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INTRODUÇÃO
A forma mal planejada com que o homem se apropria da natureza traz como
consequência uma serie de impactos ambientais negativos. Entre as varias abordagens
sobre este problema, destacam se atualmente as analises do uso da terra e sua dinâmica
ao longo do tempo. FAO/IIASA (1993) afirmam que o “uso do solo diz respeito à
finalidade para a qual a terra é usada pela população humana local e pode ser definida
como as atividades humanas que estão diretamente relacionadas à terra, fazendo uso de
seus recursos ou tendo impacto sobre eles”. O uso da terra em um determinado local e
época, apresenta uma configuração espacial especifica, com cada um dos tipos de uso
ocupando uma porção de área especifica. Com o passar do tempo, surgem pressões de
fatores locais e externos, que tendem a modificar a distribuição espacial de cada uso.
Estas mudanças, quando não planejadas trazem diversos impactos negativos. Nas
ultimas décadas, o Brasil tem passado por uma serie de transformações importantes ao
longo de seu território, das quais, destacamos o crescimento da taxa de urbanização. O
aumento do numero de pessoas vivendo na cidade causa uma forte pressão ambiental, e
pode desencadear impactos relacionados principalmente a expansão do uso urbano. Este
tipo de uso reduz a porção de área coberta por algum tipo de vegetação, e em
contrapartida aumenta a impermeabilidade da área em que se expande. Com isso o ciclo
hidrológico local sofre forte alteração em seu funcionamento devido a redução da taxa
de infiltração de agua no solo e o consequente aumento da taxa de escoamento
superficial. A baixa infiltração compromete o abastecimento dos aquíferos e
consequentemente dos rios e corpos d’agua a estes ligados. Além disso, a quantidade de
agua que anteriormente infiltrava no solo passa a escoar superficialmente, sob os
condutos e instalações impermeáveis da malha urbana, causando assim uma serie de
problemas na drenagem urbana como inundações, enchentes, alagamentos entre outros.
Frente a estas questões, acreditamos que um excelente caminho para se compreender as
causas de muitos impactos ambientais negativos é através do conhecimento da
distribuição espacial dos usos da terra e como esta se modifica ao longo do tempo. Tal
analise é possível por meio da aplicação de técnicas de Geoprocessamento em ambiente
SIG. Estes programas apresentam um grande potencial para a manipulação de dados
espaciais na forma de imagens de satélite, aerofotogramas, entre outros. Permite a partir
destes classificar os usos da terra e construir mapas, que possibilitam visualizar a
distribuição espacial de cada tipo de uso. A partir dai já é possível apontar uma serie de
problemas existentes em uma determinada área. Outro importante tipo de analise é
possível por meio do módulo LCM (land chage modeler) do SIG Idrisi Taiga, que
permite “analisar as mudanças no uso do solo entre duas datas, avaliar as perdas, ganhos
e persistência no uso do solo, as contribuições de cada tipo de uso do solo para
conversão em outra classe, além de predizer e modelar as variáveis relativas às
transições do ambiente e habitat” (EASTMAN, 2010).
Quanto ao recorte espacial apropriado para se analisar a mudança nos usos da
terra, este deve comtemplar a escala em que o problema se apresenta. As questões
relacionadas a urbanização e seus impactos diretos no ciclo hidrológico podem ser
melhor compreendidos nos limites de uma microbacia hidrográfica. Piroli (2014)
considera que “ao ser feito o manejo adequado por microbacias, o resultado somado
abrangerá toda uma sub-bacia e posteriormente, o somatório destas, resultará em uma
bacia manejada adequadamente”. Este autor ainda ressalta que “Para que este manejo
seja desenvolvido é necessário em primeiro lugar espacializar os diferentes usos e
cobertura da terra na área de interesse”.
Pensando estas questões, este trabalho objetivou por meio de técnicas de
Geoprocessamento em ambiente SIG analisar os impactos ambientais negativos gerados
pela dinâmica do uso da terra na microbacia do Córrego Christoni, localizada na cidade
de Ourinhos, local que nos últimos anos tem apresentado grandes mudanças,
principalmente por conta da urbanização, que é responsável por uma serie de problemas
ligados a drenagem urbana.
MATERIAIS E MÉTODOS –
A seguir estão descritos todos os procedimentos e materiais que foram
necessários para a produção deste presente trabalho. Dos materiais utilizados temos os
sistemas de informação Geográfica Arcgis 10.1 e Idrisi Taiga, duas Cartas topográficas
obtidas no site do IBGE referentes as cidades de Ourinhos (SF-22-Z-A-VI-3) e
Jacarezinho (SF-22-Z-C-III-1) em escala 1:50.000, um Aerofotograma da area urbana
de Ourinhos do ano de 1972, um mosaico de imagens do satélite Quickbird referentes
ao ano de 2015 e o manual técnico de uso da terra do IBGE (2006). Das cartas
topográficas foram extraídas as Coordenadas UTM para o georeferenciamento de todas
as imagens e também as curvas de nível, que foram utilizadas para a delimitação da
microbacia. A partir do aerofotograma e das imagens do satélite Quickbird foram
elaborados dois mapas de uso da terra: um correspondente ao ano de 1972 e outro
correspondente a 2015. Para a elaboração do mapa de 1972 primeiramente foi feita a
digitalização do aerofotograma em alta resolução para obter se uma imagem de boa
qualidade. Logo após, a imagem foi importada para o SIG Arcgis 10.3, onde foi
georeferenciada com as coordenadas extraídas da carta topográfica anteriormente. Em
seguida, utilizando se as curvas de nível também extraidas da carta topográfica, foram
traçados precisamente os limites da microbacia. Logo apos, utilizando se a ferramenta
clip, a área da microbacia foi recortada e extraída do restante da imagem. A partir da
imagem georeferenciada e com os limites da microbacia traçados, foi realizada a
classificação do uso da terra por fotointerpretação. Para elaboração do mapa de 2015,
foram obtidas a partir do Google Earth Pro algumas imagens do satélite Quickbird,
referentes ao ano de 2015. Estas imagens foram exportadas para o Arcgis 10.3, onde
foram georeferenciadas e ordenadas em um mosaico controlado. Como feito
anteriormente, a partir das curvas de nível extraídas da carta topográfica foi possível
delimitar a área da microbacia, que foi identificada e destacada do restante da imagem.
Com a imagem recortada de acordo com os limites da microbacia foi feita a
classificação dos usos da terra referente ao ano de 2015 através da analise visual da
área. As formas de uso da terra identificadas nas duas épocas foram classificadas de
acordo com o manual técnico de uso da terra do IBGE (2013). Dessa forma foram
geradas as seguintes classes: Area urbana, florestal, campestre, lavoura temporaria,
pastagem,...Alguns usos identificados não estão entre os usos apresentados no manual, e
por isso precisaram ser adaptados: O uso urbano industrial, que se refere a uma região
dentro da area urbanizada, onde predominam instalações industriais e firmas de suporte
a essas atividades; O uso sede rural que diz respeito a pequenas casas e instalações de
caráter agrícola, que podem ser encontradas dentro e fora da área urbana; o cemitério
municipal da cidade. Com os dois mapas de uso da terra prontos por fim foi utilizado a
modulo LCM do SIG Idrisi Taiga, com o qual foi possivel quantificar em hectares as
mudanças ocorridas e também gerar os três últimos mapas: O mapa de mudanças do uso
da terra em 1972 e 2015, o mapa de persistência de usos da terra e o mapa ganhos e
perdas do uso florestal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As aplicações de Geoprocessamento em ambiente SIG utilizadas na análise da
microbacia do córrego Christoni permitiram obter resultados importantes, que
demonstraram o aparecimento de impactos ambientais negativos relacionados às
modificações nos usos da terra do ano 1972 ao ano 2015. No geral, esses impactos estão
relacionados à expansão do uso urbano. Além disso, a distribuição espacial deste e dos
outros usos nos diferentes pontos da microbacia também revela alguns problemas que
serão abordados na sequência. A Figura 1 apresenta o mapa de uso da terra referente ao
ano 1972.
Este mapa demonstra claramente que em 1972 o uso urbano já era predominante,
ocupando 244 hectares, o equivalente a 56 % da área total. Sua distribuição espacial
revela uma intensa ocupação da área correspondente às proximidades da cabeceira de
drenagem ao sul e também as regiões sudeste e sudoeste da microbacia. Este quadro se
aprofundou ao longo do tempo, pois a malha urbana se estendeu ao longo das vertentes
em direção ao fundo de vale, nas proximidades do córrego. Como resultado, em 2015 o
uso urbano passou a abranger cerca de 331 hectares, o correspondente a 77% da área
total, conforme espacializado na Figura 2.
O mapa da Figura 3 apresenta as áreas nas quais houve mudanças no uso da terra
no período de estudo, indicando as transformações ocorridas.
Figura 3. Microbacia do Córrego Christoni – mudanças no uso da terra – 1972 a 2015 .
A área em branco dentro dos limites da microbacia indica os locais onde não ocorreram
mudanças nos usos da terra. Este mapa oferece a especificidade de destacar apenas os
locais onde ocorreram mudanças no uso da terra e a sua espacialização na microbacia.
Novamente, os resultados obtidos permitem realçar o fenômeno da expansão da malha
urbana sobre outros usos. Observa-se que as maiores modificações foram nos locais que
deixaram de conter algum tipo de vegetação e passaram a abrigar a malha urbanizada. O
tipo de uso que mais perdeu sua área para o urbano foi a pastagem, que perdeu 41,1 ha;
em segundo lugar, as lavouras temporárias, que perderam 23,5 ha e em terceiro lugar a
cobertura campestre que perdeu 21,4 ha. A cobertura campestre presente no ano 1972
pode ser caracterizada como uso da terra de transição entre uma cobertura vegetal mais
densa, de Floresta Estacional Semidecidual, para o uso urbano, estando em processo
contínuo de desmatamento para posterior limpeza do terreno e loteamento.
Ano Pop. Urbana (hab) Pop. Rural (hab) Grau de urbanização (%)
1918 1.000 3.000 25
1940 6.666 6.457 50,7
1950 13.457 7.628 62,2
1960 25.762 8.940 74,8
1970 41.059 8.134 83,4
1980 52.698 7.060 88,21
1991 70.399 6.235 91,86
2000 90.696 3.172 94,58
2010 100.374 2.661 97,42
Fonte: IBGE (2010).
Por fim, a Figura 5 a seguir permite visualizar alguns aspectos importantes sobre
as transformações no uso florestal.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
PIROLI, Edson Luís. Mudanças no uso da terra e impactos sobre a infiltração de água
em microbacias hidrográficas avaliados com técnicas de geoprocessamento. In: Anais
XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, 2015, João Pessoa.