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INSTITUTO DE ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA
Memorial de Composição
Porto Alegre
2014
Julio Cesar da Silva Herrlein
Memorial de Composição
Volume I
Orientador:
Prof. Dr. Antonio Carlos Borges-Cunha
Porto Alegre
2014
CIP - Catalogação na Publicação
“A way of feeling the time" is a cycle of compositions and is also the title of the
recital in which these compositions were performed. This work, besides the music
and audiovisual records, is a first investigation about the time, its importance in
the compositional process of the selected portfolio and its philosophical and
musical characterization. From the investigation of time’s nature, there is a
distiction between two forms of temporality: the subjective temporality,
concerning the personal and heterogeneous “way of feeling the time”; and the
objective temporality, that deals with the quantitative, generalized and
homogeneous aspects of the time. The compositions are presented under this
scope of investigation: time, listening and memory. Algorithmic composition,
computer assisted composition and intuition modelling are also discussed herein.
SUMÁRIO (VOLUME 1)
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 19
2.2.ALGORITMOS ........................................................................................ 51
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................149
Figura 47: Formas de visualizar o modo Messiaen 3 ........................................ 111
Figura 48: Modo “Messiaen 3” , Combinatorial Harmony, pg. 53. ..................... 113
Figura 49: “Ainda é tempo?”, c.129-131 ............................................................ 114
Figura 50: Manuscrito (A) e realizações finais de “Sub Specie Aeternitatis”
(B) e “nenhum movimento e nenhuma duração” (C). ................................. 119
Figura 51: Primeiras superposições polirrítmicas em "(impa)ciência". .............. 122
Figura 52: Tabela mostrando as superposições de pulsos em “(impa)ciência”. 123
Figura 53: Tricordes 3-2a e 3-2b, que contém todas as notas de 9-21 ............. 126
Figura 54: Padrão utilizado na seção A de “(impa)ciência”. .............................. 126
Figura 55: Final de “(impa)ciência” , seção K. ................................................... 127
Figura 56: Os quatro padrões em “Triadic Memories”, p.1. ............................... 131
Figura 57; Três camadas em “(i)mobile”, pg.3, sist 3. ....................................... 132
Figura 58: Algoritmo de (i)mobile. ...................................................................... 134
Figura 59: “acordes pilares”, em “Fluxo II”. ........................................................ 139
Figura 60: Elaboração rítmica dos “acordes pilares”, em “Fluxo II”. .................. 140
Figura 61: Diferentes significados, gerados por interpolação............................ 141
Figura 62: Acordes pilares repetidos, na partitura final de “Fluxo II”, p.3-4 ....... 142
Figura 63: Acordes pilares repetidos, na partitura final de “Fluxo II”. ................ 143
Figura 64: Tema que originou a seção “G”, de “Fluxo II”................................... 144
Figura 65: Desenho formal de “Fluxo II” ............................................................ 146
ESTRUTURA DO MEMORIAL
17
18
INTRODUÇÃO
Constato que não há uma memória factual com precisão absoluta, e que
relembrar e colocar algo em palavras também é um ato criativo, onde
organizamos nossas impressões, sensações, formulações, enfim, nossas
potencialidades sonhadas versus a realidade em ato. O memorial também é um
esforço composicional, possui a sua temporalidade: aquilo que deve ser dito
antes e aquilo que deve ser dito depois, proporcionando ao “ouvinte” um
transcurso fluido dos conceitos apresentados. Explicar a música em palavras é
quase tão difícil quanto compor, mas faz parte do mesmo “drive” criativo que
impulsiona a composição. Citando Cavell (1976):
1
“It is also the case that I don’t think consciously about many of the ideas expressed here
while I am working.”
REYNOLDS, Roger. 2002. Form and method: composing music. New York/London:
Routledge. Editado por Stephen McAdams.
2
“Describing one´s experience of art is itself a form of art; the burden of describing it is like
the burden of producing it.”
19
significativa quanto a obra final”. 3 Através desses registros escritos pude lembrar
dos problemas composicionais que tinha em mente e em como fui encontrando o
referencial teórico e o método, na busca por uma coerência. O artigo “Por uma
pedagogia da composição musical” (2010)4, do Prof. Dr. Celso Loureiro Chaves,
foi muito importante, por mapear os principais problemas composicionais a
serem tematizados, incluindo “o desafio do tempo, do desenrolar da música no
tempo” e “do que o estudante cria e para que ouvinte ideal ele cria”, servindo-me
como uma excelente visão panorâmica, logo no início do curso. Em
retrospectiva, entendo a importância das aulas que frequentei, como aluno do
bacharelado em Filosofia na UFRGS, durante o período de 1995-97, onde contei
com ensinamentos valiosos e presentes nas reflexões ora apresentadas.
Quanto ao cálculo metodológico, investiga-se o quanto o aparato
conceitual usado no entendimento da música é adequado para endereçar
nossos questionamentos, evitando o uso de “microscópios para observação de
estrelas e telescópios para observar micróbios”, ou seja, um método de análise
apropriado para o objeto descrito. Roger Reynolds (2002) aponta:
3
SALLES, Cecília Almeida. Gesto Inacabado – processo de criação artística. Editora
Intermeios.
4
CHAVES, Celso Giannetti Loureiro. Por uma pedagogia da composição musical. In:
FREIRE, Vanda Bellard. (org.) Horizontes da Pesquisa em Música. Rio de Janeiro: 7Letras,
2010.
5
“Theories (…) are sometimes interesting but they often tend to become problematic – both
disruptives and self-justifying – in application. I don’t have theories. I have ways.”
20
PARTE 1
CARACTERIZAÇÃO DO TEMPO
21
22
1. CARACTERIZAÇÃO DO TEMPO
6
COMTE-SPONVILLE, A. O ser-tempo (tradução de Eduardo Brandão, São Paulo: Martins
Fontes, 2006).
7
BAGGECH, Melody. An English Translation of Olivier Messiaen’s Traité de Rythme, de
Couleur, et d’Ornithologie Volume I. 1998. Disponível em:
https://shareok.org/handle/11244/5762
Livro original: MESSIAEN, Olivier. Traité de Rythme, de Couleur et d’Ornithologie. (Paris:
Alphonse Leduc, 1994), Vol I.
8
SEINCMAN, Eduardo. Do tempo Musical. São Paulo. FAPESP. Via Lettera, 2001. ISBN 85-
86932-38-8.
23
de Jonathan Kramer9, parece haver uma concordância acerca da necessidade
de um tratamento filosófico da questão do tempo, em algum momento de suas
argumentações.
Ele abriu sua inspiração para todos os eventos sonoros - culturais ou não
- que poderiam enriquecer o seu vocabulário. Rendeu-se às
especulações mais abstratas - sobre o tempo, sobre duração (...).
Messiaen é um compilador dos mais diversos elementos, provenientes
de fontes sem qualquer conexão, terminando por dar a eles o aspecto de
sua personalidade. Ele não gosta de restrições; ao invés, ele manifesta
unidade. (...) É com grande curiosidade que nós aguardamos este
tratado sobre ritmo que ele pensou por tanto tempo, e que ainda escrevia
nos últimos meses de vida; porque sua reflexão sobre tempo e duração é
uma das mais originais do nosso tempo. 10 (BOULEZ, prefácio do
“TRCO”, de Messiaen, pp. 5-6, tradução nossa).
9
KRAMER, Johnatan D. The Time of Music: New meanings, new temporalities, new listening
strategies. New York. London; Schirmer Books Collier Macmillan Publishers, 1988. Print.
10
"He opened his inspiration to all sonorous events - cultural or not - that could enrich his
vocabulary. He surrended to the most abstract speculations - on time, on duration (...)
Messiaen is a gatherer of very diverse elements, drawn from sources without any connection,
and he arrives at giving them the visage of his personality. He does not like restriction;
instead he manifests unity. (...) It is with great curiosity that we await this treatise on rhythm
about which he has thought for so long, and which he was still writing in the last months of his
life; because his reflection on time and duration is one of the most original of our time."
11
(NOTA DO AUTOR) - Todas as citações do TRCO, de Messiaen referem-se à paginação
feita na tese de Melody Baggech, tradução autorizada pela editora Alphonse Leduc.
24
Não apenas ele teve sucesso ao pôr em palavras os pensamentos
musicais, mas o fez em um tratado de sete volumes. O “Traité de
Rythme, de Couleur et d’Ornithologie” cobre cada aspecto de sua
estética: da importância do ritmo e do tempo na sua música, ao canto
dos pássaros, ao cantochão, e suas ideias únicas sobre cores sonoras.
Iniciado em 1948, o tratado é a mais abrangente reflexão sobre essas
teorias e práticas. Os primeiros quatro volumes, embora completados
antes de 1980, não foram publicados até 1994, 1995, 1996 e 1997,
respectivamente. A série inteira foi preparada para publicação pela
esposa de Messiaen, Yvonne Loriod. 12 (BAGGECH, 1998, p. vii,
tradução nossa).
A primeira objeção que imaginei, como sendo feita por um filósofo, foi:
“Sentimos o tempo?”. Não seria mais apropriado “uma forma de perceber o
tempo?” Outro filósofo poderia dizer que o tempo é “a condição formal a priori de
todos os fenômenos em geral” 13, uma condição da nossa intuição humana, e
que talvez não tenha existência independente do sujeito. Isso põe em dúvida a
realidade objetiva do tempo que, por sua natureza aporética, é difícil de
tematizar. Santo Agostinho surge frequentemente nos textos sobre o tempo, e
este trecho aparece em Comte-Sponville, bem como no trabalho de Seincman:
12
“Not only has he succeeded in putting musical thoughts into words, but he has done so in a
seven volume treatise. “Traité de Rythme, de Couleur et d'Ornithologie”, which covers every
aspect of his aesthetic from the importance of rhythm and time in his music to bird song,
plainchant, and his unique ideas about sound-color. Begun in 1948, the treatise is the most
comprehensive account of these theories and practices. The first four volumes, though
completed before 1980, were not published until 1994, 1995, 1996 and 1997, respectively.
The entire series was prepared for publication by Messiaen's wife, Yvonne Loriod.”
13
KANT, Immanuel. "Crítica da razão pura.” trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre
Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian (2001). Doutrina Transcendental
dos elementos, Primeira parte. Seção Segunda. $6, item c, A34, B50.
14
STO.AGOSTINHO. “Confissões, Livro XI, 14: O que é o tempo?”. Sto Agostinho. Col. Os
pensadores, São Paulo, Abril Cultural, 1980, p. 218 (apud SEINCMAN, 2001).
25
A decisão pelos títulos das peças do ciclo “Uma forma de sentir o tempo”,
que fazem parte deste memorial, surgiu a partir da reflexão do filósofo André
Comte-Sponville, por ocasião de uma série de conferências proferidas no
colóquio da Sociedade Francesa de Física, posteriormente compiladas no livro
“O Ser-Tempo – algumas reflexões sobre o tempo da consciência”, que constitui
um apanhado amplo e sintético das teses mais importantes sobre o tempo. O
trecho abaixo é particularmente revelador:
15
COMTE_SPONVILLE, A. O ser-tempo (tradução de Eduardo Brandão, São Paulo: Martins
Fontes, 2006), p. 28.
16
COMTE-SPONVILLE, Op. cit. p.26.
26
A duração mental não é um instante que substitui um instante. Ela é a
contínua progressão do passado. Graças à memória, o passado
amontoa-se sobre si mesmo. Ele automaticamente se conserva. 17
(MESSIAEN, TRCO, Vol I, p. 31, tradução nossa).
17
“Mental duration is not an instant that replaces an instant. It is the continual progression of
the past. Thanks to memory, the past piles up on itself. It automatically conserves itself.”
18
Dans la lecture d'un roman, “A la recherche du temps perdu”, pour prendre un bon
exemple, il y a le temps du récit qui se déroule et qui est extérieur au temps des événements
dont on fait le récit, tandis que la musique est le temps même.
CORNU, Michel.Temps et Musique. 2005. Disponível em:
http://www.contrepointphilosophique.ch/Esthetique/Sommaire/TempsEtMusique.html
27
narrativa, já que o leitor realiza uma operação mental, imaginando, mediante a
leitura do texto, o tempo em que ocorrem os eventos descritos. Podemos
retroceder no texto, tentar imaginar novamente a cena, inclusive com uma
temporalidade diferente. Ainda Cornu:
19
“Le temps musical n'est pas le temps littéraire. Certes, tout comme la musique, le discours
littéraire se développe dans le temps, mais dans ce dernier cas, le temps n'est qu'un
instrument au service d'un sens logique qui lui est extérieur. En littérature, le temps a un
extérieur; pas en musique.”
20
“(…) a line or motion does not perpetuate itself. It is only a lifeless stimuli. What happens is
that the perception of a line or motion initiates a mental process, and it is this mental process
which following the mental line of least resistance, tends to be perpetrated and continued. (…)
a line or motion is actually a process of the mind rather than a thing.”
MEYER, Leonard B. Emotion and mening in music. Chicago: University of Chicago Press.
1956.
28
Dessa forma, o compositor cria condições fenomenológicas para
favorecer as conexões que induzem a um estado mental do ouvinte ideal,
integrando suas percepções, em direção a um resultado expressivo, no percurso
do tempo da composição. Acredito que o sucesso composicional ocorre quando
há empatia entre o compositor e seu ouvinte ideal, pois “é porque o compositor
também é um ouvinte, que ele está apto a controlar sua inspiração com
referência ao ouvinte”. 21 (MEYER, 1956, pp. 40-41).
Podemos supor um ouvinte idealizado, com referência à nossa própria
escuta e experiência, buscando o que está em jogo na relação entre a música
por nós composta e essa escuta ideal, mesmo que, na prática, não tenhamos
nenhum controle sobre a escuta do ouvinte efetivo (público) da nossa música.
Ainda Meyer:
21
“It’s because the composer is also a listener that he is able to control his inspiration with
reference to the listener.”
22
“In this process of diferentiation between himself as composer and himself as audience, the
composer becomes self-conscious and objective.”
23
“He may be self-conscious in the act of listening. Those trained in music, and perhaps
those trained in the other arts as well, tend, because of the critical attitudes which they have
developed in connection with their own artistic efforts, to become self-conscious and objective
in all their aesthetic experiences.”
29
experiência ao escutar um concerto, e sobre sua “forma de sentir o tempo”
musical:
24
OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. 2a ed. Rio de Janeiro. Ed. Campus, 1995.
ISBN 85-7001-999-8, p. 38.
25
OSTROWER, Fayga. Op. cit. p. 38.
30
1.5. ONTOLOGIA DO TEMPO E MÚSICA
26
(NOTA DO AUTOR): Mais adiante, no item 1.9, apresentamos a tabela onde Messiaen
mostra, a partir de sua leitura de Bergson, a distinção entre o tempo objetivo e o tempo
subjetivo. Não estou preparado, neste momento, para apresentar em detalhe o pensamento
temporal bergsoniano, e sua contraposição a outras teses filosóficas sobre o tempo, pois
demandaria muito mais esforço em direção à filosofia. Para nossos propósitos, a distinção
entre a temporalidade objetiva e a temporalidade subjetiva parece suficiente para a
caracterização temporal do portfolio, em sua apresentação, na parte 4 deste memorial.
27
TAYLOR, Benedict. On time and eternity in Messiaen. In: Crispin, Judith M., and Olivier
Messiaen. Olivier Messiaen : the centenary papers. Newcastle on Tyne, UK: Cambridge
Scholars, 2010,p. 262.
28
(NOTA DO AUTOR): É importante ressaltar que entender o tempo, tal como quer Kant,
não é a única forma possível. Toda a filosofia carrega um “estorvo”, um custo metafísico
pago para assegurar a sua razoabilidade. Isso significa que temos de aceitar algumas
premissas e abrir mão de certas concepções, em cada caso. Aceitar a metafísica kantiana
significa aceitar o idealismo, e a impossibilidade do acesso imediato às “coisas em si”.
Temos acesso ao mundo enquanto “fenômenos”, isto é, representações dadas à nossa
intuição. A natureza de tais representações é espaço-temporal. A palavra “intuição”, em Kant,
significa o que chamamos comumente de sentidos: visão, audição, etc., sendo o espaço e o
tempo o que Kant chama de “formas da intuição a priori”, isto é, condições da nossa
sensibilidade. Entender o tempo como presente apenas no sujeito, como quer Kant e os
fenomenologistas é, como aponta COMTE-SPONVILLE (2006, p.42) “impedir-se de explicar
o aparecimento do sujeito no tempo.” Por essa razão, para os kantianos, pode ser
necessário aceitar algum tipo de objetividade no tempo, além da idealidade transcendental,
com o intuito de explicar como seria possível o surgimento do sujeito “no tempo”. Outra
solução consistente com o pensamento kantiano seria suspender o juízo a respeito da
existência objetiva do tempo, quando pensado fora da relação fenomênica.
31
diferentes estilos rítmicos. 29 (MESSIAEN, TRCO, p.18 e também
MESSIAEN apud TAYLOR, 2010, tradução nossa).
29
(MESSIAEN apud TAYLOR): “Time and space are intimately related. Their perception is of
great importance for the construction of human consciousness. They are the two[they are
both, no TRCO] intellectual instruments that permit our construction of the world. For the
musician and rhythmician, the perception of time is the source of all music and all rhythm. A
musician must be a rhythmician....He should refine his sense of rhythm by a more intimate
knowledge of experienced duration, by the study of different concepts of time and different
rhythmic styles.”
Mesmo trecho acima , no TRCO, tradução de BAGGECH: “Time and space are intimatelly
linked. Their perception is of considerable importance to the formation of the human spirit.
They are both intellectual instruments which allow us a sensible construction of the world. For
the musician and the rhythmicist, the perception of time is the source of all music and all
rhythm. A musician is inevitably a rhythmicist; if not he does not merit the title of musician. If
he is a rhythmicist, he mus refine his sense of rhythm by a more intimate knowledge of true
time, by the study of different concepts of time and of different rhythmic styles.”
32
1.6. A RESSIGNIFICAÇÃO DA FORMA PELA MEMÓRIA
Cada vez, por exemplo, que nós ouvimos um novo trabalho, que pode
ser relacionado com o nosso conceito de forma sonata, ou percebemos
um trabalho já ouvido sob um novo ponto de vista, nossa concepção
geral de forma sonata é modificada, mesmo que sensivelmente. 30
(MEYER, 1956, p. 58, tradução nossa).
(…) é claro que ter ouvido uma sonata de Schubert influencia a nossa
percepção de Stravinsky. 31 (MEYER, 1956, p. 59, tradução nossa).
30
“Each time, for example, we hear a new work that can be related to our concept of sonata
form or perceive a work already heard from a new point of view, our generalized conception
of sonata form is modified, if only slightly.”
31
(...) it is clear that having heard a sonata by Schubert does influence our perception of
Stravinsky.”
33
Consideremos por exemplo
este relógio: não é tempo,
é espaço, e os ponteiros
nunca ocupam nele mais
que uma posição de cada
vez. Quanto às suas
posições sucessivas, elas
só tem sentido, observava
Bergson, ‘para um es-
pectador consciente que
rememora o passado’ e as
compara umas às outras.
Suprimam a consciência e
não terão mais tempo, nem mesmo sucessão: terão apenas uma posição
dada dos ponteiros, terão apenas uma “exterioridade recíproca sem
sucessão”, como dizia de novo Bergson, não terão mais que presente.
(COMTE-SPONVILLE, 2006, p. 35).
34
1.7. LEMBRAR “COMO” O TEMPO EXISTE
35
tempo, desde o início. Suponho, dessa forma, que a viola seja a
representação dos vivos. O tempo é dado a nós como o fluxo que vai do
antes ao depois, permeado pelo constante agora. Contudo, nossa
capacidade de abstração permite intuir a eternidade como a noção mais
geral possível de um tempo imóvel: onde não há antes nem depois. Tal
ideia pode ser intuída, mas jamais vivenciada, da mesma forma que a
matemática intui múltiplas dimensões, sem que jamais possamos
transpor empiricamente a barreira da tridimensionalidade. O coro da
terceira parte representa a eternidade, fora da dimensão espaço-
temporal a que estamos subjugados, isto é, sem “antes”, nem “depois”.
Já o coro da primeira parte tem começo e fim, pois é a representação do
tempo tal como nos é dado, fenomenicamente. (HERRLEIN, 2012.
Escrito para o “Seminário de Análise e Composição”, cadeira integrante
do curso de mestrado em composição).
32
“Na medicina ocidental, estase significa o estado no qual o fluxo normal de um líquido
corporal pára, por exemplo, o fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos (...). De forma
semelhante, para a medicina chinesa, mais conhecida no ocidente através da acupuntura, a
estase é a retenção da energia vital em alguma parte específica do corpo (...).”
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estase
36
simplesmente é interrompida. E não possui frases que, segundo Kramer, são “o
resíduo final da linearidade”. 33 (KRAMER, 1988, p. 55).
Mas talvez fosse próprio afirmar que os tempos são três: presente das
coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras. Existem,
pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte:
lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas
presentes e esperança presente das coisas futuras. (STO. AGOSTINHO,
apud SEINCMAN, 2001, p.16 e também COMTE-SPONVILLE, 2006,
p.31).
33
“Phrases have, until recently, parvaded all Western music, even multiply-directed and
moment forms: phrases are the final remnant of linearity.”
34
WITTGENSTEIN, Ludwig. "Tractatus Lógico Philosophicus tradução." Luiz Henrique Lopes
dos Santos, São Paulo, Edusp (1994).
37
1.9. TEMPO E DURAÇÃO
35
"At the largest level, Messiaen aligns himself with the theories of Henri Bergson, who
assumes in the Traité an importance greater than any other philosopher (including Aquinas).
Following Bergson, Messiaen divides time into subjective durée réel or durée vécue –“real”
time, heterogeneous, qualitative, immeasurable; and objective temps espace or
mathematique –homogenous, quantitative, measurable, seen after Bergson as an abstraction
or spatialisation of real time. On one occasion (pp. 11-12) Messiaen suggests the former
should be called duration (durée) and the latter time (temps), though this is inconsistently
applied and indeed conflicts with much of his writing elsewhere."
38
Para melhor elucidar a diferenciação entre as temporalidades, no
“TRCO”, Messiaen apresenta uma tabela comparativa, traduzida abaixo:
39
Em relação à duração, ou tempo qualitativo, Messiaen apresenta duas
leis sobre a apreciação do tempo:
Quanto mais o tempo for preenchido (com eventos), mais curto nos
parecerá - quanto mais ele for vazio (de eventos), mais longo ele
parecerá. 36 (MESSIAEN, TRCO, p.19 e p. 32, tradução nossa).
36
Sense of Present Duration. Law:
"The more time is filled (with events), the shorter it seems to us - the more it is empty (of
events), the longer it seems".
(NOTA DO AUTOR): Na p. 32 do TRCO, está grafado “Cullivier”, mas trata-se do filósofo
Armand Cuvillier (1887-1973), citado por Messiaen antes. Anteriormente, no TRCO, p.19,
Messiaen enuncia estas mesmas duas leis sem menção a Cuvillier e logo após a citação de
Bergson.
37
"If we address the present, it is evident that waiting and inaction create a void which slows
the passage of time. On the contrary, joy, work, and all that occupies us and captivates our
attention speeds the passage of time".
40
b) Lei da Apreciação Retrospectiva do Tempo Passado:
Quanto mais o tempo foi preenchido (de eventos), mais longo parecerá
para nós agora - quanto mais ele foi vazio (de eventos), mais curto
parecerá para nós agora. 38 (MESSIAEN, TRCO, p. 19 e p. 32, tradução
nossa).
Tal argumento diz respeito à duração passada, do tempo que está sendo
apreciado retrospectivamente, após a experiência vivencial. Vamos imaginar a
vivência de 30 minutos de espera em uma sala vazia, em meditação, buscando
fazer uma retrospectiva dos eventos vividos no passado. Assim, a equação se
inverte e temos que, quanto mais eventos vividos e acumulados na memória
relembrarmos, mais longa terá sido a experiência do tempo, em retrospectiva:
38
Retrospective Appreciation of Past Time. Inverse laws:
"The more time was full (of events), the longer it seems to us now - the more it was empty (of
events), the shorter it seems to us now.”
39
"If we address the past, the memory causes a mirror and reverses this sense of speed -
and empty period only leaves in us a vague memory, without particulars, without images that
invade thought, a memory without interest. (...) On the contrary, a period filled with events of
all kinds (...) seems long and very long if these events have been numerous, and its rate of
time expands or contracts in proportion to the number of memories that leaves with us."
40
http://plato.stanford.edu/entries/bergson/
41
A segunda lei parece-me muito mais evidente do que a primeira.
Inicialmente, porque a primeira endereça ao presente, e este não é
facilmente apreciável, completamente carregado, como ele é, com ecos
do passado e antecipações do futuro. Em segundo lugar, porque a
segunda lei soma-se perfeitamente ao sentimento de nossa própria
duração: minha infância durou muito mais do que todo o resto da minha
vida. 41 (MESSIAEN, TRCO, p.32, tradução nossa).
41
“The second law seems to me much more evident than the first. Initially because the first
addresses the present and the present is not easily appreciable, completely charged, as it is,
with echoes of the past and anticipations of the future. Secondly, because the second law
perfectly sums up the sentiment of our own duration: my childhood has lasted longer than all
the rest of my life.”
42
"Such intense pleasure comes from hope because the future appears to us at the same
time in a multitude of equally smiling, equally possible forms. Even if the most desired of
these forms is realized, we must sacrifice the others, and we will have lost much. The idea of
the future, filled with infinite possibilities, is then more fertile than the future itself, and this is
why we find more charm in hope than in possession, in dream than in reality.”
42
PARTE 2
43
44
2. A PROCURA POR UM PROCEDIMENTO COMPOSICIONAL
43
“(…) for Messiaen there are different types of time – here the internal time of
consciousness (Bergson’s durée), the external time of musical events, and an abstract,
mathematical time that allows the numeration of external events and durations for
consciousness (which assumes greater importance for his thinking than Messiaen admits).”
45
Apesar do foco do compositor (e de Bergson) na primeira, é a segunda
que é mais importante para realizar várias das propriedades temporais
que Messiaen atribui à sua música. É razoável supor que Messiaen
confunda os dois tipos de tempo de Bergson durante as suas
considerações sobre a temporalidade; ou, no mínimo, que intercale o uso
de termos incompatíveis, prontamente subsumindo o tempo
experienciado e subjetivo, com o seu oposto, o tempo abstrato, com
consequências problemáticas na tentativa de dar sentido às suas
afirmações sobre a temporalidade na música. 44 (TALYLOR, 2010, p.263,
tradução nossa).
44
“Despite the composer’s (and Bergson’s) focus on the former, it is the latter that is most
important for realising many of the temporal properties Messiaen attributes to his music. It is
arguable, indeed, that Messiaen confuses Bergson’s two types of time throughout his
consideration of musical temporality; at the very least, he uses incompatible terms
interchangeably, and readily subsumes subjective, experienced time into its opposite,
abstract time, with problematic consequences for attempting to make sense of his
pronouncements on music’s temporality.”
45
“Our ability to create and appreciate the organization of sounds in space and time leads us
to our second fundamental notion; the notion that musical compositions carry abstract
structures. These notions are important for computer music because they address issues that
46
Usando essa distinção podemos, analogamente ao tempo, dizer que no
terreno da abstração subjetiva está o tempo qualitativo. No terreno da abstração
objetiva estão as operações lógicas e o pensamento matemático, que podemos
relacionar ao tempo medido. Ora, uma modelagem composicional, voltada à
intuição do tempo, se dará a partir da relação temporal, almejada subjetivamente
pelo compositor, com as operações lógicas e matemáticas que ele colocará em
jogo, no que concerne ao tempo objetivo, medido. Quando utilizo o vocabulário
de Miranda, e refiro-me às operações lógicas ou matemáticas, faço a ressalva de
que, em qualquer tipo de música, quer o compositor esteja consciente ou não de
suas decisões, esse processo pode ser separado entre aquilo que o compositor
deseja (através de sua imaginação artística), e aquilo que ele põe em ação nas
suas decisões pontuais (isto é, um “sim” ou um “não”, para essa nota, ou para
aquele acorde), decisões essas que sempre obedecem ao princípio do “terceiro
excluído”46, “decisões lógicas”, portando, binárias.
are at the fringe of two apparently distinct domains of our musical intelligence: the domain of
abstract subjectivity (musical composition and artistic imagination) and the domain of abstract
objectivity (logical operations and mathematical thought). There is no dispute that the
computer is a tool of excellence for the latter domain, but this book is also interested in
exploring the potential of the computer for the former domain.”
46
P ou não-P. Exemplo: “Ou este homem é Sócrates ou não é Sócrates.”
47
2.1. MODELAGEM DA INTUIÇÃO
47
(NOTA DO AUTOR): Além do emprego dos softwares de editoração de partituras, costumo
servir-me de uma estação de trabalho, com sequenciador Midi (onde ordeno as notas) e de
sons de instrumentos virtuais que, a partir do sampleamento, síntese sonora e, mais
modernamente, a modelagem física de instrumentos, possibilitam que eu possa escutar a
música enquanto a componho, emulando os sons dos instrumentos acústicos. Em alguns
casos, é necessária a complementação com a amostragem de técnicas estendidas, como
48
Em resumo, o que quero expressar aqui é que não componho somente a
partir da escrita sobre o papel, e que a partitura final é a última parte do processo
de composição, após estar satisfeito com o que escuto na estação de trabalho.
Isso tem seus prós e contras, e depois de algum tempo comecei a desejar outro
tipo de composição, um pouco mais lenta, e mais segura, porque as múltiplas
possibilidades e a excessiva (e às vezes enganosa) elasticidade que o
computador oferece começou a trazer-me incertezas quanto à teleologia do que
estava compondo. Por exemplo: esta passagem pode ser mais lenta? Mais
rápida? Apenas um clique e posso ouvir. Nem sempre isso é bom. Como aponta
Roger Reynolds (2002), sobre o fato dos compositores do nosso tempo poderem
“começar com praticamente qualquer coisa” :48
multifônicos, por exemplo, que podem ser gravados pelo intérprete, aproximando o
compositor do universo das possibilidades reais dos instrumentos.
48
“In any event, in our time, a musical realist must grant that a composer may well begin with
almost anything”
49
“The current variability of possible material can confuse questions of form fundamentally.”
49
Figura 3: Método de composição, antes do mestrado.
REPERTÓRIO,
REFERÊNCIAS
g
PROBLEMA COMPOSICIONAL,
CURIOSIDADE, DESEJO, ÍMPETO
g
EDITAR, COLAR,
IMPROVISAR INTERPOLAR MATERIAL, FICAR EM FORMA
g BALANCEADA?
g
DÚVIDA, REFAZER,
GRAVAR g SOBRE O QUE É ESSA MÚSICA?
g
g
Raciocínio indutivo: do particular para
o geral.
ESBOÇOS (PAPEL) g SOA BEM?
g
esboço *
RETROALIMENTAÇÃO DA PRÓPRIA PEÇA,
COMPARAÇÃO COM O MODELO/REFERÊNCIA
g NÃO SIM
ATINGI UM RESULTADO?
g
g
Segundo Chaves, antes do nível “a” ainda é possível ter “rascunho” ou “avulsos”, que são
aquelas anotações de ideias que ainda não pressupõem um discurso contínuo. Uma discussão
sobre essa terminologia é encontrada no artigo do escrito pelo professor Chaves, intitulado “Crítica
genética e composição musical: o “Trio 1953” de Armando Albuquerque”, pp.210-213. In: Anais do
Simpemus 2008, disponível em:
http://people.ufpr.br/~simpemus/anais/AnaisSIMPEMUS5.pdf
50
50
2.2. ALGORITMOS
50
“An algorithm is a step-by-step recipe for achieving a specific goal. Breathing, heartbeats,
blinking, and so on, are naturally ocurring algorithms that help keep us alive. DNA, the
building block of life, represents another good example of a common algorithm.”
COPE, David. Muscutt, Keith. Composing with Algorithms: An Interview with David Cope.
Computer Music Journal.Vol. 31, No. 3, The Reconstruction of "Stria" (Fall, 2007), pp. 10-22.
The MIT Press. http://www.jstor.org/stable/40072590
51
“Fourteenth-century isorhythmic compositions represent early and obvious examples of
strict algorithmic composition. The practice of composing isorhythmic music in the fourteenth
century incorporated a color (set of intervals) and a talea (rhythmic pattern). The isorhythmic
motet, devised in part by Philippe de Vitry (1291-1361) but brougth to its zenith by Guillaume
de Machaut (1300-1377), consisted of various lenghts of color and talea that, once begun,
might not coincide again for many repetitions.”
COPE, David. The Algorithmic Composer. Madison: A-R Editions, 2000.
51
Na “Liturgie de Cristal”, primeira parte do “Quarteto para o fim do
tempo”52 , Messiaen usa conceitos análogos àqueles empregados no moteto
isorrítmico. Retomando as ideias da color e talea, e usando-as de uma forma
generativa, isto é, onde um número limitado de material (de alturas e rítmico) é
manipulado por um processo algorítmico (repetição e sobreposição dos
ciclos da color e talea), resulta a geração de variações contínuas. As
diferentes durações entre a talea (série de durações) do piano (26
colcheias), e a talea do cello (33 colcheias), alinham-se depois de 853
53
colcheias. Enquanto não se alinham, recomeçando todo o ciclo,
continuam gerando sempre material novo. Todo o resultado é proveniente
do mesmo processo, da mesma instrução, rotina, código ou algoritmo.
52
MESSIAEN, Olivier. Quator pour la fin du temps. Paris. Editions Durand & Cie. 1942. 1
Partitura (52 p.).
53
http://theory.music.temple.edu/~aleck/Courses/theory.IV/Notes/Machaut.Messiaen.new.pdf
54
http://theory.music.temple.edu/~aleck/Courses/theory.IV/Notes/ChristalLiturgyAnalyzed.pdf
52
Embora seja possível uma clara analogia da “Liturgie” com o processo
composicional da “talea e color”, da “ars nova”, Messiaen relaciona os ciclos
rítmicos como provenientes da música indiana, conforme a p. 374 do “TRCO”
(tradução inglesa).
55
McCOMB,Todd M. Why Carnatic Music? 1999, em:
http://www.medieval.org/music/world/carnatic/cmc.html
“(…) Melody and rhythm are likewise more complicated in medieval music than in the more
commonly known Western music of the 18th century. Although the music can hardly be said
to compare to the sophistication of raga and tala, and especially the elaboration of which
modern Carnatic artistes are capable, French musical terms of the 14th century curiously
mirror Indian music. There is the term "color" for the melodic basis of the piece and the term
"talea" for the sequence of beat patterns, called broadly as "isorhythm."
53
musical. Esse distanciamento, que não implica em um distanciamento afetivo ou
emocional, significa a possibilidade do compositor instaurar procedimentos que
auxiliem a modelar a sua intuição. A escolha do tipo de algoritmo a ser
empregado já é um reflexo das preocupações do compositor com um modelo
que reflita suas demandas composicionais. Como um ganho secundário, essas
investigações poderão trazer ideias novas ou surpreendentes.
54
PARTE 3
SOFTWARE NODAL
55
56
3. SOFTWARE “NODAL”
O conceito inicial por detrás [do software] Nodal foi o de criar um método
de gerar música através de uma rede, em que a saída (output) de cada
nó é uma nota musical (definida em parâmetros MIDI). O tempo entre os
eventos (notas) é determinado e representado, de uma forma gráfica,
pelo comprimento do arco entre os nós. O objetivo do projeto era que o
software gerasse música em tempo real, de modo a poder funcionar
como um módulo ou plug-in com outros softwares, como sequenciadores
MIDI e programas como o Max / MSP. 57
56
http://www.csse.monash.edu.au/~cema/nodal/
57
“The initial concept behind Nodal was to create a method of generating music via a network
in which the output of a node is a musical note (de-fined by MIDI note parameters).Time
between note events is determined, and represented, in a graphical form by the length of arcs
between the nodes.The design brief was that the software should generate music in real-time
so that it could function as a module or plug-in with other software such as MIDI sequencers
and programs such as Max/MSP.”
MCILWAIN, P. &; McCORMACK, J. "Design Issues in Musical Composition Networks", in
Proceedings of the Australiasian Computer Music Conference 2005, Opie, T. and Brown,
A.(eds), Queensland University of Technology, Brisbane, Australia. 12 - 14 July 2005, pp. 96-
101.
57
Figura 6 : Screeshot do software “Nodal”
58
3.1 Visão rápida do software “Nodal”
x
Nodal pode ser usado com um “grid”, ou régua
{
quantizada, isto é, podemos estabelecer um
1 e
menor valor regular para sua divisão. No
exemplo, o menor valor é a semicolcheia.
{
Também é possivel trabalhar sem “grid”,
de forma mais elástica.
2
Um nó, que pode conter qualquer conteúdo harmôni-
co, uma nota, ou um acorde.
3
Um nó, acionado por uma voz, que pode ser qualquer
instrumento virtual, sampler ou sintetizador.
Score
∑
Score
&œ Score
4
o nó “b”, contém a nota ré.
g&œ œ
Score
O percurso da seta representa
a b a duração da nota no grid,
&œ &œ ∑
.. Do nó “a” ao nó∑ “b” são percorridos
& ..
cujo menor valor é a semicolcheia.
{
œ œ
e
& .. ..
Score dois espaços do grid, portanto, a
&œ
duração será de colcheias. ∑
&œ &œ œ œ ∑ ∑
& .. œ œ œ Œ ..
œ
&œ & œœ ∑ ∑
& ∑ & .. œ œ œ Œ ∑ .. ∑ ∑
&œ œ
5 a b
g &œ œ
œ
Similar ao ex. 4, porém o nó
“b” contém uma díade.
∑
& œœ &œ
∑ ∑
∑
∑
& ∑ œ
& ∑ œ
& . ∑
& . œ œ œœ œ ..
œ ∑
&œ ∑
&œ & ∑ ∑ ∑
& ∑ ∑ ∑
&&.. ..
œ œ œ œ œœ
59
Score
Score ScoreScore
&œ ∑
&Visão œ do software “Nodal” (cont)
œ rápida
∑
Score
&œ
& &œ ∑ ∑
œ (∞)
6 g & .. & &œ œ.. potencialmente infinito.
Representação de um “loop”,
Score œ œ œ ∑ ∑ ∑
Score
&œ
&œ &œ
œ ∑
&œ
{
&œ
Score e
&œ &œ &œ
&œ
Score
.
& . &œ &
œ
. Œ
.œ œ.. œ . . ...
œ œ œ infinito.
Um “loop”, potencialmente
.
∑
∑
∑
∑ ∑
&œ œ∑ ∑ ∑ ∑ ∑∑
Score
&œ &&
7 &œ &œ
& ∑
œ œ (∞)
.. œ. œ Œ Œ ∑ ..
∑
&œ
g &œ&& œ œ.œ œœ œ œ œ
..
&&œ œ ∑∑ ∑∑
Score
&œ &œ & ∑ ∑∑ ∑
& œ . .
{
x& ∑ & . œ
∑ . ∑
& Score ∑ ∑ œ ∑
&&œ œ && œ & & œ∑ & ∑ .. &œ œ&œ œ œ ∑ œœ ∑œ∑ .. ∑∑ ∑∑ ∑∑
&œ
∑ œ ∑ œ ∑
&Score
∑ & ∑ .
.
Um “loop”,
œ Œ ∑..
potencialmente infinito.
& œ
œ œ∑ (∞)∑ ∑∑∑
&&œ œ && œ && œ∑ & & œ∑ ∑ ∑∑ ∑∑ ∑∑
8 & ∑ &œ&& .. ∑. œ œ
.œ
œ œœ œ œœ œ œ
.. ∑ ..
Score
&& ∑&œ g ∑∑
œ ∑ ∑ ∑ ∑∑
∑
& &œ
& œ & œ∑ & ∑ & & ∑ &∑
∑ œ ∑
œ ∑ ∑∑
∑
∑ ∑
∑
©
œ “dó-mi”.
que soarão
œ
©
b
∑ & ∑ &∑ ∑œ
∑∑
&& œ &œ œ ∑ ∑∑
9 &
& ∑ &
∑ g ∑
∑
œ ∑
∑
∑ ∑
∑
©
&&
Score
c
∑ ∑ ∑ ∑ ∑©∑ ∑∑
&& œ & &
∑ & ∑ ∑ ∑ ∑
&œ œ
©
&œ ∑
∑ ∑© ∑
&& & ∑&
∑ ∑ ∑∑ ∑ ∑∑ ∑
&œ
&
∑
∑
&& ∑&
∑ ∑ ∑∑ © ∑ ∑∑ ∑
60
&œ ∑
Score
&œ œ
œ
&œ ∑
Visão rápida do software “Nodal” (cont)
& .. œ œ œ œ ..
œ
Score
&œ œ
∑
Score
&
terá œ50% de chance de acionar apenas um dos dois destinos.
10
Um nó randômico que, quando conectado a dois destinos
&œ
50%
&
g & œ
∑ &
œ
œ œ
œ ∑ ∑ ∑
&œ ∑
&œ &œ œ ∑
œ
∑ & .. ∑ ..
œœœ œ œ
&œ & ∑ ∑
∑Score ∑ ∑∑
contidos nos nós “b” e “c” e “d” dependem do disparo do nó “a”.
&& 2
œ & ∑ ∑ ∑
&& b & ∑ ∑ ∑ ∑ ∑∑ ∑
&
Score &
œ
33,33%
∑
g œ
∑
œ& œ œ
∑∑
&œ &œ ∑ou ∑
∑
∑
∑ & ∑ ∑∑
&&
œ ∑
©
&
aœ
∑∑
c 33,33% &
g ∑∑ &œ œ
∑∑
& &
œ & œœ ou ∑
∑
∑∑
∑
∑
&
2
&& œ ∑ ∑ ∑
& ∑
&œ&
d 33,33%
∑
&
g &
œ ©
∑ œ ∑ ∑
∑
œ & ∑ ∑∑ ∑
&œ
©
∑ & ∑ œœ & ∑ ∑ ∑
&œ & œ ∑
&œ ∑
& ∑ & ∑∑ ∑∑ ∑
&œ&
∑ & ∑ & ∑ ∑∑ ∑ ∑ ∑
& ∑ ∑ ∑
& ∑ & ∑∑ ∑∑ ∑
61
©
Visão rápida do software “Nodal” (cont)
3.2. NODAL
3.2.NODAL EE MÚSICAGENERATIVA
MÚSICA GENERATIVA
3.2.NODAL E MÚSICA GENERATIVA
&œ ∑
&œ
Score ∑
& ∑ abaixo,
œ
1 Score Acrescentando-se uma instrução,
&œ o nó “a” irá alternar entre as dó e mi. ∑
2
Score &œ Score O nó “b” irá sempre tocar a nota ∑ ré.
∑
12 &œ
&œ b
Score&
(∞)
& .. œ œ œ œ ∑ ..
∑ ∑
&œ
&œ
a œ
g
Score
∑
& ∑ ∑
{
&œ
Score
œ ∑ ∑
e& œ& œ
& & œ∑ ∑
& .
. œ ∑
œ
∑ œ
œ ..
&œ
&œ 1 & Acrescentando-se œuma œ œ œ∑ abaixo,
∑
œ instrução, œ œo nóœ “a”
∑
œ iráœ
1 & & œ&œ ∑ ∑ “b” ∑irá∑alternar entre a
∑ .. mi-dó
∑
.. ∑sol, formando um
alternar entre as notas dó e mi. O nó
œ &
& 2 & œ∑ œ
loop longo emœproporção œ œ ao pouco ∑
nota ré, a díade e a nota
2 &œ œ ∑
.. ..
código inserido e,
& ∑ ∑
& œ Œ ∑
œ œ ∑ ∑ ∑
portanto, generativo.
&œ
& œ&
3 & œ ∑ œ ∑ ∑
∑ ∑ (∞) ∑
13 &œ
a
&
&
&œb
∑ g & ∑.. œ œ œ œœ œ ∑œ ∑ œ œ œ œœ œ œ ..
∑
∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
&
&& œ œ œ
{
&
& &∑ ∑ ∑ ∑
Ϸ
∑
œ œ œ œ
∑
∑ ∑ 62
∑ ∑
62
&
& Ϸ Ϸ
©
&∑ ∑ ∑
œ
62
&& ∑ ∑ ∑ ∑
©
Visão rápida do software “Nodal” (cont)
Visão rápida do software “Nodal” (cont)
Por exemplo, uma série específica de notas, analogamente a uma “color”
de umPor
moteto
Por isorrítmico,
exemplo, umauma
exemplo, poderia
série ser programada
específica
série de notas,
específica pelo compositor.
analogamente
de notas, Um
a uma
analogamente nó pode
“color”
a uma “color”
disparar
de um
de um uma
moteto nota apenas,
isorrítmico,
moteto um acorde
poderia
isorrítmico, ser ser
poderia inteiro
programada oupelo
programada atépelo
mesmo diferentes
compositor. Um Um
compositor. notas,
nó pode
nó pode
cada vez
disparar uma
dispararque
uma fornota
nota acionado
apenas, um
apenas,na um
redeacorde
acordemodelada
inteiro oupelo
inteiro ou compositor.
até mesmo
até Os nós notas,
diferentes
mesmo podem
diferentes notas,
disparar
cada cada em que
vez vez
que fila, emacionado
for acionado
for um “loop” na repetitivo
na rede modelada
rede (depelo
modelada qualquer tamanho),
compositor.
pelo compositor.Os Osou nós
nós estarem
podem
podem
Por exemplo, uma série específica de notas, analogamente a uma “color”
ligados
disparar Por
em
disparar exemplo,
a outros nós
fila, fila,
em em uma
um
em ouumsérie
redes.
“loop” específica
Diferentes
repetitivo
“loop” de
repetitivo notas,
(deredes analogamente
podem
qualquer
(de qualquertamanho),
tamanho),a
interagir, uma “color”
ouacionando
estarem
ou estarem
de um moteto isorrítmico, poderia ser programada pelo compositor. Um nó pode
de
ligados um
eventos moteto
a musicais.
Por
ligados outros isorrítmico,
exemplo,
a outros nósuma
nós poderia
ou série
redes.
ou ser programada
específica
Diferentes
redes. de redes
Diferentesnotas, pelo compositor.
analogamente
podem
redes podem Um
a uma
interagir, nó pode
“color”
acionando
interagir, acionando
disparar uma nota apenas, um acorde inteiro ou até mesmo diferentes notas,
dedisparar
um
eventos uma
moteto
musicais.
eventos nota apenas,
isorrítmico,
musicais. um acorde
poderia inteiro oupelo
ser programada até compositor.
mesmo diferentes notas,
Um nó pode
cada vez que for acionado na rede modelada pelo compositor. Os nós podem
cada vez
disparar umaquenota for acionado
apenas, um na acorde
rede modelada
inteiro oupelo
atécompositor. Os nós notas,
mesmo diferentes podem
disparar em fila, em um “loop” repetitivo (de qualquer tamanho), ou estarem
Setas ou caminhos (paths):
disparar
cada em fila,
vez que em um “loop”
for acionado na rederepetitivo
modelada (depelo
qualquer tamanho),
compositor. ou estarem
Os nós podem
ligados a outros nós ou redes. Diferentes redes podem interagir, acionando
Setas ou caminhos (paths):
ligados em
disparar a outros
fila, em nósum ou“loop”
redes.repetitivo
Diferentes (deredes podem
qualquer interagir,
tamanho), ouacionando
estarem
eventos musicais.
eventosa musicais.
ligados outros nós ou redes. Diferentes As duas primeiras setas, interagir,
redes podem à esquerda, percorrem
acionando
14
eventos musicais.
a mesma distância no grid, sendo a segunda em
As duas primeiras setas, à esquerda, percorrem
15
formato de “L” para facilitar o desenho das redes.
a mesma distância no grid, sendo a segunda em
formato de “L” para facilitar o desenho das redes.
63
63
3.3. TEMPO OBJETIVO E MODELAGEM
58
(NOTA DO AUTOR): Tal como uma régua, que pode ser dividida em centímetros ou
milímetros, ou até outro tipo de divisão, como polegadas, assim podemos imaginar o tempo
espacializado. No software Nodal, podemos dividir o “grid” da maneira que quisermos, em
subdivisões por 2,3,4,5,6,7, como acharmos apropriado. Além disso, como usualmente
costumo gravar o “output” do Nodal em um gravador, ou sequenciador de eventos, posso
estabelecer uma relação diferente entre o andamento do “playback” do algoritmo, e o
andamento da velocidade de gravação. Por exemplo, quatro semicolcheias tocadas a 40BPM
no Nodal, mas gravadas em 80BPM no sequenciador, soariam como quatro colcheias.
59
Reconhecer o espaço é reconhecer a possibilidade de “estar contido dentro de” e, como
não é possível “estar contido dentro de si mesmo”, entendemos o espaço, em seu sentido
mínimo, como a condição da “alteridade”, isto é, da existência de algo diferente de mim, algo
“fora” do sujeito, portanto, objetivo.
64
Podemos, na aproximação que Bergson faz entre o tempo e o espaço,
construir uma analogia da distância percorrida entre dois nós de Nodal, e o
tempo entre dois eventos musicais, tendo uma representação do chamado
“temps espace” bergsoniano (ver o final do item 1.9, distinção entre tempo e
duração). Com o propósito de mostrar como o modo de visualizar influi na
concepção da composição, modelei na figura abaixo, usando o software Nodal, a
“talea” utilizada por Messiaen, para a parte do cello. Poderíamos, em cada nó,
programar as notas, de acordo com a “color” (série de notas empregadas). A
noção de ciclo fica muito mais evidente, ao usar essa forma de visualização.
65
Além do aspecto temporal, a modelagem espacial do tempo, apresentada
antes, traz uma representação mais analógica do que digital, evidenciando uma
informação diferente daquela que vemos na partitura, onde a disposição discreta
dos eventos nem sempre favorece a percepção dos processos, que são
contínuos, conforme aponta Décio Pignatari, na sua distinção de natureza entre
as mensagens “analógicas” e “digitais”:
66
Figura 10: Metodologia de Composição atual.
REPERTÓRIO,
REFERÊNCIAS
g
PROBLEMA COMPOSICIONAL,
CURIOSIDADE, DESEJO, ÍMPETO
g
MODELAGEM, ALGORITMOS
ESBOÇOS (PAPEL) g O MODELO ME DIZ UM POUCO MAIS
SOBRE O QUE É A MINHA MÚSICA
Raciocínio dedutivo: do geral para o particular
esboço *
g
g
GRAVAR
IMPROVISAR
g
g
FORMA
EDITAR, COLAR, BALANCEADA?
INTERPOLAR MATERIAL,
REFAZER.
g
SOA BEM?
g
NOVAS IDEIAS
A PARTIR DA
g “PARTITURA PARTITURA
ESBOÇO” FINAL
“PARTITURA ESBOÇO”
67
A seguir, apresentaremos as composições, discutindo no portfolio os
conceitos apresentados até aqui.
68
PARTE 4
AS COMPOSIÇÕES
69
70
4. AS COMPOSIÇÕES
71
Figura 11: LISTA DE COMPOSIÇÕES APRESENTADAS NO RECITAL
(IMPA)CIÊNCIA
para piano solo
(I)MOBILE
para piano solo
FLUXO II
para quarteto de saxofones (S,A,T,B)
72
4.1. UMA FORMA DE SENTIR O TEMPO
Notas de Programa:
73
60
apresentados anteriormente , e julguei apropriado aproveitar a energia
empregada nas peças, para que o material fosse tocado de forma mais
balanceada, distribuindo o trabalho entre os intérpretes.
60
(NOTA DO AUTOR): Por ocasião do “Festival Babel”, iniciativa liderada pelos colegas
Bruno Angelo e Rodrigo Meine, contando com o apoio do PPG Música UFRGS, no Instituto
Goethe, em agosto de 2013, os duos foram selecionados para performance.
74
4.1.1. (I) - O instante, sem a alma
TEMPORALIDADE SUBJETIVA
TEMPORALIDADE OBJETIVA
61
ALLEN, J. Maintaining knowledge about temporal intervals. Communications of the ACM,
26(11):832–843, 1983.
62
A. ALLOMBERT, G. ASSAYAG, AND M. DESSAINTE-CATHERINE. A system of
interactive scores based on petri nets. In Pr. of the 4th Sound and Music Computing
Conference (2007), Lefkada, Greece, July 2007.
75
Figura 13: Abstração Temporal - “relações de Allen”.
Do artigo de Allombert, Assayag, e Dessainte-Catherine (2007).
Tal como mostrado acima, temos que o OT (objeto temporal) “A” assume
relações temporais diferentes em relação ao OT “B”, tais como: “A” precede “B”;
“A” encontra, mas não concorre com “B”; “A” sobreposto a “B”; “A” inicia em “B”;
“A” termina em “B”; “A” durante “B” e finalmente, “A” igual a “B” (simultaneidade).
A temporalidade subjetiva, sentida em “O instante, sem a alma”, pode ser
entendida objetivamente como as diferentes relações temporais, entre os vários
OT’s sobrepostos, que causam uma sensação de eventos concorrentes, e em
“múltiplas direções”.
A seguir, apresentamos os compassos 1-8 e, em seguida, os compassos
23-30, de “O instante, sem a alma”, seguido da abstração de suas unidades
estruturais como OT’s, representados pelos retângulos.
76
Figura 14: Abstração das “relações de Allen”, em “O instante, sem a alma”,
c.1-8.
Quarteto - Uma Forma de Sentir o Tempo
(I) O instante, sem a alma Julio HERRLEIN
D
A
@
±
± ±
±
± ± » ±
(
Flauta
.
C w $ ·
M C $
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G
3 G
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±
± ± ±
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Clarinete em B @
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Vibrafone
q M $ M $
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±
a tempo
±
Piano M $ M $
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q a tempo
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B
±
±
± ±
Fl.
$ C M C M CVXE . C .
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±
@
G
C M . M
G
Pno. a tempo
@
±
Ç
@
.
q
1
Figura 15: “O instante, sem a alma”, c. 1-8, somente retângulos.
Flt.
@
..
..
Dmais movido
@
F
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Pno.
78
4.1.2. (II) - nunca é mais que um
TEMPORALIDADE SUBJETIVA
79
Do ponto de vista da temporalidade subjetiva, expressiva, essa repetição
traz a ideia das batidas do relógio, que são esticadas ou encolhidas, conforme os
diferentes pulsos secundários (veremos isso logo adiante, na temporalidade
objetiva) mas, mais do que isso, traz a ideia da “sucessão pura”. Transcrevo a
história, citada por Comte-Sponville:
TEMPORALIDADE OBJETIVA
63
Septièmes objetions et réponses aux Méditations de Descartes, § 2, A.-T., VII, p. 457 (ed.
Alquié, Garnier, 1967, t. 2, p.954).
64
http://www.dicionarioinformal.com.br/dêitico/
80
principal, um pulso secundário. Esse pulso secundário cria uma ilusão temporal
de que a música estaria em outra velocidade.
No exemplo abaixo (c. 30-32), a nota ré do c.30 é repetida de sete em
sete semicolcheias e, em seguida, no c.31-32, a nota fá grave é repetida a cada
cinco semicolcheias, no piano.
Além das notas repetidas, outro elemento que cria uma sensação de
suspensão temporal é a presença de acordes com durações muito longas,
quando comparados às durações curtas dos elementos melódicos, recurso que
ocorrerá também em “e essa unidade”.
81
82
4.1.3. (III) - e essa unidade
TEMPORALIDADE SUBJETIVA
83
Figura 21: Primeiros compassos de “e essa unidade” (2013)
Uma das características utilizadas em “e essa unidade” foi fazer com que
alguns ciclos retrogradassem. Dessa forma, a música por vezes retrocede,
em trechos quase palindrômicos, como no exemplo da figura 22, em que o
clarinente e o vibrafone fazem um movimento retrógrado espelhado, enquanto
o piano segue no seu próprio ciclo. Sobre o ciclo que vai e que vem, Messiaen
apresenta uma reflexão, relacionando a temporalidade às suas convicções
religiosas:65
65
(NOTA DO AUTOR): Anteriormente (parte 2, próximo à nota 43), comentei sobre o uso do
sentido temporal por Messiaen, na representação expressiva de ideias extramusicais. Parece
que, além do tempo subjetivo e objetivo, Messiaen pensa em um terceiro tempo, idealizado,
o tempo que seria vivenciado na “vida eterna”, promessa futura, em sua fé.
66
“Regular time moves towards the future–it never goes backwards. Psychological time, or
time of thought, goes in all directions: forward, backwards, cut in pieces, at will...In the life of
the Resurrection we will live in a duration malleable and transformable. The ability of the
musician, who retrogrades and permutes his durations, prepares us, in a small way, for that
state.”
84
Figura 22: Movimento espelhado em “e essa unidade”, c.79
85
Tal como ocorre em “nunca é mais que um”, utilizei alguns marcos
mnemônicos recorrentes, como por exemplo, a figuração tocada pelo vibrafone
na segunda metade do c. 59.
Essa figuração (e outras similares) ocorre no c.61, c.62, c.77, c.79 e c.81.
O clarinete também apresenta um marco recursivo cíclico, que aparece no c.67
(figura abaixo), e também no c.85.
86
A consequência expressiva desses marcos menmônicos, em conjunto
com a retrogradação (que não é necessariamente percebida), é a audição de um
material referencial, que traz a sensação de que algo retorna, ciclicamente.
As seções “L” (entrada do piano, c.75) e “M” (entrada da flauta, sem
vibrato, dobrando o clarinete, no c.87) confirmam o caráter lento e meditativo do
início da peça, porém com um adensamento textural. A entrada da flauta, em
“M”, ecoa, mnemonicamente, o gesto do c.69, seção “K”, tocado pelo clarinete.
Figura 26: Seção “L” de "e essa unidade", c. 75, entrada do piano.
87
Figura 28: Seção “O”, de “e essa unidade” – temporalidade caótica.
88
No entanto, a seção “O” de “e essa unidade”, apresenta um movimento
temporal caótico, onde são sobrepostas subdivisões irregulares que
caracterizam um breve “caos” temporal, reestabelecido pelo pulso
absolutamente quantizado da seção “P”.
89
Na seção “Q”, c. 111, o clarinete executa um contorno melódico composto
de duas quartas ascendentes, terça maior descendente, terça menor ascendente
(ou segunda aumentada), conforme a figura abaixo:
90
Figura 32: Final de "e essa unidade" – dissipação.
91
92
4.1.4. (IV) - que não poderia medir
Essa peça curta tem a função de fazer uma transição entre a sonoridade
do quarteto e a peça para flauta solo. A ideia inicial foi fazer uma página de
música que pudesse ser lida também de ponta cabeça, tal como ocorre em
“Duetti per due violini”, no número 31, que Luciano Berio compôs entre 1979-83,
como peças didáticas, em homenagem a vários compositores. A partir dessa
solução de Berio, escrevi a partitura de “que não poderia medir”, para vibrafone
solo. A intenção inicial era colocar a peça, lida em uma orientação, em um trecho
do ciclo e, lida em outra orientação, em outro trecho do ciclo, com a função de
“limpar” um pouco a memória do que veio antes, musicalmente. No final, optei
por usar apenas uma das orientações possíveis, por critério de balanço da
composição. Mantive a partitura na forma original, sugerindo esse uso no futuro.
Figura 33: Trecho da partitura dos “Duetti per due violini” (1979-83), no. 31,
de L. Berio.
(em homenagem a Kagel, e pode ser lida de ponta-cabeça.)
93
94
4.1.5. (V) - nenhum movimento e nenhuma duração
TEMPORALIDADE SUBJETIVA
TEMPORALIDADE OBJETIVA
67
Frase que vai abrindo progressivamente os intervalos em ambas as direções, ascendente
e descendente.
95
Figura 35: Retrogradações em “nenhum movimento e nenhuma duração”.
96
4.1.6. (VI) - não é um número. Mas então:
TEMPORALIDADE SUBJETIVA
97
Neste momento, passo a fazer contas ao invés de tratar da temporalidade
subjetiva. A razão disso é a pergunta: é possível que, subjetivamente, sinta-se o
tempo passar de forma diferente na seção “A” em relação à seção “B”, mesmo
elas tendo quase o mesmo tamanho, cronometricamente?
Em duração igual, um som breve seguido por silêncio, parece mais longo
do que um tempo prolongado. Alguns exemplos:
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duas colcheias pontuadas com duas semínimas
pausas de semicolcheias
eE eE q q
colcheia e pausa de colcheia duas duas semínimas
vezes
s E. s E. q q
Semicolcheia e colcheia pontuada duas semínimas
69
duas vezes.
98
marcados em "a" são mais ou menos staccatos pronunciados, ou são
mais secos do que as durações legato dos exemplos marcados em "b".
Cronometricamente, metronomicamente, os exemplos marcados em "a"
são exatamente do mesmo valor e duração daqueles marcados em "b". E
ainda assim os exemplos em "a" parecem durar mais do que os
exemplos marcados em "b". Por quê?
Resposta: dois casos. Primeiro caso: som e silêncio - segundo caso:
apenas som. No primeiro caso (som e silêncio), dois eventos: som e
silêncio. No segundo caso, um evento simples: som. Todos os exemplos
marcados em "a" incluem quatro eventos: dois sons e dois silêncios.
Todos os exemplos marcados em "b" incluem dois eventos: dois sons.
Resultado: todos os eventos marcados em “a” parecem maiores. Nós
sabemos que, com respeito ao tempo musical, memória e antecipação
têm um importante papel. Como resultado, memória e intuição têm tanto
quanto, ou talvez mais importância do que o senso auditório imediato e
direto.”
TEMPORALIDADE OBJETIVA
99
que constitui a partitura final, refinada com dinâmicas e articulações, soando
mais expressiva e musical.
Na figura a seguir, o sistema “A” consiste de um “loop” entre os nós “a1” e
“a2”, que disparam semicolcheias constantemente. A partir deles, programei as
notas do “ostinato” da mão direita do piano (que é também tocado depois pelo
vibrafone). O nó “a2” é paralelo e toca uma vez a cada colcheia, disparando, ao
mesmo tempo, as notas que ele contém (do ostinato) e também acionando o nó
“b1”, centro do sistema “B”. O sistema “B” constitui uma cadeia de Markov de
primeira ordem, acionada pelo “firing” (disparos) contínuo do nó “a2”, e aciona
seis nós, cada um com a probabilidade de 16,666% de tocar. Dos seis nós, dois
contêm sons, dois são mudos (silêncio) e os outros dois conduzem às cadeias
de Markov de segunda ordem (sistema “C” e “D”), cujos eventos dependem do
“firing” da cadeia do sistema “B”. As cadeias de Markov “C” e “D”, de segunda
ordem, também disparam para seis nós, sendo três deles mudos. A
probabilidade estatística gera uma imprevisibilidade, na alternância entre sons e
silêncios. Demora mais de cem disparos para que todos os nós sejam acionados
pelo menos uma vez, e o algoritmo termina por gerar permutações de
semicolcheias e pausas de semicolcheias, dentro de um “grid” absolutamente
isócrono, porém, com uma sensação imprevisível e elástica.
100
Duo - Piano e Vibrafone (VI) não é um número. Mas então? *
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A probabilidade estatística engendrada siste-
C
mas “B”, “C” e ideia
“D”dogera como
ciclo de peças noresultado musical uma
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imprevisibilidade na alternância entre sons e silêncios,
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mas sempre dentro de um “grid” isócrono, constituído
de semicolcheias.
œ bœ bœ œ.
termina por gerar permutações de semicolcheias e
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somente mão direita
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TEMPO COMO INFORMAÇÃO
102
A terceira melodia contém exatamente as mesmas onze notas da
segunda, porém, sem apresentar nenhuma indicação tonal ou padrão na sua
construção.
103
exemplo de várias palavras com uma mesma raiz, como MAR, MAResia,
MARoto, MARé. Se nos é pedido memorizar tais palavras, podemos cuidar
apenas do que difere da raiz comum, facilitando a tarefa, a partir do “chunking”
da estrutura “MAR”, como um elemento comum que, além de introduzir
redundância, nos auxilia a memorizar. 70 Mas, especificamente em relação à
passagem do tempo musical, Kramer clama que a terceira melodia será
experienciada como mais longa, por demandar mais operações de “chunking”,
para ser entendida e memorizada. TAYLOR (2010) aponta a experiência similar
que Messiaen faz, no “TRCO”:
70
(NOTA DO AUTOR): Esse é o princípio da compactação dos arquivos, que são “zipados”
nos computadores, pela possibilidade de reduzir as unidades redundantes a um mesmo
símbolo. Assim “MAR”, “MAResia”, “MARoto” e “MARé”, (após convertermos a parte
redundante em um mesmo símbolo “&”) tornam-se “&”, “&esia”, “&oto”, “&é”, isto é, uma
menor quantidade de caracteres.
71
“It is also clear that for the composer such perception is equivalent to Bergsonian
experienced time: the idea Messiaen proposes that the silence after a note sustains its
duration is evidently not an objective feature of music, and he spends some time detailing
how different modes of attack or articulation may affect the perception of chronometrically
equal durations.”
72
“One reason I can say that music in vertical time is a celebration of the now is that in its
refusal to offer clear chunking cues, it seeks to defeat memory and focus attention on the
present.
104
ouvinte entender as unidades estruturais em jogo. E essa facilidade, ou
dificuldade de subsumir as unidades, influencia na percepção temporal. Em
suma, um trecho quantitativamente igual, isto é, de duração cronometricamente
igual, dá lugar a diferentes sensações de tempo, dependendo da qualidade do
material empregado. A densidade informacional do material musical pode
constituir um argumento em favor da diferente sensação temporal, experienciada
nas seções “B” e “C”, em “não é um número. Mas então:”, similares
cronometricamente. Essa investigação revela um dado interessante, para
consideração em trabalhos futuros.
105
106
4.1.7. (VII) - Ainda é tempo?
TEMPORALIDADE
A seção “T” tem um caráter ritualístico, iniciado pelo clarinete solo, com
algum suporte do piano e vibrafone. Na seção “U”, temos um duo do clarinete e
da flauta, em um diálogo elástico, ritualístico e percussivo, onde a influência de
“Modules”, de Borges-Cunha, aparece novamente.
107
O gestual microtonal da flauta ecoa no clarinete, ainda na atmosfera
ritualística.
Figura 43: Alguns efeitos de eco entre o duo, c.136, em “Ainda é tempo?”
108
“Ainda é tempo?”, c. 145-149 VII. 19
A Série de alturas A 3
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Figura 46: Seção homorrítmica final, em “Ainda é Tempo?”.
110
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ESCOLHA DE ALTURAS
111
sempre ignorando três teclas, o que facilitou muito a composição de
“(impa)ciência”, e a parte I e VII do ciclo “Uma forma de sentir o tempo”.
Meu orientador, o Prof. Dr. Antônio Borges-Cunha, chamou-me a atenção
sobre a ambiguidade maior-menor que esse material apresentava, bem como
sua importância expressiva e, refletindo sobre isso, compreendo que ele unifica
a peça. Na ilustração que segue, é apresentado o modo de transposições
limitadas Messiaen 3 (número Forte 9-12), com todos os seus subconjuntos de
três sons (tricordes), tal como aparece no livro “Combinatorial Harmony”.73 Eu
compunha utilizando esta página como referência.
73
“Combinatorial Harmony”, p.53, versão de circulação internacional, editora Mel Bay, não
constando na versão de circulação nacional.
HERRLEIN, Julio. Combinatorial Harmony: Concepts and Techniques for Composing and
Improvising. Boston, MA. Mel Bay. 2013. ISBN-13: 978-0786684885.
112
9-12 Escala Nonatônica
Card4
Nonatonic Scale
Messiaen 3 A AcordesdeSétima
Figura 48: Modo “Messiaen 3” , Combinatorial Harmony, pg. 53. SeventhChords
B AcordesQuartais ȋͶǦ͵
QuartalChords ȋͳͳǦ
9-12 nonatonic scale
3.6.6 C Tríade /II ȋǦͷ
Messiaen 3 Triad/II
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D Tríade /IV ȋͻǦ͵
Triad/IV
E Segmento–4 ȋͻǦ͵
F G C Cluster ȋǦͷ
4noteSegments
T37(9) ȋͻǦͷ
Db A Eb B Ab E
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œ œ #œ #œ œ
complete 9‐12 (no repeating tones)
3-12
B (0,2,7) b
3-9
#
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b b
3-5a
#
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# # #
(0,4,8)
# GQ3 EbQ3
(0,1,6)
b bb # b b4-19b
Db/F/A (#5)
(0,1,5,8)
Eb/G/B (#5) Ab/C/E (#5) BQ3
complete 9‐12 (no repeating tones) complete 9‐12 (no repeating tones)
complete 9‐12 (no repeating tones)
3-5b
C 3-4a
(0,1,5) 3-7a
(0,5,6) (0,2,5)
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F/A/Db7M(¬5) C/E/Ab7M(¬5)
C#TQ FTQ ATQ
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ȋͷȌ F /A/C#^m7
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complete 9‐12 (no repeating tones)
complete 9‐12 (no repeating tones)
D
4-25 (0,2,6,8) Fr6 3-3b Ø (4-m)
4-16a (0,1,5,7) 4-16b (0,2,6,7) 7M(4-3)
3-8a 3-3a 7 (11-5)
(0,2,6) (0,3,4)
7M(#11-5)
(0,1,4)
Ab/C/E^7M(#5)
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113
Na figura abaixo, o diálogo entre vibrafone e piano em “Ainda é tempo?”,
c.129-131, mostra relações de transposição por terça maior entre os materiais
harmônicos. Os materiais em “A” (piano) estão uma terça maior acima dos
materiais em “B” (vibrafone).
114
4.2. SUB SPECIE AETERNITATIS
Notas de Programa:
TEMPORALIDADE SUBJETIVA
74
WITTGENSTEIN, Ludwig. 1961, Notebooks 1914-1916, ed. by G.H. von Wright and G.E.M.
Anscombe, Oxford: Blackwell.1RWD $VDWKLQJDPRQJWKLQJVHDFKWKLQJLVHTXDOO\
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115
segundo as considerações de Wittgenstein, “é assim o mundo do homem
feliz”.75
PROCESSO DE COMPOSIÇÃO
75
BRÍGIDO, Edimar. A estética e o olhar Sub Specie Aeterni na filosofia do jovem
Wittgenstein. In: Theoria - Revista Eletrônica de Filosofia de Pouso Alegre. Volume V -
Número 14 - Ano 2013. pp. 84-96.
116
CATÁLOGO
117
conhecido e, para minha surpresa, fui naturalmente, através da notação, criando
outras nuances de dinâmicas, acrescentando “apostos” musicais entre vírgulas,
tal como ocorre quando estudamos por um tempo um determinado assunto e,
depois de várias leituras, nos dispomos a discorrer sobre ele. Desse modo,
confiei no desconhecido, na verdade desejando ouvir o resultado apenas no
momento do recital. Queria ser surpreendido, trabalhar um pouco fora da
margem de controle, a que usualmente me submeto. Houve uma sensação de
fluência, velocidade e intimidade com o material, durante a escrita. Nesse
sentido, posso dizer que o “texto/som” musical evoluiu de forma semelhante ao
“texto/ideia” de uma redação, e a notação musical começou a parecer tão natural
como é o vernáculo.
De fato, dentro do processo mais lento de composição que tenho
experimentado durante o mestrado, parece que preciso de um tempo,
escolhendo e “carregando na memória” certos materiais que, de alguma forma
são amadurecidos e experimentados em nível inconsciente, até que se encontre
o seu uso otimizado, pela experimentação ou pela contraposição a outros
materiais posteriormente “carregados na memória”. Também o aparato
conceitual que investiguei influiu nesta “acomodação” dos materiais
composicionais, até a determinação que reconheço como o fim do exercício
composicional: a “barra dupla”.
118
NOTAÇÃO E REESCRITURA, EM “SUB SPECIE AETERNITATIS” E “NENHUM
MOVIMENTO E NENHUMA DURAÇÃO”
A)
B)
C)
119
Excerto 2
A)
B)
C)
76
“(...) In your recording, there is a misunderstanding: it is with regard to the proportions of
time and speed. It is not much the question of slower or faster speed, but rather – once the
speed is selected – the proportions of the durations.”
Folio, Cynthia, and Alexander R. Brinkman. "Rhythm and Timing in the Two Versions of
Berio's Sequenza I for Flute Solo: Psychological and Musical Differences in Performance."
Berio’S Sequenzas: Essays on Performance, Composition and Analysis: 11-38.
120
4.3. (impa)ciência
Notas de Programa:
TEMPORALIDADE SUBJETIVA
TEMPORALIDADE OBJETIVA
121
Comecei a composição com a sobreposição de duas células desiguais
em tamanho, mas com um mesmo pulso comum. Na mão esquerda, um
contorno de cinco notas e, na mão direita, um contorno de sete notas.
A ideia inicial fluiu de forma muito rápida, e percebi que poderia usar esse
recurso durante toda a peça, a saber, dois contornos desiguais, com um mesmo
pulso comum. Assim, fui gravando várias sequências de pulsos sobrepostos.
Outras peças de Ligeti também constituiram uma referência,
especialmente na “Musica Ricercata”, peça III, cujo motivo de terça menor “c-eb”,
ecoa na seção E, em “(impa)ciência”; e a peça II, cuja abertura extrema de
registro do piano ecoa na seção “J”, em “(impa)ciência”.
Na medida em que a composição vai chegando ao fim, os dois ritmos
tendem à convergência, como mostra a tabela a seguir e, nesse sentido, ela
segue no caminho oposto ao de Ligeti, em “Desórdre” onde, na medida em que a
peça avança, a impressão de caos aumenta. O mesmo ocorre em “Uma forma
de sentir o tempo”, onde a sincronicidade é reestabelecida quando a peça chega
ao final. Talvez isso seja um desejo ainda infantil, de sempre promover um “final
feliz”, evitando a desordem.
122
Figura 52: Tabela mostrando as superposições de pulsos em
“(impa)ciência”.
pg 1, s.2 35 pulsos
7 7 7 7 7
5 5 5 5 5 5 5
pg. 3 s. 1 24 pulsos
5 5 5 5 4
(2) 5 5 5 5 (2)
pg. 4 s. 2 40 pulsos
(1) 5 5 5 4 5 5 5 5
5 5 5 5 (1) 5 5 5 4
8 26 pulsos
8 8 8 (2)
5 5 5 5 (1) 5
123
pg. 5, s. 1 22 pulsos
U
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
3 3 3 3 3 3 4
pg. 6, 32 pulsos
4 4 4 4 4 4 4 4
4 4 5 5 5 5 4
pg. 7, s.1
U U U U
3 (x9)
1+(1)+1=
pg. 8, s.2
U U
3 3 1 (2) 4 4 4
3 3 1 6 6 3
124
pg. 8, s.3 26 pulsos
4 4 4 4 4 (1) 4 (1)
5 5 5 5 (1)
77
(NOTA DO AUTOR): Isso ocorre de modo similar na escala Octatônica, também um modo
de transposições limitadas, porém, a sonoridade dessa escala é mais “normalizada”, na
minha percepção, devido ao uso extensivo que faço dela em improvisações de jazz, e de seu
uso constante em arranjos de música popular, como uma das sonoridades “standard” para os
acordes dominantes alterados, em cadências típicas, como o II – V7(b9) – I. Assim, a
possibilidade de transposições constantes por terças maiores pareceu-me mais original.
125
Figura 53: Tricordes 3-2a e 3-2b, que contêm todas as notas de 9-2178
78
Combinatorial Harmony Op. cit.
126
Como foi comentado anteriormente (em 4.1.7), podemos entender essa
escala como uma escala cromática onde suprimimos três notas, que formam
entre si uma tríade aumentada. E são exatamente essas as três classes de
alturas (F#, A# e D), que aparecem apenas no gesto final de “(impa)ciência”.
127
128
4.4. (i)mobile
Notas de programa:
TEMPORALIDADE SUBJETIVA/OBJETIVA
79
“(...) stasis relative to context, with sections that appear static because their degree of
internal activity is considerably less than the degree of contrast between them.”
129
“Seria este som experienciado como estático? Nossos processos
mentais nunca congelam, mas chegaríamos no fim à conclusão que o
som não estava prestes a mudar.”80 (KRAMER, 1988, p.210, trad. nossa).
Ouvir música com caráter estático, tal como “(i)mobile”, exige um tipo de
entrega da parte do ouvinte que, ao superar a fase na qual questiona-se sobre a
teleologia ou direcionalidade, ele passa a viver o momento, junto ao percurso
temporal da composição.
O interesse em “(i)mobile” é mantido a partir do uso de uma “pseudo-
repetição”, conceito que intuí a partir da análise da composição “Triadic
Memories” (1981), de Morton Feldman, onde concluí que há um processo
aparentemente repetitivo mas, que na prática, é uma permutação algorítmica de
padrões. Ao analisar a primeira página de “Triadic Memories” verifiquei o
emprego de apenas quatro padrões rítmicos, constantemente permutados.
80
“Would even this sound be experienced as static? Our mental processes would never
become frozen, but we would eventually realize that the sound was not about to change.”
130
Figura 56: Os quatro padrões em “Triadic Memories”, p.1.
131
Da mesma forma que no algoritmo de Feldman, entendo que em
“(i)mobile” a concepção composicional é “de cima para baixo”, quer dizer, da
visão geral para o particular. Essa visão global convida a uma audição voltada
ao processo como um todo, em uma escuta não-linear, tanto quanto é não-linear
o algoritmo que lhe serviu de base.
A sensação de tempo elástico, em “(i)mobile”, foi obtida com a
superposição de uma subdivisão por três em contraposição a uma subdivisão
por quatro. Por isso, ela apresenta sempre o andamento em duas unidades: sob
o aspecto da semínima e sob o aspecto da semínima pontuada.
Existem três camadas em “(i)mobile”: na mão esquerda, divisões por três,
como é comum nos compassos compostos; na mão direita, quiálteras
diminutivas que, na escrita com a base de semínima pontuada, criam as
subdivisões por quatro; a terceira camada são as ornamentações, ou apojaturas
(“grace notes”) que ocorrem nas duas mãos. No exemplo abaixo, temos um
compasso típico da primeira parte de “(i)mobile”, com tudo o que foi descrito.
132
fator que contribuiu no efeito de gotejar e na elasticidade geral foi a “camada de
ornamentos”, que sobrepõe a camada dupla de pulsos.
A primeira parte de “(i)mobile” foi modelada como um grande “loop”, com
um “loop” menor dentro dele, como duas órbitas de tamanhos diversos, tal como
descreve o compositor Harrison Birtwistle, citado por Kramer:
81
“I don’t create linear music. I move in circles; more precisely, I move in concentric circles.
The events I create move as the planets move in the solar system. They rotate at various
speeds. Some move through bigger orbits than others and take longer to return.”
82
“The Typical computer program does not exemplify solely linear thinking. Programming is an
activity that relies on both hemispheres of the brain. A program consists of doubling back, of
loops within loops, of branching off in different directions. It is thus an apt symbol for
contemporary temporality.”
133
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Como vemos na figura, os “loops secundários”, ou internos, são mais
curtos, e “rodam” dentro do “loop” principal, representado pelos números
grandes, aqueles que representamos com as notas que são tocadas. Os
secundários demoram menos para se repetir e, quando repetem pela primeira
vez, o “loop principal” ainda está por volta do número 7, e ainda irá percorrer até
o 11, antes do interlúdio. As notas tocadas no “loop” grande são provenientes de
uma composição que escrevi em 2008, chamada “De um até onze, de onze até
um”.
Alguma direcionalidade melódica existe no material que foi usado como
base para o “loop principal” (notas representadas na figura anterior), e comecei a
sentir isso ao escutar a peça repetidamente, enquanto compunha. Como meu
desejo era evitar uma escuta “teleológica”, usei o recurso das fermatas que, ao
suspender o tempo, evitavam alguma potencial direcionalidade cadencial, para
que não se ouvisse o material como “frases”. Além disso, a suspensão das
fermatas acentuou o efeito da “pseudo-repetição”, onde até os materiais, que
porventura fossem iguais, acabassem por ser tocados de forma diferente.
A não-direcionalidade é um aspecto moderno de nossas vidas e é
interessante tentar representá-la em música. Conforme aponta Kramer:
83
“(...) because of the complexities of modern life, we can no longer confidently predict the
direction, outcome, total duration, or overall meaning of many of our temporal experiences.
The same can be said of computer logic. A program accomplishes its task not so much by
linear logic (except within sections, or subroutines) as by a logic of the whole. Many portions
of a program are interconnected in a variety of ways. The instruction which follows a given
command is not always closely related to it logically.”
135
mobilidade constante, de uma mudança permanente, obtida somente através da
modelagem do “todo” para a parte, numa forma de compor que evita a lógica
indutiva, linear, e privilegia o entendimento da composição como um organismo.
Encerro o comentário de “(i)mobile” com algumas questões: existe
independência lógica entre tempo e mudança? Mudança e tempo são uma
distinção de razão ou uma distinção real? Comte-Sponville aponta:
(...) não é seguro que o tempo não possa existir sem a mudança:
supondo uma espécie de morte térmica do universo, de zero absoluto
onde nada mais se moveria nem mudaria, tem-se certeza de que o
tempo seria com isso abolido? (COMTE-SPONVILLE, 2006, p.25).
E ainda:
Por que a imobilidade seria incapaz de durar? Como, se não durasse, ela
permaneceria imóvel? (COMTE-SPONVILLE, 2006, p.25).
136
4.5. FLUXO II
Notas de programa:
84
www.donfreund.com
137
REESCRITURA MUSICAL EM “FLUXO II”
85
(NOTA DO AUTOR): Mais especificamente, a parte IV da “Suíte Maestros Brasileiros”, que
escrevi após o Concurso Nacional de Composição do IBEU, realizado em 2006, no qual
obtive o primeiro lugar, com as primeiras 3 partes da suíte. A composição fora escrita, a
pedido da UFRJazz Ensemble, em homenagem a Severino Araújo, arranjador importante,
pioneiro das Big Bands brasileiras, e compositor dos choros “Espinha de bacalhau” e “Um
chorinho pra você”, entre outros.
86
(NOTA DO AUTOR): Na versão para big band, o naipe de saxofones da foi escrito para ser
tocado juntamente com a seção rítmica, e também com as seções de trompetes e
trombones.
138
Com esse espírito, encontrei na composição o seguinte trecho, que
chamo de “acordes pilares” de “Fluxo II”:
139
Figura 60: Elaboração rítmica dos “acordes pilares”, em “Fluxo II”.
Tenor Sax.
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140
Podemos entender esta composição como a exploração da repetição
exaustiva de um mesmo conteúdo harmônico, buscando fazê-lo soar de uma
forma continuamente diferente, como uma frase básica, à qual são interpolados
outros elementos, criando novos significados:
141
"Acordes pilares" repetidos em "Fluxo II", para quarteto de saxofones.
Fluxo II, pg 3
Figura 62:B Acordes pilares repetidos, na partitura inal de “Fluxo II”.
(na
p.3 e sua permanência até a p.8) 3G
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144
Do ponto de vista genético, escrevi esse tema por volta de 1992/1993, em
ritmo de samba, no formato de cifra e melodia, da forma mais abreviada
possível, como um tema de música instrumental brasileira. O tema foi deixado na
gaveta por 13 anos, até sua encarnação para formação de big band, onde foi
transformado em um baião estilizado, em compasso 7/4. Na partitura final de
“Fluxo II”, apresentada no recital de mestrado, esse trecho corresponde à seção
“G”, mais precisamente a partir do c.171. Porém, não existe mais a noção de
melodia acompanhada: o tema se mistura em uma textura repetitiva, cujo
processo é percorrer a sequência de acordes.
Na versão que finaliza o quarteto de saxofones “Fluxo II” (2012), o tema
foi explorado com estruturas repetitivas, sem menção a qualquer “groove” ou
“levada rítmica” idiomática, mas apenas o fluxo dos acentos. As versões do tema
soam completamente diferentes e, de fato, são materiais estética e
expressivamente distintos, porém, com uma gênese comum.
De forma mais ou menos consciente, tenho procurado evitar uma espécie
de material excessivamente referencial, aquele material musical que “salta aos
ouvidos”, tornando-se intratável no contexto formal, indissociável de sua origem
estilística, auto-referencial, auto-suficiente, não moldável e não misturável. Por
isso, em algum sentido, penso que os motivos musicais, empregados em uma
composição que busca um desenvolvimento formal, devem conter uma dose de
“impessoalidade”, de neutralidade com relação a estilos muito característicos,
sob pena de tal característica tornar-se dominante e incontrolável sobre a
composição. A menos que tais motivos representem uma ironia ou paródia
desejada pelo compositor, eles costumam prejudicar o desenvolvimento da
música. Acredito que essas observações, baseadas na reflexão de Reynolds
(2002), servem para a composição de “Fluxo II”. Reynolds ainda aponta:
87
“Material that is audacious, strongly referential, even appropriated, attracts attention to
itself, often rendering form impotent or virtually irrelevant since the maintenance of its identity
– the identity of the material – is overriding concern.”
145
Ainda Reynolds:
O desenho formal de “Fluxo II” consta de sete seções, que vão das letras
“A” até “G”, na partitura final. A maior parte do material de “Fluxo II” é derivado
da manipulação rítmica dos “acordes pilares” e da interpolação de materiais
entre eles. Na seção final “G”, há um material harmônico contrastante aos
“acordes pilares” e que não tem a origem pentatônica. Trata-se do “tema de
Severino”, mencionado antes. Podemos inferir, a partir do desenho formal da
88
“Intractable, self-justifiyng materials also disrupt the development of robust method. They
are fastened upon precisely because of their assertive and arresting qualities. To render such
material subservient to form, to modify it by method is to rob it of its signature, its signal
merit.”
89
(NOTA DO AUTOR): Percebi este problema da referencialidade também em
improvisações de jazz excessivamente povoadas por “signature licks”, frases referenciais a
estilos e períodos da história do jazz, como o “bebop”. Embora uma grande parte dos
músicos utilize essas construções como uma referência importante para o aprendizado do
estilo, percebo a busca dos improvisadores modernos por um fraseado e uma construção
melódica mais neutra, menos referencial a estilos particulares, e orientada a combinações
“mais frias” de materiais, como as de intervalos, tricordes e hexatônicos. Também noto uma
abordagem rítmica com um suíngue um pouco mais “liso”, moderado, e sem acentuação
excessiva, constituindo uma característica do jazz contemporâneo. Nesse “suíngue
moderado”, essa articulação mais “lisa”, sem acentos, traz um som menos caricatural e
menos referencial em relação a uma fonte histórica, promovendo uma maior personalidade à
interpretação e uma maior possibilidade de fusão com outros ritmos.
146
peça (e considerando sua duração de 7´30”), que ele surge aproximadamente na
seção áurea, isto é, na terça parte final do tempo total.
A transição “F”, que consiste de pentatônicas sobrepostas, pode ser
entendida como a versão melódica “liquefeita” dos “acordes pilares”, que são
conjuntos pentatônicos “sólidos”, porque tocados em bloco. Desse modo,
passamos do “sólido” (acordes pentatônicos pilares) ao “líquido” (melodias
pentatônicas em múltiplas transposições) e, finalmente, a um terceiro estado, na
parte final.
Quanto ao desenho formal, não tive a intenção de fazê-lo tal como descrevo
na tabela sobre a forma, e nem tinha consciência de que os materiais se
relacionavam de forma tão contundente. De alguma forma, minha escuta levou-
me a balanceá-la, de acordo com a “seção áurea”. Através da escuta repetida,
busquei criar um “todo convincente”, tal como aponta Brindle (1966):
90
“Musical forms have always been created through the shaping and developing of musical
ideas, they have never been invented as abstract formulas to which musical ideas must be
made to conform. (...) In actual practice it is best to regard ‘form’ as having a dual
significance, both as a noun – the musical ‘shape’ which outwardly confines the composer’s
thoughts, and as a verb – the process of forming and sculpturing musical ideas into a
convincing whole.”
BRINDLE, Reginald S. Serial composition. London, New York etc: Oxford U.P, 1966.
147
148
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredito que o esforço e o foco, nos últimos dois anos, foram importantes
para revisar e incrementar os procedimentos criativos, na pesquisa da
bibliografia relacionada à composição, no diálogo com o repertório, e também no
resgate da filosofia como parte integrante do meu pensamento composicional,
caracterizando o tempo de forma mais consciente, em resposta à ansiedade por
tentar comprender aquilo que apenas entrevia, em um nível subconslciente.
O processo composicional foi aperfeiçoado e consegui encontrar um ritmo
mais sistemático e eficiente, integrando os diferentes meios: a escrita à mão, a
improvisação, a modelagem da intuição, a gravação, as ferramentas de
composição assistida por computador, os algoritmos, e também o
sequenciamento MIDI, na estação de trabalho.
Ter realizado o recital e a escrita deste memorial, encerrando este período
com mais de 50 minutos de música original, registrada em áudio e vídeo, e
documentada em seus processos criativos, é algo que poderei levar comigo para
o futuro, podendo realizar outras investigações, a partir deste ponto. Sem falar
em inúmeros materiais promissores que ficaram incompletos (alguns completos,
em outras formações), e da grande quantidade de material de música
instrumental orientada à improvisação (música popular) que foi composto para o
pré-projeto apresentado no colóquio.
A investigação proposta sobre o tempo, bem como a articulação
bibliográfica, tanto musical quanto filosófica, auxiliaram-me a compreender
melhor alguns aspectos fundamentais relacionados à forma como escutamos a
música, e de como é possível, como mostra Messiaen, implementar
procedimentos práticos a partir do entendimento de um conceito filosófico
abstrato, traduzindo em música as representações do fenômeno das diferentes
temporalidades.
Quanto às composições, o portfólio foi muito variado em sons e
procedimentos, constituindo experiências em várias direções diferentes,
buscando ampliar o repertório de recursos e soluções criativas.
A seguir, faço uma retrospectiva de algumas ideias apresentadas neste
memorial. Em “Uma forma de sentir o tempo” (ciclo em sete partes), a primeira
149
peça, “O instante sem a alma”, traz as abstrações de Allen e as frases como
objetos temporais; a segunda, “nunca é mais que um”, aborda os marcos
mnemônicos e a “sucessão pura” da não-ordinalidade; a terceira, “e essa
unidade”, apresenta um tempo que progride e retrocede, fazendo uso da
memória auditiva e transformado-se em caos, em seguida; a quarta, “que não
poderia medir” para vibrafone solo, serve como uma transição curta; a quinta,
“nenhum movimento e nenhuma duração” para flauta solo, explora movimentos
retrógrados e as articulações como modificadores rítmicos, reaproveitando o
material melódico usado em “Sub Specie Aeternitatis”; a sexta peça, “não é um
número. Mas então:”, ecoa a “Lei do entrelaçamento entre ataque-duração”
enunciada por Messiaen, as cadeias de Markov, bem como ideias de Kramer
sobre o tempo como informação; a sétima, “Ainda é tempo?”, restaura a
sincronicidade e a homorritmia, chegando ao final do ciclo com o mesmo
procedimento de escolhas de alturas da primeira peça, em um enquadramento
formal, além do emprego de séries melódicas. Em “Sub Specie Aeternitatis”, a
partir do convívio direto com o intéprete, pude aprender mais sobre o saxofone,
seus recursos e técnicas estendidas, além de reaproveitar alguns de seus
materiais melódicos para a quinta peça do ciclo, chamada de “nenhum
movimento e nenhuma duração”. Nas peças para piano, investiguei as
possibilidades texturais, nas superposições polirrítmicas de “(impa)ciência”, e
também na forma de usar a linearidade melódica “gotejada”, em “(i)mobile”.
Também em “(i)mobile” obtive o melhor resultado entre razão e intuição, numa
relação quase isomórfica entre a temporalidade subjetiva e a temporalidade
objetiva, na qual “a forma se transformou no conteúdo”. Finalmente, “Fluxo II”
confirmou algumas experiências métricas pensadas antigamente, mas ainda não
realizadas e, como um bom estudo de repetição, prenunciou, com os seus
“acordes pilares”, o que seria posteriormente chamado de “marco mnemônico”.
Penso que a escrita de “Fluxo II” foi um bom exercício dentro do objetivo de, a
partir de um “achado” curtíssimo, desenvolver um todo maior.
Em relação a esses “achados”, particularmente felizes e comuns no
decorrer do processo criativo, às vezes encontramos algo que não conseguimos
sustentar no percurso de uma composição mais longa, devido ao seu caráter
essencialmente curto. Podemos comparar isso a alguém que, ao escrever um
texto, consegue compor frases muito curtas, porém interessantes. Essas frases
150
não são suficientes para sustentar o texto por si só, mas com a conexão e a
costura apropriadas, poderão fazer parte de uma estrutura maior.
Além da música, há algo de ético no entendimento do tempo,
especialmente quando entendemos que o tempo é insuprimível, inevitável.
Entendendo o tempo como tão indiferente à nossa vontade como uma criança,
e sem sê-lo por maldade, aprendemos a aceitar a vida e o devir:
Enfrentá-lo, mas sem ódio. Aceitá-lo, mas sem fatalismo. Amá-lo, mas
sem ilusões. Quem poderia ficar zangado com o mar que traga, com o
furacão que destrói tudo, com o sol que o queima? E para que adorá-los,
quando nos poupam ou nos regalam? É sempre superstição, cujo
contrário é sabedoria. Não julgar, mas conhecer. Não interpretar, mas
compreender. Não rogar, mas agir. Não adorar, mas aceitar, contemplar,
transformar – amar, se possível. Inocência do devir: inocência do
presente. (COMTE-SPONVILLE, pag. 79).
151
152
REFERÊNCIAS
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA
Memorial de Composição
Volume 2
Porto Alegre
2014
158
Julio Cesar da Silva Herrlein
Memorial de Composição
Volume 2
Orientador:
Prof. Dr. Antonio Borges-Cunha
Porto Alegre
2014
CIP - Catalogação na Publicação
TRACK # 10 (i)mobile
Paulo Bergmann - Piano
TRACK # 11 Fluxo II
Amauri Iablonovski – Sax Soprano
Cristiano Ludwig – Sax Alto
Diego Ferreira – Sax Tenor
Rafael Lima – Sax Barítono
Lucas Alves - Regente
Gravação / Mixagem: Rodrigo Meine
163
VÍDEO E ÁUDIO ONLINE:
(impa)ciência / (i)mobile
http://www.youtube.com/watch?v=fZt96h0QCJk
FLUXO II
http://www.youtube.com/watch?v=kO2ZL_rSrD8
164
UMA FORMA DE SENTIR O TEMPO
Julio Herrlein
para:
FLAUTA
CLARINETE Bb
VIBRAFONE
PIANO
Score em C
165
* A frase usada para nomear o ciclo de peças "Uma Forma de Sentir o Tempo" é do filósofo francês André Comte-Sponville.
COMTE-SPONVILLE, A. O ser-tempo (tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006). p.28
166
Quarteto - Uma Forma de Sentir o Tempo
(I) O instante, sem a alma Julio HERRLEIN
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Uma forma de sentir o tempo Julio Herrlein
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23 a tempo
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169
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#œ œ. ˙. √
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Uma forma de sentir o tempo Julio Herrlein
I.
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Fl.
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170
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Uma forma de sentir o tempo Julio Herrlein
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171
Uma forma de sentir o tempo Julio Herrlein
I.
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173
p F
Uma forma de sentir o tempo Julio Herrlein
174
Duo Piano e Vibrafone
(II) nunca é mais que um * Julio Herrlein
q = 70 œ
Vibrafone
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175
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* Peça originalmente composta para duo, antes de pertencer ao ciclo se
chamava "Uma Forma de Sentir o Tempo" (nome que deu origem à
ideia do ciclo de peças no qual foi inserida).
(II) nunca é mais que um
2
13 3
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4 4 4 4
177
(II) nunca é mais que um
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Vib.
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179
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(II) nunca é mais que um
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Vib.
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181
182
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B b Cl. j
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Vib.
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Pno. a tempo
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185
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Uma forma de sentir o tempo Julio Herrlein
III.
83
3
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III.
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92
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Vib.
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92 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ U
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7:8 7:8
4 .. ..
& 4 4
lontano lento e irregular
Pno.
π
attaca subito na próxima
π *
seção após repetir
? œ
algumas vezes.
45 ∑ 44 .. ..
O q = 73 - 80 œ̆ œ. √
b...œ œ̆ œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ.
Fl.
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& ∑ 44 ‰ ‰. ≈ #œ @ @ @ ‰ @ @ @ ≈
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B b Cl.
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5
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subito
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96
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Vib.
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5
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3 3
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5 6
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3 5 5
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œ bœ œ œ
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Pno.
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187
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3
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5
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III.
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P
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— b œ b œ b œ . b .
œ b˘œ
Fl.
œ œ œ œ. œ .
# œ. # œ b œ œ nœ
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ƒ
percussivo
188
F f
f
œ œ œ. œ. œ. # œ
œ œ. œ
B b Cl. & ‰ Œ ‰ Œ Œ ‰
œ
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100 œ œ.
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œ #œ œ # >œ œ #œ
Vib.
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f
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103 œ. -œ œ
Fl.
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F f f p
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B b Cl. ‰ . . . bœ bœ œ œ œ. Œ
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bœ œ bœ
Vib.
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34 œ
œ bœ œ
molto rall
J J
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œ # œ n œœ
& Œ ∑ 43 ∑
Pno.
œ ∑ 3
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III.
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Q q = 110 - 120 œ
Ÿ # œ. œ. b œ. œ. # œ. œ. b œ. œ.
Fl.
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F f F p
œ. œ. œ. œ. ˙ œ
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B b Cl. &Œ Œ. J ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ 98
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106
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Vib.
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3 3
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98
106 3
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Pno.
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b b œœœ ... œ.
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Fl.
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Œ. Œ. ‰
4 4
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2 2 2
p
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. œ . œ̆ œ bœ œ. œ œ
B b Cl.
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5 2
œ
5
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Vib.
œ œ œ œ b œœœœ b b œœœ b œœœœ b b ˙˙˙ ...
& 98 J Œ. Œ. J Œ. Œ. ‰ Œ. ‰ œ ‰ ˙. 12
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p p
110
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Pno.
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# ˙˙˙ ... œœœ ... ˙˙˙ ... œœœ ... 12
189
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b œœ œœœ Œ. Œ. 8
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III.
Score R
Fl.
œ #œ
8 Œ.
& 12 œ œ ‰ 43 ∑ 46
J J # œ-
190
f
longa
π
U
B b Cl.
œ #œ nœ #œ ˙
2 2
8 ˙.
& 12 43 œ 46
f p p niente
114
U longa
Vib.
12 œ > 3 œ 6
& 8 œœœ œœœœ Œ ‰ Œ ‰ Œ ‰ 4 œœœ b # b ˙˙˙˙ 4
J
longa espera suficiente para
p
114 perder o pulso
Fœ >œ Fœ U
œœ œœ œ # # ˙˙˙
12
& 8 J Œ ‰ 34 œ 46
˙.
Pno.
F >œ P F p
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? 128 J Œ ‰ & 43 b œœœœ 46
n b # ˙˙˙˙
Vib.
j
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p
116
√
#œ œ œ w w
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3
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Pno.
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p
? 44 ∑ ∑ ∑
& 46 # ww ..
w .
p
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œ œ œ œ œœ œ œ
b œ bœ b œ œ b œ œb œ œ VII. œœ œ œœ œœ b œ œ
Vib.
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40 - 50 qq
= 40
= 60 U
q = 60 - 70 q = 60 - 70
- 50- 70q = 40 - 50 U
q = 40 - 50 q = 60 - 70
q = 40 - 50q = 40 - 50 q = 60 - 70q = 60 - 70
deste lado do cresc/decres: dinâmica f deste lado do cresc/decres: dinâmica p
*
œ
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ
œœ œ œœ œœ œ œ œ
191
b œ œ b œ œb b œ œb œ œ
#
Vib.
œ
b œ b œœ b œ
œ œ b
Vib.
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# œ b
œ # # bU
b b œ œ
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b œ œ œ
U# œœ
b U
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b
œœ
U U U U
œ Uœ#
œ œ œU&œb Vibrafone
b
b b œbœœU
œ œ œ œœ œ Vibrafone œœ Vibrafone œVibrafone œ œœ œ œ & œœ œ œ
œœœ
&Vibrafoneœ & œ œ œ
Vire a folha de ponta-cabeça
& œ &
œœœ
œ œ œœ
œœ œœ œ œœ œœ œ œœ
œœ
œœœ œœ œœ œœ œ œ œœœ œœ œœœœ œœ œœ œb œb bœœ œ œœ œœ
œ œ
b bb œœœ bœbœbœ œœœ œœœ & b œœ œœ œ œ
œ. œ.œ. b bb œœœb œbœœ œœ œ œœ
œ œ œ
Vib.
brafone
Vib.
œ.œ.œ. b b b b b b œ œœ œœ
œUœ
œ
UUU U U UU U
œ œœ
UUU œœ
œ œ
Sem Pedal q = 40 - 50 œ qq==q60
40 -50
=-4070
œ œ
- 50 œ q =q
60=-60
70- 70 œ œ œ œ œ œ œ œ
q = 40 - 50 q = 40 -q50= q
œ = 60 - 70 q = 60 -q70
œœ
œœ
œœ œ œ œ œ b œ œ œ
œ
œœ œ œ œœœ b b
œ œœ œ œ œœ œ œ = 60 - 70
Vib. Vib.
40 - 50
œ b b b
œ œ b b
œ
b b U b
U œ b b
œ Uœ œ œ b b b b b
b
b
b b œ
bb
b b
Vibrafone
œ œ œ œ œ b b œœ Ub b b
b b b b b œb bœ bœ œbœb œ
U
œ b b œb œ œ œ œ b b b b bœ
œœb b bœ œ Uœ bb
b
b œ#b bU b
U
bb œ b œb b œb b U
U
œœœœ œœVib.œ &
b U b œ U b
b Vib. & œ b b U œ œU œ œœ Vib.
#œ # œ œœ
œ œU œUœ& œ œ œ œ œb œ b sempre œœVib.œœœ œ
œ œ & b
œ b & œ œ œœ œ#œœ œ
œ b#œ œœœ œœ#œ œ œœœœ œœœœ b œ œbbœ œœbœœ œœœUœœ
œ Pedal œ œœœœœ œœ U œœ œ œœœU
U œ œ
œ œœœ
& œ œVib. œ b œ U U œU
œ œ œ œ œ œœ œœœœ œœœ Vibrafone œ œ œœ œ œ œ
œœ & œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ
œœ œ œ œ
Vib.
œ œ
& Vibrafone& &œ œ œ œœ œ œ œ œ œœ œ œœ œ œ œ œ œœ œœ œ œ œœ
œ œ Vibrafone
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ Vibrafone& Vibrafone œ &œ &œ œ œ œ œœ œ œœ
œœœ œœœ œœ œ œ
œ
Vibrafone
œ œ œ œœ œ œ
œœœ q = 60œ-œ70œœœœœœ œœUœ
œ œ b œbœœ œœœb œb b œb œq œœ -œ 50œ œ
œ =œ40 œ œ œ œœ œbœ œb œ œ U b b b œ œœœ œœ
Vib.
Vib.
œ œ
U
U œ b œ œ U œœ b œb b œb
Vib.
bœ œœ b œ
bb b œ œœ U UU b bbb b
b
q = 40 - 50 q = 60
q =- 40
70 - 50
œ œ q = 60 - 70
œ b bb
œ œ
q = 60 - 70 q = 60 - 70
b b U b
œ œ œ œ b
q = 60 - 70
b
q = 40 - 50 q = 40 - 50 q = 40 - 50
œ œ œœ œ œ
b
b b bœ œb œ œb œ
bUœ bb b b b b œb b bb b bb œb œ œb b Uœ œ b Uœœ
œ œ b œ œ b
b œb œb œ b
œb œ bœb œ œ bb b œœœ b œ b b œ bœœ bœ bUœ œ b b œb œœœ œUbœœ
œœb œ U œ œb œb b œ œ
Vib.
œ œ œœ œ bœ # œ œ œœ œœ œ œb œ b œb œ #Uœ œ b œœbbb œb œ Uœ b U œ œ œ œ b b bb b œœb œœbœ bb b b œ œb œ œœœ œU
bœbœbœ bb œU œ
œ œb œ œœ œ b œVib.œœœœ & œ œ
œb œ œ &œ œ œ œ UVib.
b b b œœ U
œœ œœ œœœœœœ œ œœ œœœbœœœ œœ œœ œœœ œœ œœU b œb b œ
œ œ œ
œ
œ œ
& Vib. œ & œ & œ b
œVib. œ & U # œœœœ bœœœœ œœœ b œ œ Uœ œ œœ œœ&Vib. œ œ
œ b
# œVib.œ& &U œœ œœ bœ&œœœœVib. œ
œ b œœbœ œœœ œœœ œœ œ œ #œœ œœœ œb œ œ œ œœœ
œ
œœœ œ&Uœœ
œ Uœ œ b
Vibrafone
œ œ œ œ œ œ œœb œœb
œ œœ œœ b Vib. U
& œœ œ œœœ œœ œœœ œœ œ œ bUœœœ œœ œœœœ œœœ œœœœœœœ œ œœ œ&œœ Uœ œ œ œU œœ œ œœ œœœ œ œœ œ œ œœ œ
Vib. œ
b
b
œ œ œœœ œœUœ œ Vib.
Vib.
U œ Vibrafoneœ U œ œœœ œœ bœ œœ œ œœœ œœ œ œœ
œ œœ
œ œ œ &
Vib.
œœ œœ
œ œ œ œœ œœœ &
œ œ Vibrafone œ
œ œ
& œ & œ œ
b bb œb œbœb œbœbœbœœœ œ œ & œ œ œ œ
Vibrafone
œ œ œœ
œ œ
œ œ œœœ œœœ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œœ œ œœ
Vib.
Vib.
œœœ œœ UUU bb b b bb b b UUU
Vibrafone Vibrafone
bb q = 60 - 70
q = 40 - 50 bbb b
q =q40= -60
q = 40 - 50 b b
50- 70 q= q = 40 - 50
b b bb b b
q = 60 - 70 q = 40 - 50 q = 60 - 70
q = 40 - 50 qq==60
40 -- 70
50 q = 60 - 70
b b b Ub b b U U b U b
œb œ b U UUbb .b b œ œb œ U
Pedal sempre
œ b b
œ b U b bU œ Uœ œ œ U
*
#b œ b UU b œ œ bœ
U b
b œ #b œ œ bœœœ œœœ b b œœ
b b œ bœ . b œœ . b b œ œ #
bb b œb œbœ œœœbœ œœœœb œUœbUœUœ bœ b b œb bœb œbœ UœU œ b b b œ œ œ .
b œœUœœb œb œ œbœ.. œ œbœœ œœœ bb bœœœœbœœœœœbœbU b b b b œ b b œ œ œ œ
œœUœbbbœbœbœœUœœœœ œœœœœœœœœ œœœœœœœb UbœœbœœœFine bœ œUUœbœ œ bbb œœœ.œb œœœ œ
œœbœœœœbœœUœ b œœb œœœœb œbœ œ.b
# b œœ œ U
œœ Vib. œ œœœ œU œœœ œb œœ œœVib.œœœœVib.
œ œœœ& œœ&œ &œbœœ œbœœU œœœœœUœœ œ œ œœ & b œ Uœ œœœœbœœœœbœ&
Vibrafone
œ œœœ œœœ Vibrafone œ œ b œ œ œb œ b œœœœœœœœœœœœœœœœœœœœœœœUœ bœœœ œœ œœb œœœœœœœœœ œœœœ œœœœœ œ bœœœ œœœœœœ
U
& Vib. &œ Vib.œ& œ&
b œœ
œœœ
œ œ
œ œœœœ œœ
œ œœœœ œ œœ Vibrafoneœœœ œbœ œœVib.
œ& œ
b œœœ œœœ
U
œœœ& œœ œ &œœ&œœVib.
œVib.
œVib.
œ œ œ œ
œœœœ œœœVib.
& œœ&
œœœœœœœ œœVibrafone
œ œœ œ œœ b & U
œœœ
& œ Vib. &œ œ& œ œ œ & œ œ
& œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœœ œ œœ & œ œœ œ œ
œ œ œ œ œ
Vib.
œœ œ œ œ
œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ
œ Uœ œ œ U U
b œœ œ Uœ
œœ œ œœ œ œœ œ œœ UœUU
œœ
œ œ
Vibrafone
Vib. Vibrafone
Vibrafone
Vib.
œ. b œ b œ œ œ .
Vibrafone
œœ œœ œ UUU
œb b
œ
Vib.
œ œ
Vib. Vib.
œœ
œ
b bb b b#
b œ b œ b œ œ
b bb
œ œœ œœ œ œ œ œœ
œ
Em VII (folha de ponta-cabeça), considere apenas os sustenidos (dinâmicas acima)
œ œ
œ
œ œ
b b b b b b
b b b bb U b b b b bU b q = 60 - 70 q = 40 - 50
Em IV, considere apenas os bemois (dinâmicas abaixo das notas)
b b b b b b b œ œ
b b œ œ b œ b œœ œ bœ b U b bb
b
=60=
q q=q 70
60-60 - 70
- 70
œ bU b
q q=q
œ bb b b
50
40-40
=40= - 50
- 50
œ b b
œ b bœb œbU œ œ b œb b œb Uœ b œU œœbUœUb œ œ œœœ. bœœ Ubœ b œUU
œUœb bœ œ . œ œbUœbœ œœUœ œ&b œb œ bUœœbœb œbœbœ. Uœœœ.œbœœ bœb bœœ œœœb UœœVib. œb œ
(IV) que não poderia medir
œ œ œ œ œ œ
U œ œ œœ œ
U œœœœ U.bUœU.œ œ
& Vib. b &
œ œ œ œ œœ b b b œ œ œœ Vib.
œ œœ œ Vib.
œ œ œ
& œ œœ œœ œ œœ œb œbœ b œœb Vib.
œ œ œ& œ œ œ œ œœ œ œœœ œ œ œ œ b œ œœ œ œ œœ œœœœœœœœ b b œœbVib.
œ œ œ œ œ bœœbbœ œœœb œ œœbbbUœ œœœb œbœœ œœbœ œœœœ œœbœ œbœœœœ.œU
œbb œbœœœ œ
œ
& Vib. &œ œ œ œ œœœ Vib.
œ
œ œ œ œ & œ œ œ œ
œœ œ
œœ
œ œ œœœ œœœ œ
œ œ œ œ
œ œ œ œ
œ œ œ œ œœ œ œ
œ œ œ
œ
œœ&
œ œœœ œ œœœ œœ œœœ œ œœœ œ œ œœ œ œ bœ œœ œœœœ œœ œœœœ œœ œ
œ & œ& œ œ œœ œ œ œ œ & œœ œ œœ œ œ œœ œ œ œ œ
Vib.
Vib.
œ
Vib. Vib. Vib. & Vib. &œ
Vib.
Vib.
192
Quarteto - Flauta Solo
(V) nenhum movimento e nenhuma duração
A
q = 40
... 3 #œ œ œ
Flute
8 #œ. œ œ œ bœ œ ˙ œ œ œ ‰ 4 #œ. œ œ œ b˘œ ≈ œ n..œ Œ 4
&4 J @ 4 J 3 œ bœ œ œ
4 @ 4
π fp p F p π p subito f p f p p f p f 5 p
B 6 C
5
Fl.
œ. œ ‰ œ œ œ œ
& 44 # œ- œ bœ œ .. 45 # œ @
n œ b œ n ..œ ..œ œ. œ. b œ œ # œ n œ b œ.
F p F f π p f p π
7
D B retro E 3
Fl.
œ œ. œ. 3 @ @ @ @ @ @ @ n œ.. 4
‰
5
& œ.. œ b œ œ ... n œ b œ . œ #œ. R œ œ 4 #œ œ œ œ œ œ œ œ nœ œ œ bœ œ nœ 4
..
p f p F p F p π p
π
G
3
q = 63
. b œ. ,
r œ. œ.
Fl.
7 œœ œb œ œ r œ ... œ 3 .. 6
œ #œ œ œ œ b œ. œ œ œ
6 5 5
&4 œ b œ. @œ . œ 4
œ b œ. b œ œ n œ n œ . œœ 4 œ œ
5
# œ.
6
F @@@@@ p p
193
f p P
f p
2 V.
H
194
q = 60 q = 66
.. .. .. ..
Fl.
n œ n œ ... œ-
6 # œ# œ .
bœ ≈ nœ ≈#œ œ ‰ Œ ‰ j 8
#œ 7 œ # œ ..œ ..œ n œ b œ @ b œ@ @.
3
& 4 #œ. 4 bœ œ 4
3
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@ @@ f π
p p
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I J
q = 69 ..œ q = 52 ..œ
- œ. ...œ ..œ ...œ
Fl.
# œ . œ n œ œ œ . œ œ #œ J bœ R #œ. œ œ- œ. # œ #œ.
1/4
œ ‰
6 5
& 48 œ . œ# œ @ J 45 Œ œœ 46
descer um pouco a
poco rit. .....
F f π π
afinação
p p 6 p
p
accel.
K
L
q = ..66 q = 63 q = 80
#œ œ- n œ b œ œ b œ œ b œ œ b œ œ b œ œ b œ œ b œ ...œ œ. œ̆ œ̆ œ̆
Fl.
œ̆ - œ̆ œ̆ œ- œ̆
‰ œ - -
œ
6 6
& 46 bœ ..œ n œ @@@@ @ @ 45 # œ- œ- nœ b...œ ‰ 46
@ œ- ...œ
f p ƒ p F
accel.
M
q = 60 q = 80 q = 66
œ̆ b ˘œ œ̆ - œ̆ œ œ œ. # œ. œ.
Fl.
6 - œ bœ bœ nœ bœ nœ
7 # œ. # œ
# œ. ... œ n œ U 5
bœ ≈ #œ œ... n œ œ . œ@ 4
6
& 4 œ œ- b œ- œ #...œ Œ . 4 #œ. œ@ œ@. œ
@ @ @ @ @ @ ... @
subito p p
p subito f ƒ p F π
f
rit. rit.
N rit.
q = 60 q = 40 q = 52 q = 44 q = 40
j . . n œ..
œ
..œ ...œ b œ œ b œ œ b œ. œ b œ œ b œ œ..
œ œ , U
Fl.
œ. œ œ. œ œ œ. œ J @ @ @ @ bœ œ œ œ bœ
3
& 45 œ. @ @ @ . œ. # œ@ 48 œ@ œ@ bœ. bœ
œ π 5 subito p
œ
p @ @@ @ ffsub 5 π π
f p
p ƒ
Duo - Piano e Vibrafone VI. não é um número. Mas então:
Julio Herrlein
Junho 2013
Vibraphone
4 ∑ bœ œ bœ. bœ.
&4 œ. œ œ bœ. bœ œ bœ œ œ. bœ œ œ
somente mão esquerda
P
somente mão direita
4 ? bœ œ œ œ œ bœ. bœ
b .
&4 œ bœ œ œ bœ œ nœ #œ œ nœ #œ nœ nœ œ bœ œ nœ œ bœ œ bœ nœ bœ bœ ‰. œ.
œ œ #œ nœ œ
Piano p legato e robótico
? 44 ∑ ∑ ∑
duas mãos
baquetas macias
4
Pno.
? ∑ ∑ ∑
195
chamava "Quebrou minha rotina"
©
2 VI. não é um número. Mas então?
196
Vib. & # œ œ #œ œ nœ #œ nœ œ nœ œ bœ œ nœ œ bœ œ œ bœ nœ bœ bœ ≈ œ nœ bœ œ œ bœ œ œ #œ nœ #œ œ nœ #œ œ œ nœ œ bœ œ nœ œ bœ œ nœ bœ
7
bœ nœ bœ œ œ bœ œ œ #œ nœ #œ œ nœ #œ œ œ nœ œ bœ œ nœ œ bœ œ œ bœ nœ bœ bœ
& ≈ œ ≈ œ bœ œ œ bœ œ nœ #œ œ nœ #œ nœ
œ œ #œ nœ
Pno.
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B baqueta dura
somente mão direita
Vib.
œ bœ bœ ≈ . # œ # œ.
& ∑ ‰.œ Œ Œ ‰. œ . ‰ # œ. ∑ ≈ ‰ ‰
10
f sempre
& nœ œ bœ ≈ Œ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
Pno.
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somente mão esquerda √.
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p *p f F
ƒ
P
VI. não é um número. Mas então? 3
16
Vib.
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16
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P
20
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Vib.
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J
20
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. & ‰. œ & . ‰ #œ œ. œ. œ #œ ‰.
œ œ. œ. œ œ œ œ
œ œ # œ- œ-
p√ ƒ ƒ √ √
p f p
197
4 VI. não é um número. Mas então?
C
Vib.
# œ. n œ.
&‰ Œ ‰ Œ ∑ ∑
198
25 √
œ bœ œ œ bœ œ b œ œ b œ œ œ b œ œ n œ # œ œ n œ# œ n œ œ
&‰ œ œ œ #œ nœ #œ œ nœ #œ œ œ œ bœ œ nœœ bœ œ œ bœ nœ bœ œ œ #œ nœ
robótico
Pno. √ √œ
F # œ. . œ
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&≈ # œ. ≈ ‰ . &
œ. œ ˙. œ- # œ œ
√ *p - - f p
ƒ
baqueta dura (m.d.)
ƒ sempre ff na voz superior (acentos)
28
baqueta macia (m.e.) ostinato Œ Œ ‰ ‰ Œ
Vib.
≈#œ ‰ #œ ‰ Œ
& ‰ # œ. Œ bœ œ œ bœ. bœ œ . bœ.
œ. # œ
œ. œ bœ. bœ œ œ. bœ œ œ œ b œ .. b œ . b œ
F sempre mf na voz inferior
28 √
œb œ œ n œ œb œ œ œb œ n œ b œb œœn œ b œ œ œb œ œ œ # œ n œ # œ œ n œ# œ n œ œ œ œ b œ œ n œ œ b œ œ œ b œ n œ b œ b œ œn œ b œ œ n œ œ œ œ√# œ œ # œ œ n œ # œn œ œ œ œ b œ œ n œ œ b œ
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VI. não é um número. Mas então? 5
32
‰
Vib.
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œ. bœ œ bœ. œ. œ bœ. bœ.
32(√)œ
& œ b œ n œ b œ b œ œn œ b œ œ œ œ œ œ # œn œ # œ œ n œ # œ œ œ œ œ b œ œ n œ œ b œ œ n œ b œ œ b œ œ œ b œ œ œ b œ œ œ # œn œ # œ œ n œ # œ
Pno. √œ √œ
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35
‰. ≈ ‰ Œ ‰ .
Vib. & œ
œ. Œ b œ . œ œ.
bœ. bœ œ
bœ œ œ. bœ œ œ œ bœ. bœ œ bœ.
35
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& œ œ œ bœ nœ bœ œ œ œ #œ nœ #œ œ nœ #œ nœ
Pno.
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? ≈ ‰. ‰. ‰ ? # œ. ≈ ‰. œ. ‰ .
& ≈ œ &
œ œ. œ œ # œ-
p √ ƒ p
199
6 VI. não é um número. Mas então?
200
permanecer imóvel
ƒ
37
como um robô
≈ #œ ‰ Œ Œ Œ
Vib. bœ œ ≈ œ #œ
& œ œ œ bœ. # œ.
#œ #œ ‰
. f
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ƒ
permanecer imóvel
p
37
como um robô
√
bœ œ nœ œ bœ œ bœ nœ bœ bœ nœ bœ œ nœ œ œ nœ
& œ œ b œ œ # œ n œ # œ n ˘œ ‰ Œ ≈
Pno. √œ F ƒ p
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?≈ ≈ #œ œ ‰
œ. œ œ
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ƒ
39
permanecer imóvel
#œ. #œ como um robô #Uœ
Vib. & ≈ Œ Œ .
f
P√
39
√# œ √ √œ n œ b œ
#œ √ #œ #Uœ
& Œ Œ ≈ ‰ . Œ
permanecer imóvel
Pno. como um robô
f ƒ
P
? & Œ Œ ?≈ #œ ∑ ∑
#œ. f œ
T após vibrafone solo
(VII) Ainda é tempo? Julio HERRLEIN
Após Vib Solo 2
q = 63
j j j
B b Cl.
3 4 œ j
& œ . b œj œ œ . œ œj ˙ j j œ. nœ œ œ œ œ #œ
œ bœ
œ œ bœ ˙. œ 4 œ œ Œ 4 bœ.
p cantabile π f p π f p F p œ #œ. œ ˙ œ #œ
p p f p
120 #œ. œ w
Vib. ∑ ∑ bœ ˙ 3 #˙. 4 ∑ Œ œ œ
& Œ b œœ ..
œ ˙ 4 ˙. 4 œ œ œ. œ w
p
120 bœ.
œ ˙ ˙. #œ œ œ œ w
& ∑ ∑ Œ 43 44 ∑ Œ .
Pno.
p
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? ∑ ∑ Œ 43 44 ∑ & Œ
œ œ bœ. œ w
≈ œ œ œ 42
3
3
F
U 3 3
B b Cl.
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b œ œ nœ ˙ 4 œ œ ‰ Œ 4 œ 4 4
œ > bœ >
p p f b >œ
π
F 3 p f π F
127 ˙. ˙ ˙.
U U
Vib.
˙ #œ.
& ˙. Œ ∑ 45 Œ œ œ 44 ˙ . 43 ˙ Œ œœ .
. œ.
#œ œ œ #œ ˙ F p
127
p deixar soando
√ # œœ ˙˙
U #˙. œœ ˙˙ U bœ.
& ˙. Œ . ‰ 45 ˙. 44 œœ .. jœ. J 43 Œ œ.
œ œ bœ. œ. bœ.
Pno. p p
U F deixar soando
Œ ∑ . ? 44 ∑ ∑ ∑
& ˙. 45 # ˙˙ 43
201
VII.
U q = 72 Elástico
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#œ
Fl.
œ b˙ j >pizz. j >
n œ
œ œ
œ #œ Œ ‰ b— ‰ œ b— ‰ ‰ n œ bœ
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202
f p ƒ 6
f sp
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B b Cl. j
& 42 ∑ 46 œ œ ≈ œ
bœ œ b œj œ j #œ
3
˙ j ˙. œ œ
œ F S F
p
inflexão
microtonal 5
136
b
Fl.
œ œ bœ œ ‰ 4 . ˙ >
& bœ œ 4 ≈ œ œ œ. œ b œ . œ ˙ 43 œ œ ‰ Œ ≈ b— ‰ 46
. bœ
Diferentes
f P π F f π π
como um eco da flauta digitações
f
, 1 2 1 2 1
B b Cl. &œ œ œ ‰ bœ 44 œ ˙ œ œ ‰ ‰ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ‰ Œ 46
3 3 3 3
43 œJ œ
f p f F π f p
F
Fl.
. œ. >—
œ b >— ‰ . 44 ‰ œ œ. b >— ≈ >— ‰ ‰. œ 7 œ œ b >— ‰ ≈# œ œ
œ >— 5 . # œ œ
‰ 4 ‰
& 46 ‰ . œ œ 4
p p F F
B b Cl. ∑ ∑ ∑ ∑
44 74
& 46 45 43
141
œ ˙. ˙. œ. œ.
Vib.
œ ˙. ˙. œ. œ.
& 46 j œ . 44 ∑ 74 Œ . j ‰ œ. 45 j ‰ œ 43
#œ œ. p #œ œ. #œ œ
141
p #œ ˙ ˙ #w œ #˙ œ
œ ˙ ˙ w œ ˙ œ
& 46 Œ ‰ 44 74 45 43
Pno.
p p
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&4 œ #œ œ 4 4 œ bœ. 4 œj b œœ .. œ 4
VII.
3 3 3 3
W q = 80
3 3 3 3 3 3
j3
B b Cl.
3 œ #œ œ œ j j œ œ
& 4 œ # œ # œ œ œ œ. œ . # œ. œ œ . > œ œ œ œ œ
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F f p F p f p
145
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Vib.
3 œ œ œ ˙. œ. #œ. 5 ˙ 4
& 4 j œ. œ. J œ. œ. 4 ˙ œ œ ˙ 4
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145
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œ. œ œ œ. #œ. #œ
3 ‰ œ 5 œ ˙ 4
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Pno. F
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œ. œ. ? 5 4
& 43 b œœ .. j j 4 4
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150 œ œ. œ. .
œ œ. n œ.
Fl.
œ #œ . œ. # œ œ #œ œ #œ œ. # œ œ. œ. œ #œ œ bœ
4 #œ #œ J # œ œ. #œ œ œ.
3 3 3 3 3 3
&4
F 3 f F3 f F f
B b Cl. œ œ œ #œ œ
& 44 ≈ œ. œ œ œ. # œ œ n œ. œ œ œ œ. # œ. œ. n œ. œ œ . œ œ. œ. œ œ œ .
. œ # œ œ n œ. œ. œ.
F F F
150 œ œ
Vib.
#œ œ nœ œ #œ œ
& 44 w Œ. œ œ bœ œ œ Œ ‰ bœ
J J J
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150
f √
œ √ nœ œ œ œ #œ .
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& 44 œ. œ œ. # n
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˙ œ. œ
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4 œ bœ œ ‰ #œ ≈ œ œ
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œ. √
203
f
VII.
X
153 b œ. #œ. œ pizz.
Fl.
œ ˙ #œ œ œ. œ . œ̆ œ
Œ Œ Œ Œ Œ Œ ≈ œ œ. œ
3
& #œ 42
34 —
f
204
f ƒ F f
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B b Cl. ˙ ≈ œ ≈ 42 ≈ bœ ≈ 34 J ‰ Œ Œ ‰
& œ œ bœ œ. . œ œ œ œ bœ œ œ.
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3
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Vib.
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153
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158
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Fl.
œ œ œ œ . œ̆ . b œ
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œ œ œ
B b Cl. ˙
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158 #œ #œ œ
Vib.
œœ
œ. œ # œ #œ œ bœ
‰ Œ ‰ ‰ Œ ‰ # œœ
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œ
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F f f subito p
158
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#œ œ̆ œ œ̆ œ. b œ b œ. b œ. œ. œ #œ #œ. œ. œ. œ. œ. n œ.
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Pno. subito p
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œ. b œ œ. œ.
√ f . √
VII.
162
œ bœ œ
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Fl.
4 œ # ˘œ œ. œ . œ̆ œ # œ # œ œ œ bœ œ 5
Œ ‰. œ œ œ œ œ. œ œ œ
3
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œ
B b Cl. & 44 œ œ. œ J Œ. ‰. œ # œ œ œ œ # œ. œ. œ œ. œ œ œ œ #œ œ œ #œ œ. œ nœ 45
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162 3
Vib.
4 ∑ ‰ œ œ œ 5
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162 √
4
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165
j j œ nœ. bœ œ . . # œ. # œ. œ
Fl.
bœ œ bœ œ #˙ œ œ. œ # œ œ œ. œ
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œ
B b Cl.
5
&4 œ œ œ #œ œ. œ Œ ‰. œ 44 œ b œ œ œ # œ œ œ. œ œ œ ≈ œ. œ. œ . œ Œ œ. œ. œ. œ.
f f
165 #œ #œ œ
Vib.
5 4 œ œ #œ œ œ œ
&4 ∑ ‰ œ œ 4 w Œ ‰.
p f
165 3 .
œ. 4 # œ. œ n œ. œ. œ. œ. œ. œ œ . ?
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& 45 œ œ # œ ‰ ‰. 4 ‰ ≈ ≈ œ & ≈ œ œ # œ œ. œ. œ. # œ # œ. œ
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f p
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& ‰ œ. œ. b œ œ . # œ. œ. # œ ‰ œ. œ. œ ≈ b œ. œ & ≈ œ b œ # œ œ. œ b œ # œ œ. œ
œ œ . . . . . . .
205
œ b >œ 4 œ œ
> >
*
VII.
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168 3 3
3 3
˙ œ œ
Fl.
œ. # œ.
& @ ‰ 46 ∑ 43 ‰ œ #œ œ œ ‰ œ #œ œ œ œ ≈
a tempo
œ
3
œ. œ. #œ
subito
# œ.
f
206
p F f
j
B b Cl.
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p p subito f
.
168
œ U
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Vib.
œ œ œ œ œ
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˙ œ. œ.
a tempo
p #œ #œ #œ subito p
168
#Uœ œ p #œ #œ
#œ œ œ œ #œ œ œ
&œ ≈ #œ #œ œ. œ œ 46 œœ œœ 43 œ ‰ œ. J
a tempo
œ #œ œ nœ #œ.
Pno. f p œ. œ.
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3 œ j
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œ. b œ.
subito f
Z
172 . œ. œ. œ.
Fl.
#œ œ #œ ‰. œ Œ Œ œ Œ. # œ# œ 4 œ # œ œ œ œ œ . œ. œ
&
44 œ # œ ≈ Œ
45 b œ b œ n œ b œ œ . J 4 J 46
F π
3
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B b Cl.
bœ œ. ≈ 4 ≈ b œ. ≈ . ‰ Œ. 5 j 4 ‰ bœ œ œ. œ
& ≈ . œ b œ. ≈ œ 4 œ 4 œ œ J
‰46
3
œ
a tempo
. œ. ≈ œ. œ œ 4 œ œ bœbœ œ.
œ . b œ. f p bœ
subito p f p π
172 œ œ. œ œ œ œ
Vib.
b œ œ. # œœ #U˙
& ≈ œ œ œ b œ n œ 44 ‰ œ œ ‰ ˙ 45 œ 44 œ b œ b œœ ‰ œ Œ 46
a tempo
œ œ œ b ˙˙
‰ # œ ..
œ œ
subito p subito p F
172 3
3 3
# œ .(G#) # œ (G#) U # œœœ
œ. bœ #œ ˙
&≈ b œ. œ
œ ≈ 44 œ œ
#œ ˙ 45 ‰ . œ #œ ˙
44 ‰
œ 46
œ
a tempo
. . . bœ œ œ
Pno. subito p f F
œ. 4 œ ? 5 bœ 4 ? œ œ 6
≈ œ 4 #˙ 4 & 4 bœ & # b œœœ 4
& ≈ # œ. œ. ≈ b œ
œ œ œ œ n˙
# œ œ b œ >œ n œ ˙
subito p
. .
VII.
AA
176
Fl.
# œ. . œ
& 46 ∑ 44 . ‰. œ. # œ # œ œ œ. œ œ œ. œ œ œ #œ œ œ. n œ.
. .
F
œ
B b Cl. & 46 ∑ 4 Œ.
4 œ #œ #œ ‰. Œ
œ œ œ. . œ œ . œ. œ.
p F
176 œ w
œ œ.
Vib.
˙. #œ
œ. #œ œ
& 46 # ˙˙ b˙. Œ 44 œ #œ.
œ
não ralentar
p œ #œ œ
176
œœ p bœ ˙
œ w œ bœ .
& 46 # ww Œ 44 ‰ . ∑
Pno. F p não ralentar p
6 œœ 4 bœ bœ œ. ˙ ∑
& 4 œœ www
w 4 n œ
* œ œ
179 œ. >œ
Fl.
œ.
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B b Cl. & ≈ œ œ œ œ œ
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. #œ . œ . œ ˙ œ
p f f π
179
bœ ˙.
Vib.
œ. ˙. œ bœ œ
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bœ #œ œ
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Œ Œ Œ œ #œ bœ œ œ nœ ˙.
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Pno.
p
Œ ? ∑
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œ
207
œ œ
BB q = 80 tempo giusto VII.
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Fl.
# œ. # œ. œ. >b œ œ . nœ œ œ œ. . # œ. . . n œ. . œ̆
#œ œ œ.
œ œ ≈ œ œ #œ œ ‰ œ.
3
# œ œ œ œ œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ.
3
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3
subito
f
208
p f p p
3 3 3
œ œ œ
B b Cl. & œ œ œ ≈ # œ. œ œ œ ‰ œ #œ #œ œ. n œ. . œ œ œ œ. œ. # œ. # œ.
œ. > œ. . # œ. œ. . . œ. œ. œ.
subito
# œ.
f p f p
p
182 3
Vib.
bœ œ . œ œ œ bœ œ
& ∑ ‰ œ #œ #œ œ nœ œ œ. œ #œ #œ
3
œ œœ ‰
3
#œ œ. œ.
subito 3
3
p f p
182
p
b>œ œ œ œ œ
# œ. # œ. œ. b œ œ . . b œ.
œ œ
œ œ œ. #œ œ œ œ œ
& œ. . b n œœ. ‰ #œ œ œ nœ #œ œ œ #œ œ #œ œ œ œ
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& #œ œ œ. œ. . . & œ œ œ. œ. œ.
# œ. œ. œ. n œ. œ # œ. # œ. œ. # œ. œ. œ. n œ.
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185
œ
œ. œ œ̆ œ. # œ.
œ
Fl.
. # œ. n œ. œ. b œ. œ. œ. œ.
œ. # œ. ‰ nœ œ. # œ. œ. ‰ ‰ ‰ ‰ Œ Œ
3 3
&# œ œ.
p f ƒ subito p f ƒ
3
f f
œ œ. .œ # œ
B b Cl.
#œ ‰ ‰ ‰ ‰ Œ Œ
3
œ. œ. . ‰
œ
n œ.
œ. œ. œ. œ œ. œ œ # œ # œ. œ œ
&# œ
. # œ. . . . .
f p f f ƒ subito p f ƒ
185
3
œ Uœ
Vib.
œ b œœ œ œ #œ
˘œ
œ œ Œ ‰ œ ‰ œ ‰ œ ‰ ‰ bœ Œ œ œ œ œ
3
&b œ œ œ #œ nœ
f f œ n œ. œ.
f
p f
. ƒ subito p f deixar soando
185 œ. œ 3 3 U
bœ œ œ #œ ‰ n œ.
b œ.
‰ ‰ ‰ ‰ Œ
& œ. b œ.
œ #œ #œ œ b œ n # œœ œœ
Pno. 3
œ. œ œ
deixar soando
œœ œ œ œ. ƒ
f p f f ƒ subito p f
œ U
? œ œ . œ œ œ̆ bœ œ
& #œ œ n œ. . . ‰ œ. ‰ œ ‰ Œ œ œ
œ. # œ. . f #œ bœ œ
√
ƒ
Julio Herrlein
dur. c. 6'
out/2013
209
210
Sub Specie Aeternitatis Julio Herrlein
false fingering = FF para Jesiel Pinheiro Out / 2013
(FF - 1 2 4 5 6)
A 4´ 1 2 1 2 etc.
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ.
Alto Sax & J
f p
(FF - C1 C2 C3)
B 5´ 1 2 1 2 etc. Slap Eclat
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ œ.
A.S. & ‰ J
f p
(FF - 1 2 3 5 6 7)
q = 40
C
bœ 1 2 1 2 etc.
bœ
A.S.
œ #œ œ bœ bœ œ
& œ œ #œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
p cantabile fsub π p f p F p π
D
œ bœ œ œ 4´
A.S.
bœ œ œ œ
& œ #œ #œ bœ bœ bœ
π f p p f p
211
2 Sub Specie Aeternitatis Julio Herlein
212
h = 48
E
œ œ 3´ b œ. U U
A.S.
#Uœ œ œ bœ #Uœ #œ J œ
& bœ œ œ bœ œ bœ œ bœ
p F p p f π
F q = 56 ruído de chaves
2´
A.S.
#œ œ œ bœ œ. #œ
œ #œ œ œ œ bœ
&œ J œ bœ bœ
π p F
MF = Multifônico
MF (1 2 3 4 C5)
G 2´
accel.
A.S.
œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ̆ ‰ d œœ
& #œ
p
H q = 68 j j
transmutando 3´
para multifônico
bœ bœ #œ
A.S.
œ œ j œ œ j #œ œ
&œ bœ bœ œ nœ œ nœ bœ œ œœ
œ #œ
œ ~~~~~~~~~~~ œ
+œ
MF 1 2 3 (nota real)
œ
567
F f p
f p
Sub Specie Aeternitatis Julio Herlein 3
I
2´
j
j œ
A.S.
bœ bœ #œ #œ nœ nœ
# œ œ 2´
œ
& œ j œ j œ #œ œ Œ
bœ nœ
p p ƒ (corta subito)
F
J 3´
bœ bœ œ , œ œ. œ.
A.S.
b œ. œ œ #œ œ œ œ #œ J œ. # œ.
& b œ.
subito
f f p π
p
œ œ. œ. bœ œ
A.S.
#œ œ. œ. Œ œ #œ œ œ # œ # œ bUœ
& œ bœ R œ. bœ œ nœ
p f
(FF - C1 C2 C3)
K etc. 1 2 1 2
œ b œ œ
A.S.
bœ #œ œ #œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
& #œ œ œ nœ bœ œ
F p f p
j j
#œ U œ bœ œ
j #œ U nœ œ œ œ œ œ œ œ œ
A.S.
nœ j j -
& œ #œœ œ œ œ. œ #œ
213
p F pF p F p
∏
p F
6 6 6 Sub Specie Aeternitatis 6 Sub Specie Aeternitatis Sub Spe
214
A.S. A.S. A.S. A.S.
e = 168
L
3
3
3
3
∑ ∑ ∑
3
3
3
3
& & & ∑ & ∑ ∑ ∑ ∑ ∑
#œ #œ #œ bœ œ bœ œ bœ œ œ #œ œ #œ œ #œ
A.S.
œ œ œ œ œ œ œ #œ œ #œ œ #œ
œ œ œ
& ..
f π psempre
A.S. A.S.
intercalar ruídos
∑ ∑ A.S. & ∑ ∑ ∑ ∑ ∑& ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ A.S.
∑ ∑ & ∑ ∑∑ ∑ ∑ ∑∑ ∑ ∑ ∑∑ ∑ ∑
* Na&repetição,
de chaves entre as frases
molto rit
fsub p f ∏ f
M 3´ 2´ 3´
bœ bœ bœ bœ
A.S.
œ œ bœ bœ nœ
&œ œ Œ bœ bœ nœ
∏
F
2´ . œ. U
Ÿ œ œ œ
A.S.
bœ bœ œ œ œ b œ. bœ bœ bœ œ œ Œ
& œ bœ œ œ b œ. . n œ œ ( œ) bœ n œ #œ œ #œ œ
p
Sub Specie Aeternitatis Julio Herlein 5
2´ .
b œ .
A.S.
œ .
œ b œ b œ n œ. œ œ œ. b œ nœ
&œ œ ‰ bœ b œ. Œ œ bœ
œ œ œ b œ Uœ
n
p
π f π
bœ bœ ,
n œ.
A.S.
œ bUœ #œ
&‰ # œ. Nœ œ b œ. œ bœ
œ. œ #œ œ œ bœ œ nœ
F p F p
b œ. œ. n œ. bœ. œ U
A.S.
bUœ
& bœ œ œ
œ # œ- n œ- #œ
q = 60 accel. q = 80
b œ. rit.
œ
A.S.
#œ œ œ J œ œ
& œ œ œ œ œ b œ ‰ œ bœ
œ œ bœ b œ- b œ-
π f F π
N q = 50
œ. bœ œ , molto rit.
A.S.
bœ œ œ œ bœ œ œ #œ # œ
& #œ #œ œ #œ œ bœ œ œ bœ nœ œ bœ
- œ- œ-
4´
U longa U
A.S. ∑
215
&b œ bœ bœ bœ bœ bœ œ
∏ jet blow
216
Julio Herrlein
(impa)ciência
dur. c. 4'
2013
217
218
(impa)ciência
Piano Solo Julio HERRLEIN
(dur c. 4´) Porto Alegre Set / 2013
Intro U U 6"
q = 168
U* œ œ œ
œ œ œ œ # œ 4" œ. œ. .
œ b œ b œ b œ √ n œ bUœ 3"
œ œ œ œ b œ œ n œ U œ œ œ œ bœ œ œ œ œ
& ‰
œ. b œ. œ. n œ.
Piano
U 4" ? œ #œ #œ œ U U 6"
œ œ œ b œ bUœ 3" œ # œ # œ # œ œ œ #Uœ ? ‰ ?
&
œ œ œ œ œ œ œ œ #œ
&œ œ œ œ
œ. œ b œ
. . bœ nœ nœ *
una corda *√ * œ. . . .
colocar gradualmente o pedal
f p
p f p F
A q = 168 tempo giusto
bœ bœ bœ bœ bœ
& œ œ œ œ bœ œ œ #œ Nœ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ œ œ bœ nœ nœ Nœ œ bœ œ œ
Pno.
œ œ œ œ œ #œ #œ œ œ bœ nœ #œ #œ œ Nœ
? œ œ œ bœ bœ nœ œ nœ œ œ nœ #œ
#œ œ œ
bœ œ œ bœ
bœ
tre corde p f
retirar gradualmente o pedal
*
œ. œ. #œ œ œ
& #œ. œ. n œœ œ œ œ #œ nœ œ œ œ œ ‰
>
Pno.
œ #œ #œ œ œ
? ‰ ?
& bœ œ œ b œœ .. nœ. #œ
œ œ n œ. # œœ .. œ
subito
219
f >
sem pedal
p f
* Obs.: Para as fermatas, observar
a ressonância da sala de concerto.
2
220
œ b >œœ œ œ
N b œœ œ #œ # n œœ œ N n œœ .. œ .. œ.
&Œ œ. J œ b œœ ..
#œ.
œ.
Pno.
# œœ.
?
œ œ Nœ œ œ
nœ #œ #œ œ œ bœ œ
&
œ bœ bœ Nœ
&œ œ œ œ œ bœ œ œ bœ bœ œ Nœ œ
p subito P f
?
œ
>
n œœ bœ œ U U
œ b œœ
#œ œ 2´ #Uœ 4´ œ 4´
& # N œœ Œ œ
3´
Pno.
U U 3´ U 3´
& ‰ bœ nœ œ bœ #œ #œ #œ
#œ #œ œ œ bœ œ # œœ # œœ
F p
?
W W
3
B q = 168 tempo giusto
& œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ.
Pno.
# œ. # œ. # œ. # œ. # œ. # œ. # œ. # œ. # œ. # œ. # œ. # œ. # œ. œ.
b œ. œ. œ. œ̆
& œ. œ. œ. b œ. œ. œ. n œ. b œ. œ. b œ. œ. n œ. # œ.
œ œ. b œ. b œ. œ. n œ. # œ. œ. œ.
Pno.
bœ. œ. ˘
b œœ .. œœ. œ. n œœ .. # œœ. œ. œœ .. b œœ. œ # œœ
? # œœ .. J &
subito
S
p
œ œ bœ
œ # œœ bœ
U
œ 2´
œ œ œ œ œ #œ
œœ n œ
œ œ
& Œ. J J J J
Pno.
f
2´
bœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ bUœ ?
& œ
f
221
4
C
222
& n œ. b œ. œ. b œ. œ. n œ. b œ. œ. b œ. œ. n œ. b œ. œ. b œ. œ. n œ. b œ. œ. b œ. œ. n œ. b œ. œ. b œ. œ. n œ. b œ. œ. b œ. œ.
Pno.
f
? Œ. ‰ œ. ‰ œ. Œ
&
œ. ‰ # œ. ‰ # œ. ‰ # œ.
# œ. # œ. # œ.
Sem Pedal
œ. # œ. # œ. œ. œ.
œ.
f
˙ œ ˙˙ œœ ˙
˙ œ œ b ˙˙
œ
&‰ J J #˙ J
œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ
Pno.
p
œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ ‰ j j j
& ˙ œ ˙˙ œœ ˙
˙ œ b˙
œ b ˙˙
œ
p p
*
œ # œœ œ œ
œœ œ œ n n œœ # œœ œ n œœ
‰ ‰ # # œœ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ Œ ?
& ‰
Pno.
œ œ œ œ œ bœ bœ ? ‰
& bœ œ œ œ œ #œ œ #œ œ bœ œ.
#œ nœ œ œ œ
√
∏Sem Pedal f
5
q = 168 rit.
œœ
q = 144
#Uœœ 3´
œœ # œœ œœ n œœ # œœ œœ
&# œœ n œœ # œœ œœ
#œ nœ œ U 3´
Pno.
?œ œ œ #œ bœ nœ œ œ nœ œ œ bœ œ #œ œ bœ bœ
œ &
bœ œ
p emergindo pouco a pouco sobre a ressonância f
?
W
√
*
D
q = 168
a tempo
˙ œ ˙ œ ˙ œ #˙ œ
& b œ. œ. œ. b œ b œ œ. b œ. œ. œ. b œ b œ œ. œ. œ. n œ. œ. œ. œ. J J J J
. . . .
Pno.
. .
? b œ ‰ ‰ œœ. ‰ œœ. ‰ ‰ b n œœ ‰ b œœ. ‰ ‰ œ. ‰ b œœ ‰ ‰ &
bœ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ bœ œ œ œ œ ?
œ œ .
p subito
f
Sem Pedal
*
223
6 √
œ œ œ #œ #œ #œ
224
œ #œ #œ #œ bœ œ œ œ nœ œ nœ œ #œ aœ #œ bœ œ œ œ nœ œ nœ
&œ œ œ œ
Pno.
œ. bœ œ # œœ ..
bœ. b n œœ œ b b œœ .. nœ œ. ?
? œœ b œ. œ. & œ œ œ.
# œœ
#œ # œœ .. nœ
Sem Pedal
p
€ √
#œ nœ œ œ nœ œ œ œ #œ nœ œ œ #œ nœ œ œ
œ #œ #œ #œ œ #œ #œ #œ nœ œ œ œ
œ #œ #œ #œ
&
Pno.
? ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ œ ‰ ‰
#œ œ #œ œ #œ œ œ œ œ œ
œ #œ œ #œ #œ
#œ œ nœ œ œ œ
œ #œ
√
π
q = 168 accel. q = 200
œ œ œ œ #œ nœ œ œ œ œ œ #œ nœ œ #œ nœ œ
œ œ œ œ #œ #œ œ
&
Pno.
œ œ #œ œ
?‰ #œ ‰ œ œ œ ‰ œ œ #œ ‰ œ ‰
œ #œ œ œ & œ œ
œ
p
E 7
3´
q = 168 rit. q = 132 q. = 66 rubato
bœ bœ bœ œ bœ bœ œ bœ bœ œ bœ bœ œ bUœ œ Uœ œ œ Uœ 2´ œ # œ Uœ 3´
&œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ J
legato
Pno.
p
U
3´ 3´
f p subito
U œ bœ U
œ 2´ U
? J #œ J œ ‰ nœ
& Nœ ‰ œ œ ‰ œ œ ‰ œ œ ‰ œ œ ‰ œ œ ‰ œ œ ‰ œ œ ‰ œ œ ‰ œ Nœ &
p
F
q. = 104 rit. q. = 80
2´
√ . .
bœ œ bœ nœ bœ œ bœ nœ bœ œ bœ nUœ œ. œ œ -
U œ. œ # œ. # ˘œ U
&‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ Œ J Œ
Pno.
U 2´
?
U U
& œ œ ‰ œ œ œ œ ‰ œ œ œ œ ‰ œ œ œ œ ‰ œ œ Œ j Œ &
b ˙ ˙
una corda
˙ ˙ œ. œ. œ œ. œ # œ # œ
. - .
*F
P
q. = 92
q. = 66 accel.
bœ œ bœ nœ bœ œ bœ nœ bœ œ bœ nœ bœ œ bœ nœ b œ œ √œ. b œ. b œ. .
‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ Œ. n œ. b œ œ. Uœ
&‰ ‰
Pno.
pizz.
? U
&˙ œ œ ‰ œ œ ˙ œ œ ‰ œ œ œ œ ‰ œ œ œ œ ‰ œ œ ˙ œ œ ‰ œ œ ˙ œ œ ‰ œ œ Œ.
#˙ ˙ œ
. #œ #œ
# œ. œ œ. n œ
.
P F . .
225
*
8
G
q. = 112
#˙ U
226
˙ ˙ #˙ œ œ œ
√ . .
œ.
œ #œ ‰ œ œ œ œ ‰ œ œ œ ‰ œ œ #œ ‰ œ œ. # œ n œ ‰ œ. œ. # œ. #Uœ
&
Pno.
œ #œ. œ ˙ œ U U
?œ œ œ #œ œ. œ ˙ œ
#œ # œ. œ ‰ œ. # œ œ. œ
. œ. n œ. .
(√) œ bœ œ bœ nœ bœ œ bœ nUœ
#œ œ œ œ nœ U
œ
œ Œ J ‰ ‰ ‰ ‰ ‰
&
Pno.
U
?œ #œ #œ œ œ nUœ ‰ ‰ ?
œ #œ & œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
b˙
una corda
˙
̇
H
q = 168 tempo giusto
bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ
bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ ‰
&
Pno.
œ œ œ œ œ bœ
‰ ‰ ? bœ ‰ œ ‰ œ œ ‰ ‰
& œœ œ bœ œ bœ œ œ &
œ #œ œ œ. œ. b œ.
*
tre corde
F ƒ
?
œ
9
bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ
bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ bœ
&
œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
Pno.
&
F P
?
W
I √
b œ n œ b œ n œ n œ œ n œ œ œ œ b œ n œ b œ n œ nœ œ nœ œ œ œ œ #œ #œ œ #œ #œ
œ #œ #œ œ #œ #œ œ œ œ #œ aœ œ #œ #œ œ œ
&
Pno.
œ bœ nœ œ œ œ bœ
?
œ bœ nœ œ #œ œ #œ nœ
? œ œ œ bœ œ bœ nœ nœ
#œ œ bœ nœ nœ œ œ bœ œ bœ nœ œ #œ nœ bœ nœ nœ œ œ
√
P f
227
10
228
c. 4"
€
b >œ œ. b >œ œ. b >œ œ. b >œ œ. b >œ œ. bœ œ b œ >œ bœ >œ
& ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ Œ Œ Œ ‰ ‰ ‰ ‰Œ Œ. J
Pno.
? ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ ‰ Œ Œ Œ ‰ ‰ ‰ ‰Œ Œ. j
bœ œ bœ œ bœ œ bœ œ bœ œ bœ œ bœ œ bœ œ
> . > . > . > . > . > >
√
ƒ
livre
K #Uœ U
œ
&
Pno.
F π
U
œ U
œ U
œ U
œ U
œ
? U
#œ P p π ∏
deixar soando até extinguir a ressonância
P
(i)mobile
dur. c. 8'30"
2013
229
230
(I)mobile
Piano Solo
Julio HERRLEIN
(dur c. 7´20) Porto Alegre 11 / Set / 2013
1
q = 60 q. = 40 √ U
A U
bœ œ œ U
j
#œ œ. œ œ.
œ œ Œ. ‰ ≈
4
&
F 4
Piano F p
U U j U
œ œ j j œ bœ j
& œ. œ. bœ œ. œ œ œ œ œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ. œ
una corda p
#œ p
sempre
2
4
j U √j U
œ œ œ œ œ. œ. œ. œ
œ œ œ œ œ. œ œ. œ œ
J J
4 4
&
Pno.
F p4 F p
2/q. œ.
? j ?
& j j œ & j j b œj &
bœ. œ œ œ bœ. bœ. œ œ œ bœ œ.
∏ p œ.
3 U
√
4
œ œ b œj œ œ œ. œ. œ œ œ
œ œ œ
œ œ œ. ‰.
2 4 2 4 4 4
& ‰ œ
Pno. 3/q. p F F p F F
j U œ. œ.
j œ ?
j j
231
& bœ. œ bœ. bœ.
œ œ. œ. œ œ œ
p œ
P
(I)mobile - Julio Herrlein - 2013
2 4
4 4 2
U œ œ. œ. œ œ œ
232
& bœ œ. œ. œ bœ. œ œ œ
4 4
Pno.
F4 p j F
#œ
4/q. U.
b œ longa œ œ. œ
bœ œ. œ.
? Œ œ œ J œ
j J œ.
j J
œ. œ
5 q = 69 q. = 46 √ √j
4
œ. œ. œ œ bUœ
j U œ. œ œ œ
#œ œ
‰ ‰ ‰
4
& œ œ. bœ ˙.
4
F F p F p
Pno.
p p
5/q.
bœ. U
œ bœ œ.
? œ. œ œ. œ œ. #œ.
J J bœ.
j
œ
j U
œ. œ. √b œ . #œ Uœ œ œ. √b œ . œ.
#œ
j œ. œ. œ œ. œ j œ.
œ. J ≈ œ bœ Œ œ
3 4
&
3 4
J
Pno. p U
bœ. œ. bœ.
? j œ œ. œ. œ #Uœ Œ.
bœ. œ bœ. J
π ∏ π
(I)mobile - Julio Herrlein - 2013
6 3
longa
U √ U
œ bœ œ. œ. œ bœ ˙. œ. œ bœ œ
œ #œ. ˙.
≈ œ bœ Œ. œ. ‰ œ bœ
3 4
4 4 3 4
& œJ
Pno. 6/q.
U œ. œ U
œ. j j
œ. bœ. œ . longa
? œ. bœ bœ. œ bœ
bœ œ. bœ œ.
J œ. J
π
j
7
U
œ œ.
j
œ œ œ. ˙.
q = 81 q. = 54
#œ #œ. œ. œ bœ #œ œ
Œ. ‰ œ œ. œ bœ ‰. œ œ. ‰ J
4
4 4
& Œ.
Pno.
F F p f
7/q. j j
#œ. œ #œ nœ
? #œ œ. #œ. nœ. nœ. œ j #œ. œ #œ nœ. nU˙ .
œ J J œ œ œ. J
tre corde p
#œ. #œ œ œ j œ. U
#œ œ. #œ œ. J #œ. œ œ. bœ œ j #œ
‰.
4 4 4 4 4
& œ
4
Pno.
F
#œ j U
? ‰ #œ. œ #œ.
j nœ nœ œ.
œ. bœ J œ.
F
233
(I)mobile - Julio Herrlein - 2013
8
4
4
√j
œ #œ œ #œ œ #œ. #œ.
j
234
œ œ #œ U #œ œ
‰ œ Œ. œ.
2 2 4 4
&
2
p
Pno. 8/q. j
#œ. œ
? œ. #œ. #œ. nœ. œ #œ j
J œ. œ #œ
#œ p √
F
4
j √
2
œ œ œ √
œ œ œ. #œ #œ. œ #œ #œ
≈ œ. œ
4 4
& œ #œ œ
2 4 4
p
Pno. F F
j f
#œ. œ
? œ. œ #œ œ #œ nœ. #œ.
J J œ.
#œ. p œ.
F
9
4 4 2
(√) √ œ
œ. œ #œ. œ U
œ œ. ≈
4
& #œ œ. #œ. #œ. œ. œ #œ œ
4 2
4
Pno.
F
9/q. f p
?
#œ. #œ. œ #œ œ n œ #Uœ .
œ. œ.
J J œ.
molto rall. ... a tempo
œ.
(I)mobile - Julio Herrlein - 2013
œ. œ. √œ œ œ. œ œ œ √œ . œ 5
#œ. œ #œ œ œ
œ œ œ
4 2 2 4 2
&
4 4 4
Pno. 9/q.
? œ
#œ #œ #œ œ nœ. #œ.
œ. œ j œ
J J J œ. œ
œ.
10 œ œ. √ #œ œ œ œ. √œ œ
œ œ. œ. œ #œ. œ #œ. œ
#œ J
œ œ ≈ #œ J œ œ
4 4
4
&
4 4
J
Pno. 10/q.
œ. œ.
? œ. #œ. #œ #œ œ.
œ. œ. J œ.
œ.
˙. #œ œ. #œ.
œ #œ œ
‰ #œ œ ‰. #œ œ Œ. ‰. #œ
4 4 4
& J
Pno.
œ œ.
? œ. œ j œ
#œ #œ. #Uœ . œ.
J œ. œ œ &
œ. J
œ. p
F
235
(I)mobile - Julio Herrlein - 2013
6 11 #œ œ #œ œ. #œ œ.
236
œ. œ #œ œ œ. œ.
J #œ œ Œ. ‰ #œ œ.
4 4 4
& œ.
Pno. 11/q. (6 + 5)
#œ #œ.
? j #œ œ œ j
& j œ. #œ. œ J #œ œ.
œ. œ œ #œ. #œ & # œj
#œ. œ. #œ. #œ œ. nœ œ
U
œ œ
#œ œ. #œ œ. # . œ œ #œ œ #œ œ J #œ
J ‰ #œ
4 4 4 4 4
& J
Pno.
? #œ œ. œ ?
U
j #œ J J & #œ #œ. &
& œj
œ œ. œ œ #œ. #œ. œ. #œ.
#œ
#œ œ 4
#œ. #œ. œ √
#œ œ #œ œ œ. #œ œ. œ U
J J #œ œ. ‰ œ ‰.
4 4 4
& Œ. #œ.
Pno.
#œ #œ œ
œ. U
j œ. ? #œ. #œ. œ
#œ.
& œ œ. #œ. #œ.
œ #œ.
(I)mobile - Julio Herrlein - 2013
Ponte 4 4 4
√
4 4 2
#œ #œ œ. #œ #œ. œ U #œ œ
œ œ. œ. œ œ. œ œ
œ
4
#œ œ. #œ. œ #œ ‰ œ.
2 2
& œ #œ. œ œ.
4 4 4 4
œ œ œ
Pno. 4/q. p
#œ. #œ.
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(I)mobile - Julio Herrlein - 2013
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243
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Fluxo II
Quarteto de Saxofones (S A T B)
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Julio Herrlein
Porto Alegre
Julho ‐ 2012
245
246
Fluxo II Julio HERRLEIN
SCORE IN C
Porto Alegre
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Soprano Sax.
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