 Somas por perturbação do somatório

Z Exemplo 41. Calcular fórmula fechada para a soma



n
ak = s.
k=0

Temos que


n
s=1+ ak ,
k=1

também que

n ∑
n+1 ∑
n
as = ak+1 = ak = ak + an+1 ,
k=0 k=1 k=1
tomando agora as − s, tem-se
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 40

as s
z }| { z }| {
∑ n ∑n
an+1 − 1
ak + an+1 − (1 + ak ) = an+1 − 1 = (a − 1)s ⇒ s = .
a − 1
k=1 k=1

Z Exemplo 42. Calcular a soma



n
kak = s.
k=0

Temos que


n
s=0+ kak ,
k=1

também que


n ∑
n+1 ∑
n
k+1
as = ka = k
(k − 1)a = (k − 1)ak + nan+1 ,
k=0 k=1 k=1

tomando agora as − s, tem-se

as s
z }| {
z }| {
∑ n ∑
n
(k − 1)ak + nan+1 − ( kak ) = an+1 − 1 = (a − 1)s ⇒
k=1 k=1


n
− ak + nan+1 = (a − 1)s ⇒
k=1


n
an+1 − 1
usando agora que ak = − 1 segue que
k=1
a−1

an+1 − 1
− + 1 + nan+1 = (a − 1)s ⇒
a−1

an+1 − 1 1 + nan+1
s=− + .
(a − 1)2 a−1
CAPÍTULO 1. SOMATÓRIOS 41

O procedimento pode ser generalizado, da seguinte forma

Z Exemplo 43. Seja g(k) polinômio de grau p, calcular



n
g(k)ak = s.
k=0

Temos que

n
s = g(0) + g(k)ak ,
k=1

também que


n ∑
n+1 ∑
n
k+1
as = g(k)a = g(k − 1)a = k
g(k − 1)ak + g(n)an+1 ,
k=0 k=1 k=1

portanto


n ∑n ∑
n
k k n+1 n+1
s−as = g(0)+ g(k)a − g(k−1)a −g(n)a = g(0)−g(n)a + [g(k)−g(k−1)]ak ,
k=1 k=1 k=1

isto é,

n
n+1
s(1 − a) = g(0) − g(n)a + [g(k) − g(k − 1)]ak ,
k=1

como g(k) − g(k − 1) podemos demonstrar que polinômio de grau p − 1 , então


podemos continuar o processo, até chegar em um coeficiente constante para ak na
soma, onde caı́ na soma geométrica que sabemos o resultado .

Você também pode gostar