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Rio de Janeiro
2006
PROCEDIMENTO PARA DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE MÁXIMA
AUTORIZADA
Rio de Janeiro
2006
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Instituto Militar de Engenharia e à M.R.S. Logística S.A. pelos meios e que
possibilitaram a realização deste trabalho.
Aos mestres pela disposição em doar algo tão fundamental como o conhecimento.
Aos funcionários que contribuíram com paciência para os dados recolhidos durante a
pesquisa através de diversas indagações.
3
RESUMO
4
SUMÁRIO
5
3.2.1 DIVERSIDADE DE VEÍCULOS .................................................................... 114
3.2.2 TIPO DE CARGA – CARGAS PERIGOSAS ................................................ 118
3.2.3 TIPO DE TRAÇÃO ....................................................................................... 119
3.2.4 COMPRIMENTO DE TRENS – TIPO DE FORMAÇÃO DA COMPOSIÇÃO 120
4. DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS EXTERNAS .............................................................. 121
4.1 OBRAS AO LONGO DA VIA .............................................................................. 121
4.2 ACIDENTES FERROVIÁRIOS E ACIDENTES DA NATUREZA ........................ 121
4.3 PROXIMIDADE DE LOCAIS DE AFLUÊNCIA DE PESSOAS E AUTOMÓVEIS 122
4.3.1 PASSAGENS EM NÍVEL.............................................................................. 122
4.3.2 PROXIMIDADE DE EDIFICAÇÕES ............................................................. 124
4.4 SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO......................................................................... 125
4.5 VISIBILIDADE DE SINAIS.................................................................................. 127
5. MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DA V.M.A. DO TRECHO FERROVIÁRIO POR
MEIO DO RELACIONAMENTO ENTRE AS VARIÁVEIS DO MATERIAL RODANTE E
DA VIA PERMANENTE .............................................................................................. 130
6. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 164
7. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 179
8. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................... 180
6
LISTA DE TABELAS
7
Tabela 29 B – Planilha de cálculo utilizada atualmente ...............................................131
Tabela 30 – Planilha de cálculo com parâmetro de superelevação..............................132
Tabela 31 – Planilha de cálculo com parâmetro de bitola ............................................133
Tabela 32 – Planilha de cálculo com parâmetro de estado de manutenção ................135
Tabela 33 – Limites máximos para desvios no alinhamento (FRA) .............................136
Tabela 34 – Limites máximos para desvios no nivelamento (FRA) .............................137
Tabela 35 – Limites máximos para classificação de defeito de via permanente .........138
Tabela 36 – Planilha com parâmetros de nivelamento, alinhamento e torção ............139
Tabela 37 – Características da AMV ............................................................................140
Tabela 38 – Características de AMV ............................................................................140
Tabela 39 – Entrada de dados de AMV .......................................................................141
Tabela 40 – Espaçamento de dormentes recomendado..............................................141
Tabela 41 – Planilha de cálculo com parâmetro de bitola carregada ..........................142
Tabela 42 – Tabela de condições de juntas e velocidade ...........................................143
Tabela 43 – Tabela de condições de juntas e velocidade ...........................................144
Tabela 44 – Tabela de desvios máximos dos planos de rolamento nas juntas ...........145
Tabela 45 – Planilha de cálculo contemplando a situação das talas de juntas ...........145
Tabela 46 – Tabelas de defeitos de trilhos e limitações de velocidade .......................146
Tabela 47 – Planilha de cálculo contemplando defeitos nos trilhos .............................147
Tabela 48 – Tabela de correlação: altura de lastro x velocidade de circulação ...........148
Tabela 49 – Tabela de correlação: altura de lastro x velocidade de circulação ...........148
Tabela 50 – Planilha de cálculo contemplando condições de lastro e dormentes .......149
Tabela 51 – Planilha de cálculo contemplando condições da plataforma ....................150
Tabela 52 – Planilha de cálculo contemplando condições das tensões nos trilhos .....152
Tabela 53 – Planilha de cálculo contemplando condições das fixações ......................153
Tabela 54 – Planilha contemplando ocorrências de serviços de manutenção ............156
Tabela 55 – Planilha de cálculo contemplando ocorrência de acidentes da natureza..157
Tabela 56 – Tabela de distância de frenagem por tipo de composição/aplicação........158
Tabela 57 – Planilha de cálculo considerando sinais ao longo do trecho ....................160
Tabela 58 – Tabela de distância de frenagem para cruzamentos ...............................161
Tabela 59 – Planilha de cálculo considerando existência de passagens em nível.......162
8
Tabela 60 – Planilha de cálculo considerando a aprovação do resultado ...................163
Tabela 61 – Planilha de cálculo simulando superelevação e bitola .............................167
Tabela 62 – Planilha de cálculo simulando superelevação e bitola .............................168
Tabela 63 – Planilha de cálculo simulando condições do veículo ...............................170
Tabela 64 – Planilha de cálculo simulando o estado de manutenção .........................170
Tabela 65 – Planilha de cálculo simulando o estado de manutenção .........................171
Tabela 66 – Planilha de cálculo simulando os defeitos de via medidos ......................172
Tabela 67 – Planilha de cálculo simulando o estado das fixações e dormentes .........173
Tabela 68 – Planilha de cálculo simulando o estado das talas de junção ...................173
Tabela 69 – Planilha de cálculo simulando o estado das talas de junção ...................174
Tabela 70 – Planilha de cálculo simulando o estado do lastro e tx. de dormentação...175
Tabela 71 – Planilha de cálculo simulando as condições da plataforma .....................175
Tabela 72 – Planilha de cálculo simulando as ocorrências de flambagem ..................176
Tabela 73 – Planilha de cálculo simulando ocorrências de serviços e/ou natureza.....176
Tabela 74 – Planilha de cálculo considerando fatores externos...................................177
Tabela 75 – Resultado final...........................................................................................177
9
LISTA DE FIGURAS
10
Figura 30 – Gráfico de primeira análise dos resultados ...............................................168
Figura 31 – Gráfico de resultado de inspeção em trecho ............................................169
Figura 32 – Gráfico de resultado de inspeção em trecho ............................................171
Figura 33 - Gráfico de resultado de inspeção em trecho .............................................172
Figura 34 – Gráfico dos resultados finais .....................................................................178
11
SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES
12
1. INTRODUÇÃO
13
aspectos de uma forma simplificada, parece não haver grande importância, porém,
quando se analisa o desgaste de materiais e a velocidade, as diferenças tomam
patamares muito mais significativos.
Atualmente são criadas locomotivas cada vez mais potentes, vagões mais
leves e materiais mais confiáveis para aplicação na via permanente. Todas estas
inovações convergem para um ponto em comum, o ganho de produtividade. Este ganho
pode distribuir-se de diversas formas como: aumento da capacidade transportada por
eixo, aumento no tamanho dos trens, aumento da velocidade de circulação, etc. Ou
seja, a forma de distribuição das novas tecnologias demonstrará em que ponto a
produtividade da ferrovia poderá avançar.
14
V = v0 + a.t (II)
F = (m.v²)/R (III)
15
Figura 1 – Raios de curvatura de um veículo rodoviário.
Fonte: Leonardo Souza Soares
Quando se trabalha com uma locomotiva, o controle fica restrito a apenas uma
variável, a velocidade. O maquinista não possui artifícios para alterar o raio de curvatura
de uma locomotiva quando a mesma começa a desenvolvê-la. Os responsáveis para
este trabalho são os trilhos.
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Então como o raio de curvatura influencia na velocidade de circulação dos trens? E
quanto aos outros “obstáculos” existentes na ferrovia como túneis, pontes, passagens
de nível, máquinas de chave, mudanças no tempo? Também devem ser considerados
como limitadores de velocidade? Se os raios de curva forem favoráveis, por que não
aumentamos a velocidade de circulação dos trens para níveis ainda mais elevados?
Existem outros critérios de segurança a serem respeitados? Estas são algumas
questões que circulam no meio ferroviário, uma vez que a legislação brasileira não é
clara quando se trata de limites de velocidade em ferrovias.
Estabilidade da plataforma
• Condições de drenagem;
• Estabilidade de cortes / aterros;
Estabilidade da via:
• Estado de tensão dos trilhos (flambagem);
• Condições do lastro (limpeza, altura);
• Condições dos trilhos (defeitos nos trilhos, via com trilhos longos soldados ou
trilhos curtos);
• Dormentes (espaçamento que influencia diretamente na t/eixo; condições
físicas);
• Fixações (estado de conservação e manutenção);
• AMV (para a linha desviada a velocidade na região do AMV está vinculada ao
raio da curva de ligação e o raio equivalente na agulha; condição de
conservação dos componentes como trilhos, dormentes, acessórios e peças
metálicas como: agulhas, jacaré, contratrilho etc.);
17
Obras ao longo da via:
• A existência de obra impõe restrição de velocidade no local;
Geometria da via:
• Em traçado: raio de curva, diretriz de traçado (sucessão de curvas, tangentes,
curvas reversas,etc.);
• Em nível: rampas (ascendentes, descendentes, compensadas, raio modal,
etc.);
Tipo de carga:
18
• Cargas perigosas;
Tipo de tração.
Serviços de manutenção:
• Poderá haver restrição à VMA dependendo da natureza do serviço.
19
A determinação desta velocidade “ideal” depende de diversos fatores como aqueles
citados anteriormente, além das possíveis correlações entre eles. Sendo assim,
deveríamos tentar diminuir as dúvidas com experiências de campo fundamentadas em
teorias, conhecimentos prévios e hipóteses, com o objetivo de maximizar a velocidade
em determinados trechos.
20
2.1. ÁREA DE ABRANGÊNCIA DOS ESTUDOS
21
Esse trecho pertencente à M.R.S. Logística S.A. compreende praticamente todo
sudeste brasileiro. Um aspecto interessante é que esta ferrovia possui idades e
características diferentes conforme as localidades.
22
Apesar das diferenças nos trechos da malha da M.R.S. Logística S.A., ainda assim,
é possível identificar todos os parâmetros de via permanente que influenciam na
velocidade máxima autorizada ou VMA.
“A superestrutura das estradas de ferro é constituída pela via permanente, que está
sujeita à ação de desgaste das rodas dos veículos e do meio (intempéries) e é
construída de modo a ser renovada, quando o seu desgaste atingir o limite de
tolerância exigido pela segurança ou comodidade da circulação e a ser mesmo
substituída em seus principais constituintes, quando assim o exigir a intensidade do
tráfego ou o aumento de peso do material rodante”.
“Os três elementos principais da via permanente são o lastro, os dormentes e os
trilhos, estes últimos constituindo o apoio e ao mesmo tempo a superfície de rolamento
para os veículos ferroviários”.
“Devemos incluir também, como elemento da superestrutura das estradas de ferro,
o sublastro que, embora ligado intimamente às camadas finais da infra-estrutura, tem
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características especiais, que justificam a sua inclusão como parte da superestrutura
ferroviária”.
Estabilidade da plataforma
• Condições de drenagem;
• Estabilidade de cortes / aterros;
Estabilidade da via:
• Estado de tensão dos trilhos (flambagem);
• Condições do lastro (limpeza, altura);
• Condições dos trilhos (defeitos nos trilhos, via com trilhos longos soldados ou
trilhos curtos);
• Dormentes (espaçamento que influencia diretamente na t/eixo; condições
físicas);
• Fixações (estado de conservação e manutenção);
• AMV (para a linha desviada a velocidade na região do AMV está vinculada ao
raio da curva de ligação e o raio equivalente na agulha; condição de
conservação dos componentes como trilhos, dormentes, acessórios e peças
metálicas como: agulhas, jacaré, contratrilho, etc.);
Geometria da via:
• Em traçado: raio de curva, diretriz de traçado (sucessão de curvas, tangentes,
curvas reversas,etc.);
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• Em nível: rampas (ascendentes, descendentes, compensadas, raio modal,
etc.);
Dessa forma, poderemos analisar detalhadamente cada item que compõe a via
permanente e sua influência da determinação da V.M.A. em um trecho específico.
“Visa a manter o lastro seco. Quando este começa a dar sinais de lama está
evidenciada a falta de drenagem. É o fenômeno mais comum em todas as nossas
linhas. Mesmo quando se faz uma renovação observa-se, pouco tempo depois, que as
chamadas bolsas de lama começam a agir sujando o lastro e desnivelando a linha”.
“Esta situação calamitosa se deve ao fato de nossas ferrovias terem sido
construídas sem qualquer preocupação com a drenagem da plataforma”.
“Para se manter uma plataforma drenada são necessários vários tipos de obras,
tais como: pontes, pontilhões, bueiros, valões e valetas, drenos e obras diversas de
contenção e consolidação”.
25
Stopatto, S. (1987) apresenta um problema muito comum nas ferrovias: devido à
má condição de drenagem da plataforma, o aparecimento de bolsões de lama. O
aparecimento de um bolsão de lama compromete o nivelamento da via e
consequentemente afetará a velocidade de circulação do trecho.
“Aterros formados com materiais adequados e compactados, sobre uma base sólida
e consistente, ficam naturalmente consolidados com a passagem das máquinas de
terraplenagem. Quando isso não ocorre eles apresentarão, certamente, algum
recalque”.
“Os problemas mais complicados ocorrem com os aterros de meia encosta, onde o
terreno natural tem forte inclinação. O cuidado de se fazerem degraus no terreno, com
colocação de drenos, nem sempre é obedecido e, assim, as conseqüências logo se
manifestam: desmoronamentos, deslocamentos no pé do aterro, alterações na
plataforma, etc. De acordo com os tipos de problemas, são indicadas várias soluções”.
“Em nossas ferrovias, os problemas mais complicados em aterros de meia encosta
referem-se à proteção da plataforma, que fica reduzida devido ao deslizamento
contínuo e lento da saia do aterro”. (...)
“O desequilíbrio do maciço nos cortes é bem maior e mais variável que nos aterros
e seus efeitos podem ser observados a qualquer tempo. As barreiras e os
deslocamentos de blocos são os efeitos mais conhecidos e danosos. É importante,
também, o carreamento de finos para o leito da linha”.
26
O mesmo autor menciona novamente problemas comuns das ferrovias brasileiras
no que diz respeito a estabilidade de cortes e aterros. Cortes e aterros mal estruturados
afetam diretamente a plataforma, ocasionando problemas de nivelamento e desta forma,
gerando defeitos na via e reduzindo a velocidade de circulação.
27
Figura 4 – Dormente danificado.
Fonte: Muniz (2001)
Com base nestas imagens fica nítida a necessidade da redução da velocidade das
composições ferroviárias quando as mesmas trafegam em trechos que possuem
dormentes que sofrem diretamente a ação do bombeamento provocada pela
contaminação de finos oriundos de cortes e aterros instáveis.
28
“7.1.2 Esforços Longitudinais”
Dentre os esforços citados por Brina, H. L. (1979) o mais comum em nosso trecho
de estudo é a dilatação dos trilhos. Em nosso país, a variação de temperatura é algo
bem intenso, fazendo com que os trilhos sofram o fenômeno da dilatação.
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Figura 5 – Torceu de trilho por temperatura.
Fonte: Supervisão de Via Permanente de Belo Vale, Minas Gerais.
A referida torção do trilho significa que o mesmo, em virtude da dilatação não ocupa
sua posição original, formando uma curvatura devido ao aumento do seu tamanho e a
incapacidade do trilho dilatar nas pontas.
30
2.3.4. ESTABILIDADE DA VIA – CONDIÇÕES DE LASTRO
“213.103 Lastro”
“A menos que exista um outro tipo de suporte, a via deverá estar assente em
material que”:
(a) “Transmita e distribua o peso da via e as cargas oriundas do
material rodante ao subleito”;
(b) “Suporte a via lateralmente, longitudinalmente e verticalmente sob
carga dinâmica do tráfego ferroviário, e também absorva as
tensões de origem térmica exercidas pelos trilhos”.
(c) “Drene adequadamente a via; e”
(d) “Mantenha valores adequados de nivelamento transversal,
longitudinal e alinhamento.”
31
“5. ALTURAS DE LASTRO (RFFSA, 79)”
“As alturas limites de lastro para dormentes de madeira serão: valor mínimo 15 cm
e valor máximo 40 cm; para dormentes de concreto esses valores são de 20 cm e 40
cm, respectivamente.”
“Os valores recomendados de altura de lastro para dormentes de madeira e
concreto, em função das cargas por eixo de 30tf na bitola larga e de 20tf na bitola
métrica, de sorte a que a pressão no lastro não ultrapasse o valor de 1,4tf/m², deverão
ser os mostrados nas tabelas respectivamente”.
Taxa de
Espaçamento Altura
Massa do dormentação Velocidade
Bitola (m) de dormentes mínima de
trilho (kg/m) por (km/h)
(cm) lastro (cm)
quilômetro
80 32
37 57 1750 55 26
40 23
80 25
45 57 1750 55 21
40 17
1,00
80 33
37 60 1666 55 28
40 24
80 26
45 60 1666 55 23
40 19
80 28
57 54 1850 55 24
40 22
1,60
80 24
68 54 1850 55 20
40 17
Tabela 1 - Alturas de lastro sob dormentes de madeira
Fonte: R.F.F.S.A.
32
Taxa de
Espaçamento Altura
Massa do dormentação Velocidade
Bitola (m) de dormentes mínima de
trilho (kg/m) por (km/h)
(cm) lastro (cm)
quilômetro
80 25
45 57 1750 55 21
40 17
1,00
80 26
45 60 1666 55 23
40 19
80 37
57 54 1666 55 35
40 32
1,60
80 35
68 54 1666 55 30
40 27
Tabela 2 - Alturas de lastro sob dormentes de concreto
Fonte: R.F.F.S.A.
33
Gráfico Comparativo - Altura de lastro x Velocidade autorizada - Segundo norma da RFFSA
40
Bitola: 1,60 - TR 57 - CONCRETO
Bitola: 1,60 - TR 68 - CONCRETO
35
Bitola: 1,60 - TR 57 - MADEIRA
Bitola: 1,60 - TR 68 - MADEIRA
30
25
cm
20
15
10
0
80 55 40
Velocidade (km/h)
“6.2.1 – Admita a pedra britada ou cascalho como os materiais adotados para lastro,
a característica mais importante na sua definição é a abrasão, ou Los Angeles. É que o
34
lastro, quando sob carga, tem seus vários elementos sob constante atrito. O pó
resultante acaba por colmatar-se, prejudicando a drenagem e sujando o lastro.”
35
Figura 7 – “Bolsão de lama”.
Fonte: Leonardo Souza Soares.
• Perfil;
• Metalurgia;
• Desgaste;
• Defeitos internos;
• Lubrificação.
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Porém, na literatura disponível não é encontrada uma relação direta entre tais
condições e a velocidade de circulação nessas condições. As relações existentes,
traduzem limites de tolerância de desgastes em relação as toneladas úteis
transportadas, o que é fundamental quando é calculada a vida útil de um trilho em uma
determinada condição, bem como seu referido desgaste.
Neste caso, a fim de se adquirir uma relação entre tais condições do trilho e a
respectiva velocidade de circulação recorremos novamente ao autor Castello Branco, J.
E., onde é discutido o assunto: Projetos-tipo para o sistema roda-trilho em ferrovias
Heavy Haul (Ferrovias com alta carga por eixo).
“ As ferrovias que operam com altas densidades de tráfego e cargas por eixo,
denominadas heavy haul, apresentam uma série de problemas na área de manutenção,
específicos do rigor de suas condições operacionais, especialmente a rápida
degradação dos componentes do sistema roda-trilho. A importância desse assunto fez
com que ferrovias de cinco países, com esse perfil de transporte pesado, fundassem
em 1983 a International Heavy Haul Association – IHHA, com o objetivo de estudar e
disseminar o conhecimento e a tecnologia daquilo que poderia ser considerado o
estado-limite da exploração ferroviária. Em 1995, aderiram a essa entidade as ferrovias
brasileiras do sistema CVRD”. (...)
37
Elemento do sistema Tonelagem bruta anual transportada (milhões)
roda-trilho
> 50 30 a 49 20 a 29
Trilho premium; jacaré premium Trilho premium; jacaré premium Trilho premium; jacaré premium
AMV
tangencial de ponta com mola. de ponta fixa. de ponta fixa.
Altura de lastro de 30 cm; altura Altura de lastro de 30 cm; altura Altura de lastro de 25 cm; altura
Lastro de sublastro de 20 cm, ombro de de sublastro de 20 cm, ombro de de sublastro de 10 cm, ombro de
lastro de 30 cm. lastro de 30 cm. lastro de 30 cm.
Trilhos - inspeção de
defeitos internos com A cada 3 meses. A cada 4 meses. A cada 6 meses.
ultra-som
Canto da bitola: µ < 0,25 a 0,30; Canto da bitola: µ < 0,25 a 0,30; Canto da bitola: µ < 0,25 a 0,30;
Trilho - lubrificação em
topo do boleto: µ < 0,35 a 0,40 topo do boleto: µ < 0,35 a 0,40 topo do boleto: µ < 0,35 a 0,40
trecho de curva (coef.
(∆µ = 0,10 a 0,15 entre trilhos (∆µ = 0,10 a 0,15 entre trilhos (∆µ = 0,10 a 0,15 entre trilhos
de atrito µ)
externo e interno). externo e interno). externo e interno).
Trilho - lubrificação em
tangente (coef. de atrito Topo do boleto: µ > 0,35. Topo do boleto: µ > 0,35. Topo do boleto: µ > 0,35.
µ)
Via - inspeção da A cada 3 a 6 meses, com A cada 4 a 6 meses, com A cada 6 meses, com medição
Geometria medição do perfil do trilho. medição do perfil do trilho. do perfil do trilho.
38
Neste instante, devem-se concentrar todos os esforços apenas aos itens referentes
aos trilhos. Conforme a tabela anterior verifica-se que as características dos trilhos
sofrem pequenas alterações quando se varia a carga transportada por eixo. Caso
fossem apresentadas as outras tabelas constituintes da IHHA para ferrovias que
transportam a mesma quantidade de carga da Tabela 3, poderia ser verificado que
outro ponto de mudança das características de conservação dos trilhos é no que diz
respeito ao tipo de traçado (traçado com curvas predominantes de raio superior a
875m).
“Nas tabelas antes mostradas são feitas apenas recomendações genéricas acerca
do desgaste do boleto dos trilhos. Dessa forma julgou-se adequado complementá-las
com indicações mais precisas acerca de tão importante tema. Nesse sentido, a Tabela
4 apresenta uma relação dos limites de desgastes, para utilização de trilhos de
segunda-mão, elaborada pela AREMA e reproduzida por A&K (98). Em adição, nas
Figuras 8 e 9 seguintes mostra-se a política da Canadian Pacific Railroad – CPR para
gerenciamento dos desgastes nos trilhos nos perfis TR-57 e TR-68 (muito utilizados no
Brasil), conforme relato de Roney (2001).”
39
Máximo Máximo
Vias de Perfil de
desgaste desgaste Observações
utilização trilho
vertical (mm) horizontal (mm)
1. Vias TR-68 5,6 12,7 Admitidas mínimas queimas por
principais TR-57 3,2 7,9 patinação e corrugações
TR-45 3,2 3,2
2. Ramais TR-68 10,3 19,1 Admitidas pequenas queimas por
principais TR-57 7,9 19,1 patinação e corrugações
TR-45 6,4 4,8
3. Ramais TR-68 15,1 22,2 Admitidas queimas por patinação e
secundários TR-57 9,5 19,1 corrugações médias e oxidadas
TR-45 7,9 7,9
4. Pátios TR-68 16,7 25,4 Admitidas queimas por patinação e
TR-57 12,7 22,2 corrugações quaisquer, contanto que
TR-45 9,5 9,5 não tenham fraturado o trilho
40
Figura 9 – Perfil de desgaste de trilho 68.
Fonte: Castello Branco, J. E. (2002)..
41
Tabela de Ações Reparadoras
Área
Adotar as medidas
afetada
Comprimento do prescritas nas notas
Defeito pelo
defeito (cm) abaixo, caso o trilho
boleto
não seja substituído
(%)
Mancha oval 5 a 70 B
70 a 100 A2
100 A
Trinca composta 5 a 70 B
70 a 100 A2
100 A
Trinca de detalhe, Queima por 5 a 25 C
patinação e solda defeituosa 25 a 80 D
80 a 100 [A2] ou [E e H]
100 [A] ou [E e H]
Trinca horizontal do boleto, Trinca 2,5 a 5,0 HeF
vertical do boleto, Trinca da alma, 5,0 a 10,0 IeG
Trinca vertical da alma e Trinca > 10,0 B
horizontal na concordância alma-boleto
* * A
Trinca estelar na furação da alma 1,25 a 2,5 HeF
2,5 a 3,75 HeG
> 3,75 B
* * A
Ruptura do patim 2,5 a 15 D
> 15 [A] ou [E e I]
Ruptura sem causa aparente A ou E
Trilho danificado D
Trilho achatado Altura ≥ 1,0 H
Comprimento ≥
20,0
* Na hipótese do boleto ter sido atingido por trinca originada em outra parte do trilho.
Tabela 5 – Ações reparadoras
Fonte:Castello Branco, J. E. (2002)
42
- Artigo 213.7: trata da designação de pessoal qualificado para supervisionar certas
renovações e inspeções de via.
- Artigo 213.9: trata das classes de via e seus limites de velocidade conforme a
tabela abaixo:
43
Área
Comprimento do afetada Adotar as medidas prescritas nas notas abaixo, caso o trilho não seja
Defeito
defeito (cm) pelo boleto substituído
(%)
Mancha oval 5 a 70
48 km/h
70 a 100 36 km/h
Desde que autorizado por inspeção visual
100 0 km/h
Obrigatória inspeção visual
Trinca composta 5 a 70
48 km/h
70 a 100 36 km/h
Desde que autorizado por inspeção visual
100 0 km/h
Obrigatória inspeção visual
Trinca de detalhe, Queima por 5 a 25 48 km/h
patinação e solda defeituosa Para vias de classe 3 a 5
80 km/h
Para vias de classe 3 a 5 com utilização de talas no defeito
25 a 80 48 km/h
Para vias de classe 3 a 5 desde que autorizado por inspeção visual
80 km/h
Para vias de classe 3 a 5 com utilização de talas no defeito
80 a 100 [36 km/h
Desde que autorizado por inspeção visual] ou [sem limitação desde
que aplicando tala de junção e inspecionando o ponto do defeito
durante 90 dias]
100 [0 km/h
Obrigatória inspeção visual] ou [80 km/h desde que aplicando tala de
junção no defeito]
Trinca horizontal do boleto, Trinca 80 km/h e inspeção no ponto de defeito durante 90 dias após o
vertical do boleto, Trinca da alma, 2,5 a 5,0 ocorrido
Trinca vertical da alma e Trinca
horizontal na concordância alma- 5,0 a 10,0 48 km/h e inspeção no ponto de defeito 30 dias após o ocorrido
boleto > 10,0 48 km/h
* 0 km/h
* Obrigatória inspeção visual
Trinca estelar na furação da alma 80 km/h e inspeção no ponto de defeito durante 90 dias após o
1,25 a 2,5 ocorrido
48 km/h e inspeção no ponto de defeito durante 30 dias após o
2,5 a 3,75 ocorrido
> 3,75 48 km/h
* 0 km/h
* Obrigatória inspeção visual
Ruptura do patim 48 km/h
Para vias de classe 3 a 5 desde que autorizado por inspeção visual
80 km/h
2,5 a 15 Para vias de classe 3 a 5 com utilização de talas no defeito
[0 km/h
Obrigatória inspeção visual] ou [48 km/h desde que aplicando tala de
> 15 junção no ponto de defeito]
Ruptura sem causa aparente 0 km/h
Obrigatória inspeção visual ou aplicar tala de junção no ponto de
defeito
Trilho danificado 48 km/h
Para vias de classe 3 a 5 desde que autorizado por inspeção visual
80 km/h
Para vias de classe 3 a 5 com utilização de talas no defeito
Trilho achatado
Altura ≥ 1,0 80 km/h
Comprimento ≥
20,0
* Na hipótese do boleto ter sido atingido por trinca originada em outra parte do trilho.
44
Dando continuidade ao estudo da influência das condições dos trilhos na velocidade
máxima autorizada, utilizando como guia a Tabela 3 da IHHA citada na fase inicial de
toda discussão, pode-se verificar que não só o desgaste dos trilhos é um fator que
deverá ser considerado para análise de segurança e de velocidades. Outros itens
relacionados aos trilhos devem ser considerados, dentre eles: periodicidade de
esmerilhamento dos trilhos, periodicidade de inspeção com ultra-som e lubrificação dos
trilhos.
45
Algumas situações práticas demonstram que a utilização indevida deste recurso
ocasiona problemas na circulação, como por exemplo: trilhos muito lubrificados em
rampas provocam a patinação das rodas das locomotivas fazendo com que o trem
perca velocidade em virtude da perda de aderência. Desta forma, verifica-se que
excesso de lubrificação dos trilhos limita a velocidade, porém, esta limitação é
indesejada uma vez que foi proporcionada por uma aplicação excessiva de lubrificante.
Sendo assim, deve-se considerar que a lubrificação dos trilhos não é um fator limitante
de velocidade em condições normais de operação.
Ainda tratando das condições dos trilhos, pode-se expandir o raciocínio além dos
itens propostos da Tabela 3 da IHHA. Logicamente, nenhuma ferrovia é composta com
trilhos de comprimento igual ao tamanho de suas malhas ferroviárias, os trilhos são
devidamente soldados e/ou unidos através de juntas. Mesmo sendo algo relativamente
simples, estas juntas são fatores de extrema importância quando estamos discutindo a
respeito da estabilidade da via. Brina, H. L. (1979) descreve as juntas que compõem a
ferrovia da seguinte forma:
“6.1.5 As Juntas”
46
“A posição relativa das juntas, de um lado e outro lado das duas filas de trilhos,
pode variar conforme se situem segundo uma mesma normal aos trilhos ou não.
Quando as juntas, dos dois lados, ficam sobre uma mesma normal à linha, chamam-se
juntas concordantes, ou paralelas. Caso contrário, chamam-se juntas alternadas.” (...)
“Na Europa, parece mais generalizado o uso das juntas paralelas. Na América do
Norte, bem como no Brasil, é adotado o sistema de juntas alternadas. As juntas
paralelas favorecem o chamado movimento de galope, enquanto as juntas alternadas
favorecem o movimento de balanço.”
“Para linhas de padrão médio ou inferior, a prática indicou como mais prejudicial o
movimento de galope, causando maior número de acidentes.”
“As juntas podem ser ainda classificadas como apoiadas e em balanço.”
“Durante muito tempo discutiu-se a questão de deixar a junta apoiada ou em
balanço. Os partidários da junta apoiada alegavam que, sendo a junta um ponto fraco
da linha, esta ficaria mais garantida, com o apoio sobre o dormente. Entretanto, a
prática mostrou que, nas juntas apoiadas, os trilhos sofriam um rápido amassamento
das pontas, devido aos choques das rodas nas extremidades dos trilhos.”
“A explicação para esses choques está em que, quando a roda atinge a
extremidade do trilho antes da junta, no caso da mesma ser apoiada, a deformação
deste trilho é diferente da que se dá na extremidade do outro trilho, pois há uma
tendência do dormente sob a junta, sofrer uma rotação, aumentando o recalque de um
lado. Assim sendo, forma-se um ressalto na passagem de um trilho para o seguinte e
por isso há o martelamento neste último.”
47
Figura 10 – Movimentação dos dormentes na região de junta.
Fonte: Berna, H. L. (1979).
“O desencontro das pontas dos trilhos, nas juntas, não deve superar os valores
estabelecidos na tabela a seguir:”
48
Desvio máximo no plano de Desvio máximo no lado
Classe de
rolamento das pontas dos interno das pontas dos
via
trilhos (cm) trilhos (cm)
Classe 1 0,6 0,6
Classe 2 0,6 0,5
Classe 3 0,5 0,5
Classe 4 e 5 0,3 0,3
Tabela 8 – Desvios máximos para trilhos de junta (FRA)
Fonte: Federal Railroad Adminstration (FRA)
Ainda tratando na norma da FRA citada por Castello Branco, J. E. (2002), as juntas
devem ser consideradas no cálculo de uma possível velocidade, não só pelos desvios
máximos das regiões dos trilhos, mas também a como as placas de junção estão
fixadas. Citando novamente um trecho da FRA sobre as juntas dos trilhos, Castello
Branco, J. E. (2002) traz as seguintes informações adicionais:
49
“(a) Toda tala de junção deve ser capaz de suportar os esforços do tráfego sobre a
junta.”
“(b) Nas classes de via 3 a 5 deverá ser substituída toda tala de junção trincada,
quebrada, ou desgastada, que, mesmo com parafusos apertados, permita excessivo
movimento vertical dos trilhos.”
“(c) Se uma junta estiver trincada entre dois parafusos contíguos deverá ser
substituída.”
“(d) No caso de via convencional, com trilhos curtos, cada barra de trilho deverá ser
unida à tala através de no mínimo dois parafusos nas vias de classes 2 a 5, e da no
mínimo um parafuso na via de classe 1.”
“(e) No caso de TCS (Trilho Curto Soldado), cada barra, ao final do trecho soldado,
deverá ser unida à tala através de no mínimo dois parafusos.”
“(f) Cada tala de junção deverá ser aparafusada às barras de trilhos contíguas de
modo a suportar os esforços verticais do tráfego, porém permitindo o movimento
longitudinal do trilho para acomodação dos esforços de tração e compressão oriundos
da variação da temperatura. Quando essa movimentação longitudinal não for permitida,
por projeto, as prescrições deste subitem não são aplicáveis. Sendo esse locais
espaçados de mais de 120m, prevalecem os requisitos anteriormente descritos para
TCS.”
“(g) Nenhuma barra de trilho, nas vias classes 2 a 5, pode apresentar furação
efetuada com maçarico.”
“(h) Nenhuma tala de junção pode ser reconfigurada com o uso de maçarico nas
vias classes 3 a 5.”
50
Velocidade Existência de talas de
Número mínimo de
Máxima junção trincadas,
parafusos de tala
Autorizada quebradas, ou desgastadas
16 km/h Permitido* 1**
40 km/h Permitido* 2
64 km/h Negativo (tala deve ser
substituída) 2
128 km/h Negativo (tala deve ser
substituída) 2
Tabela 10 – Condições das juntas dos trilhos (FRA)
Fonte: Federal Railroad Adminstration (FRA)
* Permitida a existência da tala desde que não exista trinca entre dois parafusos contíguos.
** Caso exista na via alguma situação de TCS (trilho curto soldado) este deverá ser fixado com pelo
menos 2 parafusos de tala, para trilhos com medidas convencionais, é permitida a utilização de tala com
apenas 1 parafuso desde que respeitando a VMA indicada.
51
Ou seja, para limites de velocidade acima de 40 km/h para trens de carga o uso do
maçarico para corte dos trilhos é proibido. Sendo assim, vias que possuem barras
cortadas com maçarico deverão ter sua velocidade limitada a 40 km/h.
Finalizando o estudo das condições dos trilhos, cabe a análise dos trilhos longos
soldados ou simplesmente TLS. Na prática ferroviária, torna-se comum a soldagem das
barras de trilhos que compõem a linha principal de circulação assegurando-lhe uma
melhor superfície de rolagem através dos trilhos. A M.R.S. Logística S.A utiliza
frequentemente barras de trilhos com aproximadamente 240 metros.
52
Recorrendo novamente às normas da FRA através de Castello Branco, J. E. (2002),
identifica-se o seguinte critério na norma 213.119 que correlaciona alguns critérios de
velocidade com a utilização de trilhos longos soldados:
A norma da FRA também utiliza a sigla TCS para os trilhos longos soldados, que na
verdade também podem ser chamados de trilhos continuamente soldados; razão pela
da qual da sigla TCS.
Note que a norma da FRA, assim como os demais autores consultados, não implica
nenhuma restrição de velocidade devido a utilização de TLS, apenas ressalta a
possibilidade de limitação de velocidade em virtude de alguma outra anomalia inerente
a soldagem do trilho, como problemas de geometria ou lastro. Assim, conforme o
esperado a utilização de TLS em trechos ferroviários pode ser considerada como um
fator não representativo.
53
Para iniciar o estudo referente a estabilidade da via quanto aos dormentes
utilizados, deve-se recorrer ao autor Brina, H. L. (1979):
“4.1 DORMENTES”
Além das informações trazidas por Brina, H. L. (1979) deve-se acrescentar que
atualmente são utilizados três tipos de dormentes que atendem de forma satisfatória os
requisitos exigidos para sua respectiva função; são eles: dormentes de madeira,
dormentes de aço e dormentes de concreto. Estão em fase de teste novos materiais,
como polímeros, que venham a substituir os tipos de dormentes existentes. A pesquisa
deste novos materiais se deve ao fato de que, atualmente, o tipo de dormente que
melhor desempenha sua função é o dormente de madeira, gerando um grave problema
ambiental devido a extração de madeira para este fim. Stopatto S. (1987) trata deste
tema:
54
“O problema dos dormentes está se tornando o mais crucial para as ferrovias de
todo o mundo. Não se pode por em dúvida que o dormente de madeira ainda é o
melhor. Há países, como os Estados Unidos, em que o problema de suprimento de
madeira tratada, com grande via útil, é quase desprezível. Mas mesmo lá (44), a
situação já não se apresenta otimista.” (...)
55
Tanto Stopatto S. (1987) quanto Brina, H. L. (1979) focaram seus estudos dos
dormentes em função de características físicas e estruturais de manutenção, deixando
de lado sua interferência direta com a velocidade de operação. Porém, Castello Branco,
J. E. (2002) cita mais uma norma da FRA que atende este aspecto:
“213.109 Dormentes”
56
Via em tangente e Aparelho de mudança de
Classe de
curva com raio via e curva com raio
via
superior a 573m inferior a 573m
Classe 1 5 6
Classe 2 8 9
Classe 3 8 10
Classe 4 e 5 12 14
Tabela 11 – Mínimo de dormentes por classe de via e curvatura (FRA)
Fonte: Federal Railroad Administration (FRA)
57
Figura 11 – Espaçamento de dormentes em região de juntas
Fonte: Castello Branco, J. E. (2002)
“(g) Para vias construídas sem dormentação, como vias em laje, vias assentes
diretamente em componentes estruturais de pontes, e vias sobre valas de serviço, sua
estrutura deve obedecer aos requisitos dos subitens (b)(1)(i), (ii), e (iii) deste item”.
Porém, a M.R.S. Logística S.A tem como preferência trabalhar com taxas de
dormentação por quilômetro. Logo, nada mais sensato, que converter a norma da FRA
muito bem estruturada, para parâmetros utilizados pela empresa:
58
Via em tangente e
Velocidade Aparelho de mudança de
curva com raio
máxima via e curva com raio
superior a 573m
autorizada inferior a 573m
(taxa de
(km/h) (taxa de dormentação)
dormentação)
16 417 500
40 667 750
64 667 834
128 1000 1167
Tabela 12 – Mínimo de dormentes por classe de via e curvatura (MRS)
Fonte: Leonardo S. Soares
“3. DORMENTES”
59
“A taxa de dormentação básica deverá ser a seguinte:”
“bitola larga: 1.850 dormentes/km (madeira) e 1.666 dormentes/km
(concreto);”
“bitola estreita: 1.750 dormentes/km (madeira) e 1.515 dormentes/km
(concreto).”
“A taxa de dormentes inservíveis, em função do grupo de linha, da carga por eixo,
do tipo de trilho e do alinhamento do eixo da ferrovia, será a mostrada na Tabela 13.”
“Os espaçamentos máximos entre dormentes bons, eixo a eixo, em função do tipo
de trilho, das cargas por eixo, e das tensões no trilho e no lastro, serão os indicados na
Tabela 14.”
60
“entrada e saída de curvas;”
“curvas reversas;”
“entrada de AMV (região de ponta da agulha até o coice) e também no
cruzamento (região do coração do jacaré);”
“túneis e pontes.”
Tonelagem bruta
Grupo anual
1 ≥ 40
2 24 - 40
3 14 - 24
4 9 - 14
5 4–9
6 2–4
7 1–2
8 0,5 – 1
9 ≤ 0,5
Tabela 15 - Espaçamento máximo entre dormentes bons.
Fonte: R.F.F.S.A.
Analisando a norma da RFFSA, verifica-sE que não existe uma relação direta entre
a dormentação e a velocidade de circulação, conforme descrito na FRA. Porém a FRA
não traz muitas informações quanto ao nível de desgaste dos dormentes, enquanto a
norma da RFFSA, aborda bem este item.
61
13 da norma da RFFSA poderia ser resumida da seguinte forma, atendendo ao volume
transportado pela empresa:
62
Desta forma, reunindo tais informações, obtém-se um fator que poderá limitar a
velocidade de circulação através da qualidade de dormentes utilizados num
determinado trecho da ferrovia.
É válido ressaltar que não devem ser admitidas grandes quantidades de dormentes
ruins próximos ou em seqüência, uma vez que tais dormentes, não fornecem a devida
sustentação aos trilhos. Trabalhando novamente com a tabela 14 da RFFSA,
enfocando agora apenas características da M.R.S. Logística S.A, temos:
Sendo assim, quando a via possuir dormentes ruins que ocasionem num
distanciamento dos dormentes bons maior que o representado pela coluna
“Espaçamento recomendado” da tabela anterior, a velocidade deverá ser reduzida,
devido ao risco da via através dos dormentes não suportarem os esforços
proporcionados pela passagem dos trens.
63
2.3.7. ESTABILIDADE DA VIA – FIXAÇÕES
As fixações consistem nas peças que fixam os trilhos entre eles próprios ou entre
os dormentes. Brina, H. L. (1979) considera todos os equipamentos de fixação como
“acessórios dos trilhos” e os subdivide da seguinte forma:
• Talas de junção;
• Parafusos;
• Arruelas;
• Placas de apoio;
• Acessórios de fixação rígida:
o Prego de linha;
o Tirefond;
• Acessórios de fixação elástica:
o Fixação tipo K ou GEO;
o Grampo elástico duplo;
o Grampo elástico simples;
o Fixação Pandrol;
64
Figura 12 – Fixação tipo Pandrol.
Fonte: Brina, H. L. (1979).
• Retensores de trilho.
A linha da M.R.S. Logística S.A trabalha com dois tipo de fixações possíveis: rígida
ou elástica. Stopatto S. (1987) faz a seguinte observação acerca dos tipos de fixação
existentes:
“A fixação elástica, de uso muito reduzido nos Estados Unidos, mas amplamente
difundida na Europa e no Japão, e que vem lentamente sendo introduzida no Brasil, é,
sem dúvida, a melhor solução para a fixação dos trilhos aos dormentes. A EFVM
(CVRD) a utiliza em sua duplicação da linha.”
“Para as ferrovias normais, cujas linhas precisarão atender a várias categorias de
trens cargueiros e, também, a trens de passageiros, os vagões de maior capacidade
deveriam ser de 6 eixos, no máximo com 25 t, isto é, cerca de 150 toneladas brutas por
vagão. Este vagão permitirá velocidades de até 100 km/h sem prejudicar os trens de
passageiros com velocidades entre 120 e 150 km/h. A linha utilizaria trilhos de 69 kg/m
(soldados), com fixação elástica e dormentes de concreto sobre lastro de 30 cm ou
65
mais. Construindo-se as plataformas com capacidade de suporte adequado ao tráfego
previsto, será possível exigir da manutenção rigorosos padrões de alinhamento e
nivelamento.”
“Só assim teremos no Brasil linhas com satisfatórios padrões de confiabilidade para
as nossas ferrovias recuperarem fluxos significativos, tanto de carga geral (trens
rápidos) como de granéis (trens muito pesados).”
Ou seja, a fixação elástica, composta na maioria dos casos por grampos de fixação,
tem uma tendência de melhor absorver os choques provocados na passagem de
veículos ferroviários na via. Desta forma, aumenta-se relativamente a vida útil de tais
componentes visto que os mesmos estarão expostos a choques e vibrações de
menores intensidades.
Apesar de tais considerações, não foi citada nenhuma relação do tipo de fixação
que melhor se adapta há uma determinada velocidade de circulação.
66
Aprofundando estudo, encontram-se as seguintes informações na FRA:
67
Dessa forma, em trechos onde a velocidade de circulação for superior a 64 km/h
para trens de carga, não deverão existir mais do que dois dormentes com placas de
apoio quebradas num intervalo de 10 dormentes.
Como a placa de apoio não trabalha de forma singela na fixação da via, pode-se
estender a referida situação para os demais componentes de fixação, tanto rígida como
elástica, de forma a complementar as informações quanto a limitação da velocidade de
circulação devido a fixação dos trilhos.
É válido ressaltar que a literatura técnica atual restringe o estudo das fixações
apenas a parâmetros estruturais e consolidação da via permanente. Não são
encontradas relações entre o tipo de fixação empregada e a velocidade circulação
permitida. Apenas estudos como a IHHA fazem recomendações acerca da utilização de
uma determinada fixação para um determinado tipo de trecho com uma determinada
tonelagem bruta anual.
68
dos únicos componentes da via capazes de alterar a rota de circulação de uma
determinada composição ferroviária; em outras palavras, é um dos únicos
equipamentos capazes de fazer um veículo ferroviário mudar de via.
“A sujeição do veículo ferroviário aos trilhos e a existência do friso nas rodas criam
problemas, quando se deseja passar os veículos de uma linha para outra ou para um
desvio.”
“Para que o friso da roda tenha passagem livre, torna-se necessário introduzir uma
aparelhagem que permita a interrupção do trilho, formando canais por onde passam os
frisos.”
“Daí a necessidade do chamado aparelho de mudança de via.”
“Os aparelhos de mudança de via correntes ou comuns, às vezes chamados
impropriamente de chaves, compõem-se das seguintes partes principais (Fig. 98):”
- agulhas;
- contra-agulha ou “encosto da agulha”;
- aparelho de manobra;
- trilhos de enlace ou de ligação;
- “coração” ou “jacaré”;
- calços;
- coxins e
- contratrilhos.
69
“O aparelho de mudança de via é considerado um elemento fundamental para as
ferrovias, pois ele é que permite que a composição transponha a direção única
permitida pela bitola da via, fazendo com que os veículos que nela circulam possam
mudar a direção com uma maior flexibilidade de rotas, sem que o fluxo operacional seja
interrompido.”
“Muitas são as aplicações para esse equipamento, desde o uso em pátios a simples
bifurcações de vias singelas. Muitas também são as escolhas para definir um desvio, a
começar pela sua concepção.” (...)
“No Brasil, a concepção AREMA é usada predominantemente em transporte de
carga e passageiros (subúrbios) e a concepção UIC empregada com sucesso no
transporte metropolitano (metrôs). Na norma de Classificação de Aparelho de Mudança
de Via da ABNT (NBR-5558, item 4.1) os AMV são classificados como AMVA (AREMA)
e AMVU (UIC), sendo essas abreviações usadas na continuidade deste texto.”
70
Analisando novamente Castello Branco J. E. (2002), verifica-se que o autor, faz um
estudo bem detalhado de todo o funcionamento do AMV, bem como a correlação de
todas as partes constituintes do equipamento. Além de todo este detalhamento do
equipamento, também é descrito como o AMV pode ser considerado como um agente
limitador de velocidade:
71
“Quando a agulha é reta, obtém-se um raio equivalente para o cálculo desse trecho.
Esse valor torna-se um parâmetro restritivo na escolha de uma composição ótima do
AMV, pois a velocidade na agulha é sempre menor que a ligação do desvio, devido ao
fato de possuir menor comprimento.”
Nota-se Castello Branco J. E. (2002) descreve de forma clara como o AMV limita a
velocidade de circulação das composições ferroviárias. Alguns termos descritos pelo
autor, como superelevação, aceleração compensada, aceleração não compensada,
serão mais bem explicados no decorrer deste trabalho uma vez que estão melhor
relacionados com outro parâmetro de via permanente.
Req = Ragulha
VMAX = 3,6.(0,5.Req)1/2
72
- A região intermediária, ou seja, a ligação entre a agulha e o jacaré também
obedece a esta expressão de velocidade conforma a norma da ABNT (97a).
Agulha Bitola
Jacaré (mm) (mm) V (km/h)
8 5029,2 1000 22,83
10 5029,2 1000 29,34
14 6705,6 1000 42,15
20 9144 1000 58,42
8 5029,2 1600 32,13
10 5029,2 1600 32,13
14 6705,6 1600 42,84
14 9144 1600 57,52
20 9144 1600 59,01
12 5943,6 1600 49,08
16 7924,8 1600 69,73
Tabela 19 – Velocidades para as composições de AMV
Fonte: Castello Branco, J. E. (2002)
Vale lembrar que as informações contidas na tabela anterior, referem-se a AMV que
obedecem as recomendações da AREMA, ou seja, AMVA. Não serão abordadas as
velocidades admissíveis em AMVU visto que, os AMV utilizados na MRS Logística S.A.
seguem em sua totalidade as normas da AREMA; desta forma, um estudo detalhado de
AMV que seguem as normas da UIC, sairá do foco do objetivo final deste estudo.
73
“8. APARELHOS DE MUDANÇA DE VIA (RFFSA, 76ª)”
Bitola larga
Agulha Raio do trilho
Raio Velocidade
curvo externo
Comprimento Ângulo Jacaré equivalente máxima
de ligação
(m) (graus) (m) (km/h)
(m)
3,353 2º 42' 50'' 5 70,888 66,666 20,7
5,029 1º 48' 32'' 8 159,146 172,740 32,0
6,706 1º 21' 23'' 10 284,153 273,696 42,0
9,144 0º 59' 41'' 14 528,555 527,500 58,3
Tabela 20 – Compatibilização de elementos de AMV e velocidade na bitola larga
Fonte: R.F.F.S.A.
Bitola métrica
Agulha Raio do trilho
Raio Velocidade
curvo externo
Comprimento Ângulo Jacaré equivalente máxima
de ligação
(m) (graus) (m) (km/h)
(m)
3,353 2º 42' 50'' 8 70,888 93,098 21,4
5,029 1º 48' 32'' 10 159,146 146,444 30,7
6,706 1º 21' 23'' 14 284,153 277,500 42,3
9,144 0º 59' 41'' 20 528,555 623,636 58,3
Tabela 21 – Compatibilização de elementos de AMV e velocidade na bitola métrica
Fonte: R.F.F.S.A.
74
Analisando a norma da R.F.F.S.A., nota-se um detalhamento maior das
informações quando comparada com as informações citadas inicialmente neste tópico.
Durante sua operação, a via férrea sofre inúmeros esforços referentes à passagem
de veículos ferroviários, bem como de outras fontes externas. Brina, H. L. (1979)
classifica tais esforços em três categorias:
75
- Esforços verticais: esforços que têm a direção normal ao plano do trilho.
- Esforços longitudinais: esforços que têm a direção paralela ao longo do trilho.
- Esforços transversais: esforços que têm a direção perpendicular ao comprimento
do trilho.
Quando se tratando de traçado de uma via férrea, devemos nos atentar somente a
situações geométricas planas. Ou seja, iremos nos atentar somente às curvas que
compõem a estrada de ferro, deixando dessa forma com que os cálculos do perfil
longitudinal sejam executados posteriormente.
Assim, trabalhando somente com as curvaturas existentes na via, os esforços
transversais tornam-se imensamente importantes nesta etapa do estudo, uma vez que
estes esforços serão os mais significativos em situações onde veículos ferroviários
estão inscritos em curvas. Sendo assim, trabalharemos primeiramente estes tipos de
esforços e no desenvolvimento deste trabalho, abordaremos os outros esforços
existentes.
De acordo com Brina, H. L. (1979) os esforços transversais podem ser classificados
da seguinte forma:
“a) Força centrífuga – nas curvas, a força centrífuga, não compensada pela
superelevação do trilho externo, produz um esforço transversal no referido trilho.”
“b) Movimento de lacêt – nas retas, devido à irregularidade da via ou defeitos no
material rodante, surge um movimento do veículo, em torno de um eixo normal ao plano
dos trilhos, fazendo com que ora a roda externa de um lado, ora do outro, se o choque
transversalmente ao trilho, no sentido de alargar a bitola.”
“c) Vento – como o material rodante oferece uma superfície exposta considerável,
um forte vento pode criar um esforço dos frisos das rodas, no sentido transversal à
linha.”
76
Assim como Brina, H. L. (1979), será discutido inicialmente o efeito da força
centrífuga na passagem de veículos ferroviários em curvas e como tal iteração pode
conduzir a uma limitação de velocidade.
“Em uma via ferroviária estabelecida num plano horizontal, a força centrífuga
deslocará o veículo no sentido do trilho externo, provocando neste um forte atrito
através dos frisos das rodas. Se a grandeza da força centrífuga exceder certo limite,
poderá ocorrer o tombamento do veículo.”
“Para contrabalançar o efeito nocivo da força centrífuga, inclina-se a via ferroviária
de um ângulo α, elevando o trilho da curva, através da inclinação do dormente, de
modo a criar uma componente que equilibre a força centrífuga. A maior altura do trilho
externo em relação ao interno é o que se denomina de superelevação do trilho ou
superelevação da via.”
B.V²
h=
127.R
77
proposta para o cálculo da superelevação em função da velocidade de circulação que
se deseja impor em um determinado trecho:
Desta forma, Brina, H. L. (1979) considera que tal expressão é apenas uma
referência que nos demonstra em qual situação irá se obter um conjunto de forças
completamente balanceado durante a inscrição de um veículo ferroviário em uma dada
curva.
Uma vez que o equilíbrio total das forças atuantes no veículo ferroviário quando em
movimento e inscrito numa curva não deve ser considerado para o cálculo da
superelevação, deve-se começar a discutir em que nível as forças não equilibradas
colocam em risco a circulação ferroviária. Se não existe o equilíbrio total das forças
atuantes, uma pequena parcela de tais forças ficará desbalanceada.
78
Brina, H. L. (1979) continuando seu estudo específico de superelevação, cita alguns
critérios empíricos comumente adotados para o cálculo do valor de superelevação para
determinadas velocidades de circulação; como por exemplo: considerar a velocidade
máxima de circulação para cálculo ¾ da velocidade máxima permitida, utilizar o método
da Bélgica que considera as diversas velocidades de circulação com a tonelagem bruta
dos trens e através de uma média é extraída a velocidade de cálculo da superelevação,
utilizar o critério dos Italianos que calcula a velocidade de cálculo da superelevação
levando em consideração a velocidade máxima de circulação bem como a menor
velocidade desenvolvida por um trem no mesmo percurso.
79
“Por este critério, a superelevação prática é dada de modo que o valor da
aceleração centrífuga não equilibrada não cause desconforto aos passageiros.”
B.V² B
hp = - (B/2-d)
127.R H.n
80
“O valor de H, altura do centro de gravidade em relação aos trilhos, deverá ser
pesquisado para os diversos tipos de veículos.”
“Para algumas locomotivas diesel-elétricas, esse valor é de 1,50m e para vagões
fechados, com o carregamento até o teto, o valor de H pode atingir 1,80m.”
“Para d – deslocamento do centro de gravidade, pode-se tomar aproximadamente
igual a 0,10m.”
“n = coeficiente de segurança, geralmente é tomado igual a 5.”
“Então, adotando-se a superelevação dada pela expressão acima, para a
velocidade máxima, tem-se a garantia de estabilidade na curva, através do coeficiente
de segurança n.”
“Por outro lado, vê-se que a superelevação teórica foi diminuída, de modo a não ser
excessiva para trens de carga.”
“Entretanto, como veremos posteriormente, os trens lentos, de carga, deverão ter
uma velocidade mínima Vmín para que também passem com segurança pela curva de
raio R sem correrem o risco de tombar para o lado de dentro da curva.”
81
Algumas das variáveis utilizadas por Brina, H. L. (1979) podem ser facilmente
medidas no campo, através de instrumentos simples ou através do veículo de inspeção
de via utilizado pela M.R.S. Logística S.A, o Track-star. Estas variáveis são:
Bitola da via;
Raio de curvatura;
Superelevação local.
B B
√( hp + H.n (B/2-d) )
127.R
=V
Como foi verificado, a equação foi modificada de forma a seu resultado gerar a
velocidade máxima de circulação no trecho em função das condições de geometria e
traçado da via. Esta informação é primordial não somente pelo resultado gerado, mas
também pela capacidade de se obter todos os dados desejados. Com o veículo de
inspeção de via e as informações pesquisadas do material rodante é possível de se
calcular a velocidade máxima permitida para a circulação em um dado trecho para um
dado coeficiente de segurança. Ou ainda baseado no veículo de inspeção de via, para
cada nova inspeção, pode-se obter uma nova velocidade de circulação em cada ponto
da via, de acordo com sua qualidade, sua geometria.
82
Porém, mesmo na expressão anterior, descrevendo-se vários fatores da via para
uma determinada velocidade, estar-se-á arbitrando um valor para o coeficiente de
segurança. Seria um tanto ideal, que tal valor não fosse arbitrado, mas sim calculado
através de condições inerentes a própria via. Prosseguindo o estudo desenvolvido por
Brina, H. L. (1979) para solucionar tal questão, é necessária a determinação de mais
um fator diretamente influenciado pela velocidade e as condições da via, a
Excentricidade da Resultante em Relação ao Centro da Via:
83
Figura 13 – Diagrama de forças atuantes
Fonte: Brina, H. L. (1979)
B
-d
2
n=
x-d
Ou seja, para uma dada bitola, um dado deslocamento permitido para o centro de
gravidade do veículo e o deslocamento máximo em relação ao centro da via, tem-se um
coeficiente de segurança local. Sendo assim, conforme a expressão anterior, torna-se
interessante utilizar dados obtidos pelos veículos de inspeção de via para extrair
coeficientes de segurança de locais específicos do trecho e utiliza-los como possíveis
referências de cálculos de velocidades locais. Os veículos de inspeção de via
fornecendo a bitola local, o deslocamento máximo do centro de gravidade do veículo
conseguido através de cálculos do mesmo e o deslocamento máximo em relação ao
centro da via poderão fornecer o coeficiente de segurança real em cada situação de via,
auxiliando em cálculos de velocidade nesta diretriz.
84
Caso seja interessante, Brina, H. L. (1979) complementa suas equações com a
expressão que gera o deslocamento em relação ao centro da via do centro de
gravidade em função não do coeficiente de segurança, mas sim através de outras
variáveis, como velocidade e superelevação:
V² hp
x=H ( - ) +d
127.R B
x-d
hp = ht - B
H
Consegue-se então identificar que Brina, H. L. (1979) traz uma série de informações
fundamentais, englobando vários aspectos da geometria da superestrutura da grade
ferroviária. Dando prosseguimento na análise dos seus estudos, chega uma informação
crucial, a velocidade limite das curvas. Tal informação é utilizada hoje pela M.R.S.
Logística S.A para determinação da velocidade máxima autorizada na maior parte dos
trechos do circulação. Trazendo o que Brina, H. L. (1979) propõe:
“A velocidade máxima com que um trem pode percorrer uma curva é função, como
vimos, do raio da curva e da superelevação dada à mesma. Essa velocidade denomina-
se velocidade mínima.”
“Se nas expressões já deduzidas para a superelevação prática colocarmos o valor
de hmáx., a velocidade correspondente será a velocidade limite.”
“Mas, qual o valor de hmáx.?”
“Existem diversos critérios, todos empíricos. Nas ferrovias européias, esse valor
máximo varia de 15 a 18 cm (bitola 1,44 m).”
“Alguns autores indicam hmáx., 10% da bitola.”
85
“A norma brasileira diz que a superelevação em milímetro poderá abranger
excepcionalmente a 125 vezes a bitola da via expressa em metros. Isto daria um
máximo de 12,5 cm para a bitola de metro e 20,0 cm para a bitola de 1,60 m.”
“Estradas de ferro brasileiras, em geral, adotam:”
“hmáx. = 18 cm para a bitola de 1,60 m e”
“hmáx. = 10 cm para a bitola de 1,00 m.”
B B
hmáx. = ( -d )
H.n 2
B
hmáx. = ( xp -d )
H
86
hmáx. = 0,18m
B = 1,67m
d = 0,10m
H = 2,00m
n=5
Portanto:
Vmáx. = 4,8.√R
Desta forma, surge a primeira informação que correlaciona cálculos teóricos com a
prática atual de determinação de velocidade utilizada pela companhia. Tal dado é de
fundamental importância, pois determina que a M.R.S. Logística S.A utiliza a variável de
geometria e traçado como fator determinante de velocidade máxima autorizada nos
trechos por ela operados.
87
velocidade mínima dos trens de carga que trafegam na mesma via que dos trens de
passageiros. Tal fato é levado em consideração por Brina. H. L. (1979) visto que as vias
de circulação de trens de passageiros, utilizam parâmetros de superestrutura voltados
ao critério do conforto. O tratamento consiste na superelevação. A fim de balancear as
forças atuantes sobre os carros de passageiros, deve-se elevar a superelevação a um
nível superior ao que se deveria utilizar para um simples trem de carga. Para trens de
passageiros em trechos de baixas velocidades, os efeitos são mínimos, porém, em
trechos onde a velocidade pode ser maior, a superelevação deve ser aumentada de
melhor equilibrar as forças atuantes nos carros de passageiros. Desta forma surge o
seguinte problema: quando um trem de carga circular com velocidade bem inferior ao
trem de passageiro que circula no mesmo trecho, a superelevação que uma hora
equilibra as forças atuantes nos trens de passageiros torna-se o principal fator de
desequilíbrio nos vagões de carga. Assim, devido a superelevação agora excessiva
surge uma resultante de forças extremamente forte para o lado interno da curva,
podendo gerar inclusive o tombamento do veículo ferroviário para o lado de dentro da
curva.
Atualmente a M.R.S. Logística S.A não possui trechos de circulação que existam
trens de passageiros, porém tal informação torna-se enriquecedora visto que trens da
companhia circulam em trechos de outras operadoras que contemplam trens de
passageiros em sua malha. Desta forma a M.R.S. Logística S.A deve se atentar a
possíveis variações de velocidades de circulação nestas operadoras, discutindo sobre a
diferença imposta por esta condição da via a trens de carga ou de passageiros, uma
vez que é de responsabilidade da operadora do trecho a determinação da velocidade
de circulação.
88
Consultando novamente Castello Branco, J. E. (2002), o mesmo reporta-se
inicialmente a seguinte norma traduzida da FRA:
“213.51 Escopo”
“213.53 Bitola”
“(a) A bitola é medida entre as fases internas do trilho, num plano situado a 1,59 cm
(5/8’’) do topo do boleto.”
“(b) A bitola deverá estar compreendida entre os limites mostrados na tabela a
seguir4:”
89
“4 Segundo a norma IVR-1 da RFFSA, as tolerâncias de bitola compreendem: i)
limites máximo e mínimo absolutos, que são de 1.620mm e 1.595mm na bitola larga, e
de 1.020mm e 995 mm na bitola métrica; ii) variação máxima de um dormente para
outro, que oscila entre 1 mm e 3 mm, conforme o grupo de linha, a bitola e a velocidade;
e iii) faixa de bitola, isto é, as variações de bitolas dos diversos pontos em torno da
moda da linha - valor mais comum, ao longo de um trecho determinado, em geral de
20m a 30m, cujos valores oscilam de 3 mm a 20 mm, conforme o grupo de linha, a
bitola e a velocidade. (N.T.)”
“213.55 Alinhamento”
90
Classe de
Via em tangente Via em curva
via
Desvio máximo no Desvio máximo no
Desvio máximo no
ponto médio de uma ponto médio de uma
ponto médio de uma
corda** de 9,3 m corda** de
linha* de 18,6 m (cm)
(cm) 18,6 m (cm)
Classe 1 12,7 n.a.*** 12,7
Classe 2 7,6 n.a.*** 7,6
Classe 3 4,4 3,2 4,4
Classe 4 3,8 2,5 3,8
Classe 5 1,9 1,3 1,6
* Os bordos da linha devem estar na linha da bitola (1,59cm abaixo do topo do boleto).
Qualquer trilho pode ser usado como referência, desde que seja sempre o mesmo ao longo da
tangente.
** Os bordos da corda devem estar situados na linha da bitola do trilho externo.
*** Não aplicável.
Tabela 23 – Limites de alinhamento (FRA)
Fonte: Federal Railroad Administration (FRA)
91
“(a) A máxima superelevação numa curva é de 20 cm nas vias de classe 1 e 2, e de
18 cm nas classes 3 a 5. Excetuado o disposto em 213.63, o trilho externo de uma
curva não deve estar mais baixo que o trilho interno.”
“(b)(1) A máxima velocidade em curvas é determinada pela seguinte fórmula:”
V max = √((Ea+3)/0,0007D)
“onde:”
“Vmax = máxima velocidade operacional6 (milhas/h).”
“Ea = superelevação do trilho, em polegadas; sendo a superelevação para um
segmento de curva de comprimento de 46,5m, obtido pela média de 10 superelevações
em pontos espaçados de 4,65m. Se a curva tiver comprimento inferior a 46,5m, a média
deverá ser obtida através do maior número possível de pontos.”
“D = Grau da curva5, sendo este determinado pela média dos graus de curva, de
maneira análoga à da superelevação.”
“5 O grau da curva corresponde ao ângulo subtendido por uma corda de 100 pés (30,5 m) numa curva
circular. A relação entre o grau da curva e o raio da curva é dada por:”
“onde:”
“D = grau da curva [graus]; e”
“R = raio da curva [m].(N.T.)”
“(c)(1) Para o material rodante que atenda aos requisitos do subitem (d), deste item,
a máxima velocidade operacional6 é dada por:”
V max = √((Ea+4)/0,0007D)
“onde:”
“Vmax e Ea = já definidos anteriormente.”
92
“D = Grau de curvatura (graus).”
No subitem (d) descrito na norma da FRA anteriormente citada, são descritos vários
requisitos de ordem mecânica que podem restringir a circulação de um determinado
veículo ferroviário na via. Assim, como trata-se de uma variável mecânica, tais
requisitos serão demonstrados quando forem tratados os parâmetros pertinentes aos
veículos ferroviários.
Nota-se claramente que a norma da FRA que trata de velocidades limites nas
curvas é similar aos estudos de Brina. H. L. (1979) no que diz respeito aos fatores que
são considerados para cálculos de velocidades limites nestas regiões. Portanto,
parâmetros como raio de curvatura, superelevação e velocidade estão comportando-se
como pontos de maior relevância em consideração as variáveis anteriormente
apresentadas.
93
superelevação dentro da curva; neste ponto, conforme descrito anteriormente, as forças
atuantes no veículo ferroviário não são totalmente equilibradas, podendo então existir o
risco de “reviramento” do veículo. A forma de garantir a estabilidade do veículo na curva
é adequar a velocidade de forma que as forças atuantes estejam dentro de níveis
aceitáveis. Desta forma, a velocidade limite para os trens que circulam numa dada
curva é em função da menor superelevação da mesma, conforme descrito na norma da
FRA.
94
Figura 14 – Desbalanceamento da relação L/V.
Fonte: Paulo Maurício, Amsted-Maxion.
95
Requisitos7,8 Via em tangente
Elevação máxima produzida por gradiente 8,9 7,6 5,1 3,8 2,5
de superelevação ao final de um
comprimento de trilho de 9,3 m
Desvio máximo no nivelamento 7,6 7,0 5,7 5,1 3,2
longitudinal em qualquer dos trilhos, no
ponto médio de uma corda de 18,6 m
Desvio máximo, para um referencial de 7,6 5,1 3,9 3,2 2,5
nivelamento transversal zero, para
qualquer ponto em tangente
Desvio máximo no nivelamento 7,6 5,7 5,1 3,9 3,8
transversal entre dois pontos quaisquer
espaçados de menos de 18,6 m*
Variação máxima no nivelamento 7,6 3,9 3,2 2,5 1,9
transversal, por 9,3 m de comprimento,
em espiras de transição
* Excetuado o dispostos em 213.57, onde a superelevação da curva for igual ou superior a 15,2 cm, a
diferença no nivelamento transversal ao longo de 18,6 m não deverá exceder a 3,8 cm. Para controlar o
movimento harmônico nas vias de classes 2 a 5, com juntas alternadas, as diferenças no nivelamento
transversal não devem exceder a 3,2 cm em todos os seis pares de juntas consecutivas. Considera-se
que uma via possui juntas alternadas quando estas estão espaçadas de mais de 3 m entre si.
Tabela 24 – Limites de nivelamento (FRA)
Fonte: Federal Railroad Administration (FRA)
96
Tais limites podem ser considerados como fatores limitantes de velocidade em
termos de nivelamento da via.
Batist, M. (2002) traz normas adotadas pela antiga RFFSA no que diz respeito a
velocidades em curvas e superelevações:
Onde:
v: velocidade máxima [km/h];
r: raio da curva [m].
97
Claramente a norma da RFFSA tem fundamentos teóricos muito bem interessantes.
Ao se comparar as expressões para as velocidades de cada tipo de trem com a
expressão simplificada de Brina. H. L. (1979), tem-se:
98
Onde
S: superelevação [mm];:
v: velocidade máxima [km/h];
r: raio da curva [m].
“Na equação (9), os termos têm o mesmo significado dos constantes das equações
(5) a (8).”
“O limite de superelevação será de 160mm para a bitola larga e de 100mm para a
bitola métrica. Admitir-se-á excepcionalmente uma superelevação de até 180mm para a
bitola larga e 120mm para a bitola métrica, quando se tratar de obter uma velocidade
máxima e efetiva uniforme numa extensão superior a 2000m, que esta sendo limitada
pela curva em estudo.”
“Nas curvas de transição, em que o raio é variável, a superelevação deverá variar
de zero a S por valores os menores possíveis. Sendo v a velocidade referida nos itens
anteriores, essa variação não poderá exceder os seguintes valores:”
“1mm/m e excepcionalmente 1,5mm/m quando v > 100km/h;”
“1mm/m e excepcionalmente 2mm/m quando 100 ≥ v > 80km/h;”
“2mm/m e excepcionalmente 3mm/m quando 80 ≥ v > 60km/h;”
“3mm/m e excepcionalmente 4mm/m quando 60 ≥ v > 40km/h;”
“4mm/m quando v ≤ 40km/h;”
“Quando as condições de traçado não permitirem a introdução da curva de
concordância na extensão necessária, a transição da superelevação se estenderá no
trecho em tangente. Nesse caso, a velocidade deve ser inferior a 60km/h.”
99
“Nos desvios não será dada superelevação, exceto em desvio próximo a linha de
movimento, situado na parte interna da curva, caso em que deve ser dada a
superelevação mínima necessária para atender a exigência de gabarito.”
“Os aparelhos de via em linha corrida não devem ser colocados em curva. Quando,
por condições especiais, esta regra não possa ser obedecida, a variação da
superelevação sobre o comprimento da agulha não deve ultrapassar de 0,5 ou 0,6
mm/m.”
“Nas linhas em reparação não se poderá admitir, mesmo para a velocidade
reduzida especial, variação da superelevação superior a 0,6mm/m.”
100
As normas apresentadas como da FRA e RFFSA poderão definir uma referência a
este novo modelo de cálculo e indicar se o método utilizado é válido para uma possível
aplicação prática, informando resultados errôneos ou absurdos.
Sendo assim, fica evidente que o perfil da via em nível torna-se um fator limitante
de velocidade na condição de descida de rampas. Porém, esta variável é imutável em
termos de via permanente uma vez que na área de atuação dos estudos, a via
permanente já foi construída, não sendo possível um novo arranjo.
101
Mesmo sabendo que o perfil em nível da via acarreta no desenvolvimento de um
parâmetro mecânico, torna-se extremamente válido a pesquisa de informações que
possam interligar tais dados não só ao material rodante, mas também a própria via já
construída.
“Se a linha foi projetada com a concordância dos greides, estes serão colocados
obedecendo a essa concordância, de acordo com o projeto.”
102
desenvolvimento do seu estudo são explanados alguns tópicos que podem auxiliar no
desenvolvimento e quantificação desta variável.
103
“Os valores de µ são fixados experimentalmente e as taxas para curvas côncavas
são menores do que para curvas convexas, devido ao inconveniente da força centrífuga
vertical.”
“Para traçados importantes, com trens velozes e grandes comboios, deve-se dar
para L valores maiores possíveis.”
“A AREA estabelece os seguintes valores máximos, para a taxa de variação de
declividade:”
Portanto, esta variável terá muito maior valor, quando considerada um fator
limitante mecânico, uma vez que a capacidade de frenagem e o esforço trator do trem
são os principais fatores preponderantes à velocidades em rampas e paralelos no
trecho.
104
drenada, um lastro limpo, um alinhamento e nivelamento perfeitos, com curvas bem
puxadas e com a superelevação correta.”
“Em resumo, o objetivo da conservação da via é:”
“a) manter a linha em boas condições técnicas;”
“b) manter constante vigilância contra acidentes fortuitos.”
105
poderá ser necessária uma renovação mais completa dos materiais da superestrutura
da ferrovia, com a substituição total dos trilhos por outros de maior peso, troca em maior
quantidade dos dormentes e ainda a substituição total ou parcial do lastro. Trata-se,
pois, de uma conservação extraordinária, que comumente é denominada remodelação
da via.”
106
“Por esse motivo, cada empresa ferroviária procurou, a seu modo, desenvolver um
método para calcular um índice que, de maneira simples e objetiva, permitisse avaliar a
qualidade de suas vias através da geometria da superestrutura. Esses índices
quantificam o estado de degradação da superestrutura da via permanente e são
calculados a partir da medição dos parâmetros de Mauzin e/ou acelerações percebidas
pelo veículo durante seu deslocamento. De modo geral, quanto maior seu valor, maior
será o nível de degradação da superestrutura da via permanente.”
107
o método utilizado como índice da qualidade via utilizado pela RFFSA foi baseado no
traçado de via em que se está trabalhando agora.
(...)
“Essa metodologia consistia em utilizar o método proposto pela B&O,
substituindo o número de vezes que cada parâmetro registrado ultrapassasse a
tolerância fixada, pela ultrapassada. Com este índice por quilômetro de via executava-
se: a priorização dos trechos a serem atendidos; a análise comparativa entre os
diversos trechos e seus quilômetros de via; e a análise evolutiva pela comparação de
passagens sucessivas.”
“Numa primeira evolução deste modelo, o Fator de Conserva FC foi substituído
pelo logaritmo de T/100, onde T representava a tonelagem transportada /dia
envolvendo o tráfego de carga e passageiros. Deixa de considerar o parâmetro bitola
no cálculo do índice e elimina-se o fator de ponderação ki (peso correspondente ao
defeito) dos demais parâmetros resultando na expressão 4, que estabelece o valor do
Índice de Prioridade IP (Pataro, 1984). Convenciona-se denominar este modelo de
RFFSA-I; expresso por:”
“Onde:”
“IP: índice de prioridade;”
“E: extensão real do trecho;”
“T: tonelagem /dia transportada;”
“Al: extensão total em metros, em que a tolerância do parâmetro alinhamento é
ultrapassada dentro do quilômetro considerado;”
108
“Tor: extensão total em metros, em que a tolerância do parâmetro torção é
ultrapassada dentro do quilômetro considerado;”
“Niv: extensão total em metros, em que a tolerância do parâmetro nivelamento é
ultrapassada dentro do quilômetro considerado.”
“Numa segunda fase, o Índice de Prioridade IP foi substituído pelo valor do Índice
de Defeito ID (Duba, 1987), calculado para cada seção de aproximadamente 200
metros de linha, através da equação a seguir apresentada. Convenciona-se denominar
este modelo de RFFSA-II, expresso por:”
“Onde:”
“K: valor arbitrado de modo a gerar valores relativos fáceis de serem comparados
numericamente;”
“Niv, Al e E: parâmetros já definidos anteriormente.”
(...)
A norma citada da RFFSA gera um resultado que pode ser muito bem utilizado no
desenvolvimento de um procedimento para determinação da velocidade máxima em um
trecho de circulação.
Atualmente a M.R.S. Logística S.A. classifica cada trecho de via seguindo a norma
da FRA, e para cada condição de trecho são atribuídos (segundo a norma) valores de
tolerância para cada ocorrência de defeito na via. Porém, o resultado das inspeções
são tratados apenas pela manutenção a título de localizar os pontos necessários a
intervenção.
109
Track-star), pode-se quantificar a qualidade da via permanente e dessa forma relacionar
tal indicador a velocidade máxima de circulação de cada trecho.
Mesmo que cada variável tenha sido tratada anteriormente de forma individual,
pode-se utilizar a mesma expressão como uma informação adicional, informando que a
via não possui condições de aumento de velocidade em virtude de uma dada variável
que reduz o índice de qualidade da via até um determinado valor.
110
3. DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS DO MATERIAL RODANTE QUE INFLUENCIAM NO
CÁLCULO DA V.M.A.
111
Material rodante rebocado: carros e vagões;
112
Trens unidades.
113
Estes vários tipos de veículos que trafegam na via permanente possuem
características similares de cada modelo. Desta forma, a iteração veículo-via torna-
se diferente mesmo tratando-se da mesma via de circulação. Esta diferença entre os
veículos nos produz um balanceamento de forças logicamente diferentes e desta
forma torna-se fundamental estudar cada variável que influencia nesta iteração de
modo que se possa analisá-la e melhorar seu desempenho.
Tipo de carga:
• Cargas perigosas;
Tipo de tração.
114
A diversidade de veículos que circulam pela via é de fundamental importância. O
modelo estrutural de vagões e locomotivas em termos dinâmicos podem gerar muitas
diferenças em velocidade de circulação.
“A questão da estabilidade dos vagões nos trens está diretamente ligada a uma
série de fatores que serão indicados no decorrer deste trabalho, sendo que muitos
deles não se relacionam com o projeto do veículo, mas sim com sua iteração com os
demais veículos em uma composição.” (...)
115
Desta forma, a diversidade dos veículos que circulam sobre a via pode ser avaliada
através da estabilidade dos mesmos quando em movimento; afinal, é através da
estabilidade que a velocidade de limite é determinada. Sendo assim, é fundamental que
o centro de gravidade dos veículos ferroviários que compõem a frota da M.R.S.
Logística S.A. sejam calculados e utilizados no estudo.
o Truques completos;
o Sistemas de choque e tração;
o Estrados (stub sill ou convencional);
o Corpo cilíndrico completo;
o Equipamentos de carga, descarga e segurança;
o Domo de expansão (caso exista).
116
Analisando um exemplo prático deste cálculo, tem-se:
117
O exemplo anterior demonstra claramente a simplicidade de tal cálculo. Também é
válido observar a mudança na altura do centro de gravidade quando é alterada a
situação do vagão de vazio para carregado. Tal mudança é facilmente aceitável uma
vez que, quando carregado, o vagão possui uma quantidade maior de massa
distribuída numa dada altura; desta forma a o centro de gravidade tenderá a subir
conforme justificado matematicamente.
118
3.2.3 TIPO DE TRAÇÃO
Atualmente a M.R.S. Logística S.A. opera na sua grande maioria de fluxos com
locomotivas diesel-elétricas fabricadas pela General Eletric Co. e General Motors Co..
Apenas num pequeno trecho do estado de São Paulo, conhecido como Serra da
Cremalheira é operado com locomotivas elétricas da Hitashi. Estas locomotivas
possuem uma característica única que é realizar a tração através de um sistema de
engrenagens que corre no eixo da via, conhecido como Sistema Cremalheira. O
Sistema Cremalheira é utilizado nesta região de são devido a necessidade da ferrovia
atravessar a Serra do Mar até o Porto de Santos. Neste traçado, as rampas existentes
na via permanente alcançam níveis de declividade de até 12%. Desta forma, este
sistema é utilizado por suportar tal característica mantendo a segurança das cargas que
trafegam por este trecho da malha.
119
Para a M.R.S. Logística S.A. o tipo de tração não é uma variável que pode limitar a
velocidade de circulação. A empresa adota o critério de adequar a tração de forma a
obter o máximo de desempenho em um dado percurso de acordo com a velocidade
máxima autorizada. Ou seja, primeiramente é definida a velocidade máxima e depois é
ajustado o tipo de tração dos trens para se obter o máximo de eficiência com a nova
velocidade.
120
4. DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS EXTERNAS
Realizando uma análise mais técnica, fica evidente que a restrição temporária de
velocidade surge em virtude de alguma condição da via não ser satisfatória. Ou seja,
uma das variáveis anteriormente estudadas não foi atendida.
Mais uma vez a ocorrência de um acidente ferroviário irá alterar uma variável
anteriormente estudada, imprimindo desta forma, uma nova velocidade de circulação
em virtude de uma condição não atendida. Pode-se citar inúmeros acidentes
121
ferroviários nos quais toda fixação da via foi comprometida e a velocidade ficou restrita
justamente pela fixação não atender aos padrões de segurança exigidos.
Os acidentes da natureza não são tão diferentes dos acidentes ferroviários. Uma
vez que uma variável de segurança da via foi comprometida, esta irá impor uma
redução da velocidade dos trens. Somente quando existirem situações de alto risco,
devemos atentar à paralisação do tráfego, como:
Passagens em nível são os cruzamentos que a via férrea faz em seu traçado com
as estradas de rodagem no mesmo nível. Nas construções modernas, seja de estrada
de ferro ou de rodagem, não é favorável que ocorra cruzamento em nível, em vista do
perigo de acidentes que oferecem.
122
e também facilitar o apoio dos pneus. Além disso, as passagens em nível devem ser
sinalizadas em ambos os sentidos de tráfego.
123
Ainda segundo Lomas G., quando a rodovia é de tráfego intenso, o motorista deve
poder ver o trem a uma distância bk = 20m, estando o trem a uma distância kc = 3V
(m).
124
Nas fontes pesquisadas não existem quaisquer referências sobre limitações de
velocidade de circulação de composições ferroviárias em virtude de proximidade de
edificações. Sabe-se que em situações onde edificações encontram-se muito próximas
ao leito da ferrovia, existe uma condição irregular. É o caso da região metropolitana do
Rio de Janeiro, onde a malha da M.R.S. Logística S.A. atravessa a favela do Arará.
Nestas condições extremas existe a necessidade de redução de velocidade. Uma
situação ainda mais crítica, ainda no exemplo anteriormente citado, deve-se ao fato das
portas da edificação serem direcionadas para a via férrea.
Para situações onde os limites da faixa de domínio da ferrovia são respeitados, não
existe qualquer restrição à velocidade de circulação, uma vez que as normas de
segurança para construção das edificações próximas foram seguidas.
- Limpeza de canaletas;
125
- Roçada ou capina;
- Manutenção de faixa de domínio;
- Reaperto de juntas.
- Correção de bitola;
- Alinhamento manual da via;
- Correção de superelevação;
- Nivelamento manual da via;
- Limpeza manual de lastro;
- Substituição de dormentes;
- Substituição de placas de apoio.
- Reconstrução da via;
- Desguarnecimento total de lastro;
- Substituição de trilhos;
- Confecção de soldas;
- Aplicação de junta em fraturas;
- Substituição total ou parcial de AMV.
126
Portanto, a restrição de velocidade em virtude de algum serviço de manutenção
será fornecida em função das condições da via pelos parâmetros anteriormente
apresentados.
COR SIGNIFICAÇÃO
VERMELHO PARADA, salvo disposição em contrário
AMARELO PROSSIGA com cuidado
VERDE PROSSIGA
INDICAÇÃO de posicionamento de agulha ou detector de
AZUL
descarrilamento
Tabela 27 – Classificação dos aspectos de sinais luminosos
Fonte: Leonardo S. Soares
127
Enfim, todas as variações possíveis irão contemplar as cores básicas
apresentadas e podem ser consultadas através do Regulamento de Operações
Ferroviárias (ROF) da companhia.
128
Tabela 28 – Tabela de distâncias de frenagem por tipo de composição
Fonte: R.F.F.S.A.
Para trechos de menor velocidade de circulação esta distância pode ser reduzida.
129
5. MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DA V.M.A. DO TRECHO FERROVIÁRIO POR
MEIO DO RELACIONAMENTO ENTRE AS VARIÁVEIS DO MATERIAL RODANTE E
DA VIA PERMANENTE
130
Tabela 29 B – Planilha de cálculo utilizada atualmente
Fontes: Régis Mendes Paraguassu
Desenvolvendo o modelo utilizado pela M.R.S. Logística S.A. é ideal que sejam
incluídos mais parâmetros para determinação da velocidade de forma a garantir a
segurança da operação ferroviária.
131
Tabela 30 – Planilha de cálculo com parâmetro de superelevação
Fontes: Leonardo S. Soares
Com esta nova formatação, a tabela de cálculo de velocidades limites para curvas
utilizada pela M.R.S. Logística S.A. contempla os parâmetros descritos pela expressão
de Brina, H. L. (1979):
B
-d
hmáx. 2
Vmáx. = √ ( 127.( + )).√R
B H.n
Outro dado importante, que deve ser considerado e que também pode ser obtido
pelo Track-star é a bitola medida na via. Na expressão de Brina, H. L. (1979)
apresentada anteriormente, a bitola da via é considerada no referido cálculo. Portanto,
inserindo esta informação na planilha da M.R.S. Logística S.A.:
132
Tabela 31 – Planilha de cálculo com parâmetro de bitola
Fontes: Leonardo S. Soares
133
atenta para alguns dados que poderão ser incluídos durante o cálculo da velocidade de
forma a indicar se a mesma é compatível com a manutenção trabalhada no trecho.
IP = 100. ( E-1.Log(T/100).(Al+Tor+Niv))
Onde:
IP: índice de prioridade;
E: extensão real do trecho;
T: tonelagem /dia transportada;
Al: extensão total em metros, em que a tolerância do parâmetro alinhamento é
ultrapassada dentro do quilômetro considerado;
Tor: extensão total em metros, em que a tolerância do parâmetro torção é
ultrapassada dentro do quilômetro considerado;
Niv: extensão total em metros, em que a tolerância do parâmetro nivelamento é
ultrapassada dentro do quilômetro considerado.
134
Tabela 32 – Planilha de cálculo com parâmetro de estado de manutenção
Fontes: Leonardo S. Soares
Assim, para cada curva do trecho será obtido um Índice de Prioridade (IP). Quando
maior o valor de IP, maior a necessidade de intervenção do trecho e consequentemente,
menor a velocidade de circulação.
135
- Alinhamento:
Classe de
Via em tangente Via em curva
via
Desvio máximo no Desvio máximo no
Desvio máximo no
ponto médio de uma ponto médio de uma
ponto médio de uma
corda** de 9,3 m corda** de
linha* de 18,6 m (cm)
(cm) 18,6 m (cm)
Classe 1 12,7 n.a.*** 12,7
Classe 2 7,6 n.a.*** 7,6
Classe 3 4,4 3,2 4,4
Classe 4 3,8 2,5 3,8
Classe 5 1,9 1,3 1,6
* Os bordos da linha devem estar na linha da bitola (1,59cm abaixo do topo do boleto).
Qualquer trilho pode ser usado como referência, desde que seja sempre o mesmo ao longo da
tangente.
** Os bordos da corda devem estar situados na linha da bitola do trilho externo.
*** Não aplicável.
136
- Nivelamento:
Elevação máxima produzida por gradiente 8,9 7,6 5,1 3,8 2,5
de superelevação ao final de um
comprimento de trilho de 9,3 m
Desvio máximo no nivelamento 7,6 7,0 5,7 5,1 3,2
longitudinal em qualquer dos trilhos, no
ponto médio de uma corda de 18,6 m
Desvio máximo, para um referencial de 7,6 5,1 3,9 3,2 2,5
nivelamento transversal zero, para
qualquer ponto em tangente
Desvio máximo no nivelamento 7,6 5,7 5,1 3,9 3,8
transversal entre dois pontos quaisquer
espaçados de menos de 18,6 m*
Variação máxima no nivelamento 7,6 3,9 3,2 2,5 1,9
transversal, por 9,3 m de comprimento,
em espiras de transição
* Excetuado o dispostos em 213.57, onde a superelevação da curva for igual ou superior a 15,2 cm, a
diferença no nivelamento transversal ao longo de 18,6 m não deverá exceder a 3,8 cm. Para controlar o
movimento harmônico nas vias de classes 2 a 5, com juntas alternadas, as diferenças no nivelamento
transversal não devem exceder a 3,2 cm em todos os seis pares de juntas consecutivas. Considera-se
que uma via possui juntas alternadas quando estas estão espaçadas de mais de 3 m entre si.
- Torção ou empeno:
137
Apesar das tabelas anteriormente apresentadas serem uma referência válida,
existem ajustes necessários de forma a enquadrar tais condições aos perfis de linha da
M.R.S. Logística S.A.. Estes ajustes para cada classe de via estão presentes no veículo
de inspeção de via (Track-star) e representados conforme a tabela abaixo:
Limite máximo de
Classe da Limite máximo de Limite máximo de
torção / empeno
Via alinhamento (mm) nivelamento (mm)
(mm)
Classe 1 128,00 76,00 76,00
Classe 2 76,00 70,00 51,00
Classe 3 44,00 57,00 44,00
Classe 4 38.00 38,00 32,00
Classe 5 13,00 32,00 25,00
138
Tabela 36 – Planilha de cálculo com parâmetros de alinhamento, nivelamento e torção
Fonte: Leonardo S. Soares
139
Bitola larga
Agulha Raio do trilho
Raio Velocidade
curvo externo
Comprimento Ângulo Jacaré equivalente máxima
de ligação
(m) (graus) (m) (km/h)
(m)
3,353 2º 42' 50'' 5 70,888 66,666 20,7
5,029 1º 48' 32'' 8 159,146 172,740 32,0
6,706 1º 21' 23'' 10 284,153 273,696 42,0
9,144 0º 59' 41'' 14 528,555 527,500 58,3
Tabela 37 – Características de AMV
Fonte: R.F.F.S.A.
Porém, a tabela da R.F.F.S.A. não contempla AMV com jacarés maiores que o
número 14. Recorrendo à tabela da ABNT:
Agulha Bitola
Jacaré (mm) (mm) V (km/h)
8 5029,2 1600 32,13
10 5029,2 1600 32,13
14 6705,6 1600 42,84
14 9144 1600 57,52
20 9144 1600 59,01
12 5943,6 1600 49,08
16 7924,8 1600 69,73
Tabela 38 – Características de AMV
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Utilizando as duas tabelas propostas para velocidade em AMV, torna-se visível que
uma tabela completa as informações da outra.
140
Automatizando as informações da planilha de cálculo, para cada trecho poderá
ser calculada a velocidade de circulação na segunda linha conforme a planilha abaixo
que será atrelada à planilha de cálculo principal.
141
Pela tabela proposta da R.F.F.S.A. não deverá ser permitido um espaçamento entre
dormentes que estejam “travando” a via superior a 146 centímetros. De acordo com a
taxa de dormentação supracitada, 146 centímetros irão nos representar cerca de 3
dormentes em seqüência. Ou seja, se em um determinado trecho da via existir 3 ou
mais dormentes ruins consecutivamente, existe naquele ponto um risco em potencial e
uma restrição de velocidade operacional.
Portanto, a planilha de cálculo deve contemplar esta informação obtida pelo Track-
star, que também é conhecida como abertura de bitola dinâmica ou bitola carregada.
142
Conforme os parâmetros alinhamento, nivelamento e empeno, existe para cada
classe de ferrovia um valor máximo admissível para abertura da bitola carregada. Desta
forma, assim como foi feito com estes outros parâmetros quando em uma determinada
curva este valor for ultrapassado em uma determinada classe de via; naquela curva a
classe de velocidade da via deverá ser reduzida de forma a garantir a segurança da
circulação.
Tratando agora das juntas dos trilhos, deve ser considerada a seguinte informação
a título de cálculo da velocidade de circulação:
* Permitida a existência da tala desde que não exista trinca entre dois parafusos contíguos.
** Caso exista na via alguma situação de TCS (trilho curto soldado) este deverá ser fixado com pelo
menos 2 parafusos de tala, para trilhos com medidas convencionais, é permitida a utilização de tala com
apenas 1 parafuso desde que respeitando a VMA indicada.
143
Tabela 43 – Tabela de condições de juntas e velocidade
Fonte: Leonardo S. Soares
Porém, mesmo com o estado das talas de junção perfeito, podem existir
imperfeições na região de junção dos trilhos que podem vir a provocar uma situação
insegura para a circulação de trens. Conforme a norma da FRA anteriormente
apresentada e discutida, esta situação insegura origina-se no casamento não perfeito
dos trilhos na região da tala, devido a uma diferença das dimensões dos trilhos.
Conforme a tabela da FRA:
144
Velocidade Desvio máximo no plano de Desvio máximo no lado
Máxima rolamento das pontas dos interno das pontas dos
Autorizada trilhos (cm) trilhos (cm)
16 km/h 0,6 0,6
40 km/h 0,6 0,5
64 km/h 0,5 0,5
128 km/h 0,3 0,3
Tabela 44 – Tabela de desvios máximos dos planos de rolamento nas juntas
Fonte: Federal Railroad Administration (FRA)
145
Área
Comprimento do afetada Adotar as medidas prescritas nas notas abaixo, caso o trilho não seja
Defeito
defeito (cm) pelo boleto substituído
(%)
Mancha oval 5 a 70
48 km/h
70 a 100 36 km/h
Desde que autorizado por inspeção visual
100 0 km/h
Obrigatória inspeção visual
Trinca composta 5 a 70
48 km/h
70 a 100 36 km/h
Desde que autorizado por inspeção visual
100 0 km/h
Obrigatória inspeção visual
Trinca de detalhe, Queima por 5 a 25 48 km/h
patinação e solda defeituosa Para vias de classe 3 a 5
80 km/h
Para vias de classe 3 a 5 com utilização de talas no defeito
25 a 80 48 km/h
Para vias de classe 3 a 5 desde que autorizado por inspeção visual
80 km/h
Para vias de classe 3 a 5 com utilização de talas no defeito
80 a 100 [36 km/h
Desde que autorizado por inspeção visual] ou [sem limitação desde
que aplicando tala de junção e inspecionando o ponto do defeito
durante 90 dias]
100 [0 km/h
Obrigatória inspeção visual] ou [80 km/h desde que aplicando tala de
junção no defeito]
Trinca horizontal do boleto, Trinca 80 km/h e inspeção no ponto de defeito durante 90 dias após o
vertical do boleto, Trinca da alma, 2,5 a 5,0 ocorrido
Trinca vertical da alma e Trinca
horizontal na concordância alma- 5,0 a 10,0 48 km/h e inspeção no ponto de defeito 30 dias após o ocorrido
boleto > 10,0 48 km/h
* 0 km/h
* Obrigatória inspeção visual
Trinca estelar na furação da alma 80 km/h e inspeção no ponto de defeito durante 90 dias após o
1,25 a 2,5 ocorrido
48 km/h e inspeção no ponto de defeito durante 30 dias após o
2,5 a 3,75 ocorrido
> 3,75 48 km/h
* 0 km/h
* Obrigatória inspeção visual
Ruptura do patim 48 km/h
Para vias de classe 3 a 5 desde que autorizado por inspeção visual
80 km/h
2,5 a 15 Para vias de classe 3 a 5 com utilização de talas no defeito
[0 km/h
Obrigatória inspeção visual] ou [48 km/h desde que aplicando tala de
> 15 junção no ponto de defeito]
Ruptura sem causa aparente 0 km/h
Obrigatória inspeção visual ou aplicar tala de junção no ponto de
defeito
Trilho danificado 48 km/h
Para vias de classe 3 a 5 desde que autorizado por inspeção visual
80 km/h
Para vias de classe 3 a 5 com utilização de talas no defeito
Trilho achatado
Altura ≥ 1,0 80 km/h
Comprimento ≥
20,0
* Na hipótese do boleto ter sido atingido por trinca originada em outra parte do trilho.
146
De forma análoga aos demais parâmetros apresentados anteriormente, torna-se
fundamental computar na planilha de cálculo todas as condições de trilhos
apresentadas na tabela anterior. Desta forma:
147
- Para dormentes de madeira:
Taxa de
Espaçamento Altura
Massa do dormentação Velocidade
Bitola (m) de dormentes mínima de
trilho (kg/m) por (km/h)
(cm) lastro (cm)
quilômetro
80 28
57 54 1850 55 24
40 22
1,60
80 24
68 54 1850 55 20
40 17
Tabela 48 – Tabela de correlação: altura de lastro x velocidade de circulação sobre
dormentes de madeira
Fonte: Leonardo S. Soares
148
Tabela 50 – Planilha de cálculo contemplando condições de lastro e dormentes
Fonte: Leonardo S. Soares
149
Sendo assim, inserindo tal informação sobre instabilidade na planilha de cálculo:
150
da flambagem põe em risco a circulação dos trens por retirar a via do seu alinhamento
normal, criando pequenas curvaturas em tangentes. Dependendo a velocidade de
circulação adotada esta curvatura da via pode gerar um forte impacto nos truques da
composição, gerando uma instabilidade de forças atuantes e consequentemente
gerando o risco do descarrilamento.
Como já visto, a deformação da via ocorre em virtude do trilho não possuir espaço
suficiente para sua dilatação devido ao calor, assim o fenômeno da flambagem ocorre
como forma de um “alívio de tensão” do trilho.
151
já foi considerado quando incluímos na planilha de cálculo o valor máximo de falta de
alinhamento medido pelo Track-star.
Caso o fenômeno da flambagem ocorra num ponto específico do trecho que não
tenha sido utilizado o Track-star, o valor da falta de alinhamento pode ser medido em
campo com a utilização de métodos de cordas e flechas.
152
equivalente a passagem de um rodeiro carregado. Desta forma o Track-star analisa a
condição de fixação da via através dos dormentes, placas de apoio, grampos e
tirefonds.
Como na planilha de cálculo ainda não foi contemplado nenhum parâmetro que
assegure a condição das fixações, torna-se interessante a inserção deste parâmetro do
Track-star.
Portanto, a bitola carregada medida pelo Track-star deverá ser colocada na planilha
a fim de inserir no cálculo da velocidade máxima as condições das fixações da via.
Desta forma:
153
Assim, de forma análoga ao acontecido com o parâmetro de flambagem, os limites
as medidas de ocorrência de bitola carregada já estão estabelecidos para cada classe
de ferrovia. Portanto, cada bitola carregada medida deve estar dentro do limite de
tolerância para a classe de ferrovia que foi considerado, caso contrário a velocidade de
circulação será reduzida em virtude da má fixação dos trilhos da via.
154
Com restrição de velocidade:
- Correção de bitola;
- Alinhamento manual da via;
- Correção de superelevação;
- Nivelamento manual da via;
- Limpeza manual de lastro;
- Substituição de dormentes;
- Substituição de placas de apoio.
155
Tabela 54 – Planilha de cálculo contemplando ocorrências de serviços de manutenção
Fonte: Leonardo S. Soares
156
o Destruição da via por enxurradas, queda de aterros, carreamento de
materiais;
o Via completamente alagada;
o Demais situações de origem natural que impossibilitem o tráfego.
Inserindo estes dados na planilha de cálculo ficará registrado o motivo pelo qual
o tráfego em um dado trecho da ferrovia foi interrompido.
157
De acordo com a tabela do Regulamento Geral de Operações da R.F.F.S.A. existe
uma distância de frenagem para cada tipo de trem, terreno, velocidade e aplicação de
freio. Desta forma, determinando o tipo de trem (através de sua tonelagem bruta), o
terreno (rampa ascendente ou descendente) e a aplicação de freio é possível de se
determinar uma velocidade compatível para uma parada segura do trem na condição
mais desfavorável de acordo com a tabela da R.F.F.S.A..
v2 = v02 + 2.a.∆x
Na tabela proposta:
158
Considerando que a distância de frenagem representa o eixo das abscissas e a
desaceleração o eixo das ordenadas, é possível descrever o seguinte gráfico para os
dois tipos de trens presentes na tabela:
0,00
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
-0,50
2
y = -6E-06x + 0,008x - 3,4336
-1,00
DESACELERAÇÃO (m/s²)
-1,50
2
y = -2E-06x + 0,007x - 6,3097
-2,00
A
B
Polinômio (B)
-2,50
Polinômio (A)
-3,00
-3,50
DISTÂNCIA DE FRENAGEM (m)
Uma vez descoberto o valor da desaceleração para que a velocidade final próxima
ao sinal seja zero, pode-se determinar a velocidade máxima com que a composição
deverá estar para fazer uma frenagem segura através da equação anteriormente
apresentada:
159
v2 = v02 + 2.a.∆x
160
Tabela 58 – Tabela de distância de frenagem para ferrovias e rodovias em cruzamentos
rodo-ferroviários
Fonte: Departamento Nacional de Trânsito
161
Tabela 59 – Planilha de cálculo considerando existência de passagens em nível ao
longo do trecho
Fonte: Leonardo S. Soares
162
Tabela 60 – Planilha de cálculo considerando a aprovação do resultado pelo pessoal da
operação ferroviária e mecânica
Fonte: Leonardo S. Soares
163
6. DISCUSSÃO
Para uma discussão refinada do sistema de cálculo é ideal realizar uma simulação
de forma a verificar a confiabilidade dos resultados.
Foi escolhido um trecho do quilômetro 343 da linha do centro, composto por uma
seqüência de curvas conforme a foto aérea a seguir:
164
Analisando o gráfico do Track-star para as curvas do quilômetro proposto para
inserir os parâmetros de superelevação e bitola no sistema. Devem ser inseridas as
condições mais desfavoráveis, ou seja, a superelevação mais baixa e a maior bitola
larga.
165
Figura 29 – Gráfico de resultado de inspeção em trecho
Fonte: Alexandre da Silva Leonardo (M.R.S. Logística S.A.)
166
Inserindo as informações para as curvas do sistema de cálculo:
Considerando que neste trecho irá circular trens de minério com vagões GDT
vazios e desta forma executando todos os cálculos para a altura do centro de gravidade
destes veículos, chega-se ao seguinte valor para tal medida:
DESLOCAMENTO DO CG = d = 0,06m
COEFICIENTE DE SEGURANÇA = n = 5
167
Tabela 62 – Planilha de cálculo simulando altura de centro de gravidade, deslocamento
do centro de gravidade e coeficiente de segurança considerado
Fonte: Leonardo S. Soares
90
80
70
60
50
V (km/h)
40
ATUAL
VMA Calculada
30
20
10
0
A B TRANSIÇÃO C D
CURVAS
168
superestrutura bem como apenas um modelo de vagão. Portanto este é um resultado
parcial.
169
Tabela 63 – Planilha de cálculo simulando o estado de manutenção
Fonte: Leonardo S. Soares
170
Figura 32 – Gráfico de resultado de inspeção em trecho
Fonte: Alexandre da Silva Leonardo (M.R.S. Logística S.A.)
171
Inserindo os dados de máxima bitola carregada medida conforme as medidas do
Track-star:
Com os valores inseridos, a planilha informou através das células em vermelho que
existem parâmetros acima dos limites admitidos para a classe de via considerada. Além
disto, os valores registrados em laranja encontram-se exatamente iguais ao limite
estabelecido para a classe de via 3.
172
Continuando com a entrada de dados na planilha de cálculo, surge a necessidade
de análise das juntas existentes no trecho. Uma análise de campo demonstra que
existem no local 4 juntas com 6 parafusos cada, sendo duas destas talas na curva “A” e
as outras duas na curva “C”. Uma vez realizadas as medidas solicitadas pela planilha
(desvio máximo no plano de rolamento, desvio máximo no plano interno) e inserindo
estas informações:
O que indica que as juntas da região analisada encontram-se dentro das tolerâncias
admitidas para a classe de via considerada.
173
Fica evidente, através da coloração das células da planilha em laranja, que os
valores encontrados nos defeitos dos trilhos caem numa faixa de observação conforme
a tabela da FRA proposta como referência para este parâmetro. Portanto, para um
possível aumento da velocidade de circulação no trecho, estas anomalias devem ser
retiradas. Além disso, ainda de acordo com a tabela da FRA, permanecendo tais
anomalias nos trilhos durante um determinado tempo, pode ocorrer o aumento das
mesmas, fazendo com que o valor atualmente medido aumente para um nível que
venha a restringir a velocidade de circulação que está sendo calculada neste instante.
174
Quanto às condições da plataforma, foi verificado em campo que a mesma
encontra-se devidamente estabilizada, sem ocorrências de movimentações de massa
nos últimos anos. Portanto, na tabela de cálculo:
175
Tabela 72 – Planilha de cálculo simulando as ocorrências de bitola carregada
Fonte: Leonardo S. Soares
Novamente, a planilha de cálculo irá considerar que os limites tolerância para este
parâmetro foram ultrapassados e a velocidade será reduzida devido a esta ocorrência.
Passando a análise dos fatores externos, no local não existem sinais nem
passagens em nível que poderiam exigir uma restrição à velocidade de circulação.
Complementando as informações solicitadas pela planilha de cálculo:
176
Tabela 74 – Planilha de cálculo considerando os fatores externos que influenciam no
cálculo da velocidade máxima autorizada
Fonte: Leonardo S. Soares
177
Comparativo CALCULADO x REAL
90
80
70
60
50
V (km/h)
40 ATUAL
VMA sem ocorrências
VMA com ocorrências
30
VMA temporária
20
10
0
A B TRANSIÇÃO C D
CURVAS
178
7. CONCLUSÃO
179
8. BIBLIOGRAFIA
- Batist, Mário, Resumo das normas de via permanente da R.F.F.S.A. com influência na
questão do descarrilamento, Rio de Janeiro, RJ, 2002.
- Brina, Helvécio Lapertosa, Estradas de Ferro – Volume 1, Rio de Janeiro, RJ, 1979.
- Jens Santos, Érico, O Veículo Leve Sobre Trilhos como Transporte de Massa, Instituto
Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, RJ, 1985.
- M.R.S. Logística S.A., Catálogo de Vagões da MRS, Juiz de Fora, MG, 2001.
180
- Ratton Neto, Hostílio Xavier, Padrões para Manutenção da Via Permanente, Instituto
Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, RJ, 1985.
- Rede Ferroviária Federal S.A., Manual de Operação dos Trens de Minério da SP-3,
Juiz de Fora, MG, 1985.
- Rodrigues, Carlos Alceu, Avaliação da Carga por Eixo dos Veículos Ferroviários,
Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, RJ, 1983.
- Stopatto, Sérgio, Via Permanente Ferroviária – Conceitos e Aplicações, São Paulo, SP,
1987.
181