1º CONGRESSO ONLINE DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO DE SÃO JOSÉ DO
RIO PRETO/SP REGRAS DE TRANSIÇÃO NA REFORMA DA PREVIDÊNCIA
– EC 103/2019. PROF. MALCON Uma vez atendidos os requisitos antes da Reforma para obtenção de uma aposentadoria por idade urbana, mas requerida apenas depois, ou mesmo requerida antes, porém, despachada posteriormente à promulgação da Emenda Constitucional n. 103/20019, nos termos do art. 188-H do RPS (Decreto n. 3.048/99, com a redação trazida pelo Decreto n. 10.410/2020), há expressa previsão de escolha, se isso trouxer alguma vantagem, pela aplicação da regra transitória, pós Reforma, estampada no art. 51 do mesmo Decreto. É possível, inclusive, mesmo diante de um pedido de aposentadoria por idade, a obtenção da espécie tempo de contribuição em conformidade com as regras de transição (arts. 188-I, 188-J, 188-K e 188-L), igualmente, caso mais vantajosa. Isso está previsto no citado art. 188-H do RPS. Por exemplo, uma aposentadoria por idade na qual o segurado contasse com exatas 180 contribuições, sendo que 179 seriam anteriores a julho de 1994. Assim, após julho de 1994 havia apenas uma no valor de R$3.000,00. Antes da Reforma, a renda mensal inicial - RMI seria de um salário mínimo por força do “mínimo divisor”. Pós reforma, sem a incidência do “mínimo divisor”, que foi excluído pela EC n. 103/2019, seria utilizada apenas essa única contribuição para calcular o salário-de-benefício. Assim, a renda mensal inicial – RMI do benefício passaria a ser de R$1.800,00, que corresponde a 60% (eis que contaria apenas com o mínimo necessário) do citado recolhimento que corresponderia ao seu salário-de-benefício. Um aumento de R$755,00 mensais.
Existem duas regras de transição pós Reforma que cogitam do acréscimo
decorrente do “pedágio”. Uma que reclama 50% do tempo faltante para completar os 35/30 anos de contribuição no dia 13.11.2019, se homem ou mulher, respectivamente. Esta regra é só para quem tivesse faltando menos de 2 anos para citado tempo de contribuição e é a única que ainda se aplica o fator previdenciário, obrigatoriamente; até mesmo é expressamente afastada a regra do fator “87/97”, aplicável em outra regra de transição, pelo que não há “compensação” entre o mínimo de tempo de contribuição e determinada idade para o afastar. E há outra que exige um pedágio de 100% sobre o mesmo tempo faltante, também em 13.11.2019. E mais: a regra do “pedágio” de 100% também pode ser utilizada para quem tivesse faltando menos de 2 anos. Mas o contrário não é possível, ou seja, não é possível aplicar a regra do pedágio de 50% para quem tivesse faltando 2 ou mais anos em 13.11.2019. Embasamento: artigo 188-K do RS. Por exemplo: Ana contava com 29 anos de tempo de contribuição e 57 anos de idade em 13.11.2019. Como faltava apenas um ano para ela completar o tempo mínimo, de 30 anos, ela poderá optar pela regra que reclama o pedágio de 50%, daí teria que trabalhar mais um ano e meio (6 meses de pedágio), com incidência do fator previdenciário ou pela regra do pedágio de 100%, o que lhe exigiria mais 1º CONGRESSO ONLINE DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP REGRAS DE TRANSIÇÃO NA REFORMA DA PREVIDÊNCIA – EC 103/2019. PROF. MALCON dois anos (um ano de pedágio), porém, sem fator previdenciário. Se faltassem 3 anos, por exemplo, só caberia a regra do pedágio de 100%, e não a de 50%.
Também é possível utilizar simultaneamente as 4 regras de transição: i) a dos
pontos, atualmente 87/97 (sem idade mínima); ii) a do pedágio de 100% (com idade mínima, fixa, de 57/60, se mulher ou homem, respectivamente), iii) bem como do pedágio de 50% (sem idade mínima, mas com fator previdenciário), iv) além da regra que cogita do aumento da idade com o passar do tempo, que iniciou em 2019 com 56 anos de idade para as mulheres e 61 para os homens, sendo acrescidos mais 6 meses de 2020 em diante em um único caso. Dependerá do tempo que faltasse para completar o período mínimo de 35/30 anos de tempo de contribuição, homem ou mulher, nesta ordem, em 13.11.2019, bem como da idade nesse momento ou mesmo na data do despacho do benefício.
Dentre as 4 regras de transição envolvendo o benefício aposentadoria por tempo
de contribuição - que somente permanece em tais regras, não sendo mais oferecido pós Reforma -, comumente, a mais vantajosa é a que trata do “pedágio de 100%”, eis que se permite o coeficiente de 100% ainda que não alcançados os 40 anos de tempo de contribuição para os homens e de 35 anos para as mulheres. Destaque para as aposentadorias dos professores, que contam com tempo reduzido do tempo em 5 anos, sendo, pois, alcançada mais cedo. Porém, exige idade mínima de 57/60 para mulheres e homens, nesta ordem. De outra banda, ainda quanto ao lado positivo, não há elevação da idade.
A aposentadoria especial para ser obtida na regra de transição exige uma
determinada pontuação a qual pode, segundo o Ofício SEI Circular nº 064/2019/DIRBEN/INSS* e a Portaria INSS n. 450/2020**, contar com tempo comum para seu alcance, observada, nesta contagem, o tempo mínimo de exposição a agentes nocivos. Porém, estranhamente, o Decreto n. 10.410/2020 não repetiu tal possibilidade. Particularmente, penso que tenha sido um lapso e que tal hipótese continue sendo aplicável, notadamente em razão da previsão contida no art. 21 da EC n. 103/2019, que estabelece o que seria considerado nos números apontados, verbis: “o total da soma resultante da sua idade e do tempo de contribuição e o tempo de efetiva exposição forem, respectivamente, de: I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva exposição; II - 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva exposição; e III - 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição.” (grifei). Vejam que não se cogitou apenas do tempo exposto a agentes nocivos. 1º CONGRESSO ONLINE DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP REGRAS DE TRANSIÇÃO NA REFORMA DA PREVIDÊNCIA – EC 103/2019. PROF. MALCON *2.7.3.1.1 Observa-se que para obtenção da pontuação será somado todo o tempo de contribuição, inclusive aquele não exercido em efetiva exposição. (Ofício SEI Circular nº 064/2019/DIRBEN/INSS) **Art. 18. Para obtenção da pontuação será considerado todo o tempo de contribuição, inclusive aquele não exercido em efetiva exposição a agentes nocivos. (Portaria INSS n. 450, de 03.04.2020).