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Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 13(25): 9-24, jul.-dez. 2013 • ISSN Impresso: 1676-529-X • ISSN Eletrônico: 2238-1228 9
DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v13n25p9-24
José Antonio Remédio; Karin de Andrade Barbosa
Abstract The environment affects the life and development of man. The unlimited
and uncontrolled exploitation of natural resources, usually accompanied by air pol-
lution, contamination of land, rivers and oceans, forest destruction and indiscrimi-
nate killing of animals, has put at risk the preservation of the planet and therefore
the perpetuation of the human species itself. The right to an ecologically balanced
environment is part of the Brazilian constitutional order as a fundamental right. The
sustainable development arises as a proposal to solve or at least alleviate some of the
problems related to the uncontrolled and unlimited exploitation of the environment.
Environmental education, accountable for educating people about the need and im-
portance of protecting the environment as a fundamental right, is an indispensable
tool in the execution and implementation of environmental protection.
Keywords: environment; sustainable development; fundamental right; environ-
mental education; diffuse rights.
Introdução
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A educação ambiental como instrumento de proteção do direito fundamental ao meio ambiente
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O meio ambiente ecologicamente equilibrado, por sua vez, é definido pelo art.
225, “caput”, da Constituição Federal de 1988, como direito de todos, “bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gera-
ções” (BRASIL, 1988).
Por estar expressamente previsto na Constituição Federal, o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado deve ser tratado como norma impositiva que
visa à proteção do bem jurídico considerado, ou seja, o meio ambiente ecologica-
mente equilibrado.
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado integra os denomina-
dos direitos fundamentais.
Assim, para Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, a Constituição
Federal de 1988, em seu art. 225, “considera o direito ao meio ambiente sadio como
direito fundamental do cidadão e, ao mesmo tempo, a preservação do meio ambiente
como tarefa do Estado” (NERY JÚNIOR; NERY, 2009, p. 688).
O ser humano, no dizer de Paulo Affonso Leme Machado, “só fruirá plena-
mente de um estado de bem-estar e de equidade se lhe for assegurado o direito fun-
damental de viver num meio ambiente ecologicamente equilibrado” (MACHADO,
2009, p. 59).
Na jurisprudência, o Supremo Tribunal Federal brasileiro sufraga o entendi-
mento no sentido de que a preservação da integridade do meio ambiente constitui
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A educação ambiental como instrumento de proteção do direito fundamental ao meio ambiente
Desenvolvimento sustentável
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a Resolução n. 2.398, que indicava ser necessária a discussão a respeito do meio am-
biente humano, visto que havia bipolaridade de objetivos entre países desenvolvidos
e os demais países, de forma que aqueles clamavam pela proteção ambiental e estes
temiam que tal proteção lhes tolhesse o direito ao desenvolvimento (ONU, 1968).
Tal assunto foi discutido em Estocolmo em 1972, na Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano, oportunidade em que se chegou a um denominador
comum entre o posicionamento defendido por países desenvolvidos e países menos
desenvolvidos, restando consagrado do encontro o ecodesenvolvimento, que mais
tarde seria renomeado como desenvolvimento sustentável (BARRAL; FERREIRA,
2006, p. 26).
Em 1987 foi elaborado, no âmbito da ONU, o Relatório da Comissão Mundial
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), intitulado “Nosso Futuro
Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, oportunidade em que foi
apresentado um novo enfoque sobre o desenvolvimento.
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente de 1992, conhecida
como Rio-92, realizada no Rio de Janeiro, deu ensejo a discussões a respeito do meio
ambiente e desenvolvimento, em especial ao impacto que a atividade econômica pro-
dutiva poderia causar ao meio ambiente, assim como buscou apresentar soluções para
os impactos já provocados e medidas preventivas em relação aos problemas futuros.
A ONU promoveu, em 2002, a Conferência da Cúpula Mundial para o De-
senvolvimento Sustentável (Rio+10), na cidade sul-africana de Johanesburgo, tendo
como objetivo realizar um levantamento das medidas implementadas desde a reali-
zação da Rio-92, oportunidade em que constatou o fracasso obtido deste então, visto
que “nenhum dos grandes objetivos foi equacionado, e o discurso vazio mais uma
vez se sobrepôs aos resultados práticos” (BARRAL; FERREIRA, 2006, p. 32).
Em 2012 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvi-
mento Sustentável, na cidade brasileira do Rio de Janeiro, conhecida como Rio+20,
tendo como objetivo renovar e reafirmar a participação dos líderes dos países com
relação ao desenvolvimento sustentável no planeta Terra.
Na atualidade, no âmbito interno dos Estados, a proteção do meio ambiente está
inserida na maioria das Constituições.
A relevância do ambiente “tornou-se quase obrigatória ou recorrente em quase
todos os novos textos constitucionais, entendida à luz das suas coordenadas pró-
prias” (MIRANDA, 2000, p. 533).
A Constituição portuguesa de 1976 estatui em seu art. 66, n. 1, que “todos têm
direito a um ambiente de vida humana, sadio e ecologicamente equilibrado e o de o
defender” (PORTUGAL, 1976).
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Educação ambiental
DECLARAÇÃO da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano – 1972. Dispo-
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A educação ambiental como instrumento de proteção do direito fundamental ao meio ambiente
equilibrado, participação essa que se dá, entre outras formas, no âmbito legislativo
(como ocorre com a iniciativa popular de lei), na órbita administrativa (como se ve-
rifica com a participação em audiências públicas) e no âmbito judicial (como ocorre
com o exercício da ação popular).
Conclusões
O homem está ligado ao meio ambiente de forma indissociável, sendo que este
condiciona sua vida e seu desenvolvimento.
Apesar da imprescindibilidade do meio ambiente na preservação do planeta e
da própria espécie humana, a atualidade mostra que a integralidade dos Estados, em
maior ou menor proporção, utiliza-se do meio ambiente, principalmente dos recursos
naturais, em especial para fins econômicos, de forma indiscriminada e desordenada.
O uso indiscriminado e desordenado do meio ambiente normalmente vem
acompanhado de problemas de difíceis soluções, entre os quais, poluição do ar e
contaminação da terra e das águas, que geram novos problemas, como escassez de
comida para a população, falta de água potável e destruição da flora e da fauna.
Se, de um lado, há um aparente bem-estar disponibilizado ao indivíduo em razão
das constantes explorações econômicas, em particular do meio ambiente natural, de
outro há o risco concreto de esgotamento dos recursos naturais do planeta, principal-
mente quando tais explorações são promovidas de forma descontrolada e ilimitada.
Inúmeros são os textos legislativos existentes no âmbito internacional e na ór-
bita interna dos Estados visando à proteção do meio ambiente, embora, na prática, a
degradação ambiental continue assolando a integralidade dos Estados.
O desenvolvimento sustentável, por atender às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias ne-
cessidades, inequivocamente contribui para a preservação do meio ambiente e, por
conseguinte, do próprio planeta.
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, que integra os deno-
minados direitos fundamentais, é definido pelo art. 225, “caput”, da Constituição
Federal de 1988, como direito de todos, bem de uso comum do povo, e essencial à
qualidade de vida, cabendo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A proteção do meio ambiente é mais efetiva quando atrelada à educação ambien-
tal, que constitui um dos instrumentos que viabilizam o desenvolvimento sustentável.
Entre as metas do processo educacional está qualificar o educando para o trabalho
e prepará-lo para o exercício consciente da cidadania, constituindo o acesso à educação
uma das formas de realização do ideal democrático (MELLO FILHO, 1986, p. 533).
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Por expressa previsão no art. 225, § 1º, VI, da Constituição Federal, a educação
ambiental é um dos instrumentos que contribuem para assegurar a efetividade do
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
A educação ambiental, ao contribuir para a formação da consciência ecológi-
ca dos indivíduos, possibilita-lhes o controle das ações ou omissões, privadas ou
públicas, que geram ofensa ao meio ambiente, bem como lhes permite a tomada de
medidas nos âmbitos legislativo, administrativo e judicial, objetivando a proteção e
a garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental
para as presentes e futuras gerações.
Referências bibliográficas
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DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v13n25p9-24
A educação ambiental como instrumento de proteção do direito fundamental ao meio ambiente
Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 13(25): 9-24, jul.-dez. 2013 • ISSN Impresso: 1676-529-X • ISSN Eletrônico: 2238-1228 23
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