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O que é a cultura?
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Todavia, o que a natureza e a cultura tem a ver
com a moralidade do sujeito? Qual a influência
que essas esferas exercem sobre a conduta
normativa do indivíduo. Enfim, de que modo
tais elementos agem na determinação do
nosso ethos?
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A questão acerca da origem da moral sofreu
uma reviravolta a partir do momento em que
algumas teorias passaram a defender a tese
segundo a qual a moralidade encontra seu
fundamento na natureza
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A ideia segundo a qual nossas disposições morais
provêm de uma origem biológica é algo que inquieta
muitos filósofos e estudiosos do fenômeno da
cultura
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A moral estaria enraizada na nossa constituição
biológica e determinaria não apenas o
comportamento social animal, mas também
todo o aspecto substantivo da moral (ou seja, o
próprio conteúdo da moralidade)
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Moral Seria um sistema de normas
socialmente estruturadas em torno da
reciprocidade para a qual concorre a
cooperação intraespecífica, (o altruísmo entre
aparentados e congêneres o que hoje
chamamos de nepotismo)
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Portanto, nossa herança
ancestral teria implicações na
constituição das regras e
valores que compõem o
universo da moralidade
mundo moral
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Assim, a nossa história evolutiva explicaria o
desenvolvimento de características que
permitiram o aparecimento do
comportamento moral
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Isso significa que cada conduta revelaria um
comportamento social particular traduzindo, ao
mesmo tempo, um estado específico da evolução
biológica
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O indivíduo é, assim, visto como
biologicamente predisposto a fazer
certas escolhas (inclinações naturais)
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A cultura entraria em cena apenas para legitimar
ou organizar, por meio de seus postulados, os
princípios ditados pela natureza.
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Marc Hauser (Moral Minds) mentes morais)
existe uma espécie de “órgão moral”
localizado numa área do cérebro (córtex pré-
frontal) que se oferece como um “circuito
especializado em reconhecer certos
problemas como moralmente relevantes
(“seria a voz moral ou consciência da nossa
espécie”).
http://animaestudosfilosoficos.blogspot.com.br/2014/ 14
04/antropocentrismo-x-teocentrismo.html
Há também alguns Neurofisiologistas (A.
Damásio, Joseph Ledoux, J. P. Changeux)
defendem a existência de uma região da
consciência moral associada aos sentimentos
primitivos (sistema límbico, hipotálamo, amígdala
cerebral, cíngulo) e que orientam a nossa conduta
com base nos critérios de recompensa e punição
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Tais estruturas impõem ao indivíduo uma
obediências aos valores e normas morais como um
mecanismo necessário à preservação da sua
existência
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Assim, a conduta é considerada BOA se ela tende a
conservação da existência, e MÁ se ela está na
origem da destruição do individuo, ou seja, se ela
NÃO favorece a sobrevivência do mais apto.
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Para muitos evolucionistas, o conflito e a
cooperação, bem como seus efeitos, estão na
base dos comportamentos sociais de todos
os animais. Sem alguma tipo de altruísmo,
seria impossível estabelecer laços sociais
(Michel Ruse - Evolution and morality)
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Moral facilitaria a harmonia social e permitiria a
transmissão e reprodução dos genes às gerações
futuras.
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Moral seria determinada pela necessidade do mundo
natural
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Não obstante a necessidade de cooperação, a
evolução humana tem sido também guiada pela
competição e pela disputa entre indivíduos e
grupos (senso de cooperação x senso egoísta)
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O fato é que, sem a COMPETIÇÃO entre grupos, a
COOPERAÇÃO no interior dos mesmos teria sido
mais branda ou talvez mesmo inexistente
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Nesse sentido, as filogênese e a seleção natural
teriam originado a moral e todas as nossas
construções e conquistas culturais
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MORAL E CULTURA
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A moral seria a expressão máxima da
indeterminação e da independência do homem
em relação à natureza. Assim, o aspecto
substantivo da moral seria uma função estrita
da evolução cultural
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Para alguns filósofos (Aristóteles, Kant,
Hegel), a cultura nos libertou da condição
de seres imersos no determinismo
natural. A moral é, pois, uma criação da
razão ou da vida em sociedade. Ou ainda,
ela seria produto da deliberação do
homem que age movido pela autonomia
da vontade ou pela razão (Kant)
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É inegável que existem
predisposições biológicas na
espécie humana, assim como há em
outras espécies animais, porém,
para alguns autores, é difícil
estabelecer um vínculo direto entre
elas e o comportamento moral,
devido ao grande número de casos
em que os princípios morais se
confrontam com essas
predisposições, chegando ao ponto
de se elegerem, como morais,
comportamentos que não favorecem http://static.flickr.com
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Thomas Nagel a biologia nada de importante tem a
nos dizer sobre a moralidade
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Assim, a tese evolucionista seria prejudicial porque
enfraquece a confiança que temos na razão (seria
uma ameaça à crença que temos no poder do
intelecto humano e de seus construções)
.
Thomas Nagel a biologia nada de importante tem
a nos dizer sobre a moralidade. Ela apenas pode nos
fornecer informações sobre as motivações iniciais
do nosso comportamento, mas a moral não seria
apenas um comportamento e, sim, uma construção
racional, porque inclui crítica, justificação, aceitação
e rejeição. O ato moral exigiria não apenas
motivação, mas também justificação
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Assim, a tese evolucionista seria prejudicial porque
enfraquece a confiança que temos na razão, pois
quando afirmamos que a moral pode ser explicada
pelo evolução ou filogênese, nos lhe fornecemos
uma origem contingente (baseada no acaso) e, com
isso, deixamos de buscar uma justificação que nos
forneça razões necessárias para as normas e as
condutas que elas orientam
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Thomas Nagel se quisermos salvar nossa
confiança na razão, teremos de encontrar
justificações que sejam independentes das
explicações evolucionistas. A moral exige uma base
autônoma capaz de justificar as crenças que temos
na validade das normas. (Esta base seria a razão)
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Nesse caso, a vantagem evolutiva seria uma
explicação, mas não poderia funcionar como
justificação. Afinal, se a moral é útil por ter um
importante papel na regulação das relações
interpessoais, ela demandaria uma RAZÃO DE
SER para que sua existência possa ultrapassar
a mera explicação evolutiva
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Porém, Michel Ruse, considera que NÃO há um
fundamento estritamente racional, ou seja, a priori,
para a moral, mas isso não implica que a mesma seja
irracional
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O fato é que não necessitamos justificar nossos
atos para agir moralmente. Assim, NÃO
precisamos, por exemplo, definir/explicar o que é a
justiça, para ser justos, nem, tampouco, saber
conceituar o bem, para nos tornar um bom sujeito
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A vinculação entre natureza e moral NÃO
implica necessariamente na defesa de
um determinismo cego/obtuso nem,
tampouco, deve deixar de considerar a
importância da justificação do modo
como agimos moralmente
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O inato (natureza) e o adquirido (cultura) não são
polos opostos/antagônicos. Eles são instâncias
simbióticas. Assim, mais do que oposição, o que
há entre ambos é cooperação e sinergia
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Dizer que a moral é um dispositivo da natureza
não invalida o fato de que precisamos oferecer
razões quando agirmos dessa ou daquela
maneira
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Por isso, não me parece incompatível com o bom
senso ou ultrajante à nossa condição de homo
sapiens sapiens a afirmação segundo a qual a moral
encontra sua origem nas determinações do mundo
natural, pois isso não elimina a necessidade de se
justificar os valores ou os costumes que constituem
uma cultura
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Ademais, a cultura é tão somente o outro nome que
podemos dar a uma forma de natureza realizada. Isso
significa que a cultura pode SIM moldar, regular,
legitimar o nosso comportamento moral, ainda que
NÃO seja o seu principio originário ou causal
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Com isso, pode-se falar em impulso ou instinto
criador do agir moral e afirmar que UMA MORAL
guiada apenas pela natureza pode até se revelar
cega (por não apresentar justificativas), PORÉM
uma moral destituída de natureza será sempre
vazia (por ser carente de fundamento)
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