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Regulamentos:
Nota: a competência regulamentar das regiões da República não é apenas das leis
da república da área concorrência. Mesmo as leis da reserva parlamentar estão
sujeitas a regulamentação por parte das RA’s. O que é da reserva da República é a
competência legislativa, não é a competência regulamentar.
Autarquias Locais: competência regulamentar com fundamento na CRP, 241º da CRP mas
com a particularidade de apensar de se alicerçar na CRP, não há regulamentos autárquicos
diretamente fundamentados na CRP. Isto significa que carecem sempre de precedência de lei,
isto é - as autarquias locais só têm competência regulamentar proveniente da lei (a lei é a
ponte entre a CRP e a competência regulamentar de cada autarquia local). Têm competência
regulamentar os municípios (a camara e a assembleia) tal como as freguesias (a junta e
assembleia), com, naturalmente, dois limites:
1. Limites da lei que lhe confere o poder regulamentar
2. Os regulamentos das autarquias têm de respeitar os regulamentos das entidades de
tutela (pode não ser o Governo da República, pode também ser o governo regional se
a autarquia for uma autarquia de uma RA, porque quem exerce tutela sobre as
autarquias locais nas Regiões Autónomas é o respetivo poder regional. Mais: o poder
regulamentar das freguesias tem de obedecer e se pautar aos regulamentos dos
respetivos municípios.
3. Exemplo: a freguesia de Alvalade tem de respeitar, no exercício da sua competência
regulamentar, os regulamentos emanados pelo município de Lisboa, mas não pelo
Município de Almada ou Setúbal, porque estão fora da respetiva área.
Há competência regulamentar do órgão deliberativo, mas também há
competência regulamentar do órgão executivo.
4. Associações Públicas: têm poder regulamentar, que resulte diretamente da CRP, 267º/4 da
CRP, sublinhe-se que as associações públicas profissionais (ordem dos médicos) têm
competência regulamentar exclusiva em matéria deontológica. As regras éticas são matéria
de reserva regulamentar da respetiva associação pública, não podendo o estado intervir, se o
fizer o ato está ferido de usurpação de poderes. Isto permite limitar o espaço do poder
legislativo, não podendo este usurpar o espaço da competência regulamentar.
Primeiro limite importante aos poderes regulamentares conferidos pela CRP: o Governo
não pode “renunciar” /abdicar dessa competência que lhe é atribuída pela CRP. 111º/2 da
CRP
Ainda por outro lado, o 142º/2 CPA consagra aquilo a que se chama de Princípio da
inderrogabilidade singular dos regulamentos:
Significa que um regulamento não pode ser afastado num caso concreto. As normas
têm vigência geral e por isso, em nome dos princípios da igualdade e da
imparcialidade, não podem ser afastados num caso concreto - não pode assim ser
afastado ou derrogado numa situação concreta. Um ato desconforme um
regulamento, mesmo que posterior, em vez de derrogar o regulamento, o ato
administrativo é inválido, por contrariar o regulamento. Os regulamentos não
podem ser afastados nos casos concretos.
Regra geral: a declaração de invalidade tem eficácia retroativa (apaga os efeitos que
a norma produziu), só não tendo retroatividade nas exceções previstas, e envolve
também efeitos repristinatórios, se for caso disso.
Exceção: pode não se dar o efeito repristinatório quando a norma a repristinar também
ela era ilegal (confirmar) - é a afirmação do provérbio popular “era pior a emenda do
que o soneto”.
Nota prévia: observando o esquema (entregue em aula pelo Professor) dos atos
administrativos, podemos observar o quanto o CPA deixa sem regulamentação
expressiva - poucos são os artigos que estão identificados à frente dos tipos de atos
administrativos. A regra é que o código é omisso, claro que tem um regime geral, que
se aplica aos diversos atos administrativos, mas a regra é a ausência de um regime
específico. Tá no mail.
Atos constitutivos:
Atos primários:
- 3 tipos de atos primários, que podem ter 3 naturezas diferentes
3. Atos de concessão: tanto pode se um ato administrativo como pode ser por
um contrato, com uma particularidade que resulta do CCP (Código dos
Contratos Públicos) - os atos de concessão estão sujeitos se deles resultar
uma questão concorrencial, às regras dos contratos públicos.
4. Atos de admissão: Investe o particular numa determinada Posição
Jurídica sem que daí resulte a obrigatoriedade. Ato através do qual
cada um de nós entrou na FDL.
5. Atos de delegação: é também uma permissão, de um órgão exercer
poderes que normalmente pertencem a outro.
6. Atos de dispensa: alguém é exonerado; é no fundo isento do cumprimento
de um dever legal. Pode ser um efeito automático, sem necessidade de um
ato administrativo. Exemplo: dispensa de exame, caso se tenha 12 ou mais
valores em avaliação contínua (efeito automático da verificação de um
facto), ou então através de ato administrativo, como a escusa.
7. Atos de renúncia: através da renúncia o próprio dispõe de uma posição
jurídica, claro está só é possível se a posição for disponível. Tanto pode
ocorrer por parte do particular como da parte da administração. Em
qualquer um dos casos, só pode haver renúncia de posições jurídicas com
esta nota - são mais as posições jurídicas disponíveis por parte dos
particulares do que são as posições jurídicas por parte da administração (e
há inclusive áreas em que a administração jamais pode renunciar).
Exemplo: a matéria que a AP não pode renunciar é a competência.
Anulação e Revogação
- Antes de 2015, não havia a figura de anulação administrativa, tudo era visto como
uma revogação; Hoje, em ambos os casos o propósito é cessar efeitos, mas
enquanto na revogação, o fundamento tem a ver com o mérito, conveniência e
oportunidade do ato, na anulação, o fundamento tem a ver com a ilegalidade.
1. Revogação 165º
Pressupõe dois atos – o ato revogado (aquele cujos efeitos são extintos) e o ato
revogatório (aquele que cessa os efeitos do ato anterior). A revogação diferencia-se
da suspensão, na medida em que nesta há uma cessação temporária de efeitos e
naquela há uma cessação definitiva. Em bom rigor existe apenas revogação de
efeitos, não de atos. O ato em si é um facto que não se pode apagar, apenas os
efeitos gerados. Note-se ainda que em regra a anulação tem efeitos retroativos, ao
passo que a revogação não os tem, conforme o 171º/1.
Espécies de revogação:
- Quanto ao autor, a revogação pode ser:
• (1) por iniciativa da administração – designa-se de revogação oficiosa, e
tanto pode ser desencadeada pelo autor do ato (retratação) ou por outro
órgão administrativo que não o autor do ato, ex. o superior hierárquico;
• (2) a requerimento do particular/ interessado (169º/1) – pode ser pedida
ao autor do ato (reclamação) ou pedida a um órgão que tem poderes de
supremacia sobre o autor do ato (recurso hierárquico/ recurso
administrativo).
- Quanto ao seu conteúdo, poderá ser uma:
• (1) revogação simples – apenas tem efeitos destrutivos, ou seja, cessa os
efeitos do ato anterior ato.
• (2) ou substitutiva – aqui há uma nova disciplina jurídica, onde a
revogação ocorre por incompatibilidade com o novo regime jurídico.
Substitui-se a solução jurídica.
- Quanto aos efeitos, a revogação pode ter:
• (1) eficácia ex nunc/ ab-rogatória – 171º/1 – apenas produz efeitos para
o futuro, ou seja, o ato cessa efeitos a partir de agora.
• (2) ou eficácia ex tunc – cessa os efeitos desde o início, ou seja, produz
efeitos retroativos. Esta é a exceção e aquela é a regra.
Nem sempre é assim tão fácil. Para uns um ato pode ser constitutivo de direitos e
para outros não o ser. Se alguém num concurso público só pode haver 1 vencedor, o
ato que institui o vencedor do concurso será constitutivo de direitos para quem o
ganhou e para os outros não houve provimento. Assim, o regime de cada ato poderá
variar de acordo com o destinatário, o que aumenta em muito a complexidade deste
regime.
1. Anulação:
Pressupõe a ilegalidade do ato, ou seja, através da anulação os efeitos do ato
ilegal cessam. Perante um ato ilegal, o que é que a administração deve fazer? O
ato de anulação administrativa é um ato vinculado? Não é um ato vinculado, pois
a administração pode sempre escolher um de dois caminhos: ou anula (destrói o
ato) ou procede à sanação da ilegalidade (aproveita o ato), mas nunca poderá
ignorar a ilegalidade, tendo o dever de a repor. Note-se, que por norma esta figura
tem efeitos retroativos. A anulação também simplifica a vida aos tribunais. Se a
própria administração reconhece que produziu um ato ilegal, não precisa de
esperar que o tribunal o venha a declarar. Para além disto, o pressuposto de base é
que o ato que venha a ser anulado seja anulável, nunca nulo. Isto, porque um ato
nulo não produz efeitos, como tal não se pode anular um ato nulo, os seus efeitos
não podem ser cessados.
Há 3 tipos de procedimentos:
1. Declarativo Típico
a. Normal, aquele que declara um direito
2. Recurso Gracioso (especial)
a. Alguém insatisfeito, e procura obter uma nova decisão perante outra
autoridade
3. Execução (cumprimento do ato administrativo)
Pressupostos procedimentais:
Procedimento dos recursos graciosos – procedimento que tem a ver com a nova
intervenção da administração sobre uma decisão relativamente à qual no passado já se
pronunciou ou não pronunciou e devia ter pronunciado. Ou seja, pode reclamar-se tanto
sobre uma ação indevida como sobre uma omissão. A matéria vem regulada nos art.
184º e ss.
O procedimento típico do agir da administração é o de recurso hierárquico – regime
geral: 184º a 190º CPA.
Normas comuns quer ao recurso administrativo (da decisão de uma autoridade para
outra autoridade administrativa), quer às situações de reclamação (perante o próprio
autor da decisão);
Decisão:
197º CPA – a decisão administrativa pode ser uma decisão com dois conteúdos
diferentes: