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Anais do IV Seminário Nacional

A ROMANIZAÇÃO DA IGREJA CATÓLICA NO BRASIL

Marcelo Barzola Tabraj1


RESUMO

O tema em foco, visa mostrar o processo de romanização da Igreja Católica no Brasil,


principalmente no declínio do século XIX e no período republicano. Este processo se deu de
uma forma evolutiva tendo como referenciais o aspecto social, cultural e religioso da
sociedade brasileira.
A dicotomia dominador x dominado se dá ao longo de vários anos, tendo em vista a
força ativa da burguesia que se manifesta como agrária, industrial, comercial e financeira.
Um grande marco histórico do Brasil é a Abolição da Escravatura, mas contrariamente
a isso, a classe senhorial prevalece de várias maneiras, particularmente, pelos caminhos da
religião.
O processo de romanização acontece unilateralmente, de cima para baixo. A Santa Sé
dita as regras e todos os religiosos sujeitos a ela obedecem, inclusive com violência e descaso
da massa popular brasileira, especificamente dos movimentos messiânicos, praticantes de
romarias.
Os colonizadores finalmente conseguem substituir as crenças populares pela catequese
e evangelização; desconsiderando a cultura do povo, subjugam-no ao ponto de tornarem-se
obedientes à fé católica, mas não obedientes ao Deus Verdadeiro. Esta problemática ainda
continua vigente no final do século XX.
TEXTO COMPLETO

1. INTRODUÇÃO

Antes que a Igreja surgisse na terra, já existia o espírito de luta no ser humano, o pior
disso, é que os homens na apenas lutavam por um bem maior ou por um espírito de concórdia,
mas se dilaceravam numa disputa cruel de morte ou vida não importando o sofrimento do
próximo. O jogo da dominação já era uma realidade.

2. A DOMINAÇÃO BURGUESA

Em se tratando de relações sociais da população brasileira, a passagem do período


colonialista a um período de emancipação marcou paralelamente a evolução gradativa de uma
experiência agrária para uma produção industrial, isto ainda no século passado. Essa mudança
levou a uma estruturação econômica e a uma reestruturação social.
O modo de produção de dominação senhorial baseada numa relação pessoal de
proteção-submissão entre a classe senhorial e as classes a ela subordinadas, passa para a
dominação burguesa baseada numa relação impessoal entre comprador e vendedor de força de
trabalho, relação representada como troca pautada pelas leis de mercado (Oliveira, 1985,
p.205).

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Professor de Teologia, Licenciado em Filosofia, Licenciado em Letras, Ministro Presbiteriano, Mestrando em
Educação – Programa de Pós-Graduação em Educação – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória/ES.

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Essa diferenciação entre dominador-dominado se mantém fortemente latente na


experiência burguesa. Apesar de que a dominação é impessoal destaca-se a forte polaridade
entre o forte e o fraco, o rico e o pobre, o patrão e o empregado, entre o senhor e o escravo,
que de um modo sutilmente diferente os burgueses se associaram em escalas maiores com
outros capitalistas, enquanto a classe operária, apesar de se organizarem em blocos maiores,
são vítimas do produto barato de sua própria força de trabalho.
Uma classe se identifica como dominante na medida em que ela passa a possuir o
produto do trabalho de outra classe. No modo de produção capitalista essa apropriação se
realiza principalmente pela extração da mais-valia, pela renda da terra e pela cristalização de
lucro comercial ou financeiro.
A burguesia é classificada como agrária, industrial, comercial e financeira. E estas se
subdividem conforme a natureza de sua produção. Mas sempre se favorecendo entre as
pessoas da mesma classe.
Embora se celebra com mais entusiasmo a abolição da escravatura, é impossível
celebrar a abolição da classe dominante. A classe senhorial está tão viva e ativa; outrora eram
os grandes feudatários, hoje são os grandes latifundiários que vivem de suas rendas com a
maior tranqüilidade. Aníbal Ponce (1982, p.134) a este respeito afirma que:
“As massas exploradas da Antigüidade e do Feudalismo apenas
haviam trocado de senhor. Para que a burguesia conseguisse
realizar o seu prodigioso desenvolvimento não eram suficientes
o desenvolvimento do comércio e o alargamento quase mundial
do mercado. Era preciso, além disso, que exércitos compactos de
trabalhadores livres fossem recrutados para oferecer os seus
braços à burguesia”.

Esse grande exército de trabalhadores formam ao longo dos anos, as classe dominadas
que perdem o produto de seu trabalho em troca de baixos salários que mal suprem as
necessidades básicas da sobrevivência familiar sem contar a grande quantidade de
desempregados e os que ainda não tem nenhuma experiência na prática do trabalho.
Não são diferentes os assalariados rurais que por sua condição de lavradores fazem
parte do processo produtivo como vendedores de força de trabalho.
Nessa ordem aparece a massa camponesa que sem lugar a dúvidas é a maior parte da
população brasileira que também é a maior vítima da exploração, que sofrem todo tipo de
dificuldades, injustiças, preconceitos e falta de oportunidades, para realizar-se como indivíduo
e como cidadão.
Passo a passo surge a classe operária, conscientizando-se cada vez mais e definindo
melhor a sua identidade social. Organizam-se agremiações sindicais e elegem os seus
representantes para reivindicar perante o Governo e os patrões que permanecem insensíveis
frente aos angustiantes gritos de sofrimento do povo brasileiro. Por este motivo, Oliveira
(1985, p.218) com suficiente razão afirma que

“A classe operária é pois, apesar de seu pequeno número, a


única classe dominada capaz de opor uma real resistência à
dominação burguesa. As reações dos trabalhadores rurais –
isoladas e logo suprimidas – e as revoltas camponesas –
embora de rara coragem e violentamente reprimidos pelas

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forças legais – não abalaram a estrutura de classes. Só a classe


operária, devido a sua organização, conseguiu reivindicar seus
direitos durante a I República, conquistando após a Revolução
de 1930 uma posição de força no espaço social e político”.

Embora de um modo sofrível, a classe operária avança cada vez mais conquistando
louros maiores. Um dos motivadores importantes, nesta corrida é o crescimento do setor
industrial na economia brasileira concomitante à capacidade de organização de classe em
sindicatos e partidos políticos. E o resultado dessa dialética leva ao operariado a colher alguns
prêmios e conquistas como assistência social, fundos de pensão, proteção contra acidentes de
trabalho, melhoria da rede escolar e hospitalar embora de uma forma muito limitada.
Na mesma ordem da burguesia, aparecem também as classes médias; uns são
comerciantes, empresários e artesãos autônomos; outros são funcionários dos órgãos
governamentais que cuidam da aparelhagem do Estado, ou empresas capitalistas que cumprem
funções burocráticas e financeiramente não produtivas.
Mesmo dentro das classes médias há uma disparidade de valores e forças. Um grupo
menor de empresários, industriais e comerciantes avançam a passos firmes no mercado em
detrimento dos menos poderosos, dos micro-empresários e pequenos produtores.
De qualquer modo a classe média devido a sua própria situação torna-se mediadora
entre a classe enriquecida e a classe empobrecida, inclusive dando condições de sobrevivência
aos miseráveis que não tem identidade social.

3. A HEGEMONIA POLÍTICA

Nenhuma sociedade sobrevive se não tiver sustentação econômica e grande parte das
lutas nas sociedades arcaicas, modernas e contemporâneas resultam de economias distribuídas.
Mas não basta deter os principais meios de produção; é necessário que uma classe
social também exerça o poder de Estado alcançando postos de destaque por vias legais. Isso
implica aceitar uma determinada classe dominante sobre a maioria subalterna e dominada.
Neste caso, não é suficiente ser apenas classe dominante, é mister exercer a hegemonia
política e social para permanecer no poder. No dizer de Oliveira (1985, p.222) “É o exercício
da hegemonia política que torna a burguesia agrária classe dirigente e é o exercício da
hegemonia social que a torna classe hegemônica”.
O capitalismo agrário se relaciona com a burguesia agrária no sentido de que ambos
nasceram na mesma época e travou-se lutas aguçadas pela hegemonia política e social gerando
uma crise de hegemonia que afeta diretamente a função social da religião; e
concomitantemente ocorrem ações retroativas entre as diversas estruturas condicionando a
forma e o ritmo do desenvolvimento do capitalismo agrário no Brasil.
Neste ponto é que entra a questão da “romanização” que ao mesmo tempo é uma
resultante e uma condição de possibilidades do funcionamento do capitalismo agrário no
Brasil, porque as funções sociais da religião só podem ser clareadas dentro do quadro global
da estrutura e do funcionamento do todo social (Ibid, p.223).
A hegemonia política da burguesia agrária para manter-se no poder apoia-se no sistema
coronelista-oligárquico, esquecendo a burguesia industrial nascente, as classes médias e todas
as classes dominadas.

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Mas o Talão de Aquiles da burguesia agrária é o exercício da hegemonia social, na


organização da vida coletiva, pois uma vez instaurado o capitalismo agrário provoca uma crise
de hegemonia social, crise que faz desmoronar as instituições estabelecidas pela classe
senhoria; e a burguesia agrária perde as formas ideológicas e os aparelhos de hegemonia
capazes de ganhar o consentimento das classes subalternas à dominação burguesa.
A essas alturas, a burguesia agrária tenta organizar a vida coletiva lançando mão dos
“bacharéis” (pessoas com curso universitário) que são filhos da burguesia agrária ou surgidos
das classes médias, que são o complemento indispensável do coronelismo.
A burguesia agrária do coronelismo brasileiro se caracteriza pelo mimetismo cultural,
exemplo disto é a reurbanização do centro do Rio de Janeiro ao estilo francês. A burguesia
agrária aprecia esse mimetismo, chegando ao ponto de identificar-se simbolicamente com a
burguesia francesa, como se estivessem em pé de igualdade.
No campo cultura, principalmente na educação, as elites brasileira consomem a
produção intelectual e artística européia e preocupam-se em copiar tudo. A burguesia agrária,
curiosa de dar uma educação moderna e aprimorada a seus filhos, coloca-os em escolas
dirigidas por europeus, especialmente nas escolas dos Jesuítas, dos Maristas, das Irmãs de
Sion, dos Salesianos e de outras congregações religiosas, masculinas e femininas.
Parece que a burguesia agrária estivesse muito interessada na formação cristã de seus
filhos, mas na verdade procurava um ensino moderno, orientado por professores qualificados,
parecidos ao ensino europeu.
Por sua vez, a burguesia industrial é parte das novas classes médias, dão preferência às
escolas protestantes, de origem norte-americana, cujo ensino pedagógico mais avançado frisa
as ciências físicas e matemáticas, e se voltam para o ambiente industrial; enquanto as escolas
católicas se inclinam por sua formação humanista clássica (Ibid, p.234).
Mas o lado negativo da burguesia agrária é a destituição da massa camponesa dos
meios de produção. Toda essa tendência capitalista, toda sua idealização do mundo rural, todo
seu plano de progresso, toda sua ideologia de Brasil país essencialmente agrícola, é voltada
para o mundo urbano e não para o camponês.
O pior é que o camponês não está preparado para essa nova experiência de despojado,
de despossuído, de sem terra e sem adequada educação; não está preparado nem para valorizar
a venda de sua força de trabalho; razão essa que leva para apoiar-se na religião onde encontra
um modelo de ordem social e espírito de conciliação entre ricos e pobres.

4. A PRESENÇA RELIGIOSA

O pano de fundo da presença religiosa neste tema está relacionado ao período da


burguesia agrária e principalmente ao momento em que aumenta a crise da hegemonia.
Nessa fase a relação entre dominantes e dominados se fundamenta nos acordos
bilaterais coordenados pelo código familiar, onde poderosos e fracos constituem uma única
família espiritual, consolidado pelos laços de compadrio.
Uma vez que o capitalismo agrário vem desenvolver a dominação pessoal na medida
em que retira a autoridade da classe senhorial de assegurar a proteção à massa camponesa,
conforme Oliveira (1985, p.240) é a própria base da dominação senhorial que cai por terra.

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O camponês, a essa altura, se encontra além de despossuído, desprotegido; sua


condição sócio-econômica piora, vendo-se obrigado a pagar uma renda pela terra ou a vender
sua força de trabalho no mercado.
Essa incômoda situação faz optar ao camponês pelo banditismo, a marginalidade
social, pela migração para o sertão, ou pelo protesto religioso. Este último, entre as outras, é a
opção mais viável.
Mas os movimentos religiosos de protesto social de camponeses do Brasil erguem suas
bandeiras e lutam pelos seus direitos e pela valorização das forças de trabalho e pela liberdade
de ação. Para ser mais específico, dar-se-á aqui uma pincelada sobre os movimentos
messiânicos mais expressivos.
Os movimentos messiânicos no Brasil, principalmente Canudos e Contestado, foram
reprimidos de uma forma drástica pelo governo da República, que segundo Vita (1994, p.65),

“enviou o Exército para realizar o massacre dos camponeses.


Quando lemos Os Sertões, de Euclides da Cunha, ficamos sem
saber o que horrorizou mais seu autor: se o “fanatismo” dos
fiéis de Antônio Conselheiro (visto com olhos urbanos e
“civilizados”); ou se a violência da repressão que sobre eles se
abateu (que incluiu, entre outras práticas macabras, a degola
sistemática dos prisioneiros).”

Para entender os movimentos messiânicos é mister entender messianismo. O termo


deriva-se da palavra “messias” que no seu equivalente grego é Cristo, o Ungido de Deus. Esse
Ungido de Deus foi prometido para restaurar o povo de Israel no tempo teocrático
determinado. O Messias veio mas os judeus o rejeitaram enquanto que os gentios o receberam
como seu único Salvador. Ele está voltando por segunda vez para restaurar o seu povo (judeus
e cristãos) de uma forma definitiva mas é necessário que os seus seguidores cumpram os
desígnios de Deus e aperfeiçoem seu modo de ser e de viver ao ponto de alcançar a estatura do
próprio Cristo.
Max Weber (1864-1920) ao pronunciar-se sobre a visão escatológica do Messianismo
disse: “alguém virá um dia, herói ou Deus – em breve ou mais tarde – para colocar seus
adeptos em primeiro lugar, que é o lugar que merecem no mundo” (Weber, apud Vita, p.65).
Os movimentos messiânicos, agrupações de camponeses que têm uma expectativa
escatológica, embora não doutrinados sistematicamente têm um forte sentimento religioso e
esperam a manifestação última do Messias e como resultado a total reestruturação da
sociedade atual em crise.
Só que os representantes “civilizados” do Governo Brasileiro reprimiram de uma
forma animalesca a qualquer manifestação messiânica dos sertanejos sob o pretexto de
fanatismo ou delírios coletivos que são vítimas da miséria, da ignorância e a total dependência
dos latifundiários tiranos.
a) Os Canudos – O movimento messiânico mais conhecido foi o de Canudos, no sertão
da Bahia. Graças à obra de Euclides da Cunha, o movimento alcançou repercussões maiores.
São impressionantes as proporções assumidas pela comunidade de fiéis e depois pelo conflito.
A cidade santa de Belo Monte chegou a reunir uma população de 30.000 pessoas. O
movimento também alcançou celebridade pelas contínuas derrotas sofridas pelas forças
repressivas.

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O pretexto do governo federal para reprimir os camponeses liderados pelo beato


Antônio Conselheiro foi a de que se tratava de um movimento monarquista. De fato,
Conselheiro detestava algumas novidades introduzidas pelo governo republicano, entre as
quais o casamento civil, a secularização dos cemitérios e a cobrança de impostos. Também
muitos padres estavam aliados à idéia de Conselheiro. Esse fato permitia que ele pregasse em
suas igrejas. Os canudos ainda se resistiam às inovações do governo porque na monarquia o
casamento e o controle dos cemitérios eram atribuições exclusivas da Igreja.
O fato da repressão ao movimento abriu rijas expressivas entre o governo republicano
e os seguidores de Conselheiro. Depois de reprimir a Monte Belo e derrotá-los por três vezes
consecutivas, foi enviada uma Quarta expedição militar a Canudos com mais de 8.000
soldados bem armados. A disparidade das forças em combate era catastrófica; mesmo assim, o
exército ainda sofreu milhares de baixas, até que Canudos fosse arrasada, em outubro de 1897.
O arraial caíra a 5 de outubro, no dia seguinte destruíram casa por casa, um total de 5.200
contadas com muito cuidado (Vita, p.69).
b) O Contestado (1912-1916)
O movimento messiânico do Contestado, é melhor identificado como um conflito que
se desenrolou entre 1912 e 1916, nos sertões de Santa Catarina e do Paraná.
Segundo o sociólogo Maurício Vinhas de Queiroz, as vilas e os redutos santos dos
rebeldes chegaram a reunir 20.000 sertanejos e ocuparam um território de 28.000 km 2, na
verdade equivalente ao Estado de Alagoas.
Ao final da guerra, em 1916, mais de 6.000 camponeses haviam perdido a vida, em
confronto com o exército e bandos armados organizados por “coronéis” ou como vítimas da
fome.
A região compreendida entre o município de Curitibanos, em Santa Catarina, e Palmas,
no Paraná, onde aconteceu a guerra camponesa, era fronteira disputada pelos dois Estados, daí
resultou o nome de Contestado.
Ao longo dos anos, problemas sociais de toda espécie, jamais resolvidos, agravaram-se
os conflitos latentes entre as várias classes e camadas, gerando tensões muito conflitantes. O
domínio dos coronéis entrava em crise devido ao surgimento de novas forças econômicas e
sociais, que empurrou a conflitos desmedidos pela apropriação da terra (Ibid, p.70).
Parecido à experiência em Canudos, a noção que os rebeldes presos tinham sobre a
monarquia, era “uma coisa do céu”, era a “lei de Deus”, enquanto a República era a “lei do
diabo”. A esperada monarquia do novo século, longe de ser saudosismo do passado,
representava a crença em um futuro reino terrestre de igualdade e de justiça.
E também com o mesmo pretexto dado aos Canudos, acusava-se aos Contestados de
monarquistas. Às ordens do coronel Albuquerque, tropas do exército interviram para dispersar
os fiéis reunidos em Taquaraçu. A cidade santa resistiu a um primeiro ataque, mas no segundo
massacrou muitos rebeldes.
O segundo ataque a Taquaraçu deu início à conflagração geral do Contestado. Os
rebeldes constituíram muitos redutos, vilas e uma nova cidade santa, Santa Maria, que
defenderam dos ataques do exército utilizando uma eficiente técnica de guerrilha.
Deste movimento se pode destacar dois fatos importantes. a) a posse da terra foi
reivindicada pela primeira vez de uma forma clara por eles; b) a luta dos camponeses assumiu
uma feição religiosa. Os rebeldes não apenas lutavam pela terra material, e sim por uma terra
sagrada (Ibid, p.77) de paz, justiça e felicidade.

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c) Juazeiro – O contexto social onde ocorre o movimento religioso em torno à figura


do Pe. Cícero é fundamentalmente o mesmo do movimento de Canudos. Canudos localiza-se
numa região pouco povoada e semidesértica, enquanto Juazeiro está no Cariri, uma espécie de
oásis no sertão cearense, devido a fertilidade de seu solo.
o Pe. Cícero, formado no seminário de Fortaleza, segundo o espírito rigorista e
reformador dos padres lazaristas e de D. Luiz Antônio dos Santos, o Pe. Cícero é dado a
revelações místicas. Ele se estabelece em Juazeiro, na época, era um pequeno arraial.
O movimento se inicia com um “milagre” acontecido com uma das beatas de Juazeiro.
Exatamente na hora da comunhão, em 1889, a hóstia consagrada verte sangue, e o “milagre”
se repete. O Pe. Cícero vê nele uma manifestação do Sagrado Coração de Jesus contra contra
as correntes anticlericais brasileira, tais como a maçonaria, o protestantismo, o ateísmo e
outros.
Na ótica do Pe. Cícero, o Sagrado Coração de Jesus quer reavivar a fé cristã do povo
para combater os inimigos de sua Igreja. Ele nem espera a aprovação eclesiástica para
começar a propagar o tal milagre.
Surge então o problema. O bispo de Fortaleza, de espírito “romanizador”, estaria
disposto a reconhecer o milagre, mas não aceitava a forma como estava sendo propagado, não
se aguardava a sua aprovação, rejeitava o nacionalismo religioso e não admitia a idéia de uma
segunda redenção que eqüivalia a um segundo sacrifício de Cristo pela redenção do mundo.
Esta questão não resolvida chega até à Cúria Romana e que só termina com a morte de
seu principal agente em 1934 (Oliveira, 1985, p.249). enquanto vivo, o Pe. Cícero se torna a
figura central do movimento, o seu nome se torna cada vez mais conhecido nas enormes áreas
do sertão nordestino.
Suspenso de ordens, ele recebe os romeiros, aconselha e abençoa. Ele adota a função
de líder religioso leigo, semelhante ao de Antônio Conselheiro. Em pouco tempo, Juazeiro
cresce e prospera e uma vez elevada à cidade, o próprio Pe. Cícero é o primeiro prefeito. Aos
poucos o Pe. Cícero torna-se uma espécie de “coronel” e mobiliza grandes massas conforme a
ordem das necessidades.
Além de representante civil do povo, dominador pessoal, chefe político local, um
autêntico coronel, ele também e acima de tudo, é um líder religioso da massa camponesa,
auxiliado pelos beatos e beatas que cultivam e propagas as crenças apocalípticas associadas ao
milagre da hóstia que verteu sangue.
Um detalhe do Pe. Cícero é que ele no contexto propício à formação de movimentos
religiosos de protesto social, consegue conter a rebelião camponesa em potencial. Estimulando
a produção religiosa popular nas confrarias a ele submissas e reproduzindo em Juazeiro a
ordem social tradicional, fundada na dominação pessoal, o Pe. Cícero se consagra como um
agente da ordem.
O acontecido em Juazeiro tem dividido a literatura em duas correntes. a) favorável ao
Pe. Cícero que vê nele um agente religioso que soube captar o espírito religioso do camponês
e que trabalhou por sua libertação; b) como um mistificador que propaga superstições e que
usa a massa camponesa para atingir seus próprios objetivos políticos (Ibid, p.252); e c) um
hábil reacionário que tendo uma formação teológica, aproveitava-se das situações do momento
em benefício próprio, inclusive o controle pessoal da produção religiosa popular, um líder
autoritário.

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A presença religiosa de um modo ou de outro tem sido o ponto de apoio para os líderes
e governantes; mas preferencialmente quem bebe dos caudais das religiões são as classes
subalternas, injustiçados e marginalizados.
Outrora, como bem define Durkheim (1983, p.51):

“A sorte dos Estados, e a dos deuses neles adorados, eram


consideradas como estreitamente solidárias. Não podiam, os
primeiros vir e ser rebaixados sem que diminuísse o prestígio
dos segundos, e reciprocamente. Confundiam-se, não eram
senão aspectos da mesma realidade, a religião pública e a moral
cívica. Contribuir para a glória da cidade era contribuir para a
glória dos deuses da cidade, e inversamente”.

No Brasil a religião oficial do Estado tinha andado lado a lado com o poder público,
com a sociedade civil; mas após a proclamação da república, torna-se um Estado laico.
Apenas dois meses após a queda da monarquia o governo provisório decretava o divórcio
entre Igreja e Estado, exigindo de imediato a obrigatoriedade do registro civil e o casamento
civil e secularizava os cemitérios, ensino laico nas escolas públicas, a proibição de subvenções
governamentais aos cultos religiosos e a exclusão do direito de voto para os religiosos
submetidos ao voto de obediência.
A separação entre Igreja e Estado, parte da iniciativa do próprio governo, numa carta
dirigida a D. Macedo Costa, líder do episcopado brasileiro na época. O episcopado se opõe à
separação e à liberdade de cultos; na visão deles, era uma afronta à Igreja Católica ser
colocada em pé de igualdade com outras confissões religiosas. Mas em pouco tempo, o
episcopado reafirma sua oposição à separação com o Estado, mas celebra o fim do regime de
padroado da parte do Estado.

5. A IGREJA ROMANIZADA

A separação entre Igreja e Estado, além de suprimir alguns privilégios do aparelho


eclesiástico, ainda causa outra ruptura maior entre o clero e a grande massa de fiéis. Essa
última ruptura aparece no discurso do clero como um distanciamento entre a profissão de fé
católica do povo e a doutrina eclesiástica.
A partir daí, parte-se também a uma reflexão maior sobre a situação da fé do povo. O
povo se identifica como católico, recebe os sacramentos mas não conhece a doutrina da Igreja.
Surgem uma série de discursos proferidos pelos principais líderes eclesiásticos da época,
evidenciando o tema da ignorância religiosa do povo que é combatido pelo aparelho religioso.
O documento sobre a reforma na Igreja do Brasil, redigido em 1890, por D. Macedo
Costa, arcebispo da Bahia, norteia as medidas mais urgentes a serem tomadas para enfrentar à
nova situação da Igreja. Veja-se algumas prioridades:
a) a pregação sacerdotal do Evangelho presente pelo Concílio Tridentino, isto além
da catequese dominical aos meninos. Pois o padre que perde “o espírito de
zelo e de piedade, entrega-se ao ócio e aos vícios que ele engendra, deixa o
seu rebanho na mais supina ignorância.

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b) A doutrinação religiosa do povo. Para o Pe. Júlio Maria, “a maior de todas as obras
da caridade paroquial é ensinar os ignorantes. A ignorância da religião – eis
o inimigo; a doutrinação – eis a grande arma apostólica”. Esta foi a
preocupação também da Pastoral Coletiva de 1915. D. Sebastião Leme, o
grande líder do episcopado brasileiro, a partir dos anos 20, que se torna o
campeão da luta contra a ignorância religiosa também frisa a doutrinação.
Só na década de 60, J. Coinblin contesta esse pressuposto disciplinador do clero sobre
a ignorância religiosa. Ele disse que:

“o povo não se interessa pela catequese porque não sente falta


de conhecimentos religiosos (…) O povo não conhece o
catolicismo oficial da Igreja Católica, nem se preocupa por
conhecê-lo…O povo não é ignorante da sua religião: é
ignorante da nossa” (Coinblin apud Oliveira, 1985, p.277).

As palavras precisas de J. Coinblin, na verdade desmascaram o lado vulnerável do


aparelho eclesiástico do século XIX. É verdade que a classe popular brasileira ignora os
fundamentos doutrinários da fé católica, mas isso se deve à superficialidade dos trabalhos
catequéticos e à ineficácia das famílias patrísticas que até hoje não convencem às maiorias
esperançosas da real vinda do Messias.
O Departamento de Comunicação do Conselho Episcopal Latino-Americano –
DECOS-CELAM (1984, p.24) ao abordar o campo eclesial e religioso registra que:

“No plano vertical, apesar da renovação do Concílio, percebe-se


ainda, nalguns países, uma marcante incomunicação entre
jerarquia e povo de Deus. Ainda não se superou inteiramente a
distância entre uma pregação autoritária e as expectativas
populares, entre certos símbolos litúrgicos que pouco dizem e a
mentalidade de nossas comunidades. A isto se deve acrescentar,
como fator perturbador, as freqüentes diferenças de critérios
pastorais entre bispos, entre os sacerdotes, que causam divisão e
desarmonia entre os fiéis”.

Essa omissão clerical ou falta de comunicação entre os fiéis surte efeito paradoxal. A
religiosidade popular, alheia a Roma, nutre-se no seu sentimento místico, messiânico,
folclórico, mítico e até supersticioso.
Desenvolve-se um catolicismo popular, liderado por beatos, beatas, rezadores,
“monges”, capelães, carismáticos que gozam de grande prestígio principalmente entre as
massas rurais.
O episcopado e o clero brasileiro fiéis seguidores do Concílio Vaticano I não observam
com bons olhos esse catolicismo popular que seria uma negação prática do catolicismo
romano e não uma forma popular de praticar o catolicismo.
Essa situação dicotômica da Igreja leva a fazer o processo de “romanização” do povo
que consistiria em desestruturar e reestruturar o aparelho religioso e que tornaria apto a
exercer a função social de hegemonia no novo contexto.

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O gestor desse processo é D. Macedo Costa, que elabora um documento oficial


intitulado “Pontos de reforma na Igreja do Brasil”, redigido em 1890, com cerca de 20
páginas, dividido em 9 capítulos e apresentados ao conjunto do episcopado brasileiro
O projeto é uma espécie de sistematização dogmática, mais vertical (romana) do que
horizontal (massa popular brasileira) com a finalidade de centralizar e atrair as grandes massas
para uma religiosidade à romana. Oliveira (1985, p.280-3) anota alguns pontos prioritários:
(1) As Conferências Episcopais – seria conforme da Santa Sé, os bispos deveriam
reunir-se periodicamente para (…) reflorescer a fé, a piedade e os bons
costumes entre os fiéis confiados ao nosso zelo pastoral. Uniformidade de
ação do episcopado, como um único corpo.
(2) O Episcopado – os bispos devem atuar em perfeita unidade; devem aumentar sua
união com o Papa.
(3) O Clero - … eliminar os abusos, ser rigorosos na vigilância do clero, pregação
dominical e catequese (…).
(4) Os Seminários – devem ser destinados exclusivamente a candidatos ao sacerdócio
e receber ensino rigoroso e ortodoxo.
(5) As Missões – é preciso acender a fé e aumentar a prática das virtudes, por meio das
missões populares.
(6) Os Colonos Imigrantes – colonos europeus e católicos devem ser cuidados com
zelo inclusive com a colaboração de congregações religiosas européias.
(7) As Ordens Religiosas – trazer da Europa membros, dessas ordens e também
congregações religiosas, para fundar e dirigir escolas católicas.
(8) As Confrarias – é preciso resolver de uma vez por todas a situação das irmandades
e confrarias, expurgando-os de elementos maçônicos.
(9) As Dioceses – é preciso aumentar o número de dioceses de acordo à dimensão do
país.
Esse conjunto de medidas foram observadas nos anos seguintes e serviu de programa
para as reformas da igreja na virada do século. É por coincidência a problemática religiosa no
anoitecer do século XX, precisa de mudanças estruturais drásticas.
O projeto de D. Macedo Costa é a materialização ideológica do processo de
“romanização” do catolicismo brasileiro. Remanejar neste caso, significa a ação reformadora
dos bispos, padres e congregações religiosas que pretendem moldar o catolicismo brasileiro de
acordo ao modelo romano destacando a prática dos sacramentos e o senso da hierarquia
eclesiástica.
O processo de romanização é uma clara europeização da vida religiosa. O foco
principal é Roma, dali procedem todas as ordens sacramentais e litúrgicas. Da Europa
importam-se religiosos individuais ou congregações para dar cátedras teológicas e morais para
o clero e estes para o povo.
A lavagem cerebral romanística é muito sutil e subjetiva. Sem entrar em choque com
os hábitos religiosos da população, os romanistas convencem o povo por uma estratégia de
substituição.
As crenças, os ídolos, os deuses nacionais e os costumes religiosos do povo
gradativamente são substituídos por outros inventados na Santa Sé e na Europa. As antigas

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Anais do IV Seminário Nacional

irmandades e confrarias são substituídas por associações paroquiais, as antigas associações


leigas são submetidas ao poder clerical.
Os bispos procuram assumir o controle dos centros de mediação do catolicismo
popular, os santuários. Para isso se valem do papel das congregações religiosas européias
como o caso dos redentoristas que se propõem (Oliveira, p.289):

“combater as superstições e o fanatismo, catequizar, exercer o


controle financeiro sobre as esmolas trazidas pelos romeiros
destinando-as a obras prioritárias como seminários, e moralizar
as romarias. É dos santuários que parte a influência
romanizadora sobre as massas rurais”.

Os romanistas se esforçam em “purificar” o catolicismo popular de seus abusos e


superstições, realçando a dimensão espiritual da religião. Do outro lado, os romeristas
(romaria) se resistem aceitar essas imposições estranhas e se fincam nas capelas rurais, mas as
capelas são fechadas e subjugadas aos párocos romanistas.
Pode-se notar que a romanização é um processo efetivado pelo aparelho eclesiástico
fortemente hierarquizado que começa nas bases locais e se integraliza verticalmente nas:
associações religiosas, capelas, paróquias, dioceses e Santa Sé que é a cúpula maior.
O que acontece na verdade é choque de culturas; de um lado está o povo simples,
principalmente o brasileiro do campo, com pouca ou nenhuma formação escolar. Do outro
lado está o aparelho eclesiástico, composto por intelectuais romanizadores, por teólogos e
sociólogos da religião. Desses dois grupos quem predomina finalmente é o grupo que serve a
Roma.

1. CONCLUSÃO

A partir desta temática surge um compromisso sério para avaliar e reestruturar a


situação religiosa do Brasil. Como se percebe a vida da Igreja se desenvolve numa sociedade
pluricultural e plurissocial.
O aspecto cultural é um dos elementos indispensáveis e decisórios no desenrolar da
vida eclesiástica. Sem o aspecto cultural a liturgia da Igreja seria incompleta por falta de
referenciais específicos como etnia, folclore, mito, tradição, e outros. Neste sentido, uma
antropologia cultural ajudaria a melhor compreensão da problemática religiosa.
Outro aspecto muito relevante para uma melhor interpretação da Igreja é a sociologia.
Todos os problemas referentes a relações sociais, estratificação, demografia, população urbana
e rural, pobreza e riqueza e outros. São ricos referenciais para abordar problemas eclesiásticos.
O processo de romanização da Igreja Católica no Brasil seria um caminho muito
sofrível se não tivesse o elemento sócio-cultural. Isso não significa de que os romanistas
tinham toda a razão. Certamente que não.
Um lado positivo da Igreja Romana seria o processo de sistematização da teologia e a
liturgia ao ponto de padronizar e organizar todas as instâncias e agrupações religiosas
direcionadas e centralizadas em Roma. Daí resultaria o cidadão-católico que deveria ser:

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HISTEDBR – Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil”

“acima de tudo um homem cujas atitudes se pautem por um


princípio moral derivado da moral cívica e verdadeira, revelada
por Deus à Igreja e por ela ensinada à humanidade. Esse é o
ponto fundamental do projeto católico” (Manoel, 1996, p.59).

Mas o lado negativo é maior, a começar pelo próprio ato de romanização que se deu
unilateralmente com métodos impositivos, autoritários, abusos de poder, preconceitos,
indiferenças, adjetivações reforçadas ao povo humilde como ignorantes que não conhecem a
religião romana e muita falta de respeito à cultura popular brasileira e à sua identidade
folclórica.
O pior aspecto negativo dos bispos e do clero é que eles viviam acomodados quando o
Estado e a Igreja estavam juntos, mas quando o Estado brasileiro se dissociou da Igreja os
romanistas se viram como que isolados. E a partir daí é que eles se tornaram em verdadeiros
veiculadores da Cúria Romana e não do Reino de Deus.
A mudanças acontecidas foram bem sucedidas, no plano social, ideológico e
hegemônico, mas no plano teológico não atingiram o objetivo maior que é a conversão de
pecadores a Jesus Cristo.
A última visita de Karol Wojtyla ao Brasil trás uma série de preocupações estruturais.
Mário Sabino (1997, p.41) afirma na Revista Veja que:

“Diante de tantas dificuldades em impor sua doutrina, a Igreja


chega ao final do século XX na mesma condição que atravessou
o final do século XIX, sob a égide de Leão XIII: procurando
afirmar-se em meio ao avanço da secularização, como uma
instituição capaz de dar conta de questões morais e políticas que
extrapolam o plano da fé”.

Portanto, a romanização da Igreja Católica no Brasil, precisa de uma urgente


cristianização no sentido das Sagradas Escrituras. E a verticalidade para Roma na verdade é
apenas uma horizontalidade ao próximo, enquanto a verdadeira verticalidade é direcionada de
Deus para o homem. É necessário mudar a estrutura. Não basta dizer que todo caminho leva a
Roma, pois nenhum caminho leva à Deus, a não ser Jesus, o único caminho a Deus.

Referências Bibliográficas

DECOS-CELAM. Para uma teologia da comunicação na América Latina. Petrópolis : Vozes,


1984. 166 p.
DURKHEIM, Émile. Lições de sociologia: a moral, o direito e o Estado. São Paulo : Queiroz,
1983. 206p.
MANOEL, Ivan Aparecido. Igreja e educação feminina (1859-1919): uma fase do
conservadorismo. São Paulo : Universidade Estadual Paulista, 1996. 102p.
OLIVEIRA, Pedro A. Ribeiro. Religião e dominação de classe: gênese, estrutura e função do
catolicismo romanizado no Brasil. Petrópolis : Vozes, 1985. 357p.
PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. 3.ed. São Paulo : Cortez/Autores Associados,
1982. 192p.

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Anais do IV Seminário Nacional

SABINO, Mário. O dogma e a dúvida: o papa fez a Igreja à sua imagem, mas o catolicismo
está numa encruzilhada, em busca de novos caminhos. Veja. São Paulo, n.39, p.40-44,
01/10/1997.
VITA, Álvaro de. Sociologia da sociedade brasileira. 4.ed. São Paulo : Ática, 1994. 279p.

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