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Internacional Situacionista

A Internacional Situacionista (IS) foi um movimento internacional de


cunho político e artístico. O movimento IS foi ativo no final da década de 1960 e
aspirava por grandes transformações políticas e sociais. A primeira IS foi
desfeita após o ano de 1972[1].

História
O movimento surgiu na vila italiana de Cosio di Arroscia, Liguria, em 28 de
julho de 1957 com a fusão de várias tendências artísticas, que se auto definiam
a vanguarda da época: Internationale lettriste, o International movement for an
imaginist Bauhaus e a London Psychogeographical Association. Esta fusão
incluiu influências adicionais do movimento COBRA, dadaísmo, surrealismo,
e Fluxus, e foi inspirado pelo comunismo de conselhos e pela Revolução
Húngara de 1956.
Os mais famosos membros do grupo eram Raul Vaneigem e o francês Guy
Debord, que tendiam a polarizar as opiniões. Apesar de Vaneigem ter saído da
Internacional Situacionista, expulso por Debord, suas contribuições vão além
das artes e do urbanismo. Em seu livro "A Arte de Viver para as Novas
Gerações", publicado em 1967, todos os pilares desta sociedade são
questionados. A inversão da perspectiva foi sistematicamente exposta como o
momento em que a subversão constrói um novo mundo.
Quanto a Debord, alguns o descreviam como aquele que deu a clareza
intelectual ao movimento; outros diziam que ele exercia controle ditatorial sobre
a escolha dos membros e desenvolvimento do grupo, enquanto outros
acreditavam que ele era um bom escritor, mas um pensador secundário. De
todo modo, não há dúvida de que foi um grande ativista político. Tanto seus
filmes quanto o seu livro "A Sociedade do Espetáculo" (1967) tiveram grande
repercussão no cenário político francês e europeu.
Dentre os membros da IS destacam-se: o escritor ítalo-escocês Alexander
Trocchi, o artista inglês Ralph Rumney (único membro da London
Psychogeographical Association, expulso logo após a formação da IS), o
artista escandinavo Asger Jorn, o veterano da revolução húngara Attila
Kotanyi e a escritora francesa Michèle Bernstein.
De uma forma ou de outra, as correntes que precederam a IS viam no seu
propósito a redefinição radical do papel da arte no século XX. Os próprios
"situacionistas" tinham um ponto de vista dialético, assumindo a tarefa de
"superar" a arte, abolindo a noção de arte como uma atividade especializada e
separada e transformando-a naquilo que seria parte da construção da vida
cotidiana.
Do ponto de vista situacionista, a arte ou é revolucionária ou não é nada. Desta
forma, os situacionistas se viam como os responsáveis por completar o
trabalho dos dadaístas e surrealistas, enquanto aboliam os dois movimentos. A
despeito disso, os situacionistas respondiam a pergunta "O que é
revolucionário?" de maneiras diferentes em momentos diferentes.
Mas se no início a ideia era criticar a arte, já nos primeiro números da revista, a
compreensão era de que a superação da arte só viria pela transformação
ininterrupta do meio urbano. Não era construir cidades ideais, como Jorn
pensou por muito tempo, mas fazer do urbanismo e da arquitetura ferramentas
de uma revolução do cotidiano. Essas ideias surgiram quando do esgotamento
das discussões da Internacional Letrista - grupo de que Debord participou
antes da IS. Destas pesquisas sobre arte e urbanismo, resultaram
a psicogeografia e seu procedimento de pesquisa - a deriva.
A IS sofreu divisões e muitos membros foram expulsos desde o seu início. Uma
dessas divisões resultou na criação de dois grupos: a seção parisiense, que
manteve o nome original, e a seção alemã conhecida como Segunda
Internacional Situacionista que se organizou sob o nome de Gruppe SPUR.
Enquanto a história da IS foi marcada por um ímpeto de revolucionar a vida, a
separação entre franceses e alemães marcou a transição de uma
visão artística da revolução para uma visão claramente política.
Aqueles ligados à visão artística viam na evolução da IS o surgimento de uma
organização enfadonha e dogmática, enquanto aqueles que seguiram a
visão política viram os acontecimentos de maio de 1968 como uma
consequência lógica da abordagem dialética da IS: enquanto enfrentavam a
sociedade atual, eles buscavam uma sociedade revolucionária que poderia
incorporar as tendências positivas do desenvolvimento capitalista.
A "realização e supressão da arte" é simplesmente a mais desenvolvida das
"superações" que a IS buscou por anos. Para a Internacional Situacionista de
1968, o triunfo mundial dos conselhos de trabalhadores levaria a todas as
superações.
Maio de 1968
Ver artigo principal: Maio de 1968

Um importante evento que conduziu ao Maio de 1968 foi o chamado


"Escândalo de Estrasburgo". Um grupo de estudantes utilizou fundos públicos
para publicar um panfleto com um libelo da IS, "A miséria do meio estudantil".
O panfleto circulou em milhares de cópias e fez os situacionistas conhecidos
por toda esquerda não stalinista.
As ocupações de 1968 começam na Universidade de Paris em Nanterre e
chegam até a Sorbonne. A polícia tentou desocupar a Sorbonne e acabou
iniciando um distúrbio. Em seguida uma greve geral foi declarada com a
participação de até 10 milhões de trabalhadores. A IS originalmente participou
das ocupações da Sorbonne e defendeu as barricadas nos distúrbios. Também
distribuiu chamados para ocupação de fábricas e para a formação de
conselhos de trabalhadores mas, desapontada com os estudantes, deixou a
universidade para criar o C.M.D.O., um "Conselho para Manutenção da
Ocupação" que distribuiu as demandas da IS numa escala muito maior. O
governo e as uniões sindicais chegaram a um acordo mas nenhum trabalhador
voltava ao trabalho. A greve terminou somente quando o presidente Charles de
Gaulle colocou as forças armadas nas ruas de Paris. Logo após, a polícia
retomou a universidade Sorbonne e o C.M.D.O. foi dissolvido.

Ideias da Internacional Situacionista

• A sociedade do espetáculo: "Nós vivemos em uma sociedade do


espetáculo, isto é, toda a nossa vida é envolta por uma imensa acumulação
de espetáculos. As coisas que eram vivenciadas diretamente agora são
vivenciadas através de um intermediário. A partir do momento que uma
experiência é tirada do mundo real ela se torna um produto comercial.
Como um produto comercial o "espetacular" é desenvolvido em detrimento
do real. Ele se torna um substituto da experiência." - Tradução de trecho do
livro 'Spectacular Times' de Larry Law.
"O espetáculo não é uma coleção de imagens, mas uma relação social
entre pessoas, intermediada por imagens… O espetáculo em geral,
como uma concreta inversão da vida, é um movimento autônomo do não
vivente… O mentiroso mentiu pra si mesmo" - Guy Debord
Os situacionistas argumentariam em favor da separação entre um
espetáculo "falso" e a "verdadeira" vida cotidiana. Debord,
contrastando Hegel, diz que, dentro do espetáculo, "o verdadeiro é um
momento do falso". O espetáculo não é uma conspiração. Os
Situacionistas diriam que a sociedade chega ao nível do espetáculo
quando praticamente todos os aspectos da cultura e experiência são
intermediados por uma relação social capitalista.

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