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Babadan lança “Anunciano” primeiro álbum da banda

O disco, divulgado no dia 10 de maio, tem 6 canções com características


marcantes da música afro-mineira

Por Sandrinha Flávia, Juventino Dias e Camilo Gan

O CD “Anunciano” da (o) Babadan Banda de Rua já está disponível em todas as


plataformas digitais. Esse é o primeiro projeto da banda mineira com direção
executiva de Raquel Franco, direção artística de Camilo Gan e Juventino Dias e
produção musical e arranjos de William Alves. Com sonoridade
predominantemente dos instrumentos de sopro, atabaques, djembes, dunduns,
enxadas e tambores utilizados no reinado afro-brasileiro de Minas Gerais, o álbum
chega como um lembrete da afro-descendência para o povo brasileiro.

ANUNCIANO corruptela proposital para a palavra “Anunciando” que significa


promover o conhecimento ou a divulgação de algo para alguém, tornar público.
Palavra que representa bem o fenômeno da etimologia e da linguística popular das
Minas Gerais. ANUNCIANO, flexão tipicamente mineira, e comumente utilizadas
em diversas outras frases e palavras desde o Brasil Colônia, pelos negros e povos
originários, como forma de proteger seus conhecimentos e crenças. Saberes que
numa cosmovisão afro-brasileira, são guardados e anunciados pelos encantados
das falanges de Preto Velho e de Caboclos.

ANUNCIANO é a ancestralidade em seu canto de identidade, é luz sob a égide do


caboclo, é o direcionamento através do patrono Candombe, é a preparação para o
Xirê, é a alvorada que antecede o início dos festejos do Congado, é o suspense
criado no rufar dos tambores ANUNCIANO a passagem da Banda.

ANUNCIANO reverencia a sapiência passada oralmente pelas Mães e Pais de


Santo, pelas Mestras e Mestres da cultura popular. É combate ao preconceito
étnico-racial, é música alicerçada na coletividade, na afro-mineiridade, na troca de
saberes, na valorização do que cada integrante carrega na bagagem. É
entendimento que o aquilombamento é uma necessidade histórica, um chamado,
uma reconexão com a ancestralidade para atuar no presente!
As gravações do álbum ocorreram entre os meses de Outubro e Novembro de
2019.

A faixa título do álbum, Anunciano, foi composta para criar uma atmosfera de
“chegança” para o disco. Inicia-se ao toque mântrico do moçambique serra a baixo,
pouco depois une-se a esse toque um tema de abertura executado pelos
instrumentos de sopro; o cântico que se segue, tradicional da cultura Afro-Mineira,
traz versos de louvação, de benção e de permissão que simbolizam o caráter
religioso muito presente nas festas do Reinado Mineiro.

A segunda faixa, Capitão Du composta em homenagem ao Tubista, Professor,


Capitão de Congado Aldo Bibiano e sua família. Os “Bibianos” são uma das
principais famílias mantenedoras da festa e da tradição do Reinando de Nossa
Senhora do Rosário do bairro de Santa Efigênia na cidade de Brumadinho-MG. O
início da composição traz um teor apoteótico, observado na melodia dos trompetes
e fazendo alusão às clarinadas triunfais de reis e rainhas. O toque forte da música
se estabelece no ritmo do moçambique serra abaixo, o encontro dos tambores com
os instrumentos graves remetem ao caminhar de uma guarda de moçambique, e a
melodia traz o lamento dos cânticos entoados por essas guardas nas festas de
reinado.

A música Rosário dos Pretos I, divide-se em duas partes. A primeira, uma


homenagem aos pífanos dos ternos de caboclo e catopé, possui uma sessão
rítmica criada pela banda, misturando ao ritmo congo em compasso ternário uma
melodia principal que inicia-se como uma clarinada típica das Bandas de Minas. A
segunda parte a percussão executa um moçambique ternário, gerando uma
sobreposição rítmica com a melodia entoada pelos trompetes, lembrando o trote ou
a trotada dos Capitães das Guardas.

Já a canção Rosário dos Pretos II é uma homenagem aos famosos Dobrados.


Gênero musical muito tradicional e famoso no universo das Bandas de Minas. O
arranjador William Alves adaptou a forma tradicional aos toques de congado. A
Introdução e o Canto trazem o ritmo do congo, já a Ponte e o Forte trazem o ritmo
do moçambique. O Trio também traz o ritmo do moçambique más agora com o
caráter expressivo que os Congadeiros chamam de “bizarria”.

A penúltima faixa, Canção do Sal, primeiro grande sucesso de Milton Nascimento,


gravada em 1966 por Ellis Regina. Muito simbólica por trazer em sua letra reflexões
sobre a relação com o trabalho. O arranjo transforma a composição numa espécie
de suíte onde os ritmos do candomblé ditam o caráter expressivo de cada parte da
canção. Inicia-se ao toque do ijexá, tem seu ponto culminante com o toque vassi e
um pequeno trecho com um coro cantado que entoa o verso “trabaiano o sal
trabaia”. Essa faixa é uma tentativa ousada de propiciar o flerte dessa canção de
Milton com o universo sonoro do Candomblé.

O álbum finaliza com a canção, Deixa a Gira Girar. Essa canção, de domínio
popular, provém do universo do Candomblé de Caboclo, e ficou conhecida pela
adaptação gravada pelo grupo Os Tincoãs, em 1973. Inicia-se com uma melodia
misteriosa e imponente executada pelos trombones, soma-se a essa melodia os
trompetes e o acompanhamento de uma sessão rítmica utilizando os tambores
graves do Reinado Mineiro e as enxadas executando levadas rítmicas inspiradas
nos ternos de Catopé. Na sequência os trombones e o sax tenor iniciam a famosa
melodia da música, convidando os atabaques que chegam ao toque do adaró, na
sequência, a pulsação se converte para o toque do congo, do candomblé Bantu
Angola e em seguida pro toque da avamunha do Candomblé Nagô Vodum,
elevando a música ao seu ápice.

No Babadan antes da criação de novos arranjos, sejam eles autorais ou releituras,


boa parte do grupo se reúne para ser feito um estudo, uma curadoria sobre a
estética a ser escolhida. É um momento para pensar nos ritmos, na
instrumentação, na estética visual, na sonoridade, nas ferramentas tecnológicas,
no contexto político-social, no conteúdo educativo, dentre outras coisas. É
realizada uma grande pesquisa, uma verdadeira imersão acerca das principais
referências do grupo dentro do universo afro-brasileiro e da world music, com o
intuito de entregar um produto artístico contemporâneo e pop, com uma linguagem
que dialogue com os jovens e o com o público adulto, um produto que seja fiel ao
viés ideológico do coletivo, que tenha também um conteúdo afrobetizador e que
respeite a ancestralidade e a tradição.

A apresentação do álbum traz ainda um trecho do poema, Todas as Manhãs, de


Conceição Evaristo. O poema reforça a luta contra a opressão, a renovação da
esperança e dos sonhos:
“Todas as manhãs junto ao nascente dia

ouço a minha voz-banzo,

âncora dos navios de nossa memória.

E acredito, acredito sim

que os nossos sonhos protegidos

pelos lençóis da noite

ao se abrirem um a um

no varal de um novo tempo

escorrem as nossas lágrimas

fertilizando toda a terra

onde negras sementes resistem

reamanhecendo esperanças em nós.”

Conceição Evaristo

Para o arranjador e Diretor musical da banda William Alves, o Babadan é uma


família que conseguiu unir músicos de alto nível, “Me considero um artista de muita
sorte, em ter músicos de alto nível interpretando minhas composições e arranjos. As coisas
fluem com o Babadan, podemos dizer que somos uma família, que sempre busca
conhecimento com os mestres, o encontro de várias gerações, dito isso fica fácil e prazeroso
estar à frente da parte musical do grupo,” disse.

Sobre a banda

Desde 2018, Babadan Banda de Rua é presença marcante nos becos e vielas,
teatros, espaços culturais e carnavais de Belo Horizonte e região. A missão é
exaltar uma sonoridade afro-mineira e ao mesmo tempo, reforçar a necessidade do
aquilombamento e reconexão com a ancestralidade.

O Babadan está ligado umbilicalmente ao Bloco Afro Magia Negra que desde sua
criação, em 2013, recebe em suas reuniões, shows e eventos, pessoas com o
desejo de celebrar a importância da cultura negra e com engajamento frente a luta
e combate ao preconceito étnico-racial.
O Babadan surgiu através do desejo dos músicos Camilo Gan e Juventino Dias em
“fazer um som” que misturasse três importantes tradições de Minas: O Congado, O
Candomblé e o som das Bandas de Minas. “Queríamos reunir essa nossa galera dos
sopros pra tocar as coisas de Minas” conta Juventino Dias. A partir disso foi feito o
convite ao William Alves para fazer os arranjos. Os convites foram se estendendo
aos demais integrantes e a partir de 2018 começaram os ensaios. No Babadan a
maioria dos integrantes são do interior e oriundos dessas Bandas de Música. O
percussionista Camilo Gan é Onilú, um especialista em toques de candomblé. Aldo
Bibiano, Talles Bibiano e Juventino Dias são Congadeiros. Aldo e Talles Bibiano
são herdeiros e Mestres na Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário
do Bairro Santa Efigênia na cidade de Brumadinho-MG.

O nome Babadan surgiu quando os idealizadores estavam utilizando o computador


para fazer uma inscrição de um projeto na lei de incentivo e, no momento de
finalizar o procedimento, o mecanismo de verificação e autenticação de usuários
mostrou na tela as seguintes letras para serem preenchidas: B a B a D a n. A
palavra formada aleatoriamente pelo sistema de autenticação chamou a atenção
pelo seu significado, “baba” significa pai na língua Yorubá, e “dan” quer dizer
serpente sagrada do antigo Reino do Dahomé, antigo Benin. Segundo a
cosmovisão desse reino, essas serpente tem por hábito morder a própria cauda
para cultivar a prosperidade e continuidade. “Então nós juntamos o inusitado fato das
letras de verificação de autenticidade terem uma auto identificação com o significado da
palavra “Babadan” para nomear esse nosso sonho que já vinha sendo pensado e
desenhado nos últimos anos. Aproximar as tradições ligadas ao povo preto mineiro: o
congado, o candomblé e as bandas de Minas” explica Camilo Gan. Dessa forma, surge
o(a) Babadan Banda de Rua em 2018, fundamentando-se no comportamento
musical de bandas dos tempos do Brasil Colônia, onde imperava a sonoridade dos
instrumentos de sopro. O diferencial do grupo é a substituição, na sua base
percussiva, dos tambores com pele de plástico pelos tambores com pele de couro -
atabaques, djembes, dunduns, gungas, patangomes e tambores utilizados no
reinado afro brasileiro de Minas Gerais; e a utilização de ferramentas de trabalho,
como a enxada, tendo o seu uso ressignificado para a música. O repertório é
predominantemente instrumental, com ênfase em canções de renomados músicos
mineiros e arranjos autorais. As influências musicais perpassam os ritmos afro-
mineiros, toques sagrados do Candomblé, samba, afrobeat, afro cubano, jazz, funk,
soul, tamborzão, dentre outros.
Formação Babadan Banda de Rua:

Percussões: Camilo Gan, Dgar Siqueira, Renan Veloso, Raquel Franco e Talles
Bibiano
Saxofones: Jonas Vitor, Lucas Coimbra e Tiago Ramos
Trompetes: José Vitor Assis e Juventino Dias
Trombones: João Paulo Alves e Miguel Praça
Tuba: Aldo Silva Bibiano
Arranjo, Regência e Trompete: William Alves

Contatos:

BaBaDan Banda de Rua

babadanbandaderua@gmail.com
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Produção Executiva: Raquel Franco (31) 99506-5350


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Direção Artística:

Camilo Gan (31) 98812-8277


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Juventino Dias (31) 99119-7555


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Direção Musical e Arranjos: William Alves (31) 99144-2706


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Produção Fonográfica: Fabrício Galvani – Comparsa Estúdio (31) 99791-9881


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Crédito para as fotos: Beth Freitas (31) 99235-5486


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