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REALIZAÇÃO
Laboratório de Patrimônio Cultural e Cidades Contemporâneas – LAPA/PROURB
Introdução
A situação de sucateamento do patrimônio edificado, particularmente de notáveis bens protegi-
dos – exemplares de patrimônio industrial arruinados – instiga a investigação sobre os processos
que levam da obsolescência da edificação à condição de vazio urbano e sobre as perspectivas e
entraves para sua reabilitação. Tal situação é comum nos grandes centros urbanos brasileiros e será
andréa SAMPAIO
observada no caso da área urbana central do Rio de Janeiro, através de uma leitura sob a perspecti-
va de suas interfaces com o ordenamento urbanístico e com a preservação do patrimônio industrial.
Por outro lado, a perspectiva de sediar a Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016 inaugura
um novo ciclo de valorização, e consequentemente, de pressões especulativas sobre a área urba-
na central, que confrontam as oportunidades de reabilitação do patrimônio através da aplicação
de recursos públicos e privados com a vulnerabilidade do patrimônio edificado e a precariedade
das condições habitacionais da população residente no antigo casario. Tamanho contraste re-
mete aos paradoxos presentes na cidade e evidenciados na área urbana central, em função da
oscilação entre ciclos de valorização e desvalorização simbólica e econômica da área que, como
núcleo original da cidade, concentra a Área Central de Negócios e o Centro Histórico, e possui um
acervo patrimonial correspondente ao seu status de capital durante mais de dois séculos.
Assumindo-se como premissa metodológica que “o estudo do conjunto da estrutura urbana
só se concebe em sua dimensão histórica” (Panerai, 2006), a presente reflexão percorrerá o proces-
so histórico da área central, buscando delinear as interfaces entre vazios urbanos, ordenamento
urbanístico e patrimônio industrial, de modo articulado aos processos de obsolescência das edifi-
cações e do tecido urbano central. Para tanto, busca-se evidenciar os nexos entre esses processos
e os impactos de projetos de reurbanização da área central, aos reflexos de legislações urbanís-
ticas e à formação de vazios urbanos, de modo articulado à tomada de consciência do valor da
área urbana central da cidade como patrimônio ambiental urbano e ao tardio reconhecimento do
legado arquitetônico que viria a ser considerado como patrimônio industrial.
A problematização da questão fundamenta-se em referenciais que discutem a noção de
patrimônio cultural na contemporaneidade (Choay, 2001 e 2011; Meneses, 2006), definem o pa-
trimônio industrial como bem cultural e objeto de pesquisa (Kuhl, 2010; Meneguello, 2011), ana-
lisam o percurso histórico da proteção ao patrimônio cultural de modo articulado às legislações
e às intervenções urbanísticas projetadas para a cidade (Sampaio, 2006 e 2011), em referenciais
que problematizam o fenômeno dos vazios urbanos centrais (Borde, 2006) e as interfaces entre
vazios centrais e patrimônio cultural (Borde, 2012).
Ancora-se a discussão na compreensão da cidade como bem cultural, tal como defendida
por Meneses (2006) que a concebe como um artefato socialmente apropriado em três dimen- 143
sões, intimamente imbricadas que atuam solidariamente: a dimensão do artefato, já que a urba-
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andréa SAMPAIO
do Rio de Janeiro, mas já foi apontada por Meneguello (2011) ao circunscrever o patrimônio in-
dustrial em suas nuances como tema de pesquisa.
A perspectiva adotada considera a conservação integrada como uma premissa, a qual
pressupõe a articulação da conservação com o planejamento urbano para uma abordagem do
patrimônio industrial da área urbana central a partir do conceito contemporâneo de patrimônio
ambiental urbano, que supera o foco no monumento isolado e contempla a qualidade ambiental
da paisagem cultural socialmente construída (Castriota, 2009).
décadas seguintes juntamente com o processo de desfuncionalização dos parques industriais ur-
banos das grandes cidades que atingiria seu ápice nos anos 1970.
O campo de pesquisa vem se consolidando, impulsionado pela vulnerabilidade desse pa-
trimônio em face das transformações urbanas, já tendo se consagrado e instituído a partir de
fóruns de discussão internacionais e nacionais. Os estudos realizados sobre o tema no âmbito do
International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage –TICCIH foram sintetizados
na Carta de Nizhny Tagil (Rússia, julho de 2003) 3. Primeiro documento de referência internacional
com a finalidade de guiar a proteção e conservação do Patrimônio Industrial, a Carta traz a se-
guinte definição:
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de tendências econômicas, as percepções negativas, questões ambientais ou de seu tamanho
e complexidade. O mesmo documento preconiza que a conservação do patrimônio industrial
construído pode contribuir para alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável nos níveis
local, nacional e internacional, tanto nos aspectos sociais, como físicos e ambientais. (ICOMOS/
TICCIH, 2011).
Embora seja notória a significação cultural de certos exemplares do patrimônio industrial
na memória urbana e evidente o potencial de reconversão da arquitetura industrial subutilizada,
ainda é grande o desafio pela sua preservação, tendo em vista a complexidade na defesa de sua
caracterização como bem cultural, inclusive por sua diversidade tipológica, e, sobretudo devido
às pressões especulativas pelos terrenos hoje localizados em zonas centrais, que são frequente-
mente considerados ociosos e passíveis de renovação urbana, conforme discutido por Rufinoni
(2009), Kuhl (2010), entre outros. Meneguello (2011) alerta para a necessidade de se tratar o patri-
mônio industrial em sua dimensão urbana, uma vez que o seu desmantelamento é um problema
urbano em larga escala.
Não obstante os preceitos já consagrados no campo da preservação, tem se observado
cada vez mais nas metrópoles brasileiras, mega-projetos que descaracterizam, ou mesmo arra-
sam, o patrimônio industrial, balizados pelo lucro imobiliário, e justificados por supostos bene-
fícios à sustentabilidade ambiental. A preocupação com a perda do patrimônio industrial nesse
tipo equivocado de projeto tem sido recorrentemente objeto de estudos em casos paulistanos4,
mas o risco se estende a casos no Rio de Janeiro, onde se observa a vulnerabilidade dos anti-
gos galpões da área Portuária, em função dos novos parâmetros urbanísticos, que incidem sobre
imóveis não protegidos, ainda que muitos sem valor patrimonial, enquanto outros ostentam um
significativo valor cultural.
Essa conjuntura pode ser explicada tanto pelo incipiente reconhecimento do valor patrimo-
nial do patrimônio industrial nas políticas de proteção, conforme será discutido adiante no âmbito
da abordagem sobre a evolução da noção de patrimônio cultural, mas principalmente pela dinâmi-
ca à qual a área urbana central está sujeita. Nesse sentido, adotando-se as dimensões propostas por
Meneses (2006), tratou-se do patrimônio industrial enquanto objeto de estudo em suas dimensões 147
de “artefato” e de “significações”, partindo-se então para a abordagem de sua dimensão “campo de
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forças”, contextualizada pela dinâmica urbana, em que se discutirá a conjuntura atual da área em
sua espessura histórica e a influência exercida pelo ordenamento urbanístico.
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zios urbanos e do patrimônio edificado nos processos de formação do tecido urbano da área cen-
tral. Traçando a história urbana da área central a partir da formação dos vazios urbanos, Borde
(2006) estuda a conjuntura de suas diferentes causas e propõe critérios de análise e reabilitação.
Já os entraves gerados pelos vazios são sublinhados em estudos realizados pelo Poder Público
com a finalidade de justificar planos e projetos urbanos6, apoiados em diagnósticos que expõem
o processo de deterioração físico-urbanística e de esvaziamento sócio-econômico dos bairros
centrais, os entraves fundiários, a existência de áreas potencialmente renováveis e sub-utilizadas
pela Indústria da Construção Civil, imóveis e áreas em processo de degradação urbanística, vazios
existentes ou potenciais decorrentes da desocupação de edificações ou áreas, apontando a ne-
cessidade de desenvolvimento sócio-econômico e físico-territorial.
A conjuntura de degradação é comum às franjas da área central, conforme já alertado por
Santos (1986) ao discutir o modelo de urbanização em vigor, a vulnerabilidade do casario e da
população residente e defender o seu potencial como patrimônio urbano. Conforme tratado em
Sampaio (2006), na década de 1960, São Cristóvão e demais bairros periféricos ao centro – Ca-
tumbi, Cidade Nova, Estácio e bairros portuários, enquadravam-se numa zona típica de degrada-
ção da cidade, mas de função predominantemente industrial, levando a sua inclusão na faixa de
transição que cerca a city7 (Área Central de Negócios). Estas áreas caracterizam-se pelo estado de
degradação dos prédios e grande valorização dos terrenos, instalação de pequenas indústrias, ar-
tesanato, escritórios e depósitos, ou seja, usos de apoio ao centro, sendo significativa a demanda
por uso de estacionamentos nessas áreas.
O processo histórico que conformou essa paisagem urbana hoje considerada histórica
constituiu-se por intervenções urbanizadoras, remodeladoras e renovadoras que desempe-
nharam um papel estrutural ao dotarem a cidade de infraestruturas, particularmente, as viá-
rias. Estas obras conformaram a morfologia urbana da cidade do Rio de Janeiro, até mesmo
nos rastros deixados no tecido urbano por alguns projetos drásticos não implantados (Sam-
paio, 2011)8.
A conjuntura política e administrativa de capital durante dois séculos desempenhou papel
fundamental na conformação do acervo edificado e também no esvaziamento da área, intensi-
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ficado quando a Capital Federal foi transferida do Rio para Brasília em 1960. Naquela ocasião,
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várias instituições públicas se mudaram da cidade, deixando muitos edificações vazias, muitas
das quais assim permanecem até os dias de hoje.
As mudanças paradigmáticas na cidade ocorrem no período que vai do final do século XIX
às duas primeiras décadas do século XX, sendo significativas para o entendimento do atual espa-
ço urbano da cidade. A cidade deixou de ser essencialmente comercial para se transformar em
centro industrial e porto agro-exportador. O centro ganha características da modernidade e os
subúrbios começam a se delinear como a principal área industrial durante todo o século XX. Tam-
bém é, nessa fase, que surge a zona sul como território das elites, enunciando uma configuração
espacial que contrastava com o restante da cidade (Abreu, 1988).
Nessa curta trajetória histórica para o entendimento das condições atuais do patrimônio
industrial, cabe pontuar a lógica de localização urbana, sobretudo das indústrias e a moradia das
elites, que segundo Villaça (1999), são agentes estruturadores da ocupação do espaço urbano. Os
usos incômodos – habitações coletivas proletárias e os chamados usos “sujos9” – como matadouro,
cocheiras, curtumes e atividades portuárias – foram sendo paulatinamente expulsos do centro em
direção à periferia da cidade.
Com a intensificação da industrialização também as indústrias passaram a ser considera-
das uma vizinhança nociva, em especial na área central e nas localizações valorizadas pelo capi-
tal imobiliário. Enquanto que, nas áreas valorizáveis, a presença da indústria poderia acarretar
a desvalorização do valor dos terrenos, nas áreas populares, sua presença facilitava o acesso ao
local de trabalho. Assim, atraídas pela proximidade das indústrias, sem maiores preocupações
ambientais, proliferaram-se vilas operárias e habitações coletivas em São Cristovão. A abertura
da Avenida Brasil (1940-1946) trouxe consigo uma nova dinâmica urbana para a região e para os
subúrbios, ocasionando a transferência de grandes indústrias instaladas na área central, sobretu-
do em São Cristovão, para áreas mais distantes da cidade (Sampaio, 2006).
O patrimônio industrial da área central da cidade é hoje conformado, sobretudo, por gal-
pões de antigas fábricas, sendo as mais antigas instaladas em São Cristovão, entre meados e o
final do século XIX, armazéns portuários das antigas Docas, e notadamente armazéns portuários
150 implantados com a extensão do Porto, na área aterrada durante a Reforma Pereira Passos10. Cabe
destacar que o próprio processo de reestruturação do Porto no início do século XX, atendendo às
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novas demandas comerciais de então, ocasionou a obsolescência de alguns dos armazéns mais
antigos, que ficaram afastados do cais11. Instalações ferroviárias e inúmeras instalações indus-
triais implantadas na área portuária são remanescentes da cadeia produtiva que vigorou na re-
gião e foi sendo desfuncionalizada a partir da década de 1960.
Essa paisagem urbana histórica, aparentemente agonizante, e de grande significação his-
tórica está sendo resignificada através da reocupação de antigos galpões pela indústria criativa
– escolas de samba, ateliês, escritórios de arquitetura e design, ao mesmo tempo em que é con-
frontada pelo projeto Porto Maravilha, através de obras viárias e uma proposta de tabula rasa em
parte da área. Observa-se um risco iminente da perda desse patrimônio, diante da desproteção
legal e da tendência crescente de mudanças de usos, que implicam em adaptações, demolições
e construções de novas tipologias. Por outro lado, é através desse mesmo projeto estão sendo
realizadas ações de valorização do patrimônio e recuperação de bens, através da aplicação de re-
cursos advindos da operação com os CEPACs (Certificados de Potencial Adicional de Construção),
conforme determinação da Lei que rege a OUC Porto Maravilha12.
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nos bairros do Catumbi, Rio Comprido e Cidade Nova.
Essa sobreposição normativa havia configurado o núcleo do espaço urbano central como a
parte mais verticalizada da cidade. A condenação desse modelo de urbanização predatório veio
na década de 1980 com a implementação das Áreas de Preservação Urbana14, quando se verificou
a transição da proteção da escala arquitetônica para urbana. Até então, somente os bens cultu-
rais mais notáveis eram protegidos através de atos de tombamento.
A partir da década de 1980, com a instituição do órgão de tutela municipal e legislação com-
petende, a preservação passa a ser política urbana com a designação de Áreas de Preservação,
que estancaram o processo de renovação urbana que vinha destruindo parcelas significativas do
tecido urbano mais antigo da cidade, ali situados exemplares arquitetônicos que atualmente se-
riam considerados incontestes bens culturais15. Essa tendência se intensifica a partir da década de
1990, quando se ampliou a área preservada e a quantidade de imóveis tombados e preservados,
conforme apresentado em Sampaio (2011).
Atualmente, o regime normativo vigente conjuga a legislação local com uma grande parte
preservada pelas APACs e trechos onde ainda vigora o regulamento de Zoneamento do Decreto
322/ 1976. Com a finalidade de promover a revitalização da área, a Lei nº 2.236/ 1994, conhecida
como Lei do Centro, foi formulada como AEIU – Área de Especial Interesse Urbanístico, em cará-
ter transitório, aguardando a edição de um PEU. Essa lei permite usos mistos, em particular ha-
bitacionais, uso que havia sido limitado na área central desde 1970, em detrimento das cristaliza-
ções residenciais existentes, particularmente na região portuária. A repercussão da intenção da
Lei do Centro em restabelecer a mistura de usos com a volta da função residencial ainda é lenta,
ocorrendo alguns empreendimentos isolados recentes. A mais recente legislação local incidente
no recorte espacial resulta da Operação Urbana Consorciada Porto Maravilha, aprovada pela Lei
Complementar no101/2009. Apesar da delimitação estabelecida como AEIU para a área portuária,
sua influência extrapola seus limites, dada a magnitude de suas propostas viárias e dos novos pa-
râmetros urbanísticos, que propõem o adensamento a partir de gabaritos elevados.
Infere-se que a configuração espacial atual é um legado de um processo urbano que con-
jugou projetos e normas urbanísticas, pautados na urbanização e reurbanização de áreas, num
processo análogo aquele apontado por Harvey (1992) como “destruição criativa”, que explicaria 153
os impasses do projeto de modernidade – como poderia ser criado um novo mundo sem destruir
VAZIOS URBANOS E PATRIMÔNIO INDUSTRIAL
boa parte do existente? Esta expressão englobaria a preocupação significativa com a remodela-
ção das cidades, de caráter, sobretudo, higienista, evidenciada ao longo do século XIX. Nela se
enquadram, por exemplo, a reforma de Paris, que se tornou paradigma para outras em vários
lugares, inclusive a reforma de Pereira Passos (1906), no Rio de Janeiro.
A noção de progresso vinculada ao modelo de cidade teve seu ápice no movimento mo-
dernista. A cidade modernista imbrica projeto e norma, preconiza a monumentalização da cons-
trução – em especial a habitação social – a segregação das atividades, o isolamento das formas
arquitetônicas e a condenação das formas passadas (PANERAI, 1996). Assim sendo, o completo
arrasamento de extensas áreas da cidade, em operações de tábula rasa, foram defendidas pelos
urbanistas filiados ao Movimento Moderno e colocados em prática nas cidades ocidentais16.
Verifica-se uma série de projetos para a área central do Rio nesses moldes, sendo alguns
tão drásticos que deixaram rastros mesmo quando não implementados. Decadência, desvalo-
rização e degradação das propriedades e do espaço público, além de espaços subutilizados são
algumas das consequências recorrentes que ameaçam a população residente nessas áreas con-
denadas a ser varridas do mapa. Destacam-se os casos do projeto da Avenida Norte-sul17, discu-
tido por Sampaio (2011), que gerou repercussão, mesmo sem ser implantado, na área portuária e
no sopé do Morro da Conceição e uma série de projetos na área da Cidade Nova, que redesenha-
ram o antigo tecido urbano, destruindo a Praça XI e arrasando extensas áreas, deixando parte do
casario, que ainda é um reduto habitacional de uso misto. Tais projetos foram concebidos sob a
prevalente lógica do funcionamento do sistema viário, resolvendo ligações metropolitanas, sem
preocupação com a escala local.
Menor vitalidade econômica e menor coesão social em função do destino incerto dessas
áreas, têm acelerado a deterioração causada pela condenação daqueles quarteirões, cujas edi-
ficações acabam abandonadas por seus proprietários, levando a deterioração física, a subutili-
zação dos espaços e sua ocupação informal dos imóveis. Tais reflexos discutidos por Sampaio
(2011) para a área sob impacto da Avenida Norte-sul, podem ser generalizados para outros casos,
como da área da Cidade Nova. Embora estas áreas tenham sido reconhecidas como patrimônio
cultural no final da década de 1980 e início de 1990, atualmente a maioria dos sobrados antigos
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encontra-se em péssimo estado de conservação e abriga atividades impróprias, particularmente
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estacionamento e armazenamento.
década de 1970, com campos que tratam da cidade e da sociedade, além da Arquitetura e Urba-
nismo: Economia, Direito, Sociologia, Antropologia, História, Meio Ambiente. Choay (2001) dis-
cute a ampliação do objeto patrimonial num panorama internacional, tecendo críticas ao excesso
de patrimonialização, fenômeno ainda distante no caso brasileiro, onde as políticas de preserva-
ção não conseguem abarcar o universo de bens a proteger.
Tendo sido capital por dois séculos, o centro histórico do Rio de janeiro guarda marcos
construídos, referenciais não só da história local, mas da cidade e da Nação. O reconhecimento
de alguns desses marcos como patrimônio cultural ocorreu em diferentes momentos, de acordo
com noção de patrimônio então prevalente. Neste sentido, revisitar a história conceitual da pro-
teção ao patrimônio nesta cidade, corresponde por rebatimento, a história em nível Nacional.
Resumidamente, pode-se dizer que o patrimônio foi primeiramente valorizado por seus
aspectos artísticos e históricos, como Monumento Nacional, assumindo posteriormente a no-
ção mais abrangente de patrimônio cultural, que contempla bens arquitetônicos e sítios dotados
de significação cultural. Embora a proteção ao patrimônio estivesse regulada em nível Nacional,
desde 1937, somente em 1965 houve os primeiros tombamentos no nível local, então Estado da
Guanabara, passando a ser praticada como política urbana na década de 80, com a instituição do
órgão de tutela municipal e a legislação competente. A partir de então, além das áreas de preser-
vação, houve uma série de tombamentos em nível municipal e estadual, de acordo com critérios
menos elitistas, preconizados a partir da Carta de Veneza (1964).
Apesar da gênese da noção de patrimônio urbano já ter emergido na década de 1930 na Itá-
lia, com os estudos de Giovannoni19, a noção brasileira de patrimônio era então referenciada em
valores nacionais, prevalecendo a herança colonial representada pela arquitetura monumental, es-
pecialmente edifícios religiosos de estilo colonial barroco, além da arquitetura neoclássica. A noção
de Patrimônio então vigente era aquela preconizada pelo CIAM na Carta de Atenas (1933): o tecido
urbano denso e insalubre deveria ser erradicado e somente os monumentos excepcionais poderiam
permanecer como testemunhos do passado, desde que não fossem obstáculos para o progresso.
Como paradoxo, no caso brasileiro, a arquitetura moderna também se enquadraria no valor
156 excepcional previsto na norma federal de 1937 que rege o Patrimônio Histórico e Artístico Nacio-
nal20. Isso se explica no fato da proteção do patrimônio cultural brasileiro ter sido, desde o seu
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início em meados da década de 1930, formulada e administrada pelos expoentes do Modernismo.
A partir da década de 1970 emerge internacionalmente uma visão crítica ao desenvolvi-
mentismo e ao negativo impacto das demandas contemporâneas sobre o meio ambiente e áreas
históricas. Essa temática foi incorporada nas Cartas Patrimoniais, sobretudo na Recomendação
de Nairobi (UNESCO, 1976), relativa à proteção dos conjuntos históricos tradicionais e ao seu
papel na vida contemporânea21. A integração com o planejamento urbano é defendida na Decla-
ração de Amsterdam (1975), através do conceito de Conservação Integrada.
No Brasil, e particularmente no Rio de Janeiro, somente no final da década de 70 foi deli-
neada uma política de preservação de áreas históricas com o projeto Corredor Cultural, já incor-
porando a mudança de paradigma de patrimônio cultural. Só então grande parte dos conjuntos
urbanos da área central do Rio de Janeiro construídos entre o final do século XIX e início do XX,
filiados ao estilo eclético, teve seu valor patrimonial reconhecido. Sendo a valorização do patri-
mônio operada primeiramente através de uma visão do urbanista Modernista, a arquitetura ec-
lética, aí incluída a arquitetura industrial, era desvalorizada como linguagem arquitetônica pelos
arquitetos modernistas e tampouco era considerado de interesse para o Patrimônio Nacional,
exceto nos casos de valor histórico.
A ênfase na revalorização do passado e na patrimonialização dos sítios históricos nasce a
partir da década de 80, quando emerge um culto à memória, com o consumo de formas culturais
históricas, fenômeno que pode ser inscrito no paradigma do Pós-modernismo (HARVEY, 1992; JEU-
DY, 2005). Na década de 1990, seguindo o modelo da Globalização, o enfoque cultural incorpora
a revitalização urbana, orientada pela lógica da dinamização econômica, valorização imobiliária e
controle social, que transforma a cidade histórica em cidade-atração, conforme observa Sant’anna
(2004). Nesses moldes, houve diversas experiências de intervenções e salvaguarda em áreas de in-
teresse histórico/ cultural tanto no Brasil22, como no cenário internacional. Esse tipo de intervenção
vem priorizando a visibilidade das centralidades, como acontece também no Rio de Janeiro.
Recentemente os critérios de preservação urbana vêm sendo questionados, tanto pela óti-
ca neoliberal desregulacionista, como pela ótica preservacionista. O embate do desenvolvimento
versus preservação acirra-se, particularmente, nas áreas valorizadas pelo mercado imobiliário,
como tem ocorrido recentemente na área central por conta do projeto Porto Maravilha. 157
Embora não haja consenso entre o discurso e a prática dos diferentes agentes, atualmen-
VAZIOS URBANOS E PATRIMÔNIO INDUSTRIAL
te se defende uma visão de potencial de intervenção sobre o patrimônio, que aponta para uma
noção mais dinâmica, transpondo a ideia da preservação para a da conservação daquelas carac-
terísticas ”que apresentem uma significação cultural”. Desta forma, trabalha-se tanto com a pre-
servação – a restrição das alterações – como com a ideia de conservação, quando se refere à
inevitabilidade da mudança e à sua gestão (CASTRIOTA, 2009).
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pode ser observados na atenção especial ao tema em inventários (INEPAC) e tombamentos que,
no entanto, só evitam as demolições e descaracterizações, mas não asseguram o bom estado de
conservação. Um passo importante na formalização dessa memória foi tomado na regulamen-
tação da extinção da Rede Ferroviária Federal, através da Lei 11.483/ 2007, delegando ao IPHAN
a tutela, o inventário e a preservação dos bens relacionados ao Transporte Ferroviário da extinta
RRFSA. Ao menos se terá o conhecimento sistematizado desses bens, para que se possa buscar
recursos para a sua preservação.
Grande parte do patrimônio industrial carioca constitui o patrimônio ambiental urbano da
Região Portuária, que foi objeto do projeto de conservação urbana conhecido como SAGAS25,
que contou com participação popular, e resultou na criação de uma Área de Preservação Am-
biental – APA – em 1987, que regulamenta a preservação do casario mais antigo e alguns arma-
zéns. Exemplares de arquitetura industrial notáveis como o Moinho Fluminense e o Antigo Tra-
piche Modesto Leal foram tombados individualmente em nível municipal em 1986. No entanto,
os armazéns portuários só vieram a ser protegidos no ano 2000, quando parte do conjunto foi
tombado pelo Decreto Municipal nº 19.002 de 05/10/00. Esse tombamento não protegeu todo
o conjunto que seria objeto de área de preservação, e que se encontra atualmente vulnerável
às pressões de renovação do Porto Maravilha. Inclui-se nesse caso o antigo armazém da CIBRA-
ZEM, anteriormente um frigorífico, que foi objeto de projeto de intervenção para a instalação do
AquaRio, ainda de destino incerto, mas cuja proposta resultaria em grande descaracterização da
tipologia do armazém, com prejuízos para o conjunto urbano.
O tardio reconhecimento do patrimônio industrial e sua incipiente proteção acarretaram
a perda de muitos exemplares significativos, enquanto outros foram mutilados e parcialmente
preservados. Entre os lamentáveis exemplos, merece destaque a demolição do antigo Mercado
Municipal, na década de 1960, para a passagem do viaduto da perimetral. Da imponente arquite-
tura de ferro de influência Art-Nouveau, restou somente um torreão, onde funciona o Restauran-
te Albamar, tombado em nível estadual em 1983.
Cabe mencionar ainda o caso da Garage Pagani – galpão projetado por Antonio Virzi na Ci-
dade Nova, em 1921, tombado em nível estadual e municipal. Resta somente a fachada e ínfima
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parte da estrutura do telhado desse que é um dos poucos exemplares remanescentes dos proje-
VAZIOS URBANOS E PATRIMÔNIO INDUSTRIAL
tados pelo arquiteto italiano, que contava com a parceria do artífice Pagani, autor das magníficas
serralherias peculiares às suas obras, o que pode explicar a singularidade dos ornatos encontra-
dos na fachada da Garage. A dupla proteção não assegurou a conservação dessa singular edifica-
ção, em meio a conjuntura urbana de decadência física da Cidade Nova, dadas as incertezas de
arrasamentos propostos em vários projetos urbanos, conforme mencionado anteriormente.
Experiências de recuperação e reconversão do patrimônio industrial em novos usos tem sido
cada vez mais frequentes no Brasil e no exterior, chamando atenção para o seu potencial na reabi-
litação de vazios urbanos, com a implantação de novos equipamentos urbanos. Nos anos 80 sur-
gem as primeiras reconversões de edifícios industriais para novos usos, entre as quais se destacam
o Museu D’Orsay, em Paris e a reconversão do antigo mercado de Convent Garden, em Londres.
No Brasil, destaca-se o projeto pioneiro de Lina Bo Bardi para a reconversão da antiga fábrica de
tambores dos Irmãos Mauser em SESC Pompéia, em São Paulo. Na mesma época Vittorio Gregotti
propunha a paradigmática reconversão da extensa área da fábrica da Pirelli em La Bicocca, Milão.
Projetos contemporâneos cada vez mais espetaculares, pautados no contraste do antigo
com o novo, convertem antigas e ociosas edificações em equipamentos culturais, trazendo à
tona o debate em torno da cidade-atração a partir de equipamentos culturais. Podem ser cita-
dos os projetos da Tate Modern em Londres (antiga Bankside Power Station, do escritório suíço
“Herzog & deMeuron”, vencedor do concurso internacional realizado em 1995); para o antigo
Matadouro Legazpi de Madrid (projeto dos arquitetos Artur Franco e Fabrice Van Tesslaar, 2009);
para a reconversão de antiga fábrica em extensão do MACRO – Museu de Arte Contemporânea
da Cidade de Roma (projeto de Odile Decq e Benoit Cornette, 2001-2011).
Na área central do Rio despontam alguns projetos de recuperação de patrimônio industrial
com a recuperação de antigos galpões e reconversão em equipamentos culturais, entre os quais
se destacam o pioneiro projeto do Galpão da Cidadania, no Armazém das Docas de D. Pedro e os
recentes projetos da “Fábrica de espetáculos” do Teatro Municipal no galpão tombado Armazéns
Paranapanema26, e de recuperação dos Galpões da Gamboa, ainda sem programa definido, ambos
no contexto do Projeto Porto Maravilha. Merece destaque a instalação de artistas na antiga Fábrica
de chocolates Bhering, em Santo Cristo, que exerceu pressão para a sua preservação, em 2012.
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E afinal, quais as perspectivas?
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Apesar das iniciativas de preservação emergentes, as dificuldades e entraves ainda tornam um
desafio a compatibilização da demanda de modernização da área central com a conservação de
seu patrimônio ambiental urbano, sem o comprometimento de sua identidade – sua paisagem
e seus habitantes. No caso da Área Portuária e do bairro de São Cristovão, entende-se que suas
identidades sejam constituídas pela ambiência de espaço da industrialização, com galpões e re-
sidências proletárias, muitos dos quais ameaçados pelos parâmetros urbanísticos propostos pelo
Projeto Porto Maravilha.
Em panorama sobre a atuação do Programa Monumenta em nível nacional, Bonduki (2010)
traça uma análise que pode ser transposta à conjuntura atual dos sítios históricos brasileiros, se-
gundo a qual os núcleos históricos “...não são ruínas arqueológicas, mas lugares vivos, onde habita
uma população com necessidades contemporâneas, que podem e devem ser atendidas no território
urbano como um todo, inclusive nas áreas protegidas”.
Encontra-se ressonância das preocupações com o futuro do patrimônio urbano da área
central, em particular de seu significativo patrimônio industrial, no argumento de Choay (2011),
que enfatiza, em tom de manifesto, a necessidade de uma tomada de consciência das ameaças
que pesam sobre a identidade humana. A autora convida seus leitores a travar um combate em
prol do patrimônio, a partir de três frentes de luta: a) educação e formação; b) utilização ética de
nossas heranças edificadas; c) participação coletiva na produção de um patrimônio vivo.
Através da discussão aqui levantada, e sobretudo pelos paradoxos vivenciados pelo
patrimônio urbano da área central, percebe-se que há um longo caminho a ser trilhado, e
que as frentes apontadas por Choay (2011) podem ser norteadoras no sentido de reforçar o
papel ancorador do patrimônio nas dimensões sociais e morfológicas do espaço urbano. No
entanto, voltando ao argumento de Meneses (2006), a conservação urabana não se limita às
dimensões de artefato e simbólicas, mas são definidas, sobretudo, no campo de forças, pela
gestão urbana.
Nesse sentido, a reflexão sobre a complexa dinâmica da área urbana central da cidade aqui
desenvolvida, a partir da síntese de seu processo urbano, tendo como fio condutor marcos nor- 161
mativos e transformações espaciais, bem como as mudanças de paradigmas da preservação do
VAZIOS URBANOS E PATRIMÔNIO INDUSTRIAL
patrimônio, pode ser esclarecedora a respeito das conjunturas políticas e sociais engendradas no
ordenamento urbanístico e nos projetos urbanos passados. Não adianta a preservação por legis-
lação específica – só no papel, são necessárias ações de reabilitação urbana no sentido abrangen-
te e não somente de valorização imobiliária. Acredita-se no potencial de resignificação urbana do
patrimônio industrial como força indutora para alcançar a conservação integrada. Para tanto, é
necessário sistematizar o reconhecimento dos bens a partir de inventários e incluir o patrimônio
industrial nas políticas de proteção, evitando que seja apagada da memória urbana essa impor-
tante etapa da história das cidades.
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Notas de fim
1
Pesquisas “Normas Urbanísticas e Patrimônio Cultural: Cartografias da Área Urbana Central do Rio de Janeiro”, com apoio da FA-
PERJ e PIBIC/CNPq UFF, coordenada pela autora, e Pesquisa “Vazios Urbanos da Área Urbana Central do Rio De Janeiro: Alteridades,
Permanências e Descontinuidades” com apoio da FAPERJ, coordenada pela Profa. Dra. Andréa L. P. Borde (PROURB/ FAU/ UFRJ).
2
Kuhl (2008 e 2010) cita os casos da demolição da Coal Exchange e da Estação Euston em Londres, em 1962, e do Mercado Central
de Paris – Les Halles, no início da década de 1970.
163
3
A tradução para o português está disponível no site do Comitê Brasileiro pela Preservação do Patrimônio Industrial – <http://
VAZIOS URBANOS E PATRIMÔNIO INDUSTRIAL
www.patrimonioindustrial.org.br/>.
4
Exposto por autores como Rufinoni (2009), Kuhl (2010), entre outros.
5
O Programa Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais objetiva promover a reabilitação urbana e o adensamento de áreas centrais
desocupadas, de forma a otimizar a infraestrutura instalada, recuperar o estoque habitacional e a dinâmica econômica, conser-
vando o patrimônio cultural e imobiliário. Define área urbana central como “um bairro ou um conjunto de bairros consolidados,
articulados ou não em torno do núcleo original da cidade, com forte poder de concentração de atividades e pessoas dotadas de infra-
estrutura urbana, acervo edificado, serviços e equipamentos públicos, serviços de vizinhança e oportunidades de trabalho. Essas áreas
apresentam, porém, processos de evasão de população e de atividades e/ou degradação física relativa à infraestrutura e ao ambiente
construído” (Brasil, 2005).Vide <www.cidades.gov.br>.
6
Ver Diagnóstico para a VII R.A São Cristovão no Estudo do PEU (1999) que foi aprovado pela Lei C 73 de 19/07/2004. Os diagnósti-
cos do projeto Porto Maravilha também apontam a degradação da área..
7
Soares cita Tricar que conceitua como a inclusão na “franja pioneira do núcleo comercial das grandes cidades, onde a especulação
mantém os velhos prédios degradados, que por sua vez são utilizados para fins muito próximos a esse centro comercial (artesanato,
oficinas, depósitos e escritórios”. Tricart, Jean. “L’Habitat Urbain”. Cours de Geographie Humaine, fascicule II, 1958. p. 154.
8
O impacto dos projetos de renovação sobre as áreas centrais mereceu estudos antológicos como o Jacobs (2000) para Nova
Iorque e o de Carlos Nelson Ferreira dos Santos, para o bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro em Quando a rua vira casa (São Paulo:
Projeto, 1985).
9
Conforme termo cunhado por RABHA, Nina M. C. E. Cristalização e Resistência no Centro do Rio de Janeiro. In: Revista Rio
de Janeiro. 1(1), 1985, p.35-44. O matadouro é um caso exemplar de deslocamento para fora da cidade: inicialmente situado
na Santa Luzia (1774) – área urbana, hoje centro – depois transferido para São Cristovão (1853) e finalmente, para Santa Cruz
(1881), à medida que a cidade foi expandindo-se (Sampaio, 2006).
10
Para informações sobre as transformações na área portuária, vide Lamarão, Sergio T. N. Dos Trapiches ao Porto. Rio de janeiro:
SMC/ DGPC, 2006.
11
Um dos exemplos desse caso é o Armazém das Docas de Dom Pedro I, atualmente ocupado como Galpão da Cidadania.
12
A Lei Complementar no. 101/2009 determina que no mínimo 3% dos recursos arrecadados com os CEPACs tenha essa finalidade.
13
A dupla de decretos nos 5595 de 1935 e 6000 de 1937 estabelece o primeiro zoneamento funcional da cidade. Embora frequen-
temente seja atribuído ao de 1937 o papel fundador, este aperfeiçoa os instrumentos do decreto anterior e revê minimamente a
delimitação das zonas.
14
Vigoram na área urbana central as seguintes legislações de preservação: decreto no. 4141/1983 Corredor Cultural; Lei no
1139/1987 Corredor Cultural; Lei no 506/1984 Corredor Cultural; Lei no 971/1987 SAGAS; decreto no 7351/1988 SAGAS; decreto no.
10040/1991 Cidade Nova – Catumbi; decreto no 11883/1992 Cruz Vermelha; decreto no 16419/1997 Teófilo Otoni; dec. 19000/2000
Estácio; APAC de São Cristovão.
15
Vide Pinheiro (2002).
16
Sobre projetos de renovação urbana nos EUA e Europa, ver Kostof (1992).
17
Projeto de autoria de Affonso Eduardo Reidy e Hermínio de Andrade e Silva (1949).
Conforme argumento desenvolvido por Gonçalves (1996) sobre o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. GONÇALVES, José
18
andréa SAMPAIO
Vários autores discutem essa questão, que se explica pelo fato dos agentes do patrimônio serem os expoentes da Arquitetura
20
Fábrica de Gás (1990); Estação Ferroviária Leopoldina (1991). Cabe destacar que até a fusão, em 1974, a instância apesar de esta-
dual, correspondia a cidade, então Estado da Guanabara.
24
Dos tombamentos municipais, destaca-se a Perfumaria Kanitz no bairro da Cruz Vermelha, (1987).
O Projeto SAGAS abrange os bairros portuários da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Lei no 971/1987 SAGAS, regulamentada pelo
25
decreto no 7351/1988.
26
Vide <http://www.theatromunicipal.rj.gov.br/releasesfabrica.html>.