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CAPES 13/02/20 17:05

Periódicos
CAPES/MEC
Como escrever um artigo científico é uma dúvida muito comum entre
estudantes de graduação e de pós-graduação. Afinal, a publicação de
artigos faz parte do cotidiano de quem trabalha com Ciência, e tem sido
motivo de muita pressão para estudantes e pesquisadores.

Mas antes de começar a discussão sobre como escrever um artigo


científico, faz-se necessário dois avisos:

1. A estrutura de artigo científico adotada neste texto é mais adequada às


pesquisas experimentais. As Ciências Sociais e as Ciências Humanas,
por exemplo, podem adotar estruturas e estilos de redação diferentes.

2. Não existem regras rígidas ou receitas prontas para escrever um artigo


científico. Utilize essa discussão apenas como ponto de partida e de
reflexão sobre a elaboração de trabalhos acadêmicos.

Para escrever um artigo científico de qualidade é preciso ter primeiro um


bom conhecimento sobre o método científico. Ao estudar determinado
tema, você encontrou um problema interessante. Fez uma revisão
bibliográfica e não encontrou a solução para este problema. Assim, você
decidiu encontrar uma resposta. Elaborou um projeto de pesquisa,
realizou a pesquisa e acredita ter encontrado uma solução adequada. Por
fim, é preciso divulgar sua descoberta à comunidade acadêmica, para
ser discutida e avaliada por outros cientistas (Barros e Lehfeld, 2007).

Esta última etapa é realizada por meio da publicação de artigos


científicos, e constitui o principal motivo para escrever um artigo
científico.

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É importante ressaltar que o “enriquecimento” do seu currículo na


Plataforma Lattes, a melhor classificação do seu Programa de Pós-
Graduação na Avaliação da Capes e uma eventual progressão funcional,
só para citar alguns exemplos, são apenas consequências naturais da
prática da Ciência de alto nível. Estes não são, portanto, bons motivos
para escrever um artigo científico.

Agora que você já sabe os motivos para escrever um artigo científico,


vamos às dicas.
Escolha o periódico antes de começar a escrever um artigo científico
Escolher a revista científica adequada para a publicação do seu artigo
antes de começar a escrevê-lo irá lhe poupar muito tempo em
adequações às normas e ao estilo da revista, pois o artigo já será escrito,
desde o início, de acordo com estes critérios (Perovano, 2014).

Além da economia de tempo, escrever o artigo de acordo com as


características e orientações do periódico científico desejado pode
aumentar consideravelmente as chances do artigo ser aceito para
publicação.

Para escolher a revista científica mais adequada para a submissão do seu


artigo, verifique entre as revistas que são referência na sua área, quais
publicam artigos com o mesmo enfoque da sua pesquisa. Informe-se
sobre a abrangência, considere as áreas de trabalho dos membros do
comitê editorial e conheça o público-alvo da revista. Assegure-se que o
problema e o tipo de pesquisa do seu trabalho estão de acordo com o
escopo da revista.

Procure o Fator de Impacto da revista para ter uma noção do grau de


novidade esperado para o artigo. O Fator de Impacto pode ser
consultado no Journal Citation Reports (com o acesso via proxy ao Portal
de Periódicos da Capes ou de um computador de uma instituição

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conveniada, clique em “establish a new session“). Verifique também a


classificação do periódico no Qualis da Capes.

Faça uma média do intervalo de tempo decorrido entre a submissão e a


publicação dos artigos publicados nos últimos números da revisa. Por
fim, observe se existe a cobrança de taxa de submissão, e se será
possível arcar com as despesas de submissão e, eventualmente, de
tradução do artigo.

Após escolher o periódico científico, leia atentamente os últimos artigos


publicados, repare na forma de apresentação das informações, gráficos
e tabelas; leia também a página “instruções aos autores“, verifique o
formato das citações e das referências bibliográficas, as normas
editoriais e os critérios de avaliação dos artigos (Santos, 2015).

A sequência da redação não precisa ser a mesma das seções do artigo


Embora a maioria dos artigos obedeçam a uma sequência padrão
(Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões e
Referências Bibliográficas), a redação do artigo não precisa
necessariamente seguir essa mesma ordem.

Alguns autores sugerem que você comece a escrever um artigo científico


pelos objetivos e pelas conclusões do trabalho, de acordo com a análise
crítica dos resultados encontrados. Desta forma, é possível ter uma visão
clara da pergunta que você gostaria de responder com a sua pesquisa
(objetivos) e quais respostas você encontrou (conclusões). As
conclusões são o ponto forte do seu estudo e o guia para a estruturação
do texto. Com as conclusões em mente, será mais fácil identificar e
discutir os resultados que sustentam essas conclusões (Medeiros e
Tomasi, 2008).

Já outros autores acreditam que seja melhor começar a escrever um

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artigo científico pelo seu resumo. Com isso, você não iniciaria a redação
de um artigo científico antes de ter uma noção clara do que pretende
escrever (Aquino, 2012).

Mas a forma mais produtiva de escrever um artigo científico é começar


pelas partes com as quais você se sente mais confortável. E você pode
escrever outras partes do artigo à medida em que pensa nelas.

Em algum momento, você estará escrevendo em várias sessões. Desta


maneira, você baseia sua construção naqueles aspectos do seu estudo
que lhe parecem mais interessantes. Ou seja, pense naquilo que
interessa a você, comece escrevendo sobre isso e então prossiga
construindo a partir daí.

Para não perder a sequência lógica entre os assuntos de uma seção do


artigo, faça em uma folha à parte um roteiro prévio, elencando as
informações e discussões que aquela seção deverá conter, e a ondem
em que elas aparecerão no texto.

A redação do artigo científico


1. Introdução
A introdução, como o próprio nome sugere, serve para introduzir o leitor
ao tema da pesquisa, ao problema estudado, aos principais conceitos
envolvidos e aos trabalhos já realizados até o momento. É aquela seção
em você “vende o seu peixe“, esclarece a importância da pesquisa e a
relevância para a área. Faça uma descrição sucinta de pesquisas
anteriores. No último parágrafo, comece por ressaltar o ineditismo da
pesquisa e descreva claramente o objetivo proposto para a pesquisa
(Santos, 2015).

Embora esteja disposta nas páginas iniciais de um artigo científico, a


introdução é mais facilmente elaborada quando a discussão e as

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conclusões já tiverem sido redigidas, ou seja, quando já se tem uma


visão do conjunto do trabalho. O texto de introdução, além de bem
escrito, deverá se constituir em um convite atrativo para a continuidade
da leitura do artigo. Alguns poucos parágrafos serão suficientes (Matias,
2012).

Uma maneira prática de saber se a introdução de um artigo científico


ficou bem redigida é apagar a parte dos objetivos da pesquisa e entregar
o texto de introdução para outra pessoa que também seja da área ler. Se
ao ler apenas a introdução, a pessoa conseguir acertar qual problema de
pesquisa foi estudado, parabéns! Você fez um excelente trabalho!

Estrutura básica:
– Antecedentes do problema.
– Descrição do problema.
– Trabalhos já realizados.
– Aplicabilidade e originalidade da pesquisa.
– Objetivo (problema de pesquisa).

Erros comuns:
– Orientação mais empírica que teórica.
– Introdução muito longa, incluindo trechos que poderiam ser melhor
utilizados na discussão.
– Detalhes excessivos na descrição de estudos prévios.
– “Reinvenção da roda”, especialmente na primeira sentença ou
parágrafo.
– Omissão de estudos diretamente relevantes.
– Terminologia confusa.
– Citações incorretas.

2. Material e métodos
Se você preparou um projeto de pesquisa detalhado, agora será

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recompensado! Pegue o projeto e comece a conferir a seção “material e


métodos”. Troque o tempo do verbo, do futuro para o passado, e então
faça as inclusões ou mudanças de maneira que essa seção reflita
verdadeiramente aquilo que você realizou em sua pesquisa.

A seção “material e métodos” deve possibilitar ao leitor avaliar o


delineamento da pesquisa, o tamanho da amostra e como ela foi
determinada, os materiais e procedimentos utilizados, as variáveis
analisadas e as análises estatísticas realizadas. Questões éticas ou de
consentimento, quando necessárias, também devem ser informadas. As
informações dessa seção são fundamentais para compreender os
resultados encontrados, pois revelam a forma como eles foram obtidos, e
possibilitam a replicabilidade da pesquisa (Lakatos e Marconi, 2010).

Estrutura básica:
– Local e condições experimentais.
– Delineamento e tratamentos.
– Controle das condições experimentais.
– Variáveis (avaliações).
– Análise estatística.

Erros comuns:
– Informação inadequada para avaliação ou replicação.
– Descrições detalhadas de métodos padronizados e publicados.
– Deixar de explicar análises estatísticas não usuais.
– Participantes muito heterogêneos.
– Medidas não validadas; de confiabilidade fraca ou desconhecida.

3. Resultados
Na apresentação dos resultados, gráficos e figuras geralmente facilitam
a observação dos efeitos, se comparados com as tabelas. Entretanto, as
tabelas levam vantagem quando valores numéricos específicos são

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importantes. Nestes casos, artigos com tabelas irão obter um maior


número de citações, porque outros pesquisadores podem usar seus
dados como base de comparação (Vianna, 2001).

Procure promover descrições claras e organizadas dos resultados, sem


repetir no texto os dados já expostos em gráficos e tabelas. Ao escrever
um artigo científico, inclua na redação final apenas os resultados que são
necessários para a corroboração de suas conclusões (Andrade, 2014).

Estrutura básica:
– Resultados da análise estatística.
– Estatísticas descritivas (médias, desvio padrão e correlações)
– Estatísticas inferenciais
– Relatar a significância e a amplitude dos dados.
– Análises adicionais (usualmente post hoc).

Erros comuns:
– Tabelas e figuras complexas, incompreensíveis.
– Repetição dos dados no texto, nas tabelas e nas figuras.
– Não utilizar o mesmo estilo de redação da introdução e do material e
métodos.
– Não apresentar os dados prometidos na seção material e métodos.
– Análise estatística inadequada ou inapropriada.

4. Discussão
A discussão é a parte mais complexa e mais difícil de escrever em um
artigo científico. Deve ser redigida com a finalidade de apresentar e
interpretar conclusões, enfatizar os resultados mais importantes e
comparar os resultados obtidos na sua pesquisa com os resultados
obtidos por outros pesquisadores (Medeiros e Tomasi, 2008).

Estrutura básica:

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– Relacionar os resultados com as hipóteses.


– Interpretações: esperadas versus alternativas.
– Implicações teóricas, para a pesquisa e para a prática.
– Limitações do estudo: aproximação com o estudo ideal.
– Confiança estimada das conclusões.
– Explicitação de possíveis restrições para as conclusões.
– Identificação de procedimentos metodológicos pertinentes aos
resultados.
– Recomendações para pesquisas futuras.

Erros comuns:
– Repetição da introdução.
– Repetição dos resultados.
– Discussão não baseada nos propósitos do estudo.
– Não esclarecer as implicações teóricas e práticas dos resultados.
– Discussão não baseada nos resultados.
– Hipóteses não discutidas explicitamente.
– Apresentação de novos dados.
– Repetição da revisão da literatura.
– Especulações não fundamentadas.
– Recomendações não baseadas nos resultados.

5. Conclusões
Ao escrever as conclusões da sua pesquisa, certifique-se de apresentar
realmente apenas conclusões. Pode parecer um pouco óbvio, mas essa
seção muitas vezes é utilizada, de maneira equivocada, para meramente
reafirmar os resultados da pesquisa. Não faça o leitor perder tempo: ele
já leu os resultados e a discussão. Agora, nas conclusões, quer entender
de forma clara a solução do seu problema de pesquisa.

Após elaborar as conclusões, critique-as e procure derrubá-las. As


conclusões que você não conseguir derrubar serão a base de seu artigo.

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Limite-se às conclusões que têm embasamento nos resultados que você


obteve e que respondem às questões da pesquisa, ou seja, que estão de
acordo com os objetivos (Vianna, 2001).

Não se pode esquecer que as conclusões, como produto final de uma


pesquisa, devem ser consideradas provisórias e aproximativas. Por mais
brilhantes que sejam, em se tratando de Ciência, as conclusões podem
superar o conhecimento prévio e, por sua vez, também podem ser
superadas com o avanço do conhecimento (Aquino, 2012).

Últimas sugestões
– Faça um título curto, que chame a atenção e que, além de tudo, reflita o
tema principal do artigo. Lembre–se que muitos artigos não são lidos
porque os leitores não se interessaram pelo título.

– Procure utilizar a fórmula “sujeito + verbo + predicado” (SVP) para


construir suas frases. Utilizar esta fórmula simples para escrever um
artigo científico torna o texto mais claro, encurta as sentenças e diminui
a possibilidade de cometer erros de concordância, entre outras
vantagens.

– Mantenha suas sentenças curtas. Para isso, a solução é simples: abuse


dos pontos finais, pois eles são gratuitos, não estão ameaçados de
extinção e organizam seu texto. Sentenças longas exigem o uso
excessivo de recursos como vírgulas, dois pontos, pontos e virgulas,
travessões e parênteses, além de tornar a leitura cansativa.

– Ao escrever um artigo científico, cada palavra deve traduzir exatamente


o pensamento que se deseja transmitir, ou seja, não deve haver margem
para interpretações. Evite utilizar linguagem muito rebuscada ou termos
desnecessários.

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– Um bom artigo científico deve ter quantas páginas? Apenas as


necessárias! Prefira qualidade ao invés de quantidade. De maneira geral,
os editores de revistas científicas preferem artigos inovadores e
concisos.

– Ao terminar de escrever um artigo científico, espere alguns dias antes


de submetê-lo ao periódico selecionado. Depois de alguns dias sem
pensar no assunto, faça uma revisão do artigo.

Fonte: posgraduando.com

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