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Vitória
2020
JOÃO PAULO BORGES THOMAZ
Vitória
2020
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)
COMISSÃO EXAMINADORA
MARCIO ALMEIDA Assinado de forma digital por
MARCIO ALMEIDA CO:00095759794
CO:00095759794 Dados: 2020.10.26 13:46:41 -03'00'
Agradeço a Deus primeiramente que me deu sabedoria e paciência para a produção deste
trabalho. A minha família que soubera compreender os momentos difíceis da minha jornada e
sempre me apoiaram nestas horas.
Aos meus colegas do curso que sempre adicionaram conhecimentos e me ajudaram nas
interpretações do tema do meu trabalho. Ainda agradeço a todos os professores que
contribuíram com seus conhecimentos durante todo o curso, sendo essencial nesta caminhada.
Agradeço aos professores orientadores deste trabalho, pelo empenho e dedicação no decorrer
da elaboração da dissertação.
RESUMO
A recente crise econômica de estados e municípios com severos cortes e contenções de gastos
públicos faz com que se busquem alternativas de redução de gastos que requerem soluções
eficientes no uso do dinheiro público. Nesse contexto, este trabalho aborda a temática eficiência
energética na solução de projetos sustentáveis nas edificações públicas utilizando ferramentas
de avaliação de sustentabilidade livres, sendo para este trabalho foi definido uso da ferramenta
ASUS – Avaliação da Sustentabilidade, desenvolvida pelo Laboratório de Planejamento e
Projetos (Souza, 2008), em uma unidade do Corpo de Bombeiros. A ASUS foi desenvolvida
no Estado do Espírito Santo (ES) usando características locais para avaliação da
sustentabilidade de edificações. O estudo de caso foi desenvolvido usando como base um
projeto padrão de uma unidade de atendimento do Corpo de Bombeiros Militar do ES com
características construtivas tradicionais e para contrapor, este autor realizou a mesma avaliação
considerando a aplicação dos índices de maior pontuação, presentando soluções dentro da
proposta que façam elevar e melhorar os resultados alcançados na avaliação original. O
resultado esperado da pesquisa é a difusão do uso de ferramentas livres para a avaliação de
sustentabilidade de projetos e edificações, além da busca de métodos construtivos mais
eficientes e de menor custo financeiro na execução para projetos públicos do Estado do ES.
The recent economic crisis of states and municipalities with severe cuts and restraints on public
spending has led to the search for alternatives to reduce spending that require efficient solutions
in the use of public money. In this context, this work addresses the theme of energy efficiency
in the solution of sustainable projects in public buildings using free sustainability assessment
tools, being for this work the use of the ASUS - Sustainability Assessment tool, developed by
the Planning and Projects Laboratory (Souza, 2008), in a unit of the Fire Department. ASUS
was developed in the State of Espírito Santo (ES) using local characteristics to assess the
sustainability of buildings. The case study was developed based on a standard design of a
service unit of the Military Fire Brigade of ES with traditional constructive characteristics and
to counteract, this author carried out the same assessment considering the application of the
highest scoring indexes, presenting solutions within of the proposal that elevate and improve
the results achieved in the original evaluation. The expected result of the research is the
dissemination of the use of free tools for assessing the sustainability of projects and buildings,
in addition to the search for more efficient and less costly construction methods in the execution
of public projects in the State of ES.
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7
2 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE ............................. 9
3 DIRETRIZES DE SUSTENTABILIDADE ................................................................... 9
4 FERRAMENTAS DE CERTIFICAÇÕES INTERNACIONAIS ................................ 12
4.1 BREEAM ...................................................................................................................... 12
4.2 AQUA-HQE ................................................................................................................. 12
4.3 LEED ............................................................................................................................ 13
5 FERRAMENTAS DE CERTIFICAÇÃO NACIONAL ............................................... 13
5.1 PROCEL EDIFICA ...................................................................................................... 13
6 FERRAMENTAS DE APOIO LIVRES ...................................................................... 14
6.1 SBTOOL ....................................................................................................................... 14
6.2 PROJETEEE ................................................................................................................. 15
6.3 ASUS ............................................................................................................................ 16
7 METODOLOGIA ......................................................................................................... 18
7.1 UNIDADE PADRÃO DO CORPO DE BOMBEIROS DO ES – CBMES ................. 18
7.1 análise comparativa com base nos critérios do tema “b” – consumo de recursos ........ 22
7.2 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA ASUS ................................................................. 23
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 24
8.1 PROPOSTA DE MELHORIA DOS INDICES ALCANÇADOS NO ESTUDO ........ 24
8.1.1 energia .......................................................................................................................... 24
8.1.2 materiais ........................................................................................................................ 26
8.1.3 água ............................................................................................................................... 30
9 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 35
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 38
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1 INTRODUÇÃO
Desde a crise energética da década de 1970 vem sendo desenvolvidas muitas pesquisas para
propor diretrizes que contribuam para a idealização de projetos e construções que gerem menos
impactos ambientais, econômicos e sociais. Nesse contexto, já na década de 1990, surgiram as
ferramentas de avaliação da sustentabilidade. Elas começaram a ser desenvolvidas por duas
razões principais: para verificar o real desempenho ambiental dos esquemas de certificação e
poderia configurar-se um meio eficiente de se melhorar o desempenho ambiental dos edifícios,
sejam eles novos ou existentes (Silva et al. 2003; Souza, 2008).
Atualmente as edificações públicas construídas pelo estado do Espírito Santo não utilizam
nenhum critério para avaliação da sustentabilidade do edifício, o que eleva o custo da edificação
pós-ocupação. Em geral, são utilizados “projetos padrão” que são inseridos em terrenos de
orientações solares distintas e climas diversos, que acaba por prejudicar o conforto térmico
destas construções e por consequência elevar os custos de refrigeração, principal agente no
consumo energético das edificações.
A eficiência energética em edifícios pode ser entendida como a obtenção de um serviço com
baixo consumo de energia, proporcionando as mesmas condições ambientais que outro
empreendimento, porém com menor gasto de energia (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA,
1997). Essa eficiência na construção civil pode ser obtida, por exemplo, por meio da concepção
arquitetônica e pela utilização de equipamentos eficientes. Na concepção arquitetônica, ou seja,
na determinação da configuração volumétrica dos edifícios, bem como na especificação dos
materiais e sistemas instalados, os projetistas possuem papel importante, tendo em vista que o
consumo de energia elétrica está diretamente relacionado ao desempenho dos edifícios
projetados. (LABORATÓRIO DE PLANEJAMENTO E PROJETOS, 2011).
É possível observar um esforço em propor políticas públicas relacionadas com a gestão eficiente
dos recursos. Um decreto recente, 4519-R de 14 de outubro de 2019, assinado pelo Governo do
Estado do Espírito Santo, por exemplo, obriga o uso de energia solar em novas edificações no
âmbito estadual. Esse decreto é um avanço para minimizar os impactos de consumo energético
nas edificações públicas, porém há necessidade de tratar o tema de forma mais ampla e trazer a
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proposta sustentável desde a concepção do projeto, fato que reduz os custos inclusive com
sistemas de energias renováveis possibilitando maior eficiência energética na edificação.
O Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) tem data de fundação de 1912 na
cidade de Vitória com intuito de atender a sociedade capixaba, foi ao longo do tempo
expandindo sua atuação para que outros municípios pudessem contar com os serviços prestados
pela corporação. Hoje atua em 17 cidades no estado do Espírito Santo e busca ampliar a área
de atendimento e consequentemente diminuir o tempo resposta, dando mais segurança para a
sociedade capixaba. Atualmente o CBMES replica um projeto padrão de base de atendimento
de bombeiros em regiões de Norte a Sul do Estado sem que haja parâmetro de avaliação da
implantação da edificação, tais como condições climáticas, culturais e sociais da localidade a
receber a unidade do CBMES. Tal atitude pode ser visto em outros órgãos da administração
pública que replicam edificação sem que haja um estudo técnico para sua implantação. Como
consequência, foi identificado a oportunidade de aplicar ferramentas de avaliação de
sustentabilidade a um desses projetos, usando a ASUS como ferramenta avaliativa.
Objetivo Geral: Propor alterações ao projeto padrão de uma unidade de atendimento do Corpo
de Bombeiros com vista a melhorar seus indicadores de sustentabilidade avaliando a edificação
com auxílio da aplicação da ferramenta ASUS.
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Objetivos Específicos:
A pesquisa foi feita a partir de livros, dissertações, artigos científicos e sites dos sistemas de
avaliação de sustentabilidade e ferramentas, que seguem:
BREEAM – http://www.breeam.org/index.jsp
AQUA – http://www.geaconstruction.com/
LEED – http://www.gbcbrasil.org.br/pt/index.php
PROCEL – http://www.procelinfo.com.br/main.asp
SBTool – http://www.iisbe.org/
PROJETEEE - http://projeteee.mma.gov.br/
ASUS - http://asus.lpp.ufes.br/
3 DIRETRIZES DE SUSTENTABILIDADE
A norma internacional ASTM E2114-01 Standard Terminology for Sustainability Relative t o
the Performance of Buildings – define edifício sustentável como aquele que oferece os
requisitos de desempenho próprios tanto para diminuir impactos ambientais quanto para
aprimorar o funcionamento local, regional e global dos ecossistemas, durante e após a
construção e vida útil. O uso de ferramentas de avaliação de sustentabilidade ajuda a fomentar
e propagar conceitos verdes que quando aplicados a edificações públicas promovem ganhos no
que tange economicidade do dinheiro público além de criar uma imagem positiva de
responsabilidade ambiental e social.
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Segundo Lamberts (2014), a arquitetura pode ser entendida como um atributo inerente a
edificação representante do seu potencial e possibilitar conforto térmico, visual e acústico aos
usuários com baixo consumo de energia. A questão é desmontar que a aplicabilidade de
conceitos sustentáveis tem maiores custos que os convencionais, pois considerando o pós-
ocupação a edificação verde tem custos operacionais mais baixos, consumo menor de energia
e água e consequentemente traz rapidamente vantagens aos usuários e tem valorização no
mercado. Nesse sentido, Gebrim (2013) afirma que em uma edificação sustentável, o retorno
financeiro está na durabilidade e conforto que edificação proporcionará aos usuários, bem como
na economia de recursos para o governo com a adoção de critérios que economizem e
racionalizem o consumo de recursos.
Corbela (2011) ainda cita que a edificação a ser construída deve prever medidas eficazes que
garantam o conforto ambiental da edificação que incluem os confortos térmicos, visual e
acústico sendo que esses três devem ser atendidos na sua totalidade ou o conceito de conforto
se perde na edificação.
Tabela 01 - Abertura para ventilação e sombreamento das aberturas para Zona Bioclimatica 8.
Como estratégia de manutenção do condicionamento térmico a NBR 15220 criou grupos para
indicar as medidas que cada local pode adotar para minimizar os efeitos do calor.
4.1 BREEAM
O primeiro e mais conhecido dos métodos de avaliação é o Building Research Establishment
Environmental Assessment Method (BREEAM). Lançado no Reino Unido em 1990, este
método, orientado ao mercado, atribui certificação de desempenho direcionada ao marketing
de edifícios e, por consequência, de projetistas e empreendedores (BALDWIN et al., 1998). Foi
a base para os diversos métodos orientados ao mercado que surgiram posteriormente, como o
HK-Beam e o Green Star. (SOUZA, 2008).
4.2 AQUA-HQE
A certificação AQUA-HQE deriva da HQE™ de origem francesa a certificação HQE ™ cobre
todo o ciclo de vida de um edifício (construção, reforma e operação): edifícios não residenciais,
edifícios residenciais e casas isoladas, bem como planejamento e desenvolvimento urbano.
4.3 LEED
A certificação LEED (Leadership in Energy & Environmental Design) foi desenvolvida em
1994 por um conselho aberto e voluntário em escala mundial, o USGBC (U.S. Green Building
Council), instituição composta por vários profissionais ligados ao setor da construção civil que
buscam promover edifícios sustentáveis, bem como lugares saudáveis para se viver e trabalhar.
6.1 SBTOOL
Desenvolvida pelo Sustainable Building Challenge (SBC), um consórcio internacional que teve
princípio em 1996, sendo financiado inicialmente pelo governo do Canadá, a ferramenta
SBTool possui a função primária de atuar como base metodológica e científica para que órgãos
e instituições locais de diversas partes do mundo desenvolvam sistemas de avaliação de
edifícios adaptados ao contexto de sua região. (SOUZA, 2008)
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Para esta pesquisa considerou-se o Maximum scope, que contém todos os critérios que foram
totalmente desenvolvidos com benchmarks e que podem ser efetivamente utilizados para
avaliações (Internacional..., 2012).
Atualmente o SBTool é gerido pela iiSBE – International Initiative for a Sustainable Built
Environment - é uma organização internacional sem fins lucrativos cujo objetivo geral é
facilitar e promover ativamente a adoção de políticas, métodos e ferramentas para acelerar o
movimento em direção a um ambiente construído sustentável global. O iiSBE possui uma
diretoria internacional de quase todos os continentes e um pequeno secretariado localizado em
Ottawa, Canadá. (IISBE..., acessado em 04 de jan. 2020).
SBTool por sua flexibilidade, abrangência, reconhecimento a nível internacional e por ser
considerada a base de outras ferramentas, como por exemplo a ASUS Avaliação da
Sustentabilidade desenvolvida pelo Laboratório de Planejamento e Projetos (Souza, 2008).
6.2 PROJETEEE
O Projeteee foi a primeira plataforma nacional que agrupa soluções para um projeto de edifício
eficiente, com intuito de dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo PROCEL/Eletrobrás
e a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. O Projeteee é uma ferramenta pública com
uma interface de fácil uso e possui mensalmente cerca de 20 mil acessos. Além de servir como
suporte didático a alunos dos cursos de Arquitetura, a plataforma possibilita que os profissionais
da construção civil integrem a seus projetos a variável da eficiência energética especialmente
através de elementos bioclimáticos, garantindo, além da redução da demanda energética, o
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conforto dos usuários no interior das edificações. Com a iniciativa de fomentar melhorias nas
práticas de uso dos recursos energéticos junto à sociedade, o Ministério do Meio Ambiente
(MMA), em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
executa o projeto “Transformação do Mercado de Eficiência Energética no Brasil”, apelidado
de Projeto 3E (Eficiência Energética em Edificações). O objetivo principal do projeto é
influenciar e desenvolver o mercado de eficiência energética em edificações comerciais e
públicas. (PROJETEEE..., acessado em 07 de fev. 2020).
O sistema apresenta uma interface simples e intuitiva que apresenta dados de mais de 400
cidades brasileiras o Projeteee que é uma parceria entre entes públicos e privados incluindo
Ministério do Meio Ambiente, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
e a UFSC. O programa aborda temas relacionados a aquecimento solar passivo, inercia térmica
resfriamento evaporativo sombreamento e ventilação natural.
6.3 ASUS
Nesse sentido, apresenta-se a Ferramenta ASUS, que tem por objetivo propor um sistema
adequado ao contexto do Espírito Santo – em seus aspectos ambiental, social, econômico e
cultural – para avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios em fase de projeto,
servindo como instrumento de auxílio aos projetistas que visam à proposição de edificações
mais sustentáveis.
A Ferramenta tem como base conceitual o SBTool, entretanto, também contém fundamentos
de outras ferramentas como Casbee, Breeam, Leed, Aqua, Hong Kong Building Assessment
Tool (HK-BEAM), Greenstar, entre outras (FERRAMENTA ASUS..., 2011).
Sendo a pesquisa financiada pelo Governo Estadual, por meio da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Espírito Santo – FAPES, a Ferramenta foi desenvolvida tendo como alicerce
conceitual a revisão de outras ferramentas e no esforço em adaptá-las às condições regionais
particulares, com ênfase para projetos de edifícios públicos e institucionais do Espírito Santo.
Dessa forma, vê-se neste instrumento o potencial para vir a fazer parte dos termos de referência
de licitação de projetos elaborados especialmente por órgãos públicos, com o intuito de projetar
edifícios mais eficientes e, a partir do uso público de tais edificações, incentivar práticas dessa
natureza (ASUS, 2011).
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Ressalta-se que a proposta da ASUS é de ser uma ferramenta livre, ou seja, cujo conteúdo deve
ser público e gratuito. Ainda cabe destacar que sua adoção não pressupõe uma certificação.
A ASUS foi formulada para ser adotada, principalmente, enquanto instrumento de orientação a
projetistas, passível de ser inserido na prática de projeto. Dessa forma, vê-se como principal
contribuição o fato de se alcançar, com a ASUS, um exequível método de avaliação de edifícios,
voltado inicialmente para o uso por projetistas e adequado à realidade nacional com ênfase para
as questões regionais, sem necessariamente estabelecer uma relação de dependência com os
idealizadores da ferramenta (ASUS, 2011).
A Asus adota o sistema de pontuação utilizado pelo SBTool, ou seja, o desempenho do edifício
é avaliado segundo uma escala com os níveis -1, 0, +3 ou +5, conforme mostra o quadro 1.
Quadro 1: Escala de graduação de desempenho ASUS.
Pontuação Desempenho Associado
-1 Prática negativa. Não atende ao desempenho mínimo esperado
Desempenho mínimo. Corresponde às normas, à legislação ou à prática
0 convencional
+3 Desempenho bom
+5 Prática de excelência
Fonte: Ferramenta ASUS (2011)
A estrutura geral da Ferramenta ASUS é dividida em seis temas. Cada tema é subdivido em
categorias, num total de dezoito, sendo algumas dessas divididas em subcategorias, de acordo
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7 METODOLOGIA
como é chamada se trata de uma edificação com dois pavimentos onde tem um uso misto, com
serviços administrativos e operacionais no atendimento às ocorrências. Atualmente são cerca
de 10 unidades já executadas e outras em fase de ajustes de projeto.
O projeto foi desenvolvido a partir de demandas coletadas pelo militar do Corpo de Bombeiros
Capitão Maria Cláudia Aquino Alcoforado Trindade, arquiteta e urbanista que já trabalha no
setor há mais de 10 anos, que definiu as condições básicas de funcionamento da Unidade
conforme proposta e anseios do alto comando da corporação. Na figura 02 temos a planta do
térreo que contempla parte destinada a garagem, academia e almoxarifado para as viaturas de
serviço operacional e do lado esquerdo a edificação se destina a parte de atendimento, serviços
administrativos. O pavimento superior, figura 03, pode ser dividido em duas partes também,
uma parte destina-se ao uso do serviço operacional de atendimento a ocorrências com
alojamentos, vestiários, cozinha, refeitórios e a outras 4 salas administrativas de comando.
Como pode ser visto grande parte da edificação é destinada ao uso do serviço operacional, que
configura escala de 24 horas de serviço no formato de prontidão.
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A proposta da edificação feita pelo setor de Projetos do CBMES contempla no seu escopo
algumas diretrizes sustentáveis desde a sua concepção em meados 2009. Entre elas a utilização
de vidros na fachada principal do tipo “insulado e laminado” que contam com um sistema duplo
de envidraçamento, os vidros insulados permitem a combinação de dois tipos de materiais
aproveitando as propriedades técnicas de cada um. Recebem dupla selagem: os vidros são
colocados a um perfil de alumínio, o que forma uma câmara de ar hermeticamente vedada.
Dessa forma, garantem conforto térmico e acústico nas áreas de aplicação. Outra aplicação na
edificação foi a de “brises metálicos”, que na figura 04 pode ser visto que sua aplicabilidade
promove ganhos no conforto ambiental, pois bloqueia parte dos raios solares evitando a
incidência direta na edificação sem interferir na ventilação e luminosidade do ambiente. Além
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disso, desde o início já havia previsão de instalação de placas fotovoltaicas, porém esbarrou na
burocracia e na redução de custos visto que o investimento era alto para a instalação e
manutenção do equipamento.
Figura 04: Detalhe brise metálico.
7.1.1 análise comparativa com base nos critérios do tema “b” – consumo de recursos
Seguindo os parâmetros adotados pela ASUS será aplicada a ferramenta desenvolvida por
(ALVAREZ, 2011) e equipe do Laboratório de Planejamento de Projetos da UFES a fim de
verificar os índices alcançados na edificação proposta pelo trabalho.
A avaliação em si é realizada por meio desta plataforma online onde os critérios são
apresentados sucintamente, com seus objetivos, recomendações e marcas de referência. Para
cada critério, com base nas marcas de referências definidas, o usuário/avaliador marca a opção
correspondente ao nível de desempenho alcançado no projeto e o próprio sistema realiza os
cálculos e ponderações para apresentação do resultado final. (LPP.UFES..., acessado em 24 de
fev. 2020).
Os dados avaliados da edificação geram dois formatos de gráficos, um radar e outro em barras
que indicam a pontuação de cada item e a pontuação geral da edificação de forma global. Esse
resultado facilita onde são os pontos de intervenção e suas particularidades quanto à aplicação
de medidas que visem aumentar a eficiência da edificação. Vale ressaltar que o trabalho propõe
a aplicação e avaliação da dimensão “b” da metodologia ASUS, que avalia as condições da
edificação no quesito materiais, energia e água.
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8 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como parte da proposta para melhoria dos índices da edificação com base nos índices
alcançados no item B – Consumo de Recursos – da ferramenta ASUS será proposto melhorias
no processo de concepção do projeto a fim de se alcançar índices desejáveis em matéria de
energia, uso de materiais e água.
Para melhor entendimento das propostas realizadas pelo autor cada subitem dos temas
ENERGIA, MATERIAIS E ÁGUA e apresentará propostas para implantação de ações que
visem atender os subitens do tema para que assim haja promoção da sustentabilidade na
edificação.
Os quadros são divididos em 5 colunas, sendo a coluna: 1) itens de cada tema; 2) critério
avaliado pela ASUS; 3) o que foi apresentado na proposta original; 4) proposta modificada para
alcance da pontuação mais alta; 5) ação a ser tomada para efetivação da pontuação máxima de
acordo com as diretrizes aplicadas pela ferramenta. Na coluna 3 – Proposta original – cada
item é avaliado se foi atendido, parcialmente atendido ou não atendido o critério máximo de
pontuação definido pela ASUS. Os critérios informados nos quadros a seguir são referenciais
da própria ferramenta ASUS que os usa para obtenção dos pontos da edificação.
8.1.1 energia
Para obter melhoria do indicador do tema energia, a própria ASUS estabelece orientações que
serão convertidas em propostas de melhorias para o projeto, descritas a seguir.
Quadro 4 : Análise critério Energia - ASUS
cobertura da
edificação.
EFICIENCIA Parcialmente Uso de Iluminação Na fase de
03 ENERGETICA atendido zenital na cobertura. projeto é
DETERMINADA Uso de brises possível prever
PELA solares, janelas o uso de
ENVOLTÓRIA com vidro iluminação
insulado, zenital na
iluminação zenital cobertura a fim
nas fachadas e de aumentar
uso de cores com distribuição da
níveis baixos de iluminação no
absortância. edifício.
estudo de
viabilidade.
Para o item relacionado a energia pode-se concluir que a elaboração de um estudo de viabilidade
que norteia as melhores ações pode ajudar a edificação nos índices na plataforma ASUS,
posterior ao estudo de viabilidade, as medidas podem ser aplicadas baseada no estudo e estas
medidas vão variar de acordo com o terreno escolhido, uso da edificação, entre outros critérios
definidos pela plataforma ASUS. O uso de medidas eficientes “padrão” para qualquer
edificação se torna inviável devido as especificidades de cada caso.
8.1.2 materiais
O tema de materiais deve ser tratado de forma singular, sendo esse essencial desde o processo
de preparo até o uso final. Este processo ainda pode ser incluído a destinação dos resíduos que
possam gerar este material. A análise do ciclo de vida da edificação se torna essencial para a
manutenção deste e minimizar intervenções que gerem resíduos que possam impactar no
ambiente.
Portanto, nesta categoria são apresentados alguns critérios que visam a auxiliar essa seleção de
materiais, de forma a buscar a minimização do consumo de recursos naturais ou o uso racional
deles, e suscitar a responsabilidade técnica, ambiental e socioeconômica dos projetistas na
especificação dos materiais. (ASUS, 2011)
Sabe-se que o atendimento das condições e materiais a serem utilizados na execução da obra já
devem ser inseridos durante a fase de concepção de projeto, onde já deve haver uma
preocupação com certificações ambientais e econômicas na especificação dos materiais.
Para atender a condição máxima para eficiência nessa dimensão as condições estão relacionadas
a algumas garantias que em geral não são simples de se alcançar nos processos de contratação
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pública, tais como materiais certificados ambientalmente, oriundos de reuso ou com adição de
resíduos, adquiridos na região entre outras. Serão apresentadas as possibilidades relacionadas
aos materiais.
Quadro 5 : Análise critério Materiais - ASUS
técnicas
construtivas
eficientes.
10 USO DE Não atendido Especificação do A utilização de
MATERIAIS Não houve memorial descritivo materiais de
RENOVÁVEIS OU possibilidade de e caderno de baixo impacto
DE BAIXO mensurar item por especificações o uso energético,
IMPACTO. não haver preferencial de aqueles
informações a materiais produzidos produzidos nas
respeito no nos limites da localidades
caderno de região. próximas ou de
especificação. baixo impacto
ambiental.
O resultado para o item materiais podemos verificar a importância de haver uma composição
completa na planilha com os objetivos de prever o uso de materiais reciclados, reutilizados e
certificados, garantindo assim o atendimento aos critérios da ASUS. Desde a concepção do
projeto estes materiais devem estar presentes visando a redução da carga térmica oriundas dos
materiais de construção, esquadrias, equipamentos e outros que venham a fazer parte da
construção da edificação.
8.1.3 água
Este tema se destaca pela busca de medidas que favoreçam o uso racional da água em tempos
de alterações climáticas que interferem distribuição de água para a população. As edificações
devem adotar medidas que levem em conta o aproveitamento da água, reuso e outros métodos
que visam a economia, devendo prever o uso de tecnologias que favoreçam o sistema da
edificação.
consumo que depende desta qualidade e o abastecimento geral não seja prejudicado. (ASUS,
2011).
Ainda não é prática comum em edifícios públicos o uso de fontes alternativas de água, sendo
que diante das condições climáticas cada dia mais adversas essa alternativa deve ser repensada
para reduzir custos e consumo de água advindas da rede pública e consequentemente de fontes
naturais. O tema busca essa interação através de medidas simples como estudos de viabilidade
que muitas das vezes não é considerado para implantação de um sistema de reuso de água. A
seguir será demonstrado de acordo com as diretrizes da ASUS as medidas no tema ÁGUA que
podem ser modificadas a fim de se obter pontuação máxima na ferramenta.
Quadro 6 : Análise critério Água - ASUS
Para o item Água aplica-se a mesma ação que foi encontrada no item Energia, ou seja, a
realização de estudos de viabilidade para que seja mensurado as melhores propostas que
atendam a edificação a ser construída.
onde será implantado a edificação até a manutenção da edificação pós ocupação, onde a escolha
dos materiais a serem implantados farão a diferença para que haja uma reciclagem destes em
caso de substituição, que tenham múltiplas funções na edificação e que possam ser adquiridos
nas proximidades reduzindo assim a carga energética da edificação.
Com as aplicações da proposta modificada, foi feito uma nova análise da edificação onde estas
medidas foram pontuadas e é possível verificar nas figuras 05 e 06 esses resultados como
interferem no resultado da avaliação da edificação. A pontuação obtida pelo tema B no projeto
original foi de 0,38 (figura 05) na escala da ASUS que confere a pontuação na escala de
graduação de desempenho (quadro 1) como “Desempenho mínimo. Corresponde às normas, à
legislação ou à prática convencional” e após a aplicação das melhores práticas sustentáveis a
pontuação foi para 4,82 que aproxima da “Prática de Excelência” na escala da ASUS, como
mostra a figura 06.
9 CONCLUSÃO
Os resultados encontrados na avaliação deste trabalho comprovam a eficiência do uso de
ferramentas de avaliação de sustentabilidade em edificações, sendo mais favorável na fase de
projeto que estas sejam aplicadas. Os índices obtidos pela edificação no projeto original ainda
sim configuraram a edificação em uma escala razoável e após aplicação foi verificado uma
melhora nos resultados. Algumas ações podem interferir na eficiência da edificação, como o
uso ou não dos brises a depender do local de implantação da edificação, a possibilidade de
ajustes das fachadas, invertendo quando necessário a posição da edificação ou até pensar em
ambientes modulares que podem ser alocados de acordo com o conforto ambiental que mais for
favorável.
No item Energia exposto no quadro 4 a conclusão que chegamos é que a implantação dos
estudos técnicos de viabilidade de implantação de sistemas de energia renovável já faz com a
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Para item Materiais, o quadro 5 mostra que a busca de fornecedores que trabalham com
materiais certificados e a especificação destes ainda na fase de projeto fazem com que este
quesito tenha bons índices quando avaliados na ferramenta e a posterior aplicação das medidas
conferem a edificação os melhores índices como podemos ver na figura 5 e 6.
Por fim a avaliação do quesito água segue o mesmo objetivo do item energia, dando ênfase no
uso de estudos de viabilidade na aplicação dos sistemas que poderão promover economia no
uso da água na edificação, aumento assim sua eficiência.
Diante dos resultados fica comprovado que não basta legislar a favor da obrigatoriedade de uso
de sistemas eficientes, sem que haja estudos de viabilidade que comprovem que a aplicação
pode trazer benefícios para a edificação. Apenas instalar um sistema de placas fotovoltaicas ou
de reuso de água pode trazer muitos custos e pouco retorno se não for avaliado tecnicamente
caso a caso.
Já não é de hoje que existem recursos que visam aumentar a eficiência energética na construção
civil, já que normativas começam a ser inseridas já a partir dos anos 90, porém ganharam força
na ultima década com as alterações climáticas causadas em grande parte pela ação do homem
que faz com que recursos naturais passem a torna-se escassos e insuficientes para abastecimento
da população global.
A ferramenta ASUS, desenvolvida com as condicionantes locais passa a ser uma ferramenta
importante na avaliação da sustentabilidade das edificações públicas, que mesmo não
conferindo certificação reconhecida pode ser um elemento de fomentação e busca de
certificações ambientais em nível nacional como a Procel Edifica e até internacionais como a
LEED, AQUA e outras citadas neste trabalho.
Nesse contexto a ferramenta ASUS se torna uma grande aliada na busca da promoção da
sustentabilidade em edificações públicas, num cenário econômico de crise e num cenário
ambiental de aumento da emissão de poluentes e escassez de recursos hídricos que pede cada
dia mais por medidas que atenuem essas interferências causados pelo inquilino do planeta Terra.
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REFERÊNCIAS
NEWSHAM, G.R.; Mancini, S.; Birt, B. Do LEED-certified buildings save energy? Yes,
but …Disponivel em http://irc.nrc-cnrc.gc.ca Acesso em 01/07/2019.