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Peter Sloterdijk: “O regresso à frivolidade não vai ser fácil”

Para o grande filósofo alemão é evidente a necessidade de um “escudo universal para a


humanidade”
ANA CARBAJOSA
09 MAY 2020 - 16:29 CEST
Peter Sloterdijk em uma foto de 2019.VICENS GIMENEZ / © VICENS GIMENEZ

Do outro lado do telefone, a voz de Peter Sloterdijk está fraca. O grande filósofo alemão
explica que não está muito bem neste dia, mas imediatamente desata a falar e lança as
ideias que o novo universo da pandemia estruturam em sua cabeça. No centro, um conceito
que já havia trazido à tona e que agora assume um novo significado, o da coimunidade, do
compromisso individual voltado à proteção mútua, que marcará a nova maneira de estar no
mundo, segundo o autor de Crítica da Razão Cínica e da trilogia de Esferas. Sloterdijk (72
anos, Karlsruhe) não acha que o mundo se tenha tornado grande demais para nós, nem que
tenha chegado a hora do recolhimento nacional. Pelo contrário, acredita que a extrema
interdependência ficou evidente e requer “uma declaração geral de dependência universal”.

PERGUNTA. A dimensão da pandemia paralisou e atordoou as sociedades. O que


acontecerá quando despertarmos e o medo diminuir?

RESPOSTA. O mundo em sua concepção como gigantesca esfera de consumo se baseia na


produção coletiva de uma atmosfera frívola. Sem frivolidade, não há público nem
população que mostre inclinação ao consumo. O vínculo entre a atmosfera frívola e o
consumismo foi rompido. Todo o mundo espera agora que esse vínculo volte a ser
reconectado, mas vai ser difícil. Depois de uma disrupção tão grande, o retorno aos padrões
de frivolidade não será fácil.

P. Nessa esfera frívola, pensávamos ser capazes de controlar a natureza com tecnologia
sofisticada, mas o vírus nos deixou de joelhos. Nossa maneira de estar no mundo mudará?

R. O problema é a atmosfera frívola e que não aprendamos nada novo com esta pandemia.
Se olharmos para a história das sociedades modernas, elas estiveram impregnadas de surtos
relativamente regulares, mas, no passado, as pessoas tendiam a voltar aos seus hábitos
comuns de existência. O novo agora é que vemos que, por causa da globalização, a
interconectividade das vidas humanas na Terra é mais forte e precisamos de uma
consciência compartilhada da imunidade. A imunidade será a grande questão filosófica e
política após a pandemia.

P. Como essa ideia de proteção mútua se insere na situação atual?


R. O conceito de coimunidade implica aspectos de solidariedade biológica e de coerência
social e jurídica. Essa crise revela a necessidade de uma prática mais profunda do
mutualismo, ou seja, proteção mútua generalizada, como digo em Você Tem que Mudar a
Sua Vida.

“A imunidade será a grande questão filosófica e política após a pandemia”

P. A comunidade internacional parece caminhar na direção oposta. Atualmente,


vemos mais competição do que cooperação.

R. Vejo, no futuro, a competição pela imunidade ser substituída por uma nova consciência
da comunidade, pela necessidade de promover a comunidade, fruto da observação de que a
sobrevivência é indiferente às nacionalidades e às civilizações.

P. Hoje os países fecham as suas fronteiras e se recolhem a si mesmos.

R. Sim, mas as fronteiras são para os moradores de ambos os lados. Não devemos
interpretar de modo errado. O bem-estar da saúde nacional também ajuda os vizinhos. Se
controlamos nossos problemas de saúde, também ajudamos nossos vizinhos, e não devemos
interpretar esse auto-cuidado como uma regressão nacionalista. Ao contrário, se todos
forem cuidadosos em seu território, darão uma enorme contribuição aos demais.

P. O Estado-Nação reemerge com força no meio da emergência, mas, ao mesmo tempo,
nunca os países dependeram tanto uns dos outros.

R. Nos dois últimos séculos, a maior preocupação das entidades políticas, dos Estados-
nação, girou em torno da independência. No futuro, precisamos de uma declaração geral de
dependência universal; a ideia básica de comunidade. A necessidade de um escudo
universal que proteja todos os membros da comunidade humana não é mais algo utópico. A
enorme interação médica em todo o mundo está provando que isso já funciona.

P. Nossas democracias correm perigo ou as liberdades serão reabilitadas após os estados de


alarme?

R. Em todo o mundo, agora, estão lembrando que a necessidade de um Estado forte é algo
que acompanhará nossa existência por um longo período, porque parece que é único
disponível para solucionar problemas. Isso é complicado porque poderia corromper nossas
demandas democráticas. No futuro, o público em geral e a classe política terão a tarefa de
monitorar um retorno claro às nossas liberdades democráticas.

P. As forças populistas agora parecem deslocadas, mas cresce o medo de que se alimentem
da frustração. Que impacto o senhor acha que a pandemia terá no populismo?
R. Todo mundo precisa entender que esses movimentos não são operacionais, que têm
atitudes pouco práticas, que expressam insatisfações, mas que de modo algum são capazes
de resolver problemas. Acho que serão os perdedores da crise. O público terá entendido que
você não pode esperar nenhuma ajuda deles.

"Os humanos não estão preparados para proteger a natureza"


Em entrevista à DW, filósofo Peter Sloterdijk, afirma que a humanidade está aprendendo
uma nova "gramática comportamental" para lidar com as mudanças climáticas e vê
elementos dela na reação global ao coronavírus.
    

Segundo o pensador Peter Sloterdijk, estamos vivendo um período de inocência perdida


A humanidade passa por um período de inocência perdida do ponto de vista ambiental e
está aprendendo a mudar a "gramática do seu comportamento", avalia o filósofo
alemão Peter Sloterdijk, em entrevista à DW.
"Ainda estamos desconfortáveis no nível da mudança lexical. Estamos agora aprendendo
novos termos, um novo vocabulário, mas, aos poucos, também aprenderemos uma nova
gramática", afirma.
Mudança, para Sloterdijk, nada mais é do que o nome atual para o que a filosofia clássica
chamava de devir, pois tudo o que existe não existe em formas estáveis e eternas, mas
precisa se tornar o que é.
Segundo o filósofo, um dos pensadores mais influentes da Alemanha, modernidade é, em
essência, interferir nesse processo de tornar-se e empurrá-lo para uma direção que se
encaixe melhor com os propósitos humanos.
Em entrevista à DW, o autor de dezenas de livros que percorrem toda a gama da
investigação filosófica, dedica algumas reflexões a respeito da dificuldade dos seres
humanos para mudar e o que isso tem a ver com a atual crise climática. 
DW: Então estamos todos em constante mudança?
Peter Sloterdijk: Sim. A natureza como tal é uma entidade automutável. E tudo o que nos
resta é, por assim dizer, continuar surfando na onda da mudança.
Quando se olha para o futuro, e se vê essa onda cada vez devido ao perigo das
mudanças climáticas, há algumas grandes mudanças que temos que adotar, como
espécie. E ainda assim parece que, no momento, não somos capazes de executá-las.
Por quê?
Os seres humanos não estão preparados para proteger a natureza, em nenhum sentido.
Porque em toda a nossa história como espécie, nossa convicção mais profunda sempre foi a
de que somos nós que devemos ser protegidos pelos poderes da natureza. E não estamos
realmente preparados para essa inversão. Assim como um bebê não pode carregar sua mãe,
os seres humanos não estão preparados – ou não são capazes – de carregar a natureza. Eles
precisam aprender a lidar com essa imensidão. Isso é um grande desafio, porque não existe
mais a desculpa clássica de que somos muito pequenos para lidar com essas imensidades.
Seria um certo narcisismo que impede isso? Qual é o problema?
Sinto que é um problema de dimensões. Somos fisiologicamente quase incapazes de
entender os resultados de nosso próprio comportamento – e as consequências disso são
enormes. Estamos profundamente convencidos de que tudo o que fazemos pode e deve ser
perdoado. Do ponto de vista ambiental, estamos vivendo um período de inocência perdida.
Então estamos todos, em uma escala planetária, procurando por uma sensação de
perdão? Queremos nos purificar do que fizemos?
E haverá muitos pecados a serem perdoados. E quanto mais compreendermos isso, maior
será a probabilidade de um dia desenvolvermos padrões de comportamento para lidar com a
nova situação.
Nossa resposta à pandemia foi imediata, foi rápida e unificada de uma forma quase
inacreditável. Já a nossa resposta à crise climática parece travada ou estagnada. Há
uma maneira de encarar essas duas formas de crise de forma semelhante?
O que a resposta ao coronavírus tem provado é que a globalização através da mídia é um
projeto quase concretizado. O mundo inteiro é mais ou menos sincronizado e coopera numa
estufa de notícias contagiosas. A infecção por informação é tão forte quanto a infecção pelo
vírus, na verdade ainda mais. E, assim, temos duas pandemias concomitantes: uma do medo
e outra do contágio real.
O senhor diz que a modernidade nos impediu de tornarmo-nos o que somos. Podemos
mudar o que somos?
Sim. Eu não acho que possamos mudar nosso DNA simplesmente mudando nossos
pensamentos. Mas podemos mudar a gramática do nosso comportamento. E é isso o que o
século 21 ensinará à comunidade global.
O que isso significa?
Tudo o que fazemos adere a uma estrutura – semelhante a uma linguagem. E a ação é algo
governado por estruturas ocultas, como todas as frases que produzimos são regidas pela
gramática e pelo léxico. E acho que ainda estamos desconfortáveis no nível da mudança
lexical. Estamos agora aprendendo novos termos, um novo vocabulário, mas, aos poucos,
também aprenderemos uma nova gramática.
Estamos, portanto, no processo de unir os blocos semânticos da linguagem. O senhor
acha que conseguiremos falar antes que a destruição anunciada se torne realidade?
O que achei especialmente impressionante no comportamento das massas durante essa crise
é a incrível obediência com que vastas partes da população no Ocidente – assim como no
Oriente – estiveram prontas para obedecer às novas regras de precaução e distanciamento.
Estes já são novos elementos de uma nova gramática social.
Mas isso também pode ser assustador, certo? Que nós, em questão de semanas, fomos
capazes de abrir mão de liberdades extremamente básicas.
Ah, sim. Ao mesmo tempo, isso mostra que não devemos subestimar a maleabilidade do
elemento humano. Mas quem pode saber quanto tempo esse comportamento paciente vai
durar. Acho que devemos continuar nossas reflexões daqui a um ano, mais ou menos. Eu
ficaria surpreso se, até lá, você não tiver aprendido mais.
Sobre o elemento humano: a nossa resposta ao coronavírus – algo com o que ninguém
havia se deparado até então – mudou de alguma forma a percepção que o senhor tem
da humanidade?
Sim e não. Certamente estou tão surpreso quanto muitos outros. Mas, ao mesmo tempo,
isso também confirma algo que venho desenvolvendo há décadas num nível teórico. O que
quero dizer é que isso confirma minha suposição de que a raça humana alcançou uma
situação de sincronicidade com base num fluxo de informações. Estamos mesmo
globalmente conectados e vivendo cada vez mais na mesma dimensão de tempo. Existe
algo como a presença perene da globalização, e isso tem sido uma característica importante
dessa crise. Tudo acontece mais ou menos ao mesmo tempo. E as únicas diferenças que
vemos são atrasos entre diferentes focos de eventos. Mas, no geral, há uma grande cadeia
de eventos e conexão.
Num nível pessoal, o senhor consegue se lembrar da última vez que percebeu uma
mudança dentro de si mesmo?
Sim, experimentei uma profunda mudança no meu humor existencial aos 33 anos. Fui à
Índia e passei aproximadamente quatro meses por lá. Foi um evento perturbador em minha
vida. Mas o evento mais parecido e mais comparável com o que ocorre agora, por mais
incrível que isso soe, foram os dias sublimes da queda do Muro de Berlim. Durante um
período de aproximadamente dois meses, eu não estava em condições de ouvir ou ver nada
além de notícias do fronte político.
E isso foi a, por assim dizer, sublime música da Reunificação. E quando ela terminou, eu só
fui entender que havia terminado quando pude assistir a um filme comum pela primeira vez
depois daquilo tudo. E agora ainda estou esperando o momento em que poderei escutar
música e assistir a filmes como fazia antes.

André Comte-Sponville, figure incontournable de la pensée française


contemporaine. ©©Hannah ASSOULINE/Opale/Leemage
SIMON BRUNFAUT 
27 mai 2020 13:13
Le philosophe André Comte-Sponville nous livre ses impressions sur la crise sanitaire
actuelle et s’insurge contre le politiquement correct.
Figure incontournable de la pensée française contemporaine, André Comte-Sponville a
rendu la philosophie populaire. Auteur d’une vingtaine d’ouvrages, il a notamment publié
le fameux "Petit traité des grandes vertus", qui s’est vendu à des milliers d’exemplaires.
Entretien.
La grippe de 1968 – "grippe de Hong Kong" – a fait environ un million de morts,
dans l’indifférence quasi générale. Pourquoi, cinquante ans plus tard, nos sociétés
réagissent-elles de manière totalement différente face à la menace du coronavirus?
La grippe dite "asiatique", en 1957-1958, en avait fait encore plus, et tout le monde l’a
oubliée. Pourquoi cette différence de traitement? J’y vois trois raisons principales. D’abord
la mondialisation, dans son aspect médiatique: nous sommes désormais informés en temps
réel de tout ce qui se passe dans le monde, par exemple, chaque jour, du nombre de morts
en Chine ou aux États-Unis, en Italie ou en Belgique… Ensuite, la nouveauté et le "biais
cognitif" qu’elle entraîne: le Covid-19 est une maladie nouvelle, qui, pour cette raison,
inquiète et surprend davantage. Enfin une mise à l’écart de la mort, qui la rend, lorsqu’elle
se rappelle à nous, encore plus inacceptable.
 
Notre rapport à la mort a-t-il changé? La mort est-elle devenue en quelque sorte
inacceptable aujourd’hui?
Elle l’a toujours été, mais comme on y pense de moins en moins, on s’en effraie de plus en
plus, lorsqu’elle s’approche. Tout se passe comme si les médias découvraient que nous
sommes mortels! Vous parlez d’un scoop! On nous fait tous les soirs, sur toutes les télés du
monde, le décompte des morts du Covid-19. 14.000 en France, à l’heure actuelle, plus de
4.000 en Belgique... C’est beaucoup. C’est trop. C’est triste. Mais enfin faut-il rappeler
qu’il meurt 600.000 personnes par an en France? Que le cancer, par exemple, toujours en
France, tue environ 150.000 personnes chaque année, dont plusieurs milliers d’enfants et
d’adolescents? Pourquoi devrais-je porter le deuil des 14.000 mors du Covid 19, dont la
moyenne d’âge est de 81 ans, davantage que celui des 600.000 autres? Encore ne vous
parlais-je là que de la France. À l’échelle du monde, c’est bien pire. La malnutrition tue 9
millions d’êtres humains chaque année, dont 3 millions d’enfants. Cela n’empêche pas que
le Covid-19 soit une crise sanitaire majeure, qui justifie le confinement. Mais ce n’est pas
une raison pour ne parler plus que de ça, comme font nos télévisions depuis un mois, ni
pour avoir en permanence "la peur au ventre", comme je l’ai tant entendu répéter ces
derniers jours. Un journaliste m’a demandé – je vous jure que c’est vrai – si c’était la fin du
monde! Vous vous rendez compte? Nous sommes confrontés à une maladie dont le taux de
létalité est de 1 ou 2% (sans doute moins, si on tient compte des cas non diagnostiqués), et
les gens vous parlent de fin du monde.
Emmanuel Macron a rappelé dans son dernier discours que "la santé était la
priorité". La santé est-elle devenue la valeur absolue dans nos sociétés?
Hélas, oui! Trois fois hélas! En tout cas c’est un danger, qui nous menace. C’est ce que
j’appelle le pan-médicalisme: faire de la santé (et non plus de la justice, de l’amour ou de la
liberté) la valeur suprême, ce qui revient à confier à la médecine, non seulement notre
santé, ce qui est normal, mais la conduite de nos vies et de nos sociétés. Terrible erreur! La
médecine est une grande chose, mais qui ne saurait tenir lieu de politique, de morale, ni de
spiritualité. Voyez nos journaux télévisés: on ne voit plus que des médecins. Remercions-
les pour le formidable travail qu’ils font, et pour les risques qu’ils prennent. Mais enfin, les
experts sont là pour éclairer le peuple et ses élus, pas pour gouverner.
Cette crise est-elle révélatrice de notre finitude et de notre vulnérabilité?
Finitude et vulnérabilité font partie de notre condition. Personne ne l’avait oublié, sauf,
peut-être, quelques journalistes… Tant mieux s’ils redeviennent plus lucides!
Cette épidémie nous place devant l’inconnu. Nous allons plus que jamais devoir
apprendre à vivre avec l’incertitude?
Il suffit de vivre. L’incertitude, depuis toujours, est notre destin.
Certains ont parlé d’une espèce de "vengeance de la nature" au sujet de cette
épidémie. Est-elle le signe, selon vous, d’un déséquilibre profond entre l’être humain
et son environnement?
Parler d’une vengeance de la nature, c’est une sottise superstitieuse. En revanche, qu’il y ait
un déséquilibre entre l’homme et son environnement, ce n’est que trop vrai. Cela s’explique
à la fois par la surpopulation – nos enfants ne meurent plus en bas-âge: on ne va pas s’en
plaindre – et la révolution industrielle, grâce à laquelle la famine a disparu de nos pays et a
formidablement reculé dans le monde: là encore, on ne va pas s’en plaindre. Mais la
conjonction de ces deux faits nous pose des problèmes énormes. Le réchauffement
climatique fera beaucoup plus de morts que le Covid-19!
Par son caractère planétaire, cette crise nous force-t-elle à repenser la mondialisation
ainsi que les liens entre les États? Peut-elle déboucher, selon vous, sur une nouvelle
donne géopolitique?
Moi, ce qui me frappe, c’est d’abord la formidable coopération, à l’échelle du monde, de
nos scientifiques, et les progrès très rapides qu’ils font, par exemple pour trouver le code
génétique de ce virus et chercher un vaccin et un traitement. Ce n’est pas la mondialisation
qui crée les virus. La peste noire, au 14e siècle, a tué la moitié de la population européenne,
et la mondialisation n’y était pour rien. En revanche, ce que cette crise nous apprend, c’est
qu’il est dangereux de déléguer à d’autres pays, par exemple à la Chine, les industries les
plus nécessaires à notre santé. Bonne leçon, dont il faudra tenir compte!
Certaines voix s’élèvent pour critiquer le blocage économique, qui pourrait créer des
dégâts immenses, pires peut-être que le virus lui-même… Qu’en pensez-vous?
J’en suis d’accord, et c’est ce qui m’effraie. Je me fais plus de soucis pour l’avenir
professionnel de mes enfants que pour ma santé de presque septuagénaire. La France
prévoit des dépenses supplémentaires, à cause du Covid et du confinement, de 100
milliards d’euros. Je ne suis pas contre. Mais qui va payer? Qui va rembourser nos dettes?
Nos enfants, comme d’habitude… Cela me donne envie de pleurer.
Cette crise aura-t-elle un impact à plus long terme sur nos libertés?
Le confinement est la plus forte restriction de liberté que j’aie jamais vécue, et j’ai hâte,
comme tout le monde, d’en sortir. Pas question, sur le long terme, de sacrifier la liberté à la
santé. J’aime mieux attraper le Covid-19 dans un pays libre qu’y échapper dans un État
totalitaire!
Au sujet de l’après-crise, certains réclament le retour à la normale et au monde
d’avant, tandis que d’autres prédisent un monde nouveau…
Le monde d’avant ne revient jamais. Essayez un peu de revenir aux années 1970... Mais à
l’inverse, on ne recommence jamais à partir de zéro. L’histoire n’est jamais une page
blanche. Ceux qui croient que tout va rester pareil se trompent. Ceux qui croient que tout va
changer se trompent aussi.
On a vu se développer des mouvements de solidarité, notamment envers les ainés,
ainsi qu’une plus grande reconnaissance envers le personnel soignant et d’autres
professions souvent dévaluées. Ces comportements altruistes peuvent-ils s’inscrire
naturellement dans la durée ou faudra-t-il leur donner un cadre légal et politique
pour les faire exister à plus long terme?
L’altruisme ne date pas d’hier. L’égoïsme non plus. Ils continueront donc de cohabiter,
comme ils le font depuis 200.000 ans. Donc oui, comptons sur la politique et le droit plutôt
que sur les bons sentiments. Quant à nos aînés, leur problème ne commence pas avec le
Covid-19. Vous êtes déjà allé dans un EHPAD? Le personnel y fait un travail admirable,
mais quelle tristesse chez tant de résidents. Pardon de n’être pas sanitairement correct. En
France, il y a 225.000 nouveaux cas de la maladie d’Alzheimer chaque année, donc peut-
être dix fois plus que ce que le Covid-19, si le confinement fonctionne bien, risque de faire.
Eh bien, pour ma part, je préfère être atteint par le coronavirus, et même en mourir, que par
la maladie d’Alzheimer!
Le confinement est-il le moment opportun pour réfléchir à nos modes de vie? De
quelle manière la philosophie peut-elle nous aider en cette période?
Tous les moments sont opportuns pour philosopher. La philosophie peut nous aider en nous
poussant à réfléchir, à prendre du recul, plutôt que de nous laisser emporter par nos
émotions – à commencer par la peur – et le politiquement correct.
Quels sont les enseignements positifs que nous pouvons tirer de cette crise?
J’en vois trois principaux. D’abord l’importance de la solidarité: se protéger soi, c’est aussi
protéger les autres, et réciproquement. Ensuite le goût de la liberté: quel plaisir ce sera de
sortir de cette "assignation à résidence"" qu’est le confinement! Enfin l’amour de la vie,
d’autant plus précieuse quand on comprend qu’elle est mortelle. Gide l’a dit en une phrase
qui m’a toujours frappé: "Une pas assez constante pensée de la mort n’a donné pas assez de
prix au plus petit instant de ta vie." Le Covid-19, qui fait que nous pensons à la mort plus
souvent que d’habitude, pourrait nous pousser à vivre plus intensément, plus lucidement, et
même – lorsqu’il sera vaincu – plus heureusement.

"Tous les morts ne se valent pas"


Samedi, près d’un mois après le déconfinement, André Comte-Sponville revient sur son
coup de gueule, au micro d’Isabelle Morizet. "Certains en ont conclu, à tort, que je voulais
qu’on laisse les vieux sans soins. Il n’en est évidemment pas question ! Mais en même
temps, le confinement pose des problèmes terribles : on nous annonce une crise
économique encore plus grave que celle de 1929, ça m’inquiète pour le sort des jeunes
d’aujourd’hui", explique-t-il.

"J’ai osé dire que tous les êtres humains sont égaux en droit et en dignité, mais que toutes
les morts ne se valent pas. Je pense qu’il est plus triste de mourir à 20 ou 30 ans, que de
mourir à 68 ans (son âge, ndlr) ou 90", poursuit le philosophe, qui ajoute que le Covid-19
"tuait essentiellement des vieux, des gens de mon âge".

 BLOG : LE BLOG DE PASCALLEDERER

André Comte Sponville donne une caution philosophique à l'idée que face à la crise du
Covid 19 soigner les personnes âgées serait contraire à la jeunesse, aux chômeurs, aux
banlieues et à la lutte contre le réchauffement climatique. Ce texte est un examen
critique de ses positions.

La pensée d'André Comte Sponville à l'épreuve du coronavirus

Un philosophe sympathique

J'aime bien André Comte-Sponville. Il se définit comme athée, et matérialiste, humaniste ce


qui suggère plutôt un tropisme de gauche. Il qualifie son athéisme de fidèle, c'est à dire
« attaché   à certaines valeurs judéo-chrétienne » des évangiles, et à l'enseignement du
Boudha. Il propose un système philosophique, l'insistantialisme, très inspiré par Spinoza et
son concept de « conatus », l'instinct vital. Il a des formules séduisantes : « On ne peut
philosopher pour de bon que si on ne croit plus tout à fait à la philosophie ». Ou encore :
« Je n'ai pas de fascination pour l'enfance. Je préfère l'homme adulte, intelligent et
cultivé », mais aussi « La grandeur de l'homme est dans l'adulte qui s'occupe d'un enfant ».
Il écrit des textes de moraliste : « Comment vivre ? », « Comment être heureux ? » ( il
professe qu'aucun être n'est heureux), « La vie a-t-elle un sens ? ». Il énonce : « l'amour est
la valeur suprême ».

André Comte Sponville, à propos de la crise du Covid-19, est en colère


Ces jours ci, Comte-Sponville a exprimé sa colère sur différentes chaînes de télévision. Il
s'élève contre « l'affolement collectif » devant la pandémie du Covid-19. Car enfin,
« l'énorme majorité d'entre nous ne mourra pas du coronavirus...nous étions mortels avant
le coronavirus, nous le serons après» ! Pour lui, il faut miser sur la jeunesse et l’éducation
plutôt que de remuer ciel et terre pour sauver coûte que coûte une frange infime de la
population... « les plus faibles, en l’occurrence, ce sont les plus vieux, les septuagénaires,
les octogénaires... Ma priorité des priorités, ce sont les enfants et les jeunes en général.. Et
je me demande ce que c’est que cette société qui est en train de faire de ses vieux la priorité
des priorités. Bien sûr que la dépendance est un problème majeur, mais nos écoles, nos
banlieues, le chômage des jeunes, sont des problèmes, à mon avis encore plus grave que le
coronavirus, de même que le réchauffement climatique, la planète que nous allons laisser à
nos enfants.» Dans le débat public que les media installent sur le choix qu'il faudrait faire
« entre la santé et l'économie », sur les coûts de la santé et du confinement, comparés à
ceux de la crise économique, André Comte-Sponville semble jouer un rôle idéologique
important. Il choisit l'économie, en invoquant les intérêts des enfants et des jeunes. Il donne
à ce choix une caution philosophique à laquelle un Christophe Barbier , par exemple, ne
peut pas prétendre.

Des questions se posent

– Les enfants et les jeunes

Tout nous invite à partager le souci de M. Comte Sponville pour les enfants et les jeunes en
général. Mais il propose, si l'on comprend bien, de ne plus tenter de sauver les malades
âgés. Cela mérite réflexion. Les enfants et les jeunes ne souffriraient-ils pas de la mort
prématurée de leurs parents ou grands-parents ? Les enfants et les jeunes en général n'ont-
ils pas vocation à devenir vieux ? Il est possible que le serment d'Hippocrate ne fasse pas
partie de « l'héritage judéo-chrétien » auquel Comte Sponville se dit fidèle. Mais où
s'arrêtent les priorités ? La catégorie des « hommes adultes, intelligents, cultivés » ne
contient-elle aucun septuagénaire ou octogénaire  ? Faudra-t-il, avant de délivrer un permis
de soins médicaux, faire passer à ces vieux un examen de culture générale  ou un test de
QI? M. Comte Sponville peut-il exclure que les efforts pour combattre le coronavirus – y
compris lorsqu'il s'agit de « septuagénaires ou d'octogénaires » – ne débouchent sur des
progrès de connaissances biologiques et médicales susceptibles de soigner aussi, un jour,
des enfants et des jeunes ?. Si le nombre des années devient un critère pour moins soigner
les malades âgés, ne risquerait-on pas d' élargir la classe des laissés pour compte de la
médecine aux handicapés, aux malades mentaux ? Après tout, ne sont-ils pas mortels eux
aussi ? Comte Sponville peut-il exclure que les progrès dans la lutte contre le Covid 19 – y
compris en soignant les « septuagénaires et les octogénaires » – , ne seraient pas décisifs
lors d'une pandémie à venir, due à un virus qui s'en prendrait préférentiellement aux
enfants ?

--Le chômage, les banlieues


L'opposition dichotomique entre les problèmes des banlieues, du chômage et les questions
de santé publique est-elle raisonnable ? Les vieux des banlieues doivent-ils subir une
double ou triple peine : le chômage, la pauvreté, et l'abandon face à la maladie ? M. Comte
Sponville le sait comme tout le monde : la mortalité due au coronavirus en Seine Saint
Denis est bien plus importante qu'à Neuilly. S'il faut se soucier de charité envers les
chômeurs et les pauvres, doit-on en exclure exclure les chômeurs et les pauvres âgés ? --Le
réchauffement climatique M. Comte Sponville a mille fois raison d'insister sur les dangers
du réchauffement climatique. Mais l'opposition dichotomique qu'il opère entre le
réchauffement climatique et les efforts pour sauver les « septuagénaires et les
octogénaires » contaminés par le Covid est-elle raisonnable ? J'entends des scientifiques
avertir que la fonte du pergelisol, des glaciers ou la déforestation susciteront à coup sûr
l'irruption de nouveaux virus dans la vie et la mort des sociétés humaines. Tout indique que
les prochaines générations seront confrontées à la fois au réchauffement climatique et à de
nouvelles pandémies. Les progrès scientifiques et médicaux d'aujourd'hui dans la lutte pour
sauver les malades du coronavirus , y compris les personnes âgées, ne seront-ils pas utiles,
peut-être décisifs pour sauver des millions de nos descendants, jeunes ou vieux ?

--Comte-Sponville, la philosophie, et la politique de Macron

Spinoza, qui a inspiré  « l'insistantialisme » de Comte-Sponville, enseignait que « les


hommes, en tant qu'ils vivent sous la conduite de la Raison, sont ce qu'il y a de plus utile à
l'homme. » (Proposition XXXVII, De servitute humana ). L'insistantialisme de Comte
Sponville corrige-t-il cette proposition par : « les hommes, sauf les septuagénaires et les
octogénaires ,.., sont ce qu'il y a,....etc. » ?

Depuis sa jeunesse communiste, Comte-Sponville a-t-il rayé de sa philosophie la thèse VI


sur Feuerbach, selon laquelle « L'essence humaine ne se ramène pas à l'individu isolé ; elle
est dans sa réalité, l'ensemble des rapports sociaux » ? Quelle est la conception des rapports
sociaux qui considère qu'une catégorie d'humains définie par un critère d'âge mérite moins
qu'une autre d'être soignée ?

Le pouvoir actuel manifeste une certaine préférence pour l'économie, les dividendes des
actionnaires du CAC40, plutôt que la santé publique. Les économies sur l'hôpital public
conduisent à cinq ou six fois plus de morts du coronavirus en France qu'en Allemagne. M.
Comte Sponville, qui a soutenu et soutient M. Macron et sa politique, et qui place l'amour
au dessus de tout, pense-t-il que faire des économies sur les budgets sociaux et supprimer
l'ISF justifierait de laisser mourir les « septuagénaires et les octogénaires »  ?

Entendons nous : André Comte Sponville a parfaitement le droit de considérer que sa vie ne
vaut pas celle de ses petits enfants. Quelle est sa légitimité pour énoncer que son choix
personnel a valeur universelle ? Sa sollicitude personnelle– à mon avis dangereuse – pour
ses petits enfants ne risque-t-elle pas, si elle est partagée,  de freiner les progrès
scientifiques et médicaux qui protègeraient mieux tous, y compris les enfants, demain peut-
être, dans un an ou dans dix?
Spinoza conseille à tout sage de se garder de la passion triste qu'est la colère. Il considère
que la sagesse est pour un homme de former des idées adéquates fondées sur la Raison. La
colère de Comte Sponville au sujet de « l'affolement collectif » devant la pandémie,
s'exprime sur les plateaux de télévision. Cette passion triste ne signe-t-elle pas la déroute
d'un intellectuel aux idées parfois confuses ?

Jacques Bouveresse, professeur au Collège de France, grand prix de philosophie de


l'Académie française en 2019, reprochait à Comte Sponville, déjà en 2009, de faire partie
de ces confrères contemporains, comme Luc Ferry et Alain Finkielkraut, devenus des
« obligés du pouvoir, quasiment ».

L'athéisme fidèle que professe André Comte Sponville semble le handicaper pour penser
les connections entre différentes catégories de phénomènes sociaux, de penser les
évolutions de l'humanité et les processus de l'avenir ? Loin de l'humanisme matérialiste de
Spinoza, « l'Insistantialisme » d'André Comte Sponville ne serait-il pas, concrètement,
incompatible avec son humanisme proclamé?

Il arrive que la peur soit encore plus grave que le danger qui la suscite, quand bien même
celui-ci serait considérable. C'est ce qu'on appelle la panique, par exemple lors d'un
incendie, d'un naufrage… ou d'une pandémie. Il me semble que c'est ce dans quoi notre
pays, face au Covid-19, est en train de s'enfoncer. Et c'est une expérience étrange, pour
l'anxieux que je suis, de voir monter cette peur dont les médias ne cessent de se faire
l'écho amplificateur, et que je ne ressens pas. Parce que je n'ai peur de rien ? Au
contraire ! J'ai peur, moi aussi, mais pas du Covid-19 : j'ai peur de la dépression - aux
deux sens, psychiatrique et économique, du mot - que tous ces discours larmoyants et
anxiogènes rendent de plus en plus probable.

99% de chances d'en réchapper

Le taux de létalité du Covid-19 se situe entre 1 % et 2 % des cas confirmés, et tous les
experts s'accordent à dire qu'il est plutôt de 0,6 % ou 0,7 % si l'on tient compte des cas
non diagnostiqués. C'est donc une maladie relativement bénigne (voire absolument
bénigne dans 80 % des cas) à l'échelle individuelle, et une catastrophe sanitaire à l'échelle
de la nation. Avec 0,6 % de 67 millions d'habitants, cela laissait craindre quelque 300 000
morts, peut-être plus, et dans des conditions abominables à cause de la submersion des
services d'urgence et de réanimation. C'eût été une espèce d'hécatombe, à laquelle aucun
gouvernement démocratique ne pouvait se résigner, et dont la perspective suffit à justifier
le confinement.

Il n'en reste pas moins que chacun d'entre nous, s'il est contaminé par ce virus, garde en
moyenne 99 % de chances d'en réchapper : cela justifie-t-il tant de discours affolés,
comme si tout d'un coup la peur emportait tout ? Il se trouve en outre que ce virus tue de
préférence les plus vieux (au contraire de la grippe espagnole de 1919, dont le pic de
mortalité se situait autour de la trentaine). Pour moi, qui ai cessé depuis longtemps d'être
jeune mais qui suis père de famille, c'est une bonne nouvelle ! Pour une fois que la vie de
mes enfants est moins exposée que la mienne, je ne vais pas m'en plaindre ! Tous les êtres
humains sont égaux en droits et en dignité. C'est le fondement juridique et moral de notre
société. Mais toutes les morts ne se valent pas : il est plus atroce de mourir à 20 ou 30 ans
qu'à 68 (c'est mon âge) ou 75 ans. La moyenne d'âge des morts du Covid-19 est d'environ
81 ans. Leur mort cesse-t-elle pour cela d'être triste ? Evidemment pas ! Mais enfin,
rappelons que plus de 600 000 personnes décèdent en France chaque année, dont 160 000
par exemple meurent de cancer (et parmi ces derniers, des milliers d'enfants,
d'adolescents ou de jeunes adultes). En quoi les quelque 25 000 morts du Covid-19 sont-
ils plus graves que les 600 000 autres ? En quoi méritent-ils davantage notre
compassion ? Et pourquoi dès lors ce décompte quotidien tellement affligé, comme si tout
d'un coup la Terre s'arrêtait de tourner et la vie d'être belle ?

Aimer la vie en acceptant la mort qui la clôt inévitablement

A l'échelle du monde, on approche le cap des 200 000 morts. C'est évidemment trop et ce
n'est pas fini. Mais la malnutrition tue chaque année 9 millions de personnes (dont 3
millions d'enfants) : c'est à peine si l'on en parle en passant, une ou deux fois par an, à
l'occasion d'une catastrophe un peu plus spectaculaire que les autres. A côté de ces
chiffres, ou plutôt de ces réalités, les lamentations de nos journaux télévisés m'ont
souvent paru avoir quelque chose d'obscène. Que d'apitoiement ! Que de bons
sentiments ! Que d'aveuglement ! Puis il y a la question économique… Sacrifier la santé à
la rentabilité ? Il n'en est pas question. Mais pas question non plus de sacrifier
durablement l'économie à la santé : nous n'y survivrions pas ! Imaginons que nos
hôpitaux s'arrêtent… Cela poserait certes de gros problèmes à l'économie, mais point
insurmontables. Vous auriez toujours du pain chez votre boulanger et de l'eau à votre
robinet. Imaginez, à l'inverse, que l'économie s'arrête : au bout de six semaines, il n'y a
plus ni soignants ni patients, parce que nous sommes tous morts de faim. J'en conclus que
la médecine a encore plus besoin de l'économie que l'économie n'a besoin de la médecine,
et qu'on aurait bien tort de l'oublier.

Enfin, comment aimer la vie sans accepter la mort qui la clôt inévitablement ? Sagesse de
Montaigne : "Tu ne meurs pas de ce que tu es malade, tu meurs de ce que tu es vivant."  Si
on se laisse paralyser par la peur de mourir, comment agir ? Et si l'on n'agit pas, à quoi
bon vivre ? Le contraire de la peur, ce n'est pas le courage (qui la suppose), c'est la
confiance. Le contraire de la dépression, ce n'est pas l'optimisme, c'est l'amour de la vie,
avec les risques qu'elle comporte. Qu'on essaie de les réduire, c'est la moindre des choses.
Attention, donc, au déconfinement ! Mais la paralysie est un risque aussi, et plus grave.

Des philosophes européens se sont prononcés, dans les médias, sur le coronavirus et ont
mis en garde contre l’affolement général généré par cette pandémie.
Globalement, ils estiment que ce virus n’est pas aussi destructeur qu’on le pense et qu’au
nom de l’impératif sanitaire et sécuritaire imposé par la lutte contre ce virus, l’humanité
ne doit, en aucune manière, sacrifier, après le confinement, ses valeurs pérennes comme
les libertés, les conditions de vie normale, l’amitié et même le respect de la mort.
Les approches de deux philosophes, l’italien Giorgio Agamben et le français André
Comte-Sponville, méritent d’être connues. 
Par Abou SARRA
Le philosophe italien pense que « la peur que suscite cette pandémie est mauvaise
conseillère, mais elle fait apparaître de nombreux éléments qu’on pouvait faire semblant de
ne pas voir ». Il en cite deux :

Qu’est donc une société qui ne reconnaît pas d’autre valeur que la survie ?
Le premier élément est que la vague de panique qui a paralysé notre pays (Italie, un des
plus affectés au monde) montre avec évidence que notre société ne croit plus en rien sinon à
la vie nue. La vie nue étant pour le philosophe, « l’opération qui consiste à séparer la vie
biologique des autres fonctions : la vie sensitive, la vie intellectuelle, mais aussi la vie
politique ».

« Il est clair maintenant, dit-il, que les Italiens sont disposés à tout sacrifier ou presque :
leurs conditions normales de vie, leurs rapports sociaux, leur travail et jusqu’à leurs amitiés,
leurs affections ainsi que leurs convictions religieuses et politiques pour ne pas tomber
malade ».

Le philosophe devait en tirer une première conclusion : « La vie nue –et la peur de la
perdre– n’est pas quelque chose qui unit les hommes, mais qui les aveugle et les sépare ».

Et Giorgio Agamben d’ajouter : « Les morts –nos morts– n’ont pas le droit à des funérailles
et on ne sait pas même vraiment ce qu’il advient des cadavres des personnes qui nous sont
chères. Nos prochains ont été effacés et il est étonnant que les églises ne disent rien à ce
propos. Que peuvent bien devenir les rapports humains dans un pays qui s’est habitué à
vivre de cette manière pour une période dont on ne sait pas très bien combien de temps elle
va durer? Et qu’est donc une société qui ne reconnaît pas d’autre valeur que la survie ? ».

Mise en garde contre une situation d’exception pérenne


« L’autre élément, qui n’est pas moins inquiétant que le premier et que l’épidémie fait
apparaître en toute clarté, c’est que l’état d’exception auquel les gouvernements nous ont
depuis longtemps habitués, est désormais la condition normale », a-t-il indiqué.

« Il y a eu par le passé des épidémies plus graves, mais personne n’avait jamais imaginé
déclarer pour autant un état d’urgence comme celui-ci qui nous interdit tout, et même de
nous déplacer », relève-t-il avant de poursuivre : « Les Hommes se sont si bien habitués à
vivre dans une condition de crise pérenne et de pérenne urgence qu’ils ne semblent même
pas se rendre compte que leur vie a été réduite à une condition purement biologique et
qu’elle a perdu toute dimension sociale et politique et même toute dimension humaine et
affective ».

Le philosophe met en garde contre une société qui vit dans un état d’urgence pérenne. Une
telle société, écrit-il, « ne peut être une société libre. Et, de fait, nous vivons dans une
société qui a sacrifié la liberté aux supposées “raisons de sécurité” et qui, pour cette raison
même, s’est condamnée elle-même à vivre dans un état de peur et d’insécurité pérennes ».

Giorgio Agamben s’inquiète pour ce qui va venir après le confinement: « il y a fort à parier
que l’on tentera de poursuivre après l’urgence sanitaire les expérimentations que les
gouvernements n’avaient pas réussi jusqu’ici à mener à bien : fermer les universités et les
écoles et faire des leçons par internet, arrêter une bonne fois pour toutes de se réunir et de
parler ensemble d’arguments politiques ou culturels, se contenter d’échanger des messages
digitaux, et partout où c’est possible, faire en sorte que les machines remplacent enfin tout
contact –toute contagion– entre les êtres humains ».

Attention de ne pas faire de la médecine la réponse à toutes les questions 


Le philosophe français André Comte-Sponville est également alarmiste quant à la société
de l’après-confinement.

Dans une interview accordée à France-Inter, il prévient l’humanité contre toute tendance à
survaloriser «l’impératif sanitaire» : «attention de ne pas faire de la médecine ou de la
santé, les valeurs suprêmes, les réponses à toutes les questions. Aujourd’hui, sur les écrans
de télévision, on voit à peu près vingt médecins pour un économiste.
C’est une crise sanitaire, ça n’est pas la fin du monde. Ce n’est pas une raison pour oublier
toutes les autres dimensions de l’existence humaine », a-t-il martelé.

Pour étayer son analyse qui est un véritable hymne à la vie et au bonheur, le philosophe
français, auteur du “Petit traité des grandes vertus”, a rappelé une boutade de Voltaire qui
écrivait: « J’ai décidé d’être heureux parce que c’est bon pour la santé ».

Pour André Comte-Sponville, « le jour où le bonheur n’est plus qu’un moyen au service de
cette fin suprême, que serait la santé? On assiste à un renversement complet par rapport, au
moins vingt-cinq siècles de civilisation où l’on considérait, à l’inverse, que la santé n’était
qu’un moyen, alors certes particulièrement précieux, mais un moyen pour atteindre ce but
suprême qu’est le bonheur ».

Il devait faire remarquer ensuite que « l’énorme majorité d’entre nous ne mourra pas du
coronavirus. J’ai été très frappé par cette espèce d’affolement collectif qui a saisi les médias
d’abord, mais aussi la population, comme si tout d’un coup on découvrait que nous sommes
mortels. Ce n’est pas vraiment un scoop. Nous étions mortels avant le coronavirus, nous le
serons après ».

S’appuyant sur une citation de Montaigne qui disait « Tu ne meurs pas de ce que tu es
malade, tu meurs de ce que tu es vivant », André Comte-Sponville ajoute qu’«autrement
dit, la mort fait partie de la vie ». « Et si nous pensions plus souvent que nous sommes
mortels, dit-il, nous aimerions davantage encore la vie parce que, justement, nous
estimerions que la vie est fragile, brève, limitée dans le temps et qu’elle est d’autant plus
précieuse. C’est pourquoi l’épidémie doit, au contraire, nous pousser à aimer encore
davantage la vie ».

Le réchauffement climatique fera beaucoup plus de morts que le Covid-19


Pour le philosophe français, avec un taux de mortalité et de létalité de un à deux pour cent,
il n’y pas de quoi parler de «la fin du monde». « C’est hallucinant… ce n’est pas la
première pandémie que nous connaissons», s’est-il écrié avant de rapeler que «la grippe de
Hong Kong dans les années 1960 avait fait un million de morts. La grippe asiatique, dans
les années 1950, avait tué plus d’un million de personnes».
«En France, a-t-il noté, les 14 000 morts (plus de 20 000 à ce jour) est une réalité très triste,
toute mort est évidemment triste mais rappelons qu’il meurt 600 000 personnes par an en
France. Rappelons que le cancer tue 150 000 personnes en France ».

Pis, selon lui « le réchauffement climatique fera beaucoup plus de morts que n’en fera
l’épidémie du Covid-19 ».

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