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Agradecimentos
Em especial, agradeço à minha família destacando os meus pais e irmão pela sua
demonstração de carinho e incentivo e ao Fernando por ser um pilar na minha vida.
Agradecimentos
Resumo
Este trabalho avalia a implementação do Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001:2000 nas
empresas de construção através da realização de um questionário às empresas certificadas do sector
da construção civil do distrito de Braga.
Os resultados deste estudo indicam que as principais razões que levaram as empresas de
construção a enveredarem pela certificação dos seus Sistemas de Gestão são a necessidade de
satisfação dos clientes e de melhoria da qualidade do produto/serviço. Durante o processo de
implementação do SGQ, surgiram dificuldades relacionadas essencialmente com o tempo necessário
para tratar de burocracias e com os custos da Qualidade. Concluiu-se ainda que os mais envolvidos
no Sistema são o Director de obra e o Encarregado de obra, sendo estes também os principais
responsáveis pela detecção e correcção de não conformidades. Com o SGQ, as empresas
implementaram novos métodos de motivação dos colaboradores, dando mais importância à
formação e à comunicação e revelaram que pretendem manter a certificação.
Resumo
Abstract
This study evaluates the implementation of ISO 9001:2000 Quality Management System in
construction firms by conducting a survey to certified construction firms from the district of Braga.
These results indicate that the main reasons that lead construction companies to choose the
certification of their Management Systems are the need to satisfy their costumers and improve the
quality of their product/service. During the implementation process several difficulties have emerged
regarding essentially the time needed to handle bureaucratic works and regarding the costs related
to Quality. It was also concluded that the ones most involved in the System are the construction
works director and foreman which are also primarily responsible for detecting and correcting non-
conformities. With QMS companies have implemented new motivation methods, giving more
importance to training and communication and revealed that intent to maintain the certification.
Abstract
Índice geral
Índice geral>
Índice de figuras
Figura 1 - Ciclo de Demming ----------------------------------------------------------------------------------------------- 6
Figura 8 – Top dos certificados ISO 9001 com os serviços agregados como um sector único ----------- 17
Figura 34 – Qual foi o grau de envolvimento dos colaboradores dos diversos departamentos aquando
da implementação do SGQ?--------------------------------------------------------------------------------------- 51
Figura 37 – Como procede quem detecta ao problemas e com que frequência? -------------------------- 53
Figura 38 – Quem é envolvido para resolver as não conformidades e com que frequência? ----------- 54
Figura 40 – Comparação entre os anos de certificação ISO 9001 e a colocação em prática das acções
correctivas ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 55
Figura 42 – Por quem é realizado o controlo da eficácia das acções correctivas? ------------------------- 56
Figura 44 – Comparação entre a realização do controlo das acções correctivas e a execução desse
controlo através de observação directa, com elaboração de relatório e análise -------------------- 57
Figura 45 – Comparação entre a realização do controlo das acções correctivas e a execução desse
controlo através de observação directa, sem registo ------------------------------------------------------- 58
Índice de figuras
Índice de tabelas
Tabela 1 – Sistema de gestão da qualidade -------------------------------------------------------------------------- 21
Índice de tabelas
Siglas usadas
Siglas usadas
1.Introdução
1.1.Enquadramento
A qualidade é cada vez mais uma variável incontornável no mundo empresarial. Por um lado,
o contexto económico cada vez mais globalizado obriga a encarar a qualidade como um factor de
competitividade e de diferenciação nos mercados. Por outro lado, o consumidor está cada vez mais
informado e exigente, não deixando às empresas margem para falhas.
O Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) ISO 9001 surge como forma de dar resposta às
exigências sentidas pelas empresas e pelos seus clientes, através da aplicação de normas
internacionais que regem todos os procedimentos internos das empresas e acompanham o produto
desde a simples ideia de concepção até à satisfação do cliente. O movimento da qualidade e as
ferramentas internacionais desenvolvidas, são vistas como um dos principais caminhos para a
melhoria dos métodos praticados pelas empresas (Cachadinha, 2009).
Apesar da construção civil ser um sector dito “tradicional”, no qual as inovações ocorrem de
forma muito lenta e os métodos construtivos variarem pouco ao longo dos anos (Arnaldo, 2007) as
empresas não ficaram alheias ao cenário inovador da certificação. No entanto, os problemas
relacionados com a falta de qualidade permanecem um assunto crítico para a indústria da
construção (Depexe et al., 2007) e não são novidade. Estes foram ignorados durante anos devido à
alta rentabilidade do sector e aos volumes de negócio normalmente envolvidos. Estes problemas
assentam essencialmente na realização de rectificações ou retrabalhos assim como na identificação
das causas a eles associadas (Karim, 2006). Estão também ligados à qualidade dos projectos, dos
materiais utilizados e às competências necessárias para articular os recursos técnicos e humanos,
devendo-se garantir o método e o produto de modo que o cliente possa encontrar motivos de
satisfação.
1.2.Motivação e objectivos
Qual a evolução que pode ser identificada após a implementação e quais os aspectos que
ainda necessitam de melhorias?
1.4.Estrutura da dissertação
O capítulo número quatro é composto pelas conclusões do estudo e pelas sugestões para
trabalhos futuros.
1.Introdução
2.1.Conceito de qualidade
A definição de qualidade surge relacionada com os mais variados aspectos, não sendo um
conceito concreto e objectivo. Esta depende da percepção das pessoas ou organizações, das suas
necessidades, vivências, desejos, etc.
Ribeiro (2006) define qualidade sob diferentes pontos de vista. Referindo Garvin (1984), este
propõe oito características para avaliar a qualidade de um produto: a sua fabricação, as suas
características, a segurança, a conformidade, a durabilidade, o nível de serviço, a estética e ainda a
qualidade percebida pelo consumidor. Mediante a maior ou menor importância atribuída pelo
consumidor a estas características, pode-se então avaliar o produto.
Tendo em consideração os custos, Ribeiro (2006) cita Bank (1996) e Loudoyer (2000) que
definem qualidade como a satisfação das exigências dos clientes ao custo de produção mais
reduzido. Este conceito evidência a necessidade de as empresas colocarem no mercado produtos
com boa relação qualidade/preço, de modo a satisfazerem os clientes e a competirem com a
concorrência directa no mercado.
A abordagem ISO entendida por Ribeiro (2006) apresenta uma definição mais abrangente,
não a centrando apenas no produto. Assim, as normas da qualidade definem-na como a capacidade
2.A certificação ISO 9001
fazer e negligenciando a qualidade desse produto ou serviço (Grenard, 1996 e Escanciano et al.,
2002, citados por Ribeiro, 2006).
Uma pesquisa desenvolvida por Tabatabaei et al. (2008) que se propunha a analisar o papel
da ISO 9001:2000 na qualidade do produto final, desenvolvida numa empresa de equipamento
médico, conclui que, uma vez cumpridos os requisitos da norma, realmente existe melhoria do
produto final.
Assim, como vemos, avaliar ou medir a qualidade, significa ter em conta uma grande diversidade
de variáveis e preocupações.
Não se pode falar do conceito de qualidade sem referir o contributo daqueles que mais
influenciaram este movimento. Vários autores (Branco, Pires, González) referem Edwards Deming,
Philip Crosby, Joseph Juran, Feigenbaum, Ishikawa, entre outros, como as maiores referências na
área da qualidade. De seguida dá-se a conhecer algumas das criações de Deming, Crosby e Juran.
• Planear: nesta fase é necessário definir os objectivos, fazer um ponto da situação através de
um diagnóstico dos problemas a resolver por ordem de importância, definir as acções de
melhoria e estabelecer um plano de trabalho de modo a atingir os objectivos propostos;
• Fazer: consiste em implementar a solução definida anteriormente;
• Verificar: a verificação deve ser efectuada enquanto se implementa o processo e aquando da
obtenção de resultados, de modo que seja possível comparar os resultados obtidos e os
2.A certificação ISO 9001
esperados;
• Actuar: devem ser feitos os ajustes necessários de modo a obter o desfecho pretendido,
tendo em conta os resultados da verificação.
Planear
Actuar Fazer
Verificar
Figura 1 - Ciclo de Demming
O modelo do ciclo de Deming é referido pela Norma ISO 9000 como a metodologia a usar em
todos os processos.
Deming elaborou ainda os catorze passos recomendados para a melhoria contínua, as sete
“doenças mortais” para a qualidade e os doze obstáculos para a qualidade (Branco, 2008).
Philip Crosby introduziu o facto de a qualidade estar ligada às pessoas, dando principal
incidência ao envolvimento da gestão de topo. Este assinala a importância das relações entre
colaboradores, fornecedores e clientes. Afirma ainda, nas suas publicações, que os custos da má
qualidade ascendem a cerca de 30% da receita de uma empresa (Crosby, 1979).
Pires (2004) cita seis factores-chave para a gestão da qualidade identificados por Crosby:
Juran é um dos pioneiros da promoção da qualidade. Este define qualidade (González, 2006)
como adequação ao uso, implicando isto que os produtos e serviços contem com as características
que o consumidor definiu como úteis e estabeleceu que a base da qualidade assenta em tês
princípios que formam a Trilogia de Juran: Planificação, Controlo e Melhoria da qualidade.
Em suma, Deming foca a sistematização dos processos com o modelo PDCA, a melhoria
contínua e os obstáculos da Qualidade. Crosby centra a Qualidade nas pessoas dando especial
atenção ao envolvimento da gestão de topo e quantifica os custos da má Qualidade e Joseph Juran
defende que a Qualidade tem como base a planificação, controlo e melhoria.
A norma ISO 9001:2000 (actualmente substituída pela ISO 9001:2008), criada pela
International Organization for Standardization, estabelece os requisitos mínimos de um Sistema de
Gestão da Qualidade.
A série 9000, composta pelas ISO 9001, 9002 e 9003, foi editada na Europa em 1987
(baseada na British Standard BS 5750 de 1979). Só em 1990 é que esta norma é editada em
português (Branco, 2008).
Esta norma já sofreu dois ciclos de melhoria, um, com um impacto menor, em 1994 e uma
revisão mais profunda em 2000, que originou a 9001:2000 com apenas um nível de certificação
sendo abolidas as ISO 9002 e ISO 9003 (Croft, 2007). Esta, por sua vez, foi substituída pela ISO
2.A certificação ISO 9001
9001:2008, introduzindo esta revisão apenas alterações de carácter menor, no sentido de clarificar
conceitos já definidos pela 9001:2000.
Todas as normas ISO são publicadas pela International Organization for Standardization,
sendo esta a maior organização a desenvolver e publicar normas internacionais a nível mundial, com
representação em 157 países. É composta por vários Comités Técnicos que elaboram as normas de
acordo com a sua especialidade. A ISO 9001:2000 assim como as suas antecessoras e a nova
9001:2008 foram elaboradas pelo Comité Técnico ISO/TC 76 “Gestão da qualidade e garantia da
qualidade” (www.iso.org).
No caso da norma ISO 9001:2000, esta foi aprovada pelo CEN, o que a torna uma norma
europeia, automaticamente aceite nos trinta países membros do comité. Após a sua rectificação e
tradução para português, esta tornou-se Norma Portuguesa. Isto explica a sua designação final no
nosso país: NP EN ISO 9001:2000 para o caso da versão 2000 da norma e NP EN ISO 9001:2008 para o
caso da nova versão.
A nível europeu destaca-se ainda a EA – European Cooperation for Accreditation. Esta é uma
associação das organizações de acreditação de cada país que acreditam organizações no âmbito de
calibração e testes, inspecções e certificação de sistemas, produtos e pessoas.
2.A certificação ISO 9001
A função do IAF é assegurar que os seus membros acreditados sejam competentes para fazer
o seu trabalho e não estejam sujeitos a conflitos de interesse. Este organismo estabelece acordos de
reconhecimento mútuo, conhecidos como acordos multilaterais (MLA) entre os seus membros
acreditados e os seus clientes, assegurando que um certificado de acreditação pode ser de confiança
em qualquer parte do mundo (www.iaf.nu).
Após alguns ajustamentos ao SPQ, com alterações legislativas, salienta-se ainda a criação, em
2004, do Instituto Português da Acreditação (IPAC). A este organismo foram atribuídas as funções de
reconhecer a competência técnica dos agentes de avaliação da conformidade (entidades que
efectuam calibrações, ensaios, inspecções e certificações) de acordo com referenciais internacionais
2.A certificação ISO 9001
(www.ipac.pt).
IPQ
Metrologia Normalização
Qualificação
• Acreditação (IPAC)
• Certificação
Importa referir ainda as entidades certificadoras, que são os organismos aos quais compete a
avaliação da conformidade dos sistemas de gestão das empresas.
• APCER;
• SGS;
• LRQA;
• Bureau Veritas;
• EIC;
• TUV Rheinland;
• QSCB;
• AENOR/LUSAENOR.
A ISO 9001 encontra-se estabelecida a nível mundial, como implementadora de uma garantia
sobre a capacidade de satisfazer requisitos da qualidade e alcançar a satisfação do cliente.
De acordo com dados relativos a final de 2007, existem empresas certificadas pela ISO 9001
em 175 países e o número de organizações certificadas pela Norma atinge quase um milhão, em
todo o mundo (figura 4).
Certifications” apresenta uma combinação de factores que possam estar na origem do menor
crescimento: o facto de estar previsto a lançamento da versão 2008 levando a que muitas
organizações decidissem esperar pela saída da nova norma; o mercado da certificação ainda estar
em fase inicial em alguns países; o crescimento da certificação direccionada para actividades ou
sectores específicos; entre outros.
Os países que lideram o ranking de emissão de certificados são a China (210.773), a Itália
(115.359), o Japão (73.176) e a Espanha (65.112), mantendo-se desde 2006 (ISO Survey of
Certifications 2007, 2008).
115359
45195 65112
35517
22981
10458
4203 4822
11077
1794 5132
5283
1703 5233
Na Europa (figura 5), destacam-se os países mais industrializados como a Itália, a Espanha, o
Reino Unido e a Alemanha. Os países nórdicos como a Noruega e a Dinamarca têm um número
reduzido de certificados.
2.A certificação ISO 9001
se o facto de existirem empresas certificadas que não se encontram na base de dados uma vez que a
mesma é composta por informação fornecida pelas entidades certificadoras e, como tal, pode conter
omissões (segundo explicação fornecida pelo IPAC quando questionado sobre o facto de existirem
empresas certificadas que não se encontram na base de dados). Devido a este facto, e como
resultado da pesquisa realizada, o número de empresas certificadas em Braga ascende a 429 e a
4.094 no nosso país.
Os distritos de Portalegre, Beja e Évora sobressaem como os distritos com menos certificados
ISO 9001. Já Lisboa destaca-se com 1.027 certificados, seguido do Porto, Aveiro e Braga, onde irá
incidir este estudo, com 429 certificados.
Isto permite concluir que Braga tem cerca de 10,5% das empresas certificadas do país.
1200
1027
1000
830
800
600
429 416
400 298
175 158 142
200 129 99 96 75 50 42 35 32 25 21 15
0
Relativamente ao número de certificados por sector, os cinco sectores que lideram o ranking
não mudaram nos últimos anos. Conforme é possível observar na figura 7, a construção continua em
primeiro lugar a nível mundial com mais 14.644 certificados do que em 2006, seguida do sector dos
2.A certificação ISO 9001
metais que teve um acréscimo de 20.130 e do sector de equipamento óptico e eléctrico com um
incremento de 14.001 certificados. A maquinaria e equipamento e o comércio por grosso e a retalho
ocupam o quarto e quinto lugares com aumentos de 8.136 e 6.565 certificado respectivamente.
Construção 95076
0 40000 80000
Serviços 237031
Construção 95076
Figura 8 – Top dos certificados ISO 9001 com os serviços agregados como um sector único
Fonte: ISO survey of Certifications 2007
comércio por grosso e a retalho. Considerando as 122.070 empresas existentes no sector nesse ano
(INE, 2008), a certificação no sector corresponde a aproximadamente 0,5%.
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
No distrito de Braga, o sector da construção assume elevada importância uma vez que se
encontra em segundo lugar como o sector que mais emprega (Ministério da Economia e Inovação,
2009). Este facto está directamente relacionado com o número de empresas existentes que ascende
às 8.386 (INE, 2008), distribuídas pelos vários Concelhos como mostra a figura 10. Braga detém cerca
de 7% das 122.070 (INE, 2008) empresas do sector em Portugal.
Cabeceiras Celorico
Vizela de Basto de Basto
1% 2% 2% Amares
4%
Barcelos
14%
Vila Nova de Famalicão
13%
Vieira do Minho
2%
Póvoa de Lanhoso
4%
Braga
20%
Guimarães
12%
Fafe Esposende
8% 7%
Vila Verde
10%
Terras de Bouro
1%
Segundo a base de dados do INCI (2009), pode-se constatar que o distrito de Braga tem 1.490
empresas com classe de habilitações de alvará de construção. Na figura 11 é possível verificar que
Lisboa, como seria de esperar, demarca-se como o distrito com mais empresas com alvará, seguindo-
se o Porto, Leiria, Faro, Setúbal e só depois Braga. Bragança e Portalegre são os distritos detentores
do menor número de empresas de construção com alvará.
2.A certificação ISO 9001
5000
4500 4304
4000
3500
3000 2648
2500
2000 1710
1581 1491 1490
1500 1207 1174
996
854 847
1000
538 497 443 426 385 328
500 278 208
8
0
120 114
102
100 94
80
60
38
40 31
28 27 26
20 16 16 14 12
9 8
5 5 4 2
0
2.A certificação ISO 9001
A norma de gestão pode, como já foi referido anteriormente, ser aplicada a qualquer
organização. No entanto, torna-se necessário conhecer bem os seus requisitos para os aplicar da
melhor forma e retirar deles maior proveito. Devido a este facto, a Norma considera indispensável a
consulta da NP EN ISO 9000:2005 Sistemas de Gestão da Qualidade, Fundamentos e Vocabulário. É
ainda importante referir que todos os requisitos têm carácter obrigatório, com excepção dos
assinalados na Norma como “quando aplicável”.
A nova versão NP EN ISO 9001:2008 não introduziu alterações aos requisitos que compõem a
versão 2000, esclarecendo-os apenas em termos linguísticos para facilitar a sua interpretação.
Para uma melhor compreensão da ISO 9001:2000, as tabelas seguintes descrevem os seus
requisitos com a linguagem empregue na mesma. Estes requisitos compreendem o “Sistema de
gestão da qualidade”, a “Responsabilidade da gestão”, a “Gestão de recursos”, a “Realização do
produto” e a “Medição, análise e melhoria”.
Importa referir que a actividade ou processo de “controlo” deve ser sempre entendida como
um processo documentado e monitorizado.
2.A certificação ISO 9001
prevenção de não conformidades, evitando assim repetições através da eliminação das causas a elas
associadas, com necessidade de um procedimento documentado.
A estrutura documental do SGQ está organizada em três níveis (TUV Rheinland, 2008):
do Sistema.
• 3º Nível – Documentação de apoio: o terceiro nível define “como a empresa faz”, ou seja,
explicita detalhadamente os procedimentos técnicos da execução e engloba ainda todos os
registos úteis ao sistema como sejam instruções de trabalho, registos, análises, resultados
auditorias, formulários, etc.
O resultado final da auditoria consiste num relatório onde é indicado o que a equipa auditora
constatou, podendo registar “não conformidades”. Caso existam e sejam de carácter menor, os
auditores irão concluir que essa organização dispõe de um sistema de gestão implementado que
cumpre as Normas aplicáveis, dando lugar à emissão do certificado. No entanto, a empresa terá de
responder às não conformidades detectadas, dispondo de um prazo para o fazer. Estas justificações
podem ou não ser aceites pelos auditores.
As não conformidades de carácter menor consistem em falhas isoladas que não colocam em
causa a qualidade dos resultados da actividade desenvolvida ou do Sistema de Gestão. Já as não
2.A certificação ISO 9001
A organização poderá ser alvo de advertências, suspensão e até anulação do certificado caso
incorra em incumprimentos como os seguintes (ACERT, 2008):
O termo “processo” é definido pela Norma como sendo “uma actividade utilizando recursos
e gerida de forma a permitir a transformação das entradas em saídas” (ISO 9001:2000).
Estes processos podem ser definidos através de fluxogramas (figura 14), em que é assinalado
início e fim do processo, a entrada e saída do processo, a acção ou tarefa, o nome da função, o
responsável pela acção ou tarefa, a decisão ou ponto de medição, a inspecção ou verificação e ainda
a ligação para outro fluxograma ou processo. Este método facilita a análise dos processos, no
entanto, não é um método obrigatório uma vez que existem outros (ex: SIPOC, método da tartaruga)
(TUV Rheinland, 2008).
2.A certificação ISO 9001
DO – Director de obra
SA – Serviços administrativos
Para todos os processos a norma usa o modelo PDCA (Planear, Fazer, Verificar e Actuar) de
Deming, descrito no ponto 2.2.
Segundo Pires (2004), todos os processos devem ser definidos e aceites pela gestão de topo
para garantir que sejam do interesse da empresa, devem ser funcionais entre si de modo a aligeirar
possíveis dificuldades e possuir objectivos e indicadores. Este último ponto é de grande interesse
uma vez que permite medir os processos. Exemplificando, se um dos objectivos de uma empresa for
melhorar a relação com os clientes através do cumprimento de prazos de entrega, um indicador para
esse objectivo poderia ser o número de não conformidades relacionadas com o prazo a dividir pelo
número total de entregas. Isto quer dizer que os indicadores são efectivamente medidos, permitindo
2.A certificação ISO 9001
uma leitura clara da situação e tomar medidas baseadas em factos concretos. A esses indicadores
podem ainda ser atribuídas metas, ou seja, seguindo o exemplo dado, uma meta possível seria o
indicador relativo às não conformidades por atrasos na entrega ser inferior a 10%.
2.5.Impactes da certificação
A certificação não gera consenso relativamente às vantagens e desvantagens que realmente
advêm para as empresas. A implementação de um Sistema de Gestão da qualidade de sucesso
depende de vários factores que têm que ser obrigatoriamente conjugados.
Tendo em conta o sucesso obtido pela Norma ISO 9001, teria lógica pensar que a principal
razão das empresas para a implementar seriam os inúmeros benefícios que daí advêm e que vão
certamente ao encontro das suas necessidades de melhoria e inovação. No entanto, por vezes, são
apenas estratégias de marketing que se resumem ao uso da marca. Nesta situação, o Sistema é
apenas um custo para a empresa, não retirando daí qualquer benefício além do prestígio pelo uso da
marca.
Segundo a ISO (www.iso.org), o fundamento ideal para a implementação do SGQ ISO 9001 é
o de melhorar a eficácia e eficiência dos processos da organização.
Em Portugal, segundo o estudo realizado por Branco (2008), as principais razões para a
implementação de um SGQ são a melhoria organizacional e a oportunidade para uma maior
sistematização dos métodos de trabalho. Salientam ainda a oportunidade para melhorar o produto
ou serviço e a oportunidade para uma abordagem mais direccionada para os requisitos do cliente.
2.A certificação ISO 9001
Pires (2004) refere duas razões para a implementação de um SGQ: uma interna e outra
externa. A interna seria dar confiança à gestão de topo de que a qualidade está a ser atingida ao
menor custo. A externa, dar confiança ao cliente.
Já segundo um estudo realizado por Cabral et al. (2002), a Construção Civil e Obras Públicas
aderiu à qualidade “como forma de racionalizar os custos relativos aos desperdícios, de minimizar os
defeitos durante a produção, de reduzir o retrabalho e, ainda, de cumprir os prazos de entrega”.
2.5.2.Dificuldades
A implementação de um SGQ acarreta, na maioria dos casos, uma grande mudança para as
empresas uma vez que envolve, ou se pretende que envolva, todos os departamentos e todos os
colaboradores.
Em Portugal, de acordo com uma pesquisa efectuada por Branco (2008), a disponibilidade de
tempo destaca-se como a maior dificuldade na implementação de um sistema de Gestão da
Qualidade. De seguida surge a dificuldade na implementação dos requisitos relativos a tratamento
de não conformidades e a acções correctivas, a falta de envolvimento da gestão de topo e a
interpretação dos requisitos da norma ISO 9001 em relação à actividade da empresa.
A pesquisa desenvolvida por Depexe (2007) conclui que a maior dificuldade enfrentada pelas
empresas construtoras no Brasil reside na cultura organizacional e resistência a mudanças, seguida
da burocracia excessiva gerada pelo Sistema. Sila e Ebrahimpour (2003), citados por Depexe,
concluem que o envolvimento da gestão de topo é o factor crucial para o sucesso do SGQ e, como
tal, será o maior entrave. Já citando Sutherland et al. (1995), a maior dificuldade é o facto da gestão
2.A certificação ISO 9001
de topo não conseguir alterar comportamentos ao nível dos colaboradores que os motivem a
contribuir para a melhoria da qualidade.
diferentes departamentos e níveis hierárquicos (Low et al., 1997). Segundo estes autores, torna-se
necessário o desenvolvimento de factores humanos e um ambiente de participação nas decisões de
modo a manter um SGQ eficaz.
No Brasil, Souza et al. (2004) concluem na sua pesquisa que o grande trunfo das empresas
não está na gestão de documentos, de aprovisionamentos, na gestão de projectos, etc., mas na
gestão de recursos humanos e cita Reis (1997) referindo que “ quando uma empresa conseguir
conciliar as suas expectativas e necessidades com as dos seus funcionários, aí sim ela terá conseguido
equacionar eficientemente o seu sistema de administração de pessoas e alcançará o
comprometimento e a motivação necessários para o perfeito funcionamento do seu SGQ …”.
Neste capítulo são descritos os passos que foram seguidos desde a definição das questões de
investigação, passando pela identificação das empresas a inquirir, a formação da base de dados e a
elaboração do questionário. São também apresentados os resultados do questionário efectuado
junto das empresas de construção certificadas.
3.1.Metodologia de investigação
No entanto, foi necessário recorrer a uma triagem, em que foram excluídas todas as
empresas que não detinham classe de habilitações de alvará de construção validado pelo Instituto da
Construção e do Mobiliário (INCI). De entre as detentoras de alvará, foram ainda excluídas aquelas
que se dedicam exclusivamente à 4ª categoria – instalações eléctricas e mecânicas. Desta forma,
obtivemos 44 empresas como alvo do inquérito.
Das 94 empresas de construção certificadas pela ISO 9001 do distrito de Braga, este estudo
visou 44, o que corresponde a 46,81% do universo.
Todo o questionário (Anexo A) teve por base as normas estabelecidas pelo Dossier Didáctico
XI – “O inquérito estatístico” (www.ine.pt) e foi testado junto dos responsáveis pela Qualidade de
duas empresas de construção certificadas, sendo ainda revisto por um consultor ISO 9001.
Foi ainda definido que o questionário seria direccionado ao responsável pela Qualidade uma
vez que seria o colaborador com maior conhecimento do real funcionamento do Sistema de Gestão.
3.1.4.Recolha de dados
3.2.Análise de resultados
3%
27%
70%
A figura 16 revela que 90% dos responsáveis pela qualidade das empresas tiveram apoio de
consultor externo.
10%
90%
A experiência dos Gestores da Qualidade na área é apresentada na figura 17. A maioria dos
gestores tem entre 5 e 10 anos de experiência na área, no entanto, 53% estão ligados à qualidade há
menos de 5 anos.
3%
7%
20%
37%
33%
As empresas construtoras optam por um responsável pela qualidade com grau de formação
universitária (figura 18). Esta situação poderá estar relacionada com o facto de que em algumas
empresas a função de responsável pela qualidade é acumulada com a função de
coordenador/responsável pela higiene e segurança, função obrigatória por empresas portadoras da
classe de habilitações igual ou superior a 6, o que corresponde a 70% das empresas respondentes ao
questionário.
10%
3.Metodologia de investigação e análise de resultados
90%
A caracterização das empresas iniciou-se com uma questão sobre a classe de alvará (figura
19). Apesar de esta informação já ter sido previamente recolhida na fase de pesquisa de informação
sobre as empresas, achou-se por bem a sua inserção.
Organizando as empresas em dois grupos, com classe de habilitações de 1 a 5 (até
2.656.000€) e de 6 a 9 (entre 2.656.000€ e acima de 16.600.000€), conclui-se que 30% das empresas
se enquadram no primeiro grupo e 70% no segundo, separando-se desta forma em empresas de
menor e maior dimensão. Este facto permite evidenciar a relação entre a dimensão das empresas e a
certificação, sendo que, como já constatado, existe um maior número de empresas certificadas entre
as de maior dimensão. No entanto, a certificação ISO 9001:2000 aplica-se a todas as empresas,
independentemente da sua grandeza.
O gráfico mostra ainda que nenhuma das empresas inquiridas tem classe de habilitações 2 e
3. As de classe 9 correspondem a 34%, seguidas da classe 6 com 23%, sendo que a classe com menor
representatividade é a primeira com apenas 3%.
3% 7%
34%
20%
10% 23%
3%
23% 30%
20%
27%
Os edifícios não residenciais são o tipo de obras mais realizadas pelas empresas de
construção certificadas, correspondendo a 36% dos seus trabalhos, seguidos dos edifícios
residenciais com 30% e das obras de engenharia com 25%. A promoção imobiliária apenas
corresponde a 9% dos trabalhos realizados pelas empresas.
25% 9%
30%
36%
As empresas foram também questionadas sobre a percentagem dos seus trabalhos que
subcontratam a terceiros (figura 23).
33%
A figura 24 evidencia que a grande maioria das empresas realiza obras públicas (87%) sendo
que em 53% das organizações este tipo de obras corresponde a mais de metade dos trabalhos que
realizam.
Existe uma relação entre a realização de obras públicas e a certificação uma vez que, em
certos concursos é atribuída uma percentagem de valorização da proposta, caso a empresa
concorrente tenha o seu Sistema de gestão certificado, partindo desta forma em vantagem
relativamente a uma empresa não certificada.
20% 10%
27%
33% 7%
A figura 25 permite concluir que nenhuma empresa está certificada há mais de 10 anos.
Apesar de a questão incidir na ISO 9001:2000, que obviamente só teria certificações a partir desse
ano, a indicação das empresas foi que esta Norma as cativou para a certificação, existindo apenas
uma empresa, das inquiridas, que já tinha o seu Sistema de Gestão certificado pela Norma anterior.
A maioria das empresas, 37% está certificada até dois anos enquanto 33% estão certificadas
entre três e cinco anos e 27% entre seis e dez anos.
3.Metodologia de investigação e análise de resultados
Até 2 anos Entre 3 e 5 Entre 6 e 10
Mais de 10 anos Não sabe/não resp.
3%
27% 37%
33%
Analisando os organismos que certificam as empresas (figura 26) conclui-se que a APCER é,
sem dúvida a que detém maior cota de mercado. Esta empresa opera desde 1996 enquanto as
restantes, nacionais e estrangeiras, desenvolvem a sua actividade há menos tempo no nosso país.
3% 3%
17%
47%
10%
17% 3%
No entanto, numa análise geral às respostas obtidas, conclui-se que todas as opções
apresentadas foram consideradas importantes pelas empresas. Este factor elucida sobre as suas
necessidades que se constata serem transversais a todos os sectores da empresa embora o foco seja
no produto e nos clientes.
Optou-se pela comparação mediante o número de colaboradores uma vez que a distribuição
do número de empresas é mais uniforme (ver figura 20).
Quanto a atingir novos mercados, as organizações com maior dimensão mostram mais esta
necessidade, ficando as restantes abaixo da média.
Mediante os resultados, pode-se concluir que as empresas bracarenses não sentem estas
dificuldades como sendo extremas, uma vez que todas se enquadram entre os 27 e 47%.
Na figura 31, tentou-se verificar a relação entre a dimensão das empresas e as dificuldades
sentidas.
No geral, conclui-se que as dificuldades são mais ligeiras para as organizações com 100 a 249
colaboradores e com mais de 250 e mais acentuadas para as empresas com menos empregados, ou
seja, de menor dimensão.
Disponibilidade de tempo
Interpretação da norma
Analisando ainda as dificuldades que se mantêm após a implementação do SGQ (figura 32)
conclui-se que o envolvimento dos colaboradores aparece agora no topo da tabela com 40%.
Comparando este resultado com a figura 30, em que este factor apresentava 41% de dificuldade
aquando da implementação do SGQ, evidencia-se que este quase não sofreu evolução.
As dificuldades que se mantêm foram também analisadas na figura 33, de acordo com a
dimensão das empresas em termos de número de colaboradores. 3.Metodologia de investigação e análise de resultados
A dificuldade com o envolvimento dos colaboradores é mais vincada pelas organizações com
50 a 99 empregados, mantendo-se similar relativamente à dificuldade sentida aquando da
implementação (figura 31) e aumentando até no caso das empresas com 100 a 249 colaboradores.
Disponibilidade de tempo
Interpretação da norma
“A organização deve assegurar que o seu pessoal está consciente da relevância e da importância das
suas actividades e de como as mesmas contribuem para serem atingidos os objectivos da qualidade”
(NP EN ISO 9001:2000).
envolvidos com 44% enquanto os directores de obra e a gestão de topo são considerados os mais
envolvidos aquando da implementação do SGQ.
No entanto, este factor levanta questões uma vez que foi considerado uma das maiores
dificuldades após a implementação do SGQ. Será que se envolveram, mas os resultados não foram os
esperados?
Sem
0% 33% 67% 100%
Algum Envolvimento Envolvimento
envolvimento envolvimento significativo total
Figura 34 – Qual foi o grau de envolvimento dos colaboradores dos diversos departamentos
aquando da implementação do SGQ?
3.2.6.Problemas em obra
“A organização deve assegurar que o produto que não está conforme … é identificado e controlado.”
“A organização deve determinar a competência necessária para o pessoal que desempenha trabalho
que afecta a qualidade do produto”.
Os problemas (não conformidades) das obras podem ter as mais variadas origens, causas e
intervenientes. A sua detecção está normalmente associada à monitorização, no entanto, qualquer
colaborador que se depare com uma situação de “erro” deve intervir de modo a sanar essa mesma
situação.
A figura 36 indica os principais responsáveis pela detecção das não conformidades em obra.
Salienta-se ainda o facto de muitas vezes o responsável pela qualidade acumular as funções
como responsável pela segurança ou vice-versa.
A figura 37 revela a forma como as não conformidades são participadas, visando a sua
resolução.
Conclui-se que na grande maioria das vezes é feita a comunicação ao responsável pela
qualidade seguindo-se no ranking a comunicação ao director de obra e a abertura do registo de não
conformidade.
O director de obra demarca-se claramente como sendo o mais envolvido para resolver as não
conformidades detectadas seguindo-se o encarregado de obra e o responsável pela qualidade.
Comparando a figura 36 com a 38, nota-se claramente que quem detecta as não
conformidades são os envolvidos na resolução das mesmas.
No entanto, as não conformidades que possam surgir em obra dispõem de uma vasto leque
de complexidade, facto essencial na determinação das pessoas envolvidas na sua resolução.
Figura 38 – Quem é envolvido para resolver as não conformidades e com que frequência?
3.2.7.Acções correctivas
Segundo a norma, as acções correctivas são “acções para eliminar as causas das não
conformidades com o fim de evitar repetições. As acções correctivas devem ser apropriadas aos
efeitos das não conformidades encontradas” (NP EN ISO 9001:2000).
A sistematização do SGQ ISO 9001 pressupõe que após a detecção de uma não
conformidade, esta tenha o devido seguimento, o que só acontecerá após a análise da sua causa.
20%
43%
37%
Analisando as empresas que apenas estão certificadas até dois anos, podemos constatar que
a maioria delas executa “sempre” as acções correctivas apesar de algumas apenas o fazerem
“algumas vezes” e “muitas vezes”.
As empresas certificadas entre três e cinco anos evidenciam-se por a grande maioria
executar as acções correctivas “muitas vezes” enquanto a maioria das certificadas entre seis e dez
anos executarem “sempre”.
Não é possível concluir que a sistematização da prática das acções correctivas possa evoluir
claramente com os anos de certificação no entanto, sobressai o facto de aumentar o número de
empresas que coloca em prática as acções correctivas “muitas vezes” e “sempre”.
Entre 6 e 10 (8 empresas)
0 2 4 6 8
Número de empresas
Figura 40 – Comparação entre os anos de certificação ISO 9001 e a colocação em prática das acções
correctivas
54% das empresas respondem que controlam sempre a eficácia das acções correctivas
empreendidas, no entanto, 30% fazem-no muitas vezes e 13 % apenas algumas vezes. Isto permite
concluir que 43% das empresas não cumpre sempre o estipulado pela Norma.
Certo é que a revisão da eficácia destas acções permite a detecção de falhas e a melhoria do
SGQ.
3%
13%
30%
54%
Analisando as duas situações, conclui-se que as empresas que controlam “sempre” a eficácia
das acções correctivas, são também na sua maioria as que o fazem “sempre” com recursos a
observação, elaboração de relatório e análise dos resultados obtidos. Já as empresas que só
controlam “algumas vezes” não têm por obrigatoriedade o registo desse controlo.
0 2 4 6 8
Número de empresas
Figura 44 – Comparação entre a realização do controlo das acções correctivas e a execução desse
controlo através de observação directa, com elaboração de relatório e análise
0 2 4 6 8
Número de empresas
Figura 45 – Comparação entre a realização do controlo das acções correctivas e a execução desse
controlo através de observação directa, sem registo
3.2.8.Formação
A formação sobre a Norma faz parte, ou deveria fazer, de uma estratégia de levar
conhecimento aos colaboradores sobre o SGQ e obter a sua participação, de modo a facilitar a
implementação e sistematização do Sistema na empresa.
Sim Não
90%
Comparando este resultado com a figura 35, podemos concluir que quem está actualmente
mais envolvido no SGQ é quem beneficiou de mais formação, sendo os operários simultaneamente
os menos envolvidos e a quem foi dada menos formação.
A maioria das empresas ficou muito perto de cumprir o seu plano de formação no entanto
apenas 10% conseguiu. 26% das empresas não atingiram sequer 50% do plano que tinham
previsto (figura 48).
0% 1-25% 26-50%
51-75% 76-99% 100%
17%
37%
3.2.9.Motivação
A motivação dos colaboradores faz parte do dia-a-dia das organizações alertadas para o facto
de poderem obter maior produtividade. Vários estudos indicam que existe uma relação entre as
práticas de Gestão de Recursos Humanos e a eficácia das organizações (Guthrie, 2001; Richard e
Johnson, 2001; citados por Monteiro, 2008).
A figura 49 esclarece que 70% das empresas aplicavam métodos de motivação dos seus
recursos humanos antes da implementação do Sistema de Gestão ISO 9001.
Sim Não
30%
70%
Após a implementação do Sistema de Gestão ISO 9001, 83% das empresas implementaram
novos métodos de motivação dos colaboradores (figura 51).
3%
14%
83%
A figura 52 revela que, após a implementação do SGQ, a formação passou a ser a maior
forma de motivação praticada pelas empresas uma vez que 60% a usam. As reuniões informais
surgem em segundo lugar com 43%, seguido da formação em áreas do interesse individual e da
avaliação e recompensa de desempenho. A motivação através de festas da empresa é usada por 37%
das empresas. Os métodos de motivação menos usados são a política de porta aberta, a flexibilidade
de horários e os benefícios a nível da saúde e a nível financeiro.
A formação passou sem dúvida a ser uma aposta das empresas, no entanto, essa evolução
poderá estar relacionado com o facto de a formação ser considerada fundamental para o sucesso do
3.Metodologia de investigação e análise de resultados
SGQ.
O facto de 90% das empresas terem a pretensão de manter o Sistema ISO 9001
implementado é a maior das provas da satisfação com o mesmo (figura 54). É de concluir que a
Norma vai ao encontro das necessidades das empresas e das suas ambições de melhoria.
3%
97%
Um outro aspecto a observar prende-se com o facto de 23% dos Gestores considerarem
ainda que o Sistema é “Suficiente”. Comparando novamente com a figura anterior, facilmente que
percebe que destes 23%, a maioria (se não todos), pretende manter o SGQ na empresa.
3%
14% 23%
60%
A figura 56 evidencia que na maioria das empresas não existem outras certificações, embora
44% já possuam outras certificações.
44%
53%
Das empresas com outras certificações (44% das inquiridas), 58% possuem a OHSAS 18000 –
Sistema de Gestão de Segurança, Saúde e Higiene no Trabalho seguida da ISO 14000 – Sistema de
Gestão Ambiental com 37% (figura 57). Nenhuma das empresas se encontra certificada pela SA 8000
– Sistema de Gestão de Responsabilidade Social.
5%
37%
58%
Das empresas inquiridas, apenas 36% prevêem implementar outras certificações (figura 58).
Mais de metade indicam não pretender outras certificações para a empresa.
7%
36%
57%
3.Metodologia de investigação e análise de resultados
Das empresas que pretendem implementar outras certificações (36%), 45% aspiram a
certificação segundo a ISO 14000, seguida da OHSAS 18000 e apenas 10% pretendem implementar a
SA 8000.
10% 7%
45%
38%
A análise das respostas relativas às não conformidades revelam que existem algumas falhas
na sistematização do Sistema de Gestão, no entanto, os requisitos da Norma são, na maioria das
vezes, cumpridos.
As empresas pretendem manter o SGQ quase por unanimidade (97%), revelando um elevado
grau de satisfação, pese embora o facto de a sua eficácia nas empresas ainda não ter sido
plenamente atingida. 3.Metodologia de investigação e análise de resultados
4.Conclusão
Os números da certificação ISO 9001 indicam claramente o sucesso que esta Norma tem
obtido junto das organizações, a nível mundial. No entanto, a certificação pressupõe um processo de
implementação e adaptação complexo considerado por vezes difícil para as empresas. Estes factores
levantam questões sobre a forma que o Sistema é implementado, os seus intervenientes e
especificidades. Este trabalho permitiu obter resultados relacionados com o perfil dos Responsáveis
pela Qualidade, das características das empresas e do funcionamento do seu Sistema de Gestão.
Procurou-se também conhecer as motivações das empresas para a certificação uma vez que,
segundo a revisão bibliográfica, se a organização implementar o SGQ por razões internas, atingirá
mais facilmente a excelência do Sistema.
produto/serviço. São ainda consideradas muito importantes atingir novos mercados e seguir a
tendência do mercado. Estas razões da implementação vão de encontro aos resultados obtidos por
Poksinska (2007) e por Branco (2008) nos seus estudos.
Conclui-se que as empresas construtoras, na sua maioria, implementaram o SGQ por razões
internas à organização aliando, no entanto, razões externas como seguir a tendência do mercado e
atingir novos mercados.
90% das organizações deram formação aos seus colaboradores sobre a Norma de gestão,
sendo os directores de obra, encarregados e responsáveis pela segurança os mais beneficiados.
Apesar de a formação ter percorrido todos os sectores da empresa, os planos de formação das
empresas, na sua grande maioria, não foram cumpridos na totalidade.
Concluindo, as empresas encontram-se satisfeitas com o Sistema de Gestão ISO 9001 uma
vez que 97% pretendem mantê-lo. No entanto, a eficácia do SGQ nas empresas ainda está aquém da
sua potencialidade. Como sugestão de aperfeiçoamento apresenta-se a criação de “equipas de
melhoria”, como testado por Gonzalez e Prado (2001), formadas por colaboradores de diferentes
níveis hierárquicos da empresa, com o objectivo de inovar, auditar e resolver problemas do Sistema.
Isto permitiria uma maior participação dos colaboradores e consequentemente o fortalecimento do
mesmo. Sugere-se ainda a melhoria do SGQ das empresas através da concentração nos pontos fracos
identificados, relativos principalmente ao envolvimento dos recursos humanos, aos custos e à
sistematização dos requisitos da Norma.
Espera-se que os resultados e sugestões apresentados neste estudo sejam úteis no contexto
da implementação do Sistema de Gestão ISO 9001 nas empresas de construção civil.
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Anexo A - Questionário
Anexo A - Questionário
Anexo A - Questionário
Anexo A - Questionário
Anexo A - Questionário
Anexo A - Questionário
Anexo A - Questionário