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História do Surrealismo

Em 1929, os surrealistas publicam um segundo manifesto e editam a revista A


Revolução Surrealista. Entre os artistas ligados ao grupo em épocas variadas
estão os escritores franceses, Antonin Artaud (1896-1948), também
dramaturgo, Paul Éluard (1895-1952), Louis Aragon (1897-1982), Jacques
Prévert (1900-1977) e Benjamin Péret (1899-1959), que viveu no Brasil. Entre
os escultores encontram-se os italianos Alberto Giacometti (1901-1960), o
pintor italiano Vito Campanella (1932), assim como os pintores
espanhóis Salvador Dali (1904-1989), Juan Miró (1893-1983) e Pablo Picasso,
o pintor belga René Magritte (1898-1967), o pintor alemão Max Ernst (1891-
1976) e o cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983).
Nos anos 30, o movimento internacionaliza-se e influencia muitas outras
tendências, conquistando adeptos em países da Europa e nas Américas, tendo
Breton assinado um manifesto com Leon Trotski na tentativa de criar um
movimento internacional que lutava pela total liberdade na arte - FIARI:
o Manifesto por uma Arte Revolucionária Independente.
No Brasil, o surrealismo é uma das muitas influências assimiladas
pelo modernismo.

Década de 1930
Salvador Dalí e René Magritte criaram as mais reconhecidas obras pictóricas
do movimento. Dalí entrou para o grupo em 1929, e participou do rápido
estabelecimento do estilo visual entre 1930 e 1935.
O surrealismo como movimento visual, tinha encontrado um método: expor a
verdade psicológica ao despir objectos ordinários de sua significância normal, a
fim de criar uma imagem que ia além da organização formal ordinária.
Em 1932, vários pintores surrealistas produziram obras que foram marcos da
evolução da estética do movimento: La Voix des Airs, de Magritte, é um
exemplo deste processo, onde são vistas três grandes esferas representando
sinos pendurados sobre uma paisagem. Outra paisagem surrealista deste
mesmo ano é Palais Promontoire, de Tanguy, com suas formas líquidas.
Formas como estas se tornaram a marca registrada de Dali, particularmente
com sua obra A Persistência da Memória, na qual relógios de bolso derretem.

Segunda Guerra Mundial


António Domingues, Fernando Azevedo, António Pedro, Vespeira, Moniz
Pereira – Cadavre Exquis, 1948, óleo sobre tela, 150 x 180 cm
A Segunda Guerra Mundial provou ser disruptiva para o surrealismo. Os
artistas continuaram com as suas obras, incluindo Magritte. Muitos membros do
movimento continuaram a corresponder-se e a encontrar-se. Em 1960,
Magritte, Duchamp, Ernst e Man Ray encontraram-se em Paris. Apesar de Dali
não se relacionar mais com Breton, ele não abandonou os seus motivos dos
anos 30, incluindo referências à sua obra "Persistência do Tempo" numa obra
posterior.
O trabalho de Magritte tornou-se mais realista na sua representação de objetos
reais, enquanto mantinha o elemento de justaposição, como na sua
obra Valores Pessoais (1951) e Império da Luz (1954). Magritte continuou a
produzir obras que entraram para o vocabulário artístico, como Castelo nos
Pireneus, que faz uma referência a Voix de 1931, na sua suspensão sobre a
paisagem. Algumas personalidades do movimento Surrealista foram expulsas e
vários destes artistas, como Roberto Mattam continuaram próximos ao
surrealismo como ele mesmo se definiu.

Surrealismo em Portugal

1ª Exposição dos Surrealistas, 1949


O surrealismo surge nos horizontes culturais portugueses a partir de 1936, "em
experiências literárias «automáticas» realizadas por António Pedro e alguns
amigos".[1] Em 1940 o mesmo António Pedro expõe com António Dacosta (e
Pamela Boden): " A exposição reunia dezasseis pinturas de Pedro, dez de
Dacosta e seis esculturas abstratas de Pamela Boden [...]. O surrealismo de
que se falara até então vagamente, desde 1924, [...] irrompia nesta exposição,
abrindo a pintura nacional para outros horizontes que ali polemicamente se
definiam".
Grupo Surrealista de Lisboa
Em 1947 Cândido Costa Pinto, que desde 1942 seguia uma linha estética
surrealista, contacta, em Paris, com o recém-organizado Grupo
Surrealista; André Breton sugere-lhe a organização de um grupo idêntico em
Portugal. É deste desafio que irá nascer o "Grupo Surrealista de Lisboa".
"Vespeira, Fernando Azevedo, António Domingues e João Moniz
Pereira, [...] os poetas Mário Cesariny de Vasconcelos, [...] Alexandre
O'Neill e José Augusto França [...] constituíram o núcleo inicial do movimento
aglutinado em Outubro de 1947 e que logo contou com a colaboração e
animação de António Pedro. [...] O primeiro ato do grupo ainda em formação foi
romper com Cândido Costa Pinto", por ter exposto uma pintura nas salas
do SNI.[3]
A primeira e única exposição do grupo teve lugar em 1949. Participaram
António Pedro, António Dacosta, Fernando Azevedo, Moniz Pereira, Vespeira,
Alexandre O'Neill, e José Augusto França, além de dois Cadavre Exquis de
Vespeira e Fernando Azevedo e outro, de grandes dimensões, de António
Domingues, Fernando Azevedo, António Pedro, Vespeira, Moniz Pereira. A
exposição foi motivo de escândalo e alvo de ameaças policiais. A primeira
proposta de capa do catálogo, que pretendia inserir-se na campanha eleitoral
de Norton de Matos (de oposição ao regime de Salazar), foi proibida pela
censura. A iniciativa agitou o meio artístico lisboeta que, no mesmo ano e no
seguinte, teve mais duas exposições da índole semelhante, realizadas por um
grupo dissidente, Os Surrealistas, composto por Mário Cesariny, Cruzeiro
Seixas, Mário-Henrique Leiria, António Maria Lisboa, H. Risques Pereira,
Fernando José Francisco, Pedro Oom, João Artur da Silva, Carlos Eurico da
Costa, Fernando Alves dos Santos, António Paulo Tomaz, "com menor
interesse plástico embora notável proposição poética".[1]
A exposição do Grupo Surrealista de Lisboa e as restantes, de Os Surrealistas,
marcaram o fim do movimento, "ficando apenas os seus componentes em
ações pessoais e isoladas".[1]
Vespeira e Azevedo prosseguiram, ao longo de 1950 e 1951, uma obra
pictórica de qualidade, expondo em 1952 na Casa Jalco, ao Chiado: "uma
exposição de «óleo, fotografia, guache, desenho, ocultação, colagem, linóleo»
constituída por três «Primeiras exposições Individuais» de Fernando de
Azevedo, Fernando de Lemos e Vespeira", e que os artistas dedicaram ao
precursor do movimento, António Pedro.

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