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16/10/2020 “Nossa lei é a que vale”: com mais de 70% das domésticas na informalidade, condições de empregadores prevalecem sobre

m sobre a PEC - …

Primeira organização de mídia no Brasil orientada por dados para quali car o debate sobre equidade de gênero.

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“Nossa
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e saiba que vale”: com mais de 70%
das domésticas na informalidade,
condições
Enviar de empregadores prevalecem
sobre a PEC
2 DE ABRIL DE 2020

Trabalhadoras domésticas com carteira assinada são minoria no Brasil | Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília


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 Número de trabalhadoras com carteira aumentou após a promulgação do texto, há sete anos,

 mas está em queda desde 2017 e somente 38,8% contribuem para a Previdência; con ra a
segunda parte da reportagem 

Por Maria Martha Bruno, Vitória Régia da Silva e Flavia Bozza Martins* 

A
s trabalhadoras que conseguiram ser liberadas mantendo seus salários durante a
crise causada pelo coronavírus tiveram que negociar arranjos que estão longe do
ideal ou desrespeitam a PEC das Domésticas, como férias antecipadas, dias que
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serão descontados das férias e bancos de horas que mais tarde terão de ser compensados.
Isso para as pro ssionais com carteira assinada.
Primeira organização de mídia no Brasil orientada por dados para quali car o debate sobre equidade de gênero.

Para a maioria das 4 milhões sem carteira, a situação de vulnerabilidade atual é apenas a
progressão do que já viviam antes, já que não são bene ciadas pela Emenda Constitucional
promulgada há exatos sete anos, em 2 de abril de 2013. “Eu só tive carteira na primeira
‘casa
O QUE de família’. Depois disso, só trabalhei como autônoma. Não consigo pagar a
FAZEMOS

Previdência, porque quando o dinheiro chega, já tem muita coisa para pagar. Sendo mãe
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solteira é ainda mais difícil. Eu me preocupo muito com a aposentadoria. Se eu trabalhasse
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formalmente, teria proteção trabalhista, como o seguro-desemprego”, diz Teresa**, de
34 anos, trabalhadora de Salvador (BA). Apenas 38,8% das trabalhadoras domésticas
contribuem para a Previdência Social no Brasil, de acordo com estudo do Instituto de
Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), divulgado em dezembro de 2019. 

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Con ra a primeira parte da reportagem: PEC das Domésticas completa 7 anos golpeada
por empregadores, economia e coronavírus
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Em 2013, quando a PEC foi promulgada, pela primeira vez o número de trabalhadores

domésticos com carteira assinada chegou aos 30%. Três anos depois, subiu para 33,3%,
segundo o Ipea. Desde então, o número caiu, e chegou a 28,6% em 2018. Zenilda Ruiz,
assessora jurídica do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo,
analisa a piora da situação a partir de 2017:

 “Em 2018 e 2019 foi a derrocada. Os patrões


diziam: ‘Nossa lei é que vale’ ou ‘Eu não pago
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Design hora extra e acabou’. Foi uma mudança
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assustadora. Se estavam falando assim com o


departamento jurídico de um sindicato, como
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estariam tratando as trabalhadoras? É como se
não tivessem aceitado as conquistas e estivessem
se vingando. Eles nunca engoliram que
trabalhadoras tivessem uma lei própria”.
O QUE FAZEMOS

Aos 63 anos, Deusdete Gomes da Silva faz parte do grupo de risco da covid-19. Ela
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conseguiu se aposentar no ano passado, mas segue trabalhando como diarista no Rio de
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Janeiro, porque o valor da aposentadoria é baixo. De forma intermitente, conseguiu pagar
o INSS até 2016, e em 2019 se aposentou por idade, não por tempo de contribuição: “Se
todo mundo tivesse assinado minha carteira, eu teria me aposentado antes. Trabalho
desde os 16 anos”.

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“Para mim a PEC não valia nada, porque não tinha acesso a esses direitos como diarista.
Trabalhei em poucas casas com carteira. Sempre dependia da ‘boa vontade’ dos meus
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patrões”, ela conta. Hoje, mesmo com o coronavírus, a “boa vontade” segue em falta:
“Meu patrão, que tem 75 anos, entende essa questão da pandemia, mas não liga. Não falou
Enviarem nenhum momento sobre isso”.
comigo

[+] Leia também: Trabalhadoras informais temem não ter como alimentar os lhos em
crise do coronavírus


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 MEI à revelia

Márcia Soares, diretora-executiva da Themis, organização de Direito voltada para


mulheres, destaca o caráter histórico da precarização da classe e lembra que a queda da
formalização nos últimos anos acompanha o aumento da informalidade no país: “No caso
das domésticas, estamos falando de mais de dois terços que não estão amparadas pela lei,
nem pela PEC. Elas também estão distantes dos direitos previdenciários”.  

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Soares atenta para o fenômeno das diaristas cadastradas como microempreendedoras


individuais (MEIs), medida que, no m das contas, não se traduz em benefícios para elas:
Primeira organização de mídia no Brasil orientada por dados para quali car o debate sobre equidade de gênero.
“A trabalhadora ca com a responsabilidade da Previdência. Ela se torna MEI para ter
algum resguardo. Mas todos os pagamentos acabam recaindo sobre ela. Por um lado, o
governo resolve a informalidade desta forma, mas não interfere sobre a precariedade, pois
a trabalhadora continua ganhando pouco e pagando a Previdência”. 

O QUE FAZEMOS

Cleide Pinto, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Domésticos de


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Nova Iguaçu (RJ), a rma que já atendeu pelo menos três pro ssionais cadastradas como
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MEI pelos empregadores sem saber. “Quando há algum problema na relação de trabalho, é
sempre muito difícil obter provas do vínculo empregatício dentro de uma casa particular”,
observa.

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Cleide Pinto, do Sindicato de Nova Iguaçu (RJ), denuncia empregadores que cadastram trabalhadoras como MEI

sem que elas saibam| Foto: Arquivo Pessoal


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Os ganhos da PEC
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Recolhimento do FGTS, maior respeito e cumprimento a convenções coletivas e resolução


mais rápida de con itos com empregadores estão entre as principais conquistas apontadas
pelas entrevistadas após a promulgação da PEC.  

O QUE FAZEMOS
Antes da aprovação da emenda, os trabalhadores domésticos já tinham garantido direitos
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como: pagamento de, pelo menos, um salário mínimo ao mês; recolhimento do INSS; um
dia de repouso remunerado por semana; férias anuais remuneradas; 13ª salário; licença-
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gestante e licença-paternidade.

A PEC igualou os direitos dos trabalhadores domésticos aos dos demais trabalhadores
urbanos e rurais, incorporando novos direitos, entre eles: recolhimento de FGTS pelo
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 empregador; jornada de trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais; pagamento de
hora extra; auxílio-creche; indenização em caso de demissão sem justa causa; respeito a
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acordos estabelecidos em convenções coletivas. 

Promulgada
Enviar em 2013, a Proposta de Emenda à Constituição foi regulamentada dois anos
depois, pelo Senado, quando nalmente passaram a valer sete dos benefícios estabelecidos
no texto. 

 WhatsApp e trabalho nas ruas


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 Várias iniciativas buscam informar as trabalhadoras sobre seus direitos e conectá-las,

para fortalecer a rede de pro ssionais. Marcia Soares, da Themis, lembra que boa parte da
categoria tem di culdade de acesso à informação, também por causa da baixa
escolaridade. A Themis chegou a criar o aplicativo Laudelinas, disponibilizando um
manual de direitos, calculadora de salário e uma de lista instituições de proteção
em diferentes cidades do Brasil. Atualmente, a organização tenta criar uma plataforma que
se conecte ao WhatsApp, já que os celulares de boa parte das pro ssionais têm limitações
de espaço para manter muitos apps.
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O Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo lançou em 2019 o


curso “Calculando seus Direitos”, que deve continuar este ano quando terminada a
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quarentena. A entidade selecionou trabalhadoras que foram treinadas e capacitadas para
treinar outras dez colegas cada. “Algumas senhoras que mal sabiam escrever aprenderam
a calcular suas horas extras e outros benefícios”, conta Zenilda Ruiz.

A estratégia
O QUE FAZEMOS da entidade para aumentar a conscientização é também ir para as ruas para

manter contato direto com as pro ssionais. “Não adianta car sentada no sindicato, nem
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fazer pan eto. Às 5h da manhã vamos para terminais rodoviários, onde conversamos com
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elas”, a rma Ruiz.

*Maria Martha Bruno é editora,  Vitória Régia da Silva é repórter  e Flavia Bozza Martins é
analista de dados da Gênero e Número

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