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1. INTRODUÇÃO
Antes que a Igreja surgisse na terra, já existia o espírito de luta no ser humano, o pior
disso, é que os homens na apenas lutavam por um bem maior ou por um espírito de concórdia,
mas se dilaceravam numa disputa cruel de morte ou vida não importando o sofrimento do
próximo. O jogo da dominação já era uma realidade.
2. A DOMINAÇÃO BURGUESA
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Professor de Teologia, Licenciado em Filosofia, Licenciado em Letras, Ministro Presbiteriano, Mestrando em
Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória/ES.
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Esse grande exército de trabalhadores formam ao longo dos anos, as classe dominadas
que perdem o produto de seu trabalho em troca de baixos salários que mal suprem as
necessidades básicas da sobrevivência familiar sem contar a grande quantidade de
desempregados e os que ainda não tem nenhuma experiência na prática do trabalho.
Não são diferentes os assalariados rurais que por sua condição de lavradores fazem
parte do processo produtivo como vendedores de força de trabalho.
Nessa ordem aparece a massa camponesa que sem lugar a dúvidas é a maior parte da
população brasileira que também é a maior vítima da exploração, que sofrem todo tipo de
dificuldades, injustiças, preconceitos e falta de oportunidades, para realizar-se como indivíduo
e como cidadão.
Passo a passo surge a classe operária, conscientizando-se cada vez mais e definindo
melhor a sua identidade social. Organizam-se agremiações sindicais e elegem os seus
representantes para reivindicar perante o Governo e os patrões que permanecem insensíveis
frente aos angustiantes gritos de sofrimento do povo brasileiro. Por este motivo, Oliveira
(1985, p.218) com suficiente razão afirma que
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Embora de um modo sofrível, a classe operária avança cada vez mais conquistando
louros maiores. Um dos motivadores importantes, nesta corrida é o crescimento do setor
industrial na economia brasileira concomitante à capacidade de organização de classe em
sindicatos e partidos políticos. E o resultado dessa dialética leva ao operariado a colher alguns
prêmios e conquistas como assistência social, fundos de pensão, proteção contra acidentes de
trabalho, melhoria da rede escolar e hospitalar embora de uma forma muito limitada.
Na mesma ordem da burguesia, aparecem também as classes médias; uns são
comerciantes, empresários e artesãos autônomos; outros são funcionários dos órgãos
governamentais que cuidam da aparelhagem do Estado, ou empresas capitalistas que cumprem
funções burocráticas e financeiramente não produtivas.
Mesmo dentro das classes médias há uma disparidade de valores e forças. Um grupo
menor de empresários, industriais e comerciantes avançam a passos firmes no mercado em
detrimento dos menos poderosos, dos micro-empresários e pequenos produtores.
De qualquer modo a classe média devido a sua própria situação torna-se mediadora
entre a classe enriquecida e a classe empobrecida, inclusive dando condições de sobrevivência
aos miseráveis que não tem identidade social.
3. A HEGEMONIA POLÍTICA
Nenhuma sociedade sobrevive se não tiver sustentação econômica e grande parte das
lutas nas sociedades arcaicas, modernas e contemporâneas resultam de economias distribuídas.
Mas não basta deter os principais meios de produção; é necessário que uma classe
social também exerça o poder de Estado alcançando postos de destaque por vias legais. Isso
implica aceitar uma determinada classe dominante sobre a maioria subalterna e dominada.
Neste caso, não é suficiente ser apenas classe dominante, é mister exercer a hegemonia
política e social para permanecer no poder. No dizer de Oliveira (1985, p.222) “É o exercício
da hegemonia política que torna a burguesia agrária classe dirigente e é o exercício da
hegemonia social que a torna classe hegemônica”.
O capitalismo agrário se relaciona com a burguesia agrária no sentido de que ambos
nasceram na mesma época e travou-se lutas aguçadas pela hegemonia política e social gerando
uma crise de hegemonia que afeta diretamente a função social da religião; e
concomitantemente ocorrem ações retroativas entre as diversas estruturas condicionando a
forma e o ritmo do desenvolvimento do capitalismo agrário no Brasil.
Neste ponto é que entra a questão da “romanização” que ao mesmo tempo é uma
resultante e uma condição de possibilidades do funcionamento do capitalismo agrário no
Brasil, porque as funções sociais da religião só podem ser clareadas dentro do quadro global
da estrutura e do funcionamento do todo social (Ibid, p.223).
A hegemonia política da burguesia agrária para manter-se no poder apoia-se no sistema
coronelista-oligárquico, esquecendo a burguesia industrial nascente, as classes médias e todas
as classes dominadas.
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4. A PRESENÇA RELIGIOSA
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A presença religiosa de um modo ou de outro tem sido o ponto de apoio para os líderes
e governantes; mas preferencialmente quem bebe dos caudais das religiões são as classes
subalternas, injustiçados e marginalizados.
Outrora, como bem define Durkheim (1983, p.51):
No Brasil a religião oficial do Estado tinha andado lado a lado com o poder público,
com a sociedade civil; mas após a proclamação da república, torna-se um Estado laico.
Apenas dois meses após a queda da monarquia o governo provisório decretava o divórcio
entre Igreja e Estado, exigindo de imediato a obrigatoriedade do registro civil e o casamento
civil e secularizava os cemitérios, ensino laico nas escolas públicas, a proibição de subvenções
governamentais aos cultos religiosos e a exclusão do direito de voto para os religiosos
submetidos ao voto de obediência.
A separação entre Igreja e Estado, parte da iniciativa do próprio governo, numa carta
dirigida a D. Macedo Costa, líder do episcopado brasileiro na época. O episcopado se opõe à
separação e à liberdade de cultos; na visão deles, era uma afronta à Igreja Católica ser
colocada em pé de igualdade com outras confissões religiosas. Mas em pouco tempo, o
episcopado reafirma sua oposição à separação com o Estado, mas celebra o fim do regime de
padroado da parte do Estado.
5. A IGREJA ROMANIZADA
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b) A doutrinação religiosa do povo. Para o Pe. Júlio Maria, “a maior de todas as obras
da caridade paroquial é ensinar os ignorantes. A ignorância da religião – eis
o inimigo; a doutrinação – eis a grande arma apostólica”. Esta foi a
preocupação também da Pastoral Coletiva de 1915. D. Sebastião Leme, o
grande líder do episcopado brasileiro, a partir dos anos 20, que se torna o
campeão da luta contra a ignorância religiosa também frisa a doutrinação.
Só na década de 60, J. Coinblin contesta esse pressuposto disciplinador do clero sobre
a ignorância religiosa. Ele disse que:
Essa omissão clerical ou falta de comunicação entre os fiéis surte efeito paradoxal. A
religiosidade popular, alheia a Roma, nutre-se no seu sentimento místico, messiânico,
folclórico, mítico e até supersticioso.
Desenvolve-se um catolicismo popular, liderado por beatos, beatas, rezadores,
“monges”, capelães, carismáticos que gozam de grande prestígio principalmente entre as
massas rurais.
O episcopado e o clero brasileiro fiéis seguidores do Concílio Vaticano I não observam
com bons olhos esse catolicismo popular que seria uma negação prática do catolicismo
romano e não uma forma popular de praticar o catolicismo.
Essa situação dicotômica da Igreja leva a fazer o processo de “romanização” do povo
que consistiria em desestruturar e reestruturar o aparelho religioso e que tornaria apto a
exercer a função social de hegemonia no novo contexto.
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1. CONCLUSÃO
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Mas o lado negativo é maior, a começar pelo próprio ato de romanização que se deu
unilateralmente com métodos impositivos, autoritários, abusos de poder, preconceitos,
indiferenças, adjetivações reforçadas ao povo humilde como ignorantes que não conhecem a
religião romana e muita falta de respeito à cultura popular brasileira e à sua identidade
folclórica.
O pior aspecto negativo dos bispos e do clero é que eles viviam acomodados quando o
Estado e a Igreja estavam juntos, mas quando o Estado brasileiro se dissociou da Igreja os
romanistas se viram como que isolados. E a partir daí é que eles se tornaram em verdadeiros
veiculadores da Cúria Romana e não do Reino de Deus.
A mudanças acontecidas foram bem sucedidas, no plano social, ideológico e
hegemônico, mas no plano teológico não atingiram o objetivo maior que é a conversão de
pecadores a Jesus Cristo.
A última visita de Karol Wojtyla ao Brasil trás uma série de preocupações estruturais.
Mário Sabino (1997, p.41) afirma na Revista Veja que:
Referências Bibliográficas
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SABINO, Mário. O dogma e a dúvida: o papa fez a Igreja à sua imagem, mas o catolicismo
está numa encruzilhada, em busca de novos caminhos. Veja. São Paulo, n.39, p.40-44,
01/10/1997.
VITA, Álvaro de. Sociologia da sociedade brasileira. 4.ed. São Paulo : Ática, 1994. 279p.
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