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São Paulo
2017
CENTRO PAULA SOUZA
FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ITAQUERA
PROFESSOR MIGUEL REALE
São Paulo
2017
“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade”
Albert Einstein
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me permitir trilhar mais esta etapa da minha vida e estar
presente nela todos os dias;
À minha mãe Maria de Fátima Rego Sousa, minha irmã Bruna Sousa Diniz e minha
namorada Amanda Cristofero pela paciência, auxilio e amor;
Aos meus orientadores Dr. Paulo Henrique Ogata e Ms. Vitor Scarabeli Barbosa;
Ao Professor Dr. Sérgio Duarte Brandi pela autorização do uso dos equipamentos do
Laboratório de Soldagem e Junção;
Aos Professores Ms. Rodrigo Aragão e Douglas Morais pelo auxílio no início do
projeto.
Aos meus amigos Arthur Santana e Zorailde Morais pelo auxílio no trabalho e
companheirismo.
RESUMO
Este trabalho visa avaliar a influência dos diferentes ciclos térmicos oriundos dos
processos por Eletrodo Revestido (SMAW) e Arame Tubular (FCAW) nas
características microestruturais das juntas soldadas e, dessa forma, correlacionar a
microestrutura com as principais propriedades mecânicas da junta soldada. A
análise comparativa envolve a utilização de consumíveis equivalentes entre todos os
processos de soldagem. O metal base (MB) utilizado na formação das juntas
consiste em um aço ARBL (Alta Resistência e Baixa Liga) classe ASTM A572 Grau
50. A escolha desses processos de soldagem se deve ao fato de serem amplamente
utilizados nos processos de fabricação e instalação de equipamentos bem como em
procedimentos de reparo e manutenção de componentes e estruturas (e.g., pontes,
dutos para a prospecção e transporte de óleo e gás, mecânica offshore, etc).
Contudo, todas as estruturas supracitadas exigem juntas soldadas de grande
responsabilidade estrutural, particularmente na Zona Afetada pelo Calor (ZAC), por
se tratar da região mais crítica. Inserido neste contexto, o trabalho visa caracterizar a
microestrutura da Zona Fundida (ZF) e da ZAC de cada junta soldada, bem como
mapear os dados de microdureza Vickers e também verificar alguns requisitos
normativos de tenacidade ao impacto Charpy e resistência a tração. As juntas
analisadas apresentaram Zonas Afetadas pelo Calor com diversas extensões e
granulometrias, bem como diferentes morfologias de fases ferríticas na ZF. Os testes
de impacto Charpy também evidenciaram comportamentos distintos, sendo que a
junta soldada SMAW na temperatura de 0° C absorveu praticamente o dobro da
energia em relação ao corpo de prova do processo FCAW. Entretanto, ambas as
juntas soldadas apresentaram resultados similares em relação aos limites de
escoamento e de resistência à tração.
AF - Ferrita Acicular
BF - Ferrita Bainítica
CP - Corpo de Prova
E - Energia de Soldagem
F - Ferrita
JS - Junta Soldada
M - Martensita
M-A - Martensita-Austenita
MB - Metal Base
MO - Microscopia Óptica
QF Ferrita Quase-Poligonal
UB - Bainita Superior
US - Patamar Superior
LB - Bainita Inferior
LS - Patamar Inferior
PF - Ferrita Poligonal
ZF - Zona Fundida
WF - Ferrita de Widmanstätten
LISTA DE SÍMBOLOS
Al - Alumínio
Ar - Argônio
B - Boro
C - Carbono
CA - Corrente alternada
CE - Carbono equivalente
CO - Monóxido de carbono
Co - Cobalto
Cr - Cromo
Cu - Cobre
E - Módulo de elasticidade
Fe3C - Cementita
H - Hidrogênio
H2O - Água
I - Corrente
Mn - Manganês
Mo - Molibdênio
N - Nitrogênio
Nb - Nióbio
Ni - Níquel
P - Fósforo
Ƥ - Perlita
P’ - Perlita degenerada
S - Enxofre
s - Segundos
Si - Silício
Sn - Estanho
Ti - Titânio
U - Tensão
V - Vanádio
v - Velocidade de Soldagem
W - Tungstênio
Zr- Zircônio
α - Ferrita
αB - Ferrita bainítica
α'M - Martensita
γ - Austenita
γr - Austenita retida
°C - Graus Celsius
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
5. CONCLUSÕES ................................................................................................... 74
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 75
1. INTRODUÇÃO
1.1. Objetivos
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
possui características intermediária, portanto mais dura e resistente que a ferrita,
porém mais branda e maleável que a cementita.
Os aços de alta resistência e baixa liga, tem como sua principal diferença a
quantidade de elementos químicos em sua liga, tais como: silício, cromo, fosforo,
molibdênio, vanádio, titânio, nióbio, alumínio, etc. De acordo com Brockenbrough e
Merritt (2005), os aços estruturais são classificados em diferentes categorias que
são baseadas na composição química, resistência mecânica, processo de
fabricação e tratamento térmico.
De acordo com Gao (2010) os aços ferríticos são fundamentais para a
construção de vasos de pressão, tubulações e outros componentes que têm um
papel crucial nas usinas nucleares comerciais atuais e nas do futuro também. Os
principais elementos de liga são:
Carbono (C): é o elemento que possui o alto custo benefício devido até certo
ponto melhorar as propriedades mecânicas com um baixo custo.
Enxofre (S): possui a capacidade de se ligar facilmente com o Mn formando
partículas de segunda fase do tipo MnS, está partícula fragiliza o aço.
Fósforo (P): tem a capacidade de endurecer a ferrita por meio de precipitação,
além disso aumenta a resistência a corrosão, entretanto, diminui a ductibilidade.
Manganês (Mn): é um dos principais elementos endurecedores de ferrita,
principalmente quando presente acima de 1%, é responsável pela alta resistência e
tenacidade no aço
Nióbio (Nb): é o melhor elemento para o mecanismo de refino de grão,
gerando melhor tenacidade, resistência à tração e dureza para o aço.
Silício (Si): tem a função desoxidante e eleva a tensão de escoamento.
Titânio (Ti): auxilia o refino de grão, consequentemente auxiliando na melhora
das propriedades mecânicas.
Vanádio (V): este elemento contribui para o endurecimento dos aços ARBL a
partir da precipitação de finas partículas.
Com a adição dos elementos de liga juntamente com processamento
termomecânico de acordo com Luz (2004) é possível obter o refino de grão e
5
endurecimento por precipitação. Um processamento termomecânico muito utilizado
é a laminação controlada a quente que consiste em desenvolver uma estrutura
austenítica altamente deformada que se transforma em uma estrutura ferrítica
equiaxial de grãos finos durante o resfriamento. Para auxiliar os processos
termomecânicos é importante que se tenha pleno conhecimento do fenômeno da
precipitação para alcançar os requisitos de propriedades mecânicas desejadas ao
material.
Os elementos Nb, V e Ti (SKOBIR, 2011; KOU, 2003) são formadores de
carbonetos e nitretos. As partículas finas de carboneto ou nitreto destes metais
quando precipitados no contorno de grão tendem a dificultar o movimento dos
contornos de grãos, impedindo crescimento do grão. A redução do tamanho de grão
nos aços ARBL e sua complexa microeestrutura, melhora as propriedades
mecânicas, como pode ser visto na Figura 3. Isso é interessante porque
normalmente a dureza dos aços aumenta à medida que sua resistência mecânica
aumenta. Entre os carbonetos e nitretos de Nb, V e Ti, o nitreto de titânio (TiN) é
mais estável; isto é, tem a menor tendência a decompor e dissolver a altas
temperaturas. Isso torna mais eficaz a limitação da extensão do crescimento de
grãos na soldagem.
Marques e Modenesi (2014) afirmam que um aço estrutural moderno com teor
de carbono <0,16% e microligado deve utilizar a formula de carbono equivalente do
7
International Institute of Welding (IIW) ou como também pode ser chamada CEIIW
(Equação 1), este método não prevê a formação de trincas induzidas por hidrogênio,
devido superestimar a necessidade de pré-aquecimento para aços microligados.
𝑀𝑛 𝐶𝑟+𝑀𝑜+𝑉 𝐶𝑢+𝑁𝑖
𝐶𝐸𝐼𝐼𝑊 = 𝐶 + + + (1)
6 5 15
𝑆𝑖 𝑀𝑛 𝐶𝑢 𝑁𝑖 𝐶𝑟+𝑀𝑜+𝑁𝑏+𝑉
CEYur = C + A(C) × (24 + + 15 + 20 + + 5𝐵) (2)
6 5
𝑆𝑖 𝑀𝑛+𝐶𝑢+𝐶𝑟 𝑁𝑖 𝑀𝑜 𝑉
𝐶𝐸𝑃𝑐𝑚 = 𝐶 + 30 + + 60 + + 10 + 5𝐵 (4)
20 15
Zona I: Um aço com baixo teor de carbono e com baixo CEIIW e isso garante a
maior segurança em relação a susceptibilidade a trinca sob todas as condições de
soldagem.
8
Zona II: Os aços que se enquadram em um nível de carbono moderado, mas
baixo CEIIW apresentam menor susceptibilidade a trinca.
Zona III: Os aços com alto teor de carbono e alta liga (CE elevado) são
categorizados como altamente suscetíveis a trincas.
𝑀𝑛 𝑆𝑖 𝑁𝑖 𝐶𝑟 𝑀𝑜
𝐶𝐸𝐿𝑒𝑠 = 𝐶 + + 24 + 40 + + (5)
6 5 4
Símbolo Nomenclatura
α ou F Ferrita primária
FP Ferrita de contorno de grão
αp ou PF Ferrita poligonal intergranular
αq ou QF Ferrita quase-poligonal
αfc ou FC Ferrita com carboneto agregado
αc ou AC Ferrita acicular alinhada
αB ou GF ou GB Ferrita bainítica granular = Ferrita granular
α0B ou BF Ferrita bainítica
αw ou WF Ferrita de Widmanstätten
AF Ferrita acicular
γr Austenita retida
MA Constituinte martensita-austenita
αM ou M Martensita
Bu ou UB Bainita superior
BL ou LB Bainita inferior
P Perlita
P’ Perlita degenerada
Fonte: Adaptado de Silva (2009); Shin et al. (2006) e The Welding Institute Abington Hall (1985).
11
cordão de solda. As microestruturas encontradas por Shin et al. (2006) podem ser
vistas na Figura 7 e correlacionadas com as denominações presentes na Tabela 1.
12
Além das nomenclaturas apresentadas na Tabela 1 também é possível
identificar as morfologias ferríticas do metal de solda com as nomenclaturas
apresentadas pelo IIW (1986). O sistema foi elaborado a partir da análise de fase e
de constituinte por meio da microscopia óptica com ampliação de 500 vezes. Abaixo
uma breve explicação sobre cada morfologia de grão que pode ser encontrada na
zona fundida segundo o IIW (1986):
• Ferrita com Segunda Fase (FS): A sua ocorrência pode ser dada sob duas
formas distintas:
Ferrita com Segunda Fase não Alinhada - FS(NA): É formada por ferrita
que circunda completamente microconstituintes (carbonetos ou o constituinte
MA - (MartensitaAustenita) ou ripas isoladas de ferrita acicular. Essa ferrita,
ao contrário da FS(A), não se apresenta alinhada paralelamente.
14
Figura 8 - Microestrutura da zona fundida e seus respectivos microconstituintes.
345 450 18
Fonte: Adaptado de ASTM A572/A572M - 15 (2015).
15
Tabela 3 - Composição química do aço ASTM A572 Grau 50.
Como pode ser observado na Figura 9 o aço ASTM A 572 Grau 50 possui
uma estrutura constituída por ferrita (fase clara) e perlita (constituinte escuro). Esta
microestrutura tem uma forma bandeada devido ao processo de laminação. Outra
característica muito importante deste aço é o tamanho de grão o qual influencia
diretamente nas propriedades mecânicas.
Figura 9 - Microestrutura aço ASTM A572 Grau 50 atacado com nital 2%.
16
diversas constatações dentre elas o aumento do tamanho de grão na ZF (Zona
Fundida), como pode ser visto nas Figura 10, e esse aumento do aporte de energia
acarretou em uma queda nas propriedades mecânicas da junta.
Outra constatação feita por Jorge et al. (2015) foi a que o aumento do aporte
de energia fez com que se formem diferentes morfologias ferríticas, como pode ser
visto na Figura 11.
17
Devido as diferentes regiões presentes dentro da ZAC Jorge et al. (2015)
realizou a divisão em: RGG (Região de grãos grosseiros); RGF (região de grãos
finos); RIC (região intercrítica); RSC (região subcrítica), como pode ser visto na
Figura 12.
18
2.2. Processos de soldagem
𝑈×𝐼
𝐸 = η×( ) (7)
𝑣
Onde:
J
E: Energia de soldagem (mm)
U: Tensão (V)
I: Corrente (A)
19
Figura 13 - Tamanho de grão em relação a distância do centro do cordão.
20
Figura 14 - Efeito do porte de energia na junta soldada.
21
O processo por ser usualmente executado de maneira manual e sua
interligação é a mais simples, portanto necessita de poucos equipamentos (e.g.
fonte, porta eletrodo e cabos), como pode ser visto na Figura 15.
23
Básico: são constituídos principalmente por carbonatos (de cálcio e de outros
elementos) e de fluorita, devido a decomposição desses elementos é gerado o CO 2
que protege a poça de fusão. Modenesi e Marques (2015) afirmam que a escória
exerce uma ação metalúrgica benéfica sobre a solda, dessulfurando-a e reduzindo o
risco de formação de trincas de solidificação, devido não possuir substâncias
orgânicas em sua formulação e se manuseado corretamente, produz soldas com
baixo teor de hidrogênio, minimizando os riscos de fragilização e trincamento por
este elemento, isso ocorre, pois, o eletrodo é altamente hidroscópico, requerendo
cuidados especiais na sua armazenagem. Devido possuir uma média penetração o
cordão apresenta boas propriedades mecânicas e com isso é indicado para
aplicações de grande responsabilidade.
24
Figura 17 - Esquema básico da interligação do equipamento FCAW.
26
quantidade de energia absorvida durante a fratura de um corpo de prova. Muitas
vezes aplicado em: estruturas soldadas, tubulações, vasos de pressão, setor naval,
etc.
27
Figura 21 - Esquematização do momento do impacto.
Entalhe
Dimensão A (mm)
Dimensão B (mm)
𝑇−𝐷
𝑌 = 𝐴 + 𝐵 × tanh ( ) (8)
𝐶
T - é a temperatura do teste.
32
3. MATERIAIS E MÉTODOS
33
Figura 28 - Ângulo de inclinação inicial de cada peça.
• Eletrodo revestido - a soldagem foi feita com a Fonte Lincoln S350 Power
Wave (Figura 29) e o eletrodo utilizado foi o AWS E7018 com diâmetro de 4
mm. Inicialmente, os eletrodos revestidos foram secados em estufa a 320 °C
por um período de 2 horas. O sentido adotado na soldagem foi puxando. No
total foram realizados 24 cordões, sendo que para cada cordão foram
utilizados 2 eletrodos.
• Arame tubular - a soldagem foi realizada com a Fonte Lincoln S350 Power
Wave (Figura 29) e o arame utilizado foi o AWS E71T-1M com diâmetro de
1,2 mm. O gás de proteção utilizado no processo foi a mistura
75%Ar/25%CO2. O sentido adotado na soldagem foi puxando. No total foram
realizados 16 cordões.
34
Figura 29 - Fonte Lincoln S350 Power Wave.
Aporte de
Corrente Tensão Velocidade Eficiência
Processos energia
(A) (V) (mm/s) (%)
(J/mm)
SMAW 181 23 3,61 80 922,55
FCAW (raiz) 186 23 3,61 80 948,03
FCAW
210 23,5 3,61 80 1093,63
(enchimento)
35
3.2. Ensaios metalográficos e químico
A B
36
Figura 31 - Embutidora e Politriz.
A B
37
realizada com o intuito de avaliar a extensão da zona afetada pelo calor bem como a
morfologia dos grãos presentes na zona fundida do metal de solda. Já a
caracterização microestrutural deu-se a partir do ataque químico com Nital 2%
durante 10 segundos. A análise microestrutural teve como objetivo identificar as
diferentes morfologias ferríticas presentes na zona fundida do metal de solda. As
análises microestruturais foram realizadas no Laboratório de Caracterização
Microestrutural "Hubertus Colpaert" do Departamento de Engenharia Metalúrgica e
de Materiais da Escola Politécnica. Já as análises macroscópicas foram realizadas
no laboratório de de soldagem e Junção.
A B
39
Figura 34 - Pêndulo para ensaio de tenacidade ao impacto.
40
3.3.2. Ensaio de tração
Dimensões
G - Comprimento 35 mm ± 0,127 mm
D - Diâmetro 9 mm ± 0,18 mm
R - Raio de filete mínimo 6 mm
A - Comprimento de redução de secção mínimo 44 mm
Fonte: Adaptado de AWS B4.0. (2007).
Dimensões
G - Comprimento 62,5 mm ± 0,1 mm
D - Diâmetro 12,5 mm ± 0,2 mm
R - Raio de filete mínimo 2 mm
A - Comprimento de redução de secção mínimo 75 mm
Fonte: Adaptado da ASTM E8M (2015).
42
3.3.3. Ensaio de microdureza Vickers
Figura 38 - Microdurômetro.
43
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Análise (%)
Elementos Químicos
Metal base SMAW FCAW
C 0,1330 0,0550 0,0330
Mn 1,3400 1,5600 1,5520
Si 0,1390 0,5570 0,6040
P 0,0150 0,0200 0,0100
S 0,0050 0,0110 0,0100
Cr 0,0200 0,0700 0,0300
Ni 0,0080 0,0200 0,0160
Mo 0,0050 0,0200 0,0020
Al 0,0300 0,0020 0,0060
Cu 0,0100 0,0290 0,0380
Ti 0,0150 0,0090 0,0620
44
V 0,0330 0,0080 0,0150
Nb 0,0292 0,0043 0,0155
B 0,0004 0,0002 0,0036
Ca 0,0001 0,0000 0,0001
Co 0,0040 0,0030 0,0050
Pb 0,0010 0,0004 0,0005
Sb 0,0037 0,0034 0,0056
Sn 0,0004 0,0055 0,0037
Ta 0,0108 0,0058 0,0096
W 0,0013 0,0013 0,0013
Zn 0,0017 0,0009 0,0025
Zr 0,0013 0,0001 0,0019
Fe 98,1900 97,6100 97,5700
CEYUR 0,3361 0,2194 0,1966
CEPcm 0,2108 0,1597 0,1535
CEIIW 0,3691 0,3379 0,3047
CELes 0,3676 0,3577 0,3237
45
• A junta SMAW possui uma concentração dos elementos químicos C,
Mn, Cr, Ni, Si e Mo, aproximadamente 2% maior em relação à junta
FCAW, fator que corrobora para o maior CE da junta SMAW;
Uma peculiaridade que deve ser observada no gráfico da Figura 39, é o fato
do CE obtido pelo método do Yurioka (1983) o metal base tem um carbono
equivalente muito maior do que na zona fundida, esse fenômeno não ocorre nos
outros métodos utilizados, porque a equação de Yurioka (1983) é a única que utiliza
um fator de correção para aços ARBL.
0,4 0,4
0,35 0,4
0,3 0,3
% Carbono equivalente
0,25 0,3
MB
% Carbono
SMAW
0,2 0,2
FCAW
Teor de Carbono MB
0,15 0,2
Teor de Carbono SMAW
Teor de Carbono FCAW
0,1 0,1
0,05 0,1
0 0,0
CEYur CEPcm CEIIW CELes
Métodos de carbono equivalente
46
Com os resultados obtidos na análise química e o cálculo de CE IIW ao se
traçar no diagrama de Graville se observa que a soldabilidade do aço A572 Grau 50
está classificada na Zona 2 (Figura 40), com isso segundo Datta et al. (2002) deve-
se tomar cuidados durante a soldagem como por exemplo: Heat Input, pré-
aquecimento, temperatura de interpasse, etc.
47
Figura 41 - Delimitação da faixa de pré-aquecimento do aço ASTM A572 Grau50 de
acordo com a metodologia de Lesnewich.
48
Figura 42 - Metalografia da vista transversal da junta SMAW atacada com Nital 2%.
Como pode ser visto na Figura 39 e na Figura 40, a junta SMAW possui uma
quantidade maior de zonas com refino de grão, isso se deve ter sido necessário
mais passes para se preencher a mesma junta.
Figura 43 - Metalografia da vista transversal da junta FCAW atacada com Nital 2%.
A Figura 45 exibe o metal base com um aumento de 1000X, que serve com
comparação do tamanho de grão do MB com as regiões da solda e pode ser
observado que a estrutura é constituída por ferrita poligonal e perlita.
PF
50
com revenimento de grão (ZFR), zona afetada pelo calor de grão grosseiros e a
zona afetada pelo calor de grãos refinados.
51
diminuição do tamanho de grão ocorre devido a influência dos ciclos térmicos
durante a soldagem.
52
Existe a possibilidade da formação de bainita inferior(LB) e bainita superior (UB),
entretanto, não é possível afirmar por simples microscopia ótica, é uma fase que
deve ser identificada pela técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV).
P’
FS(A)
LB
UB
FS(A)
P’
LB
UB
53
Nas Figuras 52 e 53 mostra a ZF ampliada 500X onde podem ser identificas
as fases ferrita acicular, ferrita com 2º fase alinhada, ferrita poligonal e ferrita acicular
alinhada.
AF
PF
FS(A)
FS(A)
AF
PF
54
Nas Figuras 54 e 55 mostra a ZF ampliada 1000X onde podem ser identificas
as fases ferrita acicular, ferrita com 2º fase alinhada, ferrita poligonal e ferrita acicular
alinhada.
AF
FS(A)
PF
AF
PF
55
Um fato que pode ser visto em todas as micrografias apresentadas é de que
o as morfologias de ferrita encontradas basicamente as mesmas entre os dois
processos, sendo assim um forte indicador para que as juntas possuam
propriedades mecânicas semelhantes.
De acordo com Savioli (2016) aços ferríticos, ou seja, estrutura cristalina CCC
apresentam um comportamento muito sensível à variação de temperatura, com uma
queda abrupta da energia absorvida de fratura com a diminuição da temperatura,
outro fenômeno que ocorre nos aços ferríticos é apresentar uma dispersão nos
valores de tenacidade à fratura decorrente de características fenomenológicas do
processo de clivagem transgranular no regime de transição dúctil-frágil.
56
três tipos de fratura o rasgamento, a clivagem e fraturas com ambos os aspectos. A
Tabela 10 mostra os resultados do ensaio de tenacidade ao impacto do metal base.
57
27 50,00 105,31
28 66,00 113,12
29 66,00 99,57 105,88 104,94 6,82
30 66,00 104,94
200
180 MB
160 -66,0
140 -56,0
-41,5
120
ENERGA ABSORVIDA (J)
-24,5
100
-15,0
80 0,0
60 9,0
40 26,5
20 50,0
66,0
0
TEMPERATURA (°C)
58
Tabela 11 - Resultados dos ensaios de tenacidade ao impacto Charpy - V da junta
SMAW.
Durante toda a curva pode ser visto que os dados possuem uma grande
dispersão, esse fenômeno ocorre devido a junta possuir uma característica
heterogenia e anisotrópica, além de indicando que a junta SMAW apresenta uma
sensibilidade à temperatura considerável, entretanto, menos sensível do que à do
aço ASTM A572 Grau 50. Para uma melhor visualização desse comportamento, a
59
partir dos dados da Tabela 11 a Figura 57 apresenta os respectivos pontos e a curva
de transição dúctil-frágil.
200
180
160
SMAW
140
-105
ENERGA ABSORVIDA (J)
120 -85
100 -49,7
80 0
60 17,5
40 95
20
TEMPERATURA (°C)
60
Figura 58 - Fractografias da junta soldada SMAW.
61
5 -91,00 17,61
6 -91,00 11,21
7 -73,00 23,42
8 -73,00 35,18 33,10 35,18 8,83
9 -73,00 40,70
10 -51,00 83,59
11 -51,00 98,42 86,03 83,59 11,36
12 -51,00 76,09
13 -15,20 116,94
14 -15,20 109,93 117,17 116,94 7,36
15 -15,20 124,65
16 20,20 156,87
17 20,20 148,85 149,83 148,85 6,61
18 20,20 143,76
19 91,60 158,29
20 91,60 155,17 155,68 155,17 2,40
21 91,60 153,57
62
Figura 59 - Resultados do ensaio de tenacidade ao entalhe tipo V juntamente da
Curva de transição dúctil-frágil da junta FCAW.
200
180
160
140 FCAW
ENERGA ABSORVIDA (J)
120 -109
100 -91
-73
80
-51
60
-15,2
40 20,2
20 91,6
TEMPERATURA (°C)
63
Figura 60 - Fractografias da junta soldada FCAW.
64
Figura 61 - Curvas de transição dúctil-frágil das juntas SMAW e FCAW.
200
180
160
140
120
ENERGA ABSORVIDA (J)
100 SMAW
80 FCAW
60 MB
40
20
TEMPERATURA (°C)
Energia Upper
105,38 181,56 155,68
Shelf [J]
Energia Lower
5,53 16,637 4,81
Shelf [J]
Devido os ensaios não terem sido realizados nas temperaturas designadas pelas
normas dos consumíeis, devido o principal objetivo ser a construção das curvas para
se ter um parâmetro de comparação com o mínimo necessário, serão utilizados os
valores obtidos nas curvas para se ter uma comparação dos resultados obtidos com
os requisitados pelas normas ASTM SFA-5.01/SFA-5.01M (2007) que rege o
consumível E7018 deve absorver no mínimo 27 J à -30 °C e o resultado
corresponde foi de 105,12 J e a norma ASTM SFA-5.20/SFA-5.20M (2007) que
65
designa do arame E71T-1M deve absorver no mínimo 27J à -20 °C se obteve
100,62.
700
600
500
Tensão (MPa)
400
SMAW 1
300
SMAW 2
200
100
0
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50
Deformação (mm/mm)
66
Figura 63 - Curvas verdadeira SMAW.
800
700
600
500
Tensão (MPa)
400
SMAW 1
300 SMAW 2
200
100
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Deformação (mm/mm)
67
Figura 64 - Curvas de engenharia FCAW.
700
600
500
Tensão (MPa)
400
FCAW 1
300
FCAW 2
200
100
0
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50
Deformação (mm/mm)
800,00
700,00
600,00
500,00
Tensão (MPa)
400,00
FCAW 1
300,00 FCAW 2
200,00
100,00
0,00
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Deformação (mm/mm)
68
Figura 66 - Curva de engenharia comparativa entre todos os ensaios tração.
700
600
500
Tensão (MPa)
400 SMAW 1
SMAW 2
300 FCAW 1
FCAW 2
200
MB
100
0
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50
Deformação (mm/mm)
800
700
600
Tensão (MPa)
500
SMAW 1
400 SMAW 2
FCAW 1
300
FCAW 2
200 MB
100
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Deformação (mm/mm)
69
Tabela 14 - Tratamento estatístico e resultados entre todos ensaios de tração.
σys_0,2%
Material CP E [GPa] σus [MPa]
[MPa]
Metal base 1 203,615 376,891 554,02
1 192,317 526,900 617,600
2 204,045 510,100 602,195
Eletrodo
Média 198,181 518,500 609,897
Revestido
Desvio
8,293 11,879 10,893
padrão
1 216,663 560,200 615,085
2 199,465 590,200 642,121
Arame Tubular Média 208,064 575,200 628,603
Desvio
12,161 21,213 19,118
padrão
70
4.3.3. Ensaio de microdureza Vickers
HV
71
Figura 70 - Mapa de microdureza Vickers FCAW.
HV
72
Figura 71 - Gráfico comparativo entre as durezas das juntas SMAW e FCAW.
250
240
230
Microdureza Vickers (HV)
220
210
200 SMAW
FCAW
190
180
170
160
ZF ZAC MB
150
0 5 10 15 20 25 30
Distância em relação ao centro do cordão (mm)
73
5. CONCLUSÕES
74
6. REFERÊNCIAS
76
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Testing of Welds. American Welding Society, Miami, 2007.
77
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79
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83