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Aleitamento Materno

Feito por João Otávio Penteado Bzuneck – turma 61 FEMPAR

A alimentação ao seio constitui uma das questões mais importantes para a saúde humana, principalmente nos
primeiros dois anos de vida, pois atende às necessidades nutricionais, metabólicas, imunológicas, além de conferir
estímulo psicoafetivo ao lactente – o binômio lactente e puérpera é estimulado por meio da amamentação.

O leite materno é considerado um alimento perfeito, pois, além de possuir proteínas, lipídios, carboidratos, minerais
e vitaminas, contém 88% de água. A OMS e sociedades de Pediatria recomendam o aleitamento materno até os 2
anos de vida, sendo exclusiva até os 6 meses. Não é adequada a introdução alimentar antes desse período. A partir
dos seis meses de vida, o leite materno como alimento único se torna insuficiente, e deve ter início a introdução de
alimentação complementar. Entretanto, não se recomenda nenhum outro tipo de leite (industrializado, de vaca,
soja, cabra, etc.). Observem: o leite materno sozinho após os seis meses é insuficiente, porém continua sendo
importante, especialmente como fonte de vitamina C, vitamina A, proteínas e energia, além é claro de fornecer
elementos imunológicos para prevenção de doenças.

Na fisiologia da lactação, temos que para a produção de leite é necessário o estímulo da prolactina, o qual é
estimulada por meio de catecolestrogênios que atuam no núcleo arqueado do hipotálamo. O fato da paciente
durante a lactação se manter em um estado hiperprolactêmico constitui num fator protetivo a uma nova gestação
(hiperprolactinemia cursa com amenorreia). A dopamina é responsável por inibir a liberação de prolactina por meio
da via túbero-hipofisária.

1) Aleitamento materno exclusivo – apenas leite materno ou proveniente de bancos de leite

2) Aleitamento predominante - Além do leite humano, a criança recebe água, chás, suco de frutas, e outros
fluidos/infusões em quantidades limitadas.

3) Aleitamento materno complementado (6 meses – 2 anos de vida) – amamentação + comida semissólida

4) Aleitamento misto ou parcial – leite materno associado com leite de outras fontes (vaca, etc).

Importância da amamentação para o RN


• Redução da mortalidade infantil – fator de proteção contra morte neonatal pelo conteúdo imunológico do
leite materno – IgA, IgG – redução da morbidade de diarreia pelo alto poder de hidratação
• Redução de morbidade respiratória – alergias (atopias como asma, dermatite de contato), doenças
autoimunes, neoplásicas
• Melhor desenvolvimento cognitivo e da cavidade oral

Importância da amamentação para a mãe

• Proteção contra o câncer de mama - normalmente, as glândulas que compõem a mama estão na forma
ductal, que é inativa em termos de secreção. Quando ela entra na gestação e lactação, as células passam pra
forma secretora, e o ducto se dilata pra formar o ácino (secretor). Os CA de mama, por serem comumente
ductais, afetam menos aquelas que tão produzindo leite porque tem menos ducto e mais ácino.
• Efeito anticoncepcional pela hiperprolactinemia
• Proteção contra o DM2
• Economia (fórmula para RN custa uma fortuna)
• Fortalecimento do binômio mãe-filho

O colostro que é aquele leite amarelado que é o primeiro a ser secretado pela mãe
é altamente rico em imunoglobulinas, em especial o IgA. Somente após 10 dias de
parto o leite maduro começa a ser secretado – o teor de gordura no leite aumenta
à medida que a mãe amamenta varias vezes ao dia e durante um maior período de
tempo. Isso contribui para aumentar o valor energético de cada mamada.
Causas de desmame precoce

• Propaganda – ainda que exista uma regulação que proíba a propaganda ostensiva de suplementos,
mamadeiras e afins ainda existe uma forte pressão da indústria para inserir e fazer a cabeça das mães de
que precisam suplementar o leite
• Falta de orientação e educação a respeito da importância da lactação para a mãe e para o filho
• Uso de chupetas e mamadeiras confundem a criança na hora de mamar, além de promover riscos
ortodônticos, posicionamento errôneo da língua, risco de candidíase oral e veículo para enteroparasitoses.

A decisão final da amamentação cabe a mãe, mas é fundamental que o médico saiba orientar os seus benefícios.

Técnica da amamentação
Durante a gestação há o crescimento do tecido mamário, o escurecimento da aréola (tornando-a mais resistente) e o
desenvolvimento das glândulas de Montgomery, que produzem uma secreção
oleosa para proteger o mamilo e a aréola do atrito da boca do bebê. Durante
a assistência pré-natal, é necessário orientar a gestante em relação a cuidados
para a amamentação. As mamas não precisam ser “preparadas”, mas alguns
cuidados são recomendados para evitar problemas futuros – não usar
sabonetes, expor a mama ao sol melhora a tolerabilidade. Para mulheres com
mamilos planos ou invertidos, é recomendado fazer um furo no sutiã para
permitir que ele saia. Não é recomendado fazer os exercícios de Hoffmann
porque eles são capazes de induzir o parto prematuro.

Após o nascimento existem manobras que facilitam a extração do leite como


o estímulo da mama, compressas frias e sucção com aparelhos.

O início da amamentação deve ocorrer ainda na sala de parto, nas primeiras


horas de vida. O recém-nascido permanece acordado e alerta por cerca de seis
horas após o nascimento, dessa forma o contato com o seio materno na sala
de parto desencadeia o mecanismo de lactação de forma mais rápida. Após
esse período de seis horas, o lactente entra em sono profundo (“sono
reparador”) por cerca de 12 horas, o que o impede de sugar a mama, gerando
maior ansiedade para a mãe e dificuldades no processo de lactação.

Existem algumas condições médicas maternas que


não permitem a amamentação como neoplasia
em uso de quimioterapia. Se a mãe estiver
internada e tiver condições de amamentar, deve
ser orientado a amamentação, ainda que não seja
muito recomendável que o RN fique transitando
no ambiente hospitalar. Em casos de psicose
puerperal deve ser realizada a amamentação sob
supervisão. Mães desnutridas não tem teor
energético inferior no leite, apenas uma
quantidade menor de gordura.
Doenças infecciosas e amamentação
Doenças maternas como IVAS, diarreias não contraindicam a amamentação.

No caso da TB, ela não é transmitida pelo leite materno e sim por via respiratória, também não
contraindicando a amamentação – Nas pacientes bacilíferas, podem amamentar, porém com o uso de
máscara. Não realizar a BCG no RN e indicar quimioprofilaxia com Isoniazida(5-10mg/kg) 3 meses e após
PPD. PPD negativo: vacinar PPD positivo: investigar doença. Se contraiu doença iniciar tratamento. Caso
contrário isoniazida por mais 3 meses.

No caso da Hanseníase virchowiana -


transmissão pelas lesões de pele ou
secreções respiratórias.

• Mães não tratadas, com tratamento


<3meses com sulfonas ou <3semanas com
Rifampicina não devem amamentar até
que o tratamento atinja o tempo
necessário para controle da transmissão.

• Mães adequadamente tratadas: usar


máscara (para proteger de secreções
nasais) e lavar as mãos antes de amamentar.

• No caso da doença de Chagas não é


recomendada a amamentação durante a
fase aguda ou sangramento mamilar
evidente. Rubéola e caxumba também
deve ser mantida a amamentação. No
caso do Citomegalovírus só é
contraindicado em RN <32 semanas pelo
risco de sequela neurológica.

• O vírus da Hepatite B é excretado pelo


leite, porém isso não aumenta o risco para
infecção do RN, e a transmissão se dá
principalmente no período perinatal por
meio de sangue e secreções maternas.
Aplicar vacina imediatamente após
nascimento e imunoglobulina nas
primeiras 12horas de vida.

• Hepatite C: vírus é detectado no leite


materno, porém doença não é
documenta, porém a transmissão é
teoricamente possível. Conversar com a
família sobre riscos.
Quando não amamentar?
• Varicela – temporariamente por até 5 dias do aparecimento das
lesões. RN deve receber imunoglobulina
• Herpes 1 e 2 – Risco de transmissão durante o aleitamento é
pequeno, suspender só se vesículas herpéticas nos mamilos ou nos
seios.
• Sarampo – isolamento do RN por 4 dias e imunoglobulina. Pode ser
ingerido o leite ordenhado.
• Contraindicação clássica – HIV e HLTV. A carga viral do colostro é
maior
• Medicações antineoplásicas, derivados do ergot, androgênios,
amiodarona, isotretinoina, anticoncepcional combinado, casos
graves de psicose puerperal, lesões ativas nas mamas por varicela ou
herpes.
• Usuárias de drogas – na teoria até pode, mas na prática acaba
contraindicando.

RN com galactosemia contraindica amamentação - A galactosemia é o


nome dado à condição caracterizada pela incapacidade do organismo de metabolizar a galactose em glicose. A
galactose é um açúcar monossacarídeo, obtido a partir da hidrólise da lactose. A fenilcetonúria contraindica
temporariamente.

Problemas com a amamentação


A causa mais frequente de trauma é a pega inadequada. É mais frequente durante a primeira semana de vida do RN e
também pode ser causada por sucção prolongada, uso improprio de dispositivos para
estimular ou ordenhar o leite, tração dos mamilos, uso de produtos tópicos, uso de
chupeta e limpeza excessiva da pele. A principal maneira de evitar esses problema é
prevenir.

No caso de fissuras nas mamas, deve-se iniciar as mamadas pela mama menos
afetada, amamentar em diferentes posições, evitar contato do mamilo com a roupa,
passar próprio leite nas mamas e deixar secar ao ar livre, analgésico via oral e tratar
com lanolina pomada. Antibiótico tópico (mupirocina 2%) se presença de infecção
secundária.

A síndrome de Reynaud pode se manifestar nas mamas seja ela primária (frio, stress, fumo) ou secundária à
colagenoses. Ocorre isquemia transitória nos mamilos que cursa com palidez e dor. O tratamento pode ser feito por
compressas mornas, nifedipono (bloqueador do canal de cálcio), vitamina B6, cálcio, magnésio e AINES se
necessário.

No ingurgitamento mamário, ocorre quando o leite não é drenado de


forma eficiente, promovendo aumento da vascularização e drenagem
linfática. A principal causa é a amamentação incorreta ocorrendo
principalmente na primeira semana de vida, no período neonatal
precoce. Realizar massagens circulares para desfazer o nódulo. Deve-se
manter a amamentação sob demanda, aumentando a frequencia. Pode
ser feita a ordenha de um pouco de leite se a aréola estiver dura.
Geralmente é bilateral.
A mastite consiste na infecção mamária geralmente causada pelo S. aureus. A mama
se apresenta quente, dolorosa, edemaciada. A prevenção é feita pela amamentação
adequada em sua técnica. Geralmente é unilateral. Está indicada manter a
amamentação, indicar a ordenha se muito dolorosa para a mae, AINEs, analgésico e
ATB se leucocitose (mais de 10.000 leucócitos), fissuras visíveis. O mais usado é a
cefalexina, amoxicilina, oxacilina e vancomicina. A presença de bactérias no leite não
contraindica a amamentação.

Abscesso mamário – Pode ser considerado uma complicação da mastite –


tratamento ineficiente. Cursa com dor intensa, mal estar, calafrio, flutuação e pus.
O diagnóstico é essencialmente clínico, mas pode ser realizada uma mamografia
para confirmar.

O tratamento consiste na drenagem cirúrgica, ATB e esvaziamento do leite da mama


afetada. O abscesso não tratado pode evoluir para necrose e perda do tecido
mamário se não tratado adequadamente. A OMS recomenda a suspensão da
amamentação enquanto o abscesso não for drenado. A presença de bactérias na
cultura do leite não contraindica em nenhuma situação a amamentação.

Passos para a alimentação saudável – Ministério da Saúde


• Evitar açúcar, café, enlatados, frituras,
refrigerantes, balas, salgadinhos e outras
guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal
com moderação.

• Até 1 ano a criança tem a mucosa gástrica


sensível- as substâncias presentes no café, chás,
mate, enlatados e refrigerantes podem irritá-la,
comprometendo a digestão e a absorção dos
nutrientes, além de terem baixo valor nutricional.

• Alimentos industrializados, enlatados e


embutidos contêm sal em excesso, aditivos e
conservantes artificiais.

• O consumo deste tipo de alimento está


associado à anemia, sobrepeso e alergias
alimentares.

• O mel está contra-indicado no 1° ano pelo


risco do botulismo.

• Estimular a criança doente e convalescente a


se alimentar, oferecendo sua alimentação
habitual e seus alimentos preferidos, respeitando
a sua aceitação.

• A anorexia na criança doente é um fenômeno


universal e pode persistir além do episódio da
doença.

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