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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE MANAUS – CEULM

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

DIAGNÓSTICO DA CORROSÃO EM ARMADURAS: AVALIAÇÃO E


RECUPERAÇÃO

HIGOR LEONARDO DE LIMA NERY*

RESUMO

A patologia pode ser entendida como a parte da engenharia que estuda os


sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos das construções civis,
ou seja, é o estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema. O presente
trabalho tem como objetivo estudar fundamentos teóricos sobre a manifestação da
corrosão em concreto armado. Devido a frequência com que ocorre e suas
consequências danosas as estruturas, a corrosão das armaduras pode ser
considerada a principal manifestação patológica da estrutura de concreto armado.
Invariavelmente, a corrosão pode ser verificada quando a camada de concreto
responsável pela proteção das armaduras não atinge o seu objetivo. Para aumentar
a vida útil dessas estruturas, algumas técnicas tradicionais são utilizadas para
diagnosticar o problema, bem como promover a recuperação das mesmas.

Palavras - chave: Diagnóstico, Concreto armado, Corrosão das armaduras.

*Aluno do último período do Curso de Engenharia Civil da Universidade Luterana de Manaus


ULBRA Manaus - AM | e-mail: higor@leontech.com.br
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1 INTRODUÇÃO

Os problemas patológicos estão presentes na maioria das edificações, seja com


maior ou menor intensidade, variando o período de aparição e/ou a forma de
manifestação. Estes problemas podem apresentar-se de forma simples, sendo
assim, de diagnóstico e reparo evidentes ou então, de maneira complexa, exigindo
uma análise individualizada. As formas patológicas encontradas com maior
freqüência são infiltrações, fissuras, corrosão da armadura, movimentações
térmicas, descolamentos, entre outros (ANDRADE, 1992).
Deve-se salientar a importância da detecção precoce de manifestações
patológicas, tendo-se em vista que o quanto antes estas forem tratadas, menor será
a perda de desempenho e mais barato será a terapia.
Toda edificação possui um período de vida útil a que se destina. Muitas
vezes, antes mesmo deste prazo ser alcançado, o nível de desempenho já encontra-
se abaixo do satisfatório devido, por exemplo, a falta de manutenção periódica. A
manutenção não evitará que o estabelecimento alcance, um dia, o fim da sua
durabilidade, mas sim, prorrogará a vida útil deste, buscando sempre a ausência de
patologias.
O concreto é considerado um dos materiais mais utilizados no mundo, tanto
pela facilidade da preparação e manuseio como pelo baixo custo comparado a
outros materiais de construção. No entanto, vários são os processos de deterioração
deste material, provenientes de causas físicas e químicas. Dentre esses, destacam-
se a corrosão das armaduras (ANDRADE, 1992).
Há muitas ocasiões em que o profissional de engenharia civil se vê diante de
um problema de corrosão de armaduras nas estruturas de concreto armado,
atribuindo no geral à causa a falta de cobrimento adequado de concreto, mas as
variáveis que intervem no processo tem origem diversas. Abordaremos neste
trabalho a importância do conhecimento desses fatores que causam problemas na
proteção das armaduras de concreto armado, sugerindo alguns aspectos principais
para prevenção e correção dessas patologias.
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2 DIAGNÓSTICO DA CORROSÃO

2.1 INSPEÇÃO PRELIMINAR

O conhecimento das diferentes manifestações patológicas é um ponto


fundamental para o diagnóstico correto, como também para a adoção das terapias
adequadas.
Muitas vezes as causas dos problemas não são facilmente detectadas, ou
então estão associadas a outras patologias que podem induzir a um diagnóstico
errado ou impreciso.
Os procedimentos relacionados com a inspeção de uma estrutura podem
implicar em um trabalho simples em alguns casos, como também podem necessitar
de um trabalho investigativo complexo, dependendo da magnitude e natureza do
problema.
Em termos gerais, as seguintes etapas correspondem a uma inspeção:
a) elaboração de uma ficha de antecedentes, da estrutura e do meio
ambiente, baseado em documentação existente e visita a obra.
b) exame visual geral da estrutura;
c) levantamento dos danos;
d) seleção das regiões para exame visual mais detalhado e possivelmente
da retirada de amostras;
e) seleção das técnicas de ensaio, medições, análises mais acuradas,
etc;
f) seleção de regiões para a realização de ensaios, medições, análises
físicoquímicas no concreto, nas armaduras e no meio ambiente circundante.
g) execução de medições, ensaios, e análises físico-químicos.

A figura 1 abaixo mostra um fluxograma que ajuda a visualizar toda a etapa


de diagnóstico de patologias do concreto armado.
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Figura 1 – Diagnóstico da Corrosão/Estrutura.


Fonte: Geraldo, 2005.

Como vimos, dependendo do tipo e magnitude da informação que se quer obter,


pode-se adotar uma inspeção preliminar e inspeção detalhada.
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Com base nas informações obtidas através da inspeção preliminar, é possível


determinar a natureza e origem do problema, como também de servir como base
para um estudo mais detalhado.
A partir da inspeção preliminar, pode ser necessária uma inspeção mais
criteriosa, donde deverão ser abordado o que segue:
• fichas, croquis e planos de levantamento de danos;
• plano de amostras;
• tabela de tipificação dos danos;
• técnicas de ensaio / medição / análises adequadas;
• regiões onde deverão ser realizados ensaios;
• planificação de materiais e equipamentos.

Uma vez conhecida a estrutura, através da inspeção, ensaios, etc, deve-se


separar as patologias da estrutura.
A classificação das patologias tem o objetivo de orientar as causas e origem
dos problemas. Exemplo:
• diferenciar as regiões com distintas exigências estruturais / mecânicas;
• identificar as características originais do concreto;
• diferenciar as distintas regiões submetidas a distintos meios agressivos;
• estabelecer os graus de deterioração da estrutura ou seus elementos.

Deve-se também selecionar:


a) técnicas e regiões de ensaio, medições e análises;
b) plano de utilização de materiais e equipamentos;
c) plano de execução da inspeção detalhada;
d) ensaios a realizar.

2.2 EQUIPAMENTOS E PRODUTOS PARA INSPEÇÃO PRELIMINAR

Alguns equipamento e produtos servem para realizar um diagnóstico


preliminar dos casos, podendo revelar o teor de cloreto, presença da carbonatação,
potencias de corrosão, bem como medir a resistividade do concreto (LAPA, 2008).
O “CLOR TEST” é um teste de íons de cloretos para pó de concreto. Pode
determinar o teor tanto da superfície quanto do seu interior. Para fazer a análise
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quantitativa do teor de cloreto em relação ao peso do cimento, basta apenas coletar


um pouco de pó de concreto (uma colher de sopa) e fazer o teste (LAPA, 2008).
A carbonatação é um fenômeno químico que baixa o pH do concreto,
provocando a quebra da camada passivadora do aço. Ela se processa da superfície
para o interior do concreto, provocando uma corrosão generalizada. Normalmente,
para detectar a carbonatação, utiliza-se a fenolftaleína. Este reagente determina se
o concreto está ou não está carbonatado, ou seja, as áreas onde não houver
mudança de cor, o concreto está carbonatado, as que ficarem em tom rosa, não
estão carbonatados. Este sistema não quantifica a carbonatação, e sim, apenas a
sua presença.
A medição dos potenciais de corrosão das armaduras possibilita uma análise
das células de corrosão, nas áreas onde ainda não existem sintomas aparentes, ou
seja, onde não ocorreram fissuras nem desplacamentos, servindo também para
monitorar, de tempos em tempos, possíveis estados de corrosão, antes que ocorra a
perda de seção das armaduras. Com esta medição existe a possibilidade de realizar
uma recuperação da estrutura, com relação a corrosão, de forma integral e não
apenas nos pontos críticos. Para este fim, utiliza-se a semi- pilha CPV-4. O CPV-4
consiste de um voltímetro, cabos (positivo e negativo) e um eletrodo de cobre-sulfato
de cobre, normatizado pela ACI /USA. O CPV-4 fornece uma leitura imediata em tela
de cristal líquido, com as voltagem de corrosão através de um potente potenciômetro
(LAPA, 2008).
Como a corrosão nas armaduras do concreto armado ou protendido é um
processo eletroquímico, gerando fluxos de corrente, quanto menor for à resistência
elétrica do concreto, mais rapidamente a corrente fluirá e maiores serão as chances
de corrosão. Esta facilidade com que a corrente flui, aumenta a taxa de corrosão,
implicando numa maior perda de seção do aço. A análise feita com o RESI,
compondo-se rapidamente o mapeamento das resistências, possibilita uma perfeita
visualização do concreto com relação à corrosão. Se juntarmos estas informações
com o mapeamento dos potenciais feitos com o CPV-4, ter-se-á perfeitas condições
de análise da situação da corrosão na estrutura (LAPA, 2008).
Assim, a tabela 1 apresenta as vantagens e desvantagens dessas medições,
como também suas principais aplicações.
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Tabela 1 – Medições mais comuns de avalizaçaõ de corrosão das armaduras.

Fonte: Noronha, 1980.

2.3 ETAPAS DO DIAGNÓSTICO

A sequência a seguir descreve as etapas acompanhadas para o


estabelecimento do diagnóstico:
• Vistoria preliminar - Nessa fase, foi realizado um levantamento superficial das
manifestações patológicas para se ter uma noção do grau
grau de deterioração da
estrutura;
• Anamnese - Fase em que se realizou um levantamento junto aos usuários da
estrutura sobre a utilização, histórico de manutenções,
manutenç histórico das
manifestações (surgimento, evolução);
• Levantamento documental - Procurou-se
se buscar o máximo de documentos
existentes da estrutura afetada, tais como projeto estrutural, as-built,
as memorial
descritivo, diário de obras, cartas de traço do concreto
oncreto empregado,
certificados técnicos do controle tecnológico. Com raras exceções, nas obras
de vulto (como usinas hidrelétricas), conseguiu-se
conseguiu se pelo menos 10% dessa
documentação;
• Vistoria detalhada – Feito um levantamento detalhado da estrutura afetada,
com registro de todas as manifestações e sintomas, como fissuras, trincas,
desplacamentos de concreto, corrosão
corrosão visível de armaduras etc;
• Ensaios - Execução de ensaios in-situ,
in situ, retirada de amostras para realização
realiza
de ensaios em laboratórios. Essa é uma fase
fase mais detalhada, onde se buscou
um delineamento mais preciso dos problemas
problemas existentes e de suas causas;
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• Conclusão - Compilação dos dados, análise criteriosa e parecer final. Nessa


fase, pode-se necessitar de uma equipe multidisciplinar para realizar a análise
e o parecer. Quando as causas e origens estiverem relacionadas a
sobrecargas na estrutura, poderia ser necessária a presença de um
engenheiro projetista estrutural para fazer a análise e propor o reforço, mas
não foi o caso.

2.4 CASOS DIAGNOSTICADOS

Os problemas patológicos, salvo raras exceções, apresentam manifestação


externa característica, a partir da qual se pode deduzir qual a natureza, a origem e
os mecanismos dos fenômenos envolvidos, assim como pode-se estimar suas
prováveis consequências (CASCUDO, 2005).
Em muitas obras, diversos tipos de estruturas que apresentam o fenômeno da
corrosão, podem ser analisadas visualmente, conforme abordaremos a seguir.

2.4.1 Corrosão de armaduras na base de pilares

A alta densidade de armadura com cobrimento insuficiente provoca a


corrosão generalizada e expansão da seção das armaduras com posterior
rompimento dos estribos, conforme figura 2.

Figura 2 – Corrosão da armadura no pilar. Fonte: Cascudo, 2005.


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Aspectos geras no diagnóstico, feitos visualmente (CASCUDO, 2005):


• Manchas superficiais de cor marrom-avermelhadas;
• Fissuras paralelas à armadura;
• Redução da seção da armadura;
• Descolamento do concreto.

Causas prováveis:
• Alta densidade de armaduras devido a presença de ancoragem não
permitindo o cobrimento mínimo exigido;
• Cobrimento em desacordo com o projeto;
• Falta de homogeneidade do concreto;
• Perda de nata de cimento pela junta das fôrmas;
• Alta permeabilidade do concreto;
• Insuficiência de argamassa para o envolvimento total dos agregados;
• Em áreas de garagem, devido à presença de monóxido de carbono que
pode contribuir para a rápida carbonatação do concreto.

2.4.2 Corrosão de armaduras em vigas

A Alta densidade de armadura na base da viga com cobrimento insuficiente e


infiltração pela junta de dilatação pode provocar a corrosão generalizada e expansão
da seção das armaduras, conforme figura 3.

Figura 3 – Corrosão da armadura da viga. Fonte: Cascudo, 2005.


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Aspectos gerais observados nesse outro tipo de corrosão (CASCUDO, 2005):


• manchas superficiais de cor marrom-avermelhadas;
• fissuras paralelas à armadura;
• redução da seção da armadura;
• descolamento do concreto;
• saturação da parte inferior da viga.

Causas Detectádas:
• juntas de dilatação obstruídas e com infiltrações;
• presença de agentes agressivos: águas salinas, atmosferas marinhas, etc.;
• alta densidade de armaduras não permitindo o cobrimento mínimo exigido;
• cobrimento em desacordo com o projeto;
• alta permeabilidade do concreto;
• insuficiência de argamassa para o envolvimento total dos agregados.

2.4.3 Corrosão de armaduras em lajes

Conforme disse Cascudo (2005), a laje quando executada sem o mínimo de


cobrimento para proteção da armadura que coincidiu com as juntas das fôrmas,
provoca a corrosão generalizada e expansão da seção das armaduras, conforme
figura 4.

Figura 4 – Corrosão da armadura da laje. Fonte: Cascudo, 2005.


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Aspectos do diagnóstico observados:


• manchas superficiais de cor marrom-avermelhadas;
• corrosão generalizada em todas as barras da armadura;
• redução da seção da armadura;
• descolamento do concreto.

Possíveis causas:
• falta de espaçadores;
• abertura nas juntas das fôrmas, provocando a fuga de nata de cimento;
• presença de agentes agressivos: águas salinas, atmosferas marinhas, etc.;
• cobrimento em desacordo com o projeto;
• concreto com alta permeabilidade e/ou elevada porosidade;
• insuficiência de estanqueidade das fôrmas.

2.4.4 Corrosão de armaduras devido à presença de umidade

A laje apresenta concreto altamente permeável e manchas de umidade em


toda a superfície com infiltração presente nas proximidades dos ninhos de
concretagem, provoca a corrosão e expansão da seção das armaduras, conforme
figura 5.

Figura 5 – Corrosão da laje devido a presença de umidade. Fonte: Cascudo, 2005.


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Aspectos do diagnóstico observados:


• manchas superficiais (em geral branco-avermelhadas) na superfície do
concreto;
• umidade e infiltrações;
• percolação de água;

Possíveis causas (CASCUDO, 2005):


• acúmulo de água e infiltrações;
• alta permeabilidade do concreto;
• fissuras na superfície do concreto favorecendo a entrada de água presente.
• juntas de concretagem mal executadas;
• presença de ninhos de concretagem.

2.4.5 Corrosão de armaduras por ataque de cloretos

A estrutura apresenta formação localizada de pites de corrosão e lascamento


do concreto devido a expansão dos produtos de corrosão (CASCUDO, 2005),
conforme figura 6.

Figura 6 – Corrosão da armadura por atque de cloreto. Fonte: Cascudo, 2005.


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Aspectos do diagnóstico observados:


• Manchas superficiais de cor marrom-avermelhadas;
• Apresenta corrosão localizada com formação de "pites";
• Presença de agentes agressivos incorporados ao concreto: águas salinas,
aditivos à base de cloretos ou cimentos.

Causa:
• Atmosfera viciada: locais fechados com baixa renovação de ar, existindo a
intensificação da concentração de gases (CASCUDO, 2005).

2.4.6 Lascamento do concreto

Lascamento do concreto acontece devido à expansão dos produtos de


corrosão nas armaduras da laje, conforme figura 7.

Figura 7 – Lascamento do concreto. Fonte: Cascudo, 2005.

Inspeção da estrutura (CASCUDO, 2005):


• descolamento de trechos isolados do concreto;
• desplacamento de algumas partes de concreto geralmente em quinas dos
elementos e em locais submetidos a fortes tensões expansivas.
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Causas:
• corrosão das armaduras;
• canos de elementos estruturais sem armadura suficiente para absorver os
esforços;
• desfôrma rápida.

3 ESTUDO EXPLORATÓRIO

3.1 REPARO DOS CASOS

Conforme observamos nos casos descritos, podemos visualmente detectar


certos sintomas que ajudam a esclarecer as possíveis causas, mas não só as
causas, como também determinar a solução para os casos.

3.1.1 Recuperação das armaduras

Essa manifestação patológica ocorrem devido à corrosão das armaduras do


concreto por causa da carbonatação, agravada pelo pequeno cobrimento das
armaduras nesses elementos estruturais. A origem do problema se manifesta devido
a falha de execução e na etapa de uso do edifício.
Em função do tipo, local e tamanho (dentre outros) da reabilitação, o projetista
da recuperação faz a escolha do material. Com uma grande gama de materiais de
recuperação no mercado, pode-se dizer que não existe um tipo ideal. Diferentes
tipos de material de reparo vão atender a diferentes usos. Dentre os materiais
disponíveis para os casos, pode-se citar:
• Argamassas,
• Grautes,
• Microconcretos,
• Concreto Projetado,
• Concreto Convencional.
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Esses materiais fazem uso de aditivos, adições, polímeros, redutores de


retração, dentre outros, para melhorar suas propriedades tanto no estado fresco
como no estado endurecido.
Também é dado atenção a todo conjunto a ser reparado, pois torna-se
importante uma compatibilidade entre o material de reparo e o elemento ou estrutura
a ser recuperado.
O início do reparo deve acontecer com o corte da área afetada e a
escarificação do concreto, processo que remove o material solto, de baixa
resistência, resultante da corrosão das armaduras. É retirado todo o concreto em
volta das armaduras corroídas, deixando, no mínimo, 2 cm livres em seu contorno.
Daí, Inspeciona-se a ferragem quanto a redução da área resistente por oxidação.
Depois da limpeza dos resíduos resultantes da escarificação e lixamento das
armaduras, realiza-se a saturação do substrato com água potável e pulverizador, de
forma a manter a superfície na condição "saturado com superfície seca", ideal para o
recebimento e adesão da argamassa de reparo, conforme figura 8.

Figura 8 – Saturação do substrato.

A partir daí aplica-se uma argamassa cimentícia tixotrópica, modificada com


polímeros e, preferencialmente, reforçada com fibras, que recebe depois o
acabamento com desempenadeira de madeira, conforme figura 9.
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Figura 9 – Aplicação de argamassa com polímeros.

Nas situações em que há corrosão por cloretos, pinta-se as armaduras com


tinta-base epóxi, rica em zinco.
Para ambos os casos de reparo, é recomendada a aplicação de um produto
para a proteção da armadura. Para isso, é utilizado o ‘primer’.
O ‘primer’ é um produto que, assim como o adesivo, é usado como ponte de
aderência entre dois outros materiais (geralmente um deles é o substrato, concreto
velho). Além disso, atua como protetor do substrato, fazendo parte de um sistema de
proteção de armaduras contra a corrosão.
Deve-se ressaltar que uma manta de cura molhada com água foi aplicada
sobre a argamassa, para manter a umidade ao longo de sete dias, evitando a
evaporação da água de amassamento e a consequente fissuração.

3.1.2 Reconstrução do combrimento das armaduras

Recuperar uma estrutura de concreto, em grosso modo, é devolvê-la às suas


condições originais, ou seja, antes de ser atacada pela corrosão das armaduras.
Além de remover as oxidações, há ainda a necessidade da reconstrução do
cobrimento das armaduras, de preferência com concreto bem adensado. Este
cobrimento tem a finalidade de:
• impedir a penetração de umidade, oxigênio e agentes agressivos até as
• armaduras;
• recompor a área da secção de concreto original;
• propiciar um meio que garanta a manutenção da capa passivadora no aço.
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Esse novo cobrimento deve ser executado através dos procedimento que
atendem as requisitos abaixo:
• concretos e argamassas poliméricas obtidas de mistura de argamassas
convencionais com resinas à base de metil metacrilato ou até mesmo epoxy.
Têm consistência tixotrópica, alta durabilidade, impermeabilidade, aderência
ao concreto "velho" e à armadura, porém são ideais para reparos localizados
em pequenas áreas, não necessitam fôrma e requerem mão-de-obra
especializada e testes prévios de desempenho, pois há muita flutuação nas
características desses produtos. Esses concretos e argamassas têm a
vantagem de não acarretarem problemas estéticos, pois podem ser moldados
em pequenos "espaços" disponíveis. Em geral são tem preço bem elevado;
• concreto projetado com espessura mínima de 50 mm. 0 concreto projetado
tem boa aderência ao concreto "velho" e não requer fôrmas, ideal para
grandes áreas, como paredes, mas tem a desvantagem de acarretar muita
reflexão (perda de material) e "sujar" o ambiente;
• concretos e argamassas especiais para "grauteamento". Esses produtos não
apresentam retração, têm boa aderência e podem ser autoadensáveis, não
exigindo aumento de secção além da original; porém, inconvenientemente,
requerem fôrmas muito estanques. Tem sua principal aplicação em
locaisdensamente armados ou com dificuldade de acesso, pois podem ser
facilmente bombeados; em caso de bombeamento, a aplicação deverá ser de
modo contínuo até o completo preenchimento do reparo (verificar pelos
suspiros). Vedar os suspiros; aumentar, então, a pressão da bomba em 5,0
psi e encerrar o bombeamento, tampando o furo de entrada do bico da
bomba;
• Concretos e argamassas "comuns", bem proporcionados, com baixa relação
água/cimento e aplicados com fôrma, dentro das técnicas de construir. Essa
solução geralmente exige grande aumento de seção e requer alto
conhecimento de tecnologia de concreto para assegurar a aderência do
concreto "velho" ao concreto "novo".
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4 CONCLUSÃO

A corrosão das armaduras no concreto armado é um fenômeno que só ocorre


quando as condições de proteção proporcionadas pelo cobrimento de concreto são
insuficientes. Essa insuficiência, como visto, pode ser acarretada por agentes com
origem em diferentes fontes, sendo sempre necessário identificá-las, a fim de que se
possa lograr uma proteção efetiva e duradoura.
Pode-se afirmar que a corrosão de armaduras deteriora as estruturas de
concreto sob duas óticas, de ação simultânea; uma delas diz respeito à perda de
seção das barras e seus efeitos, e a outra se refere ao comportamento mecânico de
fissuração do concreto e suas consequências. Ambos os processos ocorrendo sem
que haja uma intervenção na estrutura, fatalmente implicarão desfecho indesejável
que é o colapso dessa estrutura.
A avaliação de corrosão de armaduras de concreto exige conhecimento
específico e ensaios laboratoriais. Porém, algumas providências, iniciais, simples
como determinação do recobrimento das armaduras e profundidade de
carbonatação, fornecem informações fundamentais no estudo das causas da
corrosão, bem como nos dá soluções para a recuperação da integridade da
estrutura de concreto armado.
É muito importante utilizar técnicas adequadas e materiais que não
segreguem durante a aplicação. Qualquer segregação dos componentes do material
de reparo provoca uma alteração das suas propriedades físicas e reduz
drasticamente a possibilidade de se obter a primeira premissa quando do início dos
estudos: restaurar a estrutura o mais próximo possível do especificado no projeto
original.
A combinação de fatores como o local dos trabalhos, concreto a ser reparado,
projeto original e o material do reparo são únicos em cada serviço. Muitas vezes,
tentamos copiar uma solução adotada em uma obra que têm propriedades
diferentes da nossa, executando um reparo inadequado para as nossas condições.
Portanto, a fiel observância dos cobrimentos mínimos, da qualidade do
concreto e da uniformidade de execução pode evitar esse problema. De qualquer
forma, sendo um fenômeno expansivo, na maioria dos casos torna-se visível a
tempo, possibilitando a tomada rápida de medidas de recuperação e proteção. Tais
19

medidas, como vimos, devem obrigatoriamente detectar e eliminar as causas dessa


corrosão objetivando aumento da vida útil da estrutura de concreto armado.

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