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hiato italiano
https://calciopedia.com.br/2016/04/hagi-entre-real-madrid-e-barcelona-um-hiato-
italiano.html
Por Nelson Oliveira
Qualquer pessoa que acompanhou de perto futebol do fim dos aos 1980 até o
início dos 2000 tem em Gheorghe Hagi um de seus jogadores preferidos. O meia
romeno participou de três Copas do Mundo neste período, e foi exatamente nos
Mundiais que ganhou fama: o camisa 10 canhoto, apelidado de Maradona dos
Cárpatos, levou a Romênia às oitavas de final em 1990 e 1998 e se destacou ainda
mais em 1994, quando os Tricolorii eliminaram a Argentina e caíram nas quartas.
Hagi ainda passou por Real Madrid e Barcelona, mas não trocou um clube pelo
outro diretamente. Entre as passagens pelos dois maiores clubes espanhois e,
justamente no auge da Romênia, Gica jogou pelo Brescia.
A partir de 1983, com 18 anos, ele passou a ser convocado para a seleção romena,
e em 1984 participou da Eurocopa. Três temporadas depois, já estava no Steaua
Bucareste, maior time do país, e era uma das principais joias do futebol dos Bálcãs
– não à toa, Gica Hagi passou a ser chamado de Regele, que significa “Rei”, em
romeno. O Maradona dos Cárpatos assinou com o poderoso Steaua, recém-
campeão europeu, para jogar apenas a Supercopa Europeia, em fevereiro de 1987,
diante do Dynamo Kyiv, mas fez o gol da vitória e foi um dos melhores em campo.
Acabou permanecendo na equipe azul e vermelha, com a qual conquistou cinco
títulos de âmbito nacional e foi vice-campeão europeu, em 1989 – também chegou
às semifinais, no ano anterior.
As atuações fenomenais em seu país (foram 76 gols em 97 jogos na liga romena) e
na Europa chamaram a atenção de equipes estrangeiras, como o Bayern Munique
e o Milan de Arrigo Sacchi. Mas a Juventus foi a que chegou mais perto dele: Gianni
Agnelli queria o Regele para substituir Michel Platini e negociou pessoalmente com
o ditador Nicolae Ceausescu. Chegou até a prometer a instalação de uma fábrica
da Fiat no país, mas o presidente romeno rejeitou qualquer proposta. Só após a
execução do ditador e a queda do regime, Hagi deixou a Romênia: em 1990, após a
campanha dos Tricolorii na Copa do Mundo, fechou com o Real Madrid.
A passagem pelos merengues durou dois anos, mas não foi muito boa. Titular, ele
jogou 84 partidas e fez 20 gols, mas não chegou a convencer nem mesmo quando
anotou 12 tentos na campanha do vice-campeonato espanhol dos madridistas – o
Barcelona acabou campeão. Em 1992, quando já tinha 27 anos, Gheorghe Hagi
chegou à Itália: o empresário Gino Corioni havia acabado se tornar presidente do
Brescia e decidiu investir em uma contratação de peso, levando o Regele à Serie A,
surpreendendo até mesmo o agente do jogador, Ioan Becali.
O Campeonato Italiano, o melhor do mundo, teria a oportunidade de ver desfilar
em seus gramados um dos grandes jogadores do globo, mesmo em um time
pequeno. Gica Hagi tinha grande visão de jogo e habilidade com a perna esquerda,
com a qual fazia a bola rodar com facilidade, em passes curtos ou lançamentos. O
Regele ainda era um exímio finalizador, especialmente da entrada da área – foi
assim que marcou lindos gols na carreira contra Osasuna e Colômbia.
Não que fosse uma tarefa fácil – aliás, muito pelo contrário. A segunda divisão
italiana era muito forte na época e tinha jogadores como Gabriel Batistuta, Stefan
Effenberg, Francesco Baiano (os três da Fiorentina), Igor Protti (Bari), Oliver
Bierhoff (Ascoli), Giuseppe Galderisi (Padova), Enrico Chiesa (Modena), Andrea
Carnevale, Stefano Borgonovo, Ubaldo Righetti (trio do Pescara), Dario Hübner
(Cesena), Filippo Inzaghi, Gianluca Pessotto e Damiano Tommasi (do Verona).
Naquela temporada, pouco antes de embarcar para os Estados Unidos e se
consagrar mundialmente, Hagi também conquistou um título com o Brescia.
A Copa Anglo-Italiana, disputada entre times das segundas divisões de Inglaterra e
Itália, foi conquistada pelos rondinelle, que passaram invictos pela fase de grupos e
penaram nas semifinais, diante do Pescara. Na final, disputada dia 20 de março, em
Wembley (um dos templos do futebol), o Brescia venceu o Notts County por 1 a 0 e
levantou o único troféu internacional de sua história.
Na Copa de 1994, o Maradona dos Cárpatos brilhou demais. Após a campanha da
Romênia, que eliminou a Colômbia – considerada favorita ao título – e Argentina,
mas caiu nos pênaltis para a Suécia, o Brescia não conseguiu segurar o craque
romeno. Hagi acabou retornando para a Espanha e fechou com o Barcelona, à
época treinado por Johan Cruyff. O Dream Team do holandês ainda tinha Romário
e Hristo Stoichkov, mas nos dois anos em que ficou na Catalunha, Hagi
decepcionou: foi reserva e jogou apenas 51 vezes, vencendo somente uma
Supercopa da Espanha, logo quando chegou.
Foi longe dos grandes centros que Hagi voltou a brilhar, repetindo a história
construída com o tradicional, mas pequeno Brescia. O craque da Romênia assinou
com o Galatasaray em 1996 e permaneceu em Istambul por cinco anos, recebendo
o apelido de Comandante e ganhando uma penca de títulos por lá. Além de quatro
campeonatos turcos, e duas copas e supercopas locais, o Maradona dos Cárpatos
ajudou o gigante turco a aparecer em nível continental. Com Hagi e Taffarel em
campo, o Galatasaray conquistou uma Copa Uefa e uma Supercopa Europeia, em
2000 – ao mesmo tempo, o Brescia tinha Roberto Baggio na equipe.
Até se aposentar, em 2001, o playmaker fez 271 jogos e 163 gols pelos Aslanlar e
até hoje, é um dos maiores jogadores da história do time – é alvo de uma idolatria
similar à de Alex, do rival Fenerbahçe, só para ficarmos na realidade turca. Com a
seleção, Gica Hagi é o segundo jogador com mais jogos (125) e o artilheiro (35 gols),
além de ter feito parte do elenco em três das quatro Euros em que a Romênia
jogou (1984 1996 e 2000), e também em três das sete Copas (1990, 1994 e 1998).
Desde que o Rei se aposentou, os Tricolorii nunca mais se classificaram para um
Mundial. Pudera, Hagi é o maior craque que já passou pela seleção dos Cárpatos e
não foi eleito o jogador romeno do ano por sete vezes à toa.
Gheorghe Hagi
Nascimento: 5 de fevereiro de 1965, em Săcele, Romênia
Posição: meio-campista
Clubes em que atuou: Farul Constanța (1982-83), Sportul Studențesc (1983-87),
Steaua Bucareste (1987-90), Real Madrid (1990-92), Brescia (1992-94), Barcelona
(1994-96) e Galatasaray (1996-2001)
Títulos conquistados: Campeonato Romeno (1987, 1988 e 1989), Copa da Romênia
(1987 e 1989), Supercopa Europeia (1986 e 2000), Supercopa da Espanha (1990 e
1994), Copa Anglo-Italiana (1994), Campeonato Turco (1997, 1998, 1999 e 2000),
Copa da Turquia (1999 e 2000), Supercopa da Turquia (1996 e 1997) e Copa Uefa
(2000)
Carreira como treinador: Romênia (2001), Bursaspor (2003-04), Galatasaray (2004-
05 e 2010-11), Poli Timișoara (2005-06), Steaua Bucareste (2007) e Viitorul
Constanța (2014-hoje)
Títulos como treinador: Copa da Turquia (2005)
Seleção romena: 125 jogos e 35 gols