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UR Sa eke ucr TAT — Teste de Apercepcaéo Tematica, conforme o modelo interpretativo de Murray CONSIDERAGOES GERAIS Escrever sobre 0 manejo clinico de um teste projetivo complexo como o TAT representa um desafio. Por um lado, é necessario lembrar pre- missas te6ricas do autor do teste, Henry Mur- ray, que formulou uma teoria da personalia- de. Exist, pois, uma teoria da técnica do TAT. Por outro lado, ¢ indispensivel expor como se analisa ese interpreta o teste, sem correr o ris: co de repetr, simplesmente, 0 que consta do manual. A tarefa reveste-se de importancia. ‘Apés vinte anos ininterruptos de emprego do TAT na clinica e em pesquisa, seguindo © mo- delo de Murray, pode-se oferecer algumas con- tribuigées importantes na sistematizacao dos dados, na analise clinica e no emprego do tes- te em pesquisas, Murray, em sua teoria, a Personologia, ex: plica a dindmica da personalidade alicercada nna dualidace das necessidades e pressées (ne- ‘eds - press). Sua obra Explorations in persona- lity (1938) expée a teoria, que deve ser estuda- da pelos técnicos que se aventuram a empre- gar o TAT. Seus principais conceitos podem ser encontrados em manuais de teorias da perso- nalidade (vide, por exemplo, Hall e Lindzey, 1973; Schultz e Schultz, 1992). Para proceder a0 manejo clnico do TAT, é indispensével rever alguns principios tebricos de Murray. Neli Klix Freitas Para ele, & tao importante o pasado, ou a histéria do individuo, como o presente e seu meio, Como a psicandlise, considera que as vi- vencias infantis s80 determinantes decisivos para a conduta do adulto. Outra semelhanca ‘com a posicdo psicanalitica esta na considers- vel importéncia atribuida 8 motivacao incons- iente e no profundo interesse pela verbaliza- ‘540, subjetiva ou livre, do individuo, inclusive elas producées da sua imaginacao. Dé, pois, énfase 4 motivacdo. Seu esquema de conceitos motivacionais tem sido ampla- mente usado. Insistiu na importancia da des- ctigdo pormenorizada como um preliminar ecessario a formulacdo diagnéstica. Corrobo- rando esse ponto de vista, encontra-se seu pro- fundo interesse pela taxonomia e as classifica {GOes exaustivas que estabeleceu para muitos aspectos da conduta. Murray fez sérios esforcos para estabelecer um acordo entre as exigéncias, muitas vezes conflitantes, da complexidade clinica e da in- vestigacdo. Criou meios de representar a di- versidade da conduta humana e, a0 mesmo tempo, dedicou-se & tarefa de organizar ope- rages para avaliar as varidveis que ocupam uma funcéo central no seu esquema teérico. Essa dupla énfase resultou numa maior apro- ximacéo entre a pratica clinica e a pesquisa psicologica Pscoowandstica -V 399 Com base nessas questées tedricas, surgiu © TAT (Teste de Apercepgao Tematica), Murray partiu da pressuposicao de que pessoas dife- rentes, frente & mesma situacdo vital, exper menté-la-do cada uma ao seu modo, de acor do com sua perspectiva pessoal. Essa forma pessoal de elaborar uma experiéncia revela a atitude e a estrutura do individuo frente a rea- lidade experienciada, Expondo-se 0 sujeito a uma série de situacdes sociais especificas, pos- sibilitando a expressao de sentimentos, ima- gens, idéias e lembrancas vividas em cada uma dessas confrontacdes, pode-se ter acesso a personalidade subjacente, A Personologia de Murray procura considerar o individuo naqui- Jo que tem de mais préprio na sua relacio con- sigo e com o mundo, Essa singularidade & 0 que o TAT procura revelar. Trata-se, pois, de tum teste projetivo. Desde 0 surgimento do TAT, diferentes au- tores tém se dedicado a estudos e pesquisas sobre o seu manejo, como Balken (1940), Be- llak (1954), Dana (1959), Hartmann (1954), Rapaport et alii (1965) e Shentoub (1954) Em sua grande maioria, tem sido dada uma anfase especial a aspectos estritamente qual tativos. Mas houve esforsos para o desenvolvi mento de sistemas de escores, ou de normas formais, a partir do material produzido (Lanyon € Goodstein, 1982). Nao obstante, conforme o ponto de vista de Exner (1983), nenhuma des- sas tentativas chegou ao ponto de “estabele- cer uma base empirica vigorosa para o teste. Dessa maneira, parece adequado identificar 0 TAT como sendo fundamentalmente uma téc- nica projetiva’ (p.71) 0 TAT tem sido empregado no psicodiag- néstico prévio a psicoterapia breve, onde uma compreensao dinémica do paciente é impres- cindivel ao bom andamento do processo tera- péutico, Em uma pesquisa com 30 maes enlu- tadas pela perda de um filho (Freitas, 1997; Freitas, no prelo), aplicaram-se quatro laminas do TAT no inicio do tratamento dos sujeitos: 1, 2, Se 7ME_ As mesmas laminas foram aplica- das em sessdes de follow-up, trés meses apés © término do tratamento, O TAT € um instru- mento clinico por natureza. Revela a ocorrén- cia de insight na psicoterapia, constituindo-se 400 Jureaa ALaives Cunia ‘em um instrumento importante para avaliar a eficdcia do tratamento em situacdes estressan- tes da vida. ADMINISTRAGAO DO TAT 0 TAT compreende 30 laminas com gravuras uma em branco. Dessas, onze séo considera- das universais, no sentido de que sio aplicé veis a todos os sujeitos: 1, 2, 4, 5, 10, 11, 14, 15, 16, 19 e 20. Para homens adultos, acres- centam-se as seguintes: 3RH, 6RH, 7RH, SRH, 9RH, 12H, 13H, 17RH e 18RH. Para mulheres adultas, além das universais, sao indicadas as laminas 3MF, GME, 7MF, BMF, 9MF, 12F, 13HF, 1 7MF e 18MF. Para jovens do sexo masculino, séo recomen- dadas as laminas; 3RH, GRH, 7RH, 8RH, SRH, 12RM, 13R, 17RH e T8RH, Para jovens do sexo feminino, sa0 relacionadas as seguintes: 3MF, MF, 7MF, 8MF, 9MF, 12RM, 13M, 17MF e 18MF Desta forma, tradicionalmente, a adminis- tracdo abrange 20 laminas para cada sujeito, ‘0 que inclui as 11 chamadas universais e mais, uma série de nove, selecionadas conforme o sexo e a faixa etéria, Pode-se recorrer a formas abreviadas do TAT, para testar determinadas hipdteses diagnésti- ‘cas, Recomenda-se recorrer ao manual do tes- te (Murray, 1977) Cada uma das laminas tem um significado e explora questées especificas. Selecionar as laminas pelo significado € uma forma. Outra forma de selecao abreviada consiste em supri- mir laminas que proporcionam dados equiva- lentes. Recomenda-se 0 uso de formas abreviadas somente apés um periodo de treinamento com a forma completa. No caso da forma comple- ta, pode-se empregar duas sessdes para a apli- cacao. No que se refere as instrucées propriamen- te ditas, deve ser dada énfase & criatividade do sujeito, que € solicitado a inventar uma histé- ria, As instruc6es tém certo cardter de flexibili- dade, no sentido de levar em conta a idade, 0 nivel intelectual e outras caracteristicas do su- jeito. Assim, quando é possivel pressupor cer- to grau de inteligéncia nivel cultural, bem como com adolescentes, aconselha-se que a tarefa seja apresentada como um teste de ima- ginacao. Mas, de um modo geral as instrucées basicas sdo as seguintes: “Este é um teste que consiste em contar historias. Aqui tenho algu- mas laminas que vou Ihe mostrar. Quero que me conte uma histéria sobre cada uma. Vocé me diré 0 que aconteceu antes, € 0 que est acontecendo agora. Explique o que sentem e pensam os personagens, € como terminara. Pode inventar a histéria que quiser” (Murray, 1977, p.102) E importante que 0 psicélogo tenha em mente que, ao expor o sujeito a uma ampla variedade de representacoes de situacées so- ciais, pretende chegar a exploracao da estru- tura de sua personalidade subjacente, levan- do-o a comunicar imagens, sentimentos, idéias e lembrancas vividas diante de cada um desses enfrentamentos. Basicamente, Lanyon e Goodstein (1982) acham que existem duas pressuposicées ori- entadoras no trabalho de Murray. Em primeiro lugar, “os atributos do heréi, ou do persona- gem principal, na histéria, representam tendén- cias da prépria personalidade de quem respon- de", e, em segundo lugar, “as caracteristicas do ambiente do heréi representam aspectos significantes do préprio ambiente do respon- dente" (p.60). Dessa maneira, a pressuposicao basica € de ue o sujeito se identifique com herdi. Com a liberdade que consegue, através do relato de uma histéria dramatica completa, espera-se que comunique a sua experiéncia, que inclui aspectos perceptivos, mnémicos, imaginativos e emocionais. Tudo provém da meméria, ou, melhor, da experiéncia passada, tanto os personagens descritos, como as ati tudes atribuidas as acées referidas nas hist fias, Os personagens, reais ou fantasiados, jé tiveram algum papel importante na vida do sujeito, talvez por um longo tempo, ou mes- mo recentemente, As atitudes, os sentimentos @ as acées também se relacionam com tais ex- periéncias (Rapaport,1965). Bem, em principio, isso € 0 que espera o psicélogo. Na verdade, muitas vezes, 0 sujeito foge dos conflitos, mascara, nega, se defende 1u "sé expressa indiretamente seus contetidos ideacionais essenciais”, e, assim, sua resposta nem sempre “constitui necessariamente o ma- terial essencial e vital da vida do sujeito” (Ra- paport,1965, p.262). ‘© MANEJO DO TAT (© manejo clinico do TAT, ou a sua elaboracio, & um proceso que consta de andlise, interpre- tacdo, sintese dinamica e diagnéstico. Anélise Analisar um TAT consiste em destacar as mo- dalidades do discurso que precedem 4 cons- ‘trugdo das diversas narrativas, produzidas a partir das diferentes laminas. A forma como (05 Felatos so construldos e comunicados a0 dlinico possibilita o acesso aos mecanismos de defesa do ego. Através da sua anélise, pode-se ‘obter informacées acerca da normalidade, ou da patologia, nas diferentes organizacées da personalidade, e, também, tem-se o acesso & problematica de cada sujeito, a sua contflitiva sua subjetividade, que o torna Gnico, em re- lagao com 0 outro e com o meio. Na andlise do TAT, o psicélogo deve exami- nar as historias do sujeito e a sua conduta du- rante a testagem. A histéria representa 0 con- tetido manifesto e subentende um contetido latente, que reflete os dinamismos subjacen- tes da personalidade do sujeito (Rapaport, 1965). A partir de ambos, da histéria e da con- duta do sujeito durante a testagem, possivel abstrair dados significativos. Pela andlise de contetido, o psicélogo des- membra cada histéria nos conteiidos expres- 05 no tema central, chegando a identificacao, do heréi, a0 reconhecimento de seus motivos, tendéncias e necessidades, & exploracio de seus estados interiores, ao exame das pressoes am- bientais e do desfecho. Identificagio do heréi: Segundo Murray (1977), 0 primeiro passo, na andlise de uma historia, & a identificacao do heréi. Este ¢ 0 personagem com quem o sujeito se identifica, Pstcoomnandstica -V 401 Ele é, também, via de regra, 0 mais parecido com 0 sujeito, ndo sé quanto ao sexo e faixa etéria, como no que se refere a sentimentos, motives, dificuldades e emocées. Na maiotia das vezes, 0 herdi & representa- do por um personagem. Contudo, pode ocor- rer que o sujeito se identifique com mais de um personagem. Isso pode se verificar de dife- rentes formas. Em primeiro lugar, a identificagso do sujet to pode modificar-se no decorrer da histéria, com o aparecimento de diversos heréis: primei- ro, segundo, ete Em segundo lugar, pode haver herdis com- petidores (por exemplo, um policial e um la- drio). Neste caso, um deles pode estar repre- sentando forcas do superego (o policial que faz cumprir a lei) contra impulsos anti-sociais (ladrao). € a expressio de uma situacao confli- tiva interna, configurando um conflito entre duas instancias da personalidade, projetado no conteiido manifesto da verbalizacio. Em terceiro lugar, o sujeito pode nartar uma historia que contenha outra: o her6i conta uma histéria, em que observa outro heréi, com quem simpatiza ea quem admira, e que, nesta histéria, desempenha um papel principal. Por exemplo, na limina 7MF, um sujeito do sexo feminino pode narrar uma hist6ria sobre uma mulher que, por sua vez, conta uma historia sobre outra, que cuida de uma crianca, que é uma mae amiga, etc. Neste caso, hd um her6i primario (a mulher que conta uma histéria) e um secundario (a outra mulher, que cuida de uma crianca. Eventualmente, aparece apenas um heréi, mas 0 sujeito se identifica com um persona gem do sexo oposto, expressando deste modo essa parte de sua personalidade. ‘As caracteristicas demogréficas (sexo, ida- de, etc.) e fisicas (aparéncia, etc.) do heréi su- gerem aspectos da imagem — real ou ideal ~ que o sujeito tem de si mesmo. Outros perso- nagens podem representar identificacdes mul- tiplas do sujeito. As relacées que se estabele- cem entre o heréi e os demais personagens podem refletir atitudes conscientes ou incons- cientes do sujeito frente aos mesmos, bem como podem revelar os papéis que estes de- 402 Jureaa ALaives Cunia sempenham (de frustracao, de estimulacao, etc.). Quando nao séo introduzidas relacoes interpessoais, pode-se levantar a hipétese de pobreza quanto a sociabilidade e as relacées objetais. Em relacdo ao heréi, & importante identifi- ‘ar tracos e tendéncias, bem como atitudes frente a autoridade, Em termos de tracos e ten- dancias, € possivel se relacionar: a) superiori- dade (capacidade, prestigio, poder); b) inferio ridade (incapacidade, desprestigio, debilidade); ©) extroversao; d) introversao. Algumas das atitudes frente 8 autoridade, facilmente iden- tificdveis, s80: a) dominio, submisséo; b) de- pendéncia, independéncia; c) medo, agressao, d) gratidao, ingratidao; e) orgulho, humilda- de, etc Motivos, tendéncias ¢ necessidades dos) heréiis): As necessidades podem ser expressas como impulsos, desejos ou intengées ou, ain- da, como tracos de conduta manifestos nas historias A necessidade & um constructo que repre- senta uma forca, de modo a transformar uma situacdo insatisfatéria existente. A necessida- de gera um estado de tensao que conduzira & ago, reduzindo a tensao inicial e restabelecen- do 0 equilibrio. Pode ser produzida por forcas, intemas ou externas, sendo sempre acompa- nhada por um sentimento ou emocéo (Mur- ray, 197). (O autor relacionou 28 necessidades (ou ten- déncias), classificadas segundo a direcdo ou objetivo (motivos). Essas necessidades sio iden- tificadas na conduta do herdi, traduzindo-se por: a) aces de iniciativa do heréi, em relagéo a objetos, situacdes e pessoas, ou b) reacoes, do heréi as acdes de outras pessoas. ‘As necessidades por ele relacionadas, defi- nidas por suas manifestacdes na conduta do heréi, no manual, sdo as seguintes: realizacao, aquisicao, aventura, curiosidade, construcéo, oposicao, excitacio, nutricio, passividade, 9070 kidico, retencdo, sensualidade, conheci- mento, afiliacao, agressao, dominio, exposicao, protecio, reconhecimento, rejeicdo, sexo, so- coro, humilhagao, autonomia, evitacao da culpa, deferéncia, evitagao de dano ¢ exibicio- Estados interiores do heréi: Neste item, importante a identificagso dos estados interio- res do her6i, procurando examinar que tipos de afetos se manifestam, em que direcao e de que forma, Também preciso analisar como surgem e como se resolvem. Além disso, 6 ne- cessrio analisar que estados interiores pare- cem importantes. Como sao as manifestacées de amor e de sentimentos de culpa? Que con- flitos aparecem? Os confltos transparecem através da agao de forcas e/ou tendéncias opostas da persona- lidade. Estas podem se expressar pela oposi sao entre as necessidades, pela presenca de herbis com tracos opostos ou pelas oposicées manifestas nos personagens. Refletem o choque de forcas de diferentes instancias da personalidade e se evidenciam, mais nitidamente, entre pares de opostos: pas- sividade/atividade, dependéncia/independén- cia, realidade/prazer, etc. Assim, o conflito transparece na acio de forcas conscientes inconscientes da personalidade, em busca de objetivos incompativeis. 0 conflito também pode ocorrer entre os impulsos do sujeito, nor- mas e valores do grupo social ao qual perten- ce, que foram ou nao internalizados. Se inter nalizados, vao aparecer como sangées do su- Perego. Sendo, vao se manifestar como medo de castigo, de perda da liberdade ou medo de perda de outras condigdes importantes, mas sem envolvimento de culpa. ‘A acio do superego pode ser identificada nas expressées de culpa, ficando implicito que tum castigo é merecido, seja autocastigo, ou nao. Também pode surgir na forma de auto- justificativa, em termos de aprovacio e desa- provacao, critica e na exigéncia de reparacao. ‘A intensidade do conflito também precisa ser avaliada. A vulnerabilidade a um conflito costuma transparecer através de forte mobili zacdo afetiva, com a emergéncia de sinais de ansiedade e/ou com o surgimento de defesas para manejésla, as quais podem ser eficazes, ou nao. Também é importante identifica o tipo de ansiedade que se faz presente (persecut6- ria? de separacao, de abandono? outra?) e sa- beer em que circunstancias surge, como se ex: pressa e se consegue ser resolvida, Ha, entretanto, outros tipos de manifesta- {gOes afetivas que precisam ser analisados com cuidado, para se chegar a um bom entendi- mento dinamico, que pode servir de subsidio para o diagnéstico diferencial. Por exemplo, € ‘essencial estar atento para aspectos disféricos @ maniacos, presentes no protocol. Como aparecem? Como se sucedem e se resolvem? Pressoes do ambiente: € essencial identifi- ‘ear as presses que o heréi percebe como ad- vindas do ambiente e os efeitos das mesmas. As presses sao determinantes do meio ex- temo, que podem facilitar ou impedir a satis facdo da necessidade, representando a forma ‘como o sujeito vé ou interpreta seu meio. Para Murray (1938), a personalidade o agente or- ganizador e administrador do individuo, cuja fungao é a de integrar contflitos e pressées, vi- sando & satisfacéo das necessidades Nas verbalizacées do TAT, é essencial iden- tificar as press6es que o heréi percebe como advindas do ambiente e os efeitos das mes- mas. Em primeiro lugar, & preciso examinar os personagens ou outros elementos, justificados pela realidade da lamina, que sao ou nao apro- veitados no contexto da histéria. Em segundo lugar, é importante reconhecer aqueles presen- tes no estimulo, mas que se apresentam de forma distorcida. Em terceiro lugar, deve-se identificar os personagens ou objetos, nao sus- citados pelos elementos de realidade da lami- nna, mas que sao introduzidos pelo sujeito, jus- tificados pela imaginacao, mas freqiientemente a servigo de objetivos defensivos. O ponto bi- sico a ser considerado € se o sujeito percebe 0 seu ambiente para dificultar, obstaculizar ou, pelo contrario, para favorecer as necessidades, ‘05 motivos ou as intencées do heréi. Especial- mente importantes parecem ser os elementos Utilizados, distorcidos ou acrescentados, com © fim de obstruir 0 confronto com um deter- minado estimulo ou conflito, bem como per- ceber como tais presses sao enfrentadas, des- viadas, negadas ou deformadas, enfim, che- gar a. uma compreensio dinamica da situacao, Murray (1977) relacionou algumas das prin- cipais pressoes, reais ou fantasiadas, que o sujeito recebe e que representariam as neces- Pstcoowandstica -V_ 403 sidades das pessoas com as quais ele se rela- ciona: aquisisao, aflliagéo, agressio, conhec mento, deferéncia, conformismo, respeito, dominio, exemplo, exposicao, protesso, rejer- sao, retencao, sexo, socorro, caréncia, perigo fisico, ataque fisico. Desfecho: Qual 0 desenlace? Ha virios des- fechos possiveis, que vao indicar como o herdi resolve as suas dificuldades, os seus contlitos, como trabalha com suas necessidades intemmas e como enfrenta as presses que provém do ambiente. 0 examinador pode identificar 0 éxito ou 0 fracasso na resolucéo das dificuldades, vei cando qual a proporséo existente entre os nais felizes e infelizes, claros e indecisos, oti mistas € pessimistas, magicos e realistas ou, ainda, convencionais. Pode-se examinar se 0 herdi demonstra insight das suas dificuldades, se dissocia no desfecho, ou integra suas per cepgées, conseguindo chegar a conclusées, ou © desfecho, além de permitir a avaliagao da adequacdo ou nao a realidade, fornece al- guns dados para a formulacao das indicacoes terapauticas. Assim, por exemplo, nas verbali- zacées, se o heréi demonstrar capacidade de auto-observacdo, de flexibilidade para mudan- ca de atitudes, de insight, de adaptacao e, ain- da, se suas relagées interpessoais sao basea- das no didlogo e é um personagem ativo, pode- se recomendar uma terapia de esclarecimen- to. Ao contrério, se o herdi é dependente, pre- cisa ser orientado, a psicoterapia aconselhavel seria a de apoio, Contudo, nesta decisao de- vvem ser consideradas tanto a histéria do pa- ciente como informagées do exame das fun- ses do ego (Freitas, 1997) Tema: Portuondo (1977a) define tema como “a ‘interacao' entre uma ‘necessidade’ (ou fu- sao de necessidades) do heréi e uma ‘forca’ (ou fusdo de forcas) do ambiente, unida a0 desfecho (triunfo ou fracasso do heréi)” (p.23) 0 tema pessoal pode adequar-se, ou nao, aos significados padronizados das laminas. 0 tema pessoal, nio-padronizado, pode revelar a linha de pensamento do sujeito. Rapaport (1965) propés trés regras para a avaliagio do significado do tema nas histérias. 404 Juneua ALaves Cunsa Em primeiro lugar, quanto mais uma histéria se desvia do material padronizado, tanto mais, significativo e importante ser o seu contetido ideacional, Em segundo lugar, quanto maior for 0 ntimero de historias que se desviam dos significados padronizados, menor é a proba- bilidade de que uma, em particular, expresse a historia interna do sujeito. Em terceiro lugar, um grande niimero de histérias que se desvi- am dos significados padronizados pode indi- cara presenca de patologia, Exemplos de analise de contetido em ver- balizagoes Caso 1: Informacses bésicas: Trata-se de um rapaz de 19 anos, solteiro, filho Unico, cujo pai é médi- co. Refere ter namorada, de quem “gosta mui- to” (sic). Durante 0 ensino médio, diversas ve- zes manifestou a vontade de cursar Engenha- ria ivi. Contudo, seus pais sempre desejaram que fosse médico e que, apés a gradvacso, fosse se especializar no exterior, O jovem fez vestibular para Medicina, sendo aprovado. Nao obstante, 20 longo do primeira semestr, sen tiu-se “desmotivado, tendo tirado notas bai- xas". Entéo, decidiu’ procurar uma psicéloga para “conversar e descobrir o que estava acon- tecendo com ele” (sic), Lémina |: “O jovem estuda misica e gosta cle misica desde pequeno. Certo dia, estudan- ddo as partituras musicais, comesou a tocar. Parou logo... nao conseguiu tocar mais. Estava dificil. Os professores estavam observando e insistiram para que ele tocasse, Ele ficou triste fe pensou:‘Preciso ir em frente... que vai me acontecer, se no conseguir? Estéo exigindo muito de mim’. Ficou quieto, pensando no que fazer. Por um lado, quer tocar, mas receia no conseguir E logo ele, que sempre foi tao estu- dioso... E fica assim durante o tempo todo da aula’ Titulo: 0 jovem estudioso e 0 vialino. Herdi: 0 jovem estudioso, com tracos de incapacidade ede introversio. £submisso, sen- te medo, nao tem confianca em si Motivos, tendéncias e necessidades do he- réi: O herbi sente necessidade de realizasao pessoal e de conhecimento, Quer pensar, re- fletir, para resolver suas dificuldades. Estados interiores: Esta inseguro € quer se sentir seguro quanto ao que é importante em seus estudos. Sempre foi estudioso, aten- dendo as suas expectativas e as dos profes- sores (pais). Submissao e desejo de indepen- déncia. Quer se sentir seguro, confiante em si, mas nao consegue. Este € 0 seu conflito. O afeto predominante é de tristeza. Mas ha ‘também sinais de ansiedade: sente-se exigi- do, pressionado e tem medo de nao conse- guir. Hd ansiedade de perda de aprovacéo, de amor ("O que vai me acontecer, se nao conseguir?"). As defesas mais evidentes sao repressao e negacao. O superego é severo: exigente consigo mesmo. Presses do ambiente: Nas relagées inter pessoais, sente pressoes de aquisicao, de co- nhecimento, de afiiacao, de respeito e de pro- tegdo. Desfecho: © her6i nao resolve seu contflto, suas dificuldades. Reage as presses com pas- sividade (fica em silencio, parado). Tema: 0 tema de um jovem inseguro dian- te das pressoes pessoais e sociais. Limina 6MF: “Um jovem... & € jover. Ele esté muito triste, porque nao esté conseguin- do um bom desempenho no trabalho. Nao compreende bem os livros que precisa ler, para levar para a frente o trabalho, com precisao. Fica calado. Aj chega a sua mée. Ela v8 o filho quieto, andando de um lado para outro. Ela ergunta o que é que esté acontecendo. 0 jo- vem pensa. Diz que nao é nada. Mas nao agilenta e comeca a chorar. A mae pergunta por que chora. 0 que aconteceu?’. Ele diz: ‘Nao adianta, nao consigo mais fazer nada bem fei- to no trabalho. Quero sair do emprego’. E pede a ela que avise o chefe de que nao vai mais ‘rabalhar. A mae diz que ele deve tentar. Mas no adianta, Ele pede, ele implora que ela te- lefone e avise seu chefe. Tem que estudar mui to, para trabalhar...£ pesado demais! £ a mae fica ali, calada, preocupada, 0 filho continua sem saber o que fazer” Titulo: O jovem que nao sabe o que fazer. Herdi: Um jovem, com tracos de incapaci- dade, de introversao, de submissao, de depen- déncia Motivos, tendéncias e necessidades do he- Tél: Sente necessidade de conhecimento, de reconhecimento, de protecao e de socorro. Estados interiores: Esta em conflito, porque se sente incapaz de um bom desempenho, Sen- te-se exigido demais: o que pode dar nao con- diz com 0 que exigem dele. Nao tem autono- mia para resolver 0 problema e pede ajuda a mae. Ha desejo de autonomia, mas ha depen- déncia materna. O afeto predominante ¢ tris teza, Mas ha ansiedade: sente-se pressionado, com medo. A ansiedade manifesta-se como temor do fracasso, de perda de prestigio pela incapacidade pessoal e de perda de aprovacao. Utiliza as defesas de repressdo e negacao. O superego € severo, exigente consigo mesmo. Pressées do ambiente: Agressao, conheci- mento, Desfecho: Nao consegue resolver o confli- to, Pede auxilio & mae, mas nada ocorre, Tema: 0 filho que comunica a mae que nao ‘consegue mais lidar com 0 seu ambiente. Pre- cisa de ajuda, Caso 2: Informacées basicas: Trata-se de uma mulher adulta, com 45 anos, casada, com uma filha viva (19 anos), e um filho falecido hd trés me- ses, com 21 anos. Seu filho teve leucemia. Fo- ram trés anos de tratamento, mas morreu, Foi ‘encaminhada para atendimento psicol6gico em um ambulatério hospitalar. Refere “sentir-se angustiada, infeliz, com uma tristeza insupor- tdvel (sic)” Lamina 2: "Essa jovem mulher sai para es- ‘tudar. Uma vez, ela teve muitos sonhos: queria ‘casar, trabalhar fora, ter filhos. Ela deixou sua familia ld no interior e foi para a cidade estu- dar, Mas 0s sonhos que se realizaram duraram pouco: uma dor muito grande se atravessou, € tla fez tudo para vencer a morte. Agora segue 6 com sua dor, Esté desesperada, Nao tem ninguém. E a dor é forte demais...serd que ela errou? Acho que esta histéria terminou”, Pstcoowandsnco -V 405 Titulo: A mulher que teve seu sonho inter- rompido, Her6i: Uma jovem mulher, com tragos de incapacidade, debilidade e introversao. Sente- se dependente, sem perspectivas, com medo. Motivos, tendéncias e necessidades do he- réi: Sente necessidade de protecio, de socor- ro, de evitacao da culpa, de realizacdo pessoal. Estados interiores: Esta desesperada, sen- +te-se culpada porque nio conseguiu evitar uma morte, Seus sonhos e projetos de vida desmo- ronaram. Sente-se s6, com muito medo de nao conseguir enfrentar a dor. Tenta fugir, negar (a histria terminou). Sente-se culpada (Seré que errou?). 0 superego & severo. £ exigente con- sigo. "Nao conseguiu vencer a morte, eerrou' Pressdes do ambiente: Sente-se s6, com pressoes de rejeicdo, caréncia e perigo Desfecho: 0 her6i nio resolve seu conflto: “Nao tem ninguém”, Foge do enfrentamento da realidade. “A histéria terminou". Esté sem perspectiva Tema: 0 tema 0 de uma jovem mulher que se sente 56 diante da dor da morte Limina 7 MF: "Uma mulher... ela senta no sofé e lembra da sua crianga pequena... Eu se gurava ela no colo e era a mais feliz das mu- Iheres. Ninguém me contou que isso ia term har. Mas terminou... N3o cuidei direito da crian- sa. Ela se foi. Estou desesperada... $6 ficou Um bringuedo, um sofé vazio, tio vazio como meu coracao, & que eu s6 tinha esse sonho, 0 de ter a crianga, € ndo ficou nada... A mulher do sofé espera a sua mie... Mas nao foi boa filha, ea mie no chega, Vai levar sua vida s6 de formalidades daqui para frente... sem sonhar..sem sofrer. Deu...” Titulo: A mulher sofredora e formal. Her6i: Uma mulher sozinha, com tracos de incapacidade e de introversio; sem confianca em si. Motivos, tendéncias e necessidades do he- réi: O heréi, a mulher, sente necessidades de afiliacao, de protesdo, de socorro, de evitagao da culpa e de reconhecimento. Precisa de aju- da, para vencer sua dor e diminuir sua culpa Estados interiores: Esta desesperada porque perdeu sua crianca. Dedicou-se a0 seu sonho de ser mae, com exclusividade. Mas sente cul- 406 Jurca ALaves Cunsa pa, acha que falhou: falhou como mae e como filha, Quer ser ajudada, mas nao se acha mere- cedora da ajuda, Este 6 0 seu conflito. 0 afeto a tristeza, o desespero. Sente ansiedade & solidao, 0 superego é severo: a culpa é intensa. As defesas predominantes séo a negacio e a ra- cionalizacao, £ muito exigente consigo mes- ma, Ha ansiedade de perda do amor e de apro- vacio. Presses do ambiente: Sente pressdes de afiliagao, protecio, perigo, rejeicao. Desfecho: 0 herdi nao resolve seu contflito, Nao tem com quem compartilhar sua dor, Nega. “Vai viver s6 de formalidades.” A confli- tiva persiste, Reage as pressées com confor- mismo. Tema: O tema é 0 de uma mulher desespe- rada e sozinha diante das pressées e da dor da perda. Anélise formal: Segundo Murray (1977), a anilise formal do TAT deve considerar os se- guintes itens: a) atitude frente ao teste: disponibilidade ‘ou nao; tranqiilidade; temor; b) atitude frente ao psicélogo: colaboracao; hostilidade; criticas a0 psicélogo e ou ao tes- +e; boa vontade; ©) atitude frente s laminas: o sujeito cum- pre as instrucdes ou nao; ajusta a histéria ao que a lamina explora ou nao; produz omis- s6es, adig6es ou distorgdes dos estimulos da lamina; e d) manifestagdes de conduta: linguagem; tempo de reacio; velocidade na voz ou lenti- dao; pausas, hesitacdes; desejos de fumar, de sair da sala; transpiracao; tiques; clareza da lin- ‘guagem; tipo de vocabulario, etc Interpretagao Aanilise das verbalizacées do sujeito permite ‘© reconhecimento de dados significativos, sen- do possivel a interpretacdo dos mesmos. Inter- pretar, conforme Murray (1977), significa “tra- duzir os motivos (problemas, necessidades, presses, etc), encontrados no repertério das historias, em termos dos fatores internos e ex- termos da personalidade do sujeito (sentimen- tos, tendéncias e atitudes intimas subjacentes; ambiente, pessoas, objetos que operam sobre ele)" (p. 61). Desta maneira, a postura inter pretativa deve orientar-se para 0 conhecimen- to da dinamica da personalidade do sujito. Exige do psicélogo conhecimentos sélidos da psicologia dinmica e experiéncia clinica (Ra- paport, 1965). ‘Além disso, para interpretar o TAT, é indis- pensdvel o conhecimento da histétia pessoal do caso, porque a precisao e a riqueza das con- clusdes do teste tém uma correlacao direta com este material Por outro lado, para chegar & compreensao da personalidade, é necessério o exame do re- pertério completo de histérias, para avaliar a consisténcia entre os contetidos. Na interpretagao do TAT, o psicélogo nao deve buscar, apenas, a comprovacao da parti- cipacéo do sujeito nas formas de conduta do grupo normativo ou, ainda, verificar se ha des- vio significative dos mesmos. Importa obter a gestalt do conjunto das respostas, relacionan- do as coincidéncias e os desvios das normas aperceptivas e tematicas Cada dado significativo deve ser compre- endido no conjunto dinamico, incluindo o que 0 antecede, sua intensidade e suas con- sequéncias ‘Quando 0 psicélogo encontra um motivo, uma sequéncia dinamica em uma historia, deve examinar a possiblidade de sua repeticao nas demais. Para esclarecer esta afirmacao, tome- mos como exemplo verbalizaces ao TAT de uma jovem de 22 anos. Na Lamina 2, sua res- posta foi: "A mosa olha para a mulher do cam- po € pensa que talvez esta seja feliz, vivendo para o lar e para os filhos". Na Lamina 7MF, disse: “A mae, bem jovem, conta uma histéria para a sua filha, em que a boneca-mae estu- dou muito, mas ficow feliz mesmo quando cui dou da boneca-filha”. Na Lamina 5, sua verba- lizaséo foi de que: “A mae saiu correndo do trabalho para a sua casa, porque sabia que era ali que estava a sua felicidad. Abriu a porta e até se emocionou de alegria”, Neste caso, e ape- nas apés 0 exame desta seqiiéncia, pode-se afir mar que essa jovem, indecisa entre a escolha do ‘estudo ou da profissio e a vida no lar, junto aos filhos, optou pela segunda alternativa. Reafirma-se, portanto, que um dado é sig- nificativ quando fica corroborado por duas ‘ou mais histérias. No mesmo sentido, devem ser avaliadas as distorcGes, omissoes e/ou as adi- ‘GGes de personagens e/ou de outros elementos. Elaboracao da sintese Apés 0 procedimento de andlise, levando-se fem considleracio aspectos da observacéo, e da historia, deve-se elaborar uma sintese, que tra- duza a dindmica da personalidade do indivi- duo testado (Freitas, 1996). Uma anilise em seqiiéncia permite ao profissional a constru- ‘40 gradativa de um quadro mais abrangente Isso requer uma certa pritica. Pode-se recorrer a um esquema de interpretacdo como, por exemplo temas abordados, caracteristicas e necessidades dos herdis, que sio reveladoras da auto-estima do sujet. Pode-se identificar as possibilidades de agéo na busca de resolu- ‘0 das tramas do herd. € importante a ansii- se do ambiente externo, saber que tipo de re- lacées procura estabelecer, como reage as pres- s0es externas. Aborda-se, também, relaciona- mentos especificos, tais como figuras paren- tals, relacées sociais, heterossexuais, et. A se- dui, importa relatar os conflits do herdi nas diversas laminas; a presenca da ansiedade per- turbadora e dos mecanismos de defesa comu- mente empregados. Finalmente, importa en- focar como ocorre a elaboracao dos conflitos, que indica a disponibilidade do individuo po- dler entrar em contato com seus contedidos in- ternos; suas possibilidades de mudanca e de crescimento pessoal. Paraisso, os desfechos das histérias sao particularmente reveladores da integracao do ego (Freitas, 1995). Concluindo, a sintese deve descrever uma pessoa real e nao uma colecdo de tens isolados. Diagnéstico Pela prépria natureza da técnica, o TAT é es- sencialmente indicado para o entendimento Pstcoowandstca -V 407 dinamico da personalidad. Assim, s6 secun- dariamente, oferece subsidios para a classi cacao nosolégica Quando se pretende o entendimento dind- mico, a analise dos dados deve ser enfocada de modo a apresentar “um quadro global do mundo interno do individuo” (Rapaport, 1965, .283), ou seja, é preciso compreender 0 sui to em funcao de suas principais areas vtais, tem suas relacées familiares, em suas relacoes hetero ou homossexuais (com referéncia a sua Vida afetiva, sexual efou matrimonial), em suas relacées sociais (e ant-sociais) e com 0 traba- tho. Murray (1977) apresenta a orientagao de Tomkins, para chegar a uma andlise "do com- portamento da personalidade frente as princi pais regides existenciais” (p.101), Recomenda- se, sobretudo ao psicélogo iniciante, um estu- do cuidadoso desse material, para experiéncia no manejo dos dados, até que possa chegar ao seu préprio entencimento da dindmica pes- soal do sujeito Em relagao a informagées basicas para che- gar a um diagnéstico nosolégico, se compa- rarmos os subsidios de Murray (1977), com 408 _Juneua ALaves Cunsa base também em outros autores, e os de Ra- paport (1965) e de Portuondo (1970), podere- ‘mos verificar que cada um dos autores se apéia nna experiancia dos demais, de maneira que uma tentativa de sintese incorreré numa repeticao, de contetidos. Por outro lado, tais informacoes ‘S50 pouco sistematicas. Ora esclarecem aspec- tos dindmicos, ora sao descritivas em termos das verbalizacées de sujeitos que apresentam determinados estados afetivos, ora pretendem apontar indicadores diagnésticos para certo nivel de funcionamento ou relacionam mani- festagées encontradas em algum quadro clini- co, S80, portanto, bastante vagas, se levarmos ‘em conta os critérios diagnésticos especificos, incluldos nas classificacées nosolégicas mais recentes. Assim, 05 subsidios encontrados nas ‘obras citadas podem eventualmente auxiliar a corroborar outros achados. Nao obstante, o TAT pode oferecer uma contribuigao importante em termos de diag- néstico, se considerarmos que refinamentos no entendimento dinamico podem servir de subsidios basicos para um diagnéstico dife- rencial

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