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Modernidade Liquida e Tempos liquidos

Generalidades

Bauman era um escritor raro. Utilizando-se da ideia de “liquidez” descrevia os problemas de


relacionamentos como feridas da alma. Sabe aquele “tapa na cara com luva de pelica” que levamos
da vida? Então, são os que os livros de Bauman nos proporcionam.

A obra de Bauman cumpre o que promete ao analisar a perspectiva dos tempos líquidos na
sociedade pós-moderna. Segundo o autor, estaríamos vivendo em uma era marcada pelas
inseguranças e por relações humanas rasas, dadas principalmente pela velocidade de alteração
constante das coisas e pelas incertezas sobre o futuro no que se refere a condição social. A
sociedade entra em um novo patamar, permitindo a relação com os mais diversos tipos de pessoas
e em diferentes lugares do mundo (A sociedade se transforma em uma rede com múltiplas
possibilidades de conexão). A obra não analisa apenas a questão sentimental, mas perpassa para
uma análise da relação entre os paises, trazendo à tona também a questão dos imigrantes. Desta
forma, o processo de globalização é parte da análise trazida pela obra.

Conceito

A insegurança é a marca fundamental dos tempos líquido-modernos. Terrorismo, crime


organizado, desemprego e solidão: todos estes são fenômenos típicos de uma era na qual, para
Bauman, a exclusão e a desintegração da solidariedade expõem o homem aos seus temores mais
graves, sobretudo nas grandes cidades. Segundo o autor, o desmonte dos mecanismos de proteção
aos menos favorecidos, somado aos efeitos incontroláveis gerados pela globalização, propiciou
um ambiente inseguro por definição. Em Tempos Líquidos, o assunto primordial que permeia a
obra é a insegurança. Um fenômeno que, para o autor, caracteriza a vida nas grandes metrópoles
globalizadas. Neste sentido, as cidades são hoje verdadeiros campos de batalha, onde poderes
globais se chocam com identidades locais. O resultado desta equação é a eclosão nímia (excessiva)
da violência e da insegurança.

Bauman cunhou o conceito de “modernidade líquida” para definir o tempo presente. Escolheu a
metáfora do “líquido” ou da fluidez como o principal aspecto do estado dessas mudanças. Um
líquido sofre constante mudança e não conserva sua forma por muito tempo.

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As formas de vida contemporânea, segundo o sociólogo polonês, se assemelham pela
vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma identidade por muito tempo, o que reforça
um estado temporário e frágil das relações sociais e dos laços humanos. Essas mudanças de
perspectivas aconteceram em um ritmo intenso e vertiginoso a partir da segunda metade do século
XX. Com as tecnologias, o tempo se sobrepõe ao espaço. Podemos nos movimentar sem sair do
lugar. O tempo líquido permite o instantâneo e o temporário.

Bauman observa que o século 20 sofreu uma passagem da sociedade de produção para a sociedade
de consumo. Isso não significa que não exista uma produção, mas que o sentido do ato de consumir
ganhou outro patamar.

O consumo se tornou um elemento central na formação da identidade. Muito além da satisfação


de necessidades, consumir passa a ter um peso primordial na construção das personalidades. O ter
se torna mais importante que o “ser”.

➢ Temos inúmeras possibilidades de escolha e consumimos produtos que identifiquem um


determinado estilo de vida e comportamento. Ao transformar tudo em mercadoria, nossa
identidade também se constitui a partir da satisfação do prazer pelo consumo. Marcas e
grifes se tornam um símbolo de quem somos. Sua compra também significa um status
social, o desejo de um reconhecimento perante os outros.
➢ Satisfazer por completo os consumidores, na realidade, significaria não ter mais nada para
vender. Consumir também significa descartar. Temos acesso a tudo o que queremos e ao
mesmo tempo as coisas se tornam rapidamente obsoletas. “O problema não é consumir; é
o desejo insaciável de continuar consumindo”, diz Bauman. Tanto que o descarte do lixo é
um grande problema na sociedade.

As relações líquidas
Na modernidade líquida, os vínculos humanos têm a chance de serem rompidos a qualquer
momento, causando uma disposição ao isolamento social, onde um grande número de pessoas
escolhe vivenciar uma rotina solitária. Isso também enfraquece a solidariedade . A modernidade
imediata é “líquida” e “veloz”, onde emergem o individualismo, a fluidez e a efemeridade das
relações.

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Bauman reflete sobre as relações humanas e acredita que os laços de uma sociedade agora se dão
em rede, não mais em comunidade. Dessa forma, os relacionamentos passam a ser chamados de
conexões, que podem ser feitas, desfeitas e refeitas – os indivíduos estão sempre aptos a se
conectarem e desconectarem conforme vontade, o que faz com que tenhamos dificuldade de
manter laços a longo prazo.

O sociólogo acredita que as redes sociais significam uma nova forma de estabelecer contatos e
formar vínculos. Mas que elas não proporcionam um diálogo real, pois é muito fácil se fechar em
círculos de pessoas pensam igual a você e evitar controvérsias.

Para Bauman, a rede é mantida viva por duas atividades: conectar e desconectar. o contato no meio
virtual pode ser desfeito ao primeiro sinal de descontentamento, o que denota uma das
características da sociedade líquida

Objectivos:

• Ajudar a compreender o que nos rodeia, o comportamento das pessoas e os rumos que da
a sociedade como um todo,
• Expor as ieias de e conceitos de Zygmunt Bauman pode nos ajudar a reflectir um pouco
sobre as endencias que nos rodeiam e como elas nos impactam no nosso dia.

Lição:

Segundo Bauman (2007) “é no medo que se baseia a legitimidade da política contemporânea,


incapaz de alcançar a origem global dos problemas - o que acaba por alimentar, ainda mais, as
angústias da vida na modernidade líquida” (p.12).

Bibliografia:

• Bauman, Z. (2001) Modernidade líquida; tradução, Plínio Dentzien. Rio de Janeiro, Brazil:
Zahar Editora
• Bauman, Z. (2007) Tempos líquidos I; tradução Car10s Alberto Medeiros. Rio de Janeiro,
Brazil: Jorge Zahar Editora.

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