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GEOPROCESSAMENTO APLICADO NA ANÁLISE DA

DINÂMICA DO USO DA TERRA E DOS IMPACTOS


AMBIENTAIS NEGATIVOS NA MICROBACIA DO CÓRREGO
CHRISTONI, MUNICÍPIO DE OURINHOS - SP

Piroli, E. L1. Jangarelli, George Antonio2. Demarchi, J. C1.


1
Programa de Pós-Graduação em Geografia. Faculdade de Ciências e Tecnologia.
Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Presidente Prudente, epiroli@gmail.com.
2
Curso de Geografia. Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Ourinhos.

INTRODUÇÃO
A forma mal planejada com que o homem se apropria da natureza traz como
consequência uma serie de impactos ambientais negativos. Entre as varias abordagens
sobre este problema, destacam se atualmente as analises do uso da terra e sua dinâmica
ao longo do tempo. FAO/IIASA (1993) afirmam que o “uso do solo diz respeito à
finalidade para a qual a terra é usada pela população humana local e pode ser definida
como as atividades humanas que estão diretamente relacionadas à terra, fazendo uso de
seus recursos ou tendo impacto sobre eles”. O uso da terra em um determinado local e
época, apresenta uma configuração espacial especifica, com cada um dos tipos de uso
ocupando uma porção de área especifica. Com o passar do tempo, surgem pressões de
fatores locais e externos, que tendem a modificar a distribuição espacial de cada uso.
Estas mudanças, quando não planejadas trazem diversos impactos negativos. Nas
ultimas décadas, o Brasil tem passado por uma serie de transformações importantes ao
longo de seu território, das quais, destacamos o crescimento da taxa de urbanização. O
aumento do numero de pessoas vivendo na cidade causa uma forte pressão ambiental, e
pode desencadear impactos relacionados principalmente a expansão do uso urbano. Este
tipo de uso reduz a porção de área coberta por algum tipo de vegetação, e em
contrapartida aumenta a impermeabilidade da área em que se expande. Com isso o ciclo
hidrológico local sofre forte alteração em seu funcionamento devido a redução da taxa
de infiltração de agua no solo e o consequente aumento da taxa de escoamento
superficial. A baixa infiltração compromete o abastecimento dos aquíferos e
consequentemente dos rios e corpos d’agua a estes ligados. Além disso, a quantidade de
agua que anteriormente infiltrava no solo passa a escoar superficialmente, sob os
condutos e instalações impermeáveis da malha urbana, causando assim uma serie de
problemas na drenagem urbana como inundações, enchentes, alagamentos entre outros.
Frente a estas questões, acreditamos que um excelente caminho para se compreender as
causas de muitos impactos ambientais negativos é através do conhecimento da
distribuição espacial dos usos da terra e como esta se modifica ao longo do tempo. Tal
analise é possível por meio da aplicação de técnicas de Geoprocessamento em ambiente
SIG. Estes programas apresentam um grande potencial para a manipulação de dados
espaciais na forma de imagens de satélite, aerofotogramas, entre outros. Permite a partir
destes classificar os usos da terra e construir mapas, que possibilitam visualizar a
distribuição espacial de cada tipo de uso. A partir dai já é possível apontar uma serie de
problemas existentes em uma determinada área. Outro importante tipo de analise é
possível por meio do módulo LCM (land chage modeler) do SIG Idrisi Taiga, que
permite “analisar as mudanças no uso do solo entre duas datas, avaliar as perdas, ganhos
e persistência no uso do solo, as contribuições de cada tipo de uso do solo para
conversão em outra classe, além de predizer e modelar as variáveis relativas às
transições do ambiente e habitat” (EASTMAN, 2010).
Quanto ao recorte espacial apropriado para se analisar a mudança nos usos da
terra, este deve comtemplar a escala em que o problema se apresenta. As questões
relacionadas a urbanização e seus impactos diretos no ciclo hidrológico podem ser
melhor compreendidos nos limites de uma microbacia hidrográfica. Piroli (2014)
considera que “ao ser feito o manejo adequado por microbacias, o resultado somado
abrangerá toda uma sub-bacia e posteriormente, o somatório destas, resultará em uma
bacia manejada adequadamente”. Este autor ainda ressalta que “Para que este manejo
seja desenvolvido é necessário em primeiro lugar espacializar os diferentes usos e
cobertura da terra na área de interesse”.
Pensando estas questões, este trabalho objetivou por meio de técnicas de
Geoprocessamento em ambiente SIG analisar os impactos ambientais negativos gerados
pela dinâmica do uso da terra na microbacia do Córrego Christoni, localizada na cidade
de Ourinhos, local que nos últimos anos tem apresentado grandes mudanças,
principalmente por conta da urbanização, que é responsável por uma serie de problemas
ligados a drenagem urbana.

MATERIAIS E MÉTODOS –
A seguir estão descritos todos os procedimentos e materiais que foram
necessários para a produção deste presente trabalho. Dos materiais utilizados temos os
sistemas de informação Geográfica Arcgis 10.1 e Idrisi Taiga, duas Cartas topográficas
obtidas no site do IBGE referentes as cidades de Ourinhos (SF-22-Z-A-VI-3) e
Jacarezinho (SF-22-Z-C-III-1) em escala 1:50.000, um Aerofotograma da area urbana
de Ourinhos do ano de 1972, um mosaico de imagens do satélite Quickbird referentes
ao ano de 2015 e o manual técnico de uso da terra do IBGE (2006). Das cartas
topográficas foram extraídas as Coordenadas UTM para o georeferenciamento de todas
as imagens e também as curvas de nível, que foram utilizadas para a delimitação da
microbacia. A partir do aerofotograma e das imagens do satélite Quickbird foram
elaborados dois mapas de uso da terra: um correspondente ao ano de 1972 e outro
correspondente a 2015. Para a elaboração do mapa de 1972 primeiramente foi feita a
digitalização do aerofotograma em alta resolução para obter se uma imagem de boa
qualidade. Logo após, a imagem foi importada para o SIG Arcgis 10.3, onde foi
georeferenciada com as coordenadas extraídas da carta topográfica anteriormente. Em
seguida, utilizando se as curvas de nível também extraidas da carta topográfica, foram
traçados precisamente os limites da microbacia. Logo apos, utilizando se a ferramenta
clip, a área da microbacia foi recortada e extraída do restante da imagem. A partir da
imagem georeferenciada e com os limites da microbacia traçados, foi realizada a
classificação do uso da terra por fotointerpretação. Para elaboração do mapa de 2015,
foram obtidas a partir do Google Earth Pro algumas imagens do satélite Quickbird,
referentes ao ano de 2015. Estas imagens foram exportadas para o Arcgis 10.3, onde
foram georeferenciadas e ordenadas em um mosaico controlado. Como feito
anteriormente, a partir das curvas de nível extraídas da carta topográfica foi possível
delimitar a área da microbacia, que foi identificada e destacada do restante da imagem.
Com a imagem recortada de acordo com os limites da microbacia foi feita a
classificação dos usos da terra referente ao ano de 2015 através da analise visual da
área. As formas de uso da terra identificadas nas duas épocas foram classificadas de
acordo com o manual técnico de uso da terra do IBGE (2013). Dessa forma foram
geradas as seguintes classes: Area urbana, florestal, campestre, lavoura temporaria,
pastagem,...Alguns usos identificados não estão entre os usos apresentados no manual, e
por isso precisaram ser adaptados: O uso urbano industrial, que se refere a uma região
dentro da area urbanizada, onde predominam instalações industriais e firmas de suporte
a essas atividades; O uso sede rural que diz respeito a pequenas casas e instalações de
caráter agrícola, que podem ser encontradas dentro e fora da área urbana; o cemitério
municipal da cidade. Com os dois mapas de uso da terra prontos por fim foi utilizado a
modulo LCM do SIG Idrisi Taiga, com o qual foi possivel quantificar em hectares as
mudanças ocorridas e também gerar os três últimos mapas: O mapa de mudanças do uso
da terra em 1972 e 2015, o mapa de persistência de usos da terra e o mapa ganhos e
perdas do uso florestal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
As aplicações de Geoprocessamento em ambiente SIG utilizadas na análise da
microbacia do córrego Christoni permitiram obter resultados importantes, que
demonstraram o aparecimento de impactos ambientais negativos relacionados às
modificações nos usos da terra do ano 1972 ao ano 2015. No geral, esses impactos estão
relacionados à expansão do uso urbano. Além disso, a distribuição espacial deste e dos
outros usos nos diferentes pontos da microbacia também revela alguns problemas que
serão abordados na sequência. A Figura 1 apresenta o mapa de uso da terra referente ao
ano 1972.

Figura 1. Microbacia do Córrego Christoni – uso da terra em 1972

Este mapa demonstra claramente que em 1972 o uso urbano já era predominante,
ocupando 244 hectares, o equivalente a 56 % da área total. Sua distribuição espacial
revela uma intensa ocupação da área correspondente às proximidades da cabeceira de
drenagem ao sul e também as regiões sudeste e sudoeste da microbacia. Este quadro se
aprofundou ao longo do tempo, pois a malha urbana se estendeu ao longo das vertentes
em direção ao fundo de vale, nas proximidades do córrego. Como resultado, em 2015 o
uso urbano passou a abranger cerca de 331 hectares, o correspondente a 77% da área
total, conforme espacializado na Figura 2.

Figura 2. Microbacia do Córrego Christoni – uso da terra em 2015


Esta mudança é responsável por série de danos ambientais, pois em sua dinâmica de
expansão, a malha urbana acabou por sobrepor alguns usos que promoviam a proteção
do solo e também garantiam taxas de infiltração adequadas como a pastagem, as
lavouras temporárias, a cobertura campestre e a cobertura florestal. Em 1972, a
pastagem ocupava uma extensão considerável da área, principalmente no fundo de vale
e na foz do córrego na porção norte da microbacia. Em 1972 sua área era de 67 ha, o
que equivalia a 15,6 % da área total. Este uso teve sua área drasticamente reduzida para
o ano de 2015, com 18 ha ou 4,2 % da área total. As lavouras temporárias possuíam em
1972 uma extensão de 47 hectares ou 10,9 % da área total. Este uso se estendia pela
vertente na margem oeste indo em direção à nascente e parte do córrego. Sua área
também foi intensamente reduzida, passando para 6 ha em 2015, o equivalente a 1,4 %
da área da microbacia. Este uso foi reduzido a uma pequena mancha próxima à margem
esquerda do córrego. Ocupando uma área de 34 ha, a cobertura campestre representava
7,9 % do total. Este uso também sofreu uma forte redução de sua área ocupada em
anteriormente, caindo para 10 hectares em 2015, ou 2,3% da área total. Este uso se
concentrava na porção oeste da microbacia, ocupando parte do divisor de águas daquela
região, e apresentava também algumas manchas ao norte, antes e depois da rodovia. Em
2015 sua localização restringiu-se a uma pequena mancha localizada no noroeste da
microbacia. A Tabela x sintetiza os usos e suas respectivas áreas em 1972 e 2015

Categoria de uso Área (ha) 1972 % Área (ha) 2015 %

Area Urbanizada 244 56,7 331 77,0


Cemitério 4 0,9 9 2,1
Campestre 34 7,9 10 2,3
Lavoura temporária 47 10,9 6 1,4
Propriedade rural 4 0,9 8 1,9
Urbano Industrial 17 4,0 18 4,2
Reflorestamento 11 2,6 28 6,5
Rodovia 2 0,5 2 0,5
Pastagem 67 15,6 18 4,2
TOTAL 430 100,0 430 100,0

Tabela 1. Usos da terra da microbacia do Córrego Christoni em 1972 e 2015 (área em


ha e %)

As mudanças demonstradas pelos primeiros mapas puderam ser analisadas


espacialmente em maiores detalhes a partir da aplicação do módulo Land Change
Modeler do SIG Idrisi Taiga. A partir dele foram elaborados outros três mapas.

O mapa da Figura 3 apresenta as áreas nas quais houve mudanças no uso da terra
no período de estudo, indicando as transformações ocorridas.
Figura 3. Microbacia do Córrego Christoni – mudanças no uso da terra – 1972 a 2015 .
A área em branco dentro dos limites da microbacia indica os locais onde não ocorreram
mudanças nos usos da terra. Este mapa oferece a especificidade de destacar apenas os
locais onde ocorreram mudanças no uso da terra e a sua espacialização na microbacia.
Novamente, os resultados obtidos permitem realçar o fenômeno da expansão da malha
urbana sobre outros usos. Observa-se que as maiores modificações foram nos locais que
deixaram de conter algum tipo de vegetação e passaram a abrigar a malha urbanizada. O
tipo de uso que mais perdeu sua área para o urbano foi a pastagem, que perdeu 41,1 ha;
em segundo lugar, as lavouras temporárias, que perderam 23,5 ha e em terceiro lugar a
cobertura campestre que perdeu 21,4 ha. A cobertura campestre presente no ano 1972
pode ser caracterizada como uso da terra de transição entre uma cobertura vegetal mais
densa, de Floresta Estacional Semidecidual, para o uso urbano, estando em processo
contínuo de desmatamento para posterior limpeza do terreno e loteamento.

A área em branco na Figura 3, na qual não ocorreram mudanças no uso da terra,


está representada na Figura x a seguir, que apresenta o tipo de uso não alterado e sua
respectiva espacialização. Em 2015, toda a área urbana mapeada em 1972 já estava
consolidada. Também se observam pequenas manchas correspondentes aos usos
cemitério, lavoura temporária, urbano industrial, campestre e florestal.

Figura 4. Microbacia do Córrego Christoni – persistência no uso da terra 1972 – 2015

A análise das causas das mudanças no uso da terra na microbacia em questão


permite inferir que diversos fatores internos e externos ao município estão envolvidos.
Entre eles, destacam-se o constante crescimento da população local e o aumento da taxa
de urbanização, processos estes que se mantêm estáveis desde a fundação desta cidade.
Na Tabela 2 pode-se apreciar em números o crescimento populacional e urbano da
cidade de Ourinhos segundo dados do IBGE:

Tabela 2. População urbana, população rural e grau de urbanização do município de


Ourinhos em diferentes décadas

Ano Pop. Urbana (hab) Pop. Rural (hab) Grau de urbanização (%)
1918 1.000 3.000 25
1940 6.666 6.457 50,7
1950 13.457 7.628 62,2
1960 25.762 8.940 74,8
1970 41.059 8.134 83,4
1980 52.698 7.060 88,21
1991 70.399 6.235 91,86
2000 90.696 3.172 94,58
2010 100.374 2.661 97,42
Fonte: IBGE (2010).

Ao longo das primeiras décadas de sua fundação, Ourinhos apresentou uma


relevante taxa de crescimento populacional, chegando à década de 1950 com cerca de
21.000 habitantes. Paralelamente, observa-se também um crescente grau de
urbanização, que já em 1950 era de 62,2 %. A partir dessa década, as políticas
implantadas pelos governos desenvolvimentistas da época dão um forte impulso para a
industrialização e a modernização do campo brasileiro. Esses fenômenos aparecem de
forma bastante expressiva no desenvolvimento local do município de Ourinhos e
passam a impulsionar o crescimento urbano e a dinâmica de usos da terra desde a
década de 1950. Desde então a população segue crescendo e a malha urbana segue se
expandindo e substituindo antigos usos e coberturas naturais do solo, sendo que tal
movimento expansivo é problemático quando não planejado.
A impermeabilização do solo é o resultado negativo deste processo, pois afeta
diretamente o ciclo hidrológico. Conforme apontado por Tucci (2005), o uso urbano
caracteriza-se por um conjunto de construções entre casas, prédios, ruas pavimentadas,
calçadas, enfim, uma gama de instalações que inevitavelmente promovem a
impermeabilização do solo, o que causa impactos diretos ao ciclo hidrológico, pois toda
a água que anteriormente infiltrava nestas áreas passa a escoar superficialmente. Esse
processo causa uma série de problemas na drenagem urbana como enchentes,
inundações, alagamentos, fortes enxurradas, entre outros, que afetam diretamente a
população e seu patrimônio.
O avanço da urbanização na microbacia do Córrego Christoni segue a tendência
de mudanças no uso da terra das microbacias urbanas do município de Ourinhos. Um
estudo realizado por Piroli et al. (2011) na microbacia do Córrego das Furnas, situado
na porção leste da zona urbana do município, identificou o aumento da zona urbana de
112,73 ha em 1972 para 445,32 ha em 2007, um acréscimo de 295 % em área. Tal
processo foi acompanhado do aumento em área das lavouras de cana-de-açúcar e
eucalipto, em substituição às pastagens e culturas anuais, além da erradicação da cultura
do café. Esse processo gerou alterações significativas no ciclo hidrológico, que resultou
em processos de assoreamento e poluição do Córrego das Furnas e de suas APPs.

Por fim, a Figura 5 a seguir permite visualizar alguns aspectos importantes sobre
as transformações no uso florestal.

Figura 5. Microbacia do Córrego Christoni – ganhos e perdas do uso florestal – 1972 a


2015

A área ocupada e a distribuição espacial deste uso sofreram mudanças


consideráveis. Diferentemente dos usos pastagem, cultivo temporário e campestre, o uso
florestal ganhou área de 1972 para 2015, passando de 11 para 28 hectares. No entanto,
sua distribuição espacial também se alterou bastante. Como pode ser observado no
mapa abaixo, a localização migrou da parte central da microbacia para as margens do
córrego, passando a cumprir o papel de mata ciliar, área legalmente protegida como
Área de Preservação Permanente (APP) pela Lei Federal nº 12.651/2012, conhecida
como Novo Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 2012). Cumpre esclarecer, de acordo
com o referido instrumento legal, que são consideradas APP as faixas marginais dos
cursos d’água desde a borda da calha do leito regular em largura mínima de 30 metros
(levada em consideração a largura do Córrego Christoni de até 10 metros) e o raio
mínimo de 50 metros no entorno de sua nascente, “com a função ambiental de preservar
os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade biológica e a biodiversidade, facilitar o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas” (inciso II, artigo 3º).
O mapa mostra a ausência de cobertura florestal em parte das APPs do Córrego
Christoni, com destaque para seu alto curso, ocupado em 2015 por sedes rurais e
lavouras temporárias. O Plano Diretor do município de Ourinhos (PREFEITURA
MUNICIPAL DE OURINHOS, 2006) estabelece a implantação de parques lineares às
margens dos córregos urbanos como parte do Sistema Municipal de Áreas Verdes. O
leito do Córrego Christoni foi canalizado entre 2008 e 2011 até sua intersecção com a
Rodovia Raposo Tavares, e ao mesmo tempo parte de suas margens foi reflorestada,
mas os parques lineares ainda não foram implantados. Tal fato explica o aumento da
cobertura florestal nas margens do córrego. Porém, a impermeabilização do leito,
somada ao elevado grau de urbanização das vertentes e divisores de água da bacia
hidrográfica, promovem o rápido aumento do nível de água do córrego durante os
episódios de chuva, transferindo a concentração do volume de água pluvial para a
jusante da bacia.
A Lei Federal nº 12.651/2012 (BRASIL, 2012) estabelece ainda a manutenção
da área mínima de 20 % das propriedades rurais com mata nativa preservada a título de
Reserva Legal, definindo também algumas condições em que as APPs que mantêm a
mata nativa preservada podem ser computadas como Reserva Legal. Na microbacia do
Córrego Christoni, as áreas não ocupadas com usos urbanos (classes área urbana,
urbano industrial e cemitério) reduziram de 165 ha ou 38,38 % da área total em 1972,
para 72 ha em 2015, equivalente a 16,75 % da área total da microbacia. Embora os usos
florestais tenham aumentado de 11 para 28 ha no período considerado, e apesar de este
trabalho não ter analisado a distribuição das áreas de Reserva Legal por propriedade
rural, o avanço da urbanização promoveu a redução do tamanho das áreas a serem
legalmente protegidas.

CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação


nativa; altera as Leis nºs 6.938 , de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de
setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67,
de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, ano CXLIX, n. 102, p. 1-8, 28 maio 2012. Seção 1.

BRASIL. Lei n. 12.727, de 17 de outubro de 2012. Altera a Lei nº 12.651, de 25 de


maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938,
de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de
dezembro de 2006; e revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de
14 de abril de 1989, a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, o item
22 do inciso II do art. 167 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, e o § 2º do art.
4º da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano
CXLIX, n. 202, p. 1-3, 18 out. 2012. Seção 1.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sinopse do Censo


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sede municipal, em números absolutos e relativos, com indicação da área total e
densidade demográfica, segundo as Unidades da Federação e os municípios – 2010.
IBGE, 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?
dados=21&uf=35>. Acesso em: 04 ago. 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico de


uso da terra, 3.ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. (Manuais Técnicos em Geociências, 7).

PIROLI, Edson Luís. Mudanças no uso da terra e impactos sobre a infiltração de água
em microbacias hidrográficas avaliados com técnicas de geoprocessamento. In: Anais
XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, 2015, João Pessoa.

PIROLI, E. L.; ISHIKAWA, D. T. K.; DEMARCHI, J. C. Análise das mudanças no uso


do solo da microbacia do córrego das Furnas, município de Ourinhos - SP, entre os anos
de 1972 e 2007, e dos impactos sobre suas áreas de preservação permanente, apoiada
em geoprocessamento. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO
REMOTO, 15. (SBSR)., 2011, Curitiba. Anais... São José dos Campos: INPE, 2011. p.
6333-6340. Disponível em: <http://urlib.net/3ERPFQRTRW/3A6J57P>. Acesso em: 04
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PREFEITURA MUNICIPAL DE OURINHOS. Lei Complementar nº 499, de 28 de


dezembro de 2006. Dispõe sobre o Plano Diretor do Município de Ourinhos e dá
outras providências. Ourinhos, 2006. Disponível em:
<http://www.ourinhos.sp.gov.br/ourinhos/download/1/>. Acesso em: 05 ago. 2016.
FAO/IIASA. Agro-ecological assessments for national planning: the example of
Kenya. Rome: FAO, 1993.
(FAO Soils Bul, n. 67)

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