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A educação ambiental como instrumento de proteção

do direito fundamental ao meio ambiente


Environmental education as a tool for the protection
of the fundamental right to the environment

José Antonio Remédio


Doutor em Direito do Estado pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Professor
de Graduação e Pós-Graduação em Direito da
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP).
jaremedio@yahoo.com.br

Karin de Andrade Barbosa


Mestre em Direito pela Universidade Metodista de
Piracicaba. Professora na Faculdade Adventista de Hortolândia.
karinbarbosa@hotmail.com

Resumo O meio ambiente condiciona a vida e o desenvolvimento do homem. A ex-


ploração descontrolada e ilimitada dos recursos naturais, normalmente acompanha-
da de poluição do ar, contaminação da terra, rios e oceanos, destruição de florestas e
matança indiscriminada de animais, tem colocado em risco a preservação do planeta
e, por conseguinte, a perpetuação da própria espécie humana. O direito ao meio am-
biente ecologicamente equilibrado insere-se na ordem constitucional brasileira como
um direito fundamental. O desenvolvimento sustentável surge como proposta para
equacionar, ou ao menos minorar, parte dos problemas relacionados com a indevida
e ilimitada exploração do meio ambiente. A educação ambiental, ao conscientizar
os indivíduos sobre a necessidade e a importância da preservação do meio ambiente
como direito fundamental, é um instrumento indispensável na efetivação e concreti-
zação da proteção ambiental.
Palavras-chave: meio ambiente; desenvolvimento sustentável; direito fundamen-
tal; educação ambiental; direitos difusos.

Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 13(25): 9-24, jul.-dez. 2013 • ISSN Impresso: 1676-529-X • ISSN Eletrônico: 2238-1228 9
DOI: http://dx.doi.org/10.15600/2238-1228/cd.v13n25p9-24
José Antonio Remédio; Karin de Andrade Barbosa

Abstract The environment affects the life and development of man. The unlimited
and uncontrolled exploitation of natural resources, usually accompanied by air pol-
lution, contamination of land, rivers and oceans, forest destruction and indiscrimi-
nate killing of animals, has put at risk the preservation of the planet and therefore
the perpetuation of the human species itself. The right to an ecologically balanced
environment is part of the Brazilian constitutional order as a fundamental right. The
sustainable development arises as a proposal to solve or at least alleviate some of the
problems related to the uncontrolled and unlimited exploitation of the environment.
Environmental education, accountable for educating people about the need and im-
portance of protecting the environment as a fundamental right, is an indispensable
tool in the execution and implementation of environmental protection.
Keywords: environment; sustainable development; fundamental right; environ-
mental education; diffuse rights.

Introdução

O homem está indissociavelmente ligado ao meio ambiente. O meio ambiente


condiciona sua vida e seu desenvolvimento.
O crescimento desmesurado da população do planeta, que no ano de 2011 che-
gou a sete bilhões de pessoas, aliado, entre outros fatores, à degradação ambiental
para fins econômicos, leva-nos a buscar e discutir medidas garantidoras da preserva-
ção do planeta e, por conseguinte, do próprio homem.
O aparente bem-estar possibilitado ao indivíduo pelas incessantes explorações
econômicas, em particular do meio ambiente natural, contrapõe-se ao risco de esgo-
tamento dos recursos naturais do planeta, principalmente quando tais explorações
são promovidas de forma descontrolada e ilimitada.
O uso descontrolado e ilimitado dos recursos naturais simplesmente desconsidera
que os recursos da biosfera são finitos, alguns dos quais, inclusive, não renováveis.
As explorações econômicas desordenadas, principalmente do meio ambiente
natural, são normalmente acompanhadas de poluição do ar, contaminação da terra,
dos rios e dos oceanos, destruição de florestas e matança indiscriminada de animais.
Objetivando equacionar, ou ao menos mitigar parte dos problemas relaciona-
dos ao meio ambiente, surge no cenário mundial o denominado “desenvolvimento
sustentável”.
Embora muito se fale em desenvolvimento sustentável e sejam variados os ins-
trumentos existentes para a proteção do meio ambiente, ainda são poucas as medidas
concretas objetivando sua efetivação.

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A educação ambiental como instrumento de proteção do direito fundamental ao meio ambiente

A Carta Constitucional brasileira de 1988 resguardou o meio ambiente eco-


logicamente equilibrado como direito de todos, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, e impôs ao Poder Público e à coletividade o
dever de sua proteção e preservação para as presentes e futuras gerações (BRASIL,
1988, art. 225, “caput”).
A preservação da integridade do meio ambiente constitui expressão constitu-
cional de um direito fundamental que assiste à generalidade das pessoas.
Entre os instrumentos que contribuem para se assegurar a efetividade do direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, destaca-se a educação ambiental.
A educação ambiental, prevista no art. 225, § 1º, VI, da Constituição Federal,
possibilita a conscientização do indivíduo e da sociedade, visando à adoção de con-
duta responsável em prol da proteção do meio ambiente, seja ele natural, artificial,
cultural ou do trabalho.
O presente trabalho, utilizando o método hipotético-dedutivo, busca analisar a
educação ambiental como instrumento de defesa e proteção do meio ambiente eco-
logicamente equilibrado como direito fundamental.

O direito ao meio ambiente como direito fundamental

O meio ambiente é conceituado legalmente no Brasil como “o conjunto de


condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981, art. 3º, I).
O conceito legal, no entanto, abrange apenas o aspecto natural do meio ambien-
te, ou seja, não alcança o conceito jurídico mais amplo, que inclui também o meio
ambiente artificial, cultural e do trabalho.
Em Portugal, a legislação conceitua o ambiente como “o conjunto dos sistemas
físicos, químicos, biológicos e suas relações e dos factores económicos, sociais e
culturais com efeito directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e
a qualidade de vida do homem” (PORTUGAL, 1987, art. 6º, n. 2. “a”).
Na doutrina, José Afonso da Silva define o meio ambiente como “a interação
do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvi-
mento equilibrado da via em todas as suas formas” (SILVA, 2007, p. 20).
Juridicamente, Hamilton Alonso Júnior considera o meio ambiente “a compo-
sição de todas as coisas e fatores externos ao homem, individual ou coletivamente
considerado” (ALONSO JÚNIOR, 2006, p. 25).
Hugo Nigro Mazzilli adota um conceito tão amplo de meio ambiente, “que per-
mite considerar praticamente ilimitada a possibilidade de defesa da flora, da fauna,
das águas, do solo, do ar, com base na conjugação do art. 225 da CF com as Leis ns.

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6.938/81 e 7.347/85”, nele se incluindo, também, “diversos valores integrantes do


chamado ‘patrimônio cultural’ (bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico)” (MAZZILI, 1993, p. 78).
Inexiste uniformidade de pensamento na doutrina quanto à classificação do
meio ambiente.
O meio ambiente, acompanhando Celso Antonio Pacheco Fiorillo e Marcelo
Abelha Rodrigues, pode ser classificado em:

a) meio ambiente natural ou físico, constituído pelo solo, a água, o ar


atmosférico, a flora e a fauna;
b) meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artísti-
co, arqueológico, paisagístico e turístico;
c) meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano construído,
formado pelo conjunto de edificações e de equipamentos públicos;
d) meio ambiente do trabalho, correspondendo ao local e aos meios de
desenvolvimento da atividade laboral, tutelando a saúde e a segurança
do trabalhador. (FIORILLO; RODRIGUES, 1997, p. 53-67).

O meio ambiente ecologicamente equilibrado, por sua vez, é definido pelo art.
225, “caput”, da Constituição Federal de 1988, como direito de todos, “bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gera-
ções” (BRASIL, 1988).
Por estar expressamente previsto na Constituição Federal, o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado deve ser tratado como norma impositiva que
visa à proteção do bem jurídico considerado, ou seja, o meio ambiente ecologica-
mente equilibrado.
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado integra os denomina-
dos direitos fundamentais.
Assim, para Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, a Constituição
Federal de 1988, em seu art. 225, “considera o direito ao meio ambiente sadio como
direito fundamental do cidadão e, ao mesmo tempo, a preservação do meio ambiente
como tarefa do Estado” (NERY JÚNIOR; NERY, 2009, p. 688).
O ser humano, no dizer de Paulo Affonso Leme Machado, “só fruirá plena-
mente de um estado de bem-estar e de equidade se lhe for assegurado o direito fun-
damental de viver num meio ambiente ecologicamente equilibrado” (MACHADO,
2009, p. 59).
Na jurisprudência, o Supremo Tribunal Federal brasileiro sufraga o entendi-
mento no sentido de que a preservação da integridade do meio ambiente constitui

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expressão constitucional de um direito fundamental que assiste à generalidade das


pessoas (BRASIL, 2006, p. 14).
“Constitui princípio básico de hermenêutica relativo aos direitos fundamentais
que, onde a Constituição não limita, não pode a norma infraconstitucional limitar”
(REMÉDIO, 2011, p. 350).
Assim, os dispositivos normativos que dispõem sobre a proteção do meio
ambiente devem ser interpretados de forma ampla, objetivando sempre a efetiva
concretização do direito fundamental consubstanciado no meio ambiente ecologi-
camente equilibrado.
Quanto à natureza jurídica, conforme entendimento do Supremo Tribunal Fe-
deral, o meio ambiente ecologicamente equilibrado corresponde a um típico direito
de terceira geração, ou de novíssima dimensão, que assiste a todo o gênero humano,
incumbindo ao Estado e à coletividade a especial obrigação de defender e preservar
esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual, em benefício das
presentes e futuras gerações (BRASIL, 2006, p. 14).

Desenvolvimento sustentável

A relação existente entre meio ambiente e atividade econômica, seja na órbita


internacional, seja no âmbito interno dos Estados, é bastante estreita.
Na órbita internacional, até meados do século XIX não havia uma preocupação
sobre os efeitos da atividade econômica sobre o meio ambiente, questão que passou
a ser discutida a partir da aceleração do processo industrial e do reconhecimento
de que o planeta caminhava em um processo constante de deterioração. Quando a
economia industrial incorporou as áreas periféricas à sua esfera de interesses, houve
a popularização do consumo, visto que se verificou a ampliação do mercado consu-
midor por meio dos trabalhadores assalariados, que tiveram seu poder de compra
robustecido. Tal circunstância, aliada ao crescimento populacional significativo, que
implicava maior utilização dos recursos naturais, tanto para a produção de alimentos
como para a obtenção de energia, acabou afetando diretamente o meio ambiente
(BARRAL; FERREIRA, 2006, p. 14-15).
No século XX, quando o meio científico constatou a necessidade de contenção
da degradação ambiental ante o crescente desenvolvimento tecnológico, a questão
relativa à proteção ao meio ambiente começou a tornar-se proeminente. Em 1933
realizou-se em Londres a Convenção para Proteção da Fauna e Flora em Seu Estado
Natural, que pode ser considerada o primeiro tratado internacional a tutelar a prote-
ção ambiental da biodiversidade, por meio da criação de reservas naturais. Na órbita
da competência da Organização das Nações Unidas (ONU), foi aprovada, em 1968,

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a Resolução n. 2.398, que indicava ser necessária a discussão a respeito do meio am-
biente humano, visto que havia bipolaridade de objetivos entre países desenvolvidos
e os demais países, de forma que aqueles clamavam pela proteção ambiental e estes
temiam que tal proteção lhes tolhesse o direito ao desenvolvimento (ONU, 1968).
Tal assunto foi discutido em Estocolmo em 1972, na Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano, oportunidade em que se chegou a um denominador
comum entre o posicionamento defendido por países desenvolvidos e países menos
desenvolvidos, restando consagrado do encontro o ecodesenvolvimento, que mais
tarde seria renomeado como desenvolvimento sustentável (BARRAL; FERREIRA,
2006, p. 26).
Em 1987 foi elaborado, no âmbito da ONU, o Relatório da Comissão Mundial
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), intitulado “Nosso Futuro
Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, oportunidade em que foi
apresentado um novo enfoque sobre o desenvolvimento.
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente de 1992, conhecida
como Rio-92, realizada no Rio de Janeiro, deu ensejo a discussões a respeito do meio
ambiente e desenvolvimento, em especial ao impacto que a atividade econômica pro-
dutiva poderia causar ao meio ambiente, assim como buscou apresentar soluções para
os impactos já provocados e medidas preventivas em relação aos problemas futuros.
A ONU promoveu, em 2002, a Conferência da Cúpula Mundial para o De-
senvolvimento Sustentável (Rio+10), na cidade sul-africana de Johanesburgo, tendo
como objetivo realizar um levantamento das medidas implementadas desde a reali-
zação da Rio-92, oportunidade em que constatou o fracasso obtido deste então, visto
que “nenhum dos grandes objetivos foi equacionado, e o discurso vazio mais uma
vez se sobrepôs aos resultados práticos” (BARRAL; FERREIRA, 2006, p. 32).
Em 2012 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvi-
mento Sustentável, na cidade brasileira do Rio de Janeiro, conhecida como Rio+20,
tendo como objetivo renovar e reafirmar a participação dos líderes dos países com
relação ao desenvolvimento sustentável no planeta Terra.
Na atualidade, no âmbito interno dos Estados, a proteção do meio ambiente está
inserida na maioria das Constituições.
A relevância do ambiente “tornou-se quase obrigatória ou recorrente em quase
todos os novos textos constitucionais, entendida à luz das suas coordenadas pró-
prias” (MIRANDA, 2000, p. 533).
A Constituição portuguesa de 1976 estatui em seu art. 66, n. 1, que “todos têm
direito a um ambiente de vida humana, sadio e ecologicamente equilibrado e o de o
defender” (PORTUGAL, 1976).

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Por meio da 4ª Revisão Constitucional (LC n. 1/97), a Constituição portuguesa


acolheu o conceito de desenvolvimento sustentável “ao impor como tarefa do Estado
e dos cidadãos a promoção do aproveitamento racional dos recursos naturais, salva-
guardando a sua capacidade de renovação e a estabilidade ecológica” (art. 66), já
consagrado, inclusive, em documentos internacionais relativos ao ambiente (Relató-
rio Brundtland da Comissão Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento, Confe-
rência do Rio de Janeiro de 1992, Agenda 21, Convenção sobre o Clima, Convenção
sobre a Biodiversidade) (CANOTILHO; MOREIRA, 2007, p. 849).
No Brasil, dispõe o art. 225 da Constituição Federal de 1988, que “todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o de-
ver de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
O desenvolvimento sustentável, portanto, constitui questão de ordem no pano-
rama mundial e no âmbito interno dos Estados.
O conceito de desenvolvimento sustentável é bastante recente.
O Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento em 1987, colocou o conceito de “desenvolvimento
sustentável” na agenda política. Indicando a existência de incompatibilidade entre
desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo existentes, o Rela-
tório traz à discussão a necessidade de uma nova relação entre o ser humano e o meio
ambiente. O modelo apresentado pelo Relatório não propõe a estagnação do cres-
cimento econômico, mas, sim, indica a conciliação entre as questões ambientais e
sociais. O desenvolvimento sustentável, consoante o Relatório, é “aquele que atende
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades” (RELATÓRIO BRUNDTLAND, s.d.).
Em decorrência do conceito de desenvolvimento sustentável descrito pelo Re-
latório Brundtland, surgiu a definição de sustentabilidade, que “é uma ação em que
a elaboração de um produto ou desenvolvimento de um processo não compromete a
existência de suas fontes, garantindo a reprodução de seus meios” (FARIA, 2011, p. 15).
A sustentabilidade, para Nelson Nery Júnior, é a relação que existe entre os siste-
mas dinâmicos da economia e da ecologia, ainda que ambos caminhem em ritmos dis-
tintos. A vida humana, na sustentabilidade, pode continuar indefinidamente, podendo
os indivíduos prosperar e as culturas humanas desenvolverem-se, desde que os efeitos
das atividades humanas não ultrapassem determinados limites, de forma que não sejam
destruídas a diversidade, a complexidade e o funcionamento do sistema ecológico que
serve de sustentação à vida (NERY JÚNIOR; NERY, 2009, p. 689).
O desenvolvimento sustentável, no dizer de José Afonso da Silva, “consiste
na exploração equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação das ne-

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cessidades e do bem-estar da presente geração, assim como de sua conservação no


interesse das gerações futuras” (SILVA, 2007, p. 26).
Consoante José Rubens Morato Leite, o modelo do desenvolvimento susten-
tável, que pretende uma justiça intergeracional e uma consideração intrínseca da
própria natureza, surge como alternativa à crise ambiental e o desenvolvimento eco-
nômico dos Estados, buscando um paradigma diferenciado, “pois engendra uma ra-
cionalidade diversa da economia tradicional, amparado na não exclusão da geração
futura, e uma visão menos antropocêntrica, levando em conta a preservação da capa-
cidade do ecossistema” (LEITE, 2006, p. 123).
Segundo Gerd Winter, o desenvolvimento sustentável abarca três conceitos
globais: o bem-estar social (sociedade), a economia e o meio ambiente. Para que haja
um desenvolvimento sustentável, é preciso que a biosfera permaneça como a base
do desenvolvimento socioeconômico, sem a qual não é possível alcançar a sustenta-
bilidade, visto que a biosfera pode existir sem os outros dois elementos (economia e
sociedade), mas estes dois não existem sem a biosfera (WINTER, 2009, p. 4).
O princípio do desenvolvimento sustentável, de acordo com o Supremo Tribu-
nal Federal, além de impregnado de caráter eminente constitucional, está legitimado
em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator
de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia
(BRASIL, 2006, p. 140).
As medidas, instrumentos ou mecanismos existentes para a preservação do
meio ambiente, tomando-se como parâmetro a sustentabilidade ou o desenvolvi-
mento sustentável, são bastante variados.
Consoante o Relatório Brundtland, as seguintes medidas devem ser tomadas
pelos países para promover o desenvolvimento sustentável:

a) limitação do crescimento populacional; garantia de recursos básicos,


como água, alimentos, energia, a longo prazo; preservação da biodiver-
sidade e dos ecossistemas; diminuição do consumo de energia e desen-
volvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;
aumento da produção industrial nos países não-industrializados com
base em tecnologias ecologicamente adaptadas; controle da urbaniza-
ção desordenada e integração entre campo e cidades menores; e atendi-
mento das necessidades básicas, como saúde, escola e moradia;
b) no âmbito internacional: adoção da estratégia de desenvolvimento
sustentável pelas organizações de desenvolvimento, como órgãos e
instituições internacionais de financiamento; proteção dos ecossis-
temas supranacionais, entre os quais a Antártica e os oceanos, pela
comunidade internacional; banimento das guerras; e implantação de
um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das
Nações Unidas (ONU);

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c) uso de novos materiais na construção; reestruturação da distribui-


ção de zonas residenciais e industriais; aproveitamento e consumo de
fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica;
reciclagem de materiais reaproveitáveis; consumo racional de água e de
alimentos; e redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde
na produção de alimentos. (RELATÓRIO BRUNDTLAND, s.d.).

O ordenamento jurídico brasileiro prevê variadas medidas objetivando a defesa


ou proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), em seu artigo
4º, estabelece os objetivos que a lei deve alcançar e, dentre eles, estão a preserva-
ção da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico propício à vida, crité-
rios para uso racional e manejo dos recursos ambientais; diretrizes estas que devem
orientar a ação dos governos da União, dos estados, do Distrito Federal, dos territó-
rios e dos municípios, conforme artigo 5º do mesmo diploma legal (BRASIL, 1981).
Tanto a Constituição Federal de 1988 como a legislação infraconstitucional
brasileira preveem instrumentos de aplicação do desenvolvimento sustentável, entre
os quais se destacam a avaliação de impacto ambiental, prevista na Lei n. 6.938/81
(BRASIL, 1981, art. 9º, III), e o estudo prévio de impacto ambiental previsto na Lei
Maior (BRASIL, 1988, art. 225, § 1º, IV). Tais instrumentos não têm o objetivo de
inviabilizar a atividade econômica, mas fazer considerações e análises a respeito das
consequências da atividade que se pretende realizar, seu custo-benefício, e tomar
medidas para que não ocorra o dano ao meio ambiente, fazendo, assim, com que a
atividade econômica torne-se ambientalmente eficiente (LEMOS, 2010, p. 172).
O novo Código Florestal também tem como objetivo o desenvolvimento sus-
tentável (BRASIL, 2012, art. 1º-A, parágrafo único).
A prevenção constitui importante instrumento para proteger e preservar o meio
ambiente.
O objetivo do princípio da precaução não é engessar a atividade humana ou ver
catástrofes e desastres em tudo; pelo contrário, almeja o alcance da durabilidade da
qualidade de vida da humanidade, tanto na atualidade quanto no futuro, promovendo
a existência contínua do meio natural que existe na Terra (MACHADO, 2009, p. 69).
Tamanha é a importância da defesa do meio ambiente, que a Suprema Corte
brasileira entende que é dever do Poder Público e da sociedade a defesa de um meio
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e as futuras gerações, direito
esse de natureza transindividual, cabendo ao Poder Judiciário, inclusive, em situa-
ções excepcionais, determinar que a administração pública adote medidas assecura-
tórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais sem que isso
configure violação ao princípio da separação de poderes (BRASIL, 2012).

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A defesa, preservação e conservação do meio ambiente e a promoção do de-


senvolvimento sustentável são inequívocas atividades de interesse público (Lei
9.790/99, art. 3º) (REMÉDIO, 2012, p. 334).
A efetividade do desenvolvimento sustentável e a proteção plena do meio am-
biente ecologicamente equilibrado são indissociáveis da educação ambiental, instru-
mento esse imprescindível para a conscientização ecológica dos indivíduos.

Educação ambiental

A educação ambiental configura um inequívoco instrumento que contribui para


a efetiva e concreta proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
A busca da preservação ambiental, no contexto do desenvolvimento susten-
tável, exige a conscientização de todas as pessoas, nacionais ou estrangeiras, e tal
desiderato pode ser atendido por meio da educação ambiental.
A educação está diretamente vinculada à dignidade da pessoa humana, e esta, por
sua vez, identifica-se como um dos princípios fundamentais da República Federativa
do Brasil, conforme previsto no art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988.
O conceito de educação é bastante amplo, não se limitando à mera instrução,
pois a educação objetiva propiciar a formação necessária ao desenvolvimento das
aptidões, potencialidades e personalidade do educando, tendo o processo educacio-
nal, como metas, qualificar o educando para o trabalho e prepará-lo para o exercício
consciente da cidadania, constituindo o acesso à educação uma das formas de reali-
zação concreta do ideal democrático (MELLO FILHO, 1986, p. 533).
A educação ambiental constitui espécie do gênero educação.
A Declaração de Estocolmo de 1972 delineou alguns critérios e princípios a se-
rem praticados no âmbito internacional e nacional para preservar e melhorar o meio
ambiente humano, destacando entre eles a importância da educação ambiental. Con-
forme dispõe o princípio n. 19 da Declaração de Estocolmo, é essencial um esforço
para a educação em questões ambientais, tanto para jovens como para adultos, inclu-
sive levando em conta os menos favorecidos, objetivando uma conduta responsável
dos indivíduos, das empresas e das coletividades na proteção e melhoria do meio
ambiente em sua dimensão humana integral e global (ONU, 1972).1
A Carta de Belgrado de 1975, visando apresentar uma estrutura global para a
educação ambiental, estabeleceu as seguintes metas, objetivos e diretrizes:

DECLARAÇÃO da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano – 1972. Dispo-
1

nível em: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/estocolmo1972.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2013.

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A educação ambiental como instrumento de proteção do direito fundamental ao meio ambiente

a) metas da educação ambiental: formar uma população mundial cons-


ciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas associa-
dos, e que tenha conhecimento, aptidão, atitude, motivação e compro-
misso para trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções
para os problemas existentes e para prevenir novos;
b) objetivos da educação ambiental: tomada de consciência, conheci-
mentos, atitudes, aptidões, capacidade de avaliação e participação;
c) diretrizes básicas dos programas de educação ambiental: considerar
o ambiente em sua totalidade (natural e criado pelo homem, ecológico,
econômico, tecnológico, social, legislativo, cultural e estético); ser um
processo contínuo, permanente, tanto dentro como fora da escola; ado-
tar um método interdisciplinar; enfatizar a participação ativa na preven-
ção e solução dos problemas ambientais; examinar as principais ques-
tões ambientais em uma perspectiva mundial, considerando, ao mesmo
tempo, as diferenças regionais; basear-se nas condições ambientais
atuais e futuras; examinar todo o desenvolvimento e crescimento a
partir do ponto de vista ambiental; promover o valor e a necessidade
da cooperação a nível local, nacional e internacional, na solução dos
problemas ambientais. (CARTA DE BELGRADO, s.d.).

Na órbita interna dos Estados, a educação ambiental integra parte expressiva


dos ordenamentos jurídicos modernos.
Assim, a Constituição da República Portuguesa, de 1976, estatui que “todos
têm direito a um ambiente de vida humana, sadio e ecologicamente equilibrado e
o de o defender” (PORTUGAL, 1976, art. 66, n. 1) e, “para assegurar o direito ao
ambiente, no quadro de um desenvolvimento sustentável, incumbe ao Estado, por
meio de organismos próprios e com o envolvimento e a participação dos cidadãos”
(PORTUGAL, 1976, art. 66, n. 2), entre outros, “promover a educação ambiental e o
respeito pelos valores do ambiente” (PORTUGAL, 1976, art. 66, “g”).
No dizer de J. J. Gomes Canotilho e Vital Moreira, “a defesa do direito do am-
biente e da qualidade de vida é indissociável da educação ambiental e do respeito
pelos valores do ambiente”. E a promoção da educação ambiental e do respeito pelos
valores do ambiente previstos no art. 66, “g”, da Constituição portuguesa, “aponta
para o dever das administrações públicas de erguer a ‘informação ambiental’, os ‘co-
nhecimentos científicos’ e a ‘participação dos cidadãos’ a dimensões estruturantes da
‘consciência ecológica’” (CANOTILHO; MOREIRA, 2007, p. 851-852).
No Brasil, o primeiro texto legal a usar formalmente a expressão “educação
ambiental” foi a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), que dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
Conforme estatui a Lei n. 6.938/81, a Política Nacional do Meio Ambiente
deverá assegurar, entre outras coisas, o princípio da “educação ambiental a todos os

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níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para


a participação ativa na defesa do meio ambiente” (BRASIL, 1981, art. 2º, X).
A Política Nacional de Educação Ambiental visa à qualificação dos indivíduos
para que estes possam compreender a importância da proteção ao meio ambiente
para promoção do desenvolvimento sustentável e assim ser possível a conservação
de condições salutares de sobrevivência no presente e para as gerações futuras.
A Constituição brasileira de 1988 trata da matéria em seu art. 225, § 1º, VI, ao
prever, entre os deveres do Poder Público, o de “promover a educação ambiental em
todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente” (BRASIL, 1988).
Consoante Paulo de Bessa Antunes, a educação ambiental é um dos mais im-
portantes mecanismos de preservação do meio ambiente, pois é ilusório pensar e
até mesmo desejar que o Estado seja capaz de controlar de forma absoluta todas as
atuações e atividades que possam alterar o meio ambiente. A correta implementação
de amplos processos de educação ambiental é a forma barata e eficiente de evitar que
sejam causados danos ao meio ambiente (ANTUNES, 2002, 209).
A Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental,
“instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental” (BRASIL, 1999b). Entende-se
por educação ambiental, legalmente, “os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e compe-
tências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999b, art. 1º). A
educação ambiental “é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do pro-
cesso educativo, em caráter formal e não-formal” (BRASIL, 1999b, art. 2º).
O processo de educação ambiental, portanto, integra a educação nacional e deve
ser difundido de forma permanente, tanto na educação formal quanto na não formal.
No que se refere à educação ambiental formal, esta se dá nas instituições pú-
blicas e privadas de ensino em todos os níveis, ou seja, educação básica (educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio), educação superior, educação especial,
educação profissional e educação de jovens e adultos, e deve desenvolver-se de for-
ma interdisciplinar (BRASIL, 1999b, arts. 9º e 10).
Quanto à educação ambiental não formal, esta deve se dar por meio de ações
e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre questões am-
bientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente
(BRASIL, 1999b, art. 13).
A educação ambiental, formando indivíduos conscientes e preparados, possi-
bilita sua participação na proteção e preservação do meio ambiente ecologicamente

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A educação ambiental como instrumento de proteção do direito fundamental ao meio ambiente

equilibrado, participação essa que se dá, entre outras formas, no âmbito legislativo
(como ocorre com a iniciativa popular de lei), na órbita administrativa (como se ve-
rifica com a participação em audiências públicas) e no âmbito judicial (como ocorre
com o exercício da ação popular).

Conclusões

O homem está ligado ao meio ambiente de forma indissociável, sendo que este
condiciona sua vida e seu desenvolvimento.
Apesar da imprescindibilidade do meio ambiente na preservação do planeta e
da própria espécie humana, a atualidade mostra que a integralidade dos Estados, em
maior ou menor proporção, utiliza-se do meio ambiente, principalmente dos recursos
naturais, em especial para fins econômicos, de forma indiscriminada e desordenada.
O uso indiscriminado e desordenado do meio ambiente normalmente vem
acompanhado de problemas de difíceis soluções, entre os quais, poluição do ar e
contaminação da terra e das águas, que geram novos problemas, como escassez de
comida para a população, falta de água potável e destruição da flora e da fauna.
Se, de um lado, há um aparente bem-estar disponibilizado ao indivíduo em razão
das constantes explorações econômicas, em particular do meio ambiente natural, de
outro há o risco concreto de esgotamento dos recursos naturais do planeta, principal-
mente quando tais explorações são promovidas de forma descontrolada e ilimitada.
Inúmeros são os textos legislativos existentes no âmbito internacional e na ór-
bita interna dos Estados visando à proteção do meio ambiente, embora, na prática, a
degradação ambiental continue assolando a integralidade dos Estados.
O desenvolvimento sustentável, por atender às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias ne-
cessidades, inequivocamente contribui para a preservação do meio ambiente e, por
conseguinte, do próprio planeta.
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, que integra os deno-
minados direitos fundamentais, é definido pelo art. 225, “caput”, da Constituição
Federal de 1988, como direito de todos, bem de uso comum do povo, e essencial à
qualidade de vida, cabendo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A proteção do meio ambiente é mais efetiva quando atrelada à educação ambien-
tal, que constitui um dos instrumentos que viabilizam o desenvolvimento sustentável.
Entre as metas do processo educacional está qualificar o educando para o trabalho
e prepará-lo para o exercício consciente da cidadania, constituindo o acesso à educação
uma das formas de realização do ideal democrático (MELLO FILHO, 1986, p. 533).

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Por expressa previsão no art. 225, § 1º, VI, da Constituição Federal, a educação
ambiental é um dos instrumentos que contribuem para assegurar a efetividade do
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
A educação ambiental, ao contribuir para a formação da consciência ecológi-
ca dos indivíduos, possibilita-lhes o controle das ações ou omissões, privadas ou
públicas, que geram ofensa ao meio ambiente, bem como lhes permite a tomada de
medidas nos âmbitos legislativo, administrativo e judicial, objetivando a proteção e
a garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental
para as presentes e futuras gerações.

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Submetido em: 22-5-2013


Aceito em: 11-6-2013

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