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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO CEARÁ, Campus FORTALEZA


DIRETORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE TELEMÁTICA
CURSO DE ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES

SISTEMA DE BAIXO CUSTO PARA AUXÍLIO NO


MONITORAMENTO DE CORRENTE ELÉTRICA
RESIDENCIAL UTILIZANDO MIDDLEWARE PARA
INTERNET DAS COISAS

ALEXANDRE HENRIQUE FREITAS DE ARAÚJO JÚNIOR

Fortaleza

2016

ALEXANDRE HENRIQUE FREITAS DE ARAÚJO


JÚNIOR
SISTEMA DE BAIXO CUSTO PARA AUXÍLIO NO
MONITORAMENTO DE CORRENTE ELÉTRICA
RESIDENCIAL UTILIZANDO MIDDLEWARE PARA
INTERNET DAS COISAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará, como parte dos
requisitos para obtenção do grau de
Bacharelado em Engenharia de
Telecomunicações.

ORIENTADOR: Prof. Msc. Jorge


Fredericson de Macedo Costa da Silva

Fortaleza

2016
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a minha família e minha noiva, por todo carinho, amor e


paciência que depositados em mim para que esse objetivo tão sonhado fosse alcançado.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, por toda a


infraestrutura oferecida ao longo desta trajetória.

A meu orientador, Professor Mestre Jorge Fredericson de Macedo Costa da


Silva, por aceitar me instruir e ajudar a elaborar este trabalho, com toda sua dedicação e
paciência.

A todos os professores e colegas os quais conviveram comigo durante toda essa


trajetória, contribuindo com todo o meu conhecimento adquirido. Aos demais familiares
e amigos, por todas as lições aprendidas e vivenciadas.
Aos meus pais Alexandre e Adriana.

Às minhas avós Norman e Edênia.

Aos meus irmãos Adriano e Alexia.

À minha noiva Rayana.

Aos meus amigos.


“Não importa quanto a vida possa
ser ruim, sempre existe algo que
você pode fazer, e triunfar.
Enquanto há vida, há esperança.”

(Stephen Hawking)
RESUMO

Neste trabalho é apresentado o desenvolvimento de um sistema embarcado de


baixo custo que propõe uma maneira de fazer o monitoramento do consumo de energia
elétrica residencial utilizando conceitos de Internet das Coisas. Esse sistema foi
implementado em um arquitetura de Sistema Embarcado open source, o Arduíno, e
consiste em captar a corrente que passa em um determinado circuito por meio de um
sensor de corrente, possibilitando, através do uso de um Middleware, o monitoramento
periódico de consumo de energia elétrica de um aparelho específico ou uma residência,
em outras palavras, de forma intrusiva ou não-intrusiva. O Middleware utilizado para
coletar os dados e exibi-los, pode ser acessado via browser Web por qualquer
dispositivo que possua conexão com a Internet, o que possibilita ao usuário, o
monitoramento à distância e a qualquer instante. O sensor de corrente utilizado para o
desenvolvimento deste sistema possui a capacidade de medir tanto correntes do tipo
DC como do tipo AC, e ao longo deste trabalho serão apresentados estudos para estes
dois tipos.

Palavras–chave: Internet das Coisas, Monitoramento de Corrente,


Sustentabilidade.
ABSTRACT

In this work was developed a low-cost embedded system that offers a way to do
the control of the household electricity consumption using Internet of Things concepts.
This system was implemented in an open source Embedded System architecture, the
Arduíno, and it is to capture the current passing in a given circuit using a current
sensor, making it possible, by the use of a Middleware, the periodic monitoring of
electricity consumption of a specific device or a residence, in other words, intrusive
way or non-intrusive way. The Middleware used to collect the data and display them,
can be accessed via Web browser by any device that has an Internet connection, which
enables the user to monitor remotely and at any time. The current sensor utilized for
development of this system has the capacity to measure current both the DC type and
the AC type, and throughout this work studies will be presented for these two types.

Key-Words: Internet of Things, Current Monitoring, Sustainability.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Internet das Coisas………………………………………….......………....15

Figura 2: História da IoT………………………………………………...…...............16

Figura 3: Função do Middleware…………………………………………..…......…..17

Figura 4: Modelo do Sistema………………………………...............….……..…......18

Figura 5: Ligações nas portas do ACS712……………………………..........….........19

Figura 6: Ventilador ARNO TURBO SILENCIO MAXX…………………........…20

Figura 7: Fluxograma de Processos do Arduíno........................................................21

Figura 8: Arduíno Uno………………………………………………….....….……....22

Figura 9: IDE do Arduíno...………………………………………………......……....23

Figura 10: Ethernet Shield…………………………………………..……......……....24

Figura 11: ACS712……………………………………………………..……....…......25

Figura 12: Canal Limpo………………………………………………………....…....26

Figura 13: Correntes Medidas…………………………………………………..........28

Figura 14: Canal Preenchido……………………………………………….…......….28

Figura 15: Motor F006wm0310………………………………………….……......….30

Figura 16: Correntes DC………………………………………………….…...…......30

LISTA DE ACRÔNIMOS
AC - Alternating Current

DC - Direct Current

IDE - Integrated Development Environment

IoT - Internet of Things

IP - Internet Protocol

RFID - Radio-Frequency Identification

TCP - Transmission Control Protocol

UDP - User Datagram Protocol

URL - Uniform Resource Locator

USB - Universal Serial Bus

UTP - Unshielded Twisted-Pair

SUMÁRIO

RESUMO………………………………………………………………………..….…..6

ABSTRACT…………………………………………………………………..………...7
LISTA DE FIGURAS………………………………...………………………..….…...8

LISTA DE ACRÔNIMOS……………………………………………………..….…...9

1 INTRODUÇÃO………..…………………………………….… …………….…..12

1.1 Objetivo Geral....................................................................................................13

1.2 Objetivo Específicos...........................................................................................13

2 REFERENCIAL TEÓRICO…………………....……………….………..….......14

2.1 Internet das Coisas............................................................................................14

2.1.1 Definição de Internet das Coisas...........................................................14

2.1.2 História da Internet das Coisas.............................................................15

2.1.3 Aplicações da Internet das Coisas.........................................................16

2.2 Middleware........................................................................................................17

3 METODOLOGIA...................................................................................................18

3.1 Modelo do Sistema……………………………………………………….........18

3.2 Programação do Arduíno…………………………………...………………...20

3.3 Materiais..........................……………………………………....….………...…22

3.3.1 Arduíno.....................................................................................................22

3.3.2 Ethernet Shield........................................................................................24

3.3.3 ACS712.....................................................................................................24

3.3.4 Thingspeak™............................................................................................26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................27

4.1 Medições AC.......................................................................................................27

4.2 Medições DC.......................................................................................................29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................31

5.1 Conclusão............................................................................................................31

5.2 Trabalhos Futuros..............................................................................................31


REFERÊNCIAS …………………......................................……………………...…...33

1 INTRODUÇÃO

Sustentabilidade é um tema que está se tornando amplamente discutido. Essa


preocupação vem seguida da conscientização da população em relação ao grande
desperdício de energia elétrica e água nos dias atuais. Com isso, a economia no
consumo desses serviços cresce cada vez mais, podendo acontecer tanto na aquisição de
equipamentos que afetam menos o meio ambiente, quanto nos que ajudam a monitorar
este consumo.

Devido à expansão da IoT (Internet of Things), que é algo que se vem


observando nos dias atuais, esse tipo de monitoramento está cada vez mais acessível,
associado com a popularização de plataformas de prototipagem eletrônica, a pessoa que
possua o básico de conhecimento técnico adequado, pode criar, para sua própria
residência, um dispositivo que ajude neste monitoramento. O monitoramento de energia
é uma das aplicações mais importantes da IoT pois possui um potencial de afetar o dia-
a-dia dos usuários.

Com o intuito de fazer proveito tanto do constante crescimento do conceito de


IoT quanto da preocupação atual com a sustentabilidade, este trabalho foi elaborado
para que seja possível utilizar um sensor para fazer medições periódicas de corrente,
com a possibilidade de acessar esses dados medidos pela Web. Através dessas medições,
o usuário terá uma ideia do nível de consumo de energia elétrica está sendo consumido
em um determinado período, possibilitando assim a chance de o mesmo se planejar
melhor para os próximos dias. Para que seja possível o registro dessas medições, é
necessário apenas que o medidor esteja conectado à Internet.

O monitoramento de corrente pode ser feito de forma intrusiva ou não-intrusiva.


A forma intrusiva consiste em um monitoramento mais detalhado, onde a corrente é
medida em série diretamente com um equipamento final, mensurando assim, apenas a
corrente consumida por esse equipamento. Enquanto a forma não-intrusiva consiste em
medir a corrente geral de um estabelecimento, já que o sensor de corrente é conectado
em série com o medidor de energia instalado pela própria fornecedora de energia
elétrica.

Neste trabalho foi utilizado o componente ACS712 para fazer a medição de


corrente tanto do tipo AC quanto do tipo DC dentro da residência e então enviar para o
Arduíno, onde os dados serão tratados e enviados para o Middleware de IoT,
Thingspeak™, onde será organizado com um gráfico de medição em relação ao tempo.

1.1 Objetivo Geral

Desenvolver um sistema embarcado de baixo custo para monitorar o consumo


de corrente elétrica em um determinado período definido pelo usuário e que possibilite a
visualização remota dos dados coletados pelo sensor, possibilitado graças ao uso de um
Middleware, o qual receberá esses dados e disponibilizará em um canal online, que
poderá ser acessado por qualquer dispositivo forneça acesso à Web.

1.2 Objetivos Específicos

● Medir corrente de uma rede elétrica residencial;

● Desenvolver um programa para Arduíno para tratar de forma correta o


sinal enviado pelo sensor de corrente;

● Exibir os dados tratados pelo Arduíno em uma plataforma Web;

● Contribuir para diminuir desperdício no consumo residencial.


2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo tem como objetivo expor o embasamento teórico necessário para a
execução do sistema proposto. O estudo foi realizado com base em diversos livros e
artigos diferentes. Para facilitar o entendimento, os assuntos mais importantes serão
separados em tópicos e subtópicos. Abaixo é apresentado o conceito de Internet das
Coisas que foi utilizado para base de estudo e o conceito de Middleware.

2.1 Internet das Coisas

Neste tópico serão apresentadas as definições de Internet das Coisas, a História


da Internet das Coisas e suas aplicações, todas elas baseadas em citações de alguns
autores que abordam o tema. O tópico está divido em sub tópicos de forma organizada
com o objetivo de facilitar a leitura.

2.1.1 Definição de Internet das Coisas

De acordo com Pedro Zambarda (2014), o conceito de “Internet das Coisas” se


refere a uma revolução tecnológica que tem como objetivo conectar os itens usados do
dia a dia à rede mundial de computadores. Enquanto isso, segundo Margaret Rouse
(2016), “Internet das Coisas” é definido como a capacidade de transferência de dados
sobre a rede sem a necessidade da interação homem-a-homem ou homem-ao-
computador.

A IoT (Internet of Things), ou Internet das Coisas, é uma tecnologia que tem
como principal objetivo a ideia de que qualquer coisa como eletrodomésticos, sensores,
meios de transporte, entre outros possam ser equipados com algum tipo de inteligência e
possuam um endereço IP e conexão à Internet para que os dados obtidos por ela sejam
repassados para alguma central responsável por tratá-los e tomar atitudes baseadas
neles, ou até mesmo que essa inteligência possa executar uma ação automaticamente
dependendo da natureza desses dados coletados (PRESSER, 2011).

A automação residencial é o próximo passo para a Internet das Coisas, onde tudo
é configurado com um endereço IP, e pode ser monitorado, controlado e acessado
remotamente com ajuda da tecnologia Web. A vantagem mais óbvia dessa técnica é o
uso de dispositivos “inteligentes” como sensores e outros transdutores que podem ser
conectados à rede local, via conectividade Ethernet ou Wi-Fi. No entanto, sistemas
como interruptores de luz e sistemas elétrico AC/DC também foram conectados para
automação de residência. (MOSER; HARDER; KOO, 2014). A Internet das Coisas na
visão desses últimos autores, está representado na Figura 1.

Figura 1: Internet das Coisas. (BHILARE & MALI, 2014)

2.1.2 História da Internet das Coisas

A ideia de conectar objetos é discutida desde 1991, quando a conexão TCP/IP e


a Internet que conhecemos hoje começou a se popularizar. Bill Joy, co-fundador da Sun
Microsystems, pensou sobre a conexão de Device to Device (D2D), tipo de ligação que
faz parte de um conceito maior, o de “várias Webs”. Em 1999, Kevin Ashton do MIT
propôs o termo “Internet das Coisas" e dez anos depois escreveu o artigo “A Coisa da
Internet das Coisas” para o RFID Journal. De acordo com o especialista, a rede
oferecia, na época, 50 Pentabytes de dados acumulados em gravações, registros e
reprodução de imagens (ZAMBARDA, 2014). Os acontecimentos marcantes para a
evolução da Internet das Coisas está representado na na Figura 2.

Figura 2: História da IoT. (EMBARCADOS, 20TRT15)

Segundo Diego Sueiro (2014), alguns fatores contribuíram para que pudéssemos
chegar até a era das coisas conectadas, para que o Internet of Things se tornasse
possível. Isso foi o conjunto de avanços e junção de três áreas de tecnologia distintas:

 Computação: firmware orientado a eventos e gerenciamento do


consumo;
 Eletrônica: redução do custo, aumento da capacidade de processamento,
baixo consumo;
 Telecomunicações: redes sem fio, protocolos inteligentes, Internet mais
rápida.

2.1.3 Aplicações da Internet das Coisas

Segundo Neucler Simões, com a expansão da IoT, será possível:

 Segmentação de Consumidores – através da captura de dados a internet


das coisas, que cria uma oportunidade de medir, coletar e analisar uma variedade
cada vez maior de dados comportamentais que influenciam diretamente no
consumo;
 Monitorar o Meio Ambiente: Através de sensores será possível ajudar na
proteção do meio ambiente. Monitoramento do ar, da água, do solo, do
movimento dos animais selvagens e de seu habitats;
 Monitorar e controlar operações urbanas e rurais;
 Monitorar e controlar a produção nas empresas do 2º setor da economia;
 Gerenciar melhor a produção, distribuição e o consumo de energia;
 Sistemas de cuidados médicos;
 Dentre Outras.

2.2 Middleware

Segundo Cunha Leite (2006), o Middleware é um elemento capaz de fornecer


uma abstração do sistema para as aplicações e para os desenvolvedores de aplicações,
escondendo toda a complexidade dos mecanismos definidos pelo hardware, software e
interfaces de comunicação. Dessa forma, a padronização de uma camada de
Middleware permite a construção de aplicações independentes do hardware e do
sistema operacional, executáveis em qualquer plataforma de qualquer fabricante.

A função do Middleware na arquitetura de IoT é ilustrado na Figura 3.

Figura 3: Função do Middleware.

3 METODOLOGIA

Este capítulo exibirá os detalhes do desenvolvimento do sistema. Os materiais


utilizados que possibilitam a realização do desenvolvimento do sistema de
monitoramento de corrente foram um Arduíno Uno, um Ethernet Shield, o sensor de
corrente ACS712 e um Middleware para suporte à IoT, o Thingspeak™. Cada um
desses materiais será apresentado de forma detalhada em um tópico específico deste
capítulo.
3.1 Modelo do Sistema

Basicamente, o sistema será montado como ilustrado na Figura 4.

Figura 4: Modelo do Sistema.

O sensor de corrente será conectado ao Arduíno, onde o sinal transmitido pelo


ACS712 será analisado e transformado, através do código implementado no Arduíno,
em milliamperes, para que através do Ethernet Shield, esses dados sejam enviados para
o Middleware Thingspeak™, onde poderão ser visualizados por qualquer dispositivo
que forneça acesso à Web.

O ACS712 é conectado ao Arduíno através da porta “VIOUT” do módulo com


uma das portas de leitura analógica do Arduíno, no caso, foi escolhida a porta “A0”. A
entrada “VCC” do módulo ACS712 será alimentado pela porta de “5V” do próprio
Arduíno em paralelo com um capacitor de 0.1uF. Na porta “FILTER” haverá um
capacitor de 1nF que irá interligar à porta “GND” do ACS712, que também estará
ligado no “GND” do Arduíno. Nas portas “IP+” e “IP-” do ACS712 deverá estar
conectado em série ao circuito o qual terá sua corrente medida. A Figura 5 ilustra essas
conexões.
Figura 5: Ligações nas portas do ACS712. (ALLEGRO, 2013)

Após a conexão entre Arduíno e o módulo ACS712, o Ethernet Shield é


acoplado ao Arduíno, de forma que todos os pinos entre eles estejam encaixados de
forma correta. O Arduíno então deverá ser alimentado por uma fonte de 12V DC e 1A
ou por um cabo “USB”. Em nosso experimento, a porta “USB” foi utilizada para a
alimentação, para a transferência do código desenvolvido no IDE para o Arduíno e
também para a leitura serial dos resultados processados pela placa. Após esse passo, é
conectado ao Ethernet Shield um cabo “UTP” que dê acesso à Internet. Deverá ser
adicionada para a IDE a biblioteca “ThingSpeak.h”, a qual fornecerá ao programa,
funções que permitem a troca de dados entre o Arduíno e o Thingspeak™.

O usuário então deve se cadastrar no Website www.thingspeak.com, para que


seja criado o Canal que receberá os dados que serão enviados pelo Arduíno para o
Middleware. O código utilizará um número de identificação de canal, gerado no
momento em que é criado o Canal no Thingspeak™, para que seja direcionado a ele, os
dados coletados pelo sensor de corrente. Um canal recém-criado é ilustrado na Figura 5,
e podemos verificar que a corrente medida será colocada em relação ao eixo Y,
nomeado de “Corrente (mA)” em relação ao eixo X, que será o indicador de tempo.

Para nosso experimento conectamos em série ao ACS712, um ventilador da


ARNO, modelo TURBO SILENCIO MAXX, ilustrado na Figura 6, cuja potência é de
80W. Possui 3 velocidades diferentes.
Figura 6: Ventilador ARNO TURBO SILENCIO MAXX.

3.2 Programação do Arduíno

Em nosso trabalho, realizamos nossos testes em redes elétricas residenciais, ou


seja, com uma oscilação de 60Hz e 220V de tensão. Para que essa corrente seja captada
de forma precisa, deve ser coletadas várias amostras de tensão, enviadas pelo ACS712,
dentro de um período de 16,6ms, tempo o qual se refere a onda da rede elétrica
residencial. Essas amostras são coletadas através de uma técnica implementada no
código do Arduíno. A cada amostra coletada, ela é comparada com a anterior para que
depois, decidir qual amostra possui o maior valor, essa amostra de maior valor será
então considerada a tensão de pico Vp. Tendo o valor Vp registrado, é necessário
subtrair a tensão offset do ACS712, o qual possui o valor de 2,5V.

Após isso, descobre-se a tensão eficaz, Vrms, baseado na equação:

Vp
V rms =
√2
Por fim, para a descoberta da corrente eficaz, é feito a divisão da tensão eficaz
pela sensibilidade do ACS712 de 5A, que corresponde a 185 mV/A, definido pelo
datasheet:

Vrms
Irms=
Sensibilidade

Para correntes do tipo DC, deve-se considerar a tensão de pico como sendo
nossa tensão eficaz.

Esse processo é repetido a cada 20 segundos, devido a limitações do


Middleware, que determina um intervalo de no mínimo 15 segundos para recepção de
dados via Internet. Todo esse processo representado pelo fluxograma mostrado na
Figura 7.

Figura 7: Fluxograma de Processos do Arduíno.

3.3 Materiais

Neste tópico serão apresentados, em formato de subtópicos e de forma


detalhada, os materiais que serão utilizados para o desenvolvimento deste sistema
embarcado. Os materiais que serão usados são: um Arduíno, um Ethernet Shield, um
ACS712 e o Thingspeak™, todos eles mostrados nos subtópicos abaixo.

3.3.1 Arduíno

O Arduíno é uma plataforma de prototipagem eletrônica que permite criar


sistemas que podem interagir com o meio físico. Através de seu conjunto de portas
digitais e analógicas, o Arduíno pode ser conectado a sensores e a shields, permitindo
assim a interação entre eles. É bastante utilizado para fins acadêmicos, de pesquisa e
desenvolvimento. É uma opção acessível para desenvolver idéias para então, analisá-las.
Para o nosso projeto, o escolhido foi o Arduíno Uno, por atender às exigências do
projeto e apresentar um baixo custo. A placa pode ser visualizada na Figura 8.

Figura 8: Arduíno Uno Rev. 3. (ARDUINO, 2016)

O modelo Uno é uma placa de microcontrolador baseado no ATmega328P.


Possui 14 portas I/O digitais, 6 entradas analógicas e um oscilador de cristal de 16MHz.
Pode ser ligada através de cabo USB ou fonte de 12V com 1A.

O Arduíno disponibiliza gratuitamente o seu IDE, onde é possível elaborar


programas que serão executados pela placa. Ele é ilustrado com detalhes na Figura 9.
Figura 9: IDE do Arduíno.

Adaptado de: goo.gl/ipXX4P

Por padrão, o Arduíno não possui conexão com a Internet. Para ser utilizado
como instrumento para IoT, é necessário acoplar a ele um Shield Ethernet, um módulo
que permitirá a interação do sistema desenvolvido pelo usuário com o Middleware, na
Internet.

3.3.2 Ethernet Shield

O Ethernet Shield é o componente que permite a conexão do Arduíno Uno com


a Internet. Ele se baseia no chip ethernet da Wiznet W5100. Fornece suporte para os
protocolos de camada de transporte, UDP e TCP. Ele é ilustrado na Figura 10.

Figura 10: Ethernet Shield. (ARDUINO, 2016)

Será o responsável por enviar os dados coletados para nosso Middleware


através de cabos UTP, padrão RJ-45, conectados à Internet. O Shield contém uma série
de LEDs informativos, sendo eles:

● TX: Indica quando envia dados;

● RX: Indica quando recebe dados;

● PWR: Indica que o Shield está devidamente alimentado;

● FULLD: Indica que a conexão é full duplex;

● LINK: Indica presença de um link de rede;

● 100M: Indica rede de 100Mb;

3.3.3 ACS712

O sensor de corrente utilizado neste trabalho é o ACS712. Este sensor tem como
característica a capacidade de medir correntes tanto do tipo DC quanto do tipo AC de
forma precisa.

O seu funcionamento é baseado no princípio do Efeito Hall, para fazer a


detecção do campo magnético gerado pela passagem da corrente e assim, calculando de
forma proporcional, a corrente que flui no condutor analisado.

O dispositivo pode ser encontrado para 3 alcances de corrente diferentes, o de


5A, 20A e o de 30A. Estes valores indicam a corrente máxima para o dispositivo
trabalhar de forma linear. Para este trabalho usaremos o de 5A. O sensor é ilustrado na
Figura 11.

Figura 11: ACS712. (SPARKFUN, 2016)

O ACS712 tem como característica o baixo ruído analógico, uma taxa de erro de
saída de 1,5% na temperatura ambiente de 25ºC, possui 1.2mΩ de resistência interna,
185 mV/A de sensibilidade para o sensor de 5A, 100 mV/A para o sensor de 20A e
66mV/A para o de 30A.

O módulo ACS712 possui as seguintes portas:

● “IP+” e “IP-“: Onde será conectado nosso circuito que se deseja medir a
corrente;

● “VCC”: Porta que alimentará o módulo ACS, funciona com 5V;

● “VIOUT”: Porta onde será gerada a resposta para a porta analógica do


Arduíno, varia de 2,5V a 5V, se o sentido da corrente estiver
correspondido com o sentido indicado nas portas “IP+” e “IP-”;

● “FILTER”: Porta onde será realizado a filtragem para reduzir os ruídos

● “GND”: Deve ser conectado a um Terra.

3.3.4 Thingspeak™

O Thingspeak™ é um serviço que oferece uma infraestrutura de Web para envio


e recebimento de dados para dispositivos com recursos de comunicação em rede. O
usuário que deseja usufruir dessa infraestrutura, deve se cadastrar, criando um login e
senha. Após ter acesso à plataforma, é possível criar canais de recepção de dados (onde
serão captados os dados enviados pelo Arduíno), o canal pode ser visualizado apenas
pelo usuário que o criou, porém, pode ser configurado e torná-lo público, desta forma,
possibilitando a visualização para todos os usuários que possuam a URL do canal. Os
dados são mostrados em formato de gráficos com eixos X e Y. Um canal recém-criado,
que não recebeu nenhum dado ainda, é ilustrado na Figura 12.

Figura 12: Canal limpo.

O Thingspeak™ será o Middleware, fazendo a mediação entre a aplicação e seu


banco de dados. A plataforma do Thingspeak™ também disponibiliza um aplicativo
para tablets e smartphones, disponível para os sistemas operacionais Android e IOS.
Esse aplicativo possibilita a visualização de um Canal através da URL do mesmo,
cadastrado no aplicativo, pelo próprio usuário. Após ser cadastrado uma vez, o canal
fica salvo na página inicial do aplicativo, facilitando o monitoramento do sistema.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As medições foram feitas de forma intrusiva, medindo a corrente consumida por


um único equipamento. Foram realizados medições para os dois tipos de corrente, tanto
para correntes do tipo AC quanto para correntes do tipo DC. As duas são detalhadas nos
tópicos abaixo.

4.1 Medições AC

Após o Arduíno ser iniciado já com o código transferido, as primeiras coletas


pelo o Middleware são executadas. Essas coletas de início determinam o envio de
tensão offset, 2,5V, do ACS712 para o Arduíno, dados que indicam que no devido
momento foi captado 0A. Após essas primeiras coletas de dados feita pelo
Thingspeak™, é ligado o ventilador que está em série com o ACS712, na velocidade 3,
sua velocidade máxima, e enviado ao Thingspeak™, 3 coletas de correntes consecutivas
dessa velocidade. Esse processo se repete para a velocidade 2 e 1 do ventilador. A
Figura 13 ilustra essas correntes captadas, impressas através do Monitor Serial, recurso
existente no IDE do Arduíno, devido à conexão USB entre o computador e o Arduíno.
Cada captação possui um intervalo de 20 segundos. Da primeira à terceira representam
o ventilador desligado. Da quarta à sexta representam a velocidade 3. Da sétima à nona
representam a velocidade 2, e a última representa a velocidade 1.

Ao mesmo tempo que é impresso pelo Monitor Serial (visto na Figura 13),
através de um cabo USB conectado ao Arduíno, os dados são enviados também para o
Middleware, um canal no Thingspeak™, e podem ser visualizados via Web, como
mostrado na Figura 14. Vale observar que a medida utilizada no gráfico está em
milliàmperes.

Figura 13: Correntes Medidas.


Figura 14: Canal Preenchido.

Como ocorre uma quantização do sinal analógico para transformá-lo em digital,


pequenas variações de correntes podem significar uma variação maior do que o valor
realmente captado, isso ocorre devido ao erro de quantização. Por exemplo, o ventilador
utilizado no experimento possui uma potência de 80W, sendo assim, pela fórmula da
potência conhecida como:

P=V ×I ,

Pode-se concluir que, sabendo que a tensão residencial na região de Fortaleza é


de 220V, e a potência máxima do ventilador é de 80W, a corrente máxima consumida
pelo ventilador é de 363 mA. Porém esse valor não é possível ser mostrado devido a
quantização do sinal, já que o intervalo de 0 a 5 V são divididos em 1024 símbolos. Por
isso, a corrente captada enquanto o ventilador estava ligado na sua velocidade máxima,
mede entre 370mA e 350mA. O erro de quantização nesse caso foi de no máximo 13
mA, o que resulta em uma margem de erro de quantização de 3,5%. Um número
relativamente baixo nosso tipo de utilização.
4.2 Medições DC

Para medições do tipo DC, foi utilizado uma fonte de 24V DC e um motor da
Bosch, modelo F006wm0310, ilustrado na Figura 15. O ACS712 foi então conectado
em série entre a fonte de 24V e o motor. O código foi alterado para que seja considerado
a tensão de pico como tensão eficaz. O interessante de utilizar esse motor é que a
corrente é alterada à medida que o motor tenta manter sua velocidade de rotação. Uma
vez exercida uma força para tentar parar o motor, a corrente de operação do motor
aumenta, na tentativa de manter a velocidade de rotação constante. Com isso, gerando
alterações nas correntes captadas, facilitando o estudo.

Figura 15: Motor F006wm0310.

As correntes medidas neste experimento sofre mais alterações pois elas


dependem apenas da força exercida sobre o motor. O motor em sua rotação normal gera
uma corrente em torno de 500mA. As outras correntes captadas acima desse valor, são
referentes a corrente captada enquanto o motor estava sob alguma força humana, como
mostrado na Figura 16.
Figura 16: Correntes DC.

Com isso é mostrado a eficiência do sistema tanto para dispositivos que utilizam
corrente alternada quanto para os que utilizam corrente contínua. A comunicação com o
Middleware Thingspeak™ mostrou bastante precisão, com uma forma simples e
organizada que são apresentados os dados coletados pelo sensor, além da fácil
configuração dos canais. A clareza demonstrada pelo Middleware é um fator
estimulante que impulsiona o crescimento da popularização do conceito de IoT.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo serão apresentados a conclusão do trabalho desenvolvido e os


futuros trabalhos que estão planejados, tomando como base este já estudado. Estes
assuntos serão divididos em tópicos e detalhados de forma organizada ao longo do
capítulo.

5.1 Conclusão

O trabalho realizado apresentou resultados esperados ao que foi pesquisado,


mostrando que é um método muito eficiente e simples, facilitando o monitoramento de
consumo de eletricidade em uma residência, podendo ser utilizado para reduzir o
consumo exagerado e/ou desnecessário, evitando desperdícios.

O sistema de medição de corrente pode ser ligado em série em qualquer carga da


residência, e com o Arduíno conectado à Internet, os dados serão coletados e poderão
ser acessados a qualquer instante pelo usuário. Quem estiver utilizando o sistema deve
definir no código para medir correntes do tipo AC ou do tipo DC. O usuário deve
também, através do código, alterar a sensibilidade, caso queira alterar o ACS712 com
alcance de corrente diferente.

Mesmo com erros de quantização esperados, a eficiência e estabilidade do


sistema alcança o objetivo do trabalho, que é fazer medições periódicas de corrente em
uma rede elétrica residencial, para que se possa gerar uma ideia generalizada sobre o
consumo em um determinado período. Essa ideia pode contribuir na fiscalização da
cobrança realizada pelo fornecedor de energia elétrica.
5.2 Trabalhos Futuros

Como possíveis trabalhos futuros, pode-se considerar:

 Um sistema para calcular a potência consumida, através da adição de um


sensor de tensão;
 A adição de um display que possibilite a visualização da corrente medida em
tempo real;
 Adição de um alarme que notifique o usuário quando o consumo de energia
atual extrapole o consumo “ideal”;
 Desenvolvimento de um software Web/Mobile para acompanhamento online
em paralelo com o Middleware.
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