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Paulo conhecia a fraqueza de Timóteo; não podia se esquecer de suas lágrimas, quando se separaram (2 Tm

1: 4). Nas palavras de Fairbairn, Timóteo era mais inclinado a ser comandado do que a comandar.7
Assim, pois, era Timóteo: jovem, de estrutura física fraca, de disposição tímida; e, não obstante, chamado
a sérias responsabilidades na igreja de Deus.
Uma grande obra lhe estava sendo confiada e, como Moisés, Jeremias e muitos outros antes e depois dele,
Timóteo se sentia muito relutante em aceitá-la. Será que algum leitor destas páginas encontra-se numa
situação semelhante? Você é jovem, fraco e tímido, e ainda assim Deus o está chamando à liderança? Esta
carta contém uma mensagem especial para todos os tímidos Timóteos.

4. Escrevendo a Timóteo, a preocupação de Paulo era com o evangelho, o depósito da verdade que lhe
havia sido revelada e confiada por Deus
A carreira de Paulo como obreiro do evangelho estava virtualmente encerrada. Pelo espaço de cerca de 30
anos, ele havia fielmente pregado as boas novas, fundado igrejas, defendido a fé e consolidado a obra. Na
verdade, havia "combatido o bom combate, completado a carreira e guardado a fé" (2 Tm 4: 7). Agora
aguardava tão-somente a coroa de vitória junto à linha de chegada. Agora era um prisioneiro, logo depois
seria um mártir.
Mas o que aconteceria ao evangelho depois da sua morte? O imperador Nero, determinado a reprimir
todas as sociedades secretas, e desconhecendo a natureza da igreja cristã, mostrava-se disposto a destruí-la. O
número de herejes parecia aumentar. Há bem pouco tempo acontecera uma quase total apostasia dos ensinos
de Paulo (2 Tm 1: 15) na província da Ásia. O Rev. Moule chega ao ponto de escrever que "o Cristianismo
estremecia, humanamente falando, à beira da aniquilação".8 Quem, pois, combateria pela verdade, depois de
Paulo deixar esta vida? Esta era a pergunta que dominava e inquietava a sua mente, enquanto jazia em
cadeias, e à qual se reportou nesta epístola. Já em sua primeira carta ele rogara a Timóteo que conservasse
bem o depósito: "Ó Timóteo, guarda o que te foi confiado" (1 Tm 6: 20). Mas desde então a situação piorou,
de modo a tornar o apelo do apóstolo mais insistente. Timóteo é lembrado de que agora o precioso evangelho
lhe foi confiado, que agora era a sua hora de assumir responsabilidade por ele, de pregá-lo e ensiná-lo, de
defendê-lo contra os ataques e contra a falsificação, e de assegurar a sua correta transmissão às gerações
vindouras. Em cada capítulo Paulo retorna ao mesmo assunto básico, ou a algum aspecto dele. De fato,
podemos resumir a mensagem da carta com as palavras de quatro exortações:

Capítulo 1 — Primeira Exortação: Guarda o Evangelho!


Guarda o bom depósito, mediante o Espirito Santo que habita em nós (1:14).

Capítulo 2 — Segunda Exortação: Sofre pelo Evangelho!


Participa de meus sofrimentos, como bom soldado de Jesus Cristo. Lembra-te de Jesus Cristo . . . segundo o
meu evangelho, pelo qual estou sofrendo até algemas, como um malfeitor (2:3, 8, 9).
A igreja de nossos dias precisa urgentemente atentar para a mensagem desta segunda carta de Paulo a
Timóteo, já que à nossa volta vemos cristãos e igrejas abrindo mão do evangelho, manuseando-o
desajeitadamente, incorrendo no perigo de finalmente vê-lo escorrer por entre os dedos. Precisa-se de uma
nova geração de jovens Timóteos, que queiram guardar o sagrado depósito do evangelho, que estejam
determinados a proclamá-lo e preparados para sofrer por ele; e que o compartilharão puro e incorrupto à ge-
ração que, cm seu devido tempo, se levantará em seguida.

Capítulo 3 — Terceira Exortação: Persevera no Evangelho!


Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. Tu, porém
permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado . .. (3:13, 14).

Capítulo 4 — Quarta Exortação: Proclama o Evangelho!


Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus.. ..prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,
repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina (4:1, 2).

CAPÍTULO 1
Primeira Exortação: Guarda o Evangelho!

7
Fairbairn, p. 314.
8
Moule, p. 18.
3

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