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Aula 11- Método Iterativo de Newton-Raphson

Com este documento pretendo apoia a aula que será transmitida online e que podem aceder
através do link
https://videoconf-colibri.zoom.us/j/751548727

Este documento também pode servir para substituir a aula número 11 que seria lecionada no
dia 11 de março de 2020.

O documento estará no moodle em formato word e cada aluno pode utilizá-lo para tirar
dúvidas.

Peço que leiam atentamente o documento, tentem também resolver os exercícios


(aproveitando para treinar a máquina de calcular) e se surgir dúvidas entrem em contato
comigo. Durante o horário da aula estarei disponível, via Skype ou e-mail e também vou criar
um chat no moodle.

Contudo também se poderá agendar outro horário.

Esta aula será dividida em 3 partes

Parte I-Explicação detalhada do método, nesta parte tentei escrever o mais possível em todos
os passos.

Parte II-Resolução de um exercício sobre este método, nesta parte tentei escrever alguns
passos, mas não tão em detalhe.

Parte III- Proposta de resolução de um exercício, aqui não vou apresentar a resolução, vou
pedir que com base no que foi feito até agora o resolvam e me enviem por e-mail para eu
corrigir, podem resolver com lápis e papel e depois digitalizar. Enviem a correção logo que
possível.

Nota – o que está em azul são comentários que na aula seriam falados a preto e outras cores o
que seria escrito no quadro.
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Parte I

Vamos começar por apresentar as condições de convergência, este é o método “mais


exigente” mas também o método mais eficaz, como poderão ver.

1ªs Condições de convergência

1) f uma função contínua e diferenciável em [a , b].


2) f(a).f(b)<0.
3) f ' ( x ) <0 ou f ' ( x ) >0 ∀ x ∈ [ a ,b ](não pode ser zero).

4) f '' ( x ) ≤0 ou f ' ' ( x ) ≥ 0 (não pode mudar de sinal).


''
5) f ( x o ) × f ( x ) >0. (a condição inícial tem sinal igual a f ' ' ).

As primeiras 2 condições já vos são familiares, mas a terceira é agora mais restritiva, fica aqui
alguns exemplos.

Exemplos de funções derivadas que satisfazem a condição 3

Exemplos de funções derivadas que NÃO satisfazem a condição 3

A quarta condição surge agora pela primeira vez é semelhante à anterior mas com uma ligeira
diferença

Exemplos de funções f ' ' que satisfazem a condição 4


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Exemplo de uma função f ' ' que NÃO satisfaz a condição 4

A condição número 5, exige que o f (x o) tenha o mesmo sinal de f ' '

Explicação do método do ponto de vista gráfico

Começa com a condição inicial x 0. Neste exemplo, escolhemos, x 0=2, porque f ' ' é positiva,
(a função inicial, f , tem a concavidade virada para cima, “está a sorrir”) e f ( 2 ) 2,5, ou seja
positivo.

Para encontrar x 1
x1  traçamos a reta tangente ao gráfico no
ponto ( x 0 , f ( x 0 ) ).
 Encontramos ponto de intersecção do eixo
das abcissas com a reta, isto é
encontramos o zero da reta e este é o x 1
Reta tangente no
ponto 2
Para encontrar x 2
 traçamos a reta tangente ao gráfico no
ponto ( x 1 , f ( x 1) ).
 Encontramos ponto de intersecção do eixo
das abcissas com a reta, isto é
encontramos o zero da reta e este é o x 2

Como podem ver já estamos muito perto do zero da função, neste caso x=1, e assim
sucessivamente

Determinar x 1

A equação da reta tangente ao gráfico (em


azul) é :
y  f ( x0 )  ( x  x0 ). f '( x0 )
Para determinar o valor de x 1, basta
encontrar o zero da reta, isto é y=0, e
resolver em ordem a x 0
0  f ( x0 )  ( x  x0 ). f '( x0 )
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f ( x0 )
0  f ( x0 )  ( x  x0 ). f '( x0 )  x  x0 
f '( x0 )

Então, podemos concluir que

f ( x0 )
x1  x0 
f '( x0 )

Dado que o processo é recursivo, podemos deduzir que

f  xk 
xk 1  xk  , k  1, 2,3,
f '  xk 

Descrição formal

Inicialização Escolher x 0 , de acordo com a condição 5

f (x k )
Repetir x k+1=x k − '
f (x k )

Verificar critério de paragem


 f ( x k ) =0
Até
 Erro inferior ao admitido
 Número de iterações pedidas

Erros

Neste método podemos ter em contas dois tipos de erros.

 Erro Absoluto |x k −x k−1|

|x k −x k−1|
 Erro Relativo
max ¿ ¿
Estes calculam-se exatamente como no método do ponto fixo e o método .

 Erro associado ao método


M
 xk  xk 1  m  min f '  x  M  max f ''  x 
2
ek 
2m x a ,b  x a ,b 
, onde e

Esta informação consta no formulário. Apenas relembrar que aqui o máximo e o mínimo
procuram-se nas funções módulo (tal como o L da aula anterior)

M
Também podemos observar que 2m é um valor constante para todas as iterações e que
 xk  xk 1 
2

é o erro absoluto ao quadrado.


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Nas cinco condições deste método, 3 são essenciais, ou seja se não acontecerem, dificilmente
conseguiremos encontrar o zero da função.

As duas últimas, eventualmente podem não fazer tanta falta assim, ou seja, se elas se
verificarem é certo que o método funciona, e que encontra o zero da função rapidamente.
Mas, se estas não se verificarem, existem muitos casos, em que o método funciona na mesma,
mas pode é ser mais lento.

Condições essenciais de convergência

1) f uma função contínua e diferenciável em [a , b]


2) f(a).f(b)<0
Estas duas primeiras, são para que o se possa garantir que estamos a procurar
algo que existe.
3) f ' ( x ) <0 ou f ' ( x ) >0 ∀ x ∈ [ a ,b ](não pode ser zero)
Nesta condição, exigimos que a derivada não pode ser zero em todo o
intervalo, inclusive nos pontos a e b.
Para x 0=2, podemos ver que
f ' ( 2 )=0, a reta tangente ao gráfico é
horizontal.
Sendo esta reta horizontal, não tem
zeros, logo seria impossível
encontrar o x 1

Condições apenas de garantia de convergência

4) f '' ( x ) ≤0 ou f ' ' ( x ) ≥ 0 (não pode mudar de sinal)


Caso Convergente
Neste exemplo temos uma função em que a concavidade alterna. Como a segunda
derivada não tem sinal fixo, escolhi, aleatoriamente x 0=2. Observe as diversas
iterações (objetivo encontrar x=1)
K=0 K=2 K=5
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Como podem ver conseguimos encontrar o valor do zero da função.


Neste exemplo o método funciona.

Caso não Convergente


Neste exemplo temos também uma função em que a concavidade alterna. Como a
segunda derivada não tem sinal fixo, escolhi, aleatoriamente x 0=2. Observe as
diversas iterações (objetivo encontrar x=1)
K=0 K=2 K=5

Como podem ver não nos aproximamos de x=1 .


Neste caso o método não funciona.

Conclusão- Mesmo que a condição 4 não se verifique, eventualmente podemos usar o


método.

''
5) f ( x o ) × f ( x ) >0. (a condição inicial tem sinal igual a f ' ' )

Caso Convergente
Neste exemplo temos uma função em que a concavidade está virada para cima, ou seja
a segunda derivada é sempre positiva, mas em vez de fazer x 0=2 (porque f ( 2 ) 2 ¿ ,

escolhi (de forma errada) x 0=0.3 . Observe as diversas iterações (objetivo encontrar
x=1)

K=0 K=2 K=5

Como podem ver conseguimos encontrar o valor do zero da função.


Neste exemplo o método funciona.
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Caso não Convergente


Neste exemplo temos uma função em que a concavidade está virada para cima, ou seja
a segunda derivada é sempre positiva, mas em vez de fazer x 0=2 (porque f ( 2 ) 2 ¿ ,

escolhi (de forma errada) x 0=0.3 . Observe as diversas iterações (objetivo encontrar
x=1)
K=0 K=2 K=5

Como podem ver não nos aproximamos de x=1 , mas sim de outro zero da função.
Neste caso o método não funciona.

Conclusão- Mesmo que a condição 5 não se verifique, eventualmente podemos usar o


método.

Parte II

Vamos aplicar o método a um exemplo.

Exercício

Considere a função f ( x )=cos x−x . Pretende-se utilizar o método de Newton para obter um
π
[ ]
valor aproximado da raiz de no intervalo 0 ,
2
a) Verifique se são satisfeitas todas as condições de convergência e escolha,
justificando, um dos limites do intervalo como aproximação inicial adequada.
Relembramos as condições:
π
[ ]
1. f uma função contínua e diferenciável em 0 ,
2
, porque é subtração de

um uma função trignométrica por um polinómio.


2. f(a).f(b)<0
 f ( 0 )=cos (0)−0=1>0
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 f ( π2 )=cos ( π2 )− π2 = −π2 < 0


3. f ' ( x ) <0 ou f ' ( x ) >0 ∀ x ∈ [ a ,b ]

f ' (x )=−sin x−1, vamos observar o gráfico (relembro a necessidade da


calculadora estar em radianos)
A função derivada é sempre
estritamente negativa (nunca toca
o eixo dos xx)

4. f ' ' (x) ≤ 0 ou f ' ' ( x ) ≥ 0 (não pode mudar de sinal)

f ' ' (x )=−cos ( x), vamos observar o gráfico (relembro a necessidade da


calculadora estar em radianos)
A função segunda derivada é
negativa ou zero (esta condição
admite esta possibilidade )

Para responder a parte da pergunta


escolha, justificando, um dos limites do intervalo como aproximação inicial
adequada,
π
aqui pretendemos escolher para x 0, o valor 0 ou o valor (os valores extremos do
2
intervalo) ou seja temos de ver a quinta condição.

''
5. f ( x o ) × f ( x ) >0. (a condição inicial tem sinal igual a f ' ' )

Vimos na condição 1 que


 f ( 0 )=cos (0)−0=1>0

 f ( π2 )=cos ( π2 )− π2 = −π2 < 0


E na condição 4 que

f ' ' ≤0
Vamos escolher o extremo que tem imagem negativa (porque f ' ' ≤0 ) ou seja
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π
x 0=
2

b) Efetue iterações do método, usando unicamente como critério de paragem,


encontrar o zero da função. Em cada iteração indique o majorante do respetivo erro
do método, erro absoluto e erro relativo.
Antes de começar, a calcular as iterações, vamos trabalhar na questão do erro do
método. Relembro a fórmula
M
 xk  xk 1  m  min f '  x  M  max f ''  x 
2
ek 
2m x a ,b x a ,b 
, onde e

Vamos determinar m , para tal relembro que

f ' (x )=−sin x−1, em que o gráfico de ¿ f ' ( x )∨¿ é


Podemos ver que o mínimo desta
função é atingido x=0 .
Então
m  min f '  0    sin(0)  1  1
x a ,b 

Vamos determinar M, para tal relembro que

f ' ' ( x)=−cos ⁡(x ), em que o gráfico de ¿ f ' ' ( x )∨¿ é


Podemos ver que o máximo desta
função é atingido x=0 .
Então
M  max f ''  0    cos(0)  1
x a ,b 

M 1
 xk  xk 1 
2

Relembro 2 m 2
é um valor constante para todas as iterações, neste caso e que é
o erro absoluto ao quadrado.

Primeira iteração

k xk f (x k ) f ' ( x k) x k+1 Erro Abs Erro rel. Erro Método


|x k −x k−1| |x k −x k−1| 1
×erro|¿|2
max ¿ ¿ 2
0 1.57a −1.57 b −2c 0.79d Aqui não se pode calcular nenhuma porque não temos x k−1

Cálculos auxiliares e notas


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a- Escolhido na alínea a)

b- f ( π2 )=cos ( π2 )− π2 −1.57
π
c- f ' ( )=−sin ( 1.57 ) −1=−2
2
−1.57
d- x 1=1.57− 0.79
−2
Segunda iteração

k xk f (x k ) f ' ( x k) x k+1 Erro Abs Erro rel. Erro Método


|x k −x k−1| |x k −x k−1| 1
×erro ab s 2
max ¿ ¿ 2
0 1.57 −1.57 −2 0.79 Aqui não se pode calcular nenhuma porque não temos x k−1

1 0.79 −0.08 a −1.71b 0.74c 0.78d 0.78e 1


× ( 0.78 )2 =0.30420
2

a- f ( 0.79 )=cos ( 0.79 )−0.79 −0.08


b- f ' ( 0.79 )=−sin ( 0.79 ) −1=−1.71
−0.08
c- x 2=0.79− 0.74
−1.71
d- |0.79−1.57|=¿0.78
e- Neste caso como max ( 1 ,|0.79|) =1 ,o erro relativo é igual ao erro absoluto

Terceira iteração

k xk f (x k ) f ' (x k ) x k+1 Erro Abs Erro rel. Erro Método


|x k −x k−1| |x k −x k−1| 1
×erro ab s 2
max ¿ ¿ 2
0 1.57 −1.57 −2 0.79 Aqui não se pode calcular nenhuma porque não temos x k−1

1 0.79 −0.08❑ −1.71❑ 0.74 0.78 0.78❑ 1


× ( 0.78 )2 =0.30420
2
2 0.74 0a −1.67b 0.74 0.05d 0.05 1
× ( 0. 05 )2=0.00125
2

a- f ( 0.74 )=cos ( 0.74 ) −0.74 0


b- f ' ( 0.74 )=−sin ( 0.74 )−1=−1.67
0
c- x 2=0.74− 0.74
−1.67
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d- |0.74−0.79|=¿0.05

Observemos que f ( 0.74 ) 0, encontramos o zero da função, verificamos assim o critério de


paragem.

Parte III- Proposta de exercício para resolverem

Exercício

Considere a função polinomial f ( x )=x 4 + x −1. Pretende-se utilizar o método de Newton para
obter um valor aproximado da raiz de no intervalo [0, 1].

a) Verifique se são satisfeitas todas as condições de convergência e escolha,


justificando, um dos limites do intervalo como aproximação inicial adequada.
b) Efetue 3 iterações do método e indique um majorante do respetivo erro.

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