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DESCOBRINDO OS PROPÓSITOS DE DEUS NAS CRISES

Ap. Celsino M. Azevedo

INTRODUÇÃO

Trata-se de um sermão expositivo, dramático, de autoria do Dr. John W. Reed,


professor associado de Teologia Prática do Seminário Teológico de Dallas, Estados Unidos da
América; consta do Livro "O AMOR QUE NÃO SE APAGA", de autoria do Médico Clínico,
Sexólogo, Conselheiro e Terapeuta Sexual, publicado pela Editora Mundo Cristão, com
permissão dos autores.

A HISTÓRIA DE AMOR DE OSÉIAS

O autor do Livro da Bíblia que registra este fato é o Profeta Oséias, filho de Beeri;
foi escrito durante o reinado de Jeroboão, o Rei de Israel. É uma história verídica. O
Profeta casou-se com a jovem Gômer. Embora ela tenha se tornado uma prostituta e
abandonado o marido, o Profeta, que além desta decepção do abandono e solidão, foi
obrigado a criar os filhos que não eram dele. Finalmente, Deus determinou que ele
acolhesse a mulher que o traiu e que o rejeitou. Ele o fez; recebeu-a, amou-a e resgatou-a.
Este fato foi registrado na Bíblia, como figura do que Deus faria com Israel, seu povo amado,
ainda que imerecedor.

Fui chamado de Profeta do coração partido; mas prefiro que se lembrem de mim
como o Profeta do amor e da Esperança. Sou Oséias, profeta de Deus para Israel, minha
Terra. Venha comigo até minha casa nos arrabaldes de Samaria. Ali, debaixo de um carvalho
está Gômer, minha mulher; eu a amo como a minha própria vida. Você aprenderá também a
amá-la. Sentado junto dela encontra-se nosso filho, Jezreel. Ele já tem 18 anos. É bonito e
forte. Um jovem dedicado a Deus. Aos pés de Gômer e olhando para ela está nossa filha Lo-
Ruama. Você vê como o cabelo escuro dela brilha? É o retrato da mãe. Tinha dezesseis anos
há um ano e meio. Depois vem Lo-Ami, seu irmão, que tem quinze anos e é tão alegre e
vibrante como o riacho que você ouve correr logo ali.

OSÉIAS E SEU MINISTÉRIO

Somos felizes e temos paz. Mas nem sempre foi assim.


Comecei meu ministério como Profeta, há quase trinta anos, durante o reinado
de Jeroboão II. Aqueles foram anos de prosperidade. As caravanas que passaram entre a
Assíria e o Egito pagavam impostos para o tesouro do rei Jeroboão e vendiam suas
mercadorias em nossas cidades. Mas deixaram também seus filhos e filhas e seus deuses.
Esses deuses e os dos antigos cananeus, assim como os de Jezabel, conquistaram o coração
do meu povo. Altares foram construídos para ofertas e se tornaram lugares de pecados.

Se viajasse hoje pela minha terra, veria imagens e altares em todos os bosques.
Meu povo tem muitas ovelhas e gado. Alguns pensam que Baal, o suposto deus da
fertilidade, é quem dá os cordeirinhos, os bezerros e os frutos dos campos. Cada cidade tem
o seu lugar alto onde Baal é adorado. Não muito longe daqui existe um lugar alto - eles se
encontram em toda parte em Israel atualmente! Pode-se ouvir à noite, algumas vezes, o
bater dos instrumentos musicais dos sacerdotes e o riso das prostitutas sagradas. Na semana
passada um casal que mora a três casas adiante da nossa sacrificou seu filho pequeno a Baal.

Você talvez se pergunte como o povo de Deus poderia comportar-se de maneira


tão ímpia? Isso aconteceu porque os sacerdotes do Senhor se apartaram d’Ele. Eles se
comprazem nos pecados do povo; aprovam o que vêem e pedem mais. É certo o ditado:
"Tais sacerdotes, tal povo". Como os sacerdotes são perversos, o povo também o é. Deus,
com certeza irá julgá-lo. Minha terra tão linda dentro de poucos anos será esmagada sob as
botas pesadas do poder militar assírio.

É verdade, há trinta anos Deus me indicou como Profeta para Israel. Meu pai,
Beeri, e minha honrada mãe me haviam ensinado, desde cedo, a temer o Senhor, o Deus
Único e Verdadeiro de Israel. Eles me ensinaram a odiar o deus-bezerro de Jeroboão I. Nós
orávamos todos os dias. Queríamos sempre voltar ao templo de Jerusalém. Cantávamos
diariamente os hinos de Davi e aguardávamos, ansiosos, a volta do Messias.
Meu ministério sempre foi difícil. A primeira década teve lugar nos dias
fervorosos dos meus vinte anos. Meus sermões queimavam como fogo. Meu coração
sangrava pelo meu povo. Poucos me davam atenção e a maioria zombava. Quando fiz 32
anos, Deus me estimulou e passei muitos dias em oração e meditação! Sentia-me sozinho e
necessitado de companhia.

OSÉIAS, O SEU NAMORO E CASAMENTO

As primeiras geadas do outono haviam tingido as folhas dás árvores


quando fui com os meus pais visitar a família de Diblaim. Ocupado com meu ministério
eu não a tinha visto há anos. Estávamos conversando animados quando entrou pela
porta a jovem Gômer, filha de Diblaim. Eu me lembrava dela como uma garota bonita e
meio mimada, mas agora era uma bela mulher. Seu rosto de marfim era rodeado por
uma nuvem de cabelos pretos como as asas do corvo. Fiquei fascinado pela sua beleza
e senti dificuldade em desviar os olhos dela. Ao voltarmos para casa naquele dia,
conversei com meu pai sobre muitas coisas. Todavia, pairava em minha mente a figura de
uma jovem israelita de cabelos negros. A amizade de meu pai com Diblaim aumentou e eu
costumava viajar com ele para estas visitas. Sentia-me estranhamente atraído para
Gômer. Diblaim e meu pai conversavam muito. Certo dia meu pai me surpreendeu com
uma proposta: "Oséias, quero que se case com Gômer". Eu não duvidava de meu amor
por ela, mas algo me perturbava. Como a maioria das jovens da época, ela gostava de
roupas caras, joias e cosméticos. Eu aceitava isso como parte de sua feminilidade.

Parecia, porém, ser mais experimentada nos caminhos do mundo do que


deveria ser em sua idade. Todavia, eu a amava: sendo também vontade de meu pai que a
desposasse. Eu sabia que meu amor fervoroso por Deus iria impedir que ela seguisse o
caminho do mal. Deus confirmou que Gômer era também a Sua preferida para mim.

Fiz a corte com a paixão de um Profeta. Deus me dera o dom da poesia e


cobri Gômer de palavras de amor.

Ela correspondeu ao meu sentimento. Ficamos juntos sob o arco florido do


altar hebreu do casamento e juramos amor eterno a Deus e um ao outro. Ouvimos juntos a
leitura das leis divinas para o casamento. Ouvimos o aviso de que nossa união era um
símbolo daquela que havia entre Deus e Israel, Sua noiva.

Levei Gômer para casa. Lemos juntos Cantares de Salomão. Comemos os


frutos doces de seu jardim de amor. Ela me pareceu tão refrescante quanto os primeiros
figos da estação. - Gômer parecia feliz no amor de Deus e de Oséias, seu marido. Eu
aguardava esperançoso o futuro.

OSÉIAS E O NASCIMENTO DOS FILHOS

Logo depois de nosso primeiro ano de casados, Gômer deu-me um filho. Procurei
a Deus e soube que o nome dele devia ser Jezreel - este nome lembraria constantemente
Israel que o juízo de Deus viria com toda certeza. Era uma lembrança viva da época em que
vivíamos.

Com o nascimento de Jezreel, Gômer pareceu mudar. Tornou-se distante e


surgiu um olhar sensual em seu rosto. Julguei ser uma reação à responsabilidade de cuidar
de nosso filho. Aqueles foram dias ocupados para mim. A mensagem de Deus me inflamava
e eu a proclamava por toda a Nação.

Gômer, logo concebeu outra vez. Tivemos uma filha. Soube de Deus que
deveria pôr-lhe o nome de Lo-Ruama. Era um nome estranho e me perturbou,
profundamente, pois significava "Não amada". Pois o Senhor disse: "Não mais tornarei a
favorecer a casa de Israel, para lhe perdoar".

Gômer depois disso começou a afastar-se. Muitas vezes saía depois de pôr as
crianças na cama, só voltando de madrugada. Começou a parecer cansada, emagrecida e
rebelde.

Procurei, de toda forma, reconquistá-la, mas em vão. Cerca de dezoito meses


mais tarde ela teve um terceiro filho, outro menino. Deus me disse para cham á-lo Lo-Ami,
significando "Não-Meu Povo". Deus disse a Israel: "Vos não sois meu povo, nem eu serei
vosso Deus". Um espinho entrou em meu coração. Eu sabia que ele não era meu filho e sua
irmã não era fruto do meu amor.

Aqueles foram dias de intenso desespero. Eu não conseguia cantar os hinos


de Davi. Meu coração partiu-se em meu peito.
SEPARAÇÃO DO CASAL: OSÉIAS E GÔMER

Depois de desmamar Lo-Ami, Gômer foi embora para não mais voltar. Tornei-me
pai e mãe das três crianças. Minha alma se encheu de trevas. Meu ministério parecia
paralisado por causa dos desvios de minha mulher. Minhas orações aparentemente não
subiam ao trono de Deus. Mas Ele, então, me instigou novamente a perseverar. Soube que
Deus faria uso de minha experiência como um exemplo de Seu amor por Israel.

O amor por Gômer inflamou novamente o meu coração, sabendo que não
deveria desistir dela. Procurei por ela em Samaria, encontrando-a na casa em ruínas, de um
israelita lascivo e dissoluto que não tinha meios para sustentá-la. Ela rejeitou minhas
súplicas. Com o coração pesado voltei para minhas crianças, lamentando e orando. Um
plano surgiu em minha mente. Fui ao mercado e comprei comida e roupas para Gômer.
Comprei também as joias e cosméticos de que ela tanto gostava. Depois entrevistei-me em
particular com seu amante. Ele ficou desconfiado, pensando que queria fazer-lhe mal.
Quando contei o meu plano, um riso malicioso surgiu em seu rosto. Se não podia levar
Gômer para casa comigo, não suportava vê-la passar necessidades. Eu poderia dar-lhe as
coisas de que precisava e ele poderia fazê-la pensar que eram presentes seus. Apertamos as
mãos, um dos outros, firmando nosso acordo. Ele foi-se embora carregado com as provisões
e eu o segui nas sombras.

Ela o recebeu com alegria e encheu-o de demonstrações de amor. Pediu-lhe para


esperar do lado de fora enquanto trocava sua roupa usada pela nova. Depois do que
pareceram horas, ela voltou, vestida esplendorosamente, como a G ômer que eu vira
naquele primeiro dia em casa de seu pai. O amante aproximou-se para abraça-la, mas ela
não permitiu. Ouvi-a dizer; "É claro que as roupas, os alimentos e os cosméticos não vieram
das suas mãos, mas de Baal que dá tudo isso. Estou resolvida a expressar minha gratidão a
Baal, servindo o como sacerdotisa num lugar alto".
Foi como se eu tivesse virado pedra. Não podia mover-me. Eu a vi ir-se embora.
Ela parecia uma novilha rebelde que vira no rebanho de meu pai quando jovem. Não era
possível ajudá-la, pois se desviava sempre. Quanto mais eu tentava recupera-la, mais ela se
afastava de mim. Enfraquecido pelo sofrimento íntimo, voltei tropeçando para casa,
passando noites sem dormir e dias de perplexidade e dor.

GÔMER, SACERDOTISA DE BAAL E PROSTITUTA CULTUAL

Gômer entregou-se, com abandono, às exigências de seu papei de sacerdotisa de


Baal. Ela alegremente prostituiu seu corpo, entregando-se ao desejo lascivo dos adoradores
da sórdida divindade.

Meu ministério tornou-se uma peregrinação de sofrimento. Fui tomado como


objeto de zombarias. Parecia que o castigo pelo pecado de Gômer - e de todo o meu povo -
caíra sobre mim.
Agarrei-me em Deus. Meu pai e minha mãe me ajudaram a cuidar das três
crianças e a ensiná-las. Elas corresponderam com amor e obediência. Tornaram-se o
bálsamo de Gileade para meu coração. Os anos se passaram enquanto eu proclamava a
mensagem de Deus por toda parte naquela Terra. Eu orava diariamente por Gômer e
enquanto orava o meu amor por ela surgia em meu coração.

Sonhava toda noite com ela e o sonho era de tal forma real que ao acordar
sentia como se tivesse acabado de deixar-me.

Os anos voaram, mas os sacerdotes de Baal a mantinham em suas garras


mortais. Foi há apenas um ano que aconteceu. Os primeiros sinais da primavera
começavam a surgir em nossa terra. Em meio à minha hora de meditação matinal, Deus
pareceu enviar-me para o meio do povo de Samaria. Senti uma espécie de profunda
expectativa, começando a vaguear pelas ruas.

GÔMER, À VENDA NO MERCADO DE ESCRAVOS

Em breve me encontrei num mercado de escravos. Era um lugar que eu odiava.


Vi então um sacerdote de Baal levando uma mulher para o bloco de escravos. Meu coração
parou: era Gômer. Sua aparência era terrível, mas não podia enganar-me. Eles a colocaram
nua sobre o bloco, mas ninguém a olhou com intenção lasciva. Ela estava gasta, envelhecida
e magra, quase transparente. Suas costelas podiam ser vistas sob a pele. O cabelo
emaranhado e com estrias grisalhas, tendo nos olhos um lampejo de loucura. Então, chorei.

GÔMER, RESGATADA, AMADA E HONRADA PELO SEU MARIDO

A seguir, mansamente, a voz de Deus sussurrou em meu coração. Parei


confuso. O leilão chegou a treze moedas de prata antes que eu compreendesse o propósito
de Deus. Ofereci 15 moedas. Houve um intervalo. Uma voz na multidão levantou-se:
"Quinze moedas de prata e um ômer de cevada".

"Quinze moedas e um ômer e meio de cevada", gritei. Aceitaram o meu preço.

Quando subi ao bloco, um murmúrio de incredulidade passou pela multidão. Eles


me conheciam e também a Gômer. Curvaram-se à espera. Estavam certos de que eu a
mataria, na hora, por infidelidade. Mas o meu coração pulsava cheio de amor.

Coloquei-me na frente de Gômer e gritei para o povo. Deus diz a vocês: "A não
ser que Israel (a nação) afaste as suas prostituições de sua presença, irei deixá-la despida
como no dia em que nasceu. Farei dela um deserto e a deixarei como uma terra seca, para
morrer de sede".

Gritei para um mercador que estava numa banca próxima: "Traga esse manto
branco que está no fim da prateleira". Paguei-lhe o preço que pediu. A seguir, envolvi
ternamente com ele o corpo enfraquecido de Gômer e lhe disse: "Gômer, você é minha
pelo direito natural de marido, mas agora é também minha porque a comprei. Você não vai
mais se afastar de mim nem prostituir-se. Ficará confinada por algum tempo e depois irei
restaurá-la à alegria de sua condição de mulher".
- Ela suspirou e caiu desmaiada em meus braços. Amparei-a e falei a meu povo:
"Israel ficará muitos dias sem rei, sem príncipe, sem sacrifício, sem estola sacerdotal. Depois
disso os filhos de Israel buscarão ao Senhor seu Deus, e a Davi, seu rei; e, nos últimos dias,
tremendo, se aproximarão do Senhor e da Sua bondade. E onde se dizia de Israel, "Lo-
Ruama - vós não sois amados, se lhes dirá: Vós sois amados". Pois o amor de Deus não irá
desistir de vocês, mas irá segui-los sempre. Onde Israel foi chamado, "Lo-Ami - vós não sois
meu povo”, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo", porque vou perdoá-los e restaurá-los."
Voltei para casa com meu frágil fardo. Tratei de Gômer até recobrar a saúde.
Fazia leituras diárias da Palavra de Deus. Ensinei-a a cantar o hino de penitência de Davi e
depois cantávamos juntos os alegres hinos de louvor a Deus feitos por Davi. Em meio à
canção eu a restaurei ao Senhor, ao nosso lar, às nossas crianças.

Está vendo como ela é bonita? Sempre a amei, mesmo quando se encontrava
perdida, porque meu Deus lhe tinha amor. Gômer correspondeu ao amor de Deus e ao meu.
Ela não me chama de "senhor", mas de "meu marido". E o nome de Baal jamais voltou a ser
pronunciado por seus lábios.

CONCLUSÃO

Ouça agora, meu povo, a minha mensagem com uma nova atitude, pois sou um
profeta que aprendeu uma grande e esplêndida verdade. Tomei conhecimento, no mais
íntimo do meu ser, de como Deus ama desesperadamente os pecadores. Como Ele os busca
deliberadamente! Como os atrai para Si mesmo!

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