Fundamentos Sócioantropológicos da Educação ministrada pela professora Dra. Raquel Martins Fernandes Mota, válida como requisito parcial de avaliação.
SOARES, Maria de Fátima Cardoso. Professor Alquímico: Um Novo Olhar ao Ensino de
Química. In: O Pensamento Pedagógico na Contemporaneidade, 2010, Teresina PI. VI Encontro de Pesquisa em Educação, 2010.
A educação passa por processos constantes de transformações, assim o professor
precisa acompanhar os novos paradigmas, novas concepções, bem como, a definição de ser professor adquire novas terminologias. O ensino deve caracterizar-se por uma abordagem holística, onde contempla uma atividade baseada nos princípios da coletividade, do professor que adquire e mobiliza os saberes docentes, bem como de uma prática que deve oportunizar aos educandos o acesso ao saber sistematizado, de forma crítica, reflexiva e emancipatória. Desta forma, o professor alquímico deve acompanhar essas mudanças e os novos paradigmas educacionais, entretanto é importante destacar que tais transformações no contexto atual sofrem influência do pensamento contemporâneo e das ideias científicas da Química Moderna. A Química é considerada uma das disciplinas que os alunos mais tem resistência em aprendê-la, ora por conter um número grande de conta, ora por não compreender e achar insignificante. Diante disso o professor é o principal responsável por manter essa resistência, por não atender as necessidades educacionais, por não promover um ensino reflexivo relacionado ao cotidiano do alunos. A rejeição da Química pelos alunos pode ser justificada por não promover prazer ou não ser útil para os alunos, ou seja, desconhecerem sua aplicabilidade. O currículo deve estar voltado para a vida política, questionadora de uma ética de responsabilidade e uma educação de dimensões ecológicas, porém a educação oferecida atualmente não tornam cidadãos mais críticos. Dessa maneira, é importante enfatizar que a Química está presente na vida das pessoas há muito tempo, e o que deve ser feito no contexto das práticas escolares é evidenciar a relação que esta faz com a sociedade, mostrar aos alunos que essa disciplina não se restringe a um conteúdo descontextualizado, inútil ou apenas um amontoado de fórmulas e símbolos. O professor alquímico precisa reformular seu trabalho pedagógico, se atualizar diante das tendências, procurar métodos construtivos, que motivem os discentes a estudar a química de forma significativa e com reflexos positivos. Muitos professores baseiam-se em métodos tecnicistas no ensino, desta maneira sua abordagem é ultrapassada e não atende as novas tendências educacionais, pois o docente precisa conhecer seus alunos, saber de suas vivencias, sua cultura e não promover um ensino mecânico baseado na memorização. Observa-se hoje uma práxis baseada em princípios construtivistas, de transformações, da coletividade, de inovações, de novas competências e novas formas de pensar e agir. Dessa maneira, baseia-se no princípio da transposição didática durante a formação de professores, é preciso que o docente reconheça a dupla dimensão: interdisciplinaridade e contextualização. A necessária articulação da interdisciplinaridade e da contextualização no trabalho docente põe em evidencia o fato de que a disciplina escolar não é o conhecimento científico, mas sim parte dele que precisa ser ligado aos outros ramos do saber. Nesse contexto, o professor de Química, assim como as outras áreas do saber, deve transcender a fragmentação do conhecimento, através de um processo dinâmico, atual, socializador que orienta o professor olhar uma abordagem por meio de vários ângulos. Por outro lado, deve levar em destaque o contexto dos alunos, como seu aspecto social, pessoal, cotidiano, seu próprio ato de descoberta, observando seus limites e suas possibilidades. Atualmente o ensinar Química necessita-se de uma transição, pois este deve aderir a realidade e os saberes do aluno, porém outro fator de dificuldade no processo é a resistência dos docentes em promover um ensino inovador. Um dos fatores que podem acarretar tal resistência é durante a formação do docente, pois não são formados para preocuparem-se com as questões relacionadas à educação e com a sala de aula e, normalmente são professores não pertencentes à área química, os encarregados de transmitirem aos alunos-professores os aspectos didáticos do ensino da química. O professor precisa estar constantemente em processo de formação, estar sempre fazendo leituras e atualizando os conhecimentos e didáticas pedagógicas, evitar cair na rotina e passar anos com o mesmo modo de ensino e com atividades idênticas, pois as reflexões da prática e da ação deve ser diária. Outro fator que deve ser considerado para o ensino é o sistema educativo que influencia na didática em sala de aula, pois se há ausência de apoio incentivador para as atuais necessidades, dificulta-se o trabalho do professor, onde o mesmo assume o papel de multitarefas como docente. Além do domínio de conhecimento o professor deve elaborar estratégias que estimulam e desenvolvam o interesse dos alunos em aprender. Deve-se ressaltar que o domínio Químico exigido nas escolas, não é classificar e nomear todas as substâncias existentes e utilizadas no cotidiano, mas sim o preparo para o exercício consciente da cidadania. Para isso, o professor alquímico deve ter uma formação baseada em princípios construtivistas, do trabalho coletivo de inovação, pesquisa e formação continuada para a formação de educandos críticos, reflexivos, emancipatórios no contexto histórico-social onde vivem.